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Universidade do Mindelo
2012 - 2013
REGISTO CIVIL
B. FACTOS SUJEITOS A REGISTO: os factos sujeitos a registos são os factos que a lei
permite que sejam levados ao registo, isto é, que sejam lavrados nos suportes próprios,
legalmente admitidos para os registos, e que, consoante os casos, podem ser constituídos por
livros, fichas, e suportes informáticos.
Não podem ser registados, em consequência, quaisquer factos que a lei não declare
como sujeitos a registo.
Quase todos os factos sujeitos a registo civil devem ser obrigatoriamente registados – o
registo civil é tendencialmente obrigatório -, mas é a lei que define quais, de entre eles, são ou
não objecto de registo obrigatório.
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C. EFEITOS DO REGISTO:
1. Presunção de verdade e oponibilidade a terceiros – o registo goza de presunção legal
de veracidade e de autenticidade. Os factos sujeitos a registo obrigatório só podem ser
invocados depois de registados. O código civil enumera os casos de excepção, ou seja,
os factos que podem ser invocados mesmo que não haja registos:
a) O casamento anterior não dissolvido, artigo 1564º/c) CC;
b) As convenções antenupciais produzem efeitos relativamente aos outorgantes da
escritura e aos herdeiros dos cônjuges – artigo 1659º CC;
c) Os registos das decisões relativas ao poder paternal, artigos 1885º e 1886º CC.
2. Prova dos fatos sujeitos a registo – a prova dos registos do estado civil da pessoas só
podem ser feita através das certidões, do registo civil, da cédula pessoa e do Bilhete de
identidade. As provas do estado civil só podem ser ilidida nas acções de estado e nas
acções de registo – artigo 4º CRC.
a) Acções de estado – são aquelas em que se pretende alterar o estado tal como consta
do registo civil, o que quer dizer que é o próprio facto registado que se contesta: são
exemplo as acções de investigação ou de impugançao de paternidade ou as acções
de anulação de casamento;
b) Acções de registo – são aquelas que têm por objecto o registo em si mesmo: a sua
inexistência ou omissão, a sua nulidade ou certas das suas irregularidades ou
deficiências.
3. Impugnação em juízo dos factos sujeitos a registo: os factos registados não podem
ser impugnados em juízo sem que seja pedido cancelamento ou a rectificação dos
registos correspondentes – artigo 4º/2 CRC.
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judicial, mas esta deve ser promovida pelo funcionário logo que tiver conhecimento
da inexistência.
3. Anulabilidade – são aqueles casos que vêm previstos nos termos dos artigos 1564º,
1565º, 1567º, 1590º, 1592º CC.
E. ACTOS DO REGISTO CIVIL EM GERAL – o registo civil dos factos a ele sujeitos são
lavrados por meio de assento ou de averbamento – artigo 63º/1 CRC; os averbamentos são
havidos como parte integrante do assento a que respeitam – artigo 63º/2 CRC.
1. Assentos – os assentos são lavrados por inscrição ou por transcrição – artigo 64º
CRC; inscrevem-se os factos declarados directamente ou ocorridos no serviço
competente para o seu registo, na própria conservatória; transcrevem-se os factos
comprovados por título lavrado por serviço intermediário ou por outra entidade
legalmente competente.
a) Assentos lavrados por inscrição – são lavrados por inscrição os assentos previstos
nos termos do artigo 65º CRC;
b) Assentos lavrados por transcrição - são lavrados por transcrição os assentos
previstos nos termos do artigo 66º CRC.
c) Regras para a feitura dos assentos – a feitura dos assentos obedece a determinadas
regras. Assim, devem ser escritos por extenso, em face das declarações das partes
ou das próprias observações do funcionário, na presença das partes e dos demais
intervenientes, ou com base nos documentos apresentados, sendo porem admitido o
uso de abreviaturas de significado inequívoco, bem como as escritas por
algarismos das datas e dos números – artigo 72º CRC.
d) Responsabilidade pela feitura dos assentos; formalidades – os assentos podem ser
lavrados pelo conservador ou por um oficial de registos e será sempre assinado pelo
conservador, ou pelo substituto legal, no impedimento dele, artigo 75º/1 CRC.
Depois de lavrados os assentos são lidos na presença de todos os intervenientes,
artigo 75º/2 CRC. Os assentos devem ser assinados, imediatamente após a leitura,
primeiro pelas partes intervenientes no acto de registo, se souberem e puderem fazê-
lo, depois pelas testemunhas, havendo-as, e finalmente pelo funcionário, artigo
77º/1 CRC. Se, depois da leitura, algum dos intervenientes se impossibilitar de
assinar, ou se recusar a fazê-lo, o funcionário deve mencionar a razão por que o
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assento fica incompleto, artigo 77/2 CRC. Nenhuma alteração pode ser introduzida
no texto dos assentos depois de serem assinados, artigo 78º CRC.
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c) Sansão para o não cumprimento do prazo legal – Decorrido o prazo legal (30 dias)
sem que a declaração de nascimento tenha sido feita, tanto os funcionários do
registo civil como as autoridades administrativas devem participar o facto ao
Ministério Público, que promoverá, não só o procedimento criminal contra a pessoa
obrigada a prestar a declaração, mas também a verificação, no mesmo processo, dos
elementos necessários para se lavrar o registo à custa do responsável – artigo 121º/1
CRC. Igual participação pode ser feita por qualquer pessoa, ainda que sem interesse
especial na realização do registo – artigo 121º/2 CRC. Não existindo quem possa
ser responsabilizado criminalmente pela falta da declaração, servirá o processo
apenas para se lavrar o registo; neste caso, o Ministério Público ordenará as
diligências adequadas à recolha dos elementos necessários e requererá ao juiz da
comarca, depois de os obter, que determine a realização oficiosa do registo – artigo
121º/3 CRC.
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autorização para inscrição tardia de nascimento, neste caso já não será os pais,
artigo 125º/2 CRC. O nascimento ocorrido a mais de um ano o leque de pessoas que
podem fazer a declaração do nascimento é mais restrito, nos termo do numero 1 do
artigo 125º CRC. A prova de que o declarante tem o registando a seu cargo pode ser
feita através das testemunhas que intervierem no assento – artigo 125º/3 CRC. Se os
pais do registando residirem fora da área da conservatória do nascimento, podem
ser ouvidos, por ofício precatório, na conservatória da residência – artigo 125º/4
CRC.
f) Registo de nascimento:
i. Competência para lavar registo de nascimento – a competência para lavrar
registo de nascimento vem previsto nos termos do artigo 127º CRC.
ii. Menções especiais do assento de nascimento – as menções especiais do
assento do nascimento vêm previstas nos termos do artigo 128º CRC.
iii. Indicação do nome do registrando - a indicação do nome do registrando
será indicada pelo declarante, nos termos do artigo 129º CRC.
iv. Composição do nome – as regras da composição do nome vem prevista nos
termos do artigo 130º CRC. Interessa aqui saber que as partículas de
ligação – de, da, do, e – não se contam como unidade vocabulares e podem
ser aceites mesmo quando se não encontrem nomes dos pais. Não proíbe
também a repetição de apelidos que pertencem simultaneamente ao pai e à
mãe.
v. Formas de alteração do nome – as regras da alteração do nome vêm
previstas nos termos do artigo 131º CRC.
vi. Assento de gémeos – as regras de registo dos gémeos vem previsto nos
termos do artigo 132º CRC.
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i) Direito de usar nome em outras situações previstas no código civil – artigo 1628º
CC, artigo 1929º, etc.
b) Paternidade – artigo 1756º CC e142º CRC; artigo 154º CRC. Artigo 155º CRC.
Artigo 151º CRC;
c) Perfilhação – artigo 1774º CC. Artigo 1775º CC. Artigo 1777º CC. Artigo 1778º
CC. Artigo 157º CRC, artigo 158º CRC, 159º CRC.
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c) Celebração do casamento – o casamento pode ser celebrada pela via civil ou pela
via religiosa. O casamento deve realizar-se com a dignidade e importância social
que o acto requer, artigo 1575º/2 CC. O dia da celebração é escolhida pelos
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nubentes, mas a hora será fixado pelo conservador depois de ouvir os interessados,
artigo 192º CRC. A celebração do casamento é pública e será feita pela forma
prevista no artigo 194º CRC. As pessoas cuja presença é indispensável no
casamento vêm previstas nos termos do artigo 193º CRC. Essas disposições da
celebração do casamento vêm previstas nos termos dos artigos 1578º e seguintes
CC. As disposições legais da celebração do casamento religioso vêm previstas nos
termos dos artigos 1581º e seguintes CC. Passado o prazo de 90 dias apos o
despacho final do casamento e se não foi celebrado o casamento, o casamento só
será transcrito após a organização de um novo processo preliminar, artigo1583º/2
CC.
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iv. Processo de justificação – decorrido o prazo legal sem que seja feita a
declaração de óbito, observar-se-á, na parte aplicável e com a necessária
adaptação, o disposto no artigo 121.º - artigo 243º/1 CRC; Se, porém, o
óbito tiver ocorrido há mais de um ano, a participação em juízo apenas terá
por fim o exercício da acção penal contra o responsável pela transgressão –
artigo 243º/2 CRC.
b) Registo de óbito:
i. Competência – é competente para lavrar o registo a conservatória da área
ocorrido o óbito ou se encontrar o cadáver, artigo 245º CRC.
ii. Menções especiais – o assento do óbito conterá as menções especiais
previstas nos termos do artigo 246º CRC.
iii. Óbito de pessoa desconhecida – as regras do assento de óbito de individuo
cuja identidade não seja possível determinar vem previsto nos termos do
artigo 247º CRC.
iv. Registos de fetos – a morte dos fetos estão sujeitos a registos, nos termos do
artigo 248º CRC.
e) Enterramento:
i. Prazo dilatório - nenhum cadáver pode ser sepultado antes de decorridos 24
horas sobre o falecimento e sem que previamente se tenha lavrado o
respectivo assento ou auto de declaração de óbito, artigo 255º CRC.
ii. Enterramento antecipado – artigo 256º CRC;
iii. Locais do enterramento, artigo 257º CRC.
g) Comunicações obrigatórias:
i. Comunicação do óbito dos estrangeiros, artigo 262º CRC;
ii. Comunicações que os conservadores devem efectuar, artigo 263º CRC.
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b) Conteúdo das certidões – o conteúdo das certidões vem previstos nos termos do
artigo 280º CRC.
c) Quem pode pedir certidões – a legitimidade para requerer certidão dos registos das
certidões vem previsto nos termos do artigo 282º CRC.
e) Prazo para a passagem das certidões – as certidões são passadas dentro do prazo de
cinco dias, artigo 286º CRC.
f) Aposição do selo branco – a aposição do selo branco nas certidões vem prevista nos
termos do artigo 291º CRC.
3. Cédula pessoal – o regime das cédulas pessoais vem prevista nos termos dos artigos
295º CRC.
I. REGRAS DE COMPETÊNCIA:
1. Conservatória dos registos centrais – à conservatória dos registos centrais compete
lavrar os registos previstos nos termos do artigo 12º CRC.
2. Conservatória dos registos civis – à conservatória dos registos civis compete lavrar os
registos previstos nos termos do artigo 13º CRC.
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3. Outros livros existentes nas conservatórias -. Alem dos livros de registo, haverá nas
conservatórias os livros previstos nos termos do artigo 20º CRC.
4. Legalização dos livros – todos os livros das conservatórias deverão ser legalizados,
artigo 24º CRC.
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L. PROCESSOS COMUNS:
1. Processo de justificação judicial:
a) Domínio de aplicação – artigo 316º CRC;
b) Autuação da pretensão – artigo 317º CRC;
c) Diligencias ordenada pelo conservador – artigo 318º CRC;
d) Inquirição das testemunhas – artigo 319º CRC;
e) Informação final, artigo 320º CRC;
f) Vista do Ministério Público, artigo 321º CRC;
g) Decisão e sua execução, artigo 322º CRC;
h) Admissibilidade de recurso, artigo 323º CRC.
M. PROCESSOS ESPECIAIS
1. Processos de impedimento de casamento – artigos 330º a 339º CRC;
2. Processo de despensa de impedimento – artigos 340º a 345º CRC;
3. Processo de sanação da anulabilidade de casamento por falta de testemunhas –
artigos 346º a 348º CRC.
4. Processo de reclamação da oposição deduzida ao casamento de menores – artigos
349º a 351º CRC;
5. Processo de verificação da capacidade matrimonial de estrangeiros – artigos 352º a
356º CRC;
6. Processo de declaração do caracter secreto do registo de perfilhação de filhos
incestuosos – artigos 357º a 359º CRC;
7. Processo de suprimento da certidão de registo – artigos 360º a 364º CRC;
8. Processo de alteração do nome próprio ou de família – artigos 365º a 370º CRC;
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