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Comércio Fluído
Comércio Fluído
CIBERESPAÇO:
como a técnicas digitais aproximam negócios, consumo e pessoas
Resumo: O presente artigo tem como objetivo abordar o comércio virtual e suas
extensões nas práticas cotidianas do sujeito cartesiano em rede (BAUMAN, 2008). Para
tal estudo, irá ser feito um retrato da evolução da Internet (CASTELLS, 1999) até a
formação da catalaxia (SODRÉ, 2002), nesse espaço onde o ordenamento
mercadológico cria diversas maneiras de promover o consumo, aproveitando-se do
potencial de colaboração dos usuários na Web 2.0 (ANTOUN, 2008) para aproximar
negócios e pessoas. Para tanto será feita uma análise netnográfica de modelos de
comércio on-line diversos.
Palavras-chaves: comércio virtual; colaboração dos usuários; conversa em rede;
consumo.
INTRODUÇÃO
Outro site que também usa da participação dos usuários é a Amazon. O cadastro
no sistema adota um meio “inteligente” para ajudar o leitor ávido por novidades: é
possível preencher um cadastro com os assuntos do interesse particular e deste modo o
sistema também avisa quando chega uma mercadoria nova dentro da especificação. Há
também uma filtragem colaborativa que recomenda livros, música e vídeos com base
nas compras efetuadas. Tais sites são vistos como comunidades já que agregam
colaborações de usuários, com comentários e discussões que criam um valor
determinado (TAPSCOTT; TICOLL; LOWY, 2001, p.93).
Tudo é estipulado no mercado on-line, desde preços até o processo final da
compra. Os sites de comparação de preços e serviços, como o www.e-bit.com.br e
www.buscapé.com.br que utilizam do mecanismo, viraram os “buscadores de
mercadoria”: Basta digitar o nome do produto ou serviço na busca e em um clique abre
uma página com preços, detalhes do produto, avaliações dos consumidores com
comentários e o ranking feito pelo total de avaliações, listando prós e contras e fotos e
vídeo, deste modo o sistema acaba virando um “infomediário”, um tipo de intermediário
de negociações, que deve criar valor digital de informação através de cruzamento de
dados, como explica FIORE (2001, p.34):
Seu trabalho é tirar informações de compradores, suas necessidades,
preferências, critérios e perfis, bem como informações sobre vendedores
como estoques, produtos, serviços, termos e condições, e fornecer novos
serviços agregados para os compradores e vendedores. Os infomediários
manipulam informações para extrair o valor delas ao revendê-las, reutilizá-
las, ‘reembalá-las’ ou doá-las.
Mas não é só nos EUA que foi adotado o modelo, no Brasil já tem o “Zona Sul
Atende” e tantos outros supermercados que tentam atingir a fatia de possíveis
consumidores “práticos”. Tais sistemas ainda abrigam a “gôndola virtual”, a busca
dentro do site, a ajuda por chat e até integração com redes sociais. O objetivo é montar
um negócio focado no cliente e no relacionamento construído no sistema (IDEM,
IBIDEM, p.74).
O capital informação
Outras formas de comprar são através das redes sociais, como Facebook e You
Tube (SIBILIA, 2008, p.17). Nelas o sujeito pode “curtir” e seguir a marca, trocar
comentários ou mesmo compartilhar opiniões. Neste sistema, a mercadoria se confunde
com a conversa na rede de amizades: A interação social realizada entre duas ou mais
pessoas por meio dos comentários on-line, sejam em textos ou imagens, tomam sentidos
diversos, de modo a serem transformados em produtos de consumo. Como corrobora
Bakhtin (1998), os indivíduos ao se organizarem no ambiente on-line tornam os signos
sociais por natureza, ou seja, as mensagens viram mercadorias através das interações.
Além de flutuar nos shoppings eletrônicos ou redes sociais pode-se também criar
um comércio voltado para si mesmo, com a chamada lista de desejos (“wish list”), onde
a pessoa pode criar uma seleção virtual de objetos de desejo feita completamente on-
line, como nas ocasiões de casamento ou aniversários, onde o consumidor aponta para
os amigos e familiares o que ele quer (FIORE, 2001, p.47). Os gastos feitos são
considerados rituais sociais, onde se torna quase uma obrigação o consumo dos
produtos elencados para a marcação de amizade, pois é necessário comparecer ao
evento que foi convidado e demarcar a ocasião com um presente (DOUGLAS;
ISHERWOOD, 2006, p.40). No site “I Casei” (icasei.com.br, acessado em 26/08/2013),
um exemplo do modelo, possui a história dos noivos, fotos e uma parte destinada a lista
de casamentos, muitas vezes direcionada a um outro tipo de comércio eletrônico
especializado, como serviço de fotografias, filmagens e lembranças.
E quando o sujeito quer fazer uma lista de desejos pessoal, chamando os amigos
para colaborarem virtualmente? Neste âmbito a mercadoria vira o sujeito. A necessidade
de obter um produto para si via socialização cria sites como o “Vaquinha on-line”.
Considerações Finais
Referências
DOUGLAS, Mary e ISHERWOOD, Baron. O mundo dos bens: para uma antropologia
do consumo. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2006.
HAUG, Wolfang Fritz. Crítica da Estética da Mercadoria. São Paulo: Fundação editora
da UNESP, 1997.
SIBILIA, Paula. O show do Eu: a intimidade como espetáculo. RJ: Nova Fronteira,
2008.