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Fichamento do texto:

DOSSIÊ: ESTADO, EDUCAÇÃO E DEMOCRACIA NO BRASIL: RETROCESSOS E


RESISTÊNCIAS.
Luiz Fernandes
Dourado

ASSUNTO: A relação Estado, Democracia e Educação no contexto atual do Brasil,


descortinando os retrocessos que afetam as atuais políticas sociais, sobretudo as políticas e
gestão da Educação, sinalizando a necessidade de uma unidade de luta envolvendo a
sociedade civil em prol da democracia, Estado Democrático de Direito, justiça social e de
garantia de educação para todos e todas.

Educação, Estado e democracia: algumas sinalizações.

Atualmente estamos vivendo uma mudança na política publica, e que atinge


diretamente a educação, a partir de hipóteses tensões e desafios pelo mundo e
principalmente em nosso país, essa discussão ganha um contextos de enormes retrocessos
e, paradoxalmente, de resistências. È importante salientarmos a presença de uma agenda
global transnacional, cuja proposição é cada vez mais homogeneizadora e,
paradoxalmente, plural e combinada. Entender esse cenário sob a perspectiva dessa
complexa configuração histórico-social é um grande desafio para as ciências humanas e
sociais e, por seu turno, para a construção de alternativas fundamentadas na totalidade
geo-histórica de alcance global, das contradições e tensões que marcam a história da
estrutural relação capital e trabalho e, nesta seara, os movimentos e lutas em prol do
Estado Democrático de Direito e de ampliação dos direitos sociais, entre eles, a educação.

A formação social brasileira: antecedentes históricos


Movimentos e lutas marcaram a formação histórica brasileira desde o processo
de ocupação dos portugueses. Apesar de movimentos dos setores urbanos serem a favor da
democratização do poder estatal, a Republica manteve o interesse da burguesia e dos
grupos dominantes. Sem compromisso com a democracia, essa burguesia não prioriza o
Estado Democrático de Direito e suas decorrências, mostrando total descaso com a nação.
Essa restrição classes, tem sido forjada através de projetos de reformas, que na sua maioria
são golpes de Estado e diversificados movimentos autoritários, conservadores, sem efetivo
compromisso sequer com a democracia liberal. Neste sentido, o Brasil se torna
patrimonial, ou seja, um estado excluente de classe a despeito das lutas históricas em prol
do Estado Democrático de Direito.
Políticas públicas e as lutas pela democratização do Estado brasileiro
Uma das conquistas das lutas pela democratização do Estado é a eleição para a
presidência da república, ela é garantida pela Constituição Federal (BRASIL, 1988) e se
efetiva com os limites históricos de nossa formação social. Fernando Collor de Melo foi o
primeiro presidente eleito diretamente pelo povo após a ditadura militar em 1990,
prometendo acabar com a inflação, porém seu governo causou insatisfação na população
devido a medidas tomadas como confiscar poupanças, congelar salários e aumento de
tarifas publicas. Com a pressão recebida deu-se inicio a um processo de impeachment, e
percebendo que seria retirado do cargo, Collor renuncia em 1992.
Por ser vice de Fernando Collor, Itamar Franco assume a presidência em 1992,
em seu governo houve estabilização da economia com Fernando Henrique Cardoso no
cargo de Ministro da Fazenda, criando o plano Real. Com o sucesso do plano Real, em
1995 Fernando Henrique Cardoso de elege presidente do Brasil. Em seu mandato
destacou-se o aumento das privatizações, e teve êxito também na redução do
analfabetismo. Em 1998 Fernando Henrique foi reeleito, permanecendo 8 anos no
governo. Em 2003 Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito prometendo manter a estabilidade
econômica. No seu governo criou vagas de trabalho e o Bolsa Família, ajudando
financeiramente famílias carentes, porem o governo foi marcado por corrupções. Em 2011
Lula ajudou a eleger Dilma Rousseff, primeira mulher a assumir a presidência, com o
compromisso de dar continuidade aos programas do governo anterior. Seu governo foi
marcado por programas sociais como o Mais Médicos, facilitando o acesso médico no
território brasileiro. Em 2014 Dilma foi reeleita. Entretanto, nesse mandato foi acusada de
cometer crime de responsabilidade fiscal, sofre um processo de impeachment, que
culminou com sua saída da presidência em 2016. Seu vice Michel Temer assume em
seguida, e fica durante dois anos na presidência. Em seu governo reformou leis, se
constituindo em um governo reformista. Em 2019 Jair Bolsonaro assume a presidência
prometendo a acabar com a corrupção e diminuir gastos públicos.
Sinalizações e políticas caminham para o aprofundamento das políticas de ajustes
neoliberais, incluindo a retomada e aprofundamento da proposta de reforma
previdenciária, intensificação do processo de privatização do público, retrocessos nas
agendas das políticas públicas e, no campo educacional, por redirecionamento conservador
das políticas para a área, pela secundarização do PNE e por expressivos cortes nos
orçamentos, com especial destaque para as instituições de educação superior federal e para
a educação básica pública, entre outras.

Considerações finais: Estado, democracia e educação — perspectivas de lutas e


resistências.

O direito a educação escolar em relação competências definidas


constitucionalmente e da coordenação da União sofreu restrições quanto à garantia de um
efetivo financiamento e um processo de descentralização no qual os compromissos
firmados nem sempre obtiveram condições reais de financiamento.

A assistência financeira nesse processo vem recebendo cortes. No cenário atual a


educação superior é considerada como de elite Esse nível de ensino é predominantemente
privado (respondendo por 75% das matrículas), ainda que tenha havido a duplicação de
matrículas efetivadas no ensino superior público federal na última década. Na educação
básica, ofertada principalmente por estados, Distrito Federal e municípios, acontece a
privatização dos serviços públicos, por meio de parcerias público-privadas (consultorias,
assessorias, organizações sociais) e pela criação de escolas militares. A definição
constitucional de garantia da universalização da educação básica até 2016, por meio da EC
nº 49/2009 e do PNE, não se efetivou, e o país apresenta sérios desafios no tocante à
universalização do pré-escolar (4–5 anos) e, sobretudo, ao ensino médio.
O governo Bolsonaro propôs a manutenção da Emenda Constitucional nº
95/2016, que inviabiliza a materialização do PNE, que torna a educação mais
conservadora e sem precedentes nas políticas, mediante um discurso de intolerância ao
marxismo, a Paulo Freire e à diversidade; pela ênfase na educação a distância na educação
básica; pela defesa das escolas militares, entre outros.
Desse modo, a busca por políticas e ações com o envolvimento da população e
dos políticos poderia ser uma forma de reverter este cenário e juntos se propuserem a
alteração substantiva da agenda política, econômica e educacional vigentes no Brasil com
o objetivo de alcançar a constituição, ofertando aos brasileiros uma formação social
democrática, visto que a Constituição Federal e o Plano Nacional de Educação garantem a
educação para todos.

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