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De Enfrentamento À Violência Mulher Atuação: As Interfaces Entre A Rede
De Enfrentamento À Violência Mulher Atuação: As Interfaces Entre A Rede
de enfrentamento à violência
contra a mulher eaatuação
das escolas públicas
INTRODUÇÃO
E salutar e urgente refletir sobre violéncia contra a mulher
a e o papel
da educação, especialmente em momentos em que o Brasil retrocede nos
direitos das mulheres. O cenário de violências sugere discussões, deba
tes e tenciona a ampliação da marcha de resistência, visando superar as
219
. . desde a colônia, no Império e na Republica o poder tem cor
tem cor, etnia
povos originários, raça negros
a -
escravizado. .. as mulhere
que levam seus filhos as escolas públicas que choram os filhosmåe
ou
nomens ou mulheres. Para a autora, o gênero se constrói por meio das rela-
oes sociais. Saffioti (1992, p. 189) corrobora essa tese asseverando que
aspectos
..) de processos combinados de racialização, colonização, exploração
capitalista, e heterossexualismo". (LUGONES, 2014, p. 941) Dessa forma,
a escola precisa entender essas
relações que ocorrem de forma complexa
no cotidiano escolar. Essa escrita éresistência!
tanto do ponto
individual
quanto coletivo.
Inspirada nas correlações de ideias, nos mapeamentos de intenções,
de subjetividades e atitudes dos transformadores sociais, mapear a rede
e trazê-la à escola se modela em consonâncias de saberes que reverbe
ram enquadramentos de conhecimentos novos para uma escola intercul-
tural e decolonial de saberes outros, os quais respeitem sobremaneira a
diversidade. A interculturalidade se refere ao sentido relacional - o con
epistêmico de uma
Interculturalidade é um bom exemplo do potencial
trabalha no limite
Uma epistemologia que
epistemologia fronteiriça. colonialidades do poder,
indigena
subordinado pela
conhecimento ocidental
do conhecimento
colonial e pelo
marginalizado pela diferença do
conhecimentoe de sua
con-
aue já está dito, posto, apresentado. Para isso, como essa força
menor orga-
niza novas formas dos devires com vozes que ainda não foram escutadas e
palavras que ainda não foram ditas, é preciso colocar essa força menor er
heterogénese, pensar em composição, relações ainda não postas, novas
a descolonizar as
mulher, de modo
atitudes eurocêntricas dos
gestores da rede de enfren
tamento à violência contra
mulher e o papel da escola
uma
provocação de novas reflexões e afasta as verdades pública, imprime
sais. absolutas, univer
Deparamos, pois, com um processo investigativo
cientifico, inédito. Nesse sentido, a inventivo, além de
cício sobre o mundo, é entendida cartografia, analisada como um exer
não apenas como meio de
de dados, mas interpretaçao
permeada de subjetividades, o que nos conduz ao ineal
tismo cientifico.
Nesse passo, se a
utopia nos faz caminhar, sentimos que a cartograna
é um labirinto a ser percorrido, um
mapa em aberto a
No entanto, tratar de corpos feridos e
ser
desvencilhau
minimamente se implicar e se ameaçados nesse corpo soclai
tadas, sofridas, cansadas,
engajar nas lutas de mulheres viole
são
calejadas e, sobretudo, marcadas pela opre
interseccional de gênero que necessita
de afeto, de escuta
sensive
arinhosa,
arinhosa, bbem como de
aerseguido que hssuram acolhimento.
perseguido
as tretas
Todavia, énesse horizonte a ser
cia Crontra mulher, violência
a fendas produzidas
e as
nodo, o
mulher caminham para
de gênero c o n t r a a da igualdade de
a promovam
a cultura
concretas que
g l a s educativas
UGD F A 231
gênero e dos direitos humanos a partir da educação. Vivenciar essa situ
ação fere a dignidade humana em todos os tempos e lugares que perpas
sam as mulheres uma ocorrência que tem base na colonialidade. Essas
mulheres, indubitavelmente, encontram desafios que se somam à cor, à
classe e ao gênero.
Nesse cenário, sob a perspectiva de Medeiros e Silva (2017), apresenta-
mos nossa proposta para o dispositivo de pesquisa: o ateliè de encontro.
Para a produção das informações, realizaremos intervenção nas escolas
públicas da rede de Biritinga, Bahia, de forma virtual, na plataforma Micro-
soft Teams. Assim, vislumbraremos três ateliès virtuais. O plano de inter
venção que nos move tem como proposta uma ação de cunho interventivo
e formativo, que aspira por tratar de dois espaços públicos, o formal e o não
formal,e de diálogos que visam a criar relações muito mais aproximativas
a partir das inter-relações e intersubjetividades entre gestores da rede e da
escola. Através do ateliê de pesquisa tencionamos produzir informações
das interações entre a rede de enfrentamento à violência contra a mulher,
como também a ação da escola pública. A intenção é potencializar conhe-
cimentos na perspectiva de gêneroe intensificar relações dada a invisi-
bilidade das discussões sobre a igualdade de gêneros nesses espaços de
educação, assim como da Lei Maria da Penha (ne 11.340/2006) e a Lei do
Feminicidio (ne 13.104/2015), por exemplo.
Pretendemo0s, pois, causar uma reflexão-ação sobre o lugar de res
peito às mulheres vítimas de violências enquanto corpos ameaçados de
dores, especialmente por se tratar de parte dos corpos da rede e de corpos
das escolas, acerca das atitudes e medidas de acolhimento tanto na rede
quanto na escola.
gramaticais que
de gêneros
neolinguagem
tentativa de uma
a s pessoas
T entre gêneros
todes, todxs, é
uma ndo-bindrlas,
Od@s, constitui em
pessoas neutros s e
mulheres, as adjetivos
as e
inclusiva para/com de pronomes
a ARARIPE,
2020) O
uso
ndo
transfóbica.
MULHEREA.
233
VIOL NCIA CONTRA A
ENFRENTAMENTO A
R E D E
DE
virtual, como proposta para que eles - gestores da rede e formadores da
s a
escola sejam multiplicadorese vejam as oportunidades de novas
-
os
sibilidades de conhecimentose façam instalações em suas escolas. do
modo que envolvam as comunidades nessa articulação da doação, da
entrega, do tecido como potência e pertencimento pessoal como vinculn
de relacionamento.
Dado ao movimento coletivo aberto, o atelië de pesquisa (MEDEIROs:
SILVA, 2017) servirá como dispositivo inerente a essa formação. Essa con-
cepção de pesquisa surge da necessidade de pesquisas em educação. No
ateliê, o pesquisador segue o movimento do coletivo. Os
participantes
entrelaçam, tecem a trama juntos, visando que o tecido final demonstre os
diversos significados das tramas na vida. Assim, nos
diálogos colaborati-
vos, surgem reflexões, relatos de experiências
importantes para fomentar
as informações da
pesquisa. Desse modo, o ateli se alicerça na construção
de um formativo, tecido de forma coletiva. E um lugar produzido
espaço
por pessoas e profissionais com vontade de criar, e onde se
pode expe-
rimentar, manipular e produzir produtos resultantes da
pesquisa como
princípio educativo, cognitivo, formativo, colaborativo e de reflexões e
avaliações constantes sobre a prática pedagógica.
Mediante essa
proposta, o ateliê
se constituirá com
quatro gestores
da rede de enfrentamento à violência contra a mulher e
das escolas públicas de
quatro gestores
Biritinga. Dessa forma, através da problemática,
os saberes das memórias
serão visibilizados através da
tecidos na perspectiva de comunicação com
Kimsooja (RAPPOLT, 2020), valorizando sua tra-
jetória e reconstruindo sua identidade de modo que possam refletir,
peitar e ter empatia com cada res
participante. Os encontros acontecerão em
28, 29, e 30 de junho de 2021, de forma on-line, em que todos os participan
tes receberão o convite, com dia e horário
determinados para entrarem na
sala do ateliêede encontro. Todos deverão estar em
local acomodado pard
participar da proposta de
Microsoft Teams.
intervenção,
que será
executada na platatorm
O
primeiro ateliê orbita em torno da
denadores pedagógicos. aproximação dos gestores e or
Nesse momento inicial,
a
dinamica do ateliê conversaremos ore
consultando sobre a autorização para
os
gravaaão
e
flmagem dos
encontros. Na
mento Livre sequência, leremos o termo de
Esclarecido, a ser assinado Consenti
Em seguida, na sala pelo grupo.
virtual, faremos uma reflexão sobre a
"Ninguém é igual a ninguém" (2016), da Escola
música
através da
qual discutiremos a Stagium e Mellon Karam
cotidianidade da atuação na rede de
enfrentamento à violência contra a mulher e à docência, sobre
dade de gènero, tomando
como base o
a
desigual
seguinte questionamento: como a
rede de enfrentamento à violência contra as mulheres
pação dentro da escola? agencia sua partici
O segundo atelië se centra no entendimento de como a
perspectiva
de gênero atravessa as ações preventivas desenvolvidas pela rede de
enfrentamento à violência contra mulher. O primeiro movimento será a
instalação virtual Varal de tecido, inspirada nas produções de Kimsooja.
(RAPPOLT, 2020) Trata-se da apresentação de variados tecidos que deve
rão ser escolhidos pelos participantes do ateliê. Cada pessoa deverá sele
cionar uma peça e, a partir dela, narrar sua experiência com a temática em
pauta. Serão colocados no varal recortes de tecidos de diferentes
texturas
véu
e cores (vermelho, preto, estampado, quadrados, rústicos, duros, seda,
escolheram tal tecido, nar-
chita etc.). Os participantes explicarão por que
vida e o como o tecido se relaciona
rando suas memórias e experiências de
a potência dessa instalação
de tecidos
com a temática de gênero. Portanto,
coletiva dará
significâncias de maioria
Como recurso de acolher e agregar
atelie.
o resultado do
respostas significativas para documentário
convidado a assistir o
No terceiro ateli, o grupo será abertura
possibilidade de
(2017) enquanto
Cultine Doc Mulheres Negras permeia as açðes
da
interseccionalidade
sobre como a
para um diálogo mulheres. O ateliê será encer
contra as
violência
rede de enfrentamento à má" (2016).
Antes, porém,
louca ou
música "Triste,
d d o com a audição da
atelië.
realizaremos uma avaliação do
https//www.youtu
em
disponivel
ninguém,
"Ninguóm
é igual a
esentoção
da m ú s i c a
ttps://www.google.com/search?q=m%C3%BAsica+Preta%2C:Louca ouM%c3
be.com/watch?v=AbFVgby4wq4 69/5733i2212
)Gaqs=chrome.
M%C3%Al(.
3 isponivel em: http 3Asica+Preta%2C+Louca+ou
=m%C3%BAs
SI3O.1741joj7&sourceid=chrome&ie=UTF-8.
235
MULHER
E A...
CONTRA
A
V I o L Ê N C I A
ITO
Å
Dessa maneira, discutir a violência de gênero possibilita refletir as
tramas que orquestram as vozes e as gestões nos ambientes educativos.
rede de enfrentamento
aproximação mais estreita entre
a
Nesse sentido, a
ações das escolas públi-
à violência contra às mulheres, bem como as
e
de enfrentamento à violênciae na escola pública, que precisam de práti-
cas insurgentes (WALSH, 2017) e formas outras de se ensinar e aprender.
(HOOKS, 2017)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cenário de violências convida para debates a fim de se ampliar a marcha
para se superarem as concepções eurocêntricase patriarcais que deslegi
timam a história das mulheres, tão marcada pela interseccionalidade de
gênero, vitimadas por serem do gênero feminino. As nossas manifestações
quanto às perspectivas teórico-metodológicas se pautam em compreender
a violência contra a mulher a partir dos reflexos dos papéis sociais hierar
quizados, das relações de poder perpetradas pela cultura patriarcal euro-
cêntrica colonial. A rede de enfrentamento à violêência contra a mulher,
como também a função da escola pública enquanto espaços educativos
relacionais formados por diferentes gestores, modos de vida,
subjetivi
dades e ideias, podem criar outros modos de significar o olhar sobre a
mulher e os papéis de gênero na sociedade. Nesse sentido, propomos con-
frontar ideias e diálogos como forma tanto de se transmitir quanto de se
afirmar a igualdade de gênero entre homens e mulheres.
Nessa correlação, a
cartografia
surge na intenção de cartograta,
mapear, habitar um território existencial, falar de modos de vida, não
com a
pretensão de fazer a delimitação objetiva, preestabelecida, mas de
se pensar nas
possibilidades de produço e subjetividades que possam vir
do mapeamento das redes de
enfrentamento à violência contra a mulher,
tão imprescindível para o resultado
da pesquisa em pauta. Em suma, as
interfaces entre a rede de enfrentamento à
violência contra a mulher,
bem como o papel das escolas
públicas do município de Biritinga seguem
como um horizonte a ser
cÙes de ser, de saber e de desvencilhado da cultura
poder que legitimam e patriarcal, das rela
gênero. Que a redede perpetuam a violência de
proteção à mulher,
assim como as escolas
pOSsam ser estimuladas a públicas
reverem suas
iuntas, mudanças sociais necessárias.estratégias, passando promover,
as a
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