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A ADVOCACIA PREDATÓRIA COMO ABUSO PROCESSUAL

Antonio César Hildebrand e Silva1


Rodrigo de Grandis2

RESUMO

Este artigo tem como objetivo a análise da advocacia predatória, como ato atentatório
a dignidade da justiça. À falta de norma específica e dissídio jurisprudencial, os tribunais do
país tem enfrentado dificuldades na coibição da referida prática. O acesso à justiça pressupõe
o dever de probidade. A utilização do referido expediente, contribui para o colapso do
sistema, com reflexos no retardamento na entrega da prestação jurisdicional. Propõe-se ao
final, a interpretação sistemática dos institutos jurídicos de direito material e processual, para
responsabilização dos profissionais envolvidos, bem como, alterações legislativas.

Palavras-chave: Advocacia predatória; Litigância de má-fé; Responsabilidade


solidária do advogado.

ABSTRACT

This article aims to analyze predatory advocacy, as an act that threatens the dignity
of justice. In the absence of a specific rule and jurisprudential agreement, the country's courts
have faced difficulties in curbing this practice. Access to justice presupposes the duty of
probity. The use of this expedient contributes to the collapse of the system, with consequences
in the delay in the delivery of the jurisdictional service. At the end, the systematic
interpretation of legal institutes of material and procedural law is proposed, for the
accountability of the professionals involved, as well as legislative changes.

Keywords: Predatory advocacy; Bad faith's litigation; Joint liability of the lawyer.

INTRODUÇÃO

1
Juiz de Direito no Estado de São Paulo. Mestrando no Curso de Pós Graduação, Mestrado e Doutorado da Universidade Nove de Julho –
UNINOVE. E-mail: antoniocesarhild@gmail.com
2 Doutor e Mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Pós-graduado em Direito Penal pela

Universidad de Salamanca-Espanha. Procurador da República (Ministério Público Federal) desde 2004, com atuação preponderante em
O sistema judiciário brasileiro tem se esforçado nos últimos anos, especialmente
após a instituição do processo eletrônico, na implementação de medidas que visem a melhora
na prestação jurisdicional.
Não se pretende com este estudo, sob o enfoque do tema proposto, apontar a solução
dos problemas inerentes a morosidade da justiça, com atendimento de seu propósito
constitucional do acesso à mesma, com vistas à garantia do cidadão, assim entendido como a
pessoa com dignidade, como mecanismo de reparação de seus conflitos de direito. Mas o
delicado assunto, deve ser tratado com parcimônia, pois se apresenta como problema
recorrente, crescente e ainda sem medidas efetivas até os dias atuais.
Contudo, dentre os inúmeros entraves existentes, nos últimos anos, reconhecidos
formalmente a partir 2016, pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, foi constatada em
processos judiciais, a prática da “advocacia predatória”, fator que também contribui com os
entraves ao acesso à justiça, assim entendida, na violação do direito individual à rápida
solução do litígio.
Nos capítulos seguintes, faremos uma breve explanação das questões relativas ao
tema, especialmente a ética, a omissão na norma de regência com coibição do comportamento
em relação à referida prática, o posicionamento de nosso tribunais em suas instâncias acerca
da questão, a repercussão na mídia dos referidos fatos e a persistência do problema, com
enraizamento em todo o território nacional, a merecer uma maior atenção de todos os
envolvidos, objetivando a melhora da prestação jurisdicional, nos aspectos da probidade,
eficiência e celeridade.

1. A ÉTICA COMO PREMISSA DO DEVER DE LEALDADE

Segundo José Renato Nalini, as ações dos seres humanos devem ser analisadas,
considerando as diferenças substanciais intrínsecas a cada qual.

“As pessoas são distintas e cada personalidade é um todo perfeitamente


individualizável e inconfundível”. (NALINI, 2010, p. 186).

Esta conceituação, elucida de maneira objetiva, que tanto os emissários, como os


destinatários das ações, são seres humanos, falíveis, com diversidade de origem étnica, social,

crimes contra o sistema financeiro nacional e lavagem de ativos ilícitos. Membro do grupo de combate a cartéis da Procuradoria da
República de São Paulo. Promotor de Justiça (Ministério Público do Estado de São Paulo) em 2003.
religiosa, moral, educacional, dentre outros elementos que compõe a formação de caráter,
distintas.

A ética, inicialmente abordada dentro do aspecto filosófico, como um conjunto de


valores, era tratada como disciplina teórica, ou seja, pensamento ordenado e concatenado sem
conteúdo científico. Contudo, referidas proposituras, transcendem a própria natureza humana,
através das gerações, e o seu aspecto moral, embora presente, não havia ganho a relevância,
como na atualidade.

Assim, a ética migrou da disciplina teórica, para o aspecto científico, dentro das
ciências sociais, com um discurso demonstrativo com provas empíricas. Seus conceitos não
sofrem mutação no tempo e no espaço. Não indica modo de agir, mas a análise de fatos, dos
quais se podem extrair lições e com base nelas nortear as ações para seus destinatários, ou
seja, a coletividade. Trata-se de uma questão objetiva - o impacto social da atitude - onde o
conceito de empatia, revela-se de salutar importância.

Logo, o comportamento ético, deve também ser considerado como premissa no


manuseio dos instrumentos jurídicos colocados à disposição dos cidadãos.

Enrico Tulio Liebman, assinala que o dever de lealdade processual, derivava de uma
obrigação moral.

“O processo civil com sua estrutura de contraditório, em que a cada parte é confiada
a missão de sustentar suas próprias razões, é essencialmente refratário a uma
rigorosa disciplina moralista do comportamento das partes”. (LIEBMAN, 2003, p.
112).

O processo em si considerado, não é um instrumento de direito privado, como um


contrato. É um mecanismo valioso colocado à disposição do cidadão, para que este possa
ingressar em juízo, na busca da reparação do interesse violado. E este instrumento, merece a
proteção do Estado, na medida em que seus princípios constitucionais norteadores,
apresentam-se incompatíveis com a figura do abuso de direito. E esse dever de probidade, de
boa-fé, não pode ser dissociado de sua estrutura, sob pena de desconfiguração do instituto.
Bem por isso, o Superior Tribunal de Justiça3, no julgamento do REsp nº 65.906/DF,
no voto de lavra do Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, assinalou:

“O processo não é um jogo de incertezas, mas instrumento ético da


jurisdição para efetivação dos direitos da cidadania”.

Em arremate, Bruno Vasconcelos Carrilho Lopes4, assevera que o interesse público


do processo se apresenta incompatível com a figura do abuso de direito.

Na ética que deve ordenar as relações humanas na vida em sociedade, devemos


buscar o subterfúgio para a interpretação da norma processual, balizando-a no sentido de que
a mesma, encontra-se intrínseca e indissociavelmente ligada à relação jurídica de direito
processual.

2. A BOA-FÉ COMO PRINCÍPIO NORTEADOR DA RELAÇÃO PROCESSUAL

A boa-fé5 “(em latim: bona fides) é um conceito que denota boa intenção, honestidade,
sinceridade ou crença correta, independentemente dos resultados práticos que as ações desse tipo
podem produzir”.

Em nosso ordenamento jurídico foi expressamente prevista, tanto nos aspectos do


direito material (CC 402; CDC 4º, III), como no estatuto processual (CPC 5º).

Note-se que a boa-fé de que trata o legislador, tem alcance amplo, ou seja, a todos os
que participarem de qualquer forma do processo, sejam partes, patronos, magistrados,
servidores, membros do ministério público, defensoria pública, dentre outros, bem como
constitui um dever. Logo, a dedução da causa em juízo, vem imbuída do ingrediente da boa-
fé, sob o aspecto objetivo, portanto, presumida.

O comportamento inverso, representado pela má-fé, ao contrário, tem um aspecto


subjetivo, sendo indispensável a comprovação do referido elemento, no caso o dolo, para sua
caracterização.

3 REsp nº 65.906/DF- 4ª Turma, vu. J. 25.11.1997. DJe 02.03.1998.


4 “O processo não é uma contenda entre particulares na qual tudo é válido. O interesse público no correto desenvolvimento do processo e no
pleno alcance de seus escopos é incompatível com condutas desleais que visem a enganar o julgador ou protelar a prestação da tutela
jurisdicional”. (LOPES, 1998, p.51).
5 https://pt.wikipedia.org/wiki/Boa-f%C3%A9. Acesso em: 20 junho. 2021
O Superior Tribunal de Justiça6, em vários julgados, consolidou referido
entendimento.

Não se pode dissociar o comportamento objetivo da boa-fé processual, como


integração dos demais princípios que regem o direito processual civil, na esteira do que restou
assinalado anteriormente. Este resulta de um processo de intersecção com os próprios
fundamentos do Estado de Direito, como a segurança jurídica, e em última análise, com a
dignidade da pessoa humana (CF, 1º, III).

Humberto Theodoro Junior7, já assinalava a relação entre a boa-fé processual, como


pressuposto para a segurança jurídica e em última análise da proteção à dignidade humana.
(THEODORO, 2015, p. 78/80).

Destarte, o dever de boa-fé e probidade processual, antecede o acesso a justiça. Não


se pode perder de vista, que o poder judiciário é um bem valioso colocado à disposição dos
cidadãos, para resolução de seus conflitos de direito. Não deve ser acionado de forma abusiva,
como meio de práticas ilícitas, num aspecto que desvirtua sua essência. Assim, o abuso em
sua utilização, caracteriza-se como ato atentatório à dignidade da justiça, devendo seus
responsáveis, arcarem com as consequências jurídicas do ato praticado, em detrimento de
todo o aparato jurisdicional, e principalmente em prejuízo daqueles que se utilizam de seu
acesso de forma lícita.

6 "Somente se justifica a aplicação da pena por litigância de má-fé se houver o dolo da parte no entravamento do trâmite processual,
manifestado por conduta intencionalmente maliciosa e temerária, inobservado o dever de proceder com lealdade, o que não está presente
neste feito". (REsp 523.490/MA, Terceira Turma, Relator Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, DJ de 1º.8.2005); “(...) Isso,
porque a má-fé não pode ser presumida, sendo necessária a comprovação do dolo da parte, ou seja, da intenção de obstrução do trâmite
regular do processo, nos termos do art. 17, VI, do Código de Processo Civil”. (AgRg no REsp 1.374.761/MS, Quarta Turma, Relator
ministro RAUL ARAÚJO, DJe de 26.03.201); “Os princípios da segurança jurídica e boa-fé objetiva, bem como da vedação ao
comportamento contraditório (venire contra factum prioprium), impedem que a parte, após praticar ato em determinado sentido, venha a
adotar comportamento posterior e contraditório”. (AgRg no REsp 1.099.550/SP, Quinta Turma, Relator Ministro ARNALDO ESTEVES
LIMA, DJe 29.03.2010); “O princípio da boa-fé objetiva proíbe que a parte assuma comportamentos contraditórios no desenvolvimento da
relação processual, o que resulta na vedação do venire contra factum proprium, aplicável também ao direito processual”. (AgRg no Resp
1.280.482/SC, Segunda Turma, Relator Ministro HEMAN BENJAMIN, DJe 13.04.2012).
7 “Consiste o princípio da boa-fé objetiva em exigir do agente que pratique o ato jurídico sempre pautado em valores acatados pelos

costumes, identificados com a idéia de lealdade e lisura. Com isso, confere-se a segurança às relações jurídicas, permitindo-se aos
respectivos sujeitos, confiar nos seus efeitos programados e esperados”. “Como a segurança jurídica é um dos primeiros fundamentos do
Estado Democrático de Direito, é fácil concluir que o princípio da boa-fé objetiva não se confina ao direito privado. Ao contrário, expande-se
por todo o direito, inclusive o direito público em todos os seus desdobramentos (...)”. “Com efeito, não é, no plano constitucional, apenas o
princípio da segurança jurídica que impõe aos agentes o comportamento segundo a lealdade e a boa-fé. Também o princípio da garantia da
dignidade da pessoa humana o exige (CF, art.1º, III), assim como o da solidariedade social (CF, art.3º, I). As raízes do prin cípio da boa-fé,
embora não expresso, encontram-se na própria declaração dos direitos e garantias fundamentais, a qual prevê que estes não são apenas os
literalmente arrolados nos incisos do art. 5º, pois compreendem implicitamente, também, todos os outros que decorram do regim e adotado
pela Constituição (CF, art. 5º, § 2º)”. (grifei). “Nesta perspectiva, voltada para a explicitação do princípio da dignidade humana, inter-
relacionado com a igualdade substancial e a solidariedade social, é de ter-se como certo que a constituição consagra, implicitamente, o
princípio da boa-fé, como ilação lógica do sistema, daí irradiando-se, necessariamente, para alcançar todos os relacionamentos privados e
públicos. De modo particular, são atingidos os que se desenvolvem no campo do direito processual. Afinal, o processo de hoje se acha
constitucionalizado por inteiro, compromissado que é com a tutela e a efetivação dos direitos fundamentais, sendo o próprio devido processo
legal uma das principais garantias constitucionais explícitas (art.5º, LIV). Nesse prisma, o dever de comportamento, segundo a boa-fé
imposto ao todos os que participam do processo, é inerente à própria garantia do devido processo legal outorgada pela Constituição”.
3. DICOTOMIA ENTRE O USO E O ABUSO DO DIREITO

Quando o legislador se dispõe a regulamentar o comportamento social, por meio dos


diplomas legislativos – os quais constituem a expressão da democracia, na medida em que
criadas pelos representantes eleitos pelo povo, através do voto - pressupõe-se o uso regular,
daí a razão da presunção da boa-fé objetiva, ou seja, os instrumentos jurídicos colocados à
nossa disposição, são tecnicamente elaborados para facilitar o acesso, utilização e efetivação
dos direitos violados, em nome da tão propalada segurança jurídica. O direito positivo, tem
como principal meta, a pacificação das relações em sociedade, instituindo o dever ser de seu
atuar. A violação enseja o restabelecimento ao patamar que a lei prescreve.

Ao lado do uso regular dos instrumentos jurídicos, temos a figura do abuso. O abuso,
caracteriza a violação da norma, a quebra do dever jurídico (CC 187).

Para Nestor Duarte, o aferimento do elemento subjetivo se infere o desvirtuamento


de seu exercício.

“Não exige a lei o elemento subjetivo, ou a intenção de prejudicar, para a


caracterização do abuso de direito, bastando que seja distorcido o seu
exercício”. (DUARTE, 2018, p. 119).

Referida conclusão sob o aspecto material, não encontra o mesmo tratamento quando
se está a tratar de questões de ordem processual, considerando que, como dito acima,
pacificado o entendimento que as condutas violadoras das normas processuais que
caracterizam ato atentatório a dignidade da justiça, são imbuídas do elemento subjetivo, qual
seja o dolo, não considerado sob o aspecto objetivo, tal como acontece com a boa-fé.

4. TEMÁTICA: A ADVOCACIA PREDATÓRIA

Após o decurso de determinado período de tempo posterior à implementação do


processo eletrônico - o que facilitou em demasia o acesso à justiça, com acompanhamento
constante dos atos processuais - passou-se a notar um aumento no numero de demandas,
envolvendo questões em face de instituições financeiras, serviços de proteção ao crédito, com
perfis que se repetiam. Em muitas oportunidades, após a instauração do contraditório,
verificava-se a ausência de fundamento nas referidas pretensões, com dedução de fatos em
prejuízo da verdade do caso.
Referidos litigantes se apresentavam, geralmente, representados por causídicos de
forma isolada, ou coligados em bancas sob a forma virtual, e com as mesmas pretensões, e na
maioria das vezes, diante da prática atípica, em prejuízo imediato ao assistido, e mediato ao
próprio sistema.

Bem por isso, no âmbito do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, a E.


Corregedoria Geral da Justiça, na gestão do Desembargador Manoel Pereira Calças, criou o
Núcleo de Monitoramento de Perfis e Demandas (NUMOPEDE)8.

Referido órgão tem como objetivo, monitorar possíveis litigantes com perfis que se
repetem na prática da advocacia predatória, como meio de auxiliar os julgadores em
demandas desta natureza, ressalvada a convicção de cada qual, e especialmente a análise do
caso concreto.

Logo nos primeiros meses, os indícios da prática da advocacia predatória, ficaram


evidentes. O abuso quanto a utilização do aparelho judicial, tem em seus protagonistas –
autores - um meio de alcançar a finalidade ilícita, muitas vezes sem o consentimento destes.

Trata-se de pessoas no mais das vezes humildes, aliciadas sob a promessa de


resultados efetivos para retirada do nome de instituições de proteção ao crédito, que acabam
por outorgar mandatos a referidos profissionais, os quais se utilizam do mesmo instrumento,
para o ajuizamento de múltiplas demandas. Trata-se de uma indústria de demandas, as quais
sob um aspecto aparentemente lícito, albergado pela boa-fé objetiva, acabam por engendrar a
proliferação de litígios infundados.

Através do Comunicado 02/2017, de 10/01/2017, referido órgão destacou os perfis


de demandas que implicavam na referida prática, com a indicação de boas práticas, com vistas
a coibir ao abuso na utilização dos meios judiciais9.

8 https://www.tjsp.jus.br/Noticias/noticia?codigoNoticia=36713&Id=36713. Acesso em: 20 junho. 2021.


9 “COMUNICADO CG Nº 02/2017 (Processo nº 2016/181072) O NÚCLEO DE MONITORAMENTO DE PE RFIS DE DEMANDA-
NUMOPEDE da Corregedoria Geral da Justiça do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo COMUNICA aos Juízes de Direito que: 1)
Constatou a existência de diversos expedientes em trâmite nesta Corregedoria Geral da Justiça em que se apreciavam notícias de uso abusivo
do Poder Judiciário por partes e advogados, observadas especialmente em ações com pedidos de exibição de documentos, de declaração de
inexistência de débito, de consignação em pagamento ou atinentes ao dever de informar. (grifei). 2) Constatou-se um conjunto de
características comuns a tais ações, se não em sua integralidade, pelo menos e sua maioria, a seguir indicadas: (I) elevado número de ações
distribuídas por mesmo advogado ou grupo de advogados em nome de diversas pessoas físicas distintas, em um curto período de tempo; (II)
ações que versam sobre a mesma questão de direito, sem apresentação de particularidades do caso concreto e/ou documentos que tragam
elementos acerca da relação jurídica existente entre as partes; (III) ações contra réus que são grandes instituições/corporações (financeiras,
seguradoras, etc.); (IV) solicitação indistinta do benefício da justiça gratuita para os autores; (V) solicitação indistinta de concessão de tutela
de urgência inaudita altera pars; (VI) pedidos “preparatórios”, como as antigas cautelares de exibição de documentos, consignatórias,
condenatórias em obrigação de dar ou declaratórias de inexigibilidade de débito; (VII) notificações extrajudiciais geralmente subscritas por
Observe-se a gravidade da questão, especialmente quando uma profissão tão nobre,
reconhecida sua essencialidade na Carta Magna (CF 133), ser utilizada para prática de atos
ilícitos, com a movimentação do sistema judiciário, que não tem como objetivos a reparação
de conflitos materiais, mas sim o enriquecimento sem causa.

Pouco tempo depois, a questão chamou a atenção da mídia em geral.

No estado de Minas Gerais, a Associação dos Magistrados (AMAGIS), emitiu nota a


respeito da constatação da referida prática naquela localidade10.

Em pouco tempo, a questão ganhou relevância nacional, sendo objeto da pauta do


77º Encontro do Colégio Permanente de Corregedores Gerais do país11.

Posteriormente tratada em matéria veiculada no programa Fantástico12, sob o tema


“Advogados aplicam golpe em pessoas com dívidas e que querem limpar o nome. Exibição
em 30 dez 2018. Vítimas são de origem humilde e agora, além do valor original devido, foram
condenados a pagar multas milionárias por tentar enganar a Justiça”.

Na sequência, inúmeras unidades dos Tribunais de Justiça, instituíram o referido


núcleo, na medida em que constataram, através do estudo realizado inicialmente no estado de
São Paulo, a prática da advocacia predatória, como Santa Catarina13, Paraíba14, Pará15,
Espirito Santo16, Rio Grande do Sul17, Paraná18, dentre outros.

parte ou advogado, encaminhadas por AR e não pelos serviços de atendimento ao consumidor ou canais institucionais da empresa para
comunicação; (VIII) fragmentação dos pedidos deduzidos por uma mesma parte em diversas ações, cada uma delas versando sobre um
apontamento específico questionado ou sobre um documento específico cuja exibição se pretende, independentemente de serem deduzidos
perante o mesmo réu. 3) Em diversos casos, após a oitiva dos autores em juízo verificava-se que estes não tinham conhecimento ou interesse
na distribuição da ação. 4) Foram identificadas boas práticas para enfrentamento da questão indicada acima, a seguir listadas: (I) Processar
com cautela ações objeto deste comunicado, em especial para apreciar pedidos de tutelas de urgência. (II) Analisar ocorrência de prevenção,
conexão ou continência. Indica-se, para tanto, a pesquisa de processos, no site do E. TJSP, identificando-se como magistrado (ícone
‘identificar-se’ no canto direito superior), realizando a pesquisa pelo nome da parte. Atentar que, aos magistrados, se o feito for digital, é
possível acessar o seu conteúdo clicando com o botão do mouse na frase “este processo é digital”, escrita em vermelha, logo acima do extrato
de movimentação processual. Dispensa-se, assim, conceder prazo para que as partes apresentem as cópias processuais necessárias para
identificação da prevenção, conexão, continência ou litispendência. (III) Designar audiência de conciliação ou de instrução e julgamento,
com determinação de depoimento pessoal do autor, para apurar a validade de sua assinatura em procuração ou o seu conhecimento quanto à
existência da lide e do seu desejo de litigar. (IV) Apreciar com cautela pedido de concessão do benefício da justiça gratuita, sobretudo em
ações em que, paradoxalmente, os autores não se valem da regra do art. 101, I, do CDC, para justificar a competência territorial em São
Paulo, especialmente quando residem em outro Estado e os fatos por eles narrados ocorreram em outro Estado, não guardando pertinência
com a competência territorial do TJ/SP. (V) Homologar com cautela acordos extrajudiciais firmados sem a participação da parte. (VI)
Apreciar com cautela pedido de inversão do ônus da prova nos termos do art. 6, VIII do CDC, especialmente para se aferir se, diante das
provas produzidas, houve comprovação satisfatória da verossimilhança dos fatos alegados pelo autor em sua inicial e se não há necessidade
de documentos adicionais, sobretudo quando somada a pedido de gratuidade de justiça”.
10 https://amagis.jusbrasil.com.br/noticias/485909142/acoes-predatorias-sao-usadas-para-golpes-em-comarcas-no-interior-do-estado. Acesso

em: 20 junho. 2021.


11 https://corregedoria.tjpb.jus.br/desembargador-jose-aurelio-da-cruz-participa-do-77o-encontro-do-colegio-permanente-de-corregedores-
gerais-do-pais/ . Acesso em: 20 junho. 2021.
12 https://globoplay.globo.com/v/7266445/. Acesso em: 20 junho. 2021.
13 https://www.tjsc.jus.br/web/corregedoria-geral-da-justica/-/melhorias-para-o-nucleo-de-monitoramento-de-perfis-de-demandas-e-
estatistica-numopede?inheritRedirect=true Acesso em: 20 junho. 2021.
14 https://corregedoria.tjpb.jus.br/numopede/. Acesso em: 20 junho. 2021.
O perfil da atividade predatória, se repete por todo o território nacional. Mesmo com
a preocupação das Corregedorias respectivas, tal situação, anda está longe de ser solucionada,
enquanto não houver uma atenção maior do nosso legislador, para fins de preservar a
utilização da justiça, de maneira regular, com o estabelecimento de regramento específico e
pontual, como se verá adiante.

E todas as medidas tomadas no âmbito jurisdicional e administrativo, não se tem


apresentado suficientes, para coibir referida prática. Recentemente, mais precisamente no dia
25 de maio próximo passado, o Ministério Público do Estado de Goiás (GAECO), efetuou
diligências visando elucidar este ilícito19.

Ou seja, no último mês, outra atuação predatória foi elucidada, com a constatação da
existência de aproximadamente 50.000 (cinquenta mil) processos ajuizados, com base na
referida prática abusiva. É preciso que sejam tomadas medida mais eficazes quanto a este
problema.

5. HISTÓRICO LEGISLATIVO

Numa análise histórica de nossa legislação processual, verifica-se que referida


prática remota a época da monarquia. Naquela oportunidade, houve a necessidade da coibição
de forma expressa pelas normas de regência, que com o passar do tempo, acabou sendo
enfraquecida por razões políticas, na elaboração dos diplomas subsequentes.

No ano de 1769, na exposição de motivos da Lei de Boa Razão, de 18.08.1769,


verificava-se por parte de Dom José, então rei de Portugal, a preocupação com a utilização
indevida do Poder Judiciário naquele país – que vigorou em nossa pátria - com base em
experiências também vivenciadas nos demais países europeus20.

15 http://www.tjpa.jus.br/PortalExterno/institucional/Numopede/647276-apresentacao.xhtml. Acesso em: 20 junho. 2021.


16 http://www.tjes.jus.br/corregedoria-geral-da-justica-institui-nucleo-de-monitoramento-do-perfil-de-demandas/. Acesso em: 20 junho. 2021.
17 https://www.tjrs.jus.br/novo/institucional/administracao/corregedoria-geral-da-justica/numopede/. Acesso em: 20 junho. 2021.
18 https://www.tjpr.jus.br/noticias/-/asset_publisher/9jZB/content/corregedoria-geral-encaminha-aos-magistrados-comunicado-n-3-do-
numopede/18319. Acesso em: 20 junho. 2021.
19 “AÇÕES CONTRA BANCOS. Advogados que atuam em MT são alvos do Gaeco-MS por "advocacia predatória". Juiz revelou que

advogado que patrocina ação contra banco já representou 49.244 processos contra instituições financeiras. O juiz da Terceira Vara Cível de
Cuiabá, Luiz Octávio Saboia Ribeiro, pediu informações ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) de Mato Grosso
do Sul, sobre três advogados que estariam realizando “advocacia predatória” contra instituições financeiras. Um despacho do último dia 25
de maio revelou que um processo que trata sobre a anulação de descontos em folha de pagamento, proposta por uma cliente do Banco Olé
Bonsucesso Consignado, acabou se transformando em diligências envolvendo dois Estados do Centro-Oeste Brasileiro”.
https://www.folhamax.com/cidades/advogados-que-atuam-em-mt-sao-alvos-do-gaeco-ms-por-advocacia-predatoria/306153. Acesso em: 20
junho. 2021.
20 “DOM JOSÉ por Graça de Deus Rei de Portugal, e dos Algarves, d’aquem, e d’além Mar em África, Senhor de Guiné, e da Conquista,

Navegação, Comercio da Etiópia, Arábia, Pérsia, e da Índia, &c. Faço saber aos que esta Minha Carta de Lei virem, que por quanto depois de
Em seu item sétimo, estabelecia a responsabilidade dos advogados, pelo fato da
utilização do judiciário com demandas destituídas de fundamentação, que acabavam por
prejudicar o próprio funcionamento do sistema21.

Na sequência o decreto-lei nº 1.608, de 18 de setembro de 1939 (CPC 1939), previu a


responsabilização dos causídicos, em caso de má conduta processual em seu artigo 66.

Contudo, na vigência do Código de Processo Civil de 1973, referida responsabilidade


foi expressamente afastada, em seu artigo 14, parágrafo único, pela Lei nº 10.358 de
27/12/2001:

O mesmo caminho trilhou nosso legislador, no atual diploma, estabelecendo no


artigo 77, § 6.

Verifica-se que embora equiparado aos demais participantes do processo, como


corresponsáveis pela observância do dever de probidade processual, ficam imunes a eventual
penalidade.

E essa ressalva da lei, é o caminho do qual se valem aqueles que desvirtuam a prática
da nobre função, de forma predatória. A certeza da impunidade - exceto de ordem disciplinar
a qual não tem tido o caráter pedagógico e inibitório que a medida visa instituir, no combate -
acaba por proporcionar sua reiteração.

Embora as corregedorias da justiça de nossos tribunais, tenham tomado as medidas


ao seu alcance, é certo que em nome de um amplo acesso à justiça, previsto em nossa
Constituição Federal – o qual não pode se confundir com o abuso dela – registra-se uma
proliferação da prática em todo o território nacional, e nada parece deter a ação neste sentido.
Veja-se por exemplo, o que acima foi dito, quanto ao recente episódio no estado de Goiás,

muitos anos tem sido um dos mais importantes objectos da atenção, e do cuidado de todas as Nações polidas da Europa o de precaverem com
sábias providências as interpretações abusivas, que ofendem a Majestade das Leis; desautorizam a reputação dos Magistrados; e tem perplexa
a justiça dos Litigantes; de sorte que no Direito, e Domínio dos bens dos Vassalos não possa haver aquela provável certeza, que só pode
conservar entre eles o público sossego: Considerando Eu a obrigação, que Tenho de procurar aos Povos, que a Divina Omnipotência pôs
debaixo da Minha Protecção, toda a possível segurança nas suas propriedades; estabelecendo com ela a união, e paz entre as famílias, de
modo, que umas não inquietem as outras com as injustas demandas, a que muitas vezes são animadas por frívolos pretextos tirados das
extravagantes subtilezas, com que aqueles, que as aconselham, e promovem, querem temerariamente entender as Leis mais claras, e menos
susceptíveis de inteligências, que ordinariamente são opostas ao espírito delas, e que nelas se acha literalmente significado por palavras
exclusivas de tão sediciosas, e prejudiciais cavilações”.
21 “7 Item: Por quanto a experiência tem mostrado, que as sobreditas interpretações de Advogados consistem ordinariamente em raciocínios

frívolos e ordenados mais a implicar com sofismas as verdadeiras Disposições das Leis, do que a demonstrar por elas a justiça das partes:
Mando, que todos os Advogados, que cometerem os referidos atentados, e forem neles convencidos de dolo, sejam nos Autos, a que se
juntarem os Assentos, multados, pela primeira vez em cinquenta mil réis para as despesas da Relação, e em seis meses de suspensão; pela
segunda vez em privação dos graus, que tiverem da Universidade; e pela terceira em cinco anos de degredo para Angola, se fize rem assinar
onde os causídicos foram responsáveis pelo ajuizamento de aproximadamente 50.000
(cinquenta mil) feitos indevidamente.

Renato Beneduzzi, ao comentar a disposição inserta no artigo 77 § 6º do atual


diploma processual, preleciona:

“(...) A exclusão não faz sentido, até porque os deveres de que trata o art. 77
“são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de
qualquer forma participem do processo”. Não raro, o dolo de cometer o ato
atentatório à dignidade da justiça não é da parte, mas de seu representante ou
representante legal. A censura à violação dos deveres processuais seria
muitíssimo mais eficaz se também aqueles responsáveis diretamente pelo
andamento do processo, mesmo que instruídos ou supervisionados por seus
clientes ou por instâncias superiores nos órgãos que presentam, pudessem vir
a ser por ela atingidos quando tiverem dado causa dolosamente à violação de
um dever processual”. (BENEDUZZI, 2017, p. 89)

Evidencia-se deste modo, que nossa legislação processual, carece de dispositivos


como forma de inibição da referida conduta, o que contribui para a proliferação dos casos em
todo o sistema judiciário nacional.

6. A QUESTÃO VISTA POR NOSSOS TRIBUNAIS

No sistema jurídico positivista brasileiro, e diante da previsão expressa da ressalva


quanto à punição às pessoas elencadas no artigo 77 § 6º do Código de Processo Civil, muito
pouco ou quase nada pode ser feito neste sentido.

Ainda que se valha de interpretações de direito material, como o excesso de mandato


e a responsabilidade do mandatário (CC 662 e 665), ou ainda àquela que diz respeito ao abuso
de direito (CC 187), é certo que a tormentosa questão, não encontra na jurisprudência,
precedentes - exceto em raros casos - que igualmente forneçam subsídios para que novos
casos tenham tratamento semelhantes, e funcionem como meio inibitório de reiteração de
conduta.

clandestinamente as suas Alegações por diferentes Pessoas; incorrendo na mesma pena os assinantes, que seus Nomes emprestarem para a
violação das minhas Leis, e perturbação do sossego público do Meus Vassalos”.
Nos ensinamentos sobre direito quântico, por Ricardo Hasson Sayeg22, pode-se
chegar a interpretação de que referido dispositivo, se apresenta incompatível com a prática da
advocacia predatória, não se aplicando a mesma, na medida em que esta não se coaduna com
o devido processo legal, por violar a boa-fé objetiva, e ainda o princípio da dignidade da
pessoa humana. O uso abusivo do aparelho judicial atinge por via reflexa o direito individual
do cidadão:

No presente estudo, fica evidente que a aplicação da norma pura e simplesmente,


entra em conflito com a realidade. Nitidamente a prática da advocacia predatória, está
dissociada dos poderes e deveres do mandatário. Está dissociada também das finalidades de
seu objeto. Assim, o causídico não está a atuar na representação do mandante, mas pelos
excessos, deve responder pessoalmente.

E mais, além da colisão com a realidade, também implica, como acima dito, na
infração ao princípio da dignidade da pessoa humana, na medida em que o uso abusivo da
justiça, não apenas sob o aspecto econômico, mas também social, tem impactos na vida
daqueles que se utilizam da referida via, para fins de solução de seus conflitos de direito.

Logo, na observação sob o enfoque do direito quântico: norma-realidade-direitos


humanos, verifica-se que a interpretação do artigo 77 § 6º do Código de Processo Civil, deve
ser restrita à hipótese em que os envolvidos agem nos estritos limites do mandato, ou da
legislação existente. Quando os excede, trás para si a mesma responsabilidade prevista para as
partes, no caput do citado dispositivo, o qual, em consonância com a regulação privada do
mandato, deve responder pessoal e ilimitadamente.

O Superior Tribunal de Justiça23, ao julgar um caso envolvendo a prática de ato


atentatório à dignidade da justiça, por membro do Ministério Público do Trabalho, no estado

22 “Com efeito, tais linhas são: o Positivismo, o Realismo e o Jusnaturalismo, atualmente rerrotulado como Direitos Humanos, encarnado na
categoria jurídica da dignidade da pessoa humana. Basta analisar as três e ver, diante dos invulgares defensores de cada uma delas, que todas
estão corretas, e são juridicamente razoáveis, incontestáveis, sob a perspectiva da consistência. O olhar do observador, segundo Foucault,
altera a perspectiva sob o objeto, por sempre parcial. Via de consequência, cada linha corresponde a uma perspectiva, a um olhar, bem
lançado e elaborado, juridicamente consistentes, contudo, parciais. Há de se olhar para além do que os olhos alcançam, enxergar o que não
veem, na perspectiva do olhar sobre cada uma dessas linhas. E quando se olha diretamente para elas, na perspectiva parcial de cada uma, se
deve enxergar além delas; e, o que encontramos, são as outras. Isso significa que, a substância de cada uma delas é composta pelas outras
duas. Ou seja, o Positivismo só é integral, ao invés de parcial quando consubstancial ao Realismo e aos Direitos Humanos. Na mesma toada,
o Realismo, ao Positivismo e aos Direitos Humanos. Os Direitos Humanos, ao Positivismo e ao Realismo”. “(...) Ou seja, o texto legal não
pode ser aplicado sem estar potencializado pelo contexto real, e tem que implicar a dignidade da pessoa humana. Assim sendo, conforme o
Direito Quântico se aplica a um só tempo os Direitos Humanos, o Positivismo e o Realismo, de modo que se o Direito tiver como
consequência qualquer perturbação a um dos três, no núcleo essencial de cada um deles, haverá perturbação do próprio Direito, que, se assim
defeituosamente aplicado, será sempre parcial”. (SAYEG, 2020, p. 5/12)
23 “PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS. DESCUMPRIMENTO DE ORDEM JUDICIAL. ATO ATENTATÓRIO AO

EXERCÍCIO DA JURISDIÇÃO. MULTA DO ART. 14 DO CPC. APLICABILIDADE ÀS PARTES E A TODOS AQUELES QUE, DE
do Paraná, sob a égide do estatuto revogado (CPC 1973), reconheceu a responsabilidade do
parquet pela prática do ato atentatório.

Em outra oportunidade24, foi reconhecida e aplicada a penalidade, a perito do juízo,


por demora injustificada na entrega de laudo pericial.

O Tribunal Regional Federal, em caso envolvendo a apresentação de cálculos


abusivos, com vistas a lesar o erário público, entendeu por bem afastar a norma que
impossibilita a responsabilidade dos advogados, por considerar que a pena seria imposta à
parte, que não havia colaborado para o infortúnio. Ficou evidenciado, o excesso dos poderes
inerentes ao mandato, atraindo a responsabilidade pessoal e solidária25.

ALGUMA FORMA, PARTICIPAM DO PROCESSO. 1. Hipótese de mandado de segurança impetrado pelo Município de Curitiba/PR com
a finalidade de impedir que as autoridades impetradas promovessem a realização de audiência pública convocada pelo Ministério Público do
Trabalho, destinada a redefinir o valor do repasse de verbas municipais a entidades e organizações não-governamentais de atendimento a
crianças e adolescentes. O pedido liminar foi deferido, ocasião em que foi determinada a suspensão da audiência pública mencionada. 2. Na
tentativa de conferir efetividade à ordem mandamental, e por não ter conseguido intimar as autoridades impetradas no dia anterior, o Oficial
de Justiça designado compareceu ao local de realização da audiência pública, ocasião em que uma das impetradas, Procuradora do Trabalho,
"tão logo tomou ciência da notificação, de microfone em punho, diante do auditório, afirmou que realizaria o evento, pois considerava a
decisão ilegal e inconstitucional, razão pela qual não iria obedecê-la". Consta dos autos, ainda, que um Promotor de Justiça do Estado do
Paraná, causou "tumultos e pressões", além de ter imposto ao Oficial de Justiça, quando do cumprimento da decisão judicial, a obrigação de
falar ao microfone para todo o auditório, com mais ou menos 150 pessoas. 3. De todo o ocorrido, resultou a condenação pessoal da
Procuradora do Trabalho e do Promotor de Justiça do Estado do Paraná ao pagamento de multa, no valor equivalente a vinte por cento (20%)
do valor da causa atualizado, em virtude de ato atentatório ao exercício da jurisdição (art. 14, V e parágrafo único, do CPC), e a extinção do
mandado de segurança, sem resolução de mérito (art. 267, VI, do CPC), por perda de objeto, já que a audiência pública, mesmo em afronta à
decisão judicial, foi realizada. 4. O inciso V do art. 14 do Código de Processo Civil, incluído pela Lei 10.358/2001, prevê como dever das
partes e de todos aqueles que, de alguma forma, participam do processo, "cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar
embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final". 5. Não há como se admitir, no entanto, que um membro
do Ministério Público, a quem incumbe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis (art. 127 da CF/88), deixe de dar cumprimento à ordem judicial que suspendeu a realização do evento, sob a alegação de que
não era parte na ação mandamental, máxime porque o provimento liminar era extremamente claro no tocante à extensão dos seus efeitos. 6.
"Os deveres enumerados no art. 14, pois, são deveres das partes. E por partes devem-se entender todos os sujeitos do contraditório. Em
outros termos, o conceito de partes a que alude o art. 14 não se refere apenas às partes da demanda (demandante e demandado), mas a todas
as partes do processo (incluindo-se aí, também, portanto, os terceiros intervenientes e o Ministério Público que atua como custos legis). É
mais amplo ainda, porém, o alcance do art. 14. Isto porque não só as partes, mas todos aqueles que de qualquer forma participam do processo
têm de cumprir os preceitos estabelecidos pelo art. 14." (Alexandre Freitas Câmara, "Revista Dialética de Direito Processual", n. 18, p. 9-19,
set. 2004). 7. Deixa-se de analisar, por fim, toda a argumentação no sentido de que "o princípio da unidade do Ministério Público (...) não
tem o condão de interligar a extremos os papéis autonomamente desempenhados pelos membros dos diversos Ministérios Públicos", pois
todos os envolvidos na presente ação tiveram conhecimento da decisão judicial que impedia a realização da audiência pública e,
deliberadamente, decidiram desrespeitá-la, em flagrante ato atentatório ao exercício da jurisdição. 8. Recursos especiais desprovidos”.(REsp
nº 757.895 - PR (2005/0095324-8), Relatora MINISTRA DENISE ARRUDA, j.2.4.2009, DJe 5.5.2009).
24 “PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DE LAUDO DE AVALIAÇÃO. EMBARAÇO À

EFETIVAÇÃO DE PROVIMENTO JUDICIAL. APLICAÇÃO DA MULTA DO ART. 14, V, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. 1 – O art.
14, V, parágrafo único, do CPC apenas especificou o dever genérico de obediência às ordens e decisões judiciais que já existia no
ordenamento jurídico, estabelecendo ainda sanção específica para a hipótese de descumprimento. Seus preceitos evidenciam a censura ao
chamado Contempt of Court, também presente no código de processo civil alemão (Missachtung des Gerichts). 2 - Os deveres contidos no
art. 14 do CPC são extensivos a quem quer que cometa o atentado ao exercício da jurisdição. Por esse motivo, a multa por desacato à
atividade jurisdicional prevista pelo parágrafo único deste artigo é aplicável não somente às partes e testemunhas, mas também aos peritos e
especialistas que, por qualquer motivo, deixam de apresentar nos autos parecer ou avaliação. Na hipótese julgada, a empresa que estava
incumbida da entrega do laudo desempenhava função de perito. Recurso conhecido e não provido”. (REsp nº 1.013.777 - ES (2007/0294693-
8), Relatora MINISTRA NANCY ANDRIGHI, j. 13.04.2010, DJe 04/07/2010).
25 “Insurge-se, no apelo extremo, contra acórdão da Sétima Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, assim ementado:

“PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO DE SENTENÇA. MANIPULAÇÃO DE CÁLCULOS POR


ADVOGADOS E CONTADOR. VALORES INDEVIDAMENTE PAGOS PELO INSS. PAGAMENTO JÁ REALIZADO. LITIGÂNCIA
DE MÁ-FÉ. POSSIBILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO DO ADVOGADO. MULTA. INDENIZAÇÃO. DESCONTO DE IR.
APELAÇÃO IMPROVIDA. 1. O autor, por meio de manipulação de cálculos desenvolvida pelos advogados e contador nomeado, obteve
valores muito superiores ao devido, em ação de revisão de benefício com escopo de corrigir os trinta e seis salários-decontribuição. 2.
Presença de fraude, decorrente de deturpação do julgado e manipulação do índice da TR, apurada tardiamente por contador judicial, que
apurou pagamento indevido superior a vinte mil reais. 3. Requerimento de execução complementar indeferido e extinta a execução, nos
termos do art. 794, I, do CPC, determinando o Juízo a quo a restituição de diferenças. 4. Desconsideração dos efeitos da coisa julgada, por
E o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, com hipóteses específicas na prática
da advocacia predatória, tem erigido a questão do abuso, à responsabilidade pessoal do
mandatário26.

Em um dos julgados, a D. Relatora assinala os aspectos do caso concreto


notadamente a origem humilde da parte, as questões que envolvem toda a litigiosidade no
país, e a conduta processual ímproba, que não poderia ficar escondida por detrás de um
instrumento de mandato, em que os poderes foram exercidos de forma excessiva. A conduta
abusiva, deve ser destacada do próprio mandato, assumindo o representante, a
responsabilidade pessoal e solidária pelas penalidades previstas à infração processual27.

ocorrência de erro material decorrente de ato doloso. Acima do respeito à preclusão máxima está o dever de se re speitar os princípios da
moralidade administrativa, da razoabilidade e da supremacia do interesse público. 5. O patrimônio público não pode sujeitar-se às agressões
decorrentes de sentença judicial, incompatível com o direito positivo, mormente quando decorrentes de artimanhas jurídicas, fruto de
deslealdade processual e má-fé do advogado, hábeis a ludibriar os operadores do direito, surgindo daí a necessidade de aplicação de sanção
para coibir tal tipo de comportamento, ainda que em sede de execução. 6. Em face da situação teratológica do processo, legitimasse a
excepcional condenação dos advogados em litigância de má-fé e no dever de pagarem multa, nos termos dos arts. 17 e 18 do Código de
Processo Civil, decorrente da responsabilidade processual objetiva, sob pena de incumbir tais sanções ao autor, que não participou dos
referidos atos processuais. 7. O desconto de imposto de renda poderá ser objeto de apreciação nas vias ordinárias. Além disso, o advogado
não pode recorrer, em nome do cliente, para discutir valores de IR descontados por ordem do Juízo. 8. Apelação do autor improvida. 9.
Determinação para que se oficie ao Ministério Público Federal, Ordem dos Advogados do Brasil e Conselho Regional de Contabilidade, para
providências pertinentes”. Extraído da decisão monocrática que negou seguimento ao recurso extraordinário interposto, tendo em vista se
tratar de processo físico, e não haver digitalização do acórdão, no acesso ao sistema do TRF-3ª Região: “Processual Civil. (...) Litigância de
má-fé. Possibilidade de responsabilização do Advogado. Multa. Indenização. Desconto de IR. Apelação Improvida.” (STF, Agravo de
Instrumento nº 675239/SP, Rel. Min. Dias Toffolli, DJU 15/06/2011 grifos não originais).
26 “Ação indenizatória cumulada com obrigação de fazer. (...) evidência de fraude processual. Peculiaridades do caso em que se mostra

cabível a condenação nas penas de litigância de má-fé, inclusive, de forma solidária, a advogada da autora. Desnecessidade de apuração em
processo autônomo” (TJSP, Ap. 0007218-93.2011.8.26.0002; Rel. Des. Paulo Roberto de Santana; 23ª Câmara de Direito Privado; Data do
julgamento: 31/07/2013). “APELAÇÃO EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS EXTINÇÃO INTERESSE DE AGIR INEXISTENTE
COGNOSCIBILIDADE PARCIAL CAPÍTULO NÃO DEVOLVIDO ÔNUS DE IMPUGNAÇÃO LITIGÂNCIA DE MÁ -FÉ
CONDENAÇÃO SOLIDÁRIA SENTENÇA IRRETOCÁVEL. - Apelo parcialmente não cognoscível não devolvido o capítulo do interesse
de agir por violação evidente da exigência do artigo 514, inciso II, do CPC73. O apelante deve dar as razões, de fato e de direito, pelas quais
entende deva ser anulada ou reformada a sentença recorrida, inadmissível a simples repetição das razões da inicial, pior, a simples aposição
de teses jurídicas, excertos doutrinários e jurisprudenciais sem qualquer menção à decisão. Carência de ação patente, pedido esvaziado pela
própria documentação já trazida pela autora em evidente litigância de má-fé (desnecessidade da tutela jurisdicional) art. 14, do CPC73; -
Conduta qualificada em diversos incisos do artigo 17, do Código Buzaid. Patente deslealdade processual, litigância de má-fé bem delineada
pelo Juízo da R. Primeira Instância, ante o evidente propósito (locupletamento) da ação cautelar de exibição de documento de pleno
conhecimento e da posse da autora; - Excepcionalidade que permite a condenação solidária do patrono com a parte nas verbas de litigância
de má-fé precedentes. Responsabilidade processual independente da disciplinar ou criminal (art. 71, do EOAB) remessa de ofício ao MP e à
OAB que constitui dever do Magistrado (art. 40, CPP); - Manutenção da decisão por seus próprios e bem lançados fundamentos artigo 252
do Regimento Interno do Tribunal de Justiça de São Paulo. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO e, na parte conhecida, NÃO
PROVIDO”. (TJSP. Ap. 1011912-75.2014.8.26.0037 Rel. Maria Lúcia Pizzotti, j.1.06.2016). “EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO Autora que
ingressou com cinco ações postulando o mesmo contrato. Além disso, o documento pretendido foi enviado extrajudicialmente pela financeira
ré ao escritório do próprio advogado Solicitação administrativa que, apesar de irregular, foi atendida. Todavia, mesmo tendo recebido o
contrato, a autora ajuizou ação judicial requerendo a exibição do mesmo documento Evidenciada a falta de interesse processual da autora,
bem como a litigância de má-fé - Art. 14, I, II e III, c/c art. 17, II, III e VII, todos do CPC Responsabilidade do advogado que não pode ser
excluída, tendo em vista que recebeu em mãos o contrato antes de ajuizar a ação Desnecessidade de ação própria para apuração da má-fé do
procurador - Sentença mantida RECURSO DESPROVIDO”. (Ap. 1005511-60.2014.8.26.0037, da Comarca de Araraquara, Relator
Desembargador SÉRGIO SHIMURA, j. 27.04.2016).
27 “(...) Embora reiteradamente manifestada a discordância desta Relatora, evidente o processo jurisprudencial de enrijecimento das

condições da ação (cf. RExt. 631.240/MG). Busca-se, justamente, evitar lides temerárias como esta. Inadmissível a tutela judicial de
condutas ilícitas com manifesto escopo de locupletamento; inolvidável que bastaria ao patrono omitir dolosamente o documento de fl. 13
para que a ação fosse julgada procedente, logrando êxito, inclusive, no recebimento de honorários de sucumbência. Impositiva, portanto, a
censura à conduta que não pode se restringir à parte. Inadmissível a pretensão do Ilustre Patrono que pretende se eximir da sanção processual
imposta sob o pálio do art. 32, do EOAB. Supor que o advogado age como mero mandatário judicial da parte constitui verdadeiro
desprestígio à formação do próprio causídico. Pouco crível admitir a responsabilidade exclusiva da autora, desempregada, antes “atendente
de suporte técnico”, pela conduta processual; fazê-lo desprestigiaria a aptidão do Poder Judiciário de modular condutas. Como menciona o
Desembargador José Renato Nalini, o país vive “uma crise global, declínio de valores” que, sem dúvida, não começa ou se limita àqueles que
exercem algum poder na Capital Federal. O Poder Judiciário não se pode fazer mouco com “pequenos” atos ímprobos ou imorais. Neste
sentido, os operadores do direito devem ultrapassar os valores do “homem médio”, sendo verdadeiro exemplo para o contingente
lastimavelmente inculto. Sem dúvida, compete à Ordem dos Advogados do Brasil a apuração da conduta do Nobre Patrono, a fim de lhe
Neste contexto, verifica-se que além das medidas das Corregedorias da Justiça,
alguns julgados tem sido sensíveis à questão, e tem aplicado a responsabilização solidária, ex
vi do disposto no artigo 77 § 6º do Código de Processo Civil, nas hipóteses de abuso, com a
prova do elemento subjetivo má-fé, também ao procurador, diante da conduta abusiva, com
desvirtuamento dos poderes inerentes ao próprio mandato.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como visto, para aqueles que militam diariamente com as questões deduzidas em
juízo, a prática da advocacia predatória, assim entendia aquela abusiva, com excesso ou
desvio dos poderes inerentes ao mandato, em evidente má-fé, se repetem nas mais variadas
formas. O senso ético e moral que devem permear a conduta daqueles que se utilizam do
Poder Judiciário, aliados ao princípio da boa-fé objetiva, não tem sido suficiente, para coibir
referida prática. As decisões judiciais em sua grande maioria, afastam possibilidade de
aplicação da referida responsabilidade, diante da norma de regência em vigor.

Cabe aos operadores do direito, atentar para o alarmante crescimento das demandas
predatórias, assim como condutas processuais dissonantes do mandato, e tomar medidas
efetivas para sua inibição.

Dentre elas, a supressão do § 6º do artigo 77 do Código de Processo Civil, alcançaria


a finalidade da norma do artigo 5º, bem como do artigo 77 “caput” do referido estatuto, no
sentido de que a responsabilidade por ato atentatório à dignidade da justiça, alcançaria a todos
os que se encontram dentro da relação processual, sem exclusão de nenhum outro.

De maneira sucessiva, poderia ser mantida a referida disposição, contudo,


excepcionando as situações de “advocacia predatória” ou atuação com “excesso de mandato e
comprovada má-fé”.

A experiência tem demonstrado que a concessão da gratuidade da justiça, também


tem sido utilizada como importante fator, para a impunidade. Ainda que haja a ressalva do
artigo 89 § 3º, quanto às penalidades processuais, o acesso à justiça, pressupõe a necessidade
da prestação jurisdicional.

impor eventuais sanções disciplinares. Isto, contudo, jamais impediu que o Juízo, no poder de direção do processo, imponha censura à
conduta dos advogados. A responsabilidade processual independente da apuração dos fatos na esfera criminal ou disciplinar (art. 71, da Lei
n. 8.906, de 1994). Neste sentido, induvidosa a acuidade da decisão do MM. Magistrado, que, ao contrário do alegado, não fixou
responsabilidade criminal, cumprindo, contudo, com o dever imposto no EOAB e no Código de Processo Penal (art. 40), a fim de remeter os
A carta magna, garante a gratuidade do acesso, para os que dela necessitam de
maneira efetiva.

Quando utilizada de forma abusiva, o beneficiário, perderia referida condição,


ficando responsável solidariamente com aquele que se aproveitaram da circunstância, também
pelo pagamento das despesas processuais, afinal o Estado foi lesado com a administração de
processos indevidamente.

Assim, seria pertinente a inserção de mais um parágrafo no artigo 99 do diploma


processual no sentido de que: “perde a condição de necessitado aquele que praticar quaisquer
das condutas previstas nos artigos 77 e 80 deste diploma”, também contribuiria em muito com
forma inibitória de reiteração da conduta.

O acesso à justiça, consagrado na Constituição Federal, tem por escopo a boa-fé, a


reparação dos direitos violados de forma efetiva. A Justiça é um instrumento valioso colocado
à disposição dos cidadãos, para ser utilizada de forma abusiva. A coibição do abuso, nas
hipóteses tratadas no presente artigo, se apresenta como instrumento necessário ao
atendimento do dogma constitucional e em última análise à proteção do usuário da justiça, o
cidadão, assim entendido como pessoa com dignidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NALINI, José Renato. Ética da Magistratura. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.

LIEBMAN, Enrico Tulio. Manual de Direito Processual Civil. Tocantins: Intelectus, 2003.

LOPES, Bruno Vasconcelos Carrilho. Comentários ao Código de Processo Civil, Volume


II. São Paulo: Saraiva, 1998.

THEODORO Jr, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, Volume I. Rio de Janeiro:
Forense, 2015.

DUARTE, Nestor. Código Civil Comentado, doutrina e Jurisprudência. Barueri/SP:

autos ao Ministério Público e à OAB. Isto não elide a solidariedade do advogado ao pagamento das sanções impostas, em conformidade com
o artigo 18, do Código Buzaid como já decidiram os tribunais pátrios, cito (...)”.

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