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Aula Teorica 6 FIS I - Valoi 23
Aula Teorica 6 FIS I - Valoi 23
Lição n0 6: Dinâmica de um
Faculdade de Ciências e Tecnologia Sistema de Partículas (SP)
Nos capítulos anteriores, discutimos a teoria da dinâmica de uma partícula. Agora vamos
considerar a situação de várias partículas, que é o mais importante e realístico. É importante
também salientar que na discussão vamos considerar partículas com massas constantes.
O centro de massa de um sistema de partículas é o ponto que se move como se toda a massa do
sistema estivesse concentrada nele e como se todas as forças actuantes estivessem a ser aplicadas
no mesmo ponto, em outras palavras, pode-se considerar o centro de massa como sendo o ponto
onde está concentrada a massa do sistema, ou do corpo.
A posição de centro de massa, é definida pelo vector-posição. Para tal vamos considerar um
conjunto de pontos materiais de massas, 𝑚1 , 𝑚2 , … , 𝑚𝑖 que ocupam as posições, 𝑟1 , 𝑟2 , … , 𝑟𝑖 , então
definimos a posição do seu centro de massa pela expressão,
𝑚1 𝑟1 + 𝑚2 𝑟2 + … + 𝑚𝑖 𝑟𝑖 ∑𝑖 𝑚𝑖 𝑟𝑖
𝑟𝐶𝑀 = = , 𝑜𝑛𝑑𝑒, 𝑀 − é 𝑎 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (5.1)
𝑚1 + 𝑚2 + … + 𝑚𝑖 𝑀
Levando em consideração partículas distribuidas no sistema tri-dimensional, então a posição de
centro de massa será dada pelas coordenadas em causa, isto é,
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1 1 1
𝑥𝐶𝑀 = 𝑀 ∑𝑛𝑖 𝑚𝑖 𝑥𝑖 (𝑎), 𝑦𝐶𝑀 = ∑𝑛𝑖 𝑚𝑖 𝑦𝑖 (𝑏) 𝑒 𝑧𝐶𝑀 = ∑𝑛𝑖 𝑚𝑖 𝑧𝑖 (𝑐) (5.2)
𝑀 𝑀
⃗⃗ 𝑪𝑴 )
V.1.2 Velocidade de Centro de Massa (𝑽
Dado o vector-posição, relação (5.1), por derivação podemos definir a velocidade de centro de
massa, isto é,
𝑑𝑟𝐶𝑀 1 𝑑𝑟𝑖 𝑚1 𝑣1 + 𝑚2 𝑣2 + … + 𝑚𝑖 𝑣𝑖 1
⃗ 𝐶𝑀 =
𝑉 = ∑ 𝑚𝑖 = = ∑ 𝑚𝑖 𝑣𝑖 (5.2)
𝑑𝑡 𝑀 𝑑𝑡 𝑚1 + 𝑚2 + … + 𝑚𝑖 𝑀
𝑖 𝑖
Assim como a velocidade de centro de massa, para a aceleração de centro de massa, derivamos em
função tempo a relação (5.3), i.e,
⃗ 𝐶𝑀
𝑑𝑉 1 𝑑𝑣𝑖 𝑚1 𝑎1 + 𝑚2 𝑎2 + … + 𝑚𝑖 𝑎𝑖 ∑𝑖 𝑚𝑖 𝑎𝑖
𝑎𝐶𝑀 = = ∑ 𝑚𝑖 = = (5.4)
𝑑𝑡 𝑀 𝑑𝑡 𝑚1 + 𝑚2 + … + 𝑚𝑖 𝑀
𝑖
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IV. Seguda e Terceira Lei
Agora vamos considerar um sistema 𝑠 não isolado, onde as partículas contidas nele estão
interagido com outras do sistema 𝑠′ e, que juntos (𝑠, 𝑠′) forma um sistema isolado, figura(5.1).
Vista a relação (5.5), então pode-se dizer que, qualquer variação na quantidade de movimento de
𝑠, deve ser acompanhada por uma variação igual e oposta da quantidade de 𝑠′ e, analiticamente
escrevemos,
Desta forma, a interação entre 𝑠 𝑒 𝑠′ pode ser descrita como troca de quantidade de movimento.
Agora, derivando (5.6) em função ao tempo, e, em simultâneo calcularmos o limite quando ∆𝑡 →
0, temos,
𝑑𝑃𝑠 𝑑𝑃𝑠′ 𝑑𝑃𝑠 𝑑
=− (5.7) 𝑜𝑛𝑑𝑒, = 𝐹𝑒𝑥𝑡 𝑜𝑢 (∑ 𝑃𝑖 ) = 𝐹𝑒𝑥𝑡 (5.8)
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑖
Diz-se força externa (𝐹𝑒𝑥𝑡 ), porque a razão de variação com o tempo da quantidade de movimento
de 𝑠, é devida a sua interação com 𝑠′, então, 𝐹′𝑒𝑥𝑡 , será a força externa agindo sobre 𝑠′, dai que
escrevemos,
𝑭𝒆𝒙𝒕 = −𝑭′𝒆𝒙𝒕 (5.9)
Contudo, a relação (5.9) traduz a terceira lei de Newton, acção e reacção entre 𝑠 𝑒 𝑠′.
É importante salientar que para além das forças externas, também actuam nos sistemas as forças
internas devidas às interações entre as partículas componentes, mas, não foram levantadas nas
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deduções das fórmulas anteriores, porque não produzem qualquer variação na quantidade de
movimento.
Para um sistema de partículas, podemos definir a lei fundamental da dinâmica, ou a equação de
movimento de centro de massa de um sistema de partículas, pela expressão,
⃗ 𝐶𝑀
𝑑𝑉
𝐹𝑒𝑥𝑡 = 𝑀 ↔ ⃗𝑭𝒆𝒙𝒕 = 𝑴𝒂
⃗ 𝑪𝑴 (5.10)
𝑑𝑡
A expressão (5.10), traduz a segunda lei de Newton para sistemas de partículas, isto é,
Consideremos duas partículas que estão submetidas apenas á interações mútuas, isto é, sobre elas
não agem forças externas, figura 5.2.
𝑧
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Desta forma, encontramos a definição para a aceleração de 𝑚1 relativamente a 𝑚2 .
Agora se introduzirmos uma nova grandeza, chamada massa reduzida designada por 𝜇, para o
sistema de duas partículas, resulta,
1 1 1 𝑚1 + 𝑚2 𝑚1 . 𝑚2
= + = ↔ 𝜇= (5.15)
𝜇 𝑚1 𝑚2 𝑚1 . 𝑚2 𝑚1 + 𝑚2
𝐹12
Substituindo (5.14) e (5.15) em (5.13), temos, 𝑎12 = ↔ 𝐹12 = 𝜇𝑎12 (5.16)
𝜇
Veja que se 𝑚1 ≪ 𝑚2 𝑒 𝑚1 = 𝑚2, de expressão (5.15), podemos definir a massa reduzida por,
𝑚1 𝑚1 1
𝜇= 𝑚1 ≅ 𝑚1 (1 − ) (5.17) 𝑒 𝜇 = 𝑚1 (5.18)
1 + ⁄𝑚2 𝑚2 2
Para chegar a relação (5.17), dividimos os membros de (5.15) por 𝑚2 e levamos em consideração
a aproximação (1 + 𝑥)−1 = (1 − 𝑥).
Agora o objecto de estudo é o momento angular de um sistema de partículas. Para tal primeiro
relembrémos a definição do momento linear, so que desta vez, para um sistema de partículas,
escrevendo-a na forma,
𝑃⃗ = ∑ 𝑚𝑖 𝑉
⃗ 𝐶𝑀 = ∑ 𝑃⃗𝑖 (5.19)
𝑖 𝑖
⃗
𝑑𝐿
⃗ = 𝑟𝑥𝑃⃗ = (5.20) 𝑒 𝜏 =
𝐿 (5.21)
𝑑𝑡
Para simplificar, vamos considerar duas partículas, então, os momentos angulares serão,
𝑑𝐿1 𝑑𝐿2 𝑑
𝜏1 = 𝑒 𝜏2 = → 𝜏1 + 𝜏2 = (𝐿1 + 𝐿2 ) (5.22)
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
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Desta vez, para além das interações mútuas, suponhamos que cada partícula, está também
submetida a uma força externa (figura 5.3).
𝑧
Então sobre a partícula 1 actuam as forças 𝐹1 𝑒 𝐹12 , e sobre a partícula
𝐹1 𝐹2
𝐹12 𝐹21 2 actuam as forças 𝐹1 𝑒 𝐹21 , logo, defimos o torque como,
𝑚1 𝑚2
𝜏1 = 𝑟1 𝑥(𝐹1 + 𝐹12 ) = 𝑟1 𝑥𝐹1 + 𝑟1 𝑥𝐹12 (5.23)
𝑟1 𝑟2
𝜏2 = 𝑟2 𝑥(𝐹2 + 𝐹21 ) = 𝑟2 𝑥𝐹2 + 𝑟2 𝑥𝐹21 (5.24)
𝑂 Levando em consideração que 𝐹12 = −𝐹21, então, o torque total será,
𝑦
𝜏1 + 𝜏2 = 𝑟1 𝑥𝐹1 + 𝑟2 𝑥𝐹2 + (𝑟2 − 𝑟1 )𝑥𝐹21 (5.25),
𝑥
Figura 5.3 Interação de Duas Partículas
na Presença de Forças Externas
Pela análise da figura 5.3, é fácil ver que o vector ∆𝑟 = 𝑟2 − 𝑟1 = 𝑟21 , tem a direcção da recta que
une as partículas e, as forças 𝐹12 𝑒 𝐹21 , também agem ao longo da mesma recta. Visto isso, os
vectores 𝑟21 𝑒 𝐹21 , são paralelos, então o seu produto vectorial será nulo, isto é, [(𝑟2 − 𝑟1 )𝑥𝐹21 =
0].
Desta forma, podemos reescrever a expressão (5.25) na forma, 𝜏1 + 𝜏2 = 𝑟1 𝑥𝐹1 + 𝑟2 𝑥𝐹2 , logo,
𝑑
𝜏1 + 𝜏2 = (𝐿 + 𝐿2 ) = 𝑟1 𝑥𝐹1 + 𝑟2 𝑥𝐹2 = 𝜏1𝑒𝑥𝑡 + 𝜏2𝑒𝑥𝑡 (5.26)
𝑑𝑡 1
Generalizando o resultado para qualquer número de partículas, obtemos,
𝑑𝐿
= 𝜏𝑒𝑥𝑡 (5.27) 𝑒 𝐿 = ∑ 𝐿𝑖
𝑑𝑡
𝑖
Onde,
𝐿 − é o momento angular total e 𝜏𝑒𝑥𝑡 − é o torque total exercido apenas pelas forças externas
Uma nova lei fundamental da dinâmica de rotação pose ser enunciada, isto é,
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𝑑𝐿
Na ausência de forças externas, ou se a soma dos seus torques é zero (𝜏𝑒𝑥𝑡 = 0), então, =
𝑑𝑡
𝑑
(∑𝑖 𝐿𝑖 ) = 0, e, integrando tem-se, 𝐿 = ∑𝑖 𝐿𝑖 = 𝐿1 + 𝐿2 + … + 𝐿𝑖 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. (5.28), que
𝑑𝑡
O momento angular total de um sistema isolado, ou de um sistema com torque externo igual a
zero, é constante em módulo, direcção e sentido.
Na figura 5.3, suponhamos que ao longo das trajectórias indicadas, as particulas movem-se com
velocidades 𝑣1 𝑒 𝑣2 , dai que, as equações de movimento de cada partícula serão,
𝑚1 𝑎1 = 𝐹1 + 𝐹12 (𝑎) 𝑒 𝑚2 𝑎2 = 𝐹2 + 𝐹21 (𝑏) (5.29)
Nos instantes de tempo ∆𝑡 muito pequenos, as partículas sofrem deslocamentos infinitesimais
𝑑𝑟1 𝑒 𝑑𝑟2 , tangentes a sua trajectória. Se multiplicarmos os respectivos deslocamento em cada
equção resulta,
𝑚1 𝑎1 𝑑𝑟1 = 𝐹1 𝑑𝑟1 + 𝐹12 𝑑𝑟1 (5.30𝑎)
𝑧
𝐹1 𝐹2 𝑚2 𝑎2 𝑑𝑟2 = 𝐹2 𝑑𝑟2 + 𝐹21 𝑑𝑟2 (5.30𝑏)
𝐹12 𝐹21 Agora, somando membro a membro as equações anteriores,
𝑚1 𝑚2
levando em consideração que, 𝐹12 = −𝐹21 , então temos,
𝑚1 𝑎1 𝑑𝑟1 + 𝑚2 𝑎2 𝑑𝑟2 = 𝐹1 𝑑𝑟1 + 𝐹2 𝑑𝑟2 + 𝐹12 (𝑑𝑟1 − 𝑑𝑟2 )
𝑂
𝑑𝑣1
𝑎1 𝑑𝑟1 = 𝑑𝑟 = 𝑣1 𝑑𝑣1 𝑒 𝑎2 𝑑𝑟2 = 𝑣2 𝑑𝑣2 ,
𝑦 𝑑𝑡 1
𝑥
Figura 5.3 Interação de Duas Partículas 𝑑𝑟1 − 𝑑𝑟2 = 𝑑(𝑟1 − 𝑟2 ) = 𝑑𝑟12
na Presença de Forças Externas
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𝐵 𝐵
Para o membro direito, temos, 𝑤𝑒𝑥𝑡 = ∫𝐴 𝐹1 𝑑𝑟1 + 𝐹2 𝑑𝑟2 (𝑎) 𝑤𝑖𝑛𝑡 = ∫𝐴 𝐹12 𝑑𝑟12 (𝑏) (5.34)
𝑤𝑒𝑥𝑡 , 𝑤𝑖𝑛𝑡 − são os trabalhos totais executados pelas forças externas e internas, respectivamente.
Combinando as três relações anteriores, (5.34), (5.33) e (5.32), escrevemos,
𝐸𝑐 − 𝐸𝑐0 = 𝑤𝑒𝑥𝑡 + 𝑤𝑖𝑛𝑡 (5.35)
Suponhamos agora que as forças internas são conservativas e que, portanto, existe uma função
𝐸𝑃12 que depende das coordenadas de 𝑚1 𝑒 𝑚2 , tal que,
𝐵
𝑤𝑖𝑛𝑡 = ∫ 𝐹12 𝑑𝑟12 = 𝐸𝑃12 0 − 𝐸𝑃12 (5.36)
𝐴
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É importante salientar que esta lei surgiu como consequência do princípio de conservação da
quantidade de movimento e da hipótese de que as forças internas são conservativas.
Se considerarmos um sistema isolado, no qual, 𝑤𝑒𝑥𝑡 = 0 (ausência de forças externas), mas, sob a
condição das forças internas serem conservativas, então, 𝑈 = 𝑈0 .
Assim, se a energia cinética de um sistema isolado aumenta, sua energia potencial interna deve
decrescer pela mesma quantidade, de tal maneira que a soma permaneça constante.
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