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Trabalho de Campo Enquanto Parte Do Processo Etnográfico
Trabalho de Campo Enquanto Parte Do Processo Etnográfico
do Processo Etnográfico
O processo etnográfico surge no final do século XIX início do seculo XX, com a
necessidade de entender os traços culturais das comunidades e grupos sociais, como diz
a própria palavra etnografia: etno/ethnos significa cultura e grafia/graphein, por sua vez,
escrita, ou seja, a cultura escrita. Esta consiste numa metodologia usada nas ciências
sociais, tendo como objetivo o estudo das culturas e do comportamento de diversos
grupos sociais. É preciso notar que a palavra “etnografia” também possui um carater de
dupla valência, uma vez que pode ser encarada como um produto escrito, ou como um
processo.
“Ethnography, both product and process, has a history and pattern of development of
its own.” SANJEK, Roger (2002)
Trabalho de campo
O processo etnográfico é composto por várias fases que vão desde a pré-
imaginação, ao trabalho de campo e a escrita do resultado. Focando no trabalho de
campo, tema do trabalho, este consiste numa técnica de pesquisa, usada pelas Ciências
Sociais, em especial pela Antropologia. Antes de se iniciar o trabalho de campo, fase
designada por “pré-imaginação”, dá-se uma coletânea de informação, literatura,
métodos, é realizada uma tabela temporal e apurado um “budget”. Como o trabalho de
campo requer contacto direto para que a experiência seja bem-sucedida é também
necessária a inserção do pesquisador na sociedade, comunidade ou grupo a ser estudado,
de modo que este possa acompanhar as práticas diárias, que além de observadas devem
ser vivenciadas pelo mesmo. Vários autores discutem as possíveis durações para o
trabalho de campo, embora nunca se tenha chegado a um consenso, por exemplo para a
etnografia clássica este seria de 6 meses a 2 anos ou mais em campo (Fetterman, David
M. 2010). No entanto, nem sempre é possível uma permanência tão duradora ou
contínua em campo, também se encontra em causa o estudo ser sobre uma cultura
estrangeira ou não, pois esse fator ajuda na delineação de um cronograma temporal. A
melhor altura para a partida será mesmo quando já está reunida informação suficiente
para descrever o estudo ou para responder a perguntas formuladas anteriormente. Assim
que o mesmo padrão se continue a reafirmar é hora de organizar a informação e dedicar
tempo ao papel.
“The ethnographer enters the field with an open mind, not an empty head” -
(Fetterman, David M. 2010).
Papeis do Investigador
Observação-Participante
Notas de campo
“Field notes are the brick and mortar of an ethnographic edifice.” (Fetterman, David
2010)
Como dita Fetterman (2010), as notas de campo, são peças essenciais para a
construção de uma etnografia, estas podem constituir informações relativas a
observações ou a dados de entrevistas. Tendo em conta, que as memórias se vão
dissipando, as notas têm um carater de extrema importância e devem ser apontadas
enquanto a informação se encontra “fresca”. A escrita cronológica de eventos em
diários é uma das chaves para manter as informações organizadas e surge como um
meio de o etnógrafo se lembrar das suas reações, sentimentos e frustrações relacionadas
ao trabalho de campo (Sanjek, Roger 1990). Em alguns momentos, surge a necessidade
dos etnógrafos se afastarem para gravar ou escrever explicações sobre determinados
temas. Os métodos e técnicas para adquirir dados, como o instrumento humano, são
peças de analise fundamentais que permitem o processo virar produto.
Uma das soluções para não deixar acumular trabalho, ou correr o risco da
informação ou contextualização das notas cair em esquecimento, os etnógrafos
aproveitam os seus tempos livres, muitas das vezes à noite no seu retiro, para compor
texto ou transcrever informações gravas visualmente ou por áudio. Ao mesmo tempo
que vão sendo organizados os dados, enquanto decorre a investigação, é possível que o
etnógrafo vá formulando ideias. A otimização da escrita das notas através de
abreviações, também possui um carater chave, que permite ao etnógrafo apontar o
máximo de informação possível com a maior brevidade possível, estes símbolos servem
também como gatilhos para desencadear memórias relativas a acontecimentos
observados em campo (Fetterman, David 2010)
Entrevista Etnográfica
De acordo com Davies, Charlotte Aull (1999), as entrevistas são usadas pelos
etnógrafos que usam como método principal a observação participante. Estas poderão
ser não estruturadas, o que se assemelha a conversas informais, o facto de não serem
estruturadas não implica que não haja tópicos que o etnógrafo procure explorar;
estruturadas, que implicam uma elaborada pesquisa antes, existem perguntas pré-
determinadas, apesar do rigor há uma certa liberdade face as respostas dadas pelo
entrevistado e por último temos, surgindo como um meio termo, a entrevista
semiestruturada, esta tem uma abordagem divergente de uma interação social normal,
implica uma estrutura, mesmo que informal, apesar desta podem sempre ser inclusos
novos tópicos e perguntas suplementares, os entrevistados têm sempre liberdade para
expandir as suas respostas, sem serem sujeitos a restrições associadas a noções pré-
concebidas dos etnógrafos.
Conclusão