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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distancia

GOVERNAÇÃO DESCENTRALIZADA & PODER LOCAL EM MOÇAMBIQUE, a sua


coordenação e articulação dos (Órgãos de Representação de Estado Provincial, Conselho
Executivo Provincial e as Autarquias Locais)

Lucildina Jaime Namalué


Código: 708212656

Curso: Licenciatura em Administração Pública


Disciplina: Teoria Geral de Administração Pública
Ano de frequência: I
Tutor:

Cuamba, Janeiro, 2022


Classificação

Categorias Indicadores Padrões


Pontuaçã Nota do Subtotal
o máxima Tutor
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura organizacio  Discussão 0.5
nais  Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização (Indicação 2.0
clara do problema)
Introdução  Descrição dos objectivos 1.0
 Metodologia adequada ao 2.0
objecto do trabalho
 Articulação e domínio do
discurso académico (expressão
3.0
escrita cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
Conteúdo discussão  Revisão bibliográfica nacional 2.0
e internacional relevante na
área de Estudo
 Exploração dos dados 2.5
Conclusão  Contributos teóricos práticos 2.0
Aspectos  Paginação, tipo e tamanho de
letra, paragrafo, espaçamento
gerais Formatação 1.0
entre linhas
Normas
APA 6ª  Rigor e coerência das
Referências 2.0
edição em citações/referências
Bibliográfic
citações e bibliográficas
as
bibliografia
Índice
1.0. Introdução .................................................................................................................. 4

2.0. GOVERNAÇÃO DESCENTRALIZADA & PODER LOCAL EM


MOÇAMBIQUE, a sua coordenação e articulação dos (Órgãos de Representação de
Estado Provincial, Conselho Executivo Provincial e as Autarquias Locais) ................ 5

2.1. Contextualização .................................................................................................... 5

2.2. Enquadramento Legal ............................................................................................ 6

2.3. Os seus Órgãos de Representação, competências e a sua Articulação e


coordenação dos Órgãos Executivos de Governação Descentralizada Provincial e as
Autarquias Locais ......................................................................................................... 7

2.3.1. Os Órgãos de Representação .............................................................................. 8

2.3.2. Articulação e Coordenação ................................................................................. 8

2.4. Criticas ................................................................................................................... 9

2.5. Desafios ............................................................................................................... 10

3.0. Conclusão ......................................................................................................... 11

4.0. Referencias Bibliográficas ............................................................................... 12


4

1.0. Introdução

O presente trabalho versa sobre GOVERNAÇÃO DESCENTRALIZADA & PODER


LOCAL EM MOÇAMBIQUE, a sua coordenação e articulação dos (Órgãos de
Representação de Estado Provincial, Conselho Executivo Provincial e as Autarquias
Locais), na disciplina de Teoria Geral de Administração Pública, do curso do 1º de
Licenciatura em Administração Publica, para fins avaliativo na Universidade Católica
de Moçambique, no programa de ensino a distância.

O trabalho tem como objectivo geral apresentar a abordagem Governação


Descentralizada & Poder Local Em Moçambique e específicos trazer a discussão
conceitual ou contextualização e descrever os seus Órgãos de Representação,
competências e a sua Articulação e coordenação dos Órgãos Executivos de Governação
Descentralizada Provincial e as Autarquias Locais.

Para a realização deste trabalho usou-se o método qualitativo que vai-se basear no
cruzamento e análise de documentos e obras que retractam e descrevem o assunto
patente no trabalho, neste sentido o presente trabalho de pesquisa apresenta a seguinte
estrutura temática:

Capa, folha de feedback, índice, introdução, desenvolvimento em que concerne os


aspectos ligado ao tema, conclusão e por fim a Bibliografia usada na elaboração do
presente trabalho.
5

2.0. GOVERNAÇÃO DESCENTRALIZADA & PODER LOCAL EM


MOÇAMBIQUE, a sua coordenação e articulação dos (Órgãos de Representação de
Estado Provincial, Conselho Executivo Provincial e as Autarquias Locais)

2.1. Contextualização
De acordo com CANHANGA (2009), “Descentralização é um processo
político-administração por meio do qual se transfere à órgãos territoriais do governo
parte ou totalidade da autoridade ou funções detidas pelo Estado”.

A descentralização é vista como a transferência ou delegação da autoridade


judicial ou política para efeitos de parlamento, tomada de decisão e gestão de
actividades públicas do governo central a suas agências, à organização no
terreno de tais agências, unidades subordinadas do governo, empresas publicas
semi-autonomas ou autoridades de desenvolvimento regional, governos
autónomos ou organizações não-governamentais.1

Não há dúvidas de que a institucionalização dos órgãos do poder de local, entendidos


“como órgãos de poder eleitos por locais, numa determinada circunscrição territorial na
qual as tarefas da administração publica não são desempenhadas pelo Estado, mas por
outras pessoa colectiva do direito publico diferente dele: a autarquia local”, CISTAC,
(2001:53-54), tinham como objectivo superar alguns conflitos a nível de base e alcançar
certa estabilidade institucional, que há muito vinha sendo corroída, dada a natureza do
regime colonial e aos imperativos do sistema instalado após a independência. Contudo,
o novo figurino da Administração pública moçambicano marcado pela coabitação entre
os OLE e os OPL, deixam ainda algum espaço para o surgimento de novos conflitos de
relações de poder entre estes órgãos.

Nesta ordem de ideias, MANOR (1998:3), define órgãos do poder local (Autarquia
local) como sendo uma forma de governo com autonomia patrimonial, financeira,
administrativa de modo a assegurar por si a concretização dos seus interesses, mas de
acordo com as leis estipuladas.

Igualmente, Cossa e Alves (1999:3), afirmam que os órgãos do poder local (autarquia
local), correspondem a uma forma de governo que atua com uma relativa independência
do poder do Estado central e com órgãos próprios que desenvolvem as suas actividades

1
FARIA, F., CHICHAVA, A., Descentralização e cooperação descentralizada em Moçambique. 1999.
6

a bem dos interesses das populações residentes na sua área de acção, mas se, prejudicar
os interesses de toda a Nação, nem a participação do Estado.

2.2. Enquadramento Legal

O processo de descentralização em Moçambique é remetido já aos tempos da luta


armada, dirigida pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) com a experiência
das zonas libertadas como ponto de referência. No período pós-independência, de forma
concomitante à opção pelo Estado unitário e pela orientação ideológica marxista-
leninista formalmente adoptada, houve experiências de descentralização, destacando-se
a criação das Assembleias Populares, a criação dos conselhos executivos das cidades e a
própria experiência de criação dos Governos Provinciais em 1978, e toda a estruturação
da divisão administrativa do Estado consagrada nas sucessivas constituições do país –
de 1975, 1990 e 2004 – que previa a existência dos Órgãos Locais do Estado (OLE).2

No entanto, à introdução da democracia multipartidária através da Constituição


de 1990 seguiram-se mudanças profundas na descentralização. Neste contexto, o maior
ponto de inflexão significativa do processo se deu em 1994, primeiro com a aprovação
da lei nº 3/94, referente aos distritos municipais ainda no legislativo monopartidário,
posteriormente revogada, e através da emenda constitucional de 1996 (lei nº 9/96, de 22
de Novembro), que introduziu os órgãos de poder local.

Esta alteração Constitucional criou bases para a aprovação da legislação das autarquias
locais, começando pela lei que aprova o quadro jurídico para a implantação destes
órgãos – a lei nº 2/97 de 18 de Fevereiro – seguindo-se uma série de instrumentos
legislativos e regulatórios que constituíram o chamado pacote autárquico. O pacote
autárquico original, aprovado em linha com a lei nº 2/97 foi seguido de ajustes ao longo
do percurso, com destaque para as transferências da prestação de alguns serviços do
Governo Central para os municípios, tais como o ensino primário, os cuidados
primários de saúde e o transporte urbano (aprovados pelo Decreto nº 33/2006 de 30 de
Agosto), modificações no quadro de descentralização fiscal – com a aprovação de uma
Lei que define o Regime Financeiro, Orçamental e Patrimonial das Autarquias Locais e
o Sistema Tributário Autárquico (lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro), substituindo o Código

2
MAEFP. Documento de base para o desenho do programa nacional de descentralização. Maputo 2019.
7

Tributário Autárquico que havia sido aprovado em 2000 (pelo Decreto n.º 52/2000, de
21 de Dezembro).

A transferência de competências aos municípios se revelou um exercício penoso e


inacabado, tendo poucos municípios de facto assumido as funções de educação e
cuidados de saúde primários e de transporte público. Dentre as razões para tal se
destaca-se o entendimento de falta de capacidade dos municípios, argumento nem
sempre aceite, mas rebatido e percebido como uma manifesta resistência por parte do
Governo em transferir as competências para as autarquias locais.3

Com a aprovação deste quadro legislativo o país passou a ter um sistema por alguns
chamado de híbrido e por outros de bifurcado, caracterizado por um pluralismo
administrativo que combinava ao mesmo tempo a descentralização política ou
devolução – representada pelas autarquias locais, e a desconcentração ou
descentralização administrativa – representada pelos Órgãos Locais do Estado (OLEs),
opção claramente apresentada pelo Governo através da Política e Estratégia e
Descentralização (PED).4

O processo de descentralização não tem sido linear e livre de desafios, o que faz do
mesmo um exercício constante de reconstrução e ajustamento à realidade que se vai
apresentando historicamente. Ao longo deste percurso, muitas questões foram surgindo,
dentre as quais os desafios de articulação entre o Governo Central e os governos locais
num contexto da democracia multipartidária introduzida com a Constituição de 1990, as
pressões do nível local por mais poder e as resistências do nível Central em partilhar
poder, as pressões dos cidadãos por mais poder de decisão a nível local, as limitações de
capacidade (incluindo recursos de vária ordem) dos governos locais para
desempenharem as suas competências.

2.3. Os seus Órgãos de Representação, competências e a sua Articulação e


coordenação dos Órgãos Executivos de Governação Descentralizada Provincial e
as Autarquias Locais

3
MAEFP. Documento de base para o desenho do programa nacional de descentralização. Maputo 2019.
4
Matos Fernandes, Tiago. “Descentralizar é fragmentar? Riscos do pluralismo administrativo para a
unidade do Estado em Moçambique”. Revista Crítica de Ciências Sociais, 77, Junho 2007, pp. 151-164.
8

2.3.1. Os Órgãos de Representação


Tendo-se verificado a necessidade de a administração do Estado dispor de um
representante do Estado, para que actue nas áreas exclusivas e de soberania do Estado.
O representante do Estado na província é o Secretário do Estado na província, que
superintende e supervisiona os serviços de representação do Estado na província. A
organização, o funcionamento e as competências dos órgãos de representação do Estado
na província, bem como o seu relacionamento com as entidades descentralizadas são
definidas pelo Governo.5

O Artigo 32 do BR. Lei 4/2019, de 31 de Maio, Os órgãos executivos de governação


descentralizada na província são:

a) O governador de Província;
b) O conselho Executivo Provincial.

2.3.2. Articulação e Coordenação


O Artigo 22 do BR. Lei 4/2019, de 31 de Maio, diz que, os órgãos de soberania e outras
instituições centrais do estado auscultam os órgãos executivos de governação
descentralizada provincial, relativamente as matérias da sua competência respeitantes à
província.

Os órgãos executivos de governação descentralizada provincial, articulam os seus


planos, programas, projectos e acções com as autarquias locais compreendidas no
respectivo território, visando a realização harmoniosa das suas atribuições. Os órgãos
executivos de governação descentralizada provincial e os órgãos das autarquias locais
realizam encontros periódicos de articulação sobre os seus programas e planos de
actividades.6

Para efeitos de articulação entre órgão executivo de governação descentralizada


provincial, as autarquias locais e os órgãos de representação do Estado na província,
realizam-se conselhos províncias de coordenação, nos termos a regulamentar. Para
efeitos ainda de articulação entre os órgãos executivos de governação descentralizada

5
Artigo 22 do Boletim da República. Lei 4/2019, de 31 de Maio, que estabelece os princípios, as
normas de organização, as competências e o funcionamento dos órgãos executivos de governação
descentralizada provincial.
6
Idem.
9

provincial e sectores de nível central, realizam-se conselhos nacionais de coordenação,


nos termos a regulamentar.7

Os órgãos centrais do Estado enviam, no princípio de cada ano, ao Governador de


Província instruções técnico-metodológicas que possibilitam uma planificam e acção
coordenada das actividades sectoriais a realizar na província, cuja implementação é da
responsabilidade do Estado.

No desempenho das suas funções, o órgão executivo de governação descentralizada


provincial articula com as autoridades comunitárias reconhecidas nos termos da lei,
auscultam as suas opiniões e sugestões, modo a coordenar a realização de actividades
que visem a satisfação das necessidades específicas das respectivas comunidades.

2.4. Criticas
A descentralização sob ponto de vista teológico, ela permite a criação de condições para
ultrapassar o défice democrático, reforça o desenvolvimento local através da inclusão,
justiça, e equilibrada distribuição de recursos pelos diferentes segmentos da sociedade,
garante a inclusão, valores e prioridades e uma melhoria de gestão de projectos.8

Realça mais ainda, a visão da descentralização em termos pragmáticos, pois ela


organiza a participação dos cidadãos na solução dos problemas definidos a nível local,
exigindo-se aos governantes e funcionários desses níveis mais responsabilidade e
qualidade dos serviços públicos locais, permitindo o alcance das metas, aumento da
capacidade de definir e arrecadação de receitas e realização de despesas.9

É importante o não julgamento do processo de descentralização como sendo


fácil e sem nenhuma desvantagem. O perigo mais eminente está no facto dos órgãos
locais tornem-se um contra- poder ao poder do Estado, desafiando-o mesmo nas
questões de interesse nacional que sempre terão de ser exclusivamente tratadas pelos
órgãos do Estado. Outro perigo centra-se na excessiva intervenção do Estado na gestão
local mesmo depois a descentralização.

7
Idem.
8
CANHANGA, N., (2009), Descentralização fiscal, transferência intergovernamentais e dinâmicas da
pobreza nas autarquias locais. Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE). II Conferencia,
Maputo.
9
Idem.
10

Algumas desvantagens que advém do processo de descentralização, é a fragilização da


unidade nacional, geração de conflitos como sendo consequência da autonomização de
alguns espaços em relação ao governo central, e redução do sentimento nacionalista.

2.5. Desafios
Depois da introdução do modelo de governação descentralizada em Moçambique, ainda
persistem desafios na área de aprimoramento e consolidação da descentralização,
democracia e processo de gestão pública. Para tal, avança-se alguns desafios. “A
capacitação institucional e a formação que deve abranger desde o nível central até ao
nível local, para viabilizar o entendimento do processo em curso de descentralização; o
aprimoramento do quadro legal e institucional sobre a organização, competência e
funcionamento das entidades descentralizadas e assistência e monitoria aos órgãos
locais, quer os descentralizados, quer os do Estado”.10

Entretanto, para garantir a descentralização e desenvolvimento das autarquias locais, é


necessário uma avaliação a proposta de criação de órgãos de governação
descentralizada a nível dos distritos e a aprovação da lei de divisão de competências.

“É necessário que se complete o quadro legal. O que foi feito até agora, a nível de
aprovação de instrumentos legais, foi uma fase inicial, porém há ainda etapas por
prosseguir. Destaca-se a necessidade da aprovação da lei de divisão de competências e a
revisita de todos os quadros regulatórios sobre a funcionalidade dos sectores, para que,
de uma forma clara, possamos definir como é que as atribuições dos novos órgãos
devem ser operacionalizadas”.

10
O PAIS. Persistem desafios na governação descentralizada em Moçambique. 2021. Disponível em
https://www.opais.co.mz/persistem-desafios-na-governacao-descentralizada-em-mocambique/ acesso no
dia 22/01/2022.
11

3.0. Conclusão

A descentralização política em Moçambique, ainda que tenha sido pensado como


resposta eficaz aos problemas colocados ao nível local, ocorre num ambiente
caracterizado pela tensão e receio na relação entre os poderes central e local, o que
culmina não apenas com a tendência recentralista ao processo como também dificulta a
partilha de responsabilidades entre o Estado e as Autarquias Locais.

O receio do poder central é que uma efectiva descentralização política contribua para a
perda do seu controlo territorial, tendo em conta que o processo abre espaço para o
aproveitamento político-partidário de diferentes elites políticas locais. Nesta
perspectiva, a não transferência dos serviços públicos primários para poder ser
relacionada ao facto desta estar sob a gestão de um partido diferente do que gere o
Estado, tomando em consideração que esta Autarquia é das poucas no país que contínua
e activamente apoia os sectores de saúde e educação, em equipamentos, meios de
transportes e infra-estruturas.
12

4.0. Referencias Bibliográficas

ALVES, Armando Texeira; COSSA, Benedito Ruben. Guiao da Autarquias Locais.


Maputo, 1997.

CANHANGA, N., (2009), Descentralização fiscal, transferência intergovernamentais e


dinâmicas da pobreza nas autarquias locais. Instituto de Estudos Sociais e Económicos
(IESE). II Conferencia, Maputo.

CISTAC, Gilles. Manual de Direito das Autarquias Locais. Maputo. 2001.

MOÇAMBIQUE. Lei 4/2019. Boletim da República. de 31 de Maio.

MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO ESTATAL E FUNÇÃO PÚBLICA.


Documento de base para o desenho do programa nacional de descentralização.
MAEFP. Maputo 2019.

MANOR, James, Pacote Autárquico: texto de Discussão n. 6: As Promessas e as


Limitações da Descentralização. Maputo, 1998.

O PAIS. Persistem desafios na governação descentralizada em Moçambique. 2021.


Disponível em https://www.opais.co.mz/persistem-desafios-na-governacao-
descentralizada-em-mocambique/ acesso no dia 22/01/2022.

TIAGO, Matos Fernandes. “Descentralizar é fragmentar? Riscos do pluralismo


administrativo para a unidade do Estado em Moçambique”. Revista Crítica de Ciências
Sociais, 77, Junho 2007, pp. 151-164.

FARIA, F., CHICHAVA, A., Descentralização e cooperação descentralizada em


Moçambique. 1999.

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