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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA 1º DO JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL DA COMARCA DE CORNÉLIO PROCÓPIO PR.

AUTORA RUTER CHAGAS DE ANDRADE, inscrito no CPF sob nº 144.158.458/78,


residente e domiciliado na Rua Ceará , 745, na cidade de Cornélio Procó pio - PR, vem à
presença de Vossa Excelência, ajuizar:

AÇÃO INDENIZATÓRIA
em face de ________ , pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº ________ ,
________ , com sede na ________ , ________ , ________ , na Cidade de ________ , ________ , ________ , e;

________ , pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº ________ , ________ , com
sede na ________ , ________ , ________ , na Cidade de ________ , ________ , ________ , pelos motivos e
fatos que passa a expor.

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DOS FATOS
Em ________ , o Autor ________ ________ junto à Loja ________ empresa Ré, com pagamento à vista
no valor de ________ , o que se comprova pela Nota Fiscal em anexo.

No entanto, contrariando qualquer expectativa depositada na compra, apó s ________ dias da


aquisiçã o, o ________ apresentou vícios que impossibilitaram seu uso, obrigando o Autor a
buscar auxílio da empresa Ré imediatamente.

No entanto, ao chegar no estabelecimento comercial, o Autor obteve a informaçã o de


________ .

O Autor, por nã o poder contar com a reposiçã o imediata do produto/serviço, nem dinheiro
para buscar outro, teve que sofrer o desgaste de ter que procurar por conta os contatos do
fabricante, sem que tivesse igualmente qualquer êxito.

Ao sentir-se lesado, sem qualquer posicionamento das empresas Rés, o Autor buscou ajuda
no PROCON, porém, até o momento nada foi resolvido, razã o pela qual intenta a presente
demanda.

DO ENQUADRAMENTO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

A norma que rege a proteçã o dos direitos do consumidor, define, de forma cristalina, que o
consumidor de produtos e serviços deve ser abrigado das condutas abusivas de todo e
qualquer fornecedor, nos termos do art 3º do referido Có digo.

No presente caso, tem-se de forma nítida a relaçã o consumerista caracterizada, conforme


redaçã o do Có digo de defesa do Consumidor:
Lei. 8.078/90 - Art. HYPERLINK "https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608617/artigo-
3-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990"3º. Fornecedor é toda pessoa física ou
jurídica, pú blica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados,
que desenvolvem atividades de produçã o, montagem, criaçã o, construçã o, transformaçã o,
importaçã o, exportaçã o, distribuiçã o ou comercializaçã o de produtos ou prestaçã o de
serviços.

Lei. 8.078/90 - Art. HYPERLINK "https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10608698/artigo-


2-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990"2º. Consumidor é toda pessoa física ou
jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatá rio final.

Assim, uma vez reconhecido o Autor como destinatário final dos serviços contratados,
e demonstrada sua hipossuficiência técnica, tem-se configurada uma relaçã o de consumo,
conforme entendimento doutriná rio sobre o tema:

"Sustentamos, todavia, que o conceito de consumidor deve ser interpretado a partir de dois
elementos: a) a aplicação do princípio da vulnerabilidade e b) a destinação econômica não
profissional do produto ou do serviço. Ou seja, em linha de princípio e tendo em vista a
teleologia da legislação protetiva deve-se identificar o consumidor como o destinatário final
fático e econômico do produto ou serviço." (MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do
Consumidor. 6 ed. Editora RT, 2016. Versã o ebook. pg. 16)

Ademais, a sujeiçã o das instituiçõ es financeiras à s disposiçõ es do Có digo de Defesa do


Consumidor foi declarada constitucional pelo Plená rio do Supremo Tribunal Federal no
julgamento da açã o direta de inconstitucionalidade 2.591/DF DJU de 13.4.2007, p. 83.

Trata-se de redaçã o clara da Sú mula 297 do Superior Tribunal de Justiça, que assim dispõ e:

O Código de Defesa do consumidor é aplicável às instituições financeiras.

Com esse postulado, o Réu nã o pode eximir-se das responsabilidades inerentes à sua
atividade, dentre as quais prestar a devida assistência técnica, visto que se trata de um
fornecedor de produtos que, independentemente de culpa, causou danos efetivos a um de
seus consumidores.

DO ENQUADRAMENTO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

A norma que rege a proteçã o dos direitos do consumidor, define, de forma cristalina, que o
consumidor de produtos e serviços deve ser abrigado das condutas abusivas de todo e
qualquer fornecedor, nos termos do art 3º do referido Có digo.

O fato de tratar-se de PESSOA JURÍDICA nã o retira per se a qualidade de consumidor.

No presente caso, a VULNERABILIDADE do consumidor, mesmo que pessoa jurídica, fica


perfeitamente demonstrada pela hipossuficiência:

Hipossuficiência Econômica, uma vez que evidente o desequilíbrio entre a empresa


fornecedora, de grande porte em face da ________ adquirente, em especial pela situaçã o
financeira da empresa que ________ ;

Hipossuficiência Jurídica, uma vez que pelo porte das empresas já se vislumbra a
desigualdade no suporte jurídico, em que obviamente a empresa fornecedora conta com
equipe interna de Advogados atuando constantemente, enquanto a empresa contratante
conta com consultorias esporá dicas pelo alto custo envolvido;

Hipossuficiência Técnica, uma vez que atuantes em segmentos manifestamente distintos,


fica claro o total desconhecimento por parte da empresa contratante sobre as nuances e
detalhes do serviço contratado, confirmando o distanciamento técnico entre ambas as
partes.

Destaca-se a VULNERABILIDADE TÉCNICA que se caracteriza na medida em que, mesmo


sendo pessoa jurídica, nã o dispõ e de conhecimento técnico suficiente para fazer oposiçã o
aos argumentos da parte contrá ria quanto à s impropriedades do produto
comprometedores de seu desempenho, evidenciando o desequilíbrio.

No presente caso, o produto adquirido era para consumo final da empresa, nã o fazendo
parte da cadeia produtiva do objeto da empresa, tratando-se de verdadeira destinatária
final do produto.

Tem-se, portanto, perfeito enquadramento ao CDC:

Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pú blica ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de
produçã o, montagem, criaçã o, construçã o, transformaçã o, importaçã o, exportaçã o,
distribuiçã o ou comercializaçã o de produtos ou prestaçã o de serviços.

Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.

Portanto, uma vez que enquadrada como destinatá ria final dos serviços prestados pelo réu ,
bem como evidenciada sua hipossuficiência técnica em relaçã o ao produto, resta
configurado o enquadramento ao direito do consumidor.

Nesse sentido, confirma a jurisprudência sobre o tema

VULNERABILIDADE TÉCNICA. CONSUMIDOR PESSOA JURÍDICA. A expressã o


destinatá rio final, de que trata o art. 2º , caput, do Có digo de Defesa do Consumidor abrange
quem adquire produtos e serviços para fins nã o econô micos, e também aqueles que,
destinando-os a fins econô micos, enfrentam o mercado de consumo em condiçõ es de
vulnerabilidade. A vulnerabilidade referida no CDC não é apenas a econômica, mas,
entre outras, também a técnica. Hipótese em que a parte autora, embora pessoa
jurídica, é tecnicamente vulnerável perante a requerida, sendo caso de aplicação do
CDC à espécie. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. DECISÃ O MONOCRÁTICA.
(Agravo de Instrumento Nº 70081360067, Décima Câ mara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Jorge Alberto Schreiner Pestana, Julgado em 30/04/2019).
APELAÇÃ O - AÇÃ O COMINATÓ RIA - BANCO DEPOSITÁ RIO - CHEQUE - EX-SÓ CIO -
RETIRADA - LIQUIDAÇÃ O - OBRIGAÇÃ O DE INDENIZAR - FOTUITO INTERNO -
RESPONSABILIDADE OBJETIVA - CDC - BANCOS - APLICAÇÃ O. O banco depositá rio que
recebe cheque emitido por ex-só cio de sociedade empresá ria, cuja retirada já havia sido
processada, inclusive na Junta Comercial, e liquida-o, da obrigaçã o de indenizar a
importâ ncia do cheque nã o pode ser furtar, porquanto liquidou cheque emitido por pessoa
nã o autorizada, situaçã o pró pria de fortuito interno, objeto de responsabilidade objetiva,
inerente ao risco do empreendimento. O CDC aplica-se na relaçã o dos bancos com seus
clientes pessoas jurídicas, sendo a pessoa jurídica destinatá ria final do serviço, inexistente
a hipó tese de tomada de capital que caracterize insumo. (TJ-MG - Apelaçã o Cível
1.0000.19.127338-2/001, Relator (a): Des.(a) Renan Chaves Carreira Machado (JD
Convocado), julgamento em 22/01/2020, publicaçã o da sumula em 23/01/2020)

No presente caso, ainda que o produto seja adquirido para uso na atividade econô mica da
empresa, tem-se no presente caso a perfeita configuraçã o de sua hipossuficiência.

O STJ já vem reiteradamente reconhecendo a mitigaçã o da teoria finalista para o


enquadramento no CDC, nos seguintes termos:

RECURSO ESPECIAL. CIVIL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE UNIDADE DE APART-


HOTEL. PARALISAÇÃ O DAS OBRAS. AÇÃ O RESOLUTÓ RIA. CÓ DIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. APLICABILIDADE. CONSUMIDOR FINAL. AFASTAMENTO. INVESTIDOR.
TEORIA FINALISTA MITIGADA. VULNERABILIDADE. AFERIÇÃ O. NECESSIDADE. (...). 3. O
adquirente de unidade imobiliá ria, mesmo nã o sendo o destinatá rio final do bem e apenas
possuindo o intuito de investir ou auferir lucro, poderá encontrar abrigo da legislaçã o
consumerista com base na teoria finalista mitigada se tiver agido de boa-fé e nã o detiver
conhecimentos de mercado imobiliá rio nem expertise em incorporaçã o, construçã o e venda
de imó veis, sendo evidente a sua vulnerabilidade. Em outras palavras, o CDC poderá ser
utilizado para amparar concretamente o investidor ocasional (figura do consumidor
investidor), nã o abrangendo em seu â mbito de proteçã o aquele que desenvolve a atividade
de investimento de maneira reiterada e profissional. 4. (...). 5. Na hipó tese, é inegável que a
promissá ria compradora era investidora, pois tinha ciência de que as unidades
habitacionais nã o seriam destinadas ao pró prio uso, já que as entregou ao pool hoteleiro ao
anuir ao Termo de Adesã o e ao contratar a constituiçã o da sociedade em conta de
participaçã o para exploraçã o apart-hoteleira, em que integraria os só cios participantes
(só cios ocultos), sendo a Blue Tree Hotels a só cia ostensiva. Pela teoria finalista mitigada, a
Corte local deveria ao menos aferir a sua vulnerabilidade para fins de aplicaçã o do CDC. 6.
(...). 8. Recurso especial provido. (STJ, REsp 1785802/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS
BÔ AS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/02/2019, DJe 06/03/2019)

Nesse sentido, confirma a jurisprudência sobre o tema:

APELAÇÃ O CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O POR DANOS


MORAIS. PRODUTO FORA DO PRAZO DE VALIDADE. ABALO À IMAGEM DO AUTOR. DANO
MORAL CONFIGURADO. QUANTUM INDENIZATÓ RIO MANTIDO. Situaçã o dos autos em que
a parte autora adquiriu produtos alimentícios produzidos pela demandada (picolés) que
estavam com prazo de validade vencido e impró prios para consumo, frustrando a
realizaçã o de evento promocional para o qual foi contratado, prejudicando sua imagem e
atividade profissional de produtor de eventos. Hipó tese que, embora a parte autora nã o
figure tecnicamente como destinatá rio final do produto, mostra-se possível a incidência das
normas protetivas do CDC, diante de sua hipossuficiência e vulnerabilidade em relaçã o à
demandada, aplicando-se a teoria finalista mitigada. Precedentes do STJ. Circunstâ ncia de
responsabilidade pelo vício do produto, em que o demandado responde objetivamente
pelos danos decorrentes, conforme inteligência do art. 18, § 6º, I, do CDC. Prova dos autos
evidencia que, em razã o de os picolés estarem com a data de validade vencida, restou
frustrada a realizaçã o da açã o promocional de lançamento de um refrigerador para a qual
fora contratado o autor como promotor de eventos. Demonstraçã o de que o fato prejudicou
a imagem do autor perante o contratante, afetando sua reputaçã o profissional e causando
abalos à sua esfera extrapatrimonial. Danos morais configurados. Nã o comporta adequaçã o
o valor da indenizaçã o, fixado em R$ 8.000,00, vez que fixado de acordo com as
peculiaridades do caso em concreto, os princípios da razoabilidade e proporcionalidade,
além da natureza jurídica da indenizaçã o. RECURSOS DESPROVIDOS. (TJ-RS; Apelaçã o
Cível, Nº 70082479643, Nona Câ mara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Tasso Caubi
Soares Delabary, Julgado em: 18-12-2019)

Assim, uma vez reconhecid a hipossuficiência técnica, tem-se configurada uma relaçã o
de consumo, conforme entendimento doutriná rio sobre o tema:

"Sustentamos, todavia, que o conceito de consumidor deve ser interpretado a partir de dois
elementos: a) a aplicação do princípio da vulnerabilidade e b) a destinação econômica não
profissional do produto ou do serviço. Ou seja, em linha de princípio e tendo em vista a
teleologia da legislação protetiva deve-se identificar o consumidor como o destinatário final
fático e econômico do produto ou serviço." (MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do
Consumidor. 6 ed. Editora RT, 2016. Versã o ebook. pg. 16)

Com esse postulado, o Réu nã o pode eximir-se das responsabilidades inerentes à sua
atividade, dentre as quais prestar a devida assistência técnica, visto que se trata de um
fornecedor de produtos que, independentemente de culpa, causou danos efetivos a um de
seus consumidores.

DA INDENIZAÇÃO DEVIDA
Ao adquirir um produto ou serviço, o consumidor tem a legítima expectativa de receber
adequado ao uso de acordo com as expectativas geradas na compra, ou seja, sem a
necessidade de qualquer adaptaçã o, e principalmente, que este nã o possua nenhum defeito
ou algum vício que lhe diminua o valor ou que o impossibilite de utilizá -lo normalmente.

É sabido que a responsabilidade refere-se a qualquer vício ou defeito, seja ele de


quantidade ou qualidade, nos termos do Có digo de Defesa do Consumidor:

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador


respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos
causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricaçã o,
construçã o, montagem, fó rmulas, manipulaçã o, apresentaçã o ou acondicionamento de seus
produtos, bem como por informaçõ es insuficientes ou inadequadas sobre sua utilizaçã o e
riscos.

(...)

Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem
impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes
da disparidade com as indicaçõ es constantes da oferta ou mensagem publicitá ria, podendo
o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

Assim, constatado ________ e nã o solucionado no prazo legal, tem-se o direito à substituiçã o


do produto ou devoluçã o do valor pago.

DO PRAZO DE GARANTIA
No presente caso, o vício foi detectado em ________ , conforme ________ . Ou seja, dentro do
prazo de garantia contratual do produto que era de ________ da data de compra, ocorrida em
________ .

Tratando-se de garantia contratual, nos termos do Art. 50 do CDC, nã o há qualquer motivo


para a negativa do conserto, conforme precedentes sobre o tema:

Consumidor. Defeito do televisor. Responsabilidade da seguradora, que concedeu garantia


estendida. Obrigaçã o de consertar o aparelho no prazo de 30 dias ou restituir o valor do
produto. Dano moral nã o configurado. Recurso parcialmente provido. (TJSP; Apelaçã o Cível
1000305-78.2019.8.26.0073; Relator (a): Pedro Baccarat; Ó rgã o Julgador: 36ª Câ mara de
Direito Privado; Foro de Avaré - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento: 29/11/2019; Data de
Registro: 29/11/2019)

Afinal, ausente qualquer elemento que evidencie mau uso, nã o se pode admitir que um
produto de R$ ________ , pudesse durar apenas ________ , evidenciando um vício redibitó rio.

DO PRAZO DE GARANTIA
Mesmo que fora do prazo de garantia, tratando-se de bem durável, é dever do fornecedor
corrigir os vícios apresentados.

CONSUMIDOR. NOTEBOOK. VÍCIO DO PRODUTO. EXPIRAÇÃ O DO PRAZO DA GARANTIA


CONTRATUAL. IRRELEVÂ NCIA. GARANTIA LEGAL DE ADEQUAÇÃ O QUE INDEPENDE DE
TERMOS EXPRESSOS. ART. 24 CDC. Ainda que expirado o prazo de um ano da garantia
contratual, dada a natureza do produto, notebook, e o vício apresentado, defeito na
placa mãe, há incidência da responsabilidade do fornecedor do produto, por força do
art. 18 do CDC. Garantia legal de adequaçã o que nã o se confunde com o prazo de
decadência previsto no art. 26, II, CDC. Caso em que nã o há qualquer indicativo de mau uso
do produto por parte do consumidor. Vício que tornou o produto impró prio ao fim a que se
destina, sendo de rigor a sua substituiçã o. Recurso que se nega provimento. (TJSP; Recurso
Inominado Cível 1030010-23.2018.8.26.0602; Relator (a): Carlos Alberto Maluf; Ó rgã o
Julgador: 1ª Turma; Foro de Sorocaba - 2ª Vara do Juizado Especial Cível; Data do
Julgamento: 17/01/2020; Data de Registro: 17/01/2020)

Afinal, ausente qualquer elemento que evidencie mau uso, nã o se pode admitir que um
produto de R$ ________ , pudesse durar apenas ________ , evidenciando um vício redibitó rio.

DO VÍCIO OCULTO
No presente caso, o vício do produto caracteriza-se como vício oculto, uma vez que foi
constatado somente quando ________ , nã o podendo-se aplicar o prazo decadencial contado
da entrega.

Trata-se de vício do produto, que o tornou inadequado para o uso a que se destinava,
perceptível somente no momento do uso, sendo responsabilidade dos Réus a devida
reparaçã o, conforme conceitua

"Vício oculto é aquele que já estava presente quando da aquisição do produto ou do término
do serviço, mas que somente se manifestou algum tempo depois; ou seja, é aquele cuja
identificação não se dá com simples exame pelo consumidor."(GARCIA, Leonardo. Código de
defesa do consumidor. Juspodvm. 2017. p.397)

Imputa-se ao fornecedor responsabilidade objetiva pela impropriedade qualitativa ou


quantitativa do produto, independente do prazo de garantia, conforme precedentes sobre o
tema:

RECURSOS INOMINADOS. OBRIGACIONAL. CONSUMIDOR. VÍCIO DO PRODUTO. APARELHO


CELULAR. COMPLEXIDADE DA CAUSA E CONSEQUENTE INCOMPETÊ NCIA DO JUIZADO
ESPECIAL QUE NÃ O SE RECONHECEM. LEGITIMIDADE DA ASSISTÊ NCIA TÉ CNICA, NO
CASO CONCRETO. OBRIGAÇÃO DE SUBSTITUIR O BEM. PERDA DE GARANTIA QUE NÃO
PREVALECE. ALEGAÇÃ O DE MAU USO AFASTADA. CRITÉ RIO DA VIDA Ú TIL DO BEM.
FACILITAÇÃ O DA DEFESA DO CONSUMIDOR. Trata-se de açã o de consumo em que se
persegue a troca de aparelho de telefonia celular com cerca de um ano de uso. Contra a
sentença de procedência recorrem o fabricante e a assistência técnica, afirmando a
incompetência do JEC e a ilegitimidade da segunda recorrente. Competente o JEC, já que as
provas permitem o julgamento e eventual perícia a ser realizada na Justiça Comum nã o
teria qualquer possibilidade de determinar a origem do vício. Ora, noschatstrocados entre o
consumidor e a assistência técnica, o preposto desta afirmou: "já sei o que aconteceu com o
seu equipamento", referindo marcas de corrosã o em componentes internos (fl. 10). À fl. 11,
porém, referiu: "é muito difícil saber como a oxidaçã o/exposiçã o aos líquidos ocorreu." À fl.
12, ratifica que "nã o temos como saber como a falha ocorreu". Ora, de que eficá cia, pois,
seria a perícia, se nã o há como afirmar a causa do vício? Além disso, tal afirmaçã o
desqualifica, como é ó bvio, a afirmaçã o de mau uso. Portanto, uma vez que é o
consumidor vulnerável técnico, as provas produzidas permitem o julgamento do
mérito e o reconhecimento da obrigação de repor outro aparelho, tendo em vista não
afirmado o mau uso do aparelho. Nesse aspecto, maneja-se com o designado "critério
da vida útil" do bem, equipamento caríssimo e que não comporta, nas condições do
caso concreto, que tenha vida útil de cerca de um ano de uso. É legítima para a causa a
assistência técnica autorizada, pois manejou o aparelho, forneceu o laudo e devolveu o bem
com ranhuras e sem parafusos o que até mesmo torna a defesa de fundo pouco verossímil.
Sentença mantida por seus pró prios fundamentos. (TJRS, Recurso Inominado
71007875909, Relator (a): Fabio Vieira Heerdt, Terceira Turma Recursal Cível, Julgado em:
21/02/2019, Publicado em: 26/02/2019)

APELAÇÃ O - "AÇÃ O DE RESTITUIÇÃ O DE QUANTIA CERTA POR VÍCIO DO PRODUTO C.C.


INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS"- Compra e venda de veículo "zero quilô metro"- Pleito
de restituição da quantia paga, além de indenização pelos danos morais -
Ilegitimidade passiva da concessioná ria - Inocorrência - Todos os fornecedores que
compõ em a cadeia de produçã o e comercializaçã o do produto respondem solidariamente
pelos vícios ocultos - Inteligência do art. 18 do CDC - Alegaçã o de vício do produto -
Defeitos mecâ nicos, sendo necessá ria a substituiçã o de peça importada (corpo de
borboleta) - Demora na troca da peça - Responsabilidade das rés caracterizada - Dever
de indenizar evidenciado - Restituição integral e atualizada da quantia paga pelo
consumidor - Inteligência do art. 18, § 1º, II, do CDC - Dano moral caracterizado -
Condenaçã o imposta em 1º grau, no valor de R$5.000,00, que merece ser mantida -
Honorá rios advocatícios reduzidos - Sentença reformada neste ponto - RECURSO DA
CORRÉ FORD MOTOR PARCIALMENTE PROVIDO, DESPROVIDO O RECURSO
REMANESCENTE. (TJ-SP 10146442320138260309 SP 1014644-23.2013.8.26.0309,
Relator: Ana Catarina Strauch, Data de Julgamento: 24/10/2017, 27ª Câ mara de Direito
Privado, Data de Publicaçã o: 01/11/2017)

RESPONSABILIDADE CIVIL. ARREMATAÇÃ O DE VEÍCULO. VÍCIO OCULTO. ADULTERAÇÃ O


DE VEÍCULO. Decadência do direito de obter redibiçã o ou abatimento do preço.
Inadmissibilidade. Aplicaçã o do § 1º, do art. 445, do CC. Vício oculto em que o autor teve
ciência apenas com a elaboração do laudo do Instituto de Criminalística. Veículo que
não poderia ser leiloado por existência de vício oculto (adulteração). Negócio
jurídico anulado. Restituiçã o do valor recebido e despesas realizadas. Abalo moral
configurado. Montante fixado condizente à s circunstâ ncias do caso concreto e aos
princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Juros e correçã o monetá ria nos termos do
decidido pelo C. STF no julgamento do RE nº 870947/SE (Tema 810). Recursos conhecidos
e nã o providos, com observaçã o. (TJ-SP 00017291920118260053 SP 0001729-
19.2011.8.26.0053, Relator: Vera Angrisani, Data de Julgamento: 30/11/2017, 2ª Câ mara
de Direito Pú blico, Data de Publicaçã o: 30/11/2017)

Razã o pela qual, devida a indenizaçã o pelos danos materiais e morais sofridos.

No presente caso a diminuiçã o do valor do serviço contratado é inequívoco, uma vez que
contratado serviço de primeira classe e foi obrigado a voar em classe inferior, fornecido em
qualidade reduzida à quela retratada no momento da compra, gerando o dever de indenizar.

Este posicionamento é pacífico na jurisprudência:

APELAÇÃ O - Açã o de indenizaçã o por danos morais e materiais - Transporte aéreo -


Mudança de classe durante voo de ida a Miami - Aquisiçã o de passagem de primeira classe -
Substituiçã o da aeronave - Dois coautores realocados na classe executiva - Preliminares de
ilegitimidade ativa e falta de interesse processual dos outros dois coautores acolhidas no
tocante à pretensã o de indenizaçã o por dano moral - Danos morais devidos somente aos
requerentes que foram transferidos à classe inferior - Dano material a ser calculado sobre a
diferença de valores entre bilhetes de categorias distintas apenas no que tange a um trecho
da viagem - Inaplicabilidade da Convençã o de Montreal - Recurso parcialmente provido.
(TJ-SP - APL: 10193511120158260100 SP 1019351-11.2015.8.26.0100, Relator: Jonize
Sacchi de Oliveira, Data de Julgamento: 27/04/2017, 24ª Câ mara de Direito Privado, Data
de Publicaçã o: 26/05/2017)

RESPONSABILIDADE CIVIL - REMANEJAMENTO DE VOO - Autor que deixou de realizar a


viagem adquirida no tempo e forma devidos - Falha na prestaçã o dos serviços configurada -
Dever de reparaçã o reconhecido - Conversã o da obrigaçã o de fazer (devoluçã o das milhas),
em perdas e danos - Possibilidade - Dano moral caracterizado - Valor da reparaçã o -
Adequaçã o ao princípio da razoabilidade Recurso provido em parte. (TJSP; Apelaçã o
1005000-39.2015.8.26.0292; Relator (a): Henrique Rodriguero Clavisio; Ó rgã o Julgador:
18ª Câ mara de Direito Privado; Foro de Jacareí - 2ª Vara Cível; Data do Julgamento:
14/06/2016; Data de Registro: 23/06/2016)
Ou seja, trata-se de legítima expectativa do consumidor que fora nitidamente frustrada,
gerando o dever de indenizar.

No presente caso a qualidade inferior do serviço contratado é inequívoco, uma vez que
contratado fornecimento de internet com velocidade ________ e fornecido em velocidade
inferior à quela retratada no momento da compra, conforme documentos em anexo,
gerando o dever de indenizar.

RECURSO INOMINADO. AÇÃ O INDENIZATÓ RIA. CONSUMIDOR. INTERNET E TV POR


ASSINATURA. FALHA NA PRESTAÇÃ O DO SERVIÇO. VELOCIDADE INFERIOR. COBRANÇA A
MAIOR. RESTITUIÇÃ O EM DOBRO DOS VALORES PAGOS EM EXCESSO. DANO MORAL NÃ O
CONFIGURADO. DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL. INOCORRÊ NCIA DE LESÃ O AOS
ATRIBUTOS DA PERSONALIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Recurso Cível Nº
71007188725, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Luís Francisco
Franco, Julgado em 26/10/2017).

CÍVEL. RECURSO INOMINADO. AÇÃ O DE REPARAÇÃ O POR DANOS MORAIS E MATERIAIS.


INTERNET. SOBRESTAMENTO REVOGADO. PLANO DE INTERNET QUE FORNECIA
VELOCIDADE INFERIOR À CONTRATADA. REPETIÇÃ O DE INDÉ BITO DOS VALORES
COBRADOS INDEVIDAMENTE DEVIDA. MA-FÉ POR PARTE DA EMPRESA RÉ . ABUSO DA
PRÁTICA COMERCIAL. ABORRECIMENTO AO CONSUMIDOR. DANO MORAL CONFIGURADO.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. Ante o exposto, esta 3ª Turma Recursal em Regime de
Exceçã o resolve, por unanimidade dos votos, em relaçã o ao recurso de Vilma Gomes da
Silva Souza , julgar pelo (a) Com Resoluçã o do Mérito - (TJ-PR - RI:
001337049201581600180 PR 0013370-49.2015.8.16.0018/0 (Acó rdã o), Relator: Renata
Ribeiro Bau, Data de Publicaçã o: 26/04/2017)

Afinal, trata-se de serviço essencial que nã o pode ser restringido unilateralmente pela
empresa sem aviso prévio ao consumidor.

Sobre a essencialidade deste serviço, a doutrina destaca:

"A prestaçã o dos serviços de telecomunicaçõ es, especialmente da telefonia, merece especial
proteçã o do direito do consumidor. (...), o fato é que o serviço de telefonia em si,
independente do modo como é oferecido, deve ser considerado essencial, dada sua
importâ ncia decisiva na vida contemporâ nea, seja nas relaçõ es negociais, ou mesmo nas
demais utilidades da comunicaçã o instantâ nea. Esta definiçã o dá causa a série de
consequências. Daí porque a restriçã o indevida ou discriminató ria do acesso ao serviço
deve ser coibida."(MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor, 6ª ed. Editora RT,
2016. Versã o ebook, 5.12. Contratos de serviços de telecomunicaçã o)

Razã o pela qual deve ter especial proteçã o do judiciá rio, em especial em face de situaçõ es
de notó ria desproporcionalidade entre as partes contratantes, evidenciando a
vulnerabilidade do Autor frente à empresa Ré.

DA COBRANÇA INDEVIDA - REPETIÇÃ O INDÉ BITO

Conforme relatado, nos ú ltimos meses, o Autor foi indevidamente cobrado por um serviço
nã o prestado, configurando cobrança indevida de dívida prevista no Art. 42 do CDC:
Art. 42. (...) Pará grafo ú nico. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à
repetiçã o do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correçã o monetá ria e juros legais, salvo hipó tese de engano justificável.

A doutrina, ao lecionar sobre o tema destaca:

"É de perceber que nã o se exige na norma em destaque, a existência de culpa do fornecedor


pelo equívoco da cobrança. Trata-se, pois, de espécie de imputaçã o objetiva, pela qual o
fornecedor responde independente de ter agido ou nã o com culpa ou dolo. Em ú ltima
aná lise, terá seu fundamento na responsabilidade pelos riscos do negó cio, no qual se inclui
a eventualidade de cobrança de quantias incorretas e indevidas do consumidor."
(MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor - Ed. RT 2016. Versã o e-book, 3.2.2 A
cobrança indevida de dívida)

Afinal, demonstrado de forma inequívoca a cobrança indevida por um serviço nã o prestado,


tem-se configurado o dano refletindo na necessá ria repetiçã o de indébito dos pagamentos
realizados nos ú ltimos dez anos.

DO VÍCIO OCULTO
No presente caso, o vício do produto caracteriza-se como vício oculto, uma vez que foi
constatado somente quando ________ , nã o podendo-se aplicar o prazo decadencial contado
da entrega.

Trata-se de vício do produto, que o tornou inadequado para o uso a que se destinava,
perceptível somente no momento do uso, sendo responsabilidade dos Réus a devida
reparaçã o, conforme conceitua

"Vício oculto é aquele que já estava presente quando da aquisição do produto ou do término
do serviço, mas que somente se manifestou algum tempo depois; ou seja, é aquele cuja
identificação não se dá com simples exame pelo consumidor."(GARCIA, Leonardo. Código de
defesa do consumidor. Juspodvm. 2017. p.397)

Imputa-se ao fornecedor responsabilidade objetiva pela impropriedade qualitativa ou


quantitativa do produto, independente do prazo de garantia, conforme precedentes sobre o
tema:

RECURSOS INOMINADOS. OBRIGACIONAL. CONSUMIDOR. VÍCIO DO PRODUTO. APARELHO


CELULAR. COMPLEXIDADE DA CAUSA E CONSEQUENTE INCOMPETÊ NCIA DO JUIZADO
ESPECIAL QUE NÃ O SE RECONHECEM. LEGITIMIDADE DA ASSISTÊ NCIA TÉ CNICA, NO
CASO CONCRETO. OBRIGAÇÃO DE SUBSTITUIR O BEM. PERDA DE GARANTIA QUE NÃO
PREVALECE. ALEGAÇÃ O DE MAU USO AFASTADA. CRITÉ RIO DA VIDA Ú TIL DO BEM.
FACILITAÇÃ O DA DEFESA DO CONSUMIDOR. Trata-se de açã o de consumo em que se
persegue a troca de aparelho de telefonia celular com cerca de um ano de uso. Contra a
sentença de procedência recorrem o fabricante e a assistência técnica, afirmando a
incompetência do JEC e a ilegitimidade da segunda recorrente. Competente o JEC, já que as
provas permitem o julgamento e eventual perícia a ser realizada na Justiça Comum nã o
teria qualquer possibilidade de determinar a origem do vício. Ora, noschatstrocados entre o
consumidor e a assistência técnica, o preposto desta afirmou: "já sei o que aconteceu com o
seu equipamento", referindo marcas de corrosã o em componentes internos (fl. 10). À fl. 11,
porém, referiu: "é muito difícil saber como a oxidaçã o/exposiçã o aos líquidos ocorreu." À fl.
12, ratifica que "nã o temos como saber como a falha ocorreu". Ora, de que eficá cia, pois,
seria a perícia, se nã o há como afirmar a causa do vício? Além disso, tal afirmaçã o
desqualifica, como é ó bvio, a afirmaçã o de mau uso. Portanto, uma vez que é o
consumidor vulnerável técnico, as provas produzidas permitem o julgamento do
mérito e o reconhecimento da obrigação de repor outro aparelho, tendo em vista não
afirmado o mau uso do aparelho. Nesse aspecto, maneja-se com o designado "critério
da vida útil" do bem, equipamento caríssimo e que não comporta, nas condições do
caso concreto, que tenha vida útil de cerca de um ano de uso. É legítima para a causa a
assistência técnica autorizada, pois manejou o aparelho, forneceu o laudo e devolveu o bem
com ranhuras e sem parafusos o que até mesmo torna a defesa de fundo pouco verossímil.
Sentença mantida por seus pró prios fundamentos. (TJRS, Recurso Inominado
71007875909, Relator (a): Fabio Vieira Heerdt, Terceira Turma Recursal Cível, Julgado em:
21/02/2019, Publicado em: 26/02/2019)

APELAÇÃ O - "AÇÃ O DE RESTITUIÇÃ O DE QUANTIA CERTA POR VÍCIO DO PRODUTO C.C.


INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS"- Compra e venda de veículo "zero quilô metro"- Pleito
de restituição da quantia paga, além de indenização pelos danos morais -
Ilegitimidade passiva da concessioná ria - Inocorrência - Todos os fornecedores que
compõ em a cadeia de produçã o e comercializaçã o do produto respondem solidariamente
pelos vícios ocultos - Inteligência do art. 18 do CDC - Alegaçã o de vício do produto -
Defeitos mecâ nicos, sendo necessá ria a substituiçã o de peça importada (corpo de
borboleta) - Demora na troca da peça - Responsabilidade das rés caracterizada - Dever
de indenizar evidenciado - Restituição integral e atualizada da quantia paga pelo
consumidor - Inteligência do art. 18, § 1º, II, do CDC - Dano moral caracterizado -
Condenaçã o imposta em 1º grau, no valor de R$5.000,00, que merece ser mantida -
Honorá rios advocatícios reduzidos - Sentença reformada neste ponto - RECURSO DA
CORRÉ FORD MOTOR PARCIALMENTE PROVIDO, DESPROVIDO O RECURSO
REMANESCENTE. (TJ-SP 10146442320138260309 SP 1014644-23.2013.8.26.0309,
Relator: Ana Catarina Strauch, Data de Julgamento: 24/10/2017, 27ª Câ mara de Direito
Privado, Data de Publicaçã o: 01/11/2017)

RESPONSABILIDADE CIVIL. ARREMATAÇÃ O DE VEÍCULO. VÍCIO OCULTO. ADULTERAÇÃ O


DE VEÍCULO. Decadência do direito de obter redibiçã o ou abatimento do preço.
Inadmissibilidade. Aplicaçã o do § 1º, do art. 445, do CC. Vício oculto em que o autor teve
ciência apenas com a elaboração do laudo do Instituto de Criminalística. Veículo que
não poderia ser leiloado por existência de vício oculto (adulteração). Negócio
jurídico anulado. Restituiçã o do valor recebido e despesas realizadas. Abalo moral
configurado. Montante fixado condizente à s circunstâ ncias do caso concreto e aos
princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Juros e correçã o monetá ria nos termos do
decidido pelo C. STF no julgamento do RE nº 870947/SE (Tema 810). Recursos conhecidos
e nã o providos, com observaçã o. (TJ-SP 00017291920118260053 SP 0001729-
19.2011.8.26.0053, Relator: Vera Angrisani, Data de Julgamento: 30/11/2017, 2ª Câ mara
de Direito Pú blico, Data de Publicaçã o: 30/11/2017)

Razã o pela qual, devida a indenizaçã o pelos danos materiais e morais sofridos.

DO VÍCIO DE INFORMAÇÃO
No presente caso, o Autor nã o atingiu seu objetivo na compra por falhas graves nas
informaçõ es do produto. Afinal, bastava constar no anú ncio ________ que o dano seria
evitado.
O Có digo de Defesa do Consumidor, em seu Art. HYPERLINK
"https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10607666/artigo-6-da-lei-n-8078-de-11-de-
setembro-de-1990"6º, dispõ e expressamente o dever de informaçã o, dentre os direitos do
consumidor "a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos
incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem".

No entanto, contrariando qualquer expectativa depositada na compra, ao utilizar o produto,


sem a correta informaçã o de ________ o que impossibilitou o seu uso.

O professor Bruno Miragem ao disciplinar sobre a matéria, esclarece:

"O vício de informação caracteriza-se como sendo o originá rio direito de informação do
consumidor que termina atingindo a finalidade legitimamente esperada por um
determinado produto ou serviço. Assim o é, por exemplo, no caso de um aparelho
elétrico cuja voltagem, nã o informada adequadamente na embalagem (...). Em todos estes
casos, existe violaçã o ao dever de informar do fornecedor e, portanto vício do produto
qualificado como vício de informaçã o (...)" (in Curso de Direito do Consumidor, 6ª ed.
Editora RT, 2016. p.660)

No presente caso, ao adquirir o serviço oferecido recebeu informaçõ es claras de que ________
, gerando esta legítima expectativa, mas recebeu serviço muito inferior ao contratado,
gerando o dever de indenizar, conforme precedentes sobre o tema:

Apelaçã o. Direito do consumidor. Contrataçã o de plano funerá rio. Contribuiçã o ininterrupta


por três anos. Proposta de migraçã o para plano mais benéfico. Contribuiçã o por mais treze
anos. Tentativa de utilizaçã o frustrada. Alegaçã o de inadimplência. Contrato que na verdade
consistiria no fornecimento de um assistente para a contrataçã o do funeral. Alteraçã o do
contrato que teria feito com que a Autora abrisse mã o do serviço funerá rio, passando a
contar apenas com um assistente, devendo arcar com todas as despesas para a contrataçã o
do funeral em apartado. Modificaçõ es substanciais nas coberturas inicialmente contratadas
sem o devido destaque. Falha de informaçã o adequada à contratante com a distinçã o entre
os planos. Violações aos princípios da transparência, informação e boa-fé objetiva.
Vicio de consentimento que conduz à rescisão da contratação com a consequente
devolução das parcelas pagas desde a data da contratação. Dano moral configurado.
Desrespeito ao consumidor em delicado momento de sua vida, qual seja, o falecimento do
seu filho. Reparaçã o devida no valor de R$ 10.000,00. Princípio da causalidade para
reverter a sucumbência, tornando-a exclusiva para à s Apeladas que deram ensejo à
propositura da açã o. Sentença reformada. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJSP;
Apelaçã o Cível 1007092-32.2015.8.26.0278; Relator (a): L. G. Costa Wagner; Ó rgã o
Julgador: 34ª Câ mara de Direito Privado; Foro de Itaquaquecetuba - 1ª Vara Cível; Data do
Julgamento: 18/02/2019; Data de Registro: 19/02/2019)

APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS E MATERIAIS - RELAÇÃ O


DE CONSUMO - DEFEITO NA PRESTAÇÃ O DO SERVIÇO DE FORNECIMENTO DE INTERNET -
INVIABILIDADE TÉ CNICA - VÍCIO DE INFORMAÇÃ O E PROPAGANDA ENGANOSA - DANOS
MORAIS - CARACTERIZADOS - (...) Constatada a falha na prestação do serviço,
consubstanciada em propaganda enganosa e ausência de informação adequada e
clara ao consumidor, cabe ao fornecedor responder pelos danos morais
experimentados pelo autor, que transbordam o mero aborrecimento. O fornecedor
deveria ter verificado a compatibilidade da instalaçã o do serviço de internet antes de
oferecê-lo ao consumidor, sendo que, nã o o fazendo, deve arcar com o ô nus de sua conduta.
Para a fixaçã o do quantum da indenizaçã o pelo dano moral causado, o julgador deve
aproximar-se criteriosamente do necessá rio a compensar a vítima pelo abalo sofrido e do
valor adequado ao desestímulo da conduta ilícita, atendo sempre ao princípio da
razoabilidade e proporcionalidade. (...) (TJ-MS - APL: 08372838920158120001 MS
0837283-89.2015.8.12.0001, Relator: Des. Eduardo Machado Rocha, Data de Julgamento:
14/03/2017, 3ª Câ mara Cível, Data de Publicaçã o: 15/03/2017)

Razã o pela qual, devida a condenaçã o dos réus a indenizaçã o por vício na informaçã o.

DOS LUCROS CESSANTES E DA INDENIZAÇÃO VITALÍCIA

Conforme narrado, o evento danoso deixou sequelas físicas, estéticas e morais, além de ter
repercutido em danos patrimoniais e lucros cessantes, se enquadrando perfeitamente à
previsã o do Có digo Civil:

Art. 949. No caso de lesã o ou outra ofensa à saú de, o ofensor indenizará o ofendido das
despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de
algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu
ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além
das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá
pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da
depreciação que ele sofreu.

O Autor trabalhava como ________ , dependendo diariamente de seu labor para auferir sua
remuneraçã o ao final do mês.

No entanto, interrompendo a linha ascendente de ganhos, conforme grá fico dos lucros
auferidos antes e depois do acidente, fica perfeitamente claro o impacto do ato ilícito do
Réu nos rendimentos profissionais do Autor, caracterizando lucros cessantes, passíveis de
indenizaçã o, conforme leciona Joã o Casillo:

"Na apuração dos lucros cessantes, também o critério é o dos rendimentos. Aquele que
vê sua saúde abalada, ou deixa de produzir ou passa a fazê-lo em escala menor,
sofrendo, portanto, perda em seus ganhos, deve ser indenizado, e, se algum é responsável
pelo evento, deve arcar com o dano causado. Na apuração do quantum, a base de cálculo é o
valor da remuneração, real ou presumida." (in "Dano a pessoa e sua indenizaçã o", Editora
Revista dos Tribunais)

No mesmo sentido Silvio Rodrigues:

"Se a vítima experimenta ao mesmo tempo um dano patrimonial defluente da


diminuição de sua capacidade para exercer seu ofício e um dano moral derivado do
aleijão, deve receber dupla indenização, aquela proporcional à deficiência
experimentada e esta fixada moderadamente." (A Reparaçã o nos acidentes de Trâ nsito,
2ª ediçã o revista e ampliada, Revista dos Tribunais, 1986, pá g. 121)
Na ocasiã o do acidente, o autor trabalhava como ________ , ocorre que apó s alta médica, o
Autor jamais conseguiu auferir os mesmos resultados, o que demonstra pelos grá ficos dos
ú ltimos meses de rendimentos.

Pelos laudos médicos, fica comprovado que o Autor ficou com sequelas permanentes
que o limitam fisicamente.

Tratam-se de limitaçõ es motoras e psíquicas causadas pela interrupçã o da vida cotidiana e


saudável que o Autor levava, sendo devido, portanto, indenização mensal vitalícia, nos
termos do artigo 950, pará grafo ú nico do CC, em decorrência do da diminuiçã o de sua
capacidade de trabalho, conforme predomina nos Tribunais:

RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO DA RÉ . ALEGAÇÃ O DE


AUSÊ NCIA DE PROVAS DOS LUCROS CESSANTES. INSUBSISTÊ NCIA. VEÍCULO QUE
REALIZAVA TRANSPORTE DE CARGAS. EVIDENTE QUE DEIXOU DE AUFERIR RENDA EM
DECORRÊNCIA DO ACIDENTE. LUCROS CESSANTES DEVIDOS. VALOR DO RENDIMENTO
MÉ DIO MENSAL INFORMADO. PROVA SUFICIENTE E ADEQUADA PARA O CÁ LCULO DA
INDENIZAÇÃ O DEVIDA. VALOR DO DESCONTO RELATIVO AOS CUSTOS OPERACIONAIS A
SER APURADO EM LIQUIDAÇÃ O DE SENTENÇA. POSSIBILIDADE. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. (TJSC, Apelaçã o Cível n. 0023072-32.2012.8.24.0008, de Blumenau, rel. Des.
Saul Steil, Terceira Câ mara de Direito Civil, j. 10-04-2018)

Portanto, se a vítima sofre ao mesmo tempo, um dano patrimonial pela reduçã o de sua
capacidade e outro moral pelo sofrimento excessivo, a indenizaçã o individualizada é
medida que se impõ e.

DAS PERDAS E DANOS


Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova testemunhal que que será produzida
no presente processo, o nexo causal entre o dano e a conduta da Ré fica perfeitamente
caracterizado pelo ________ , gerando o dever de indenizar, conforme preconiza o Có digo
Civil:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.

Nesse mesmo sentido, é a redaçã o do art. 402 do Có digo Civil que determina: "salvo as
exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem,
além do que efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar".

No presente caso, toda perda deve ser devidamente indenizada, especialmente por que a
negligência do Réu causou ________ , assim especificado:

________ - R$ ________
________ - R$ ________

A reparaçã o é plenamente devida, em face da responsabilidade civil inerente ao presente


caso.

DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Toda e qualquer reparaçã o civil esta intimamente ligada à responsabilidade do causador do
dano em face do nexo causal presente no caso concreto, o que ficou perfeitamente
demonstrado nos fatos narrados. Sendo devido, portanto, a recuperaçã o do patrimô nio
lesado por meio da indenizaçã o, conforme leciona a doutrina sobre o tema:

"Reparação de dano. A prática do ato ilícito coloca o que sofreu o dano em posição de
recuperar, da forma mais completa possível, a satisfação de seu direito, recompondo o
patrimônio perdido ou avariado do titular prejudicado. Para esse fim, o devedor responde com
seu patrimônio, sujeitando-se, nos limites da lei, à penhora de seus bens." (NERY JUNIOR,
Nelson. NERY, Rosa Maria de Andrade. Código Civil Comentado. 12 ed. Editora RT, 2017.
Versã o ebook, Art. 1.196)

Trata-se do dever de reparaçã o ao lesado, com o objetivo de viabilizar o retorno ao status


quo ante à lesã o, como pacificamente doutrinado:

"A rigor, a reparação do dano deveria consistir na reconstituição específica do bem jurídico
lesado, ou seja, na recomposição in integrum, para que a vítima venha a encontrarse
numa situação tal como se o fato danoso não tivesse acontecido." (PEREIRA, Caio Má rio
da Silva. Instituiçõ es de Direito Civil. Vol II - Contratos. 21ª ed. Editora Forense, 2017.
Versã o ebook, cap. 283)

Motivos pelos quais devem conduzir à indenizaçã o ao danos materiais sofridos, bem como
aos lucros cessantes.

RESPONSABILIDADE CIVIL PELOS LUCROS CESSANTES


Dispõ e o Có digo Civil, nos termos do art. HYPERLINK
"https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10706017/artigo-395-da-lei-n-10406-de-10-de-
janeiro-de-2002"395, que responde o devedor pelos prejuízos decorrentes da negligência
do Réu.

No presente caso, o nexo causal é perfeitamente configurado, na medida em que há plena


demonstraçã o da relaçã o de causa e efeito entre a conduta praticada pela empresa Ré e o
dano suportado pelo Autor.

Afinal, caso o ________ ________ , resultando em mais renda ao Autor.

Os lucros cessantes sã o indenizáveis conforme clara redaçã o do art. 402 do Có digo Civil que
determina:

"salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor


abrangem, além do que efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar".

Assim, necessá ria a compensaçã o pela privaçã o injusta da posse da coisa dotada de
expressã o econô mica, conforme predomina nos Tribunais:

LUCROS CESSANTES. Alegaçã o da autora de que deve ser ressarcida no valor total.
ADMISSIBILIDADE: A indenização em decorrência dos lucros cessantes visa à
composição daquilo que a parte efetivamente auferia e que deixou de ganhar. Valor
demonstrado pelo laudo pericial. Sentença reformada neste ponto. DANO MORAL.
Condenaçã o do réu ao pagamento de indenizaçã o. CABIMENTO: a pessoa jurídica pode
sofrer dano moral - Sú mula 227 STJ. A antecipaçã o indevida de recebíveis e o seu posterior
descontos causaram débitos que a autora nã o deu causa, além do travamento das má quinas
de cartã o, com queda nas vendas atestadas na perícia, desembocando no fechamento da
empresa. Sentença mantida. RECURSO DO RÉ U DESPROVIDO E DA AUTORA PROVIDO. (TJ-
SP - AC: 10146953220168260405 SP 1014695-32.2016.8.26.0405, Relator: Israel Gó es dos
Anjos, Data de Julgamento: 28/06/2019, 37ª Câ mara de Direito Privado, Data de
Publicaçã o: 28/06/2019)

A doutrina ao confirmar este entendimento, esclarece:

"Quando os efeitos atingem um patrimônio atual, acarretando a sua diminuição, as perdas e


danos denominam-se"emergentes", ou damnum emergens; se a pessoa deixa de obter
vantagens em consequência de certo fato, vindo a ser privada de um lucro, temos as
perdas e danos" cessantes ", ou lucrum cessans." (RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. 16 ed.
Editora Forense, 2017. Versã o kindle, p 21232)

"As perdas e danos incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito direto e
imediato da inexecução (CC 402 e 403). (…) Lucros cessantes consistem naquilo que o
lesado deixou razoavelmente de lucrar como consequência direta do evento danoso (CC
402)." (NERY JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de Andrade. Có digo Civil Comentado. 12 ed.
Editora RT, 2017. Versã o ebook, Art. 402 )

Razã o pela qual, requer a condenaçã o da Ré ao pagamento dos lucros cessantes devidos
pelo lucro previsto e nã o efetivado em decorrência da falha da empresa Ré.

DA RESTITUIÇÃO DA QUANTIA PAGA


Diante da demonstraçã o inequívoca do defeito e tentativa de sanar sem êxito junto aos réus,
o Có digo de Defesa do Consumidor assegura, em seu artigo HYPERLINK
"https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10605675/artigo-18-da-lei-n-8078-de-11-de-
setembro-de-1990"18, que:

"§ 1º Nã o sendo o vício sanado no prazo má ximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:

I - a substituiçã o do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condiçõ es de uso;

II - a restituiçã o imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de


eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço."

Portanto, demonstrado que findo o referido prazo, sem que o fornecedor tenha efetuado
qualquer reparaçã o aos danos gerados, dever que foi negado, cabe ao consumidor a escolha
de qualquer das alternativas acima mencionadas.

A doutrina é uníssona nesse sentido:

"Nã o pode o fornecedor se opor à escolha pelo consumidor das alternativas postas. É fato
que ele, o fornecedor, tem 30 dias. E, sendo longo ou nã o, dentro desse tempo, a ú nica coisa
que o consumidor pode fazer é sofrer e esperar. Porém, superado o prazo sem que o vício
tenha sido sanado, o consumidor adquire, no dia seguinte, integralmente, as prerrogativas
do § 1º ora em comento. E, como diz a norma, cabe a escolha das alternativas ao
consumidor. este pode optar por qualquer delas, sem ter de apresentar qualquer
justificativa ou fundamento. Basta a manifestaçã o de vontade, apenas sua exteriorizaçã o
objetiva. É um querer pelo simples querer manifestado. (NUNES, Rizzatto. Curso de direito
do Consumidor, Ed. Saraiva. 2005, p. 186)"

Nesse mesmo sentido é o entendimento da jurisprudência sobre o tema:

APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - VÍCIO DO


PRODUTO - APLICAÇÃ O DO CÓ DIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - VÍCIO CONSTATADO -
ALEGAÇÃ O DE MAU USO - AUSÊ NCIA DE PROVA - SUBSTITUIÇÃ O DO PRODUTO DEVIDA -
DANOS MORAIS - CIRCUNSTÂ NCIAS DO CASO - DESCASO COM O CONSUMIDOR -
REPARAÇÃ O DEVIDA. I - Incontroverso o defeito do produto e ausente prova de que o vício
decorreu de mau uso pela consumidora, mesmo apó s determinada a inversã o do ô nus da
prova, mostra-se acertada a condenaçã o do fornecedor/vendedor a substituir o bem por
outro similar ou restituir os valores pagos, devidamente corrigidos. II - Sem desconhecer do
entendimento de que o mero descumprimento contratual nã o gera obrigaçã o de reparar
por danos morais, nã o se pode olvidar de que, uma vez requerida indenizaçã o a esse título,
devem ser considerados os desdobramentos da inadimplência, a fim de se aferir a
existência (ou nã o) de lesã o à honra de um dos contratantes. III - A inércia na soluçã o do
vício do produto relatado pela consumidora, idosa de 85 anos, mesmo apó s diversas
tentativas de soluçã o da pendência junto à s fornecedoras, que incluem acionamento junto
ao PROCON e Juizado Especial, enseja reparaçã o por danos morais, vez que as situaçõ es
vivenciadas vã o além de meros aborrecimentos cotidianos. IV - Ausentes parâ metros legais
para fixaçã o do dano moral, mas consignado no art. 944 do CC/02 que a indenizaçã o mede-
se pela extensã o do dano, o valor fixado a este título deve assegurar reparaçã o suficiente e
adequada para compensaçã o da ofensa suportada pela vítima e para desestimular-se a
prá tica reiterada da conduta lesiva pelo ofensor. (TJ-MG - AC: 10016160025710001 MG,
Relator: Joã o Cancio, Data de Julgamento: 16/05/2017, Câ maras Cíveis / 18ª CÂ MARA
CÍVEL, Data de Publicaçã o: 05/06/2017)

Desta forma, diante do desgaste ocasionado na relaçã o de consumo com os réus, tem-se por
devida a restituiçã o imediata da quantia despendida, corrigida e atualizada
monetariamente, com fulcro no disposto no inciso II do § 1º do artigo 18, do diploma
consumerista.

DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO
Trata-se de cobrança irregular, indevidamente paga pelo Consumidor, sendo-lhe negado o
reembolso mesmo apó s reiteradas solicitaçõ es, conforme ________ , evidenciando a
existência de Má Fé.

O total descaso em solucionar o "equívoco" cometido deve ser suficiente para a repetiçã o
indébito dos valores indevidamente cobrados, nos termos do pará grafo ú nico do artigo 42
da Lei HYPERLINK "https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/có digo-de-defesa-
do-consumidor-lei-8078-90"8078/90, verbis:

Art. 42. (...) Pará grafo ú nico. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à
repetiçã o do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correçã o monetá ria e juros legais, salvo hipó tese de engano justificável.

A doutrina, ao lecionar sobre o dever da devoluçã o em dobro dos valores pagos, destaca:

"É de perceber que não se exige na norma em destaque, a existência de culpa do fornecedor
pelo equívoco da cobrança. Trata-se, pois, de espécie de imputação objetiva, pela qual o
fornecedor responde independente de ter agido ou não com culpa ou dolo. Em última
análise, terá seu fundamento na responsabilidade pelos riscos do negócio, no qual se inclui
a eventualidade de cobrança de quantias incorretas e indevidas do consumidor." (MIRAGEM,
Bruno. Curso de Direito do Consumidor - Ed. RT 2016. Versã o e-book, 3.2.2 A cobrança
indevida de dívida)

A má fé do Réu fica caracterizada diante da ________ .

Exigir do Autor prova da má fé mais evidente do que esta, é exigir prova impossível,
criando-se um requisito nã o previsto em lei, permitindo que grandes instituiçõ es lesem um
nú mero expressivo de consumidores com a certeza de que apenas alguns poucos buscariam
efetivar seus direito judicialmente.

A empresa ré agiu de forma negligente e imprudente ao dispor no mercado um serviço


falho que pudesse causar o presente constrangimento ao consumidor.

Nesse sentido, é esclarecedora a redaçã o jurisprudencial acerca da repetiçã o de indébito de


valores cobrados indevidamente:

Açã o de Obrigaçã o de Fazer c/c Indenizaçã o por Danos Morais e Repetiçã o de Indébito.
Sentença Procedente. Banco Santander S/A. Direito do consumidor. Inversã o do ô nus de
prova corretamente decretada, nos termos do artigo 6º, inciso VIII, do CDC. Falha na
prestação dos serviços. Bloqueio de quase 50% do salário da parte-autora.
Indenização Devida. Repetição do Indébito nos termos do artigo 42 HYPERLINK
"https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91585/código-de-defesa-do-consumidor-
lei-8078-90"CDC. Dano Moral Caracterizado. Valor fixado à título de Indenizaçã o que
atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade. Recurso a que se nega
provimento, mantendo a r. Sentença recorrida por seus pró prios e jurídicos fundamentos".
(TJSP; Recurso Inominado Cível 1001572-92.2019.8.26.0297; Relator (a): José Pedro
Geraldo Nó brega Curitiba; Ó rgã o Julgador: 1ª Turma Cível e Criminal; Foro de Mogi das
Cruzes - 2ª. Vara Cível; Data do Julgamento: 30/05/2019; Data de Registro: 03/06/2019)
Tal prá tica demonstra a conduta leviana da empresa Ré, configurando a má fé pela simples
ocorrência da prá tica abusiva, sendo devida a repetiçã o de indébito.

No presente caso, tratando-se de falha com Instituiçã o Bancá ria, a repetiçã o de indébito
independe da prova do erro, conforme sumulado pelo STJ:

Súmula 322 STJ:"Para a repetiçã o de indébito, nos contratos de abertura de crédito em


conta corrente, nã o se exige a prova do erro".

Portanto, inequívoca a responsabilidade e dever do réu no pagamento em dobro dos


valores indevidamente descontados conforme memó ria de cá lculo que junta em anexo.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Demonstrada a relaçã o de consumo, resta consubstanciada a configuraçã o da necessá ria


inversã o do ô nus da prova, conforme disposiçã o expressa do Có digo de Defesa do
Consumidor:

Art. 6º. Sã o direitos bá sicos do consumidor: (...) VIII - a facilitaçã o da defesa de seus
direitos, inclusive com a inversã o do ô nus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a
critério do juiz, for verossímil a alegaçã o ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordiná rias de experiências

A inversã o do ô nus da prova é consubstanciada na impossibilidade ou grande dificuldade


na obtençã o de prova indispensável por parte do Autor, sendo amparada pelo princípio da
distribuiçã o dinâ mica do ô nus da prova implementada pelo Novo Có digo de Processo Civil:

Art. 373. O ô nus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do


autor.

§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à


impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput
ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o
ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisã o fundamentada, caso em que
deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ô nus que lhe foi atribuído.

No presente caso a HIPOSSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA fica caracteriza diante da ________ .

Trata-se da efetiva aplicaçã o do Princípio da Isonomia, segundo o qual, todos devem ser
tratados de forma igual perante a lei, observados os limites de sua desigualdade. Nesse
sentido, a jurisprudência orienta a inversã o do ô nus da prova para viabilizar o acesso à
justiça:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃ O ORDINÁ RIA DE REVISÃ O. CÉ DULA DE CRÉ DITO
BANCÁ RIO. CONFISSÃ O DE DÍVIDA. INVERSÃ O DO Ô NUS A PROVA. POSSIBILIDADE.
HIPOSSUFICIÊ NCIA. PRESENTE O REQUISITO DO ART. 6º, INCISO VIII, DO CÓ DIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR. PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL. RECURSO DESPROVIDO. (a)
O Código de Defesa do Consumidor adotou a teoria da distribuição dinâmica do ônus
da prova. Assim, a inversã o do ô nus nesse microssistema nã o se aplica de forma
automá tica a todas as relaçõ es de consumo, mas depende da demonstraçã o dos requisitos
da verossimilhança da alegaçã o ou da hipossuficiência do 16ª Câ mara Cível - TJPR 2
consumidor, consoante dispõ e o art. 6º, inciso VIII, do Có digo de Defesa do Consumidor. Os
elementos que constam dos autos são suficientes para demonstrar que a autora
encontrará dificuldade técnica para comprovar suas alegações em juízo, uma vez que
pretendem a revisão de vários contratos, os quais não estão em seu poder. (b) Insta
salientar que os requisitos da verossimilhança das alegaçõ es e da hipossuficiência nã o sã o
cumulativos, portanto, a presença de um deles autoriza a inversã o do ô nus da prova. (TJPR -
16ª C.Cível - 0020861-59.2018.8.16.0000 - Paranaguá - Rel.: Lauro Laertes de Oliveira - J.
08.08.2018)

Assim, diante da inequívoca e presumida hipossuficiência, uma vez que disputa a lide com
uma empresa de grande porte, indisponível concessã o do direito à inversã o do ô nus da
prova, que desde já requer.

DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA CADEIA DE FORNECIMENTO


Toda cadeia de fornecimento, envolvendo o fabricante e o comerciante, respondem
solidariamente nos exatos termos do artigo 18 do Có digo de Defesa do Consumidor:

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou nã o duráveis respondem


solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impró prios ou
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade, com a indicaçõ es constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitá ria, respeitadas as variaçõ es decorrentes de
sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituiçã o das partes viciadas.

A mens legis traduz a finalidade de soluçã o do feito em amparo ao consumidor, sem espaço
para disputa de responsabilidade. Assim, todos os níveis da relaçã o entre o fabricante do
produto e sua entrega ao consumidor sã o responsáveis pela soluçã o do feito. Cabe ao
consumidor escolher se quer acionar o comerciante ou o fabricante.

Ademais, inquestionável a responsabilidade objetiva da requerida, a qual independe do seu


grau de culpabilidade, uma vez que incorreu em uma falha, gerando o dever de indenizar,
nos termos do Có digo de Defesa do Consumidor em seu artigo HYPERLINK
"https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10606184/artigo-14-da-lei-n-8078-de-11-de-
setembro-de-1990"14:

Art. 14. O fornecedor de serviço responde, independentemente da existência de culpa, pela


reparaçã o dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestaçã o dos
serviços, bem como por informaçõ es insuficientes ou inadequadas sobre sua fruiçã o e
riscos.

Ao doutrinar sobre a matéria, o doutrinador Bruno Miragem disciplina:


"Todos os fornecedores que integram a cadeia de fornecimento são responsáveis
solidariamente, perante o consumidor, pelos vícios dos produtos e serviços que introduziram
ou participaram de sua introdução no mercado de consumo. Esta solidariedade dos
fornecedores tem em vista a efetividade da proteção do interesse do consumidor, permitindo o
alcance mais amplo possível ao exercício das opções estabelecidas em lei, pelo consumidor."(in
Curso de Direito do Consumidor, 6ª ed., p.660)

Imperativo, portanto, que o requerente seja indenizado pelos danos causados em


decorrência do ato ilícito, em razã o de ter sido vítima de completa e total negligência da
demandada, assim como seja indenizado pelo abalo moral em decorrência do ato ilícito.

DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELO DANO MORAL


Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova que junta no presente processo, a
empresa ré deixou de cumprir com sua obrigaçã o primá ria de cautela e prudência na
atividade, causando constrangimentos indevidos ao Autor.

Nã o obstante ao constrangimento ilegítimo, as reiteradas tentativas de resolver a


necessidade do Autor ultrapassa a esfera dos aborrecimentos aceitáveis do cotidiano, uma
vez que foi obrigado a buscar informações e ferramentas para resolver um problema
causado pela empresa contratada para lhe dar uma solução.

Assim, no presente caso nã o se pode analisar isoladamente o constrangimento sofrido, mas


a conjuntura de fatores que obrigaram o Consumidor a buscar a via judicial. Ou seja, deve-
se considerar o grande desgaste do Autor nas reiteradas tentativas de solucionar o ocorrido
sem êxito, gerando o dever de indenizar, conforme precedentes sobre o tema:

APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O DECLARATÓ RIA DE NULIDADE DE NEGÓ CIO JURÍDICO C/C
REPETIÇÃ O DE INDÉ BITO E INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS - (...). CONTRATO NÃ O
APRESENTADO PELA INSTITUIÇÃ O FINANCEIRA - DANOS MORAIS CONFIGURADOS -
QUANTUM INDENIZATÓ RIO (DANOS MORAIS) MAJORADOS PARA R$ 10.000,00 -
REPETIÇÃ O DE INDÉ BITO NA FORMA DOBRADA - MÁ -FÉ DEMONSTRADA - DA
COMPENSAÇÃ O DE CRÉ DITO - IMPOSSIBILIDADE - RECURSO IMPROVIDO. (...). A
instituiçã o financeira ré, descuidando-se de diretrizes inerentes ao desenvolvimento
regular de sua atividade, nã o comprovou que os contratos foram, de fato, celebrados pelo
consumidor, tampouco tenha sido ele o beneficiá rio do produto dos mú tuos bancá rios. Nã o
basta para elidir a responsabilizaçã o da pessoa contratada a alegaçã o de suposta fraude. À
instituiçã o ré incumbia o ô nus de comprovar que agiu com as cautelas de praxe na
contrataçã o de seus serviços, até porque, ao consumidor nã o é possível a produçã o de
prova negativa (CDC, art. 6, VIII c/c CPC, art. 373, II). Inafastáveis os transtornos sofridos
pela idosa que foi privada de parte de seu benefício de aposentadoria, por conduta ilícita
atribuída a instituiçã o financeira, concernente à falta de cuidado na contrataçã o de
empréstimo consignado, situaçã o apta a causar constrangimento de ordem psicoló gica,
tensã o e abalo emocional, tudo com sérios reflexos na honra subjetiva. Levando-se em
consideraçã o a situaçã o fá tica apresentada nos autos, a condiçã o socioeconô mica das
partes e os prejuízos suportados pela parte ofendida, evidencia-se que o valor do quantum
fixado pelo juízo a quo deve sofrer majoraçã o para R$ 10.000,00 (dez mil reais), quantia
que se mostra adequada e consentâ neo com as finalidades punitiva e compensató ria da
indenizaçã o. (...) (TJMS. Apelaçã o n. 0801609-05.2015.8.12.0016, Mundo Novo, 4ª Câ mara
Cível, Relator (a): Des. Claudionor Miguel Abss Duarte, j: 25/04/2018, p: 26/04/2018)
Trata-se da necessá ria consideraçã o dos danos causados pela perda do tempo ú til (desvio
produtivo) do consumidor.

DOS DANOS PELO DESVIO PRODUTIVO

Conforme disposto nos fatos iniciais, o Consumidor teve que desperdiçar seu tempo ú til
para solucionar problemas que foram causados pela empresa Ré que não demonstrou
qualquer intenção na solução do problema, obrigando o ingresso da presente açã o.

Este desgaste fica perfeitamente demonstrado por meio de ________ .

Este transtorno involuntá rio é o que a doutrina denomina de DANO PELA PERDA DO
TEMPO Ú TIL, pois afeta diretamente a rotina do consumidor gerando um desvio produtivo
involuntá rio, que obviamente causam angú stia e stress.

Humberto Theodoro Jú nior leciona de forma simples e didá tica sobre o tema, aplicando-se
perfeitamente ao presente caso:

" Entretanto, casos há em que a conduta desidiosa do fornecedor provoca injusta perda
de tempo do consumidor, para solucionar problema de vício do produto ou serviço. (...)
O fornecedor, desta forma, desvia o consumidor de suas atividades para "resolver um
problema criado" exclusivamente por aquele. Essa circunstância, por si só, configura dano
indenizável no campo do dano moral, na medida em que ofende a dignidade da pessoa
humana e outros princípios modernos da teoria contratual, tais como a boa-fé objetiva e a
função social: (...) É de se convir que o tempo configura bem jurídico valioso, reconhecido
e protegido pelo ordenamento jurídico, razão pela qual, "a conduta que irrazoavelmente o
viole produzirá uma nova espécie de dano existencial, qual seja, dano temporal" justificando a
indenização. Esse tempo perdido, destarte, quando viole um "padrão de razoabilidade
suficientemente assentado na sociedade", não pode ser enquadrado noção de mero
aborrecimento ou dissabor."(THEODORO JÚ NIOR, Humberto. Direitos do Consumidor. 9ª ed.
Editora Forense, 2017. Versã o ebook, pos. 4016)

Bruno Miragem, no mesmo sentido destaca:

" Por outro lado, vem se admitindo crescentemente, a partir de provocação doutrinária, a
concessão de indenização pelo dano decorrente do sacrifício do tempo do consumidor
em razão de determinado descumprimento contratual, como ocorre em relação à
necessidade de sucessivos e infrutíferos contatos com o serviço de atendimento do fornecedor,
e outras providências necessárias à reclamação de vícios no produto ou na prestação de
serviços. " (MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor - Editora RT, 2016. versã o e-
book, 3.2.3.4.1)

Nesse sentido:

"Então, a perda injusta e intolerável do tempo útil do consumidor provocada por


desídia, despreparo, desatenção ou má-fé (abuso de direito) do fornecedor de produtos
ou serviços deve ser entendida como dano temporal (modalidade de dano moral) e a conduta
que o provoca classificada como ato ilícito. Cumpre reiterar que o ato ilícito deve ser
colmatado pela usurpação do tempo livre, enquanto violação a direito da
personalidade, pelo afastamento do dever de segurança que deve permear as relações
de consumo, pela inobservância da boa-fé objetiva e seus deveres anexos, pelo abuso da
função social do contrato (seja na fase pré-contratual, contratual ou pós-contratual) e, em
último grau, pelo desrespeito ao princípio da dignidade da pessoa humana."(GASPAR, Alan
Monteiro. Responsabilidade civil pela perda indevida do tempo ú til do consumidor. Revista
Síntese: Direito Civil e Processual Civil, n. 104, nov-dez/2016, p. 62)

O STJ, nessa linha de entendimento já reconheceu o direito do consumidor à indenizaçã o


pelo desvio produtivo diante do desperdício do tempo do consumidor para solucionar um
problema gerado pelo fornecedor, afastando a idéia do mero aborrecimento, in verbis:

"Adoção, no caso, da teoria do Desvio Produtivo do Consumidor, tendo em vista que a


autora foi privada de tempo relevante para dedicar-se ao exercício de atividades que
melhor lhe aprouvesse, submetendo-se, em função do episódio em cotejo, a
intermináveis percalços para a soluçã o de problemas oriundos de má prestaçã o do serviço
bancá rio. Danos morais indenizáveis configurados. (...) Com efeito, tem-se como
absolutamente injustificável a conduta da instituiçã o financeira em insistir na cobrança de
encargos fundamentadamente impugnados pela consumidora, notó rio, portanto, o dano
moral por ela suportado, cuja demonstraçã o evidencia-se pelo fato de ter sido submetida,
por longo período [por mais de três anos, desde o início da cobrança e até a prolaçã o da
sentença], a verdadeiro calvá rio para obter o estorno alvitrado, cumprindo prestigiar no
caso a teoria do Desvio Produtivo do Consumidor, por meio da qual sustenta Marcos
Dessaune que todo tempo desperdiçado pelo consumidor para a soluçã o de problemas
gerados por maus fornecedores constitui dano indenizável, ao perfilhar o entendimento de
que a "missã o subjacente dos fornecedores é - ou deveria ser - dar ao consumidor, por
intermédio de produtos e serviços de qualidade, condiçõ es para que ele possa empregar
seu tempo e suas competências nas atividades de sua preferência. Especialmente no Brasil
é notó rio que incontáveis profissionais, empre sas e o pró prio Estado, em vez de atender ao
cidadã o consumidor em observâ ncia à sua missã o, acabam fornecendo-lhe cotidianamente
produtos e serviços defeituosos, ou exercendo prá ticas abusivas no mercado, contrariando
a lei. Para evitar maiores prejuízos, o consumidor se vê entã o compelido a desperdiçar o
seu valioso tempo e a desviar as suas custosas competências - de atividades como o
trabalho, o estudo, o descanso, o lazer - para tentar resolver esses problemas de consumo,
que o fornecedor tem o dever de nã o causar. Tais situaçõ es corriqueiras, curiosamente,
ainda nã o haviam merecido a devida atençã o do Direito brasileiro. Trata-se de fatos nocivos
que nã o se enquadram nos conceitos tradicionais de 'dano material', de 'perda de uma
chance' e de 'dano moral' indenizáveis. Tampouco podem eles (os fatos nocivos) ser
juridicamente banalizados como 'meros dissabores ou percalços' na vida do consumidor,
como vêm entendendo muitos juristas e tribunais." [2 HYPERLINK
"http://revistavisaoj/"http://revistavisaoj uridica.uol. com.br/advogados-leis-j
urisprudencia/71/desvio-produto-doconsumidor-tese-do-advogado-marcos -ddessaune-
255346-1. asp] .(...). (AREsp 1.260.458/SP - Ministro Marco Aurélio Bellizze)

A jurisprudência, no mesmo sentido, ancora o posicionamento de que o desvio produtivo


ocasionado pela desídia de uma empresa deve ser indenizada, conforme predomina a
jurisprudência:

RELAÇÃ O DE CONSUMO - DIVERGÊ NCIA DO PRODUTO ENTREGUE - OBRIGAÇÃ O DE FAZER


CONSISTENTE NA ENTREGA DO PRODUTO EFETIVAMENTE ANUNCIADO PELA RÉ E
ADQUIRIDO PELO CONSUMIDOR - INDENIZAÇÃ O POR DANO MORAL - RECONHECIMENTO.
(...) Caracterizados restaram os danos morais alegados pelo Recorrido diante do "desvio
produtivo do consumidor", que se configura quando este, diante de uma situaçã o de mau
atendimento, é obrigado a desperdiçar o seu tempo ú til e desviar-se de seus afazeres à
resoluçã o do problema, e que gera o direito à reparaçã o civil. E o quantum arbitrado (R$
3.000,00), em razã o disso, longe está de afrontar o princípio da razoabilidade, mormente
pelo completo descaso da Ré, a qual insiste em protrair a soluçã o do problema gerado ao
consumidor. 3. Recurso conhecido e nã o provido. Sentença mantida por seus pró prios
fundamentos, ex vi do art. 46 da Lei nº HYPERLINK
"https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103497/lei-dos-juizados-especiais-lei-9099-
95"9.099/95. Sucumbente, arcará a parte recorrente com os honorá rios advocatícios da
parte contrá ria, que sã o fixados em 20% do valor da condenaçã o a título de indenizaçã o por
danos morais. (TJSP; Recurso Inominado 0003780-72.2017.8.26.0156; Relator (a): Renato
Siqueira De Pretto; Ó rgã o Julgador: 1ª Turma Cível e Criminal; Foro de Jundiaí - 4ª. Vara
Cível; Data do Julgamento: 12/03/2018; Data de Registro: 12/03/2018)

APELAÇÃ O - AÇÃ O DE REPETIÇÃ O DE INDÉ BITO C.C. INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS -
CONSUMIDOR DEMANDANTE INDEVIDAMENTE COBRADO, POR DÉ BITO REGULARMENTE
SATISFEITO - Completo descaso para com as reclamaçõ es do autor - Situaçã o em que há de
se considerar as angú stias e afliçõ es experimentadas pelo autor, a perda de tempo e o
desgaste com as inú meras idas e vindas para solucionar a questã o - Hipó tese em que tem
aplicabilidade a chamada teoria do desvio produtivo do consumidor - Inequívoco, com
efeito, o sofrimento íntimo experimentado pelo autor, que foge aos padrõ es da normalidade
e que apresenta dimensã o tal a justificar proteçã o jurídica - Indenizaçã o que se arbitra na
quantia de R$ 5.000,00, à luz da técnica do desestímulo. (...) (TJSP; Apelaçã o 1027480-
84.2016.8.26.0224; Relator (a): Ricardo Pessoa de Mello Belli; Ó rgã o Julgador: 19ª Câ mara
de Direito Privado; Foro de Guarulhos - 8ª Vara Cível; Data do Julgamento: 05/03/2018;
Data de Registro: 13/03/2018)

RELAÇÃ O DE CONSUMO - VÍCIO OCULTO NO PRODUTO (SOFÁ ) - OBSERVÂ NCIA DO


CRITÉ RIO DA VIDA Ú TIL DO BEM DURÁVEL -DESVIO PRODUTIVO DO CONSUMO -
INDENIZAÇÃ O POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - RECONHECIMENTO. 1. (...)
Caracterizados restaram, ainda, os danos morais asseverados pelo Recorrido diante do
"desvio produtivo do consumidor", que se configura quando este, diante de uma situaçã o de
mau atendimento, é obrigado a desperdiçar o seu tempo ú til e desviar-se de seus afazeres, e
que gera o direito à reparaçã o civil. E o quantum arbitrado (R$ 2.000,00), em razã o disso,
longe está de afrontar o princípio da razoabilidade, mormente pelo completo descaso da Ré,
loja de envergadura nacional, para com o seu cliente. 3. Recurso conhecido e nã o provido.
Sentença mantida por seus pró prios fundamentos, ex vi do art. 46 da Lei nº HYPERLINK
"https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103497/lei-dos-juizados-especiais-lei-9099-
95"9.099/95. Sucumbente, arcará a parte Recorrente com os honorá rios advocatícios da
parte contrá ria, que sã o fixados em 20% do valor total da condenaçã o. (TJSP; Recurso
Inominado 1000711-15.2017.8.26.0156; Relator (a): Renato Siqueira De Pretto; Ó rgã o
Julgador: 1ª Turma Cível e Criminal; Foro de Ribeirã o Preto - 2ª. Vara Cível; Data do
Julgamento: 05/02/2018; Data de Registro: 05/02/2018)

Trata-se de notó rio desvio produtivo caracterizado pela perda do tempo que lhe seria
útil ao descanso, lazer ou de forma produtiva, acaba sendo destinado na solução de
problemas de causas alheias à sua responsabilidade e vontade.

A perda de tempo de vida ú til do consumidor, em razã o da falha da prestaçã o do serviço


nã o constitui mero aborrecimento do cotidiano, mas verdadeiro impacto negativo em sua
vida, devendo ser INDENIZADO.
DO QUANTUM INDENIZATÓRIO
O quantum indenizató rio deve ser fixado de modo a nã o só garantir à parte que o postula a
recomposiçã o do dano em face da lesã o experimentada, mas igualmente deve, servir de
reprimenda à quele que efetuou a conduta ilícita, como assevera a doutrina:

"Com efeito, a reparação de danos morais exerce função diversa daquela dos danos materiais.
Enquanto estes se voltam para a recomposição do patrimônio ofendido, por meio da aplicação
da fórmula"danos emergentes e lucros cessantes"(CC, art. HYPERLINK
"https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10705580/artigo-402-da-lei-n-10406-de-10-de-
janeiro-de-2002"402), aqueles procuram oferecer compensação ao lesado, para atenuação do
sofrimento havido. De outra parte, quanto ao lesante, objetiva a reparação impingir-lhe
sanção, a fim de que não volte a praticar atos lesivos à personalidade de outrem."
(BITTAR, Carlos Alberto. Reparaçã o Civil por Danos Morais. 4ª ed. Editora Saraiva, 2015.
Versã o Kindle, p. 5423)

Neste sentido é a liçã o do Exmo. Des. Clá udio Eduardo Regis de Figueiredo e Silva, ao
disciplinar o tema:

"Importa dizer que o juiz, ao valorar o dano moral, deve arbitrar uma quantia que, de
acordo com o seu prudente arbítrio, seja compatível com a reprovabilidade da conduta
ilícita, a intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima, a capacidade
econômica do causador do dano, as condições sociais do ofendido, e outras
circunstâncias mais que se fizerem presentes" (Programa de responsabilidade civil. 6. ed.,
São Paulo: Malheiros, 2005. p. 116). No mesmo sentido aponta a lição de Humberto Theodoro
Júnior: [...] "os parâmetros para a estimativa da indenização devem levar em conta os
recursos do ofensor e a situação econômico-social do ofendido, de modo a não minimizar a
sanção a tal ponto que nada represente para o agente, e não exagerá-la, para que não se
transforme em especulação e enriquecimento injustificável para a vítima. O bom senso é a
regra máxima a observar por parte dos juízes" (Dano moral. 6. ed., São Paulo: Editora Juarez
de Oliveira, 2009. p. 61). Complementando tal entendimento, Carlos Alberto Bittar, elucida
que"a indenização por danos morais deve traduzir-se em montante que represente
advertência ao lesante e à sociedade de que se não se aceita o comportamento
assumido, ou o evento lesivo advindo.Consubstancia-se, portanto, em importância
compatível com o vulto dos interesses em conflito, refletindo-se, de modo expresso, no
patrimônio do lesante, a fim de que sinta, efetivamente, a resposta da ordem jurídica aos
efeitos do resultado lesivo produzido. Deve, pois, ser quantia economicamente significativa,
em razão das potencialidades do patrimônio do lesante"(Reparaçã o Civil por Danos Morais,
RT, 1993, p. 220). Tutela-se, assim, o direito violado. (TJSC, Recurso Inominado n. 0302581-
94.2017.8.24.0091, da Capital - Eduardo Luz, rel. Des. Clá udio Eduardo Regis de Figueiredo
e Silva, Primeira Turma de Recursos - Capital, j. 15-03-2018)

Ou seja, enquanto o papel jurisdicional nã o fixar condenaçõ es que sirvam igualmente ao


desestímulo e inibição de novas práticas lesivas, situaçõ es como estas seguirã o se
repetindo e tumultuando o judiciá rio.

Portanto, cabível a indenizaçã o por danos morais, E nesse sentido, a indenizaçã o por dano
moral deve representar para a vítima uma satisfaçã o capaz de amenizar de alguma forma o
abalo sofrido e de infligir ao causador sançã o e alerta para que nã o volte a repetir o ato,
uma vez que fica evidenciado completo descaso aos transtornos causados.
DA JUSTIÇA GRATUITA
O Requerente atualmente é ________ , tendo sob sua responsabilidade a manutençã o de sua
família, razã o pela qual nã o poderia arcar com as despesas processuais.

Ademais, em razã o da pandemia, apó s a política de distanciamento social imposta pelo


Decreto ________ nº ________ (em anexo), o requerente teve o seu contrato de trabalho
reduzido, com reduçã o do seu salá rio em ________ , agravando drasticamente sua situaçã o
econô mica.

Desta forma, mesmo que seus rendimentos sejam superiores ao que motiva o deferimento
da gratuidade de justiça, neste momento excepcional de reduçà o da sua remuneraçã o, o
autor se encontra em completo descontrole de suas contas, em evidente endividamento.

Como prova, junta em anexo ao presente pedido ________ .

Para tal benefício o autor junta declaraçã o de hipossuficiência e comprovante de renda, os


quais demonstram a inviabilidade de pagamento das custas judicias sem comprometer sua
subsistência, conforme clara redaçã o do Art. 99 Có digo de Processo Civil de 2015.

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petiçã o inicial, na
contestaçã o, na petiçã o para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.

§ 1º Se superveniente à primeira manifestaçã o da parte na instâ ncia, o pedido poderá ser


formulado por petiçã o simples, nos autos do pró prio processo, e nã o suspenderá seu curso.

§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que
evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessã o de gratuidade, devendo, antes
de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovaçã o do preenchimento dos referidos
pressupostos.

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por


pessoa natural.

Assim, por simples petiçã o, sem outras provas exigíveis por lei, faz jus o Requerente ao
benefício da gratuidade de justiça:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO DE SEGURANÇA - JUSTIÇA GRATUITA -


Assistência Judiciá ria indeferida - Inexistência de elementos nos autos a indicar que o
impetrante tem condições de suportar o pagamento das custas e despesas
processuais sem comprometer o sustento próprio e familiar, presumindo-se como
verdadeira a afirmação de hipossuficiência formulada nos autos principais - Decisã o
reformada - Recurso provido. (TJSP; Agravo de Instrumento 2083920-71.2019.8.26.0000;
Relator (a): Maria Laura Tavares; Ó rgã o Julgador: 5ª Câ mara de Direito Pú blico; Foro
Central - Fazenda Pú blica/Acidentes - 6ª Vara de Fazenda Pú blica; Data do Julgamento:
23/05/2019; Data de Registro: 23/05/2019

Cabe destacar que o a lei nã o exige atestada miserabilidade do requerente, sendo suficiente
a "insuficiência de recursos para pagar as custas, despesas processuais e honorários
advocatícios"(Art. 98, CPC/15), conforme destaca a doutrina:

"Não se exige miserabilidade, nem estado de necessidade, nem tampouco se fala em renda
familiar ou faturamento máximos. É possível que uma pessoa natural, mesmo com bom renda
mensal, seja merecedora do benefício, e que também o seja aquela sujeito que é proprietário
de bens imóveis, mas não dispõe de liquidez. A gratuidade judiciária é um dos mecanismos
de viabilização do acesso à justiça; não se pode exigir que, para ter acesso à justiça, o
sujeito tenha que comprometer significativamente sua renda, ou tenha que se desfazer
de seus bens, liquidando-os para angariar recursos e custear o processo." (DIDIER JR.
Fredie. OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Benefício da Justiça Gratuita. 6ª ed. Editora
JusPodivm, 2016. p. 60)

"Requisitos da Gratuidade da Justiça. Não é necessário que a parte seja pobre ou


necessitada para que possa beneficiar-se da gratuidade da justiça. Basta que não tenha
recursos suficientes para pagar as custas, as despesas e os honorários do processo. Mesmo que
a pessoa tenha patrimônio suficiente, se estes bens não têm liquidez para adimplir com essas
despesas, há direito à gratuidade." (MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz.
MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. 3ª ed. Revista dos Tribunais,
2017. Vers. ebook. Art. 98)

Por tais razõ es, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituiçã o Federal e pelo artigo 98 do
CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça ao requerente.

A existência de patrimô nio imobilizado, no qual vive a sua família nã o pode ser parâ metro
ao indeferimento do pedido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃ O DE RECONHECIMENTO E/OU DISSOLUÇÃ O DE UNIÃ O


ESTÁVEL OU CONCUBINATO. REVOGAÇÃ O DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA. (...) Argumento
da titularidade do Agravante sobre imóvel, que não autoriza o indeferimento do
benefício da gratuidade de justiça, pois se trata de patrimônio imobilizado, não
podendo ser indicativo de possibilidade e suficiência financeira para arcar com as
despesas do processo, sobretudo, quando refere-se a pessoa idosa a indicar os
pressupostos à isençã o do pagamento de custas nos termos do art. 17, inciso X da Lei n.º
HYPERLINK "https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/90595/lei-3350-99"3.350/1999.
Direito à isençã o para o pagamento das custas bem como a gratuidade de justiça no que se
refere a taxa judiciá ria. Decisã o merece reforma, restabelecendo-se a gratuidade de justiça
ao réu agravante. CONHECIMENTO DO RECURSO E PROVIMENTO DO AGRAVO DE
INSTRUMENTO. (TJRJ, AGRAVO DE INSTRUMENTO 0059253-21.2017.8.19.0000, Relator
(a): CONCEIÇÃ O APARECIDA MOUSNIER TEIXEIRA DE GUIMARÃ ES PENA, VIGÉ SIMA
CÂ MARA CÍVEL, Julgado em: 28/02/2018, Publicado em: 02/03/2018)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃ O MONOCRÁTICA. AÇÃ O DE USUCAPIÃ O. BENEFÍCIO


DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA. COMPROVAÇÃ O DA NECESSIDADE. DEFERIMENTO DO
BENEFÍCIO. - Defere-se o benefício da gratuidade da justiça sem outras perquiriçõ es, se o
requerente, pessoa natural, comprovar renda mensal bruta abaixo de Cinco Salá rios
Mínimos Nacionais, conforme novo entendimento firmado pelo Centro de Estudos do
Tribunal de Justiçado Rio Grande do Sul, que passo a adotar (enunciado nº 49). - A
condição do agravante possuir estabelecimento comercial não impossibilita que seja
agraciado com a gratuidade de justiça, especialmente diante da demonstração da
baixa movimentação financeira da microempresa de sua propriedade. AGRAVO DE
INSTRUMENTO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70076365923, Décima Sétima
Câ mara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Gelson Rolim Stocker, Julgado em
10/01/2018).

Afinal, o Requerente possui inú meros compromissos financeiros que inviabilizam o


pagamento das custas sem comprometer sua subsistência, veja:

· ________ - R$ ________ ;

· ________ - R$ ________ ;

· ________ - R$ ________ ...

Ou seja, apesar do patrimô nio e renda elevada, todo valor auferido mensalmente esta
comprometido, inviabilizando suprir a custas processuais.

DA GRATUIDADE DOS EMOLUMENTOS


O artigo 5º, incs. XXXIV e XXXV da Constituiçã o Federal assegura a todos o direito de
acesso à justiça em defesa de seus direitos, independente do pagamento de taxas, e
prevê expressamente ainda que a lei nã o excluirá da apreciaçã o do Poder Judiciá rio lesã o
ou ameaça a direito.

Ao regulamentar tal dispositivo constitucional, o Có digo de Processo Civil prevê:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de


recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorá rios advocatícios tem
direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.

§ 1º A gratuidade da justiça compreende:

(...)

IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática


de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessá rio à efetivaçã o de decisã o
judicial ou à continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido concedido.

Portanto, devida a gratuidade em relaçã o aos emolumentos extrajudiciais exigidos pelo


Cartó rio. Nesse sentido sã o os precedentes sobre o tema:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. BENEFICIÁ RIO DA AJG. EXECUÇÃ O DE


SENTENÇA. REMESSA À CONTADORIA JUDICIAL PARA CONFECÇÃ O DE CÁ LCULOS.
DIREITO DO BENEFICIÁ RIO INDEPENDENTEMENTE DA COMPLEXIDADE. 1. Esta Corte
consolidou jurisprudência no sentido de que o beneficiá rio da assistência judiciá ria gratuita
tem direito à elaboraçã o de cá lculos pela Contadoria Judicial, independentemente de sua
complexidade. Precedentes. 2. Recurso especial a que se dá provimento. (STJ - REsp
1725731/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/11/2019,
DJe 07/11/2019)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. JUSTIÇA GRATUITA. EMOLUMENTOS DE CARTÓ RIO


EXTRAJUDICIAL. ABRANGÊ NCIA. Açã o de usucapiã o. Decisã o que indeferiu o pedido de
isençã o dos emolumentos, taxas e impostos devidos para concretizaçã o da transferência de
propriedade do imó vel objeto da açã o à autora, que é beneficiá ria da gratuidade da justiça.
Benefício que se estende aos emolumentos devidos em razão de registro ou
averbação de ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial (art. 98, § 1º, IX,
do CPC). (...). Decisã o reformada em parte. AGRAVO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJSP;
Agravo de Instrumento 2037762-55.2019.8.26.0000; Relator (a): Alexandre Marcondes;
Ó rgã o Julgador: 3ª Câ mara de Direito Privado; Foro de Santos - 10ª Vara Cível; Data do
Julgamento: 14/08/2014; Data de Registro: 22/03/2019)

Assim, por simples petiçã o, uma vez que inexistente prova da condiçã o econô mica do
Requerente, requer o deferimento da gratuidade dos emolumentos necessá rios para o
deslinde do processo.

DO PEDIDO
Ante o exposto, requer:

1. A concessã o da Gratuidade Judiciá ria nos termos do art. 98 do Có digo de Processo Civil;

2. A citaçã o do réu, na pessoa de seu representante legal, para, querendo responder a


presente demanda;

3. A procedência do pedido, com a condenaçã o do requerido ao ressarcimento imediato das


quantias pagas, no valor de R$ ________ , bem como à indenizaçã o de danos materiais no
valor de R$ ________ e lucros cessantes no valor de R$ ________ , acrescidas ainda de juros e
correçã o monetá ria,

4. Seja o requerido condenada a pagar ao requerente um quantum a título de danos morais


nã o inferior o ________ , considerando as condiçõ es das partes, principalmente o potencial
econô mico-social da lesante, a gravidade da lesã o, sua repercussã o e as circunstâ ncias
fá ticas;

5. A condenaçã o do requerido em custas judiciais e honorá rios advocatícios;

6. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas e cabíveis à
espécie, especialmente pelos documentos acostados;

7. Por fim, manifesta que ________ na audiência conciliató ria, nos termos do Art. 319, inc. VII
do CPC.

Termos em que, pede deferimento.

Valor da causa R$ ________


________ , ________ .

________

ANEXOS

1. Comprovante de renda

2. Declaraçã o de hipossuficiência

3. Documentos de identidade do Autor (RG e CPF)

4. Comprovante de residência

5. Procuraçã o

6. Prova da compra

7. Prova dos defeitos/vícios

8. Provas da solicitaçã o do consumidor

9. Provas da negativa de soluçã o

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