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MANUAL

DE APOIO

Curso: Formação de Formador/a:


Públicos Estratégicos em especialização em Igualdade de Maria José Costa
Género

Módulo: Carga horária:


Igualdade de género (Mod. II) 6 horas


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Índice
OBJETIVOS DO CURSO ........................................................................................................................ 3
OBJETIVOS DO MÓDULO .................................................................................................................... 3
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DO MÓDULO: ............................................................................ 3
INTRODUÇÃO: ....................................................................................................................................... 4
As origens estruturais da desigualdade de género e da discriminação .......................... 4
Estratégias Nacionais e Internacionais de promoção dos Direitos das Mulheres,
Igualdade de Género e Não-Discriminação (“REFERENCIAL DE FORMAÇÃO”) .............. 5
Instrumentos Internacionais de referência ............................................................................... 6
Mecanismos nacionais ..................................................................................................................... 10
Responsabilidade social das organizações da sociedade civil para a concretização
da igualdade de género ................................................................................................................... 12
CONCLUSÃO: ........................................................................................................................................ 14
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ................................................................................................... 14


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OBJETIVOS DO CURSO
Objetivo Geral:
Conhecer e saber identificar a questão de género.

OBJETIVOS DO MÓDULO
Objetivo Geral:
O/A Formando/a deverá saber os fundamentos estruturais de base social e política de
promoção da igualdade de género (IG) e não discriminação.

Objetivos Específicos:

• O/A Formando/a deverá enunciar as origens da desigualdade, sem apoio do manual;

• O/A Formando/a deverá identificar pelo menos dois custos da desigualdade de género
para os homens e para as mulheres em Portugal, sem apoio do manual;

• O/A Formando/a deverá identificar os mecanismos nacionais de IG e não
discriminação sem apoio do manual ;

• O/A Formando/a deverá enunciar pelo menos dois objetivos de um dos três planos de
ação da ENIND sem ajuda do manual.

• O/A Formando/a deverá explicar a importância da responsabilidade social das


organizações para a promoção da IG a partir de um exemplo dado pela formadora.

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DO MÓDULO:

A - As origens estruturais da desigualdade de género e da discriminação


Estratégias Nacionais e Internacionais de promoção dos Direitos das Mulheres,
Igualdade de Género e Não-Discriminação
Instrumentos Internacionais de referência
B - Mecanismos nacionais (ENIND – Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não
Discriminação) e internacionais para a promoção da igualdade de género
C - Responsabilidade social das organizações da sociedade civil para a concretização da
igualdade de género


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INTRODUÇÃO:

A desigualdade tem sido definidas como “diferenças de acesso e de distribuição de recursos
valorizados como os económicos, por exemplo, mas também de outro tipo de bens e
recursos como educação, cultura, poder, reconhecimento e prestigio” (Almeida, 2013).
(“Igualdade-de-genero-e-idades-da-vida.pdf [klzo7zezqg4g]”)

A igualdade de género tem procurado ser traduzida numa simetria entre homens e mulheres
e pessoas de diversidades várias, em razão da sua identidade de género ou orientação
sexual, no acesso a recursos, poderes e direitos.

Segundo Connel (1987) , a desigualdade de género refere-se às desvantagens materiais e


simbólicas que. As mulheres experienciam relativamente aos homens. Podemos constatá-las
quer em processos de desvantagem quer para as mulheres como para os homens.

“Em resultado da pressão dos movimentos feministas e de outros grupos ou movimentos


ligados a diversas identidades de género, a igualdade de género . hoje considerada como
uma questão de direitos humanos e tem sido promovida no plano legislativo com mudanças
expressivas ao nível nacional e transnacional.” (“Igualdade-de-genero-e-idades-da-vida.pdf
[klzo7zezqg4g]”) (2018:19)

Ao longo do manual serão referidos os mecanismo e instrumentos nacionais e internacionais


que concorrem para a promoção da IG e não discriminação.

As origens estruturais da desigualdade de género e da discriminação

“Os estereótipos de género estão na origem das discriminações em razão do sexo diretas e
indiretas que impedem a igualdade substantiva entre mulheres e homens, reforçando e
perpetuando modelos de discriminação históricos e estruturais” (ENIND, 2018-2030)

“Papéis de género” como normatividade social “imposta” a mulheres e homens”


(“APRESENTAÇÃO Nova colega - INA, I.P.”)
(Seminário: o Direito como motor da igualdade, Mª do Céu da Cunha Rêgo, 2019 INA)
As assimetrias e desigualdades entre homens e mulheres nascem, fundamentam, geram e
reproduzem-se por vários aspetos. Em primeiro, a assimetria de posição entre homens e
mulheres nas esferas da produção, reprodução e sexualidade. Em segundo, a valorização
social da produção em detrimento da reprodução repercutindo-se na secundarização da
mulher pela sua associação ao papel de cuidadora. Os lugares de poder e decisão e os
recursos económicos ficam assim nas mãos dos homens tendencialmente. Em terceiro lugar,
a desvalorização simbólica do cuidar e do feminino com efeitos precoces nos processos de
socialização, na construção de identidades, na organização da vida quotidiana e na visão do


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mundo. Em quarto lugar, embora transversais à vida social, as relações de género são vividas
de forma diferenciada de acordo com as classes sociais e a etnia, a orientação sexual, mas
também de acordo com contextos sociais mais vastos como os geracionais, os regionais e
nacionais ou as idades da vida. Por fim, a olhando para estas realidades numa perspetiva
histórica são de considerar as profundas mudanças sociais, no plano jurídico e político, que
se operaram nas sociedades contemporâneas, que têm vindo a tornar mais visíveis as
tendências igualitárias que os movimentos feministas inauguraram. (“Igualdade-de-genero-
e-idades-da-vida.pdf [klzo7zezqg4g]”) (2018: 20-21)

Estratégias Nacionais e Internacionais de promoção dos Direitos das Mulheres, Igualdade de


Género e Não-Discriminação (“REFERENCIAL DE FORMAÇÃO”)

Em Portugal, ao mesmo tempo que decorria o Ano Internacional da Mulher (1975) vivia-se o
pós 25 de Abril de 1974, a Revolução do Cravos, o PREC. A nova constituição (1976) assume
princípios igualitários tal como a legislação posterior; é criado um mecanismo nacional para a
Igualdade - Comissão da Condição Feminina - 1975 / com institucionalização em 1977.
Verifica-se também uma abertura ao contexto internacional (ONU e Instituições Europeias)
1976 - adesão ao Conselho da Europa. A Influência da filosofia desta Organização é
essencialmente na proteção e promoção dos direitos humanos e liberdades fundamentais e
a construção e manutenção da democracia. Em 1986 Portugal adere à Comunidade
Económica Europeia. É elaborado um quadro legislativo sobre igualdade de oportunidades –
salários, igualdade de tratamento. Surge financiamento de projetos no âmbito da formação
profissional, novas tecnologias, etc. Há efetivamente um contributo europeu na visão da
Igualdade de Género nomeadamente com a “Questão da Justiça Social” assumindo que a
desigualdade é uma injustiça; a “ Questão de democracia e direitos humanos” dando lugar ao
conceito novo de Democracia Paritária.
A revisão constitucional de 1997 veio dar uma nova legitimidade política às questões relativas
à igualdade tal como evidenciam os art.º 9, h) ( a promoção da igualdade entre homens e
mulheres é tarefa do Estado) e o art.º 109 (a lei deve promover a igualdade no exercício dos
direitos civis e políticos e a não discriminação em função do sexo no acesso a cargos políticos)
Em 1994 - Resolução do Conselho de Ministros sobre “promoção da igualdade de
oportunidades para as mulheres”. Em 1997 surge o Plano Global para a Igualdade de
Oportunidades – com uma dupla abordagem de ações específicas em várias áreas (violência,
emprego, conciliação de vida privada e profissional, proteção da maternidade e paternidade,
saúde, educação, ciência e cultura) e também uma ótica de integração da perspetiva de
género nas políticas públicas. Hoje – Planos gerais e específicos – Género, Cidadania Não-
Discriminação/Violência Doméstica e Género/ Tráfico de Seres Humanos/ Mutilação Genital
Feminina/ Rec. CSNU 1325 sobre Mulheres, Paz e Segurança.


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Atualmente a Estratégia nacional para a igualdade e não discriminação Portugal + igual


apresenta-se como um instrumento inovador.
A Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não Discriminação 2018-2030 «Portugal + Igual»,
aprovada pelo XXI Governo Constitucional a 8 de março de 2018, está publicada em Diário da
República (Resolução do Conselho de Ministros n.º 61/2018, de 21 de maio.
Esta estratégia mostra-se inovadora ao assumir as linhas transversais da:
v a intersecionalidade:
definição de medidas
dirigidas a desvantagens que
ocorrem no cruzamento do
sexo com outros fatores de
discriminação, entre os
quais, a idade, a origem
racial e étnica, a deficiência, a nacionalidade, a orientação sexual, a identidade e
expressão de género, e as características sexuais. (Plano Estratégico para as Migrações,
a Estratégia Nacional para a Deficiência, a Estratégia Nacional para a Integração das
Comunidades Ciganas, a Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em
Situações de Sem -Abrigo, a Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e
Saudável, entre outros.)
v a territorialização: Estabelecem -se medidas que visam adequar as políticas públicas
às características e necessidades territoriais do país, reforçar e potenciar o trabalho de
atores locais e em rede, atendendo à proximidade à população e o leque de novas
competências decorrentes do processo de descentralização.
v e a promoção de parcerias: Numa lógica de corresponsabilização, partilha de práticas
e de conhecimento, otimização de meios e redes, privilegia -se o desenvolvimento de
parcerias estratégicas. (ONG’s, e outras organizações da sociedade civil)

plasmada nos seus três planos de ação:


v Plano de ação para a igualdade entre mulheres e homens (PAIMH);
v Plano de ação para a prevenção e o combate à violência contra as mulheres e à
violência doméstica (PAVMVD);
v Plano de ação para o combate à discriminação em razão da orientação sexual,
identidade e expressão de género, e características sexuais (PAOIEC).

Instrumentos Internacionais de referência


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ONU: A CEDAW é o tratado internacional de direitos humanos que enuncia de uma forma
abrangente todos os direitos das mulheres ao longo do ciclo de vida e em todas as áreas da
vida, centrando-se na eliminação da discriminação contra as mulheres no gozo dos seus
direitos civis, políticos, económicos, sociais e
culturais. Pretende a realização da igualdade
substantiva entre mulheres e homens,
baseando-se em três princípios: a não
discriminação; as obrigações dos Estados Parte
e a igualdade substantiva, a qual implica uma
mudança estrutural e cultural das relações
sociais de género mediante o com- bate aos
estereótipos de género.

Artigo 5.º
Os Estados Partes tomam todas as medidas apropriadas para:
Modificar os esquemas e modelos de comportamento sócio cultural dos homens e das
mulheres com vista a alcançar a eliminação dos preconceitos e das práticas costumeiras, ou
de qualquer outro tipo, que se fundem na ideia de inferioridade ou de superioridade de um
ou de outro sexo ou de um papel estereotipado dos homens e das mulheres;

A CEDAW é o tratado internacional de direitos humanos que enuncia de uma forma


abrangente todos os direitos das mulheres ao longo do ciclo de vida e em todas as áreas da
vida, centrando-se na eliminação da discriminação contra as mulheres no gozo dos seus
direitos civis, políticos, económicos, sociais e culturais. Pretende a realização da igualdade
substantiva entre mulheres e homens, baseando-se em três princípios: a não discriminação;
as obrigações dos Estados Parte e a igualdade substantiva, a qual implica uma mudança
estrutural e cultural das relações sociais de género mediante o
com- bate aos estereótipos de género.

Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate


à Violência contra as Mulheres e à Violência doméstica
(Convenção de Istambul): O cumprimento da Convenção de
Istambul implica uma abordagem holística, desde a prevenção da
violência, à proteção das mulheres e raparigas em risco de
violência, criminalização das pessoas agressoras e adoção e
promoção de políticas integradas. A Convenção vai ainda mais


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longe ao afirmar que o gozo do direito a viver sem violência, tanto na esfera privada quanto
na esfera pública, está interligado com a obrigação de os Estados Parte assegurarem a
igualdade substantiva entre mulheres e homens no exercício e no gozo dos seus direitos civis,
políticos, económicos, sociais e culturais, e o empoderamento das mulheres, reconhecendo
que a violência contra as mulheres tem uma natureza estrutural. Também a Recomendação
Geral nº 35 do Comité́ CEDAW, adotada em julho de 2017, afirma, de forma explicita, que a
violência contra as mulheres constitui uma manifestação das desigualdades históricas nas
relações de poder, sendo um dos principais obstáculos à plena realização da igualdade entre
mulheres e homens.

Os objetivos de desenvolvimento sustentável 2030:


“2015 ficará na história como o ano da definição da Agenda 2030, constituída por 17 Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A Agenda 2030 é uma agenda alargada e ambiciosa
que aborda várias dimensões do
desenvolvimento sustentável
(sócio, económico, ambiental) e que
promove a paz, a justiça e
instituições eficazes. Os Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável
têm como base os progressos e
lições aprendidas com os 8
Objetivos de Desenvolvimento do
Milénio, estabelecidos entre 2000 e
2015, e são fruto do trabalho
conjunto de governos e cidadãos de
todo o mundo. A Agenda 2030 e os
17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável são a visão comum para a Humanidade, um contrato entre os líderes mundiais e
os povos e “uma lista das coisas a fazer em nome dos povos e do planeta”.
(https://unric.org/pt/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel/ )

v 01 - Erradicação da pobreza: acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos


os lugares.
v 02 - Fome zero e agricultura sustentável: acabar com a fome, alcançar a segurança
alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.
v 03 - Saúde e bem-estar: assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para
todos, em todas as idades.
v 04 - Educação de qualidade: assegurar a educação inclusiva, e equitativa e de


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qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.


v 05 - Igualdade de gênero: alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as
mulheres e meninas.
v 06 - Água limpa e saneamento: garantir disponibilidade e manejo sustentável da água
e saneamento para todos.
v 07 - Energia limpa e acessível: garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável
e renovável para todos.
v 08 - Trabalho decente e crescimento econômicopromover o crescimento econômico
sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente
para todos.
v 09 - Inovação infraestrutura: construir infraestrutura resiliente, promover a
industrialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação.
v 10 - Redução das desigualdades: reduzir as desigualdades dentro dos países e entre
eles.
v 11 - Cidades e comunidades sustentáveis: tornar as cidades e os assentamentos
humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
v 12 - Consumo e produção responsáveis: assegurar padrões de produção e de
consumo sustentáveis.
v 13 - Ação contra a mudança global do clima: tomar medidas urgentes para combater
a mudança climática e seus impactos (*).
v 14 - Vida na água: conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares, e dos
recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.
v 15 - Vida terrestre: proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos
ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a
desertificação, deter e reverter a degradação da Terra e deter a perda da
biodiversidade.
v 16 - Paz, justiça e instituições eficazes promover sociedades pacíficas e inclusivas par
ao desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir
instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
v 17 - Parcerias e meios de implementação: fortalecer os meios de implementação e
revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

Portugal assumiu também, em particular no quadro da Organização das Nações Unidas, do


Conselho da Europa, da União Europeia e da CPLP, outros numerosos compromissos
políticos nestes domínios, nomeadamente:

• Declaração e Plataforma de Ação de Pequim e as 12 áreas críticas e documentos de


compromisso decorrentes das suas revisões.


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• Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e os 17 Objetivos de Desenvolvimento


Sustentável.
• Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento e
documentos de compromisso decorrentes das suas revisões.
• Nova Agenda Urbana da ONU até 2036.
• Estratégia do Conselho da Europa para a Igualdade entre Mulheres e Homens 2018-2023, a
qual estabelece seis domínios de ação prioritários.
• Pacto Europeu para a Igualdade entre Homens e Mulheres 2011-2020 (Conselho da UE),
Compromisso Estratégico para a Igualdade de Género 2016-2019 (Comissão Europeia), Pilar
Europeu dos Direitos Sociais, e Plano de ação UE 2017-2019 para colmatar as disparidades
salariais entre homens e mulheres.
• Estratégia Europa 2020, e o processo de reflexão na sequência do lançamento, em março
de 2017, do Livro Branco sobre o futuro da Europa: reflexão e cenários para a UE-27 em 2025.
• Estratégia Nacional para o Portugal 2030, em formulação.
• Plano Estratégico de Cooperação para a Igualdade de Género e Empoderamento das
Mulheres (CPLP) de 2010, e Plano de Ação para a Igualdade de Género e Empodera- mento
das Mulheres (CPLP 2017-2020).
• Recomendação CM/Rec(2010)5 do Comité de Minis- tros aos Estados-Membros do Conselho
da Europa sobre medidas para o combate à discriminação em razão da orientação sexual ou
da identidade de género que aconselha os Estados-Membro (i) a rever o quadro legislativo
exis- tente, compensando eventuais situações de discriminação fundada na orientação sexual
ou identidade de género; (ii) a adotar e implementar medidas legislativas para o combate à
discriminação em razão da orientação sexual ou da iden- tidade de género, a fim de garantir
o respeito pelos direitos humanos das pessoas LGBTI; e (iii) a assegurar às vítimas de
discriminação acesso aos meios jurídicos e formas de reparação por atos de discriminação
sofridos.

Mecanismos nacionais

Ao nível nacional no que toca aos mecanismos de promoção da IG temos:

A Comissão para a Igualdade de Género (CIG) (ex-Comissão para a Igualdade e Direitos das
Mulheres (CIDM)). Foi criada em 1991, sucedendo à Comissão da Condição Feminina CCF,
institucionalizada em 1977. É um órgão executivo na direta dependência da Presidência do
Conselho de Ministros e detêm um papel central no edifício político-jurídico das políticas de
igualdade de oportunidades e género. É um órgão cuja originalidade institucional é reforçada
pela existência de um Conselho Consultivo composto por uma secção Interministerial e por


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Secção de ONG’s.

A CITE (Comissão para a Igualdade no trabalho e Emprego). Foi criada em 1979, com o fim de
velar pela aplicação da legislação da igualdade nos contextos de trabalho e profissional. Tem
uma composição tripartida, com representantes governamentais, das confederações sindicais
e patronais. Tem igualmente a função de informar, divulgar e de formação e de emissão de
pareceres nas área das suas atribuições. É formada por representantes governamentais e dos
parceiros sociais nomeadamente: Confederação do Comércio e Serviços de Portugal – CCP,
Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional – CGTP-IN,
Confederação da Indústria Portuguesa – CIP e União Geral dos Trabalhadores – UGT.

Ao nível internacional enunciamos as instâncias para a igualdade e/ou para a promoção da


situação das mulheres, na Europa e especificamente na UE:
A - Conselho da Europa (www.coe.int/equality )
No contexto do Conselho da Europa, encontramos a Comissão para a Igualdade de
Oportunidades entre as Mulheres e os Homens, no âmbito da Assembleia Parlamentar; o
Comité Diretor para a Igualdade entre as Mulheres e os Homens (CDEG), no âmbito da Direção
dos Direitos Humano; e os Grupos Ad-Hoc de peritos/as criados pelo CDEG com mandatos
específicos e temporários.
B - União Europeia: www.ec.europa.eu/justice/gender-equality
Instituto europeu para a Igualdade de Género (EIGE) (www.eige.europa.eu/)
Organizações internacionais nomeadamente:

C- As Nações Unidas (ONU) comporta várias agências que trabalham exclusivamente sobre as
questões de género e situação das mulheres:

a) Divisão para o Avanço das Mulheres (DAW);


b) Instituto Internacional de Investigação;
c) Formação para o Avanço das Mulheres (INSTRAW)
d) Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para as Mulheres (UNIFEM).

No âmbito da DAW existe ainda a Comissão para o Estatuto das Mulheres, que é uma comissão
funcional do Conselho Económico e Social das Nações Unidas (ECOSOC).
Por sua vez, o CEDAW, Comité criado para o acompanhamento da aplicação da Convenção
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres.
Na Organização para a Cooperação Económica e Desenvolvimento (OCDE) encontramos
outros Grupos de Trabalho sobre Igualdade de Género na União Europeia e Parlamento
Europeu, bem como a Comissão dos Direitos das Mulheres Igualdade de Género. Portugal tem


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3 eurodeputadas nesta Comissão; o Grupo de Trabalho sobre Igualdade de Género, a


Comissão dos Direitos das Mulheres Igualdade de Género. Portugal tem 3 eurodeputadas
nesta Comissão.

Outros grupos importantes a destacar:

a) Grupo de Comissários Direitos Fundamentais, Não Discriminação e Igualdade de


Oportunidades;
b) Grupo Inter-Serviços para a Igualdade de Género;
c) Comité Consultivo para a Igualdade de Oportunidades entre as Mulheres e os Homens, onde
a representação portuguesa é assegurada pela CIG e pela CITE;
d) Grupo de Alto Nível para o Mainstreaming de Género;
e) Grupo de Alto Nível para o Mainstreaming de Género nos Fundos Estruturais;
f) Comité Consultivo para as mulheres nas áreas rurais;
g) Grupo de Especialistas sobre igualdade de género na cooperação para o desenvolvimento;
h) Grupo de Helsínquia sobre mulheres e ciência;
i) Rede europeia para a promoção do empreendedorismo das mulheres (WES);
j) Grupo de especialistas sobre tráfico de seres humanos;
k) Rede de focal points para o género – Rede de focal points para a igualdade de
oportunidades – Instituto Europeu para a Igualdade de Género

A CIG é entidade responsável pela execução e acompanhamento da ENIND Portugal + igual.


(ver: ENIND 2018-2030).

Responsabilidade social das organizações da sociedade civil para a concretização da


igualdade de género


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Deve ter-se em conta que não há nada mais difícil do que planear, nada mais duvidoso que o
êxito,
nem nada mais perigoso do que a criação de um novo sistema. Quem o iniciar terá a
inimizade de
todos aqueles que lucrariam com a preservação das velhas instituições e apenas a mera
defesa moderada daqueles que lucrariam com a mudança.
Maquiavel,
In “O Príncipe”, 1513

As ONG, bem como o terceiro sector e/ou a economia social em geral têm sido os principais
impulsionadores da Responsabilidade Social. (Manokha, 2004) Contudo, nos últimos anos
verificou-se um entendimento de certo modo redutor sobre o que é de facto a
Responsabilidade Social, e que se pautava por um conceito fortemente ligado à filantropia
empresarial. Um dos fatores que potenciaram esta perceção foi o facto de o conceito surgir
em torno das Empresas – geradoras de lucro, isto é, Responsabilidade Social das Empresas
como é exemplo o Livro Verde da União Europeia. Entende-se por Responsabilidade Social e
segundo o Instituto Ethos, ela engloba a ideia de um conjunto de valores
baseados em princípios éticos.
“A busca de excelência pelas empresas passa a ter como objetivos a qualidade nas relações e
a sustentabilidade económica, social e ambiental”

Em 2002 o 2ª Fórum Social Mundial demarcou a Responsabilidade Social como um conceito


operacionalizável, onde estiveram ONG´s e ONGD´s e outras entidades da sociedade civil
organizada na discussão de estratégias concertadas em prol da globalização e do seu
desenvolvimento coerente e ajustado aos intervenientes e stakeholders, nomeadamente
acordando uma estratégia passando pelos direitos humanos, no acesso à saúde e à educação
e superação da pobreza. Assim o grande veículo de passagem desta informação assentou num
modelo de subsidiariedade em pirâmide estado na base e último fim a Responsabilidade
Económica (ser lucrativa); em terceiro a Responsabilidade Leal (obedecer à Lei); no segundo
a Responsabilidade Ética (ser ético, fazer o que é certo, evitar perdas) e por final e no topo da
pirâmide a Responsabilidade Social com o desenvolvimento da comunidade e melhoria da
qualidade de vida. Como podemos analisar a responsabilidade Social surge como forma
fomentar e corresponsabilizar as entidades para a prossecução de metas orientadas para as
relações humanas e para a obtenção e partilha e coletivização de problemáticas para que se
consigam dirimir através de modelo e de normas nacionais e internacionais para a
Responsabilidade Social das empresas publicas e privadas.


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“A NP ISO 26000 disponibiliza linhas de


orientação relativamente aos
princípios de responsabilidade social
fundamentais, quer quanto ao
reconhecimento da responsabilidade
social, quer quanto ao envolvimento
das partes interessadas, aos assuntos
fundamentais e às questões que dizem
respeito à responsabilidade social, bem
como quanto às formas de integrar um
comportamento socialmente
responsável na organização. Esta
Norma dá ainda ênfase à importância
dos resultados e das melhorias no
desempenho organizacional na
sequência da adoção dos referidos
princípios de Responsabilidade
Social.” 1 IN: Rede RSO PT, GT ISO
26000, UMA VISÃO DA
RESPONSABILIDADE SOCIAL, agir bem Fazendo Melhor, 2015

CONCLUSÃO:

A igualdade de género é um direito humano que assim deve ser tido em conta com outros
direitos humanos, numa lógica de intersecionalidade. Este princípio ajuda-nos a compreender
a importância do combate das desigualdades e da discriminação por um lado, e por outro a
promoção quer dos direitos humanos quer de um modelo de humanidade mais justa e igual.
Todos os países e comunidades/organizações têm o seu papel e contributo a dar neste
processo, neste caminho que estamos a fazer desde a modernidade, sensivelmente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Almeida, J. F. (2013a), “Uma visão sociológica do bem comum”, in Pato, João, Lu.sa Schmidt e
Maria Eduarda Gonçalves (orgs.), Bem Comum – Público e/ou Privado? Lisboa, Imprensa de
Ciências Sociais.

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CITE, (2003) Manual de apoio à formação de Formadoras/es em Igualdade de Oportunidades


entre Homens e Mulheres, CITE

Connell, R. (1987). Gender and power: society, the person, and sexual politics. Stanford, CA:
Stanford University Press.

Torres, A e all. Igualdade de género ao longo da vida: Portugal no contexto europeu. FFMS,
2018 (https://www.ffms.pt/FileDownload/97de6517-2059-46b4-967a-
f3b8a15ef139/igualdade-de-genero-ao-longo-da-vida )

Webgrafia
http://www.cite.gov.pt/
http://www.cig.gov.pt/

http://cieg.iscsp.ulisboa.pt/publicacoes

https://unric.org/pt/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel/


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