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Metrologia Industrial - Paulo Cabral - Unlocked
Metrologia Industrial - Paulo Cabral - Unlocked
Prefácio ........................................................................................................................................3
1. Introdução ..............................................................................................................................4
2. Breves noções de metrologia e dos seus níveis de actuação ..................................................6
2.1. Metrologia científica...................................................................................................7
2.2. Metrologia legal..........................................................................................................7
2.3. Metrologia industrial...................................................................................................8
3. Organizações internacionais no domínio da metrologia ......................................................10
4. Gestão dos instrumentos de medição ...................................................................................13
5. Análise da necessidade e escolha dos instrumentos de medição..........................................14
5.1. Necessidades técnicas ...............................................................................................14
5.2. Condições financeiras e comerciais ..........................................................................14
5.3. Avaliações anteriores do instrumento de medição....................................................15
6. Recepção e entrada em serviço ............................................................................................16
6.1. Ficha de inventário....................................................................................................16
6.2. Instalação e arranque ................................................................................................17
7. Utilização dos instrumentos de medição ..............................................................................18
7.1. Protecção e segurança...............................................................................................18
7.2. Qualificação dos operadores.....................................................................................18
7.3. Condições ambientes ................................................................................................18
8. Operações de calibração e de verificação ............................................................................20
8.1. Rastreabilidade aos padrões de referência da empresa .............................................21
8.2. Periodicidade de calibração ou de verificação..........................................................22
9. Métodos de calibração e de verificação ...............................................................................24
9.1. Calibração .................................................................................................................24
9.2. Verificação e prescrição............................................................................................24
9.3. Utilização dos resultados da calibração ....................................................................24
9.4. Estimação das incertezas...........................................................................................25
9.5. Procedimentos de calibração.....................................................................................30
9.6. Conteúdo do documento de calibração .....................................................................31
10. Exploração dos resultados....................................................................................................33
10.1. Reposição em serviço ...............................................................................................33
10.2. Ajuste 33
10.3. Reparação .................................................................................................................34
10.4. Desclassificação........................................................................................................34
10.5. Reforma ....................................................................................................................34
11. Acompanhamento dos instrumentos de medição .................................................................36
11.1. Rastreabilidade dos instrumentos de medição ..........................................................36
11.2. Operações ligadas à movimentação dos instrumentos de medição...........................38
12. Organização da função metrológica.....................................................................................39
12.1. Pessoal ......................................................................................................................39
12.2. Instalações.................................................................................................................39
13. Regras relativas aos padrões de referência da empresa........................................................41
13.1. Escolha e instalação dos padrões ..............................................................................41
13.2. Rastreabilidade dos padrões da empresa aos padrões nacionais...............................41
14. Avaliação da função metrológica da empresa......................................................................43
15. Subcontratação de tarefas metrológicas ...............................................................................44
Anexo 1. Exemplo de ficha de inventário ....................................................................................45
Anexo 2. Exemplos de condições ambientes usuais....................................................................46
Anexo 3. Algumas definições importantes ...................................................................................48
Anexo 4. O Sistema Internacional de Unidades ...........................................................................51
Anexo 5. Exemplos de intervalos entre calibrações .....................................................................54
Anexo 6. Exemplo de certificado de calibração ...........................................................................60
Anexo 7. Bibliografia ...................................................................................................................61
Prefácio
A publicação de um livro sobre METROLOGIA, pela sua raridade, é sempre um
acontecimento. Em Portugal a escassez é flagrante, tornando-se uma dificuldade
acrescida para os técnicos e utilizadores que não dominam outra língua.
A escolha dos anexos constitui, por sua vez, um precioso auxiliar para o responsável
pelo laboratório metrológico, para quem tem a necessidade de ter ao alcance da mão
informação vária para a gestão do laboratório e permanente actualização do seu
programa de calibração.
O gestor, por outro lado, passa a dispôr de um documento sintético que lhe dá pistas
de orientação e de controlo, e cuja linguagem é comum aos metrologistas.
Hoje cada vez mais se exige a todos os agentes no mercado uma atitude actuante
perante a realidade que os cerca. Presentemente, importa estar sempre adiante de todas
as exigências que o mercado venha a impôr. Para isso, é fundamental estar informado,
conhecer os códigos de boas-práticas internacionalmente consagrados, implementá-los
nas organizações, evidenciar a capacidade existente. Mais do que aguardar a visita de
alguém investido de algum poder, que venha, na melhor das hipóteses, apenas
testemunhar essa mesma capacidade, uma organização moderna tem de estar na frente
por iniciativa própria. Um mercado aberto e adulto exige isso mesmo de todos os
agentes e aqueles que tomarem a dianteira terão vantagens comparativas
não-desprezáveis.
António Cruz
Director do Laboratório Central de Metrologia do
Instituto Português da Qualidade
1. Introdução
Os anos oitenta colocaram à indústria europeia enormes desafios de competitividade
tecnológica, principalmente face à crescente invasão de produtos baratos com origem
no Japão, na Formosa (Taiwan) e na Coreia. Em face desta concorrência, a Europa
começou a compreender que para ter uma indústria poderosa não bastava apenas
dominar a tecnologia, mas que era também necessário encontrar o ponto de equilíbrio
óptimo entre o custo das matérias-primas e dos produtos acabados e as suas boas
características de concepção e de manufactura. Por outras palavras, a Europa descobriu
a Qualidade na sua acepção industrial.
A Qualidade impõe-se cada vez mais, não só como estratégia de gestão, mas
igualmente como forma de garantir a obediência a determinadas prescrições técnicas, as
quais revestem frequentemente a forma de Normas ou de Directivas. Para poderem
satisfazer os requisitos de tais prescrições, as empresas industriais começaram a adoptar
sistemas de Garantia da Qualidade, cujo objectivo último é o de manter os custos de
produção tão baixos quanto possível, sem descurar todavia aspectos de índole técnica
tais como a segurança dos utilizadores, a adequação dos aparelhos para o fim a que se
destinam e o seu design.
Esta última abordagem tem sido de há anos adoptada por muitas das empresas que
têm implementados sistemas de Garantia da Qualidade, em áreas tão diversas como a
aeronáutica civil, a defesa, a indústria nuclear, a microelectrónica, a aparelhagem
eléctrica industrial, a construção naval, etc.
A função que se ocupa da gestão dos diversos aspectos relacionados com o parque de
instrumentos de medição de uma empresa industrial designa-se por função metrológica.
O papel desta função consiste em conhecer a adequação ao uso de todos os instrumentos
de medição utilizados na empresa e em dar-lhes a necessária garantia de um correcto
funcionamento.
1 A designação de Sistema Português da Qualidade foi introduzida pelo Dec.-Lei n.º 234/93, de
1993-07-02, resultando da actualização do Sistema Nacional de Gestão da Qualidade, instituído pelo
Dec.-Lei n.º 165/83, de 1983-04-27.
• metrologia industrial — apoio às actividades de controlo de processos e de
produtos, mediante a integração em cadeias hierarquizadas de padrões dos meios
metrológicos existentes nas empresas, nos laboratórios e noutros organismos e a
definição dos sistemas de calibração internos;
• metrologia legal — parte da metrologia que trata das unidades de medida, dos
métodos de medida e dos instrumentos de medição no que diz respeito às
exigências técnicas e jurídicas regulamentares que têm por fim assegurar a
garantia pública do ponto de vista da segurança e da precisão das medições.
Nos pontos seguintes dá-se uma panorâmica sucinta sobre estes três níveis da
metrologia.
Estes princípios são basicamente enformados pela definição clara dos seguintes
aspectos, a respeitar por qualquer entidade que pretenda integrar o seu laboratório
metrológico no SPQ:
O Bureau funciona sob a superintendência exclusiva do CIPM, o qual por sua vez
está dependente da CGPM.
A particular relevância assumida nos últimos anos pela OIML resulta do crescimento
do comércio internacional e da criação de mercados abertos, pois que muitos produtos e
serviços transaccionados exigem medição com recurso a métodos e a tolerâncias
convencionados.
Para dar uma ideia sobre a importância dos trabalhos da OIML, bastará citar que
grande parte das suas recomendações foi já adoptada em directivas da Comunidade
Europeia.
Nos pontos seguintes procura dar-se uma visão genérica sobre estes aspectos de
gestão.
5. Análise da necessidade e escolha dos instrumentos
de medição
A escolha de um instrumento de medição resulta de tomar em consideração
necessidades técnicas, condições económicas e comerciais e avaliações anteriores desse
instrumento feitas por terceiros.
• para os instrumentos novos ou que fujam do quadro habitual da empresa, pode ser
importante prever, com o fornecedor, as condições e o conteúdo da assistência
técnica a prestar-lhes, pelo menos no início da sua utilização;
• preço;
• prazo de entrega;
• nome da empresa;
Consideram-se como requisitos mínimos a impôr, tendo em vista uma boa utilização
de um instrumento de medição, a satisfação dos aspectos relacionados com:
• as condições ambientes.
Deve ser chamada a particular atenção dos operadores para a adequação entre o
instrumento a utilizar e as medidas a obter, bem como para a interpretação dos
resultados alcançados.
COMPARAÇÃO
Resultado
da medição
Documento de
calibração
Colocação
Reforma em serviço
Desclassificação
Reparação
Ajuste (*)
O número de padrões intermédios deve ser escolhido de forma que a degradação das
incertezas, devida à utilização dos padrões sucessivos, seja compatível com a incerteza
pretendida para o instrumento de medição em causa. Uma escolha correcta deve
permitir uma cadeia de padrões bem adaptada à aplicação em vista quanto às suas
incertezas, às suas estabilidades e aos seus domínios de utilização.
Padrão de referência
da empresa
Padrão
de
transferência
Padrão
Padrão
de
de
trabalho
trabalho
Padrão
de
trabalho
Instrumento
Instrumento Instrumento Instrumento
de
de de de
medição
medição medição medição
De notar que, nos casos em que não exista uma cadeia nacional (ou mesmo
internacional) de padrões, a rastreabilidade pode ser obtida por intermédio de constantes
fundamentais, por métodos de referência (em análise química) ou pelo emprego de
materiais de referência.
Para fixar a periodicidade das calibrações, devem ter-se em conta factores diversos,
tais como a frequência e o tipo de utilização dos instrumentos, as derivas esperadas
tendo em atenção a experiência anterior, a incerteza da calibração, o desgaste e a
natureza do equipamento e restrições económicas. No caso das verificações, a sua
periodicidade é imposta pela regulamentação de controlo metrológico.
Deve ter-se em atenção que certos instrumentos de medição apenas são utilizados
esporadicamente, não se lhes devendo por isso aplicar as regras estritas de
periodicidade de calibração.
Alguns instrumentos de medição complexos somente são utilizados numa ou, quando
muito, em algumas das suas escalas ou funções, podendo ser preferível calibrá-los
unicamente nas funções ou escalas efectivamente utilizadas. Neste caso, deverão ser
identificados de forma clara, de modo a que não sejam fortuitamente utilizados numa
escala ou função não calibrada.
9. Métodos de calibração e de verificação
9.1. Calibração
Escolher um método de calibração consiste em encontrar a adequação dos
instrumentos e dos métodos operativos aos instrumentos a calibrar; neste sentido, o
operador deve assegurar-se de que o método de calibração previsto está adaptado ao
trabalho de calibração que vai efectuar, sendo a incerteza o critério mais importante
nesta decisão.
Fixar uma relação imperativa (por exemplo, 1:10) conduz em muitos casos a
dificuldades técnicas e a custos excessivos, em relação aos objectivos a atingir. Em
certos casos, poder-se-à admitir 1:2 como limite máximo.
Aceitação
Aceitação ou recusa
com riscos
Recusa
No caso de uma comparação directa de dois padrões, esta equação pode tomar
uma forma muito simples, por exemplo:
Y = X + ∆X .
• Identificar todas as correcções que devam ser aplicadas e fazer tais correcções
para as fontes de erro conhecidas.
O valor numérico da incerteza deve ser apresentado com não mais do que dois
algarismos significativos na sua expressão final. O valor numérico da grandeza
medida deve ser arredondado, na sua expressão final, de forma a não conter
algarismos menos significativos do que os da incerteza expressa.
2
• Calcular a variância sxi para grandezas medidas repetidamente, desde que sejam
feitas pelo menos 10 medições. Se vij forem os valores medidos individualmente,
os valores estimados xi do valor verdadeiro da grandeza X i são dados pela média
aritmética v i dos valores vij :
1 n
xi = vi = ∑ vij ,
n j =1
1 n 2
svi = (
∑ vij − vi .
n − 1 j =1
)
deve ser considerada como uma contribuição adicional para a incerteza. O grau de
correlação é caracterizado pelo coeficiente de correlação rxik (em que i ≠ k e
−1 ≤ r ≤ +1).
( )( )
n
1
s xik = ∑ vij − vi vkj − vk
n(n − 1) j =1
i≠k
Deve notar-se que o segundo somatório desta equação pode tornar-se negativo.
• Campo de aplicação.
• Equipamentos empregues:
- lista dos equipamentos e acessórios necessários para efectuar a calibração;
- esquema da montagem a utilizar;
- recomendações especiais para utilização dos aparelhos.
• Operações preliminares:
- estabilização térmica;
- ajuste do zero nos aparelhos de ponteiro;
- limpeza e desengorduramento de elementos mecânicos;
- verificação do correcto funcionamento de todos os comandos mecânicos;
- pré-aquecimento para os aparelhos electrónicos, etc.
• Modo operativo:
- definição precisa da sequência das diferentes operações;
- instruções de utilização do software, caso exista;
- número de medições a efectuar, e sua distribuição ao longo da escala;
- precauções de manipulação dos instrumentos.
O documento de calibração poderá ainda conter uma análise detalhada dos desvios
obtidos, fazendo a comparação destes com os limites de erro admissíveis, tendo em
vista determinar a acção a tomar na sequência da calibração do instrumento.
10. Exploração dos resultados
As operações de calibração devem dar lugar à publicação dos resultados, conforme
visto anteriormente, bem como a decisões tomadas na sequência da confrontação dos
resultados obtidos com a prescrição do instrumento de medição.
• se não houver conformidade, a decisão só poderá ser uma das quatro seguintes:
- ajuste do instrumento de medição, para além de qualquer operação deste tipo já
implícita na calibração;
- reparação;
- desclassificação;
- reforma.
10.2. Ajuste
Na sequência da confrontação dos resultados da calibração com as prescrições do
instrumento de medição pode haver uma segunda fase, com dois encaminhamentos
possíveis:
As operações de ajuste a considerar são as que possam ser executadas por pessoal
qualificado pertencente ao departamento metrológico da empresa.
Estas intervenções devem poder reconduzir o instrumento ao seu funcionamento
normal. Para isto, o operador poderá utilizar todos os ajustes que permitam tornar
de novo operacionais as regulações acessíveis ao utilizador.
Em qualquer caso, após um ajuste o instrumento deve ser de novo sujeito a uma
calibração ou a uma verificação, que permita determinar se o mesmo está apto a ser
reposto em serviço.
10.3. Reparação
As reparações dos instrumentos de medição constituem operações de manutenção
geralmente confiadas a oficinas especializadas ou mesmo ao fabricante dos aparelhos.
10.4. Desclassificação
Quando, na sequência de uma operação de calibração, se estabelecer que um dado
instrumento de medição deixou de satisfazer às suas exigências metrológicas originais
(classe a que pertence), deve ser tentada uma solução de desclassificação.
Neste caso, o instrumento de medição deve ser confrontado com uma prescrição
adaptada à sua nova utilização.
Deverão ser tomadas todas as providências, antes da sua reposição em serviço, para
que o instrumento considerado passe a ser utilizado apenas de acordo com a sua nova
classificação, sendo para isso necessário que as suas marcações sejam suficientemente
explícitas para evitar qualquer possibilidade de confusão por parte do utilizador.
10.5. Reforma
Na sequência de uma operação de calibração ou de verificação em que se constatou a
não-conformidade do instrumento com a sua prescrição, e no caso de não ser possível
tomar uma decisão de desclassificação, haverá que proceder à reforma do instrumento
de medição em causa.
Um instrumento de medição reformado fica inapto para obter qualquer medida e não
deve voltar a ser utilizado para este fim, devendo ser marcado como tal.
Para este efeito, o equipamento em causa deverá ser inutilizado ou destruído, ainda
que se destine a ser vendido como sucata.
Todavia, em alguns casos, o instrumento poderá ser ainda utilizado para recuperar
certos componentes ou sub-módulos, destinados a substituições noutros equipamentos
idênticos. Quando isto se verificar, o instrumento reformado deve ser tornado inapto
para utilização e identificado claramente como tal.
Este número deve ser aposto no instrumento sob a forma de etiqueta, de gravura
ou de qualquer outro método que garanta a sua indelebilidade.
Para além da identificação com o código de inventário deve existir uma marcação
compreensível e bem visível que permita conhecer o estado de calibração e,
eventualmente, a classificação do instrumento.
O significado da marcação deve ser bem conhecido por todos os utilizadores dos
instrumentos. Poderão coexistir diferentes tipos de marcações, segundo os tipos
de instrumentos a que se destinam e de acordo com os locais em que são apostas.
nome da empresa
N.º inventário
Calibrado em
Por
Ref.ª certificado
Próx.ª
calibração
Fig. 4 - Exemplo de etiqueta de calibração
Deve ter-se em conta que a retirada dos instrumentos de medição dos sectores
utilizadores só deve ocorrer após a função metrológica se ter assegurado de que a sua
ausência não perturbará o funcionamento daqueles sectores; caso contrário, devem ser
tomadas as medidas apropriadas, como o alargamento do prazo de calibração ou a
substituição temporária do instrumento por outro idêntico.
A sua dependência hierárquica deve ser tal que garanta o princípio da independência
funcional. Por vezes esta função toma a forma de um “serviço de metrologia”, tendo por
responsável uma pessoa a quem compete a coordenação e a responsabilidade geral de
todas as operações e acções relevantes da função metrológica.
Certas actividades desta função podem ser atribuídas a outros serviços da empresa ou
subcontratadas no exterior a laboratórios especializados, mas em todos os casos a
responsabilidade pela política seguida é do responsável pela função metrológica. Este
deve estar sempre em condições de evidenciar que as disposições tomadas permitem
assegurar a correcta execução das diferentes tarefas cometidas àquela função.
12.1. Pessoal
As funções técnicas do pessoal envolvido devem constar de uma descrição de
funções que detalhe as atribuições e a competência necessária.
Deve ser assegurada ao pessoal técnico uma formação adequada; este pessoal deve
possuir escolaridade, conhecimentos técnicos e experiência apropriados às tarefas que
lhe estejam cometidas.
A organização do departamento metrológico deve ser tal que cada elemento do seu
pessoal esteja consciente da amplitude e dos limites da sua esfera de responsabilidade.
12.2. Instalações
As condições ambientes em que são efectuadas as calibrações não devem
comprometer a exactidão das medidas obtidas, devendo por isso estar adaptadas às
características metrológicas dos instrumentos envolvidos. Os locais onde estes trabalhos
são efectuados devem possuir meios de controlo e de registo das condições ambientes,
sendo os parâmetros a controlar (temperatura ambiente, humidade relativa, pressão
atmosférica, etc.) seleccionados de acordo com o tipo de medições em causa.
O acesso a estes locais e a sua utilização devem ser controlados de uma forma
adequada ao fim a que se destinam, devendo ser estabelecidas regras para o acesso de
pessoas estranhas ao “serviço de metrologia”.
Devem ser criadas recomendações particulares para a escolha e para a aquisição das
referências metrológicas, bem como procedimentos para a sua conservação e para a sua
rastreabilidade aos padrões nacionais ou internacionais.
Os padrões de referência devem ser colocados num local exclusivamente afecto à sua
conservação e às operações de calibração, no qual os parâmetros das condições
ambientes são perfeitamente controlados e mantidos dentro de limites compatíveis com
as incertezas requeridas. No anexo 2 indicam-se a título exemplificativo algumas
condições ambientes usuais, para diversos domínios da metrologia.
No segundo caso, a situação poderá ser diferente, e a empresa poderá optar por
ajustar os instrumentos de maneira a regressarem às tolerâncias iniciais, evitando assim
a necessidade de lhes aplicar correcções.
14. Avaliação da função metrológica da empresa
Dentre as diversas formas de avaliar a função metrológica numa empresa, a auditoria
constitui o processo privilegiado que permite analisar e verificar a eficácia desta função
no seio da própria organização (auditoria interna) ou nas entidades que lhe prestam
serviços, tais como laboratórios de calibração independentes, empresas de serviços de
manutenção e de calibração, etc. (auditoria externa).
Designação do instrumento:
Nome da empresa
N.º de inventário:
Data de recepção:
Intervenções efectuadas
Requisitos de ambiente
Parâmetro a Domínios das
controlar medições Tipo 1 Tipo 2
Ruído acústico Todos os domínios. ≤ 45 dB
Partículas de Dimensional; Nenhuma partícula com mais de Nenhuma partícula com mais de
poeira óptica; 50 µm. 50 µm.
micromassa. Menos de 4×105 partículas com Menos de 7×106 partículas com
mais de 1 µm, por m3 de volume da mais de 1 µm, por m3 de volume da
sala. sala.
Menos de 2×106 partículas com Menos de 4×107 partículas com
mais de 0,5 µm, por m3. mais de 0,5 µm, por m3.
Todos os outros domínios. Nenhuma partícula com mais de 50 µm.
Menos de 7×106 partículas com mais de 1 µm, por m3 de volume da sala.
Menos de 4×107 partículas com mais de 0,5 µm, por m3.
Campos Pressão/vácuo; Não tem requisitos especiais, salvo para os instrumentos de medição
força; electrónicos, que devem ser blindados localmente e possuir guardas ligadas
eléctrico e aceleração; à blindagem do invólucro.
magnético dimensional;
(blindagem) óptica;
fluidos.
Temperatura; 100 µV/m de intensidade máxima do campo de radiação.
corrente contínua, baixa Resistência do circuito de terra em corrente contínua inferior a 2 Ω.
frequência, alta frequência Resistência do circuito de terra em corrente alternada inferior a 5 Ω.
e microondas.
Pressão do ar Todos os domínios. Manter uma sobrepressão de 10 Pa (0,1 mbar) no laboratório.
atmosférico
Iluminação Todos os domínios. 1000 lux ao nível da mesa de trabalho ou da superfície de leitura.
Tabela 2
Requisitos de ambiente
Parâmetro a Domínios das
controlar medições Tipo 1 Tipo 2
Humidade relativa Dimensional. 45 % de humidade relativa máxima (para uma temperatura controlada em
torno de 20 ºC).
Todos os outros domínios. 35 % a 55 % de humidade relativa 20 % a 55 % de humidade relativa
(para uma temperatura controlada (para uma temperatura controlada
em torno de 23 ºC). em torno de 23 ºC).
Temperatura Dimensional; 20 °C ± 0,3 K (geral). 20 °C ± 1 K (geral).
óptica. 20 °C ± 0,1 K (no local dos 20 °C ± 0,3 K (no local dos
padrões). padrões).
Temperatura; 23 °C ± 1 K . 23 °C ± 1,5 K .
aceleração;
corrente contínua e baixa
frequência;
pressão/vácuo.
Fluidos; 23 °C ± 1,5 K. 23 °C ± 1,5 K.
força;
alta frequência e
microondas.
Vibração Dimensional; 0,25 µm de amplitude máxima de deslocamento, desde 0,1 Hz a 30 Hz.
óptica; 0,001 g de aceleração máxima desde 30 Hz a 200 Hz.
pressão/vácuo;
aceleração;
força;
massa.
Temperatura; Não tem requisitos especiais.
fluidos;
corrente contínua, baixa
frequência, alta frequência
e microondas.
Regulação da Todos os domínios onde se Variação máxima do valor médio da tensão inferior a 0,1 %, tendo em
tensão de empreguem instrumentos atenção que os transitórios devem ser mantidos num nível mínimo.
alimentação de medição electrónicos. O valor eficaz de todos os harmónicos não deve exceder 5 % do valor eficaz
da componente fundamental, desde vazio até à plena carga do regulador de
tensão.
Tabela 2 (fim)
Anexo 3. Algumas definições importantes
São aqui fixadas algumas definições, retiradas do Vocabulário Internacional de
Metrologia (VIM)1 e do Vocabulário Internacional de Metrologia Legal (VIML).
Ajuste:
Operação destinada a levar um instrumento de medição a um funcionamento e a uma
fidelidade adequada à sua utilização (VIM 4.33).
Aparelho de medição:
Dispositivo destinado à execução da medição, isolado ou em conjunto com outros
equipamentos (VIM 4.01).
Calibração:
Conjunto de operações que estabelecem, em condições especificadas, a relação entre
os valores indicados por um instrumento de medição, ou os valores representados por
um material de referência e os correspondentes valores conhecidos da grandeza a
medir (VIM 6.13).
1 As definições do VIM aqui referidas foram retiradas da tradução portuguesa de 1985. É de referir
que este Vocabulário está presentemente em fase de revisão a nível internacional, pelo que a sua próxima
edição poderá introduzir alterações a alguns dos conceitos aqui mencionados.
Grandeza de influência:
Grandeza que não é o objecto da medição mas que influi no valor da grandeza a
medir, ou nas indicações do instrumento de medição (VIM 2.10).
Grandeza medida:
Grandeza submetida à medição (VIM 2.09).
Incerteza da medição:
Estimativa caracterizando o intervalo dos valores no qual se situa o valor verdadeiro
da grandeza medida (VIM 3.09).
Medição:
Conjunto de operações tendo por objectivo determinar o valor de uma grandeza
(VIM 2.01).
Método de medição:
Conjunto de operações teóricas e práticas, em termos gerais, envolvidas na execução
de medições, segundo um dado princípio (VIM 2.06).
Metrologia:
Domínio dos conhecimentos relativos à medição (VIM 2.02).
Neutralidade:
Aptidão do instrumento de medição para não alterar o valor da grandeza a medir
(VIM 5.17).
Padrão:
Instrumento de medição ou sistema de medição destinado a definir ou materializar,
conservar ou reproduzir uma unidade ou um ou vários valores conhecidos de uma
grandeza para as transmitir por comparação a outros instrumentos de medição (VIM
6.01).
Procedimento de medição:
Conjunto das operações teóricas e práticas descritas pormenorizadamente,
envolvidas na execução de medições, segundo um dado método (VIM 2.07).
Processo de medição:
Totalidade da informação, equipamento e operações relativas a uma dada medição
(VIM 2.08).
Rastreabilidade:
Propriedade de um resultado da medição que consiste em poder relacionar-se a
padrões adequados, geralmente internacionais ou nacionais, por intermédio de uma
cadeia ininterrupta de comparações (VIM 6.12).
Repetibilidade (do instrumento de medição):
Aptidão do instrumento de medição para dar, em condições de utilização definidas,
respostas muito próximas quando se aplica repetidamente o mesmo sinal de entrada
(VIM 5.31).
Sistema de medição:
Conjunto completo de instrumentos de medição e outros dispositivos montados para
executar uma tarefa de medição específica (VIM 4.05).
Verificação:
Conjunto de operações efectuadas por um organismo do Serviço nacional de
metrologia legal (ou por outro organismo legalmente autorizado) a fim de constatar e
confirmar que o instrumento de medição satisfaz inteiramente as exigências
regulamentares sobre a sua verificação. A verificação inclui o exame e o
punçoamento (VIML 2.4).
Anexo 4. O Sistema Internacional de Unidades
“Sistema Internacional de Unidades” (SI) foi a designação adoptada pela XI
Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM), em 1960, para o sistema constituído
pelo conjunto de unidades de base metro, quilograma, segundo, ampere, kelvin e
candela. Posteriormente, foi incluída nestas unidades fundamentais a mole.
Unidades de base
Unidade
Grandeza Nome/definição Símbolo
Comprimento metro m
O metro é o comprimento do trajecto percorrido pela luz
no vazio, durante um intervalo de tempo de
1/299 792 458 s.
(17.ª CGPM - 1983 - Resolução A)
Massa quilograma kg
O quilograma é a unidade de massa e é igual à massa do
protótipo internacional do quilograma, existente em
Sèvres.
(3.ª CGPM - 1901 - pág. 70 das actas)
Tempo segundo s
O segundo é a duração de 9 192 631 770 períodos da
radiação correspondente à transição entre os 2 níveis
hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio 133.
(13.ª CGPM - 1967 - Resolução 1)
Intensidade de corrente eléctrica ampere A
O ampere é a intensidade de uma corrente eléctrica
constante que, mantida em dois condutores paralelos,
rectilíneos, de comprimento infinito, de secção circular
desprezável e colocados à distância de um metro um do
outro, no vazio, produza entre estes condutores uma força
igual a 2×10−7 N por cada metro de comprimento.
(9.ª CGPM - 1948 - Resolução 7)
Temperatura termodinâmica kelvin K
O kelvin é a fracção 1/273,16 da temperatura
termodinâmica do ponto triplo da água.
(13.ª CGPM - 1967 - Resolução 4)
Tabela 3
Unidade
Grandeza Nome/definição Símbolo
Quantidade de matéria mole mol
A mole é a quantidade de matéria de um sistema contendo
tantas entidades elementares quantos os átomos que
existem em 0,012 kg de carbono 12. Ao utilizar a mole, as
entidades elementares devem ser especificadas e podem
ser átomos, moléculas, iões, electrões, outras partículas ou
agrupamentos especificados de tais partículas.
(14.ª CGPM - 1971 - Resolução 3)
Intensidade luminosa candela cd
A candela é a intensidade luminosa, numa direcção dada,
de uma fonte de luz que emite uma radiação
monocromática de frequência 540×1012 Hz e cuja
intensidade radiante nessa direcção é de 1/683 W×sr−1.
(16.ª CGPM - 1979 - Resolução 3)
Tabela 3 (fim)
Unidades suplementares
Unidade
Grandeza Nome/definição Símbolo
Ângulo plano radiano rad
O radiano é o ângulo plano compreendido entre 2 raios
que numa circunferência intersectam um arco de
comprimento igual ao raio dessa circunferência.
Ângulo sólido esterradiano sr
O esterradiano é o ângulo sólido que, tendo o vértice no
centro de uma esfera, intersecta na superfície desta uma
área igual à de um quadrado tendo por lado o raio da
esfera.
Tabela 4
• O produto de duas ou mais unidades pode ser indicado de uma das formas
seguintes:
Exemplo: Nm ou N×m
• Quando uma unidade derivada é formada dividindo uma unidade por outra, pode
utilizar-se uma barra oblíqua (/), uma barra horizontal ou também expoentes
negativos.
m
Exemplo: m / s, ou m × s-1
s
Recorda-se que a periodicidade de calibração deve ter sempre em conta a história dos
instrumentos, pelo que os períodos que aqui se apresentam se destinam apenas a servir
como guia nos casos em que ainda não se conheça o comportamento do instrumento,
por ele ser novo ou por não existirem registos anteriores das suas características
metrológicas.
Instrumento Categoria
de medição A B
3. Pressão
Balanças manométricas 36 24
Barómetros aneróides 36 6
Barómetros com elemento sensor elástico 36 3
Barómetros de mercúrio 60 24
Manómetros 12 12
Manómetros rotativos (medições de alto vácuo) 24 24
Transdutores de pressão eléctricos 12 12
Vacuómetros 12 12
Vacuómetros de grande alcance por condução de calor 12 6
Vacuómetros de grande alcance tipo «McLeod» 36 12
4. Força
Anéis dinamométricos 24 24
Células de força com extensómetros eléctricos 24 24
Células de força piezoeléctricas 12 12
Equipamento hidráulico de medição de força 12 12
Máquinas-padrão de alavanca 60 24
Máquinas-padrão de massas suspensas 60 24
Máquinas-padrão hidráulicas (mistas) 24 24
5. Binário
Chaves dinamométricas 24 6
Medidores de binário 24 12
6. Tempo, frequência
Contadores de impulsos 12 12
Cronómetros analógicos 12 12
Cronómetros digitais 12 12
Padrões de frequência 12 3
Relógios digitais 12 6
7. Velocidade, aceleração
Acelerómetros 24 12
Estroboscópios 12 12
Medidores de frenagem 24 12
Medidores de vibrações 24 12
Taquímetros 12 12
Tabela 7 (continuação)
Instrumento Categoria
de medição A B
8. Electricidade, magnetismo
Amperímetros analógicos 12 12
Amperímetros digitais 3...12 6
Antenas 36 36
Atenuadores-padrões de alta frequência 12 12
Caixas de resistências 12 12
Condensadores-padrões 12 12
Contadores de energia eléctrica 12 12
Conversores térmicos de tensão 12 12
Coulombímetros 12 12
Divisores de tensão capacitivos 12 12
Divisores de tensão indutivos 36 36
Divisores de tensão resistivos 12 12
Fasímetros 12 12
Frequencímetros 12 12
Frequencímetros (de precisão) 3 3
Galvanómetros 24 24
Impedâncias de alta frequência 24 24
Indutâncias-padrões 12 6
Medidores de indução magnética (gaussímetros) 12 12
Ohmímetros analógicos 12 12
Ohmímetros digitais 3...12 6
Padrões de ruído 12 12
Pilhas-padrões 12 6
Pontes de Wheatstone 12 12
Pontes LC 12 12
Potenciómetros 12 12
Resistências-padrões 12 12
Transformadores de medição (tensão e corrente) 36 36
Voltímetros analógicos 12 12
Voltímetros digitais 3...12 6
Wattímetros analógicos 12 12
Wattímetros de alta frequência 12 12
Wattímetros digitais 3...12 6
11. Temperatura
12. Colorimetria
Colorímetros 48 24
Colorímetros de combustão 48 24
13. Acústica
Calibradores de nível sonoro 24 12
Microfones 24 12
Pistofones 24 12
Sonómetros 24 12
Tabela 7 (continuação)
Instrumento Categoria
de medição A B
17. Diversos
Explosímetros 6 3
Viscosímetros 24 12
Tabela 7 (fim)
Anexo 6.Exemplo de certificado de calibração
CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO
Nº. XPTO-0001-93
RESULTADOS OBTIDOS:
[19.] Norma internacional ISO 8402 (1986) + Adenda 1 (1989) - Quality. Vocabulary.
[20.] Norma internacional ISO 10 012-1 (1990) - Quality assurance requirements for
measuring equipment. Management of measuring equipment.
[21.] Norma internacional ISO 10 012-2 (1990) - Quality assurance requirements for
measuring equipment. Measurement process control.
[22.] Norma internacional ISO 10 011-1 (1990) - Guidelines for auditing quality
systems. Auditing.
[23.] Norma internacional ISO 10 011-2 (1991) - Guidelines for auditing quality
systems. Qualification criteria for quality systems auditors.
[24.] Norma internacional ISO 10 011-3 (1991) - Guidelines for auditing quality
systems. Management of audit programs.
[26.] Documento WECC 19-1990 - Guidelines for the expression of the uncertainty of
measurement in calibrations.
[27.] Documento ISO/TAG 4/WG 3:June 1992 - Guide to the expression of uncertainty
in measurement.