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sexta-feira, 15 de maio de 2015

O REINO DOS CÉUS

"Com efeito, eu vos asseguro que se a vossa


justiça não exceder a dos escribas e a dos
fariseus, não entrareis no reino dos céus.

Os escribas e os fariseus esquecem o primeiro


mandamento: 'Ama o Senhor teu Deus com todo
o teu coração, com toda a tua alma e com toda
a tua mente.' São pessoas muito éticas, corretas
em seu modo de vida; prendem-se, porém, às
formas e observâncias exteriores, o que os leva à
intolerância, à estreiteza e ao dogmatismo. A
justiça que ultrapassa a dos escribas e dos
fariseus é exatamente o oposto disso. É uma
ética que encara a observância das formas e dos
rituais não como um fim em si mesmo, mas como
meios para entrar no reino dos céus.

Deus está além do bem e do mal relativos. Ele é


o Bem absoluto. Quando nos unirmos a ele em
nossa consciência, vamos além da justiça
relativa. Essa verdade é com frequência mal
compreendida: não significa que devamos
desculpar a imoralidade, pois a ética é o
fundamento real da espiritualidade. Ao nos
iniciarmos na vida espiritual, é preciso que nos
abstenhamos conscientemente de fazer mal aos
outros; que nos abstenhamos da mentira, do
roubo, do desregramento e da avidez; impõe-se
que observemos a pureza física e mental, o
contentamento, o autocontrole e a lembrança
contínua de Deus.

Mas o desejo de viver uma vida verdadeiramente


ética e de praticar as disciplinas espirituais vem-
nos apenas se decidirmos viver o primeiro
mandamento - se aprendermos a amar a Deus e
a lutar por manifestá-lo. Sem este ideal, a
moralidade degenera para o decoro externo dos
escribas e dos fariseus. Se, porém, o primeiro
mandamento é observado, então o segundo se
segue como decorrência natural. Quando
amamos Deus, precisamos amar nosso próximo
como a nós mesmos - porque nosso próximo é o
nosso próprio eu.

Pela prática do autocontrole, pela contenção


interior das paixões, desenvolvemo-nos
espiritualmente na direção da união com o Deus
absoluto. A pessoa que atinge este estágio
supremo não precisa fazer distinção consciente
entre o certo e o errado, nem praticar o
autodomínio. A santidade e a pureza tornam-se
sua verdadeira natureza. Ela transcende a
justiça relativa e entra no reino dos céus."

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha


Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo
- p. 51/53)
www.pensamento-cultrix.com.br

Osmar L. Amorim

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