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. . Juizo arbitral Publicado em 27/11/2020 17h26 Compartilhe: A RFB nao pode fornecer informagées protegidas por sigilo fiscal aos juizos arbitrais, em razao do disposto no caput do art. 198 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966, Codigo Tributario Nacional (CTN), com a redagao dada pela Lei Complementar n° 104, de 10 de janeiro de 2001, a seguir transcrito: Art. 198. Sem prejuizo do disposto na_ legislagao criminal, € vedada a divulgacao, por parte da Fazenda Publica ou de seus servidores, de informagao obtida em razao do oficio sobre a situagao econémica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negocios ou atividades. As solicitagdes de juizos arbitrais costumam conter alegagao no sentido de que encontrariam fundamento nos arts. 17, 18 e 31 da Lei n° 9.307, de 23 de setembro de 1996, Lei de Arbitragem, que dispdem o seguinte: Art. 17. Os a4rbitros, quando no exercicio de suas fungdes ou em razdo delas, ficam equiparados aos funcionarios publicos, para os efeitos da legislagao penal. Art. 18. O arbitro 6 juiz de fato e de direito, e a sentencga que proferir nao fica sujeita a recurso ou a homologa¢gao pelo Poder Judiciario. (..-) Art. 31. A sentenga arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, oS mesmos efeitos da sentencga proferida pelos érgaos do Poder Judiciario e, sendo condenatoria, constitui titulo executivo. Provocada a dirimir duvidas quanto ao alcance desses dispositivos, a Coordenagao-Geral de Tributagéo, por meio da Solugao de Consulta Interna Cosit n° 20, de 16 de julho de 2004, esclareceu que o ordenamento juridico limita os poderes dos arbitros, nado os equiparando aos juizes de direito, concluindo, finalmente, pela impossibilidade de atendimento de solicitagdes oriundas do juizo arbitral. 4. Em atengao ao pleito da Corat, cumpre desde logo asseverar que, ao contrario do que se possa erroneamente inferir a partir da leitura do acima transcrito art. 18 da Lei n° 9.307, de 1996, referido dispositivo legal nao da aos 4rbitros, quando do exercicio de suas fungées de arbitragem ou em razao delas, os mesmos poderes atribuidos aos juizes de direito. 5. O que o art. 18 e outros dispositivos da Lei n° 9.307, de 1996, estabelecem € a equiparagado da sentenca proferida pelo juizo arbitral a sentenga proferida pelo membro do Poder Judiciario, de modo a que aquela nado necessite ser homologada nem possa ser revista por esta, salvo em determinados casos de_ nulidade previstos no art. 32 da Lei de Arbitragem. 6. Ainda que atuando em litigios cuja arbitragem se mostra possivel de ser empregada —conforme previsto no art. 1° da Lei n° 9.307, de 1996, a arbitragem presta- se apenas para dirimir litigios relativos a direitos patrimoniais disponiveis —, nado sao conferidas ao arbitro muitas das prerrogativas do juiz de _ direito, particularmente em relagao a instrugao probatoria, conforme se pode observar pelos dispositivos da Lei de Arbitragem abaixo transcritos: “Art. 22. Podera o arbitro ou o tribunal arbitral tomar o depoimento das partes, ouvir testemunhas e determinar a realizacao de pericias ou outras provas que julgar necessarias, mediante requerimento das partes ou de Oficio. (...) § 2° Em caso de desatendimento, sem justa causa, da convocag¢ao para prestar depoimento pessoal, o arbitro ou o tribunal arbitral levara em consideragao o comportamento da parte faltosa, ao proferir sua sentenga; se a auséncia for de testemunha, nas mesmas circunstancias, podera o 4arbitro ou o presidente do tribunal arbitral requerer a autoridade judiciaria que conduza a testemunha_ renitente, comprovando a existéncia da conven¢ao de arbitragem. § 3°A revelia da parte nao impedira que seja proferida a sentenga arbitral. § 4° Ressalvado o disposto no § 2°, havendo necessidade de medidas coercitivas ou cautelares, os arbitros poderao solicita-las ao érgao do Poder Judiciario que seria, originariamente, competente para julgar a causa. (...)” (grifou-se) 7. Referidas limitag6es dos poderes dos Arbitros, alias, sao conseqtiéncia natural da propria delimitagao de sua atividade julgadora, haja vista que nao haveria sentido em a lei atribuir ao juizo arbitral poderes de limitar direitos publicos ou _ privados_ indisponiveis de determinada pessoa (inclusive de terceiros nao participantes da lide) no curso da solugao de contendas relativas a direitos patrimoniais disponiveis. 8. E, dentre os poderes nao conferidos aos arbitros, inclui-se a prerrogativa do juiz de direito de obter da SRF informagées de contribuintes protegidas pelo sigilo fiscal, sejam eles partes ou nao da lide objeto da arbitragem, a qual tem previsao no art. 198, § 1°, inciso I, da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 — Cédigo Tributario Nacional (CTN), com a redagao determinada pelo art. 1° da Lei Complementar n° 104, de 10 de janeiro de 2001, in verbis: “Art. 198. Sem prejuizo do disposto na legislagao criminal, 6 vedada a divulgagao, por parte da Fazenda Publica ou de seus servidores, de informagao obtida em razdo do oficio sobre a situagao econémica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negocios ou atividades. § 1° Excetuam-se do disposto neste artigo, além dos casos previstos no art. 199, os seguintes: | — requisigao de autoridade judiciaria no interesse da justiga;

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