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e estabelecimento
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a organização social. Como você vai
ver, a sociedade passou por diversos estágios de desenvolvimento até
chegar ao capitalismo contemporâneo, o capitalismo financeiro. Além
disso, para compreender a organização da sociedade, é imprescindível
entender a categoria trabalho como central na vida do ser social. Afinal,
é por meio do trabalho que o homem estabelece a sua relação com a
natureza e com os demais sujeitos.
A fim de contribuir com a organização da sociedade, o homem criou
algumas instituições. Essas instituições são estruturas lógicas, regidas por
leis, normas e hábitos que regularizam a atividade humana. As instituições
se materializam nas organizações, dispositivos concretos que são com-
postos por unidades menores, os estabelecimentos. Além disso, como
você vai verificar, existem as vertentes do instituinte e do instituído, além
das vertentes do organizante e do organizado.
Com tudo isso em mente, você deve refletir sobre a atuação do as-
sistente social no contexto das organizações. Ao longo do capítulo, você
vai perceber que as vertentes do instituinte e do organizante convergem
com os princípios do Código de Ética Profissional, que possui um posi-
cionamento ético-político voltado à transformação social.
14 Instituição, organização e estabelecimento
Esse saber, criado e acumulado pelas comunidades sociais durante tantos anos
de experiência vital, a partir do surgimento do saber científico e tecnológico,
fica relegado, colocado em segundo plano, como se fosse rudimentar e inade-
quado. Então, as comunidades de cidadãos têm visto esse saber subordinado
ao saber dos experts. Junto com seu saber, elas têm perdido o controle sobre
suas próprias condições de vida, ficando alheias à capacidade de gerenciar
sua própria existência. Elas dependem, então, quase incondicionalmente, dos
organismos do Estado, empresariais, do saber e de serviços dos experts. E a
quais experts refiro-me? Aos dos ramos produtivos, primários, secundários
e terciários, aos especialistas de bens materiais, ou seja, comida, vestuário,
moradia, transporte: aqueles bens materiais indispensáveis à sobrevivência
(BAREMBLITT, 2002, documento on-line).
Em um plano formal, uma sociedade não é mais que isso: um tecido de insti-
tuições que se interpenetram e se articulam entre si para regular a produção e a
reprodução da vida humana sobre a Terra e a relação entre os homens. Agora,
entendidas assim, as instituições são entidades abstratas, por mais que possam
estar registradas em escritos ou conservadas em tradições (BAREMBLITT,
2002, documento on-line).
Você sabe o que é análise institucional? Pereira (2007) afirma que é uma análise sus-
tentada pelo coletivo. Tal coletivo pesquisa, questiona e analisa a história, os objetivos,
a estrutura e o funcionamento da organização, bem como os dispositivos, práticas e
agentes grupais. No contrato de trabalho, os participantes se comprometem a expor
suas percepções com abertura e clareza.
A análise institucional tem forças de teor instituinte e entra em contradição com o
já instituído, produtor de uma imobilidade a ser quebrada com a intervenção. Existe
uma relação estreita desses dispositivos analisadores com a consecução do processo
de autoanálise e autogestão. Como os membros do grupo assimilam um saber he-
gemônico sobre suas vidas, se conscientizam da alienação a que estão submetidos.
Assim, desenvolvem um novo clima político de gestão e administração.
Como você pode notar, Iamamoto (2009) descreve parte do cenário neo-
liberal instaurado. Pode-se ainda acrescentar que, com a política de redução
de gastos, o Estado passa a interferir minimamente na economia, com uma
proposta de políticas sociais residuais, fragmentadas e focalizadas na extrema
pobreza, estabelecendo critérios de elegibilidade para se ter acesso aos benefícios.
São propostos programas e projetos para a inserção de famílias, mas eles não
contribuem com a melhora da qualidade de vida dos usuários dos programas:
Instituição, organização e estabelecimento 21
Assim, é importante você ter em mente que o assistente social deve atuar
na vertente do instituinte e do organizante a fim de firmar o compromisso
com o seu projeto profissional. Tal projeto também almeja a transformação da
sociedade, fundamentada na igualdade e na justiça social, visto que o Código
de Ética de 1993 (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 1993), em
seus princípios fundamentais, elenca a busca pela construção de uma nova ordem
societária. Além disso, o valor ético central que está em jogo é a liberdade, bem
como a defesa intransigente dos direitos humanos, do pluralismo, da equidade e
da justiça social, entre outros valores que vão contra o instituído e o organizado.
É dever do assistente social, em sua atuação profissional, construir junto
aos usuários as alternativas para as demandas vivenciadas. Nesse sentido,
é imprescindível que os profissionais lembrem-se sempre do ideal da trans-
formação social e da busca por uma sociedade com um funcionamento mais
otimizado, mais igualitário e menos burocrático. A ideia é que eles possam
contribuir para a superação da ordem estabelecida.