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Mecanismos de Deterioração

06/03/2023

Grafitização
Ocorre em aços carbono e aços carbono-molibdênio. Resulta na formação de grafita a
partir da cementita. Pode ser evitada adicionando-se elementos de liga que são bons
formadores de carbonetos. O mais usado é o cromo. Aços com teor de Cr > 0,7 %
normalmente são imunes à grafitização. A grafitização resulta tanto na perda de
resistência mecânica quanto na perda de tenacidade. Pode ocorrer em serpentinas de
caldeira, fornos, etc. Fatores que tornam o aço mais susceptível a esse mecanismo
são:

Altas temperaturas associadas a grandes tempos de operação

Composição química

% de trabalho a frio

Quando o material está a altas temperaturas, a perda de tenacidade não é tão


problemática, pois a altas temperaturas o material continua com boa tenacidade.
Pode ser identificada por metalografia (enxergam-se nódulos de grafita), e por dureza
(nota-se uma redução de dureza no material grafitizado).
Ocorre entre 427 e 593 °C. Um mecanismo associado e concorrente é a
esferoidização, a qual predomina a temperaturas acima de 550 °C.
A morfologia pode ser:

Distribuição aleatória de nódulos de grafita na matriz ferítica.

Formação de nódulos de grafitas alinhadas na ZTA ou concentradas em certas


regiões com grande deformação plástica.

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Percebe-se pelo gráfico acima que a grafitização é um fenômeno que leva muito tempo
para ocorrer.
Aços com microestrutura bainítica são mais resistentes à grafitização do que os com
microestrutura perlítica.

Esferoidização
Formação de carbonetos de cementita na forma esférica. Esses carbetos tendem a se
aglomerar com o tempo. Isso reduz a resistência mecânica e dureza do aço. É menos
danosa que a grafitização. A esferoidização ocorre entre 440 e 760 °C. Aços com
microestrutura bainítica são menos resistentes à esferoidização do que os com
microestrutura perlítica (é o contrário em relação à grafitização).

Diferente da grafitização, que pode levar anos para ocorrer, a esferoidização costuma
ser mais rápida, podendo ocorrer em algumas horas, dependendo da temperatura.
Perlita esboroada = esferoidização.

A esferoidização pode ser um tratamento térmico intencional, realizado com o intuito de


aumentar a usinabilidade do aço.

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A esferoidita, com o passar do tempo, pode se converter em grafita para tempos muito
longos. Por outro lado, o inverso não ocorre, porque a grafita não pode se converter em
esferoidita, pois aquela é mais estável que esta.

laranja = deformação localizada em um tubo. É um sinal de que o material está sendo


afetado pela fluência.

Fragilização ao Revenido
Consiste na perda de tenacidade quando o material é exposto a altas temperaturas
(entre 340 e 580 °C), com formação de precipitados muito pequenos de estanho,
fósforo, antimônio e arsênio nos contornos de grão. Não pode ser detectada por

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metalografia, haja vista a pequena dimensão dos precipitados. A redução da
tenacidade se manifesta apenas a temperaturas baixas, enquanto o aço está operando
a altas temperaturas ele continua tenaz. O equipamento irá falhar, portanto, quando há
parada do equipamento - deve haver uma curva de pressurização e despressurização
adequada. Lembrando que o equipamento sofre uma tensão quando o fluido começa a
escoar dentro dele. Usam-se os fatores de Bruscato (X) e Watanabe (J) para controle
de composição química e teores de elementos nocivos.
Para metal de base usa-se o fator de Watanabe (J). Para o metal de solda usa-se o
fator de Bruscato (X). Costuma-se induzir a precipitação desses elementos fragilizantes
pelo tratamento térmico de step-cooling (envelhecimento), e mede-se a perda de
tenacidade por ensaio Charpy.

Quando ocorre a fragilização ao revenido, o tamanho crítico de defeito que causa falha
do material reduz.

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O mecanismo de fragilização ao revenido leva tempo para ocorrer, normalmente alguns
anos. O API 934 ensina a calcular as curvas de pressurização. Um dos motivos para
construir essas curvas é a fragilização pelo hidrogênio, o qual permeia no material e
reduz a tenacidade. Quanto maio o teor de hidrogênio no material, menor o KI. O
hidrogênio migra para a ponta da trinca, impedindo que esta se propague
plasticamente. A curva de pressurização possui 2 regiões:

Uma região abaixo da temperatura crítica (MPT) onde evita-se o crescimento lento,
estável e subcrítico da trinca.

Uma curva associando pressão-temperatura para evitar a propagação instável e


rápida de uma trinca: esta curva é baseada na Mecânica da Fratura e assume que
uma “trinca de referência” e incluindo a tenacidade reduzida pelo hidrogênio KIC-H.

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Quando vai dar partida num catalisador, deve-se reagi-lo com enxofre para ativá-lo.
Porém, se eu sulfetar o catalisador a uma pressão e temperatura muito baixa, o
catalisador não é ativado, mas se a temperatura e pressão forem altas o catalisador é
degradado e o material do equipamento pode fragilizar.

Fragilização por Fase Sigma


Alteração metalúrgica de aços contendo ferrita e consiste em formação de fase sigma
(frágil) em temperaturas de 500 a 900 °C, com perda de tenacidade para T < 260 °C.
Materiais com fase ferrítica (seja delta ou alfa) podem sigmatizar. Aços susceptíveis
são: série 300 (forma-se sigma a partir de ferrita delta retida), série 400 (para teor de
cromo acima de 17%) e aços duplex (aços duplex são altamente susceptíveis à
sigmatização, haja vista seu alto teor de Mo e Cr). Elementos que aceleram a formação
de fase sigma são: cromo e molibdênio. Essa transformação requer tempo e
temperatura para ocorrer. Austenita em teoria poderia até formar fase sigma, mas sua
cinética é muito pouco favorável.

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Sensitização: envolve precipitação de carbonetos de cromo no contorno de grão,
empobrecendo o contorno de cromo em solução sólida, tornando a corrosão
intergranular mais propícia. Corrosão sob tensão por ácido politiônico pode ocorrer em
material sensitizado. A sensitização pode ser controlada reduzindo o teor de carbono.
Devo usar aço 304 ou 316 em uma aplicação em alta temperatura por longos
períodos? A altas temperaturas pode haver sigmatização e o 316, por ter mais
molibdênio, corre mais risco de sigmatizar. Por isso nesse caso seria melhor usar o
304, além de ser mais barato ele tem menos Mo e menso propenso a sigmatizar.
Cuidado com os sufixos H (high carbon) e L (low carbon) ao final da série do aço. Um
tratamento de estabilização (ex.: 347) pode resolver a questão de sensitização.
Deve haver ferrita delta na soldagem de aço austenítico para evitar trinca a quente,
porque a ferrita delta solubiliza o enxofre e evita a formação de sulfeto de ferro.

Mecanismos associados: fragilização a 475 °C → formação de fases intermetálicas →


forma fase alfa linha (α′ ).

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Lembrando que: correntes parasitas podem ser feitas em austeníticos e ferríticos.
Partícula magnética, no entanto, não pode ser feita em austeníticos.

Formação de fase sigma pode ser identificada por LP (o penetrante penetra nas trincas
formadas com o surgimento da fase sigma), correntes parasitas e metalografia.

Fragilização a 475 °C
Alteração metalúrgica em que a ferrita forma fase intermetálica frágil - com elevado teor
de Cr - com perda de tenacidade e aumento de dureza. Ocorre entre 316 e 540 °C.
Materiais mais afetados são: série 400, duplex e 300 forjado ou fundido. Unidades
afetadas: UFCC, HDT, HDS. Como evitar? Fazer tratamento térmico adequado, evitar a
faixa de temperatura da fragilização a 475 ou passar por ela muito rapidamente. Em
soldas dissimilares, pode haver formação de martensita devido à diluição entre o
material ferrítico e martensítico.
Para controlar o teor de ferrita no aço, usa-se um aparelho chamado ferritoscópio, que
mede o campo magnético no material. Quanto mais ferrita houver, mas magnético o
material é.

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Sensitização
Ocorre quando precipitam, em aços inox carbonetos de cromo no contorno de grão,
levando o teor de cromo abaixo de um valor mínimo. Resulta em menor resistência à
corrosão intergranular. 347 tem adição de Nb, enquanto que o aço 321 tem adição de
Ti. O 347 tem maior resistência à corrosão do que o 321. Esses aços são chamados de
estabilizados, e devem passar por um tratamento térmico em torno dos 1000 °C para
solubilizar todos os carbonetos, resfriar para 800 °C, onde os carbonetos de titânio e
nióbio precipitam antes dos de cromo.

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Como resolver/evitar a sensitização? R.: Usar aços L (low carbon), usar elementos de
liga que formam carbonetos melhor que o cromo e tratamento térmico de estabilização.
Como verificar se o aço está sensitizado? R.: Mediante ensaio eletroquímico que mede
o potencial do contorno de grão. A norma que regula o ensaio eletroquímico para
avaliação de sensitização é a A-262.
Mecanismos associados: CST (corrosão sob tensão).

Após um certo tempo em que o material está sensitizado, o cromo migra do contorno
de grão para o interior de grão novamente por efeito de difusão. Esse fenômeno se
chama desensitização.

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Carbonetação
Difusão do C para interior do material a altas temperaturas (tipicamente > 593 °C),
quando em contato com material carbonáceo ou atmosfera carbonetante. O resultado é
uma superfície rica em carbono de alta dureza e com tensões compressivas. Os
materiais afetados são todos os ferrosos. Unidades mais afetadas: zona de combustão,
presença de coque (principalmente durante descoqueamento) e tubos de
reformadores.

Equilíbrio da carbonetação (reação de Boudouard):

2CO ⇌ CO2 + C

Quando o teor de oxigênio diminui, desloca-se o equilíbrio para a formação de carbono


(coque). No processo petroquímico, portanto, pode-se aumentar a pressão parcial de
oxigênio para evitar a carbonetação. Outra maneira de se evitar a carbonetação é

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aumentando a pressão parcial de H2 S , pois assim haverá sulfetação com formação de
camada de sulfeto que impede a entrada de carbono no aço. Também pode se
adicionar elementos desoxidantes para aumentar a resistência à carbonetação.
Quando a carbonetação não é realizada intencionalmente como tratamento
termoquímico é considerada prejudicial porque pode trincar o material (diminui
tenacidade), diminui a ductilidade à fluência e reduz a soldabilidade. Também aumenta
a probabilidade de ocorrer sensitização, pois mais carbono significa mais formação de
carboneto de cromo. Fenômeno do metal dusting pode ocorrer: grãos carbonetados
são arrancados e o material fica cheio de “cavidades”.

Reação do formo de reforma: tem a intenção de gerar H2 a partir de metano ou nafta.


Caso haja baixa razão vapor d’água/metano, forma-se carbono (coque):

H2 O + CH4 → CO + 2H2

CO + H2 → C + H2 O

2CO → C + CO2

Descarbonetação
Perda de carbono e carbeto da matriz do aço, quando exposto a uma atmosfera em
temperaturas elevadas. Materiais afetados: aços carbono e aços baixa liga. Atmosfera
gasosa rica em O2 pode descarbonetar com formação de CO/CO2. Caso a atmosfera
seja rica em H2, pode haver HTHA (ataque por hidrogênio a altas temperaturas) com
formação de gás metano no interior do aço. Existe a possibilidade de haver formação
de CH4 por hidrogênio somente no interior do material e não na superfície (não se sabe
o porquê). A descarbonetação pode ser identificada por metalografia de campo e
dureza.

Fluência
09/03/2023

Interdifusão intergranular com geração de vazios/trincas em temperaturas altas.


Normalmente ocorre a tensões abaixo do escoamento e carga constante. Todos os

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materiais são afetados. O tamanho de grão afeta a resistência à fluência de diferentes
maneiras, dependendo do mecanismo que rege a fluência:
-Se o fator que rege a fluência é difusão (altas temperaturas e baixas tensões, comuns
no refino) - tamanhos de grão grande aumentam a resistência à fluência - tem menos
contorno de grão para caminho de difusão de alta velocidade.

-Se o fator que rege a fluência é a tensão (baixas temperaturas e altas tensões) -
tamanhos de grão grandes reduzem a resistência à fluência - tem menos contorno de
grão pra bloquear a movimentação das discordâncias.

Mais comum em temperaturas homólogas Th > 0,3 sendo as temperaturas usadas no


cálculo em kelvin.
As normas normalmente não consideram tensões secundárias para cálculo do tempo
de vida sob fluência.
Como detectar? R.: visual, ultrassom, dimensional, líquido penetrante (pega trincas que
crescem pelo mecanismo de fluência). Morfologia do dano: microvazios alinhados ou
não,
Trincas de reaquecimento: reduzem a resistência à fluência e não estão associadas ao
coalescimento de trincas. Estão associadas às tensões residuais de soldagem; quando
a solda é reaquecida, como o contorno é rico em impurezas, este expande e contrai em
intensidade diferente da do centro do grão.
Sobreaquecimento não pode ser confundido com fluência. Quando ocorre
sobreaquecimento, o escoamento diminui e a tensão atuante no material supera o
limite de escoamento para aquela temperatura - ocorre colapso plástico!
Estágios de fluência
Estágio I (fluência primária): encruamento > fluência
Estágio II (fluência secundária): taxa mínima de fluência (consome maior tempo de todo
o processo de fluência)
Estágio III (fluência terciária): ocorre coalescimento de trincas. O material falha
segundo a curva A (ocorre redução da área por coalescimento de trincas). Por outro
lado, caso seja considerado que não houve redução de área - considera-se a curva B
(tracejado).

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Altas temperaturas tendem a comprimir o estágio de fluência primária por mecanismos
de recuperação.

Para fluência regida por tensão (movimentação de discordâncias), ocorrem trincas


transgranulares. Já quando a fluência é regida por difusão, ocorrem trincas
intergranulares.
O progresso da fluência é determinado, em tubulações, pela medição do perímetro de
círculo/elipse do tubo.
Mecanismos de fluência:

-Escalagem de discordâncias que ocorre mediante difusão de átomos e lacunas


-Escorregamento de contorno de grão - vértices do grão concentram tensões → abrem
e propagam trinca.
Como aumentar a resistência tanto para o mecanismo de tensão quanto pelo de
difusão? R.: faço endurecimento por solução sólida ou endurecimento por precipitação
fina - ambos dificultam a difusão e a movimentação de discordâncias.

Coble e Nabarro-Herring - mecanismos de fluência.


Temperatura equicoesiva (TEC):

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Se T < TEC: predomina fratura transgranular e fluência por tensão.

Se T > TEC: predomina fratura intergranular e fluência por difusão.

Acima de determinada temperatura no ASME II-D os valores de tensão admissível


estão em itálico - indicam que o projeto é para fluência.
Como evitar a fluência?

Uso de materiais com alta temperatura de fusão (baixa Th em serviço)

Solução sólida

Precipitação

Controle de tamanho de grão (maior ou menor? R.: depende da aplicação!)

Não ultrapassar os limites de temperatura e pressão de projeto.

Um aumento de 15% na tensão ou temperatura pode acarretar 50% do tempo de vida


do equipamento.
Mede-se a temperatura usando-se termografia para verificar pontos de
sobreaquecimento.

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Estudo de caso: RECAP
ESTUDO DE CASO 2:
Serpentinas do forno L-2313 da U-2312 (HDT) da Recap vem operando à temperatura
de ~ 490°C, acima da temperatura de projeto (430°C).
As avaliações foram feitas com base no API 530:2007 (Calculation of Heatertube
Thickness in Petroleum Refineries). Na Tabela abaixo estão mostradas as
informações de projeto e de operação das serpentinas do forno:

Quando a espessura do tubo fica abaixo do valor de espessura estrutural, o que rege a
falha do equipamento é o colapso plástico e não a fluência.

O que causou a falha? Houve picos de temperatura em transientes de partida (T > 1100
°C), o que solubilizou os carbonetos de nióbio e reduziu a resistência à fluência do
material.
API 530 → Tem as curvas do material de resistência à fadiga.

Fadiga
Carregamento cíclico que resulta na nucleação de uma trinca, depois ocorre o estágio
de propagação de trinca, e por fim a ruptura. A soma das tensões primárias e
secundárias (ainda que as secundárias não sejam cíclicas) resultam em maior tensão
média, o que é pior para a fadiga. Para que ocorra fadiga térmica (tensões

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secundárias) deve haver um delta de temperatura mínimo, normalmente acima de 93
°C). Todos os materiais são afetados. Caso o material esteja operando em um
carregamento abaixo do seu limite de resistência à fadiga, assume-se que ele tem um
tempo de vida infinito.

Morfologia: costuma ocorrer em concentradores de tensões, normalmente na


superfície. Sua morfologia típica é formada por marcas de praia, estrias, trincas
transgranulares. Cada ciclo de fadiga gera uma estria. Ou seja, se o contar o número
de estrias, eu conto o número mínimo de ciclos que o material sofreu. Marcas de praia
indicam interrupções ou intensificações do carregamento. Ou seja, cada alteração
abrupta do carregamento (como uma parada de produção) gera uma marca de praia.
As marcas de praia podem ser visualizadas a olho nu. As estrias, por outro lado, só
podem ser vistas por microscópio eletrônico.

Fadiga baixo ciclo: alta tensão e baixo número de ciclos até a falha. Sua morfologia
é caracterizada por marcas de catraca.

Fadiga de alto ciclo: baixa tensão e alto número de ciclos até a falha.

A trinca normalmente nucleia em materiais resistentes e se propaga em materiais


frágeis. O ideal, portanto, é ter materiais de alta tenacidade e alta resistência para
resistir bem à fadiga. Outra maneira de se aumentar a resistência à fadiga é fazendo
um bom acabamento/polimento na superfície do material, reduzindo assim
concentradores de tensão.
Mecanismos associados: termoclase, corrosão-fadiga.
Tensão térmica:

σ = αEΔT

Sempre que eu aquecer o material vou gerar tensão térmica? Não, somente caso o
material tenha alguma restrição à sua expansão. Caso o material esteja livre, sua
expansão vai ser acomodada.
Se eu alivio, digamos, 80% das tensões residuais do material, eu aliviei o equivalente a
80% da tensão de escoamento do material. O máximo de tensão que posso aliviar é a
tensão de escoamento do material.
O range (ou amplitude) de tensão é a tensão máxima menos a mínima do
carregamento cíclico. A tensão média é a máxima mais a mínima divido por 2. A

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tensão alternada é a tensão máxima menos a mínima divido por 2. Um ciclo só de
tensão compressiva pode causar fadiga? R.: Não, pois tensão compressiva não
abre nem propaga a trinca, ela fecha a trinca.

Para uma mesma tensão alternada e mesmo material, o material com maior tensão
média falha primeiro.
Como prever a fadiga?

Curva S-N (curva de Wöhler)

Como obter a tensão alternada equivalente? Basta usar semelhança para se obter a
tensão totalmente alternada Sa (com carga média zero) equivalente pelo método
Goodman.

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A curva S-N deve ser usada para equipamentos novos, ou seja, isentos de defeitos ou
com defeitos insignificantes. Assim, pode-se estimar a vida do equipamento sujeito à
fadiga. Caso haja trincas presentes, deve-se usar mecânica da fratura para estimar a
da
vida restante, usa-se a lei de Paris: dn = CΔK n .
Mecanismo de fadiga: caso haja um entalhe ou concentrador de tensão, a tensão
naquele ponto é maior. Mesmo que eu tenha uma tensão menor que o limite de
escoamento, posso ter fadiga. Uma microdeformação do sistema de deslizamento
causada pelo carregamento cíclico faz com seja formada uma intrusão ou extrusão no
material, causando maior concentração de tensões ainda. Aí nucleia a trinca.
Caso o estágio de nucleação da trinca consuma mais tempo que o de propagação,
materiais mais resistentes duram mais tempo quando solicitados por fadiga.
No estágio I da fadiga, a trinca se propaga a 45 graus da direção da tensão aplicada,
mas no estágio II a trinca se propaga a 90 graus da direção de carregamento.

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Soldas de metais dissimilares com diferentes coeficientes de dilatação apresentam
tensões residuais, pois um metal dilata mais que o outro. Essa tensão secundária,
somada à geometria diferente da solda - concentrador de solda - pode nuclear trinca.
Por isso, em inspeção de materiais soldados, deve-se dar preferência a inspecionar
solda em vez do metal de base, pois aquela é mais propensa a trincar.

Em um vaso de pressão, a maior tensão é a circunferencial, que é o dobro da


longitudinal. Por isso, deve-se priorizar o costado para fazer END, além de regiões
como bocais e fronteira entre o costado e o tampo.
Outra maneira de melhorar a vida à fadiga é impor tensões compressivas na superfície
do metal mediante shot peening (bombardear com granalha de aço). Por outro lado, ao
criar tensões compressivas na superfície, tensões trativas são criadas abaixo da
superfície (é preciso manter o equilíbrio!). Se houver algum defeito abaixo da
superfície, essa tensão trativa abre e propaga uma trinca.
Marcas de catraca: é uma morfologia resultado da propagação de múltiplas trincas de
fadiga.
Trincas propagas por fadiga mecânicas costumam ser fechadas e agudas, enquanto
que trincas por fadiga térmica costumam ser mais largas e abertas.

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08/03/2023
Equipamentos estáticos, apesar de serem estáticos, vibram e têm uma frequência.
Para eu passar do domínio da frequência para o da frequência e vice-versa usa-se
transformada de Fourier.
A norma usada para análise de vibrações é o Guideline do Energy Instituet.
A trinca acumula dano conforme o equipamento trinca. Há uma fase inicial de
nucleação e depois propagação, até essa trinca se tornar passante, causando perde de
contenção primária com vazamento de fluido.
Critério para determinação de tensão admissível para análise de fadiga.
Limite de resistência à fadiga = endurance limit. O limite de resistência à fadiga é o
valor de tensão abaixo do qual o material tem tempo de vida “infinita”. No caso da
plataforma, por causa das ondas do oceano, há uma frequência de vibração de 1 Hz, o
que dá 3,15 * 10^7 ciclos por ano (é muita coisa!).

Curvas S-N: são muito usadas as criadas para usina nuclear. Normalmente os gráficos
da curva S-N vão até 10^8 ciclos. Acima disso, se eu quiser chegar a 10^11 ciclos, por
exemplo, o ensaio que cria curva S-N deve usar corpo vibrando por ressonância em
vez de usar um motor girando (com motor girando o máximo que consigo chegar é 1
Hz de frequência).
Quando a frequência sobe, a energia cinética cai logaritmicamente. Uma tubulação
tende a vibrar na sua frequência natural. Essa vibração natural SEMPRE vai existir.
Maneiras de evitar que o material vibre muito é usar suportes que restrinjam o
movimento da tubulação e evitar vãos livres.
Quebras de pressão - devido a válvulas de controle ou placa de orifício - pode causar.
Altas frequências causam vibração de frasca, a qual normalmente não é problemática,
mas em derivações pode ser. Essa vibração por quebra de pressão tende a se atenuar
conforme se fasta da derivação. Golpe de aríete pode ser causado por fechamento
abrupto/rápido de uma válvula, levando à fadiga,
Outros mecanismos de dano:

Cavitação.

Flashing: ocorre quando o líquido forma vapor devido à queda de pressão - caindo
abaixo da pressão de vapor líquido -, levando à vibração da tubulação.

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A cavitação ocorre quando a pressão do fluido em um ponto do sistema cai abaixo da
pressão de vapor do líquido, o que faz com que o líquido se evapore rapidamente,
criando bolhas de vapor que se deslocam com o fluido. Quando essas bolhas de vapor
colapsam, elas criam áreas de alta pressão e ondas de choque que podem danificar as
superfícies do equipamento. A cavitação pode ser causada por obstruções no sistema,
desgaste do equipamento ou fluxo turbulento.

Já o flashing ocorre quando um líquido é submetido a uma redução brusca de pressão,


fazendo com que o líquido se vaporize instantaneamente. Isso pode acontecer, por
exemplo, quando um fluido de alta pressão é liberado através de uma válvula de alívio.
O vapor produzido pelo flashing pode causar problemas semelhantes à cavitação,
como danificar as superfícies do equipamento.
Em resumo, a cavitação ocorre devido a uma queda de pressão localizada no fluido,
enquanto o flashing ocorre devido a uma queda de pressão geral no sistema.

Fluxo turbulento e, portanto, vibração, é causado por variações de direção como


curvas. A solução pode ser enrijecer a tubulação. O programa Ceasar ajuda a fazer
essa análise de flexibilidade da tubulação. Isso é feito mediante análise do suporte das
tubulações tronco.
Na separação primária da plataforma, as linhas que chegam aos vasos TO e VTO
carregam um fluxo bifásico vibrando. Quando se obtém o espectro com medição de
vibração pode-se fazer o diagnóstico do problema. Esses gráficos possuem linhas (azul
e vermelha) que indicam critério de aceitação e não podem ser ultrapassadas.
Equação geral da dinâmica de sólidos (equação diferencial):

M Ẍ + C Ẋ + KX = f(t)

A massa, aceleração, amortecimento, velocidade, rigidez e deslocamento são levados


em consideração para calcular a força atuante numa tubulação.
Sistema massa + mola + amortecedor = sistema mais geral.

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Isso é feito em análise modal. Nesse problema de autovalores e autovetores, prevê-se
a contribuição de cada modo de vibração em uma combinação linear (usa-se o
princípio da superposição linear).
frequência natural:

K
fn =
m
A frequência é diretamente proporcional à rigidez e inversamente proporcional à
massa.
Ponte de Itacoma = o vento balançava a ponte na mesma frequência natural da ponte,
colocando-a em ressonância. Frequência de ressonância resulta em grande vibração,
resultando em deslocamento máximo.

Suporte carona aumenta a rigidez de modo muito superior ao aumento de massa,


enrijecendo o tubo.

Mecanismos de Deterioração 23
VIV = Vibração induzida por vórtice.

Abordagem:

Reativa (soluciono o problema que já existe);

Proativa (o histórico de operação do sistema é revisto).

Objetivo do survey e walkdown (durante inspeção de tubulações): rapidamente delinear


regiões críticas e de maneira qualitativa. Não é feita medição com aparelhos, apenas
se observa e se sente a vibração dos tubos (usando uma luva fina pode-se sentir o
material vibrando com a sensação de um choque). Assim que se detecta uma vibração
por esses meios, aí sim usa-se o aparelho de medição. Até 20 Hz mais ou menos o
olho humano consegue enxergar a vibração.
RTI = recomendação técnica de inspeção.
Gráfico de critério de análise de tubos. No eixo vertical está o nível de vibração ou
velocidade RMS → obtida somando-se e elevando ao quadrado todos as velocidades e
tirando raiz quadrada. A vantagem de usar velocidade em vez de deslocamento é que
com velocidade remove-se a dependência geométrica de uma barra com a vibração
(porque barra muito longa vai vibrar mais que uma barra muito curta na ponta). Deve-
se ter cuidado para que a linha fique, preferencialmente, na região do aceitável. Acima
de 300 Hz de frequência, deve-se procurar o conselho de um especialista.

Mecanismos de Deterioração 24
Vibração com grande amplitude resulta em grande deslocamento, o que, por sua vez,
resulta em grandes tensões (lembrar da lei de Hooke), o que leva à fadiga e falha do
material (por isso que a frequência natural é perigosa, pois nela a amplitude e a tensão
são máximas). Caso a frequência seja muito alta (além da natural), tem-se uma
vibração com deslocamento pequeno; diz-se que a vibração nesse caso é regida por
inércia.
Um berço de andaime é uma boa maneira de enrijecer uma tubulação.

Não usar dreno suportado no piso!


SBC → small board connection
A frequência natural de um equipamento pode ser determinada experimentalmente
com um acelerômetro utilizando um martelo ou marreta.
Risers usam strakes para evitar vibração.

Termopoço permite a instalação de termopar sem que este fique em contato com o
fluido e a operação seja interrompida.
Sintonização → processo de alteração da frequência natural por meio de ajustes de
rigidez e de massa - pode-se colocar massas sobre a tomada da linha - para se fugir
das frequências de excitação.
Pulsação: geração de ondas de pressão longitudinais que viajam na velocidade do
som. Cria-se um gráfico de pressão dinâmica versus frequência. Inclusive os gases

Mecanismos de Deterioração 25
possuem frequência natural. Quando a excitação ocorre na mesma frequência da
frequência natural, ocorre ressonância acústica (diferente da ressonância mecânica
falada anteriormente!).

Um mesmo objeto de mesma rigidez e massa pode ter mais de uma frequência natural.
Isso ocorre porque a frequência natural de um objeto depende não apenas da sua
massa e rigidez, mas também da sua geometria e condições de contorno.
Por exemplo, um objeto em forma de viga pode ter duas frequências naturais
diferentes: uma frequência natural de flexão, que ocorre quando a viga se deforma em
sua direção mais flexível, e uma frequência natural de torção, que ocorre quando a viga
se deforma em sua direção mais rígida.
Número de Strouhal (St): número adimensional usado para descrever a interação entre
um objeto e um fluxo de fluido. É útil na descrição de fenômenos de vórtice, como o
desprendimento de vórtices atrás de um objeto que se move através de um fluido.

St = f VL
Sendo:

f a frequência de objeto em Hz;

L é o comprimento característico do objeto em m;

V é a velocidade do fluido em m/s

Análise de risco: faço uma conta pra saber o produto de velocidade ao quadrado pela
densidade (ρv2 ). Se esse valor for alto, o risco é alto, caso seja baixo, o risco é
pequeno. Existem outros critérios para fazer análise de risco, como queda de pressão
etc.
A análise pode ser qualitativa ou quantitativa. A quantitativa usa uma escala numérica
que vai de 0 a ≥1. Sendo maior o risco quanto mais próximo de 1,0. A norma da Energy
ensina como fazer os cálculos para se chegar nessa escala.
Marcus Vinicius de Almeida Marinho - contato referência da Petrobras para análise
quantitativa de risco de tubulações.

Mecanismos de Deterioração 26
09/03/2023

Fratura Frágil
Fratura frágil na verdade não é um mecanismo de deterioração, é apenas um modo de
falha. No entanto, a API 571 a considera um mecanismo de dano. Caracteriza-se por
pouca ou nenhuma deformação plástica. Dá para encaixar uma parte da peça na outra
após falha frágil.

Mecanismos de Deterioração 27
Fratura dúctil → morfologia de dimples (vazios/cavidades causados por arrancamento
de material).
Fratura frágil → morfologia reta com fratura por clivagem.
Materiais mais afetados: ferríticos/CCC, possuem transição dúctil-frágil.
Fatores que facilitam a fratura frágil:

Grandes espessuras (estado plano de deformação/triaxialidade)

Concentradores de tensão

Baixas temperaturas

Grãos grosseiros

Altas velocidades de carregamento

Como evitar?

Aciaria → adição de elementos desoxidantes que acalmam o aço

Evitar tensões residuais de soldagem mediante TTAT (tratamento térmico de alívio


de tensões)

Mecanismos de Deterioração 28
Inspeção: LP e visual (o comum é só fazer o visual mesmo).
Mecanismos de deterioração associados à fratura frágil: fragilização ao revenido, ao
475 e por fase sigma.
A falha pode ser transgranular ou intergranular.

Transição dúctil-frágil: determinada para a temperatura em que há 50% de fratura dúctil


ou a temperatura em que um valor arbitrário de energia (normalmente 27 J) é absorvido
pelo corpo de prova.
Marcas de sargento → formam-se em fratura frágil, apontam em direção ao ponto de
iniciação da trinca.

Sobreaquecimento
Redução do limite de escoamento devido a altas temperaturas. Normalmente ocorre
sob altas deformações, mas existem casos em que o sobreaquecimento causa baixa
deformação, pois o aumento de temperatura é tão rápido que a taxa de carregamento é
alta → o material falha sem ter chance de acomodar a deformação.
Pode haver, em alguns aços, um aumento do limite de escoamento em temperaturas
intermediárias devido à precipitação de carbonetos.

Diferença entre sobreaquecimento e fluência:

Fluência → tensões abaixo do limite de escoamento para a temperatura de


operação.

Sobreaquecimento → tensões acima do limite de escoamento para a temperatura


de operação.

Mais comum em serpentinas de fornos.


Morfologia: ruptura com falhas abertas perpendiculares à direção de maior tensão.
Ocorre com afinamento da superfície.
O que pode causar sobreaquecimento?

Incidência de chama

Mecanismos de Deterioração 29
Redução ou perda de vazão do fluido (o fluido não está mais roubando calor do
tubo, sobreaquecendo-o)

Formação de algum depósito (coque, óxido) que é isolante → aumenta a


temperatura.

Falha no refratário: se houver algum “furo” no refratário um tubo de aço carbono do


lado de fora e que era pra estar protegido pelo refratário irá sobreaquecer.

Quando, ao longo do tempo, a espessura diminui (afinamento, por exemplo, devido


à corrosão), o que aumenta a tensão.

Erosão/Corrosão-Erosão
Corrosão
Perda de espessura por choque mecânico ou atrito. Normalmente causada pelo
choque de partículas sólidas carreadas por um líquido (fluxo bifásico) contra o metal de
uma tubulação. No entanto, líquidos (sem sólido) a alta velocidade também podem
causar erosão.
Os furos ocorrem, preferencialmente, nas curvas das tubulações.
Como evitar? Projeto e seleção de material.
Inspeção e monitoração: IV (inspeção visual), US (ultrassom).
Falando somente de erosão, uma maneira pra aumentar a resistência contra erosão é
usar um revestimento de alta dureza. Por outro lado, se a partícula cai a 90 graus em
relação ao tubo, vai haver impacto da partícula sólida com o substrato metálico do tubo
e aí o que se deseja não é maior dureza e sim maior tenacidade!

Corrosão/Erosão
Erosão junto com corrosão. Há formação de óxido devido à corrosão, esse óxido é
frágil e é arrancado pelo fluido em movimento.
ESTUDO DE CASO:

Mecanismos de Deterioração 30
Caldeira com pH < 9,6. O óxido protetor de hematita se dissolve por troca de íons
(através da película de óxido, modelo de Wagner). FAC = Flow Accelerated Corrosion.

10/03/2023

Danos Causados pelo Hidrogênio em Meios Contendo


H2S
Ocorrem mecanismos de ataque por hidrogênio (trincamento induzido pelo hidrogênio
(HIC), empolamento, trincamento pelo hidrogênio orientado por tensão (SOHIC) e
trincamento sob tensão por sulfeto (SCC)). Requer dissociação do H2S para formação
de H iônico e penetração deste no material → precisa de um eletrólito forte, meio
aquoso!
Materiais afetados são aços carbono e aços baixa liga.
Unidades afetadas: CRU, FCC, UTA, HDT, HDS, HCC, etc.

Inspeção: US (ultrassom). PM (partícula magnética) também é muito usada.


Prevenção/minimização: aciaria (qualidade do material), processo de soldagem e TTAT,
mudança de meio (evitar água, teor de H2S), barreiras (ex.: uso de revestimento,
pintura, lining etc).

Trincamento induzido pelo Hidrogênio (HIC)


O hidrogênio que penetra no material é aquele capaz de difundir no aço e outros
metais: hidrogênio atômico, não é hidrogênio molecular nem iônico! Para a formação
desse tipo de hidrogênio, o H2S se dissocia formando H+ (hidrogênio iônico) e recebe
elétrons da reação anódica do ferro.

Dano por hidrogênio é causado não apenas por H2S, mas também, por exemplo, pelo
HF.
O petróleo não contém originalmente H2S, ele tem compostos sulfurados, como
mercaptans, que somente depois do HDT viram H2S.
Mecanismo HIC: hidrogênio atômico difunde para dentro do aço e se acumula em uma
inclusão. Hs atômicos se combinam formando hidrogênio molecular (gás H2), que
trinca o material. É possível que trincas próximas se aproximem e interajam, formando
o fenômeno do step wise cracking.

Mecanismos de Deterioração 31
Teste HIC (norma da NACE) → avalia se o aço é resistente ao ataque pelo hidrogênio.
Hidrogênio em altas temperaturas → maior solubilidade do H2 no metal. Quando
resfria, o Hidrogênio está acima do limite de solubilidade e fica preso no material.
Trinca a frio → hidrogênio que entra durante a soldagem.
Aços mais limpos - baixo enxofre e, consequentemente, menor teor de sulfetos - têm
maior resistência ao dano pelo H2.
É melhor, no processo, controlar o pH entre 7 e 8 porque embora nessa região o HS-
esteja estável e ocorra dissociação do H2S, nessa faixa de pH a camada passivadora
do aço está mais estável e impede a penetração do hidrogênio (ver Diagrama de
Pourbaix).

M → M 2+ + 2e−
H + + e− → H 0

Sulfetos, cianetos, As e Sb retardam a passagem de hidrogênio atômico para H2.

Mecanismos de Deterioração 32
Uma unidade muito crítica para dano por hidrogênio é a de FCC. Nela há formação de
cianetos, que além de retardar a reação de formação de H2 molecular (mantém o H na
forma atômica, é maléfico nesse sentido pq aí o H difunde pra dentro do metal), forma
ferricianeto de ferro (azul da Prússia) e aumenta a permeação do H por filme de sulfeto
(o filme de passivação torna-se instável). Como evitar isso? Adiciona-se polissulfeto de
amônio, que ajuda a formar tiocianato (SCN-), que não é danoso.
Os cianetos formam-se no FCC, pela reação de nitrogenados com CO. A presença de
catalisador inclusive acelera essa reação.
Aço austenítico é imune ao dano pelo hidrogênio, porque o H tem maior solubilidade no
austenita e menor difusibilidade (ele permeia menos).
Armadilhas reversíveis para H: discordâncias, contornos de grão, átomos
substitucionais.
Armadilhas irreversíveis para H: interface entre matriz e partículas de sulfetos.
Pra evitar o dano por hidrogênio o tratamento térmico é pouco efetivo.
Trinca pata de cavalo ou ferradura: é um tipo de morfologia em dano por H.
Unidade de águas ácidas → na verdade é uma água alcalina contendo amônia, etc.
Uso de barreiras como clading de inox austenítico protegem contra ataque por
hidrogênio.

Mecanismos de Deterioração 33
Trincamento sob Tensão por Sulfeto (SSC)
Mesmo mecanismo do HIC, a diferença é que o hidrogênio se acumula na ponta de um
entalhe/trinca, impedindo que ela se deforme plasticamente. Como se resolve? R.:
TTAT. Para se evitar o TTAT, uma alternativa é controlar a dureza (HB < 200), pois alta
dureza facilita esse dano. Se a dureza medida for baixa, dispensa-se o TTAT.
Microestruturas frágeis, como a martensita, favorecem o SSC. Há tensões residuais,
não há tensão aplicada. Ocorre a temperaturas menores que o HIC e o SOHIC.

Em normas: RP = recommended practice.

Trincamento pelo hidrogênio orientado pela tensão (SOHIC)


Para haver SOHIC, deve haver uma trinca induzida pelo hidrogênio (HIC), ou seja,
forma-se uma trinca em inclusão que se propaga orientando-se pela tensão presente
(pode ser uma tensão residual de soldagem ou externa aplicada).
Como prevenir: os mesmos do HIC.

Resumo rápido/simplificado
HIC +
SSC SOHIC
empolamento

Na junta soldada, ZTA, há


O H atômico está em pequena
H2 molecular armadilhas (ex.: inclusões) que
quantidade, e ataca preferencialmente
descola a matriz capturam H atômico que se
fases frágeis (ex.: grãos grosseiros →
da inclusão, o acumula e forma H2 molecular,
deslocam curva TTT pra direita →
que gera uma descolando a inclusão (até aí é
forma martensita), acumulando trincas
trinca. Pode igual ao HIC), e depois a trinca se
preexistentes, impedindo a deformação
haver step wise propaga na direção da tensão
plástica da trinca. O TTAT e controle de
cracking (tensão residual de soldagem ou
dureza ajudam a prevenir.
tensão aplicada).

Trinca a frio: hidrogênio da atmosfera ou do consumível de soldagem entra no aço,


acumulando-se em concentradores de tensão e, depois de ~48 horas forma uma trinca
que se propaga.

Mecanismos de Deterioração 34
Ataque pelo Hidrogênio em Altas
Temperaturas (HTHA)
Formação de metano a partir da reação dos carbonetos de cementita com hidrogênio.
O gás hidrogênio H2, a altas temperaturas, se dissocia em hidrogênio atômico. O
metano produz microfissuras e trincas no material. Resulta em perda de
resistência/dureza E de tenacidade. Como evitar? R.: Adição de elementos de liga bons
formadores de carbonetos (mais estáveis que o Fe3C), como cromo. Como detectar:
R.: US, metalografia. Unidades afetadas: HDT, HDS, HCC.
Ataque pelo hidrogênio em altas temperaturas → é um tipo de oxidação direta/corrosão
em altas temperaturas, ou seja, não requer eletrólito.
Ataque por hidrogênio em meio aquoso → é corrosão eletrolítica, requer eletrólito.

O ataque pelo hidrogênio em altas temperaturas (HTHA) ocorre em 4 estágios:

Período de incubação, em que as alterações nas propriedades mecânicas são


muito lentas e indetectáveis.

Estágio em que os danos são detectados por END, mas mudanças de


propriedades não são capturados por ensaios mecânicos.

Estágio de rápida deterioração de propriedades mecânicas associada ao


crescimento das fissuras.

Estágio final, em que o carbono em solução sólida é exaurido e suas propriedades


mecânicas atingem seus valores finais.

A cinética da evolução do HTHA ainda é pouco compreendida.


A depender da pureza do material, não necessariamente a descarbonetação ocorre na
superfície; ela pode se manifestar no meio do material.
Curvas de Nelson: curvas empíricas que determinam as faixas de temperatura e
pressão parcial de H2 em que, para cada tipo de material, ocorre HTHA. Para um
material estar seguro ele deve, para um determinado par pressão e temperatura o
ponto (P,T) deve estar abaixo da curva de Nelson para um material específico.

Mecanismos de Deterioração 35
É comum, para o cálculo da pressão parcial de hidrogênio, somar a pressão do H2 com
a do H2S, pois este também fornece hidrogênio.

Na década de 1990, a API 571 retirou a curva de aço-carbono-molibdênio. Portanto,


caso seja feita uma análise desse material para HTHA, considera-se a curva para aço
carbono.
Existem curvas de Nelson que indicam a temperatura e pressão para a qual levam “x
horas” para o material começar a sofrer dano.

Mecanismos de Deterioração 36
Como evitar?
R.: usar materiais não susceptíveis, como aço inox austenítico, ligas com no mínimo
5% de cromo. Usar ligas com Cr e Mo para aumentar a estabilidade dos carbetos. Uso
de clads de série 300. Aços série 400 também protegem do HTHA, mas menos que os
da série 300.
API 571 → tem uma figura que indica quais mecanismos de dano são mais prováveis
de ocorrer em uma determinada unidade.
Ácido politiônico → forma-se na parada de operação devido à reação entre composto
de enxofre e água.
DIFERENÇA ENTRE CST e ATAQUE PELO HIDROGÊNIO
Corrosão sob tensão → há dissolução anódica na ponta da trinca
Ataque por hidrogênio em SSC: → há acúmulo de hidrogênio na ponta da trinca sem
presença de dissolução anódica na ponta.

Mecanismos de Deterioração 37

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