“METODOLOGIA DE PESQUISA EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E GESTÃO
DE OPERAÇÕES” 2ª EDIÇÃO
CAPÍTULO I: PRINCÍPIOS DA PESQUISA CIENTÍFICA
CARUARU
2022 RESUMO
Pretende-se neste arquivo, a partir da leitura do capítulo I da segunda edição do livro
“Metodologia de pesquisa em engenharia de produção e gestão de operações”, elencar e sintetizar os princípios da pesquisa científica. O capítulo primeiro, escrito por Roberto Antonio Martins, tem como objetivo orientar o leitor acerca do conceito de pesquisa científica, bem como das maneiras de atingir o conhecimento a partir da ciência. A princípio, o autor explica que inúmeras obras a respeito da metodologia científica acabam sempre abordando a diferença entre ciência e senso comum. Para distingui-las, ele propõe um exemplo do cotidiano no qual questiona como uma pessoa normalmente planejaria uma viagem de férias. De fato, o cidadão deve, a priori, decidir o local, a partir não apenas do seu conhecimento sobre a área, mas também de restrições, como o orçamento, que o ajudariam a eliminar opções de destino que pudessem ultrapassar o valor estipulado. Com base nisso, ele deve se precaver e pesquisar informações mais aprofundadas com relação ao local, para que futuramente não se depare com surpresas desagradáveis, tais como uma chuva indesejada ou cardápio que não atenda aos seus gostos culinários. Por conseguinte, fundamentado nos dados anteriormente apurados, o cidadão consegue validar ou não suas hipóteses sobre o local, de maneira a atribuir ao conhecimento pré-existente informações novas, as quais podem, inclusive, ser compartilhadas, seja por apenas um vídeo ou até uma dissertação escrita, de modo a atingir uma zona, ainda, maior de pessoas. Nesse contexto, Roberto salienta que a situação apresentada não se difere completamente do método científico, visto que os problemas tidos como relevantes para a ciência, geralmente, originam-se do senso comum. Desse modo, a diferença entre senso comum e ciência não está relacionada aos métodos para a superação de um impasse, mas liga-se, imensamente, aos critérios utilizados pelo homem para julgar as informações encontradas sobre determinado assunto. Tudo isso, tendo em mente que o senso comum, apesar de seguir certa linha de raciocínio, continua sendo baseado na sabedoria e crenças populares, enquanto a ciência tem o suporte empírico para comprovar a confiabilidade de hipóteses. Ademais, o autor traz a definição de modelo ressaltando que qualquer ser humano deve ter consciência de um problema e de suas consequências. Isso, dado que essas implicações são o que ele chama de desordem, e para identifica-la, é indispensável ter uma referência de ordem, a qual é consolidada a partir do conhecimento já existente. Logo, segundo Roberto Martins, modelo é uma construção mental da ordem e é aplicado tanto no senso comum, quanto na ciência, porém esta última requer rigor na formação de um padrão. Os modelos estão presentes no cotidiano humano desde a infância, este é o ponto de partida para a coleta de parâmetros a respeito da ordem que, ao longo dos anos, construirão a percepção de modelos. Portanto, um modelo só é útil quando ele leva o pesquisador à solução da problemática. No entanto, ele também não é dispensável quando falha, tendo em vista que ao desenvolver métodos de correção de tal erro, o profissional impulsiona seu progresso ao conhecimento. Na parte seguinte, o capítulo dá destaque às teorias e àquilo que verifica suas validades, isto é, os fatos. As teorias têm sua utilidade no poder de ajudar na compreensão e superação de um impasse. Todavia, a tese, enquanto opinião sintetizada ou noção geral sobre determinado objeto de estudo, por focar apenas naquilo que deseja provar, deixa outras evidências passarem por despercebido, assim como, de acordo com Martins, nem toda rede captura todos os tipos de peixe. Além disso, os fatos são construídos como consequência da interpretação humana e suas funções variam entre originar, rejeitar, reformular e esclarecer uma teoria, cuja amplitude é imensa e nem sempre oferece todos os dados que um pesquisador precisa, sendo necessária, então, a formulação de hipóteses. Estas englobam os questionamentos que o cientificismo leva à natureza, tais perguntas, inclusive, estão presentes, em abundância, na situação problema acerca do planejamento de férias. Em outras palavras, as hipóteses tentam explicar os fenômenos, e apenas a partir dos fatos é possível verificar a veracidade delas, além de poderem ser classificadas como correlacionais, causais e hipóteses de diferenças de grupos. Logo após, o escritor retoma o caso, brevemente citado, do aspirante a doutor e critica, adotando as concepções metodológicas da ciência, o fato de tal candidato ter aplicado seu estudo de caso de forma rigorosa, o que abriu margem para a banca questionar a veracidade das suas constatações. Dessa forma, ele afirma que o tamanho de uma amostra é imprescindível e deve-se, sempre, evitar contradições performativas na apresentação de dados. As concepções metodológicas são divididas em quatro, o indutivismo, o falsificacionismo, os paradigmas de pesquisa e os programas de pesquisa. O indutivismo prega que “quanto maior a experiência, maior a certeza de aceitação de algo como verdade”, ou seja, por apelar para aproximações probabilísticas, os fatos observados, que devem ser apresentados em grande número, provavelmente mostrarão o caminho para as construções teóricas. No falsisicacionismo, é propagada a visão de que afirmações amplas são facilmente refutadas, então é fundamental apresentar proposições que sempre serão verdadeiras, sem abrir espaço para a refutação. Os paradigmas da pesquisa científica, para Thomas Kuhn, tratam das revoluções do cientificismo no cotidiano sociológico, e tal progresso é composto pelos períodos de pré-ciência, ciência normal, crise-revolução, nova ciência normal e nova crise. E, por fim, no que tange aos programas de pesquisa, as teorias devem ser tratadas como estruturas que mantêm os conceitos bem claros de como devem ser aperfeiçoados. Tudo isso, devido ao fato do indutivismo e o falsificacionismo não conseguirem tratar, inteiramente, das complexidades teóricas. Em suas considerações finais sobre o capítulo primeiro, o autor expõe suas expectativas de que o leitor tenha tido um bom primeiro contato com a epistemologia e a metodologia da ciência, bem como ressalta a importância dos conceitos apresentados para a engenharia de produção, pois ela tem grande amplitude e se encontra entre as outras engenharias, a administração, a economia e as ciências sociais.