Você está na página 1de 16

SAMBA ENTRE

REPRESSÃO E
NACIONALIZAÇÃO:
A FORÇA DA CULTURA
NEGRA

Curitiba, 4 de abril de 2019


UFPR, aula na disciplina de Direitos e Relações Raciais
Sumário

1. Pelo telefone (Donga e Mauro de Almeida) – 1916/1917 [1ª


gravação: Bahiano]........................................3
2. Se você jurar (Ismael Silva, Nilton Bastos e Francisco
Alves) – 1931 [1ª gravação: Francisco Alves e Mário Reis] 5
3. Delegado Chico Palha (Nilton Campolino/Tio Helio) – 1938.6
4. Pra que discutir com madame (Janet de Almeida e Haroldo
Barbosa) – 1945 [1ª gravação: Janet de Almeida]............7
5. Chico Brito (Wilson Batista e Alfonso Teixeira) – 1949
[1ª gravação: Dircinha Batista]..........................8
6. Vila Tassi (Ismael Cordeiro, o Maé da Cuída) – 1949. . .9
7. Agoniza mas não morre (Nelson Sargento) – 1978 [1ª
gravação: Beth Carvalho]................................10
8. Malandros maneiros (Zé Luiz e Nei Lopes) – 1985 [1ª
gravação: Roberto Ribeiro]..............................11
9. Povo da colina (Roxinho; Tião Miranda; Walmir da
Purificação)- 1988 [1ª gravação: Bezerra da Silva]. . . . . .13
10. Histórias para ninar gente grande (Deivid Domênico,
Tomaz Miranda, Mama, Marcio Bola, Ronie Oliveira e Danilo
Firmino) – 2018/2019 [Samba-enredo da Estação Primeira de
Mangueira em 2019]......................................15
1. Pelo telefone (Donga e Mauro de Almeida) – 1916/1917 [1ª
gravação: Bahiano]

G G#º Am
O chefe da folia pelo telefone manda lhe avisar
D7 D7/6 G
Que com alegria não se questione para se brincar
G G#º Am
O chefe da polícia pelo telefone manda lhe avisar
D7 D7/6 G
Que na Carioca tem uma roleta para se jogar

D7
- Ai, ai, ai, deixa as mágoas para trás, ó, rapaz,
G (D7 G D7 G)
- Ai, ai, ai, fica triste se és capaz, e verás (2x)

D7 G
Tomara que tu apanhes, pra nunca mais fazer isso
D7 G G7
Tirar o amor dos outros e depois fazer feitiço

C
Ai se a rolinha (Sinhô, sinhô)
G
Se embaraçou (Sinhô, sinhô)
D7
É que a avezinha (Sinhô, sinhô)
G G7
Nunca sambou (Sinhô, sinhô)
C
Porque este samba (Sinhô, sinhô)
G
De arrepiar (Sinhô, sinhô)
D7
Põe perna bamba (Sinhô, sinhô)
G (D7 G D7 G)
E faz chorar

G G#º Am
O “Peru” me disse, se o “Morcego” visse, não fazer tolice
D7 D7/6 G
Que eu então saísse dessa esquisitice do disse-me-disse (2x)

D7
- Ai, ai, ai, deixa as mágoas para trás, ó, rapaz,
G D7 (D7 G D7 G)
- Ai, ai, ai, fica triste se és capaz, e verás (2x)
C
Queres ou não (Sinhô, sinhô)
G
Vir pro cordão (Sinhô, sinhô)
D7
Ser folião (Sinhô, sinhô)
G G7
De coração (Sinhô, sinhô)
C
Porque este samba (Sinhô, sinhô)
G
É de arrepiar (Sinhô, sinhô)
D7
Põe perna bamba (Sinhô, sinhô)
G (D7 G D7 G) (G)
Mas faz gozar
2. Se você jurar (Ismael Silva, Nilton Bastos e Francisco
Alves) – 1931 [1ª gravação: Francisco Alves e Mário Reis]
F C C#º
Se você jurar que me tem amor
Dm A7
Eu posso me regenerar
D7/4 D7 Gm Em7/5-
Mas se é para fingir, mulher
Dm E7 A7 Dm D7 C#7 C7
A orgia assim não vou deixar (se você)
F C C#º
Se você jurar que me tem amor
Dm A7
Eu posso me regenerar
D7/4 D7 Gm Em7/5-
Mas se é para fingir, mulher
Dm E7 A7 Dm
A orgia assim não vou deixar

A7 Dm
Muito tenho sofrido
A7
Por minha lealdade
Agora estou sabido,
Dm
Não vou atrás de amizade
Cm6/Eb
A minha vida é boa,
D7 Gm
Não tenho o que pensar
Em7/5- Dm
Por uma coisa à toa,
E7 A7 Dm D7 C#7 C7
Não vou me regenerar (se você)

(Refrão)

A7 Dm
A mulher é um jogo
A7
Difícil de acertar
E o homem como um bobo
Dm
Não se cansa de jogar
Cm6/Eb
O que eu posso fazer
D7 Gm
É se você jurar
Em7/5- Dm
Arriscar a perder
E7 A7 Dm D7 C#7 C7
Ou desta vez então ganhar
3. Delegado Chico Palha (Nilton Campolino/Tio Helio) – 1938

D A7
Delegado Chico Palha
G D
Sem alma, sem coração
Em D
Não quer samba nem curimba
A7 D
Na sua jurisdição

Em
*Ele não prendia 2x
A7 D
Só batia

A7
Era um homem muito forte
G D
Com o gênio violento
Em D
Acabava a festa a pau
A7 D
Ainda quebrava os instrumentos

Em
*Ele não prendia 2x
A7 D
Só batia

D A7
Os malandros da Portela
G D
Da Serrinha e da Congonha
Em D
Pra ele eram vagabundos
A7 D
E as mulheres sem-vergonhas

Em
*Ele não prendia 2x
A7 D
Só batia

D A7
A curimba ganhou terreiro
G D
O samba ganhou a escola
Em D
Ele expulso da polícia
A7 D
Vivia pedindo esmola
4. Pra que discutir com madame (Janet de Almeida e Haroldo
Barbosa) – 1945 [1ª gravação: Janet de Almeida]

F7+ D7/9 G7
Madame diz que a raça não melhora
C7 F7+ C7
Que a vida piora por causa do samba,
F7+ A7
Madame diz o que samba tem pecado
D7/9 G7 C7 C7(b13)
Que o samba é coitado e devia acabar,
F7+ D7/9 G7
Madame diz que o samba tem cachaça,
C7 Cm7 B7(b5)
mistura de raça mistura de cor,
Bb7M Bbm6 Am7
Madame diz que o samba democrata,
D7/b9 G7 C7 F7+ Abº
é música barata sem nenhum valor,

C7 F7+
Vamos acabar com o samba,
Abº C7 F7+
madame não gosta que ninguém sambe
Abº C7 Am7
Vive dizendo que samba é vexame
D7/9 Gm7/9 Bbm7
Pra que discutir com mada-----me.
C7 F7+
Vamos acabar com o samba,
Abº C7 F7+
Madame não gosta que ninguém sambe
Abº C7 Am7 D7/9
Vive dizendo que samba é vexame
G7/9 C7 F7+
Pra que discutir com madame.

F7+ D7/9 G7
No carnaval que vem também concorro
C7 F7+ C7
Meu bloco de morro vai cantar ópera
F7+ A7
E na Avenida entre mil apertos
D7/9 G7 C7 C7(b13)
Vocês vão ver gente cantando concerto

F7+ D7/9 G7
Madame tem um parafuso a menos
C7 Cm7 B7(b5)
Só fala veneno meu Deus que horror
Bb7M Bbm6 Am7
O samba brasileiro democrata
D7(b9) G7 C7 F7+
Brasileiro na batata é que tem valor.
5. Chico Brito (Wilson Batista e Alfonso Teixeira) – 1949
[1ª gravação: Dircinha Batista]

F F5+
Lá vem o Chico Brito
F6
Descendo o morro
F5+
Na mão do Peçanha
Am7
É mais um processo
D7 Gm7 Gm7/F
É mais uma façanha
Em7/b5 A7/b13
O Chico Brito fez do baralho
Dm7M Dm7
Seu melhor esporte
G7/9
É valente no morro
Gm7 C7/b13
E dizem que fuma uma erva do norte X2

F F5+
Ele, menino, ia ao colégio
Em7/b5 A7
Era aplicado, tinha religião
Bb7
Muito estimado e jogava bola
A7
Era indicado para capitão
Am7/b5 D7/b9 Gm7 Gm7/F
"Mas a vida tem os seus reveses
Bm7/b5 E7/b9 Am7 Cm6
Dizia Chico defendendo teses
Bb6 Bbm6
Se o homem nasceu bom
Am7 D7
E bom não se conservou
Gm7 C7/13
A culpa é da sociedade
Cm7 F7
Que o transformou"
Bb6 Bbm6
Se o homem nasceu bom
Am7 D7
E bom não se conservou
Gm7 C7/13
A culpa é da sociedade
F F7
Que o transformou
6. Vila Tassi (Ismael Cordeiro, o Maé da Cuída) – 1949

C A7 Dm
Quem diria que a Vila Tassi iria se acabar
G7 Dm
Quem diria que somente três casas
G7 C
Iriam ficar
C7 F
Elas ficaram pra mostrar no carnaval
Fm C
Que o samba lá da Vila
A7 Dm G7 C (C)
Sempre tem o seu lugar

Dm
A gente gostava
G7 C
Quando a tardinha chegava
A7 Dm
Embaixo das três árvores
G7 C
O batuque começava
C7 F
E a cuíca começava a roncar
Fm C
Pra mostrar à vizinhança
A7 Dm G7 C
O que era um samba ao luar
G7
Quem diria?
7. Agoniza mas não morre (Nelson Sargento) – 1978 [1ª
gravação: Beth Carvalho]
Am7 E/G#
Samba, agoniza mas não morre
Em7(b5)
Alguém sempre te socorre
A7 Dm
Antes do suspiro derradeiro

Dm F7
Samba
E7
Negro, forte, destemido
F6 Bm7(b5)
Foi duramente perseguido
E7 Am
Na esquina, no botequim, no terreiro

A#6 A7 A#6
Samba, inocente, pé-no-chão
A7 A#6
A fidalquia do salão
A7 Dm Dm7/13-
Te abraçou, te envolveu

Dm D#° Am
Mudaram toda a sua estrutura
Am/G B7
Te impuseram outra cultu.....ra
E7 A#6 A7
E você nem percebeu
Dm D#° Am
Mudaram toda a sua estrutura
Am/G B7
Te impuseram outra cultu.....ra
E7 Am7
E você nem percebeu
8. Malandros maneiros (Zé Luiz e Nei Lopes) – 1985 [1ª
gravação: Roberto Ribeiro]

Gm D7 Gm
Hoje vamos prestar nossa homenagem
G7
A quem toda malandragem
Cm
Homenageia e respeita também
Cm7+ Cm7 Eb7 D7 Eb7 D7
Aqueles que portando uma caneta,
Eb7 D7
Um bloco e uma folha preta.
Eb7 D7 Gm D7
Escreveram a sorte ou o azar de alguém
.
G G7+
São eles velhos malandros maneiros
G7 Am7
Que têm São Jorge guerreiro como fiel protetor,
Cm7
Mas ganhou leva, ganhou leva,
G G7 F#7 F7 E7
Só vale o que está escrito
Em
Lá não se leva no grito
D7 Dm G7
Quem quis levar não prestou

Cm7
Ganhou leva,
G G7 F#7 F7 E7
Só vale o que está escrito
Em
Lá não se leva no grito
D7 G
Quem quis levar não prestou

G#° Am7
No tempo da quinta coluna
D7 G
De lá da Pavuna, Jacarepaguá.
G7 Dm
Eu me lembro que eu era menino
G7 C
E no seu Natalino já ouvia falar
Cm
No governo de marechal Dutra
G
Não teve truta nem meu pé dói
E7 Am7
E na guerra que houve aos cassinos
D7 G
Parou Constatino e fechou Niterói

São eles velhos malandros maneiros...

G#° Am7
Avestruz, águia, burro, cavalo
D7 G
Elefante, galo, macaco e leão.
G7 Dm
Borboleta, cachorro, coelho,
G7 C
Carneiro, camelo, veado e pavão.
Cm
Eu sonhei que você na floresta
G
Estava numa festa, mas me viu e correu.
E7 Am7
Fiz a fé no malandro da esquina
D7 G
E tu nem imagina o bicho que deu

São eles velhos malandros maneiros...

G#° Am7
Cabra, cobra, peru, touro, tigre
D7 G
Gato, porco, vaca, urso, jacaré.
G7 Dm
No singelo grupo e dezena.
G7 C
Milhar e centena ganha quem tem fé.
Cm
Borboleta da ilusão perdida
G
Fez da minha vida um triste jardim
E7 Am7
Hoje eu sofro invertido e cercado
D7 G
Pelos sete lados, coitado de mim.
9. Povo da colina (Roxinho; Tião Miranda; Walmir da
Purificação)- 1988 [1ª gravação: Bezerra da Silva]
Bm
Que mal lhe fez
F#7 Bm
Meu povo humilde da colina
B7 Em
Que mora lá em cima
F#7 Bm
Vivendo uma vida de cão?
Bm
Abandonado
F#7 Bm
Covardemente injustiçado
B7 Em
E você ainda diz
F#7 Bm
Que lá só mora ladrão (REFRÃO)

B7 Em
É que você
F#7 Bm
Mora no asfalto com mordomia
B7 Em
Marajás e com toda regalia
F#7 Bm
Que aquele dinheiro pode dar
B7 Em
Até a lei
F#7 Bm
Que foi feita para todos
B7 Em
Quando chega lá no morro
F#7 Bm
Aí a coisa fica feia
B7 Em
Dá um pau nos favelados
F#7 Bm
Depois mete na cadeia

(REFRÃO)
B7 Em
E é safado
F#7 Bm
E ladrão que usa colarinho branco
B7 Em
Rouba o dinheiro do povo e assalta banco
F#7 Bm
Isso não tens coragem de dizer
B7 Em
Mas na comunidade das favelas
F#7 Bm
Você mete o malha e solta a ira
B7 Em
Dessa elite famigerada
F#7 Bm
Que também tem instinto de traíra
10. Histórias para ninar gente grande (Deivid Domênico,
Tomaz Miranda, Mama, Marcio Bola, Ronie Oliveira e Danilo
Firmino) – 2018/2019 [Samba-enredo da Estação Primeira de
Mangueira em 2019]
D D5+ D6
Brasil, meu nego
D5+ D
Deixa eu te contar
D5+ D6 D7 G
A história que a história não conta
A7 Em
O avesso do mesmo lugar
A7 D° D7
Na luta é que a gente se encontra

G A7
Brasil, meu dengo
F#m
A Mangueira chegou
Bm Em
Com versos que o livro apagou
A7 Am D7
Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento
G Gm6
Tem sangue retinto pisado
F#m C7 B7
Atrás do herói emoldurado
E7
Mulheres, tamoios, mulatos
G7 F#7 Bm A7
Eu quero um país que não está no retrato

D A7 D
Brasil, o teu nome é Dandara
D7M Am D7 G G F#m
E a tua cara é de cariri
Em Em7M
Não veio do céu
Em7 Em6
Nem das mãos de Isabel
Am D7 G A7 D D7
A liberdade é um dragão no mar de Aracati

G Gm6 F#m
Salve os caboclos de julho
G#m7(b5) C#7 F#m
Quem foi de aço nos anos de chumbo
F#m7(b5) B7 E7
Brasil, chegou a vez
Em F#m G A7 D D7M
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês
Am D7
Mangueira

G#m7(b5) Gm6
Mangueira, tira a poeira dos porões
F#m C7 B7
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Em F#m G A7 D D7M
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, jamelões
Am D7
São verde e rosa, as multidões

G#m7(b5) Gm6
Mangueira, tira a poeira dos porões
F#m C7 B7
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Em F#m G A7 D
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, jamelões
A7
Brasil

Você também pode gostar