Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
social
Fernanda Cinque
Autor
Introdução
Prezado(a) aluno(a), iniciamos nosse material com o intuito de melhor
compreendermos o processo pelo qual caminhou a educação no Brasil e os
porquês de considerá-la enquanto meio histórico-social.
Sob tais considerações, temos que até o fim do século XIX, bem como o início do
século XX, a escola estava direcionada às classes dominantes e à classe média.
Nesse período, a parcela mais desfavorecida era tolhida do direito de frequentar as
instituições de ensino. Mas foi também entre o final do século XIX e início do século
XX que a população menos favorecida, representada pela classe trabalhadora,
bem como os empregadores, passaram a requerer o direito à educação.
O ensino, que tinha como pressuposto o processo tradicional, perdurou por longo
tempo na educação do país e também no mundo, visto que muitas de suas
características no processo de ensino foram percebidas desde a idade média,
período em que a educação ocorria de maneira restrita à parcela da população
mais favorecida. O ensino humanista era, por vezes, embasado em atividades de
fixação e memorização, além de possuir o enfoque nas boas maneiras e em ofícios,
como a música e a pintura, de modo que pudesse preparar e instruir o preceptor
para a vida adulta.
Processo Escolanovista
Um de seus expoentes foi John Dewey, além de Henrich Pestalozzi, Lourenço Filho,
Anisio Teixeira, Adolphe Ferrière, entre outros.
Atenção!
Para conhecer um pouco mais sobre os educadores brasileiros
precursores do movimento escolanovista no país, assista ao filme
“GRANDES EDUCADORES - Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Fernando de
Azevedo”.
Segundo Gadotti (1999, p. 142), “[...] a teoria da Escola Nova propunha que a
educação fosse instigadora da mudança social e, ao mesmo tempo, se
transformasse porque a sociedade estava em mudança”.
Tendo início no Brasil por volta de 1930, um dos seus marcos deu-se no ano de 1932
com o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, que tinha como representante
Fernando Azevedo. Esse manifesto possibilitou reunir educadores de vária
ideologias e pensamentos. O intuito geral dos pioneiros estava em reivindicar para
que a educação pudesse ser universal e laica.
Esse processo considera assim a qualidade sob a quantidade e acaba por não
abranger grande parcela populacional. Sob tal perspectiva, a escola nova, segundo
Saviani (2008, p.9), acabou:
[...] provocando um afrouxamento da disciplina e
despreocupação com a transmissão dos conhecimentos,
acabou a absorção do escolanovismo pelos professores, por
rebaixar o nível de ensino destinado às camadas populares, as
quais muito frequentemente têm na escola o único meio de
acesso ao conhecimento elaborado. Em contrapartida, a Escola
Nova aprimorou a qualidade de ensino destinado às elites.
Processo Tecnicista
Com marcos iniciais que datam da segunda metade do século XX, o processo
tecnicista vigorou durante o período militar nacional e buscava atender à crescente
demanda por profissionais qualificados no período de crescimento da
industrialização nacional.
O intuito para esse momento é reordenar a educação de modo que seja mais
objetiva e operacional e atenda ao foco principal de levar o aluno a aprender a
fazer e não necessariamente compreender de maneira reflexiva.
Segundo Libâneo (2006, p. 23), “[…] o essencial não é o conteúdo da realidade, mas
as técnicas (forma) de descoberta e aplicação. A tecnologia […] é o meio eficaz de
obter a maximização da produção e garantir um ótimo funcionamento da
sociedade”. Nesse processo, cabe ao professor possibilitar o maior número de
respostas possível, bem como que o aluno sinta-se estimulado em aprendê-las.
Berhrens (2009, p. 50) afirma:
Processo sócio-libertador
Freire busca com sua proposta alfabetizar e, para além disso, o fim do
analfabetismo, por isso propôs um processo educativo que tivesse como princípios
norteadores aspectos essenciais à efetivação da aprendizagem, como diálogo,
respeito, autonomia, liberdade e autoridade democrática (FREIRE, 2002).
A abordagem dos conteúdos está centrada, então, no que é comum aos envolvidos,
e é da realidade de cada um que se parte com o processo de ensino e
aprendizagem. Nesse pensar, o objetivo central desse processo está em possibilitar
a alfabetização com autonomia, assim como nos conteúdos que, além dessa
autonomia, contemplarão aspectos relacionados à cultura e ao cotidiano dos
envolvidos. Por isso o planejamento elaborado pela equipe pedagógica considerará
as necessidades e interesses dos alunos.
Processo construtivista
Esse processo teve início no final do século XX, a partir da necessidade percebida de
se reestruturar o processo educativo para formar indivíduos que interajam e sejam
ativos na própria formação.
O precursor desse processo foi Jean Piaget. Seu objetivo principal constituía-se em
“[...] criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas e não simplesmente
repetir o que outras gerações fizeram […]” (PIAGET, 1970, p. 56). Por isso a
importância do indivíduo interagir com o meio como forma de adaptação e
socialização, visto que o construtivismo compreende para além do
desenvolvimento intelectual, mas também social do indivíduo, e por isso o
considera enquanto seus aspectos biológico, psicológico e social.
De acordo com Ferreiro e Teberosky (1985, p. 26), “[...] um sujeito que procura
ativamente compreender o mundo que o rodeia e trata de resolver as
interrogações que este mundo provoca não é um sujeito que espera que alguém
que possui um conhecimento o transmita a ele”. Com efeito, a inteligência será
desenvolvida pela constante interação com o meio e o conhecimento advém da
percepção, observação, manipulação e experimentação.
Saiba mais!
Para melhor compreender os aspectos envoltos na proposta
construtivista, a orientação é para que se realize a leitura dos dois
textos a seguir:
Clique Aqui
Dessa forma, “[...] ao trabalhar o tema com o aluno, o professor explicou, comunicou
conhecimentos, fez perguntas, corrigiu, levou a própria criança a explicar”
(VYGOTSKY, 2001, p. 341), sistematizando os saberes novos e desenvolvendo ainda
mais os saberes já adquiridos.
Atenção!
As características propostas, ou a tarefa essencial, nesse processo
pedagógico e educativo, podem ser evidenciadas no excerto a seguir,
da obra Pedagogia histórico-crítica de Dermeval Saviani.
Para que essa proposta se efetive, cabe ao professor, segundo Gasparin (2007),
considerar aquilo que o aluno já traz consigo de saberes, ou seja, seus
conhecimentos prévios sobre determinados temas e conteúdos. Para isso, o
professor precisa conhecer qual a realidade desses alunos, para tê-la como ponto
de partida de seu trabalho e um meio para a sistematização dos novos saberes por
parte dos alunos.
Processo Multicultural
Sob essa ótica, ao passo que a cultura é essência e identidade, é também múltipla
e representante não somente do indivíduo mas da sociedade, ao ordenar essa vida
social. Assim “[...] a cultura é o posto de abastecimento do sistema social [...] no
curso dos esforços de manutenção de padrões” (BAUMAN, 2012, p. 25).
Vale considerar o aspecto adaptável que possui, sobretudo na sociedade atual que
caminha com mudanças constantes. Assim, segundo Bauman (2012, p. 28), “[...] o
trabalho da cultura não consiste tanto em sua autoperpetuação quanto em
garantir as condições para futuras experimentações e mudanças”.
Com a globalização, tem-se o maior acesso às informações e às culturas existentes
no mundo e isso possibilita essa mutabilidade adaptativa, que intenciona melhorias
constantes para cada realidade vivenciada.
Nesse sentido, a busca por formar cidadãos críticos tornou-se a base para uma
educação de qualidade na sociedade atual.
Na realidade, acredita-se que a caracterização da prática
pedagógica está fortemente alicerçada nos paradigmas que a
própria sociedade vai construindo ao longo da história. A
educação, a economia e a sociedade, assim como o homem,
são produtos da ação histórica. Sendo assim, os paradigmas
propostos e construídos pelos próprios homens vêm
acompanhados de crenças, valores e posicionamentos éticos
em frente a uma comunidade determinada (BEHRENS, 1999, p.
385).
Atenção!
Qual influência você acredita, caro(a) leitor(a), que a escola pode
exercer no âmbito social? Qual é o papel da escola frente a sociedade
contemporânea?
Vale ressaltar que, embora a escola possua papel de destaque nas transformações
sociais, ela não é o único fator capaz de promover melhorias, mas sim um dos
fatores promotores de grande representatividade ao desenvolvimento. A prática
que ocorre no âmbito escolar é, segundo Libâneo (2006, p. 54):
[...] compreendida como um processo, ao mesmo tempo,
individual e social, de desenvolvimento de indivíduos singulares
e de intervenção nas condições sociais [...] a ação pedagógica
escolar será, então, uma prática social que envolve uma inter-
relação adultos-aprendizes, observada a fase de
desenvolvimento psicológico e social destes últimos e que visa
a modificações profundas nos sujeitos envolvidos, a partir da
aprendizagem de saberes existentes na cultura, conduzida de
tal forma a preencher necessidades e exigências de
transformação da sociedade.
Com efeito, a escola tem por função social formar os indivíduos de tal modo que se
tornem críticos e reflexivos perante as situações vivenciadas. Sendo assim, a escola
estará proporcionando a sistematização dos saberes científicos que influenciará a
sociedade, atendendo às suas demandas por transformações, adaptações e
inovações constantes.
Com base nas ideias da autora, o papel da escola é, assim, formar de maneira
crítica e livre de preconceitos os alunos, para que se tornem cidadão ativos no meio
que fazem parte. Nessa perspectiva e, segundo Demo (1993, p. 244), a função da
escola consiste em “[...] assumir a condição de lugar de formação de um tipo
essencial de competência frente à formação da cidadania e frente às mudanças
na sociedade e na economia”.
Outro fator importante a ser considerado como função social das práticas
escolares é que a escola, ao instruir e formar indivíduos, atende a uma demanda
crescente na sociedade do conhecimento, ou seja, formar pessoas que possam
atuar na sociedade de maneira inovadora, contribuindo com os meios produtivos
ao despender de seu trabalho.
Nesse pensar, a escola exerce sua função social desde o ambiente interno e suas
relações, como ocorre na promoção da interação e integração entre os próprios
alunos, e por meio de práticas pedagógicas condizentes com as necessidades
educacionais.
Disponível em:
Clique Aqui
Indicação de Leitura
Título: UMA DIDÁTICA PARA A PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA
Autora: João Luiz Gasparin
ISBN: 8574960543
O autor divide a nova didática em cinco passos, e cada um deles tem como
objetivo envolver o educando na aprendizagem significativa dos conteúdos. Dessa
forma, os conteúdos e os procedimentos didáticos são estudados na interligação
que mantêm com a prática social dos alunos.
Atividade
A. I, apenas
B. I e III, apenas.
C. II e IV, apenas.
D. I, II e III, apenas.
Atividade
A. V-V-V-V.
B. F-V-V-V.
C. F-F-V-V
D. V-F-V-V.
E. V-V-V-F.
Atividade
A. V-V-V-V.
B. F-V-V-F.
C. F-F-V-V.
D. V-F-V-F.
E. F-V-F-F.
Síntese
Neste material, pudemos refletir um pouco mais sobre a educação como prática
histórico-social. Para que essa discussão fosse possível, partimos das
considerações histórico-metodológicas da educação no Brasil, ou seja, quais os
principais processos de ensino utilizados ao longo da escolarização no Brasil e suas
principais características.
Para finalizar, o último texto deste capítulo trouxe considerações importantes sobre
a função social da escola e do processo educativo, evidenciando o fato e que a
escola é um espaço social e que promove mudanças para além dela, ao formar
cidadãos críticos e reflexivos.
Referências Bibliográficas
BAUMAN, Zygmunt. Ensaios sobre o conceito de cultura. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.,
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas
organizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.,
COELHO, Maria Inês de Matos; COSTA, Anna Edith Bellico da (Org.). A educação e a
formação humana: tensões e desafios na contemporaneidade. Porto Alegre, RS:
Artmed, 2009.,
DEMO, Pedro. Desafios modernos da Educação. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.,
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.,
GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas. 8 ed. São Paulo: Ática, 1999.,
GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 4 ed. rev. e
ampl. Campinas, SP: Autores Associados, 2007.,
SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. 41. ed. rev. Campinas, SP: Autores
associados, 2009.,
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. A prática pedagógica do professor de didática. 11ª ed.
Campinas, SP: Papirus, 2008.,