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CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. 54° Assembleia Geral da CNBB 29(Sub)/54"AG wel Aparecida - SP, 06 a 15 de abril de 2016 O registro do batismo de criangas, filhas ou adotadas, por pessoas em unifio homossexual Considerando 0 que foi exposto nas orientagdes pastorais candnicas sobre o batismo de criangas, filhas ou adotadas, por pessoas em unio homossexual, para efetuar o registro do batismo devemos distinguir duas situagdes: 1? Se um deles for pai ou mie natural ¢ o outro for adotante, aplica-se 0 cin. 877§2. Apareceré como pai, o pai biolégico, e como mie, a mie biolégica e o outro constara como adotante. 2 Se os dois homens ou duas mulheres so adotantes aplica-se o cin. 877§3, que determina: a) Inscrevam-se os nomes dos adotantes; b) Inscrevam-se, também, os nomes dos pais naturais, se assim se faz no registro civil da regio, atendendo as preserigdes da Conferéncia dos Bispos. Note-se que a referéncia ao registro civil diz respeito apenas e tdo somente & questio da insergo do nome dos pais naturais no registro do batismo da crianga € néo do nome dos adotantes. Isso significa que, se na certidao de registro civil da crianga aparecer 0 nome dos pais naturais, tais nomes também serdo inseridos no registro do batismo da crianga. Do contrério, nao aparecer 0 nome dos pais naturais. E preciso recordar, também, 0 quanto estabelece a Conferéncia dos Bispos a este respeito. Aqui no Brasil, assim se manifestou a CNBB: “Na inscrigao dos filhos adotivos, constaré nao s6 o nome do adotante, mas, também, © dos pais naturais, sempre que assim conste do registro civil” Por fim, recorde-se que o legistador ndio chama os adotantes de “pais”, “pai” ou “mae”, mas, simplesmente, de “adotantes”. No registro do batismo da crianga devera aparecer a expresso “adotantes”, inserindo-se, na sequéncia, 0 nome dos dois homens, ou das duas mulheres, sem qualquer referéncia a patemnidade ou maternidade, pois, de fato, pais nfo 0 so, independentemente de como isso aparece no registro civil Grupo de trabalho Dom Sergio de Deus Borges Dom Gilson Andrade da Silva Dom José Francisco Falcdo de Barros Assessores: Frei Evaldo Xavier Gomes Dr. Hugo Sarubbi José Cysneiros de Oliveira ORIENTACOES PASTORAIS E CANONICAS SOBRE O BATISMO DE CRIANCAS, FILHAS OU ADOTADAS, POR PESSOAS EM UNIAO HOMOSSEXUAL 1. Preambulo O Papa Francisco, na Exortacao Apostdlica Evangelii gaudium, pediu que a Igreja fosse sempre a "casa aberta do Pai" e que, além das portas do templo, se considerasse com prudéncia e audécia nao fechar outras portas, pois "todos podem participar de alguma forma na vida eclesial, todos podem fazer parte da comunidade, € nem sequer as portas dos sacramentos se deveriam fechar por uma razo qualquer. Isto vale, sobretudo, quando se trata daquele sacramento que é a «porta»: o Batismo. [...] Muitas vezes agimos como controladores da graca e nao como facilitadores. Mas a Igreja nao é uma alfandega; é a casa paterna, onde ha lugar para todos com a sua vida fadigosa." (n° 47) Entre as muiltiplas situacées que inspiram atencao pastoral na administracéo do Batismo estd 0 fato de pessoas do mesmo sexo, que convivem em unido estavel ou nao, pedirem batizar criangas sob a sua tutela, ou filhos bioldgicos de um dos parceiros. A prudéncia pastoral requer uma reflexo atenta, pois a situacdo de convivéncia dessas pessoas se encontra em contradi¢ao com a doutrina da Igreja sobre © matriménio e a sexualidade. A doutrina da Igreja sobre a homossexualidade se baseia na sua atenco a Lei Natural aos ensinamentos das Sagradas Escrituras e da sua Tradigao. Este ensinamento oferece um raio de luz e de esperanca no meio de consideravel confusdo, intensa emocao e muito conflito. © casamento nao é uma unio qualquer entre pessoas humanas, foi fundado pelo Criador, com uma natureza, propriedades e finalidades préprias. "Sd existe matriménio entre duas pessoas de sexo diferente, que através da reciproca doacao pessoal, que Ihes ¢ prépria e exclusiva, tendem & comunhio das suas pessoas. Assim se aperfeigoam mutuamente para colaborar com Deus na geragio e educacao de novas vidas" (CDF. Consideracées sobre os projets de reconhecimento legal das unides entre pessoas homossexuais, n. 2). Quanto aos projetos de equipara¢ao ao matriménio de unides entre pessoas homossexuais, o Papa Francisco na Exortagao Apostélica Amoris Laetitia, afirmou que "nao existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as unides homossexuais e o desfgnio de Deus sobre o matriménio e a familia" (251). No entanto, em muitas ocasides o Magistério da Igreja expressou 0 seu desejo de que as pessoas homossexuais sejam objeto de uma particular solicitude pastoral de que sejam "acolhidas com respeito, compaixio e delicadeza” , deplorando o fato de que tenham sido e sejam objeto de violéncia por palavra ou por obra. Tal tratamento, inclusive, merece a condenacao dos pastores da Igreja onde quer que aconteca. Em sua recente Exortacao Apostélica Amoris Laetitia, o Papa Francisco, expressou 0 desejo de que se assegurasse apoio as familias para que os que manifestam tendéncia homossexual disponham “dos auxilios necessérios para compreender e realizar plenamente a vontade de Deus na sua vida" (250). 2. Alguns principios sobre o batismo de criancas A pergunta que se coloca é sobre o que indica 0 zelo pastoral e a necesséria prudéncia para discernir os casos concretos para a acolhida ou nao de uma crianga ao Batismo, Trata-se de fieis catdlicos que pedem o batismo para criancas tuteladas por eles. Embora objetivamente se encontrem numa situacdo contrdria @ doutrina da f6 catélica, sdo membros da Igreja de pleno direito e, como tal, responséveis por promover o crescimento da Igreja e sua continua santificaczo. Vamos procurar responder a essa pergunta recordando alguns principios gerais sobre a pratica do batismo de criancas na Igreja catélica. O batismo de criancas A Igreja "sempre entendeu que as criangas néo devem ser privadas do Batismo, uma vez que sio batizadas na fé da Igreja, proclamada pelos pais e padrinhos e por todos os figis presentes". A pratica sacramental da Igreja catélica relativa ao Batismo sempre levou em conta duas realidades: a necessidade do batismo para a salvacao e a responsabilidade dos pais e padrinhos no proceso da completa realizacéo da iniciac3o, crista (Cf. Cann. 849, 868) Os efeitos principais desse sacramento so "a purificagdo dos pecados e 0 novo nascimento no Espirito Santo". O Catecismo da Igreja Catélica ensina que "por nascerem com uma natureza humana decaida e manchada pelo pecado original, também as criancas precisam do novo nascimento no Batismo, a fim de serem libertadas do poder das trevas e serem transferidas para o dominio da liberdade dos filhos de Deus, para o qual todos os homens so chamados. A pura gratuidade da graca da salvaco é particularmente manifesta no Batismo das criangas. Por isso, a Igreja e os pais privariam a crianga da graca inestimével de se tornar filho de Deus, se nao Ihe conferissem o Batismo pouco depois do seu nascimento." (n? 1250) Convém, portanto, recordar que a situaco de vida do pai ou da mae ndo é mais portante que a graca do batismo e que a crianga nao tem nenhuma responsabilidade pelo estado de vida de quem pede para ele o sacramento. Garantias quanto a educagio na fé Ciente da gratuidade do dom de Deus no sacramento do batismo, a Igreja a0 batizar criangas pede que se oferecam garantias minimas para a educacao na fé do neéfito e © acompanhamento necessario para que a iniciacSo crist seja completada e se garanta uma participaco consciente e frutuosa no seio da Igreja. As criancas devem ser educadas na 8 em que foram batizadas a fim de que descubram pouco a pouco 0 plano de Deus em Cristo, para que, finalmente, possam ratificar por si mes que foram batizadas. No Instrumentum Laboris da It Assembleia Geral Extraordinaria do S Bispos evidenciou-se o dever da Igreja de averiguar as garantias da transm: a0 fiho e recordou que em caso de diividas sobre a capacidade efetiva de educ cristmente 0 filho por parte de pessoas do mesmo sexo, se garantisse 0 apoio adequado, podendo-se langar mao da contribuigdo que neste sentido outras pessoas do seu ambiente familiar e social podem oferecer. Indicava-se também que para estes casos 0 paroco tenha particular cuidado na preparacao do batismo e que se dé uma atengo especifica na escolha do padrinho e da madrinha (120). 3. Indicagées pastorais 1. 0 zelo pastoral inspira atitudes de aproximagao e de acolhida, especialmente daqueles que procuram nossas Igrejas com suas perguntas e seus pedidos. Com solicitude pastoral, os presbiteros e toda a comunidade crista ajudem estes irmaos e irmas a ndo se sentirem separados da Igreja, mas estimulados a fazer parte da sua vida, a escutar a Palavra de Deus, a perseverar na oracdo, especialmente na participacdo fiel a Santa Missa. Que sejam estimulados a uma existéncia moral inspirada na caridade para que possam viver plenamente o seu dever de educar os filhos. 2. Inspirado numa atitude de sincera acolhida, 0 paroco devera certificar-se de que as motivagées apresentadas sdo condizentes com a natureza do pedido. Procuraré cuidar particularmente a preparacao para o Batismo e verificaré as garantias para a futura educacao na fé da crianga a ser batizada. € oportuno favorecer uma catequese personalizada, levando em consideracao a grave responsabilidade assumida quanto ao desenvolvimento da vida cristé do batizado. Segundo as possibilidades se lhes proponha um percurso que os ajude a fazer escolhas coerentes com o Evangelho. 3. No atual contexto de ambientes mais ou menos secularizados, nossas paréquias devem ser capazes de acolher e iniciar na fé aqueles que as procuram. O encontro com as pessoas que vém pedir o batismo para os filhos oferecerd ao paéroco e demais agentes pastorais a oportunidade para uma proposi¢ao simples e decidida do Evangelho de Jesus. A aproximacao das pessoas em suas situagdes diversas é sempre uma oportunidade de antincio do Evangelho, especialmente dentro do atual contexto de difuso esquecimento pratico de Deus. £ ocasido para propor a mensagem evangélica sem impor, despertar as consciéncias, dar testemunho do sentido da vida que a fé oferece, anunciar a fé crista. E parte da misao da Igreja langar um chamado liberdade das pessoas e a sua consciéncia. © encontro com os responsaveis pela crianga oferece também oportunidade para anunciar de forma gradual o ensinamento da Igreja sobre o amor humano, 0 e a sexualidade, exortando-os com caridade a viver conforme 0 casamento, a fami proprio batismo. 4, A prudéncia pastoral indica que se cuide para que a celebracao do batismo n3o seja interpretada como uma espécie de aprovacao eclesial da unio homossexual. 5. © paroco cuidaré para que a celebracio do batismo nao seja instrumentalizada para fins politicos ou como propaganda da assim chamada "cultura gay". O fato de convocar os meios de comunicaggo ou prever a assisténcia de personalidades de carter sociopolitico pode suscitar uma duvida legitima sobre a intengdo dos que solicitam o sacramento. Caso haja risco de instrumentalizagdo do sacramento, 0 paroco deveré tomar as medidas necessdrias para evitar esta falta grave, buscando opgées concretas para evité-lo. Tenha-se presente o dever de evitar qualquer situacao que possa gerar confusio no Povo de Deus. 6. Uma questéo de ordem pratica a estar atento é quanto & celebracéo do sacramento. No ritual estd prevista a presenca dos pais, por isso sio mencionados com frequéncia nas crades e exortagdes do rito. Pertanto, deverdo ser feitas as adaptades necessérias. 4, Normativa Canénica sobre o registro do batismo £ importante conhecer a norma geral sobre o registro de batismo para melhor compreender as indicagdes especificas do tema em questao. O registro de batismo esta contemplado no cénon 877 do Cédigo de Direito Canénico e contempla trés situagdes distintas. A primeira esté contemplada no cn. 877, § 1. O pdroco do lugar em que se celebra 0 batismo deve registrar no livro dos batizados, cuidadosamente e sem nenhuma demora, os nomes dos batizados, fazendo mengio do ministro, pais, padrinhos, bem como testemunhas, se as houver, do lugar e dia do batismo, indicando go mesmo tempo o dia e 0 lugar do nascimento. A luz do texto codicial, observa-se, logo de inicio, que as informagdes a serem inseridas no livro de batizados sao fixadas pelo can. 877, § 1, a saber: 0 nome do batizado, do ministro, dos pais e dos padrinhos, bem como de eventual testemunha, se houver (can. 874, § 2). Além disso, devem ser inseridas, também, informagées sobre o lugar e dia do batismo e do nascimento da crianga A segunda est contemplada no can. 8775 2. Tratando-se de filhos de mae néo casada, deve-se consignar 0 nome da mae, se consta publicamente sua maternidade ‘ou ela 0 pede espontaneamente por escrito perante duas testemunhas; deve-se também inscrever 0 nome do pai, se sua paternidade se comprova por algum documento pablico ou por declaragdo dele, feita perante o paroco e duas testemunhas; nos outros casos, inscreva-se 0 que foi batizado, sem fazer nenhuma indicagéio do nome do pai ou dos pais. © legislador, neste pardgrafo, acolhe a realidade do filho de uma mae nao casada. Como a maternidade é certa, a lei nao exige qualquer documento publico que a demonstre. Para incluir 0 nome da mae no registro do batismo da crianga, basta que conste publicamente a sua maternidade ou, ento, ela o peca por escrito perante duas testemunhas. Quanto ao pai, a orientagdo é um pouco diferente. Para incluir 0 do pai no registro do batismo da crianca, é necessario que ele compro paternidade por meio de um documento ptiblico ou, ento, que faga uma de perante 0 paroco e duas testemunhas a respeito de sua paternidade No final do texto o legislador apresenta uma orientagio muito importante quando nao for possivel saber com certeza quem é a mie, registra-se s6 com 0 nome do pai. Se nao for possivel saber ao certo quem é 0 pai, registra-se sé com o nome da mae. Se nao for possivel saber ao certo quem é 0 pai e nem a mie, registra-se sem 0 nome dos pals. Portanto, a normativa prevé a possibilidade de se registrar 0 nome do batizado quando nao se sabe ao certo quem sao os seus pais. A terceira situacdo é prevista pelo can. 877§3. Tratando-se de filho adotivo, inscrevam-se os nomes dos adotantes, como, também, ao menos se assim se faz no registro civil da regiGo, os dos pais naturais, de acordo com os §§ 1 e 2, atendendo ds prescrigdes da Conferéncia dos Bispos. Este pardgrafo se ocupa diretamente do nosso argumento, ou seja, do tema da adogao. E interessante observar a diferenca redacional existente entre os dois primeiros pardgrafos e o paragrafo terceiro. O primeiro usa o termo latino parentibus (traduzido como “pais”). O segundo usa a frase nomem matris (nome da mae) e nomem patris (nome do pai), como, também, nulla facta de patris aut parentum nomine indicatione (nenhuma indicac3o do nome do pai ou dos pais). J4 0 terceiro pardgrafo usa a expresso nomina adoptantium (nome dos adotantes) que, aqui, ndo sdo chamados de “pais”. O legislador neste pardgrafo sé chama de pais os “pais naturals” (parentum naturalium), mas nao os adotantes. Convém recordar, ainda, que nos canones que se ocupam dos impedimentos matrimoniais aparece a mesma distingo (entre pais e adotantes). 0 impedimento de consanguinidade (can. 1091) tem por base o fato biolégico da geracao, pois, por definicdo, a consanguinidade é o vinculo de sangue que une um grupo de pessoas que procedem por gera¢do de um tronco comum. Quando se esta na linha reta, temos, entdo, a relacdo entre pais e filhos. Quando se esta na linha colateral, temos a relagao entre irmaos. Nao é 8 toa que na traducZo italiana os pais so chamados de “genitori”. J 0 impedimento de parentesco legal (can. 1094) se refere a um tipo de vinculo que é de ordem legal, mas no natural. O fato desencadeador do impedimento nao é a geracao biolégica, mas, sim, a adocdo. Aqui nao se trata da relacao entre pais e filhos em termos biolégicos, mas, sim, entre adotantes e adotados, como, também, dos adotados entre Por fim, quando o legislador se ocupa do direito/dever dos pais a educarem os filhos (c4n. 226, § 2), adota como ratio da norma o direito natural fundado no fato da geraco: “Os pais, tendo dado a vida aos filhos...”. Por terem gerado (dado biolégico) & que possuem 0 direito/dever de educar os filhos, tendo a Igreja e o Estado uma fungdo subsididria em relacdo a isso. Diante do exposto, fica evidenciado que a lgreja, quando se utiliza do termo “familia”, “pais”, “pai", “mie” e “filhos” em um sentido proprio e estrito, sempre utiliza como critério primeiro e principal o dado biolégico, ou seja, 0 fato da geracao. Em relaco ao ordenamento civil, é sabido que nos tltimos anos tem havido uma ampliacao daquilo que se entende por “familia”, “pais”, “pai”, “mae” e “filhos” Cada vez mais 0 dado biolégico vai sendo relativizado, perdendo a sua primazia diante de outros critérios que, aos poucos, vao sendo colocados no mesmo plano (ou até acima) do critério biolégico. No fundo isso é fruto do avango da assim chamada “ideologia de género”. Na pratica, tais termos ao serem utilizados de maneira indiscriminada, acabam por induzir & confusdo que tras os seus reflexos na prépria comunidade eclesial. £ verdade que, as vezes, o legislador canénico nos remete ao direito civil e, quando isso ocorre, hé uma canonizagao do direito civil. Todavia, o can. 22 assevera: “as leis civis, as quais 0 direito da Igreja remete, sejam observadas no direito canénico com os mesmos efeitos, desde que néo sejam contrarias ao direito divino e nGo seja determinado 0 contrério pelo direito canénico”. Ora, 0 direito divino (no caso, natural), nao nos consente adotar a terminologia utilizada pelo direito civil toda vez que estiver na contramao do direito natural. Se 0 direito civil passou a considerar como matriménio e familia relag6es que tem por base outros critérios, estabelecendo uma espécie de equiparacao entre o dado bioldgico e os demais dados, isso nao é aceitavel ‘em Ambito canénico. Sendo assim, nda nos cabe seguir o direito civil quando contrario a0 direito divino. Considerando 0 exposto, para efetuar o registro do batismo de criancas adotadas por pessoas do mesmo sexo em unio estavel devemos distinguir duas situagdes: 12 Se um deles for pai ou mae natural e 0 outro for adotante, aplica-se 0 can. 877§2. Aparecera como pai, 0 pai bioldgico, e como mie, a mae bioldgica e o outro constara como adotante. 22 Se os dois homens ou duas mulheres séo adotantes aplica-se 0 can. 87783, que determina: a) Inscrevam-se os nomes dos adotantes; b) Inscrevam-se, também, os nomes dos pais naturais, se assim se faz no registro civil da regio, atendendo as prescrigdes da Conferéncia dos Bispos. Note-se que a referéncia ao registro civil diz respeito apenas e téo somente a questo da insercao do nome dos pais naturais no registro do batismo da crianga e nao do nome dos adotantes. Isso significa que, se na certiddo de registro civil da crianga aparecer 0 nome dos pais naturals, tals nomes também sero inseridos no registro do batismo da crianca. Do contrario, ndo aparecera 0 nome dos pais naturais. E preciso recordar, também, o quanto estabelece a Conferéncia dos Bispos a este respeito. Aqui no Brasil, assim se manifestou a CNBB: “Na inscri¢Go dos filhos adotivos, constard ndo 36 onome do adotante, mas, também, 0 dos pais naturais, sempre que assim cons registro civil”. Por fim, recorde-se que o legislador nao chama os adotantes de “pais”, “psi” ou “mae”, mas, simplesmente, de “adotantes”; no registro do batismo da crianca dever aparecer a expressdo “adotantes”, inserindo-se, na sequéncia, 0 nome dos dois homens, ou das duas mulheres, sem qualquer referéncia 8 paternidade ou maternidade, pois, de fato, pais nao 0 so, independentemente de como isso aparece no registro civil. Nao se segue em relacdo a este ponto o registro civil, pois, como afirmado anteriormente, a referéncia ao registro civil s6 vale para o registro do nome dos pais naturais endo para o nome dos adotantes. 5. Grupo de trabalho Dom Sergio de Deus Borges Dom Gilson Andrade da Silva Dom José Francisco Falco de Barros Assessores: Frei Evaldo Xavier Gomes Dr. Hugo Sarubbi José Cysneiros de Oliveira 6. Material de apoio Para elaborar estas orientages pedimos a colaboracéo dos seguintes especialistas: Cén. Dr. Martin Seg Girona (Canonista) Pe. Dr. Denilson Geraldo, SAC (Canonista) Pe. Dr. Valdinei de Jesus Ribeiro, CMF (Canonista) Pe. Dr. Ronaldo Zacharias, SDB (Moral ta) Prof. Dr. Paulo Tapajés Viveiros (Canonista) Também consultamos as orientacées elaboradas por: Arcidiocesi di Torino. Riflessioni e proposte sulla pastorale battesimale, ‘opportunita per accogliere ed evangelizzare le famiglie. Diécesis de Osma-Soria (Espanha). Orientaciones juridico-pastorales sobre la admisién al bautismo de los hijos, biolégicos 0 adoptados, de parejas homosexuales. United States Conference of Catholic Bishops. Ministerio a las personas con inclinacién homossexual: directrices para la atencién pastoral. 2007.

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