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[Hipertensão Arterial Sistêmica]

Parte 1-
É uma doença crônica, não transmissível e multifatorial. Na grande maioria das pessoas é
assintomática, comprometendo o equilíbrio vasodilatadores e vasoconstritores, aumentando a tensão
sanguínea nos vasos, que podem causar comprometimento tecidual e danos em órgãos.
→ P.A.: é a força exercida sobre as paredes da artéria pelo sangue bombeado pela pressão do
coração. O sangue se move justamente por causa da mudança da pressão em áreas em que a pressão
está mais alta e em outras que está mais baixa.
→ Sistólica: pressão máxima (contração).
→ Diastólica: pressão mínima (relaxamento dos ventrículos).

→ Locais para aferir P.A.: Braço (artéria braquial); antebraço (artéria radial); Coxa (artéria
poplítea - parte de trás do joelho); na perna entre o joelho e tornozelo (artéria pediosa).
→ Normas para aferir P.A.: Não cruzar as pernas, não ter ingerido bebida alcoólica, café ou
fumado na última meia hora, se tiver feito atividade física de grande esforço, deve-se aguardar de
60 a 90 minutos para aferir.
A HAS é um doença crônica responsável por 45% das mortes cardíacas e 51% das mortes
decorrentes de AVE mundialmente. No Brasil ela atinge 29% da população de adultos e 68% da
população de idosos e causa 50% de mortes por doenças cardiovascular.
Atualmente a Has junto com DM é um problema para a atenção básica de saúde. A atenção
básica serve para promoção e prevenção de saúde, porém, essas doenças quando já estão
confirmadas nos pacientes, acaba sendo tratada majoritariamente em uma UBS, mesmo se tratando
de uma doença crônica. Por ter muitos pacientes com essas doenças, acaba-se “lotando” a atenção
básica no SUS e por muitas vezes ser uma doença silenciosa, acaba-se descobrindo quando já está
em um nível alto e custando mais caro para o SUS.
As regiões Sudeste abrange 23,3% da população com HAS no Brasil, a região Sul 22,9%,
centro-oeste 21,2%, Nordeste 19,4% e Norte 14,5%.

→ Lembrete: HAS afeta mais pessoas pretas e principalmente as mulheres. Podendo ser
hereditária, causa por obesidade, estresse, má alimentação, falta de exercício físico e excesso de sal.
• Fisiologia e Patogênese da Hipertensão:
Hipertensão primária: atinge 95% dos casos de Has e sua causa é desconhecida.
Hipertensão secundária: atinge 5% dos casos. Sua causa pode ser secundária por doença
parênquima renal (não reversível), por estenose de artéria renal e outros.

→ Influência do Débito cardíaco na Resistência vascular periférica: para a has primária,


explica-se o aumento inicial da P.A. através do aumento do Débito cardíaco pela retenção de sal e
água.
→ Remodelamento Vascular: Quando a P.A. está elevada, ela estimula a liberação de
substâncias tróficas locais que promovem a proliferação e o desarranjo celular da parede dos vasos.
Conforme os anos vão passando, a resistência vascular periférica vai aumentar, sendo assim, o
principal fator de manutenção da HAS.

• Complicações da HAS:
Lesão de retina, AVE, Insuficiência renal, insuficiência cardíaca e doenças vasculares
periféricas.

• Hipertensão na gravidez (segundo a diretriz):


→ P.A.: Quando identificado uma P.A. elevada em uma gestante, as profissionais da saúde
desconfiam de que a gestante já tinha HAS desconhecida ou que se trata de uma pré-eclâmpsia que
ainda não levou a perda de proteínas.
→ Pré-eclâmpsia: Caracterizada por HAS, onde ocorre a perda de proteínas na urina e
inchaço. Geralmente surge no segundo trimestre da gestação e pode levar ao parto prematuro.
→ Eclâmpsia: Ocorre quando leva a gestante a convulsões, podendo colocar em risco a vida
da mulher e do feto.

• Objetivos do atendimento em serviços da atenção primária à saúde:


- Detecção precoce de has na população do território destinado a unidade;
- Acompanhar os hipertensos nos estágios 1 e 2;
- Acompanhar os diabéticos tipo 2 controláveis com dieta e hipoglicemiantes orais e sem
complicações;
- Acompanhar a população com HAS e demais fatores de risco para desenvolver doença
cardiovascular.

• Abordagem multiprofissional e intersetorial:


A HAS é uma doença multifatorial, geralmente assintomática e de baixa adesão ao
tratamento. Exige uma abordagem com uma equipe multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial
com a sociedade. Sendo assim, exige a equipe multiprofissional, a sociedade civil, políticas de
saúde, associação de portadores de Hipertensão e/ou Diabetes e a comunidade.

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[Hipertensão Arterial Sistêmica]


Parte 2-
• Exames laboratoriais de rotina para Hipertensão Arterial:
→ básico: exame de urina (bioquímica e sedimento); creatinina; potássio; glicemia;
colesterol total, HDL e triglicérides; hemotológico; ECG de repouso.
→ Complementar- cardiovascular: monitorização ambulatorial da P.A. através do MAPA;
ecocardiograma; radiografia de tórax; teste de esforço (para paciente com risco coronariano).
→ Complementar- bioquímica: HDL-C (sempre que o colesterol total e a glicemia estiverem
elevados); triglicérides; ácido úrico, proteinúria de 24 horas; hematócrito e hemoglobina; cálcio;
TSH.
O objetivo dessa investigação é basicamente a detecção de comorbidades, tais quais, HAS,
diabetes, alteração da função renal, dislipidemia e doença coronariana associada.

• Objetivo do tratamento da Hipertensão arterial:


Reduzir os níveis de pressão arterial para menos de 140x90 mmHg respeitando as
características individuais, as comorbidades e a qualidade de vida dos pacientes.

• Componentes de estratificação do risco cardiovascular em pacientes com HAS:


→ FATORES DE RISCO: fumar, dislipidemia, DM, idade superior de 60 anos(> 55 p/ H e
>65 p/M), sexo masculino e mulheres após a menopausa e histórico na família de doenças
cardiovasculares.
→ Lesões de órgãos alvo causadas pela HAS: doenças cardíacas como hipertrofia
ventricular esquerda, angina ou infarto do miocárdio prévio, revascularização coronária prévia e
insuficiência cardíaca; episódio isquêmico ou AVC; Nefropatia; Doenças vascular arterial
periférica; retinopatia hipertensiva.

• Prevenção:
Adultos geralmente aferem a pressão 1 vez por ano como forma de “acompanhamento”, na
medida em que vamos envelhecendo, a pressão vai aumentando, desta maneira, alguns hábitos de
vida podem ser adquiridos para prevenir a hipertensão. Alguns são: exercício físico, diminuição do
consumo de bebidas alcoólicas, evitar estresse, mantenha o peso saudável, alimentação saudável e
balanceada e diminuição de sódio.

• Tratamento não medicamentoso para HAS (Promoção de hábitos saudáveis de vida):


Através da modificação do estilo de vida, tais quais: (medidas com maior eficácia) redução
do peso corpóreo, redução da ingestão de sódio, maior ingestão de alimentos ricos em potássio,
redução do consumo de bebidas alcoólicas, exercícios físicos isotônicos regulares.
(Modificações do estilo de vida) abandono do tabagismo, controle das dislipidemias, controle do
DM e evitar drogas potencialmente hipertensoras.

• IMC:
→ Normal: 18,5 até 24,9 - chance de desenvolver has são de 17,5%
→ Sobrepeso: 25,0 até 29,9 - chance de desenvolver has são de 23,9%
→ Obesidade: 30,0 até 34,9 - chance de desenvolver has são de 35,3%
→ Obesidade mórbida: maior que 35.

• O que acontece quando ingerimos muito sal:


O maior consumo de sal gera maior resposta dos vasos as drogas vasoconstrictoras, maior
prevalência de hipertrofia ventricular esquerda, associação com microalbuminúria e valor preditivo
no desenvolvimento da hipertensão.

• Exercício físico e HAS (tratamento):


Exercício agudo: Reduz a P.A. em indivíduos hipertensos e não modifica a P.A. de
normotensos.
Tratamento físico continuado: Reduz a P.A. independentemente da diminuição do peso e não
modifica a P.A. em normotensos.
→ O treinamento aeróbico leva a maior liberação de óxido nítrico endotelial, maior
excreção de sódio pela urina, diminuição da atividade da renina plasmática, maior liberação da
prostaglandina E, maior estimulação simpática para o coração e arteríolas e maior sensibilidade à
insulina. Desta forma, diminui a P.A.
→ Os benefícios da atividade física são o controle do peso corporal, melhora na mobilidade
articular, melhorar no perfil lipídico, melhor resistência física, aumento da densidade óssea,
melhora força muscular, diminuição da resistência à insulina e diminuição da P.A.
→ A frequência e duração recomendada de exercício físico: de 3 a 5 sessões por semana
com duração de 15 a 60 minutos cada sessão.

• Tratamento medicamentoso:
Os medicamentos anti-hipertensivos devem ser: eficaz por via oral; ser bem tolerado; se
possível tomada 1 vez por dia; iniciar com menores doses efetivas e aumentá-las gradativamente
e/ou associá-las a outras classes farmacológicas; quanto maior a dose, maior será as probabilidades
de efeitos indesejáveis; mínimo de 4 semanas para o aumento da dose e/ou associação de
medicamentos, planificação e objetivos terapêuticos; considerar custo e condições
socioeconômicas.

• Classes de anti-hipertensivos:
Diuréticos, inibidores de adrenérgicos, vasodilatadores arteriais diretos, inibidores de enzima
de conversão (IECA), antagonista dos canais de cálcio (ACC) e antagonista do receptor AT1 da
angiotensiva 2 (ARA2).

• Tratamento:
É possível controlar a P.A., desde que, tenha adesão ao tratamento tomando a medicação
corretamente, na hora correta e mudar os hábitos de vida. A HAS não tem cura, mas tem como
controlar!
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(Cuidados Paliativos)
Cuidado paliativo é uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e suas
famílias que enfrentam os problemas associados a doenças que ameaçam a vida, por meio da
prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento da dor
e outros problemas, físicos, psicossociais e espirituais.
• Princípios:
Fornecer alívio para a dor e outros sintomas estressantes; reafirmar vida e a morte como
processos naturais; integrar os aspectos psicológicos, sócias e espirituais ao cuidado do paciente;
não apressar ou adiar a morte; oferecer um sistema de apoio para ajudar a família; oferecer um
sistema de suporte para ajudar os pacientes a viverem o mais ativamente possível até sua morte;
usar uma abordagem interdisciplinar para acessar necessidades clínicas e psicossociais dos
pacientes e suas famílias.
• Programa de saúde pública de cuidados paliativos (PCPHP/2014):
Na Resolução WHA 67.19 da Assembleia Mundial de Saúde o tema foi o fortalecimiento de
los cuidados paliativos como parte del tratamiento integral a lo largo de la vida. Tem sido um marco
para o desenvolvimento dos cuidados paliativos, fornecendo acesso aos cuidados para crianças,
sendo, uma responsabilidade ética dos sistemas de saúde.
O cuidado paliativo (CP) é um direito humano básico e um componente essencial dos
cuidados integrados durante todo o curso da vida, inclusive no fim da mesma. Deve ser oferecido
em qualquer ambiente de cuidados de saúde, incluindo hospitais, instalações de cuidados de longa
duração, centros de saúde comunitários e nas casas dos pacientes.
Os cuidados paliativos é um amplo programa de assistência ao paciente com doenças
crônicas, terminal e aos familiares. Ela propõe uma mudança no modo de se abordar este paciente,
mudando o foco da doença para os cuidados do paciente, se o paciente agir de forma ativa e
participativa desde as tomadas de decisão, abordar os cuidados sempre que possível e se o paciente
desejar.
Os CP trazem benefícios para o doente e seus familiares, diminuído a carga sintomática do
paciente e a sobrecarga dos familiares/cuidadores. Além disso, diminui o tempo de internação
hospitalar, possíveis reinternações, a futilidade terapêutica, o recurso aos serviços de urgência e aos
cuidados intensivos, desta forma, diminui os gastos em saúde.

• Critérios de Elegibilidade:
Segundo a OMS/2002, os critérios são:
Ser portador de enfermidade avançada e progressiva; poucas possibilidades de resposta à
terapêutica curativa; evolução clínica oscilante, caracterizada pelo surgimento de várias crises de
necessidades; grande impacto emocional para o doente e sua família; impacto social para doente e
sua família; prognóstico de vida limitado; necessidade de adequação terapêutica.
Segundo a OMS em 2017, a maioria dos adultos que necessitam de CP tem doenças
crônicas, como doenças cardiovasculares (38,5%), câncer (34%), doenças respiratórias crônicas
(10,3%), AIDS (5,7%) e diabetes (4,6%). Outras doenças também se qualificam, como,
insuficiência renal, doença hepática crônica, esclerose múltipla, doença de Parkinson, artrite
reumatoide, doença neurológica, demência, anomalias congênitas e tuberculose multirresistente.

→ A assistência dos cuidados paliativos é focada na pessoa e não na doença!!!!!!


• Distribuição de adultos em necessidade de cuidados paliativos

• Aspectos legais:
→ Resolução CFM Nº 1931/2009.
Parágrafo único: no caso de doenças incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os
cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas inúteis ou obstinadas, levando
sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou na sua impossibilidade, a de seu
representante legal.
→ Lei 8.425 de 01 de Julho de 2019:
Criou o programa estadual de cuidados paliativos no âmbito de saúde pública do Estado do
Rio de Janeiro.
→ Resolução Nº 41 de 31 de Outubro de 2018:
Dispõe sobre as diretrizes para a organização dos cuidados paliativos, à luz dos cuidados
continuados integrados, no âmbito SUS.

• Níveis de Organização CP:


→ Ação paliativa: representa o nível básico de paliação e corresponde à prestação de ações
paliativas por qualquer equipe de profissionais da saúde; pode e deve ser prestada em regima de
internação, em regime de atenção domiciliária, no âmbito da rede hospitalar, da rede de centros de
saúde.
→ Cuidados paliativos de Nível I: são prestados por equipes com formação generalista em
cuidados paliativos; estruturam-se através de equipes móveis que não dispõe de estruturas de
internação própria, mas de espaço físico sediar a sua atividade; podem ser prestados em regime de
internação ou regime domiciliar.
→ Cuidados Paliativos de Nível II: são prestados em unidades de internação própria ou no
domicílio, por equipes especializadas que prestam diretamente os cuidados paliativos e que
garantem disponibilidade e apoio durante 24 horas; são prestados por equipes multidisciplinares
com formação diferenciada em cuidados paliativos e que, para além de médicos e enfermeiras,
incluem técnicos indispensáveis à prestação de um apoio global, nas áreas sociais, psicológicas e
espirituais.
→ Cuidados Paliativos de Nível III: reúnem as condições e capacidades próprias dos
cuidados paliativos de nível II acrescidas das seguintes características: desenvolvem programas
estruturados e regulares de formação especializada em cuidados paliativos; desenvolvem atividade
de pesquisa em cuidados paliativos; possuem equipes multidisciplinares ampliadas, com capacidade
para responder a situações de elevada exigência e complexidade em matéria de cuidados paliativos,
assumindo-se como unidades de referência.
• Níveis de formação:
→ Formação básica - Nível A: programa/atividade de formação com duração entre 18 e 45
horas. Pode ser lecionado através da formação pré-graduada ou através dos desenvolvimento
profissionais contínuo. Destinatários: alunos e profissionais de saúde em geral.
→ Formação Pós-Graduada - Nível B: atividades de formação com duração entre 90 e 180
horas, lecionadas como pós-graduação ou através do desenvolvimento profissional contínuo.
Destinatários: profissionais envolvidos com mais frequência em situações com necessidades
paliativas (oncologia, medicina interna…), mas que não tem os CP como foco principal.
→ Formação pós-graduada - Nível C: doutorado/mestrado/pós-graduação com mais de 280
horas, associados a estágios em unidades de reconhecida credibilidade. Lecionados como pós-
graduação e reforçados por meio de desenvolvimento profissional. Destinatários: profissionais que
exerçam funções em serviços cuja atividade principal é a prestação de CP, cuidando de doentes
como necessidades complexas.
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Polítíca Nacíonal de Humanízacao


A PNH é uma política pública no SUS voltada para ativação de dispositivos que favoreçam
ações de humanização no âmbito da atenção e da gestão da saúde no Brasil.

• Objetivos, princípio e métodos:


Contagiar trabalhadores, gestores e usuários do SUS com os princípios e as diretrizes da
humanização; Fortalecer iniciativas de humanização existente; Desenvolver tecnologias relacionais
e de compartilhamento das práticas de gestão e de atenção; Aprimorar, ofertar e divulgar estratégias
e metodologias de apoio a mudanças sustentáveis dos modelos de atenção e de gestão; Implementar
processos de acompanhamento e avaliação, ressaltando saberes gerados no SUS e experiências
coletivas bem-sucedidas.
• o HumanizaSUS trabalha com três macro-objetivos:
→ Ampliar as ofertas da Política Nacional de Humanização aos gestores e aos conselhos de
saúde, priorizando a atenção básica/fundamental e hospitalar, com ênfase nos hospitais de urgência
e universitários;
→ Incentivar a inserção da valorização dos trabalhadores do SUS na agenda dos gestores,
dos conselhos de saúde e das organizações da sociedade civil;
→ Divulgar a Política Nacional de Humanização e ampliar os processos de formação e
produção de conhecimento em articulação com movimentos sociais e instituições.

• Na prática, os resultados que a Política Nacional de Humanização busca são:


Redução de filas e do tempo de espera, com ampliação do acesso; Atendimento acolhedor e
resolutivo baseado em critérios de risco; Implantação de modelo de atenção com responsabilização
e vínculo; Garantia dos direitos dos usuários; Valorização do trabalho na saúde; Gestão participativa
nos serviços.

• Os princípios da PNH:
Transversalidade; indissociabilidade entre atenção e gestão; protagonismo,
corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos.

→ Transversalidade: A PNH deve se fazer presente e estar inserida em todas as políticas e


programas do SUS. A PNH busca transformar as relações de trabalho a partir da ampliação do grau
de contato e da comunicação entre as pessoas e grupos, tirando-os do isolamento e das relações de
poder hierarquizadas. Transversalizar é reconhecer que as diferentes especialidades e práticas de
saúde podem conversar com a experiência daquele que é assistido. Juntos, esses saberes podem
produzir saúde de forma mais corresponsável.
→ Indissociabilidade entre atenção e gestão: As decisões da gestão interferem diretamente
na atenção à saúde. Por isso, trabalhadores e usuários devem buscar conhecer como funciona a
gestão dos serviços e da rede de saúde, assim como participar ativamente do processo de tomada de
decisão nas organizações de saúde e nas ações de saúde coletiva. Ao mesmo tempo, o cuidado e a
assistência em saúde não se restringem às responsabilidades da equipe de saúde. O usuário e sua
rede sócio-familiar devem também se corresponsabilizar pelo cuidado de si nos tratamentos,
assumindo posição protagonista com relação a sua saúde e a daqueles que lhes são caros.
→ Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos: • Qualquer
mudança na gestão e atenção é mais concreta se construída com a ampliação da autonomia e
vontade das pessoas envolvidas, que compartilham responsabilidades. Os usuários não são só
pacientes, os trabalhadores não só cumprem ordens: as mudanças acontecem com o reconhecimento
do papel de cada um. Um SUS humanizado reconhece cada pessoa como legítima cidadã de direitos
e valoriza e incentiva sua atuação na produção de saúde.

• Método:
O HumanizaSUS, aposta na INCLUSÃO de trabalhadores, usuários e gestores na produção
e gestão do cuidado e dos processos de trabalho. A comunicação entre esses três atores do SUS
provoca movimentos de perturbação e inquietação que a PNH considera o “motor” de mudanças e
que também precisam ser incluídos como recursos para a produção de saúde. Humanizar se traduz,
então, como inclusão das diferenças nos processos de gestão e de cuidado. Tais mudanças são
construídas não por uma pessoa ou grupo isolado, mas de forma coletiva e compartilhada. Incluir
para estimular a produção de novos modos de cuidar e novas formas de organizar o trabalho.
→ Mas incluir como?
As rodas de conversa, o incentivo às redes e movimentos sociais e a gestão dos conflitos
gerados pela inclusão das diferenças, são ferramentas experimentadas nos serviços de saúde a partir
das orientações da PNH; Incluir os trabalhadores na gestão é fundamental para que eles, no dia a
dia, reinventem seus processos de trabalho e sejam agentes ativos das mudanças no serviço de
saúde. Incluir usuários e suas redes sócio familiares nos processos de cuidado é um poderoso
recurso para a ampliação da corresponsabilização no cuidado de si.
• Diretrizes e dispositivos:
→ Diretrizes para a implementação do HumanizaSUS: A Política Nacional de Humanização
atua a partir de orientações clínicas, éticas e políticas, que se traduzem em determinados arranjos de
trabalho.

• Acolhimento O QUE É?
Processo constitutivo das práticas de produção e promoção de saúde que implica
responsabilização do trabalhador/equipe pelo usuário, desde a sua chegada até a sua saída. Ouvindo
sua queixa, considerando suas preocupações e angústias, fazendo uso de uma escuta qualificada que
possibilite analisar a demanda, colocando os limites necessários, garantindo atenção integral,
resolutiva e responsável por meio do acionamento/articulação das redes internas dos serviços
(visando à horizontalidade do cuidado) e redes externas, como outros serviços de saúde, para
continuidade da assistência quando necessário.

• COMO FAZER O ACOLHIMENTO?


Implica prestar um atendimento com resolutividade e responsabilização, com uma postura
de escuta e compromisso em dar respostas às necessidades de saúde trazidas pelo usuário que inclua
sua cultura, saberes (rompimento com a lógica da exclusão) e capacidade de avaliar riscos. É
construir uma proposta com a equipe local orientando, quando for o caso, o paciente e a família em
relação a outros serviços de saúde para continuidade da assistência estabelecendo articulações com
estes serviços para garantir a eficácia desses encaminhamentos.

• Gestão Participativa e cogestão O QUE É?


Cogestão significa a inclusão de novos sujeitos nos processos de gestão (análise de contexto
e problemas; processo de tomada de decisão). Sendo exercida não por poucos ou alguns, mas por
um conjunto mais ampliado de sujeitos que compõem a organização, assumindo-se o predicado de
que “todos são gestores de seus processos de trabalho”. O prefixo “co”, nesta perspectiva, indica
para o conceito e a experimentação da gestão um duplo movimento: a adição de novas funções e
adição de novos sujeitos.

• Gestão Participativa e cogestão COMO FAZER?


A organização e experimentação de rodas é uma diretriz da cogestão. Rodas para colocar as
diferenças em contato de modo a produzir movimentos de desestabilização que favoreçam
mudanças nas práticas de gestão e de atenção.
A PNH distingue arranjos/dispositivos de cogestão em dois grupos: o primeiro grupo diz
respeito à organização do espaço coletivo de gestão que permita o acordo entre necessidades e
interesses de usuários, trabalhadores e gestores; o segundo grupo refere-se aos mecanismos que
garantem a participação ativa de usuários e familiares no cotidiano das unidades de saúde. Deverão
ser organizados espaços coletivos de gestão para a produção de acordos e pactos entre usuários,
trabalhadores e gestores. Ex.: Colegiados Gestores de Hospitais, de Distritos Sanitários e
Secretarias de Saúde, Colegiado Gestor da Unidade de Saúde, Mesas de Negociação Permanente,
Contratos de Gestão, Contratos Internos de Gestão, Câmara Técnica de Humanização (CTH),
Gerência de Porta Aberta, entre outros, são arranjos de trabalho que permitem a experimentação da
cogestão no cotidiano da saúde.

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