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1.0. Introdução
Para a realização deste trabalho usou-se o método qualitativo que vai-se basear no
cruzamento e análise de documentos e obras que retractam e descrevem o assunto
patente no trabalho, neste sentido o presente trabalho de pesquisa apresenta a seguinte
estrutura temática:
2.1. Contextualização
De acordo com CANHANGA (2009), “Descentralização é um processo
político-administração por meio do qual se transfere à órgãos territoriais do governo
parte ou totalidade da autoridade ou funções detidas pelo Estado”.
Nesta ordem de ideias, MANOR (1998:3), define órgãos do poder local (Autarquia
local) como sendo uma forma de governo com autonomia patrimonial, financeira,
administrativa de modo a assegurar por si a concretização dos seus interesses, mas de
acordo com as leis estipuladas.
Igualmente, Cossa e Alves (1999:3), afirmam que os órgãos do poder local (autarquia
local), correspondem a uma forma de governo que atua com uma relativa independência
do poder do Estado central e com órgãos próprios que desenvolvem as suas actividades
1
FARIA, F., CHICHAVA, A., Descentralização e cooperação descentralizada em Moçambique. 1999.
6
a bem dos interesses das populações residentes na sua área de acção, mas se, prejudicar
os interesses de toda a Nação, nem a participação do Estado.
Esta alteração Constitucional criou bases para a aprovação da legislação das autarquias
locais, começando pela lei que aprova o quadro jurídico para a implantação destes
órgãos – a lei nº 2/97 de 18 de Fevereiro – seguindo-se uma série de instrumentos
legislativos e regulatórios que constituíram o chamado pacote autárquico. O pacote
autárquico original, aprovado em linha com a lei nº 2/97 foi seguido de ajustes ao longo
do percurso, com destaque para as transferências da prestação de alguns serviços do
Governo Central para os municípios, tais como o ensino primário, os cuidados
primários de saúde e o transporte urbano (aprovados pelo Decreto nº 33/2006 de 30 de
Agosto), modificações no quadro de descentralização fiscal – com a aprovação de uma
Lei que define o Regime Financeiro, Orçamental e Patrimonial das Autarquias Locais e
o Sistema Tributário Autárquico (lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro), substituindo o Código
2
MAEFP. Documento de base para o desenho do programa nacional de descentralização. Maputo 2019.
7
Tributário Autárquico que havia sido aprovado em 2000 (pelo Decreto n.º 52/2000, de
21 de Dezembro).
Com a aprovação deste quadro legislativo o país passou a ter um sistema por alguns
chamado de híbrido e por outros de bifurcado, caracterizado por um pluralismo
administrativo que combinava ao mesmo tempo a descentralização política ou
devolução – representada pelas autarquias locais, e a desconcentração ou
descentralização administrativa – representada pelos Órgãos Locais do Estado (OLEs),
opção claramente apresentada pelo Governo através da Política e Estratégia e
Descentralização (PED).4
O processo de descentralização não tem sido linear e livre de desafios, o que faz do
mesmo um exercício constante de reconstrução e ajustamento à realidade que se vai
apresentando historicamente. Ao longo deste percurso, muitas questões foram surgindo,
dentre as quais os desafios de articulação entre o Governo Central e os governos locais
num contexto da democracia multipartidária introduzida com a Constituição de 1990, as
pressões do nível local por mais poder e as resistências do nível Central em partilhar
poder, as pressões dos cidadãos por mais poder de decisão a nível local, as limitações de
capacidade (incluindo recursos de vária ordem) dos governos locais para
desempenharem as suas competências.
3
MAEFP. Documento de base para o desenho do programa nacional de descentralização. Maputo 2019.
4
Matos Fernandes, Tiago. “Descentralizar é fragmentar? Riscos do pluralismo administrativo para a
unidade do Estado em Moçambique”. Revista Crítica de Ciências Sociais, 77, Junho 2007, pp. 151-164.
8
a) O governador de Província;
b) O conselho Executivo Provincial.
5
Artigo 22 do Boletim da República. Lei 4/2019, de 31 de Maio, que estabelece os princípios, as
normas de organização, as competências e o funcionamento dos órgãos executivos de governação
descentralizada provincial.
6
Idem.
9
2.4. Criticas
A descentralização sob ponto de vista teológico, ela permite a criação de condições para
ultrapassar o défice democrático, reforça o desenvolvimento local através da inclusão,
justiça, e equilibrada distribuição de recursos pelos diferentes segmentos da sociedade,
garante a inclusão, valores e prioridades e uma melhoria de gestão de projectos.8
7
Idem.
8
CANHANGA, N., (2009), Descentralização fiscal, transferência intergovernamentais e dinâmicas da
pobreza nas autarquias locais. Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE). II Conferencia,
Maputo.
9
Idem.
10
2.5. Desafios
Depois da introdução do modelo de governação descentralizada em Moçambique, ainda
persistem desafios na área de aprimoramento e consolidação da descentralização,
democracia e processo de gestão pública. Para tal, avança-se alguns desafios. “A
capacitação institucional e a formação que deve abranger desde o nível central até ao
nível local, para viabilizar o entendimento do processo em curso de descentralização; o
aprimoramento do quadro legal e institucional sobre a organização, competência e
funcionamento das entidades descentralizadas e assistência e monitoria aos órgãos
locais, quer os descentralizados, quer os do Estado”.10
“É necessário que se complete o quadro legal. O que foi feito até agora, a nível de
aprovação de instrumentos legais, foi uma fase inicial, porém há ainda etapas por
prosseguir. Destaca-se a necessidade da aprovação da lei de divisão de competências e a
revisita de todos os quadros regulatórios sobre a funcionalidade dos sectores, para que,
de uma forma clara, possamos definir como é que as atribuições dos novos órgãos
devem ser operacionalizadas”.
10
O PAIS. Persistem desafios na governação descentralizada em Moçambique. 2021. Disponível em
https://www.opais.co.mz/persistem-desafios-na-governacao-descentralizada-em-mocambique/ acesso no
dia 22/01/2022.
11
3.0. Conclusão
O receio do poder central é que uma efectiva descentralização política contribua para a
perda do seu controlo territorial, tendo em conta que o processo abre espaço para o
aproveitamento político-partidário de diferentes elites políticas locais. Nesta
perspectiva, a não transferência dos serviços públicos primários para poder ser
relacionada ao facto desta estar sob a gestão de um partido diferente do que gere o
Estado, tomando em consideração que esta Autarquia é das poucas no país que contínua
e activamente apoia os sectores de saúde e educação, em equipamentos, meios de
transportes e infra-estruturas.
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