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CENTRO UNIVERSITÁRIO SOCIESC – UNISOCIESC


SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA

JOÃO MARCOS PADILHA DE SOUZA PINTO

ENGENHARIA REVERSA DE UM GERADOR SÍNCRONO DE POLOS SALIENTES

JOINVILLE-SC
2015/01
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CENTRO UNIVERSITÁRIO SOCIESC – UNISOCIESC


SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA

JOÃO MARCOS PADILHA DE SOUZA PINTO

ENGENHARIA REVERSA DE UM GERADOR SÍNCRONO DE POLOS SALIENTES

Trabalho submetido à apresentação e avaliação


do corpo docente do Centro Universitário
SOCIESC – UNISOCIESC como requisito parcial
para obtenção de grau no curso superior de
Engenharia Elétrica.
Trabalho orientado pelo Professor Msc. Carlos
Roberto da Silva Filho.

Joinville
2015/01
3

JOÃO MARCOS PADILHA DE SOUZA PINTO

ENGENHARIA REVERSA DE UM GERADOR SÍNCRONO DE POLOS SALIENTES

Trabalho avaliado e aprovado pelos


professores de banca do Centro
Universitário SOCIESC - UNISOCIESC.

Joinville, 03 de Dezembro de 2015.

_________________________________________.
Prof.º Carlos Roberto da Silva Filho (orientador)

_________________________________________.
Prof. (membro da banca)

_________________________________________.
(membro da banca)
4

Dedico este trabalho aos


meus familiares e irmãos segundo
minha fé. Também aos meus
queridos professores que
acreditaram desde o início em
meu sucesso.
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que segundo sua vontade permite que todas as coisas
cooperem para o bem daqueles que o amam. A ele entrego minha vida.
Agradeço aos meus familiares, que me motivaram e me sustentaram nos dias
difíceis. A esses todo meu amor e suor, quando e como for necessário.
Agradeço aos professores Lidomar Becker e Solange Alves Costa Andrade de
Oliveira, que sempre estiveram ao meu lado como professores e como amigos. Meu
amor e gratidão a estes são eternos.
Agradeço ao coordenador Carlos Roberto da Silva Filho, que com toda sua
inteligência e determinação dedicou desde o início todo seu potencial, elevando
assim o nível do curso de grau superior em engenharia elétrica. A este sempre
mencionarem como exemplo de homem excelente em suas ações.
6

"E conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que vocês sejam
cheios de toda a plenitude de Deus."
(Efésio 3:19)
7

RESUMO

O presente trabalho mostra com clareza o processo de engenharia reversa feita em


um gerador trifásico de polos salientes. O trabalho mostra as características
construtivas do gerador, avaliação e verificação dos materiais e medidas usadas na
máquina síncrona em questão. Após esse processo têm-se uma pesquisa
aprofundada dos motivos que levaram a escolha dos materiais e suas medidas para
que se obtivessem os resultados e padrões do gerador. O trabalho apresenta
gráficos e simulações desenvolvidas no software FEMM, e traz análises de possíveis
melhorias ao projeto original mostrando o quanto é importante a fusão entre os
métodos de pesquisa e simulação.

Palavras-Chave: Engenharia Reversa. Gerador. Ferramenta de Simulação.


8

ABSTRACT

This study clearly shows the reverse engineering process done in a three-phase
generator salient poles. The work shows the constructive characteristics of the
generator , evaluation and verification of the materials and measures used in the
synchronous machine in question. After this process has been a thorough search of
the reasons the choice of materials and their arrangements to get the results and
standards of the generator. The paper presents graphics and simulations developed
in FEMM software, and provides analysis of possible improvements to the original
design showing how the merger between research and simulation methods is
important.

Keywords: Reverse Engineering. Generator. Simulation Tool.


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LISTA DE ILUSTRAÇÕES.

Figura 2.1 - Motor elétrico de indução trifásico IP56..................................................22


Figura 2.2 - Geradores elétricos.................................................................................22
Figura 2.3 - Corte esquemático de duas máquinas síncronas...................................23
Figura 2.4 - Motor elétrico síncrono trifásico..............................................................24
Figura 2.5 - Representação das linhas de campo que se atraem e se repelem........25
Figura 2.6 - Representação das linhas de campo que atingem um ponto.................25
Figura 2.7 - Fluxo magnético......................................................................................27
Figura 2.8 - Fluxo elétrico e fluxo magnético..............................................................27
Figura 2.9 - Dispositivo usado por Faraday................................................................28
Figura 2.10 - FEM produzida por campo dentro de uma espira.................................29
Figura 2.11 – Variação da densidade de campo magnético......................................30
Figura 2.12 - Chapas que compõe o pacote do rotor de polos salientes...................33
Figura 2.13 - Curva de histerese................................................................................35
Figura 2.14 - Vista explodida gerador síncrono Nova Motores..................................36
Figura 2.15 - Desenho esquemático do rotor de polos lisos......................................38
Figura 2.16 - Rotor de polos lisos WEG.....................................................................38
Figura 2.17 - Rotor de polos salientes sem acabamento...........................................39
Figura 2.18 - Distribuição da FEM através da sapata polar.......................................40
Figura 2.19 - Sapata polar..........................................................................................41
Figura 2.20 - Rotor de polos salientes sendo enrolado com material condutor.........42
Figura 2.21 - Escova de carvão..................................................................................43
Figura 2.22 - Porta escova.........................................................................................44
Figura 2.23 - Anel coletor...........................................................................................44
Figura 2.24 - Enrolamento de campo da excitatriz.....................................................45
Figura 2.25 - Armadura da excitatriz..........................................................................46
Figura 2.26 - Estator bobinado...................................................................................47
Figura 2.27 - Grupo de bobinas e sua representação................................................48
Figura 2.28 - Representação das bobinas nas ranhuras ..........................................48
Figura 2.29 - Tipos de bobinamento..........................................................................49
Figura 2.30 - Domínio descretizado em elementos finitos não sobrepostos..............50
Figura 3.1 - Desenho do gerador para simulação......................................................53
Figura 3.2 - Desenho com limite de atuação magnetostática....................................54
10

Figura 3.3 - Imperfeições no desenho........................................................................55


Figura 3.4 - Janela que indica erro de área não classificada.....................................55
Figura 3.5 - Correção do desenho.............................................................................56
Figura 3.6 - Desenho pronto para ser simulado.........................................................57
Figura 3.7 - Permeabilidade pré-fixada do ferro silício M-36.....................................59
Figura 3.8 - Permeabilidade do ferro silício M-36 real...............................................61
Figura 3.9 - Comparando permeabilidade do ferro silício M-36 Real com Pré-
fixado..........................................................................................................................62
Figura 3.10 - Desenho do Rotor com identificação do sentido do campo
magnético...................................................................................................................64
Figura 3.11 - Sentido do campo magnético...............................................................64
Figura 3.12 - Sentido do campo magnético gerado pelo FEMM................................65
Figura 3.13 - Mesmo sentido da corrente que atravessa dois condutores................66
Figura 3.14 - Possíveis formas de bobinar o rotor.....................................................67
Figura 3.15 - Sentido de bobinamento do gerador.....................................................68
Figura 3.16 - Densidade de Fluxo na cabeça do polo................................................70
Figura 3.17 - Densidade de Fluxo no estator.............................................................71
Figura 3.18 - Esquema de ligação do gerador...........................................................74
Figura 3.19 - Esquema de ligação do gerador com orientação da corrente..............75
Figura 3.20 -Tela de importação de dados do desempenho do conjunto
mecânico do gerador..................................................................................................76
Figura 3.21 - Conferir se desenho está correto..........................................................77
Figura 3.22 - Configuração de unidades e pacote.....................................................78
Figura 3.23 - Área de cálculos para obtenção do fluxo magnético............................78
Figura 3.24 - Seleção dos materiais para simulação.................................................79
Figura 3.25 - Importação da permeabilidade.............................................................80
Figura 3.26 - Configuração do contorno.....................................................................81
Figura 3.27 - Configuração da orientação do campo magnético...............................82
Figura 3.28 - Lançar dados........................................................................................82
Figura 3.29 - Seleção dos materiais das bobinas do rotor.........................................83
Figura 3.30 - Varredura das áreas simuladas............................................................84
Figura 3.31 - Linhas de campo magnético.................................................................85
Figura 3.32 - Densidade de fluxo magnético..............................................................86
Figura 3.33 - Valor do fluxo magnético simulado.......................................................87
11

Figura 4.1 - Gerador conectado à bancada de testes................................................89


Figura 4.2 - Desenho esquemático dos pontos de medição......................................90
Figura 4.3 - Placa de identificação do gerador...........................................................91
Figura 4.4 - Medidas de V1 e A3................................................................................93
Figura 4.5 - Sistema de exitação................................................................................94
Figura 4.6 - Abertura da carcaça................................................................................95
Figura 4.7 - Estator bobinado e rotor bobinado..........................................................96
Figura 4.8 - Rotor completo........................................................................................97
Figura 4.9 - Corte da cabeça de bobina.....................................................................98
Figura 4.10 - Chapa do estator...................................................................................98
Figura 4.11 - Circuito indutor......................................................................................99
Figura 4.12 - Grupos de bobinas..............................................................................100
Figura 4.13 - Contagem das espiras........................................................................100
Figura 4.14 - Espiras do rotor...................................................................................101
Figura 4.15 - Estator bobinado.................................................................................102
Figura 4.16 - Novo valor de fluxo magnético............................................................103
Figura 4.17 - Geometria do estator..........................................................................106
Figura 4.18 - Fluxo magnético no estator sem alteração de geometria...................107
Figura 4.19 - Fluxo magnético no estator com alteração de geometria...................108
Figura 4.20 - Configurar permeabilidade do material na ferramenta computacional
FEMM.......................................................................................................................109
Figura 4.21 - Intensidade do campo produzido com permeabilidade 2000.............110
Figura 4.22 - Intensidade do campo produzido com permeabilidade 4000.............111
12

LISTA DE TABELAS.

Tabela 1 - Materiais do FEMM...................................................................................58


Tabela 2 - Permeabilidade das massas ferromagnéticas do gerador........................60
Tabela 3 - Dados das bobinas do estator..................................................................72
Tabela 4 - Tabela das relações dos condutores Nova Motores.................................73
Tabela 5 - Relações dos condutores do gerador em análise.....................................75
Tabela 6 - Ensaio de medidas elétricas.....................................................................92
Tabela 7 - Medidas elétricas a serem utilizadas no FEMM........................................93
Tabela 8 - Valores de Simulação da máquina e do FEMM......................................104
Tabela 9 - Relações das variações do entreferro....................................................105
13

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.

B – Densidade de fluxo magnético;


Br – Densidade máxima de fluxo;
CA - Corrente alternada;
CC - Corrente contínua;
EPE - Empresa de Pesquisa Energética;
f – Frequência;
FEM - Força eletromotriz;
FEMM - Finite Element Method Magnetics;
H – Intensidade de campo magnético;
I – Corrente elétrica;
N – Número de espiras;
P – Número de polos;
r – Raio;
Re – Relutância;
RPM - Rotações por minuto;
t – Tempo;
Ve – Tensão eficaz;
μ - Permeabilidade magnética;
Φ – Fluxo magnético.
14

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................17

1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO DO TEMA.....................................................................17

1.2 PROBLEMA..........................................................................................................18

1.3 HIPÓTESES.........................................................................................................18

1.4 JUSTIFICATIVA...................................................................................................19

1.5 OBJETIVO GERAL...............................................................................................19

1.6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................20

1.7 METODOLOGIA...................................................................................................20

1.7 FLXOGRAMA.......................................................................................................21

2 MÁQUINAS ELÉTRICAS........................................................................................22

2.1 MÁQUINA SÍNCRONA.........................................................................................23

2.2 MAGNETOSTÁTICA............................................................................................24

2.2.1 Campo magnético...........................................................................................25

2.2.2 Fluxo magnético..............................................................................................26

2.2.3 Indução eletromagnética................................................................................28

2.1.4 Princípio de funcionamento das máquinas síncronas................................30

2.1.4.1 Permeabilidade relutância..............................................................................32

2.1.4.2 Perdas magnéticas.........................................................................................32

2.3 GERADOR SÍNCRONO.......................................................................................35

2.4 ROTOR.................................................................................................................37
15

2.4.1 Rotor de polos lisos........................................................................................38

2.4.2 Rotor de polos salientes.................................................................................39

2.4.2.1 Barra de Amortecimento.................................................................................40

2.4.2.2 Sapata polar...................................................................................................40

2.4.2.3 Enrolamento indutor.......................................................................................41

2.5 SISTEMA DE EXCITAÇÃO..................................................................................43

2.6 ESTATOR.............................................................................................................46

2.6.1 Enrolamento de armadura..............................................................................47

2.7 MÉTODO DE ELEMENTOS FNITOS..................................................................49

2.8 ANÁLISES COMPUTACIONAIS..........................................................................51

3 MODELAGEM E SIMULAÇÃO DO GERADOR ATRAVÉS DA ENGENHARIA


REVERSA DO PROJETO..........................................................................................52

3.1 DESENHO DO CONJUNTO MECÂNICO DO GERADOR..................................52

3.2 MATERIAIS MAGNÉTICOS.................................................................................57

3.2.1 Permeabilidade magnética pré-fixada dos materiais...................................58

3.2.2 Permeabilidade magnética real dos materiais.............................................60

3.2.3 Região Saturada e Insaturada........................................................................61

3.3 MATERIAIS DO ROTOR......................................................................................63

3.4 SISTEMA DE EXITAÇÃO DO ROTOR................................................................68

3.5 ANÁLISE DO FLUX MAGNÉTICO.......................................................................69

3.6 BOBINAS DO ESTATOR.....................................................................................72

3.7 MODELAGEM NO SOFTWARE FEMM...............................................................76


16

4 SIMULAÇÃO E ANÁLISE DO GERADOR ATRAVÉS DA ENGENHARIA


REVERSA DA MÁQUINA..........................................................................................88

4.1 SIMULAÇÃO DO GERADOR...............................................................................89

4.2 ENGENHARIA REVERSA DA MÁQUINA............................................................94

4.3 SIMLAÇÕES NO FEMM.....................................................................................103

4.4 ALTERAÇÕES NOS PARÂMETROS DO GERADOR.......................................105

4.4.1 Entreferro.......................................................................................................105

4.4.2 Geometra do estator (Dente)........................................................................106

4.4.3 Permeabilidade do gerador..........................................................................109

CONCLUSÃO..........................................................................................................112

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................114

APÊNDICE A...........................................................................................................117

ANEXO A.................................................................................................................150

ANEXO B.................................................................................................................154

ANEXO C.................................................................................................................156
17

1 INTRODUÇÃO

A energia em suas diversas formas tem sua utilização pela sociedade desde o
princípio de sua existência. De acordo com Viana et al (2012, p. 13) “a energia está
presente em nossa vida de diversas maneiras. Por exemplo, quando usamos
motores ou músculos, quando acendemos o queimador de um fogão, quando nos
alimentamos ou mesmo quando nos informamos [...]”.
Dentre essas variedades de energia, destaca-se a energia elétrica como uma
ferramenta essencial para a existência com comodidade e desenvolvimento. O nível
de consumo de energia elétrica é um indicador de desenvolvimento econômico das
organizações sociais. Como relata (EPE, 2014), que de 2004 para 2013 registra-se
um aumento no consumo de energia elétrica no território brasileiro equivalente a
43,44%. Esse indicador reflete em produções de veículos, alimentos, moradia,
educação, saúde, lazer, esporte, segurança etc.
Conforme relata Mendonça (2011), essa crescente demanda por energia
elétrica continuará se elevando no decorrer dos anos. Com isso exigindo-se que os
geradores elétricos sejam requeridos cada vez mais, e com maior eficiência em sua
função.
Estas máquinas têm extrema importância em quaisquer que sejam seus
ambientes de atuação; desde uma fazenda para geração de pequenas quantidades
de energia, até usinas geradoras de energia elétrica de grande porte. Estão tão
presentes e constantes no cotidiano social que um aprimoramento é fundamental
para que o processo de evolução continue acontecendo.
Nesse sentido, fundamenta-se este trabalho, pois trata de uma máquina que
de uma forma discreta participa da existência humana proporcionando uma
ferramenta extraordinária para o desenvolvimento e preservação da vida, a energia
elétrica.

1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO DO TEMA

Engenharia reversa de um gerador síncrono trifásico de polos salientes.


18

1.2 PROBLEMÁTICA

Os geradores elétricos são máquinas construídas com elevado nível de


conhecimento técnico em materiais magnéticos, formas construtivas elétricas e
mecânicas para obtenção de máxima eficiência e rendimento apropriado.
Com o estudo desta complexa máquina, percebe-se que quaisquer pequenas
alterações feitas nos seus parâmetros, podem fazer grandes variações nos
resultados finais adquiridos. Com isso torna-se viável uma análise através de
engenharia reversa, para verificar os parâmetros apontados no projeto do gerador
síncrono de polos salientes.
Deste modo, deve-se verificar se o uso das ferramentas de simulação
agregadas ao método de engenharia reversa permitem verificar quais os fatores que
contribuem para o excelente funcionamento do gerador em análise.

1.3 HIPÓTESES

a) É possível extrair informações do gerador síncrono de polos salientes a


partir de metodologia de projeto observando a máquina fásalibricada.
Informações como material usado, medidas e ângulos.

b) Utilizar software FEMM (Finite Element Method Magnetics) para avaliar


os dados extraídos do gerador já projetado, verificando assim suas
respostas.

c) Fazer alterações e novas simulações verificando possíveis melhorias


ao projeto.
19

1.4 JUSTIFICATIVA

Nas últimas décadas, todas as áreas de engenharias vêm se beneficiando de


uma forma crescente das simulações computacionais. Conforme Pereira (2009)
"Ao longo da maioria dos processos de desenvolvimento de novos produtos, uma
redução considerável de custo, tempo e recursos consumidos em ensaios e testes
experimentais pode ser obtida com a utilização de simulações [...]”.
A construção do gerador síncrono de polos salientes requer conhecimento
específico bastante amplo. Segundo Matos (2009) “É possível afirmar que hoje a
melhora na qualidade dos processos construtivos depende muito do auxilio de
softwares, uma vez que com eles é possível verificar detalhes mesmo antes de
executá-los [...]”. Por esse motivo, as ferramentas computacionais de simulação tem
grande importância, tendo em vista que estas fornecem informações de projeto e
características do sinal de saída, ainda mesmo antes de a máquina ser construída
de fato.
Porém se faz necessário que a ferramenta de simulação computacional seja
uma ferramenta avaliada e validada para que a mesma tenha devida credibilidade.
Para obter esse critério de ferramenta validada para simulação de projeto de
máquinas síncronas, se faz necessário estudo a respeito dos métodos de simulação
da ferramenta computacional.
Com a ferramenta validada pode ser reavaliado o projeto da máquina
síncrona de polos salientes levando a uma otimização de parâmetros do projeto do
gerador síncrono já construído. Tudo isso resulta num aprimoramento na
metodologia atual do projeto.

1.5 OBJETIVO GERAL

Aplicar e avaliar uma ferramenta de simulação computacional para projeto de


gerador síncrono de polos salientes.
20

1.6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Avaliar os elementos que compõem um gerador síncrono de polos


salientes.

b) Modelar na ferramenta computacional os materiais utilizados na


construção do gerador síncrono de polos salientes.

c) Avaliar modificações de parâmetros de projeto modelado na ferramenta


computacional FEMM.

d) Validar metodologia de simulação em projeto de geradores síncronos de


polos salientes.

1.7 METODOLOGIA

Primeiramente será feito um desmembramento por completo de um gerador


síncrono de polos salientes. Esse processo implica em uma minuciosa varredura
sobre a máquina. Com isso, analisar todas as peças e avaliar os parâmetros dos
materiais que as compõem.
Na etapa seguinte, os parâmetros avaliados na etapa anterior serão
registrados e inseridos na ferramenta computacional FEMM. Isso levando a
obtenção de dados simulados trazendo consigo novas avaliações dos parâmetros.
Neste momento os dados que foram extraídos do gerador síncrono de polos
salientes serão lançados na ferramenta computacional FEMM para serem avaliados
os seus parâmetros. Com esta análise consegue-se chegar a possíveis incrementos
de projeto, isto é, melhorias.
Por fim será validada toda metodologia provinda da ferramenta computacional
FEMM, em um gerador síncrono de polos salientes e que já tem seu uso comercial
em andamento. Então se conclui o processo de engenharia reversa do gerador
síncrono de polos salientes.
21

1.8 FLUXOGRAMA
22

2 MÁQUINAS ELÉTRICAS

Máquinas elétricas são máquinas que têm seu funcionamento através de


fenômenos de eletromagnetismo como indução eletromagnética. Essas se
classificam de acordo com seus critérios de funcionamento e condições de uso.
Máquinas elétricas rotativas necessitam de movimentos mecânicos de
rotação para que desempenhem suas funções elementares. São equipamentos
desenvolvidos com desígnios de transformar energia mecânica para energia elétrica
e o oposto igualmente (KOSOW, 2005, p. 2).
As máquinas que fazem a transformação de energia elétrica em energia
mecânica são denominadas motores elétricos, Figura 2.1.

Figura 2.1 – Motor elétrico de indução trifásico IP56.

Fonte: Catálogo de motores elétricos trifásico Nova Motores, 2012.

Os motores elétricos são máquinas amplamente utilizadas em qualquer


ambiente de trabalho que se necessite de movimento mecânico rotativo. Já as
máquinas que fazem transformação da energia mecânica em energia elétrica são
denominadas de geradores elétricos, Figura 2.2, (SEIXAS, 2012, p. 3).

Figura 2.2 – Geradores elétricos.

Fonte: O Autor (2015).


23

No Brasil cerca de 40,0% da energia elétrica total produzida é consumida em


indústrias sendo que 26,7% servem para alimentar sistemas motrizes (WEG, 2015).
Tal informação consolida uma análise nos aspectos construtivos das máquinas
elétricas, visando um avanço na eficiência destas.

2.1 MÁQUINAS SÍNCRONAS

As máquinas síncronas são máquinas que operam com velocidade


proporcional à frequência da corrente injetada à sua armadura (FITZGERALD, 2006,
p. 239), isto é, essa máquina opera com rotação característica proveniente do sinal
de entrada.
Estas máquinas são constituídas basicamente de um induzido e de um
indutor. O induzido, também chamado de armadura, é disposto em ranhuras para
ser excitado pelo indutor. O induzido pode se situar na parte móvel da máquina
síncrona ou na parte fixa. Independente da posição projetada, os cálculos
compartilham da mesma solução. O indutor é excitado por corrente contínua, e
assume duas formas construtivas distintas quando disposto na parte móvel da
máquina (polos lisos e polos salientes) (FALCONE, 2009, p. 227).
A Figura 2.3, apresenta o corte esquemático de duas máquinas síncronas
com características de construção distintas.

Figura 2.3 – Corte esquemático de duas máquinas síncronas.

Fonte: (FALCONEI, 2009, p. 228).


24

A máquina da Figura 2.3 parte "a", mostra uma máquina síncrona de polos
salientes com sistema de excitação móvel. A máquina da parte "b" representa uma
máquina síncrona de polos lisos com excitação estática. Essas máquinas podem ser
desenvolvidas para operarem tanto como gerador elétrico síncrono, como motores
elétricos síncronos.
Conforme apresentado na Figura 2.4, um motor elétrico síncrono trifásico
construído pela fábrica de motores e geradores WEG.

Figura 2.4 – Motor elétrico síncrono trifásico.

Fonte: Catálogo de motores síncronos WEG, 2015.

Esses motores são pouco utilizados devido seu elevado custo de aquisição,
porém este tem características bastantes significativas como rotação precisa e alto
rendimento, o que se faz muito útil em aplicações específicas.

2.2 MAGNETOSTÁTICA

Como mencionado, o objetivo das máquinas elétricas rotativas é a conversão


das formas de energia elétrica e da energia mecânica. Com isso, necessita-se a
compreensão de princípios físicos básicos de magnetismo e eletricidade, para que
se entenda o funcionamento pleno das máquinas síncronas.
25

2.2.1 Campo magnético

Campo magnético é a região que rodeia um imã, Figura 2.5. Essa região
produz forças magnéticas de repulsão ou de atração, que são orientadas conforme
polaridade do imã em proximidade com outro imã. A representação visual destas
forças é chamada de linhas de campo magnético, Figura 2.5 (SAMBAQUI, 2008, p.
1).

Figura 2.5 – Representação das linhas de campo que se atraem e se repelem.

Fonte: (SAMBAQUI, 2008, p. 2).

Se levado em consideração que o meio onde o campo magnético está sendo


propagado é o ar, este campo é representado pelo vetor H. Para realizar análises do
campo magnético H verifica-se o comportamento das propriedades físicas
apresentadas na Figura 2.6.

Figura 2.6 – Representação das linhas de campo que atingem um ponto.

Fonte: (SADIKU, 2008, p. 245).


26

Conforme indicado na Figura 2.6 há uma relação direta entre as variáveis de


raio (R), corrente elétrica (I) e campo magnético (H), e esta relação pode ser
quantificada a partir da Equação 1.

dH = Idl * senα (1)


4πR2

Onde:
H = Intensidade do campo magnético no ponto (A/m);
I = Intensidade de corrente elétrica que atravessa o condutor (A);
α =Ângulo entre condutor e campo magnético que atinge ponto;
R = Distância entre condutor e ponto (m).

Porém é necessário considerar que o campo magnético está sujeito a um


meio de propagação que nem sempre será apenas o ar. Independente do meio onde
o campo magnético será conduzido, este têm uma permeabilidade magnética que
influencia em sua condução. Essa permeabilidade do meio em que se propaga o
campo magnético é chamada de permeabilidade magnética (µ).
Então esta propagação do campo magnético levando em conta o meio onde
será propagado, se quantifica através da Equação 2.

B=µ*H (2)

2.2.2 Fluxo magnético

Fluxo magnético é a quantidade de linhas de campo magnético que atinge


uma determinada região como mostra um exemplo na Figura 2.7. (SAMBAQUI,
2008, p. 3). Este fluxo que concatena uma área delimitada pode ser quantificado
com a seguinte Equação 3.
27

Figura 2.7 – Fluxo magnético.

Fonte: (SAMBAQUI, 2008, p. 3).

Φ = ∫𝒔 B dS (3)

Onde:
Φ = Fluxo magnético (Weber);
B = Densidade de Fluxo magnético (T);
S = Superfície atingida pela densidade de campo magnético (m²).

Diferente do fluxo elétrico, o fluxo magnético através de uma superfície


fechada deve ser sempre zero.
Conforme mostra a Figura 2.8 (a), o fluxo elétrico pode ser de valor positivo,
isto é, a orientação do fluxo é de repulsão da carga pontual, ou de valor negativo,
com orientação do fluxo para o interior da carga pontual.

Figura 2.8 – Fluxo elétrico e fluxo magnético.

Fonte: (SADIKU, 2008, p. 261).

Já a parte (b) da Figura 2.8 mostra que em campo magnético não se pode
haver uma separação entre polo norte e polo sul.
28

Essa característica física do magnetismo pode ser quantificada com a


Equação 4.

𝜵∗B=0 (4)

2.2.3 Indução eletromagnética

O primeiro homem que pôde observar uma estreita relação entre conversões
de energia elétrica em mecânica e vice-versa, foi o inglês Michael Faraday em 1831
(KOSOW, 2005, p. 2). Essa relação observada por Faraday é apresentada da
seguinte maneira: Ao movimentar um material condutor elétrico em meio a um
campo magnético, têm-se como resultado a geração de uma porção de força eletro
motriz (FEM), esta nomeada por Faraday como induzida por não haver contato físico
entre condutor elétrico e material produtor de campo magnético.
A Figura 2.9 mostra o dispositivo verdadeiro usado por Faraday para
simulações da FEM.

Figura 2.9 – Dispositivo usado por Faraday.

Fonte: (KOSOW, 2005, p. 15).

E a Figura 2.10, mostra um esquema que facilita entendimento acerca da


FEM produzida.
29

Figura 2.10 – FEM produzida por campo dentro de uma espira.

Fonte: (TIPLER, 2006, p. 264).

Percebe-se que com a variação do fluxo magnético no tempo, próximo a uma


espira condutora, obtém-se a indução de uma corrente elétrica nesse condutor. Esta
corrente induzida orienta-se no sentido onde cria um campo magnético que tende a
se anular ao campo magnético que a produz. A quantificação desta análise é
mostrada pela Equação 5.

ɛ = - dΦ (5)
dt

Onde:
ɛ = Força eletro motriz (V);
Φ = Fluxo magnético (Weber);
t = Tempo (s).

O sinal negativo da Equação 5 indica que o campo magnético gerador tende a


anular o campo magnético que o produz, conforme visualizado na Figura 2.10
30

2.2.4 Princípio de funcionamento das máquinas síncronas

Com uma introdução aos fenômenos físicos de magnetismo, inicia-se o


entendimento do modo de operação magnetostático das máquinas síncronas.
As máquinas síncronas têm a função de fazerem a conversão de energia
através do movimento de rotação injetada ao seu rotor. Essa conversão como
mostrado na Equação 5 leva em conta o fluxo magnético em relação à variação
temporal.
Como mostra a Figura 2.11, a densidade de fluxo magnético que atinge o
circuito induzido, não é constante devido à rotação da máquina síncrona.

Figura 2.11 – Variação da densidade de campo magnético.

Fonte: (JORDÃO, 2013, p. 29).

Segundo JORDÃO (2013, p. 29) “Onda girante de indução magnética com


distribuição senoidal no entreferro (a) e o fluxo magnético por polo”.
Esta afirmativa pode ser quantificada através da análise da Equação 3
adicionando nesta a variação angular submetida ao fluxo magnético, como mostra
Equação 6.

B = Br * cos ᵦ (6)

Onde:
B = Densidade de Fluxo relativa (T);
Br = Densidade máxima de Fluxo (T).
31

Como a máquina tem um movimento de rotação, todos os ângulos podem ser


alcançados através de uma análise de rotação pela seguinte definição:

ᵦ = wt = 2 * π * f

Substituindo estas definições na Equação 6 e na Equação 3, obtém-se a


Equação 7.

Φ = ∫𝒔 Br * cos wt dS (7)

Para alcançar a Equação 8 que permita encontrar o valor da FEM induzida,


basta apenas adicionar a Equação 5 na Equação 7.

ɛ= -d * ∫𝒔 Br * cos wt dS
dt

ɛ = -Br * sen wt * (w) (8)

Porém esta definição parte do pressuposto que todas as variáveis em análise


estão sobre influência do campo proveniente de apenas uma espira. Como as
máquinas síncronas não possuem apenas uma espira em sua constituição, e sim um
conjunto de espiras, então se acrescenta N na Equação 8, que se refere ao número
de espiras do sistema, chega-se a Equação 9.

ɛ = -N * Br * sen wt * (w) (9)

Os materiais que compõe as máquinas elétricas são extremamente relevantes


para o funcionamento eficiente da mesma. Características como permeabilidade
magnética, condições de contorno, espessura laminar, são características que se
alteradas proporcionam uma variação significativa no sinal de saída esperado.
Segue fundamentação acerca das características mencionadas.
32

2.2.4.1 Permeabilidade e relutância

As massas ferromagnéticas das máquinas síncronas têm por função conduzir


o fluxo magnético, proveniente do circuito indutor, até o circuito induzido. Se essas
massas ferromagnéticas tem por objetivo a condução do fluxo, é necessário que o
material que a constitui seja um material com uma pequena oposição ao fluxo
magnético a ser transportado.
À essa oposição ao campo magnético chama-se de relutância, que se
quantifica através da Equação 10.

Re = l (10)
μo * μr * S

Re = Relutância (ampère-espira/weber);
l = Comprimento da região (m);
μo = Permeabilidade magnética do ar = 4𝜋 ∗ 10−7 (H/m);
μr= Permeabilidade magnética relativa do material (H/m);
S = Seção transversal da região (m²).

Quanto à permeabilidade, é o oposto da Relutância, isto é, a “facilidade” ao


estabelecimento do fluxo magnético. Segundo FITZGERALD (2006, p. 36), a
permeabilidade magnética é a razão entre a densidade de fluxo magnético (B) e a
intensidade de campo magnético (H), como já visto através da Equação 2.
O valor da permeabilidade é um grande indicador para a seleção do material
que constitui as massas ferromagnéticas do gerador, e pequenas alterações na
permeabilidade do material refletem robustamente na propagação do fluxo
magnético.

2.2.4.2 Perdas magnéticas

As perdas magnéticas estão presentes nas máquinas elétricas de conversão


eletromecânica e segundo Jordão (2013) “por várias razões, o estudo das perdas é
de importância relevante. Delas dependem, entre outras coisas, o rendimento [...]”.
33

Uma das formas de perda magnética pode ser classificada como corrente
Foucault, esta perdas são geradas nas massas de materiais magnéticos por serem
percorridos por um fluxo em determinado tempo.
A Equação 11 apresenta a quantificação matemática das perdas por corrente
Foucault.

Pf = Kf * V * (𝒆 * f * Br)2 (11)

Onde:
Pf = Perdas Foucault (W);
Kf = Coeficiente de perdas (conforme material);
V = Volume útil do material (m³);
𝒆 = Espessura das chapas laminadas (m);
f = Frequência (Hz);
Br = Densidade máxima de Fluxo (T).

Para diminuir as perdas por correntes Foucault, um dos parâmetros que pode
ser modificado é a espessura do material usado. Por esse motivo nas máquinas
elétricas, as massas ferromagnéticas são construídas de uma sucessão de chapas
com mínima espessura como apresentado na Figura 2.12.

Figura 2.12 – Chapas que compõe o pacote do rotor de polos salientes.

Fonte: O Autor (2015).


34

Visualizando a Figura 2.12, nota-se à construção do pacote do rotor através


de laminas ferromagnéticas com mínima espessura. No gerador síncrono usado
para teste nesta monografia, a espessura das chapas tanto do rotor quanto do
estator tem 0,6 mm.
Outra perda das máquinas elétricas é a perda por histerese. Histerese é uma
palavra de origem grega e tem o significado de atraso. A histerese em materiais
magnéticos funciona da seguinte forma: Ao ser concatenado por um campo
magnético o material magnético procura alinhar seu campo no sentido do campo
concatenado, assim quando esse campo é extinto, o material leva certo tempo para
desalinhar seu campo, o que gera um consumo (perda) de energia.

Ph = Kh * V * f * Br n (12)

Onde:
Ph = Perdas Histerese (W);
Kh = Coeficiente de perdas (conforme material);
V = Volume útil do material (m³);
f = Frequência (Hz);
Br= Densidade máxima de Fluxo (T);
n = Relativo conforme material podendo ser 1,5 até 2,5.

Para quantificar as perdas por histerese têm-se a Equação 12, que identifica
cada elemento que compõe as perdas por histerese. Segundo JORDÃO (2008) um
dos elementos mais significativos para ser alterado nos projetos de máquinas
elétricas, é o material com seu respectivo coeficiente de perdas.
Além da obtenção em valores das perdas por histerese, outro grande
indicador é o gráfico B-H da curva de histerese. Este gráfico é apresentado pela
Figura 2.13 e é comumente utilizado em literaturas pertinente a materiais
ferromagnéticos.
35

Figura 2.13 – Curva de histerese.

Fonte: (FITZGERALD, 2006).

A Figura 2.13, mostra o comportamento da histerese sobre as massas


ferromagnéticas. Percebe-se que quanto maior o espaço entre as curvas de subida
e decida apresentado pela Figura 2.13, maior é a histerese existente no material. O
ideal é que os materiais ferromagnéticos usados nos projetos das máquinas
síncronas sejam matérias com uma curva de histerese pouco variante, para que as
perdas sejam sintetizadas.

2.3 GERADOR SÍNCRONO

O gerador elétrico síncrono tem por objetivo único e exclusivo a


transformação da energia mecânica de velocidade e torque, em energia elétrica na
forma de corrente e tensão elétrica (DEL TORO, 2009, p. 108).
A Figura 2.14 apresenta um modelo de Gerador síncrono do fabricante Nova
Motores, e apresenta uma tabela identificando cada peça necessária na montagem
da máquina. Na Figura 2.14 podem ser observadas a partes construtivas da
máquina.
36

Figura 2.14 – Vista explodida gerador síncrono Nova Motores.

Fonte: Nova Motores, 2012.

Este gerador não possui um sistema de controle de realimentação eletrônico,


isto é, o transformador que está sobre a carcaça do gerador tem por função fazer a
autorregularão das correntes que circulam nas bobinas do rotor.
37

Outro aspecto que também pode ser observado é a forma que a corrente é
introduzida ao sistema de bobinamento do rotor. Esta é conduzida através de
escovas de carvão em contato com um anel coletor, visível através das indicações
numéricas 8 e 22 da Figura 2.14.
Em seguida serão apresentadas formas distintas de construção de cada parte
elementar que compõe os geradores síncronos.

2.4 ROTOR

Nos geradores síncronos, os rotores correspondem à parte móvel da


máquina. Isto é, este está em contato com uma fonte externa que lhe proporcionara
energia mecânica para que essa energia seja convertida em energia elétrica.
Os rotores de geradores síncronos carregam condutores magnéticos que são
enrolados em forma de bobina com o objetivo de produzir o campo necessário para
indução magnética do enrolamento do estator.
Os rotores são construídos de duas maneiras distintas, porém independendo
da sua forma construtiva, estes têm o mesmo principio de funcionamento. Ambos
geram um fluxo magnético constante devido a um movimento de rotação constante
proporcionado pela fonte externa. E esse fluxo magnético faz indução de um fluxo
magnético no enrolamento do estator (DEL TORO, 2009).
Outra característica que independe do fato do rotor ser de polos lisos ou polos
salientes é o número de polos do rotor, a frequência em que opera, e a rotação.
Equação 13.

P = 120 * f (13)
n

Onde:
P = Número de polos do rotor;
f = Frequência (Hz);
n = RPM (rotação por minuto).
38

2.4.1 Rotor de polos lisos

O rotor de polos lisos é construído de forma cilíndrica com ranhuras que


comportam o material condutor que será travessado por corrente elétrica contínua
com o objetivo de produzir campo magnético. A característica que a difere do rotor
de polos salientes é o seu entreferro constante ao seu redor (FITZGERALD, 2006).
A Figura 2.15 mostra esquema que representa rotor de polos lisos.

Figura 2.15 – Desenho esquemático do rotor de polos lisos.

Fonte: (WEG, 2012, p. 12).

Esses rotores são fabricados com características de resistência bastante


elevada pela sua aplicação em trabalhos de alta rotação. Figura 2.16 mostra rotor
WEG.

Figura 2.16 – Rotor de polos lisos WEG.

Fonte: (WEG, 2015, p. 4).

Este modelo de rotor geralmente usado em casos de alta rotação, entre 1800
e 3600 rotações por minuto, o que faz com que estes sejam na maior parte das
vezes construídos com 2 ou 4 polos.
39

2.4.2 Rotor de polos salientes

Este rotor geralmente encontrado para rotações mais baixas entre 50 e 1800
rotações por minuto e em aplicações de baixa potência. Os rotores de polos
salientes são construídos basicamente por um eixo, um pacote de chapas, e o
enrolamento de condutor para geração do campo magnético conforme Figura 2.17.

Figura 2.17 – Rotor de polos salientes sem acabamento.

Fonte: O Autor (2015).

O rotor da Figura 2.17 é o modelo de rotor utilizado no gerador em análise


neste trabalho, e como nota-se este é composto por quatro polos magnéticos
construídos por quatro grupos de bobinas.
A Figura 2.17 também mostra uma chapa não magnética que fica sobre as
bobinas do rotor, esta tem o intuito de não permitir o salto das espiras ao se alcançar
elevadas rotações.
Um aspecto construtivo bastante interessante, é que, em geradores de
grande potência, os condutores que compõe as bobinas são condutores de seção
nominal quadrada, a fim de aproveitar maior área possível.
40

2.4.2.1 Barra de Amortecimento

O barramento de amortecimento do rotor, é constituído na sua grande maioria


por um material condutor na forma cilíndrica, que estão curto-circuitados e alojado
na sapata polar. Este têm por finalidade amortecer oscilações que acontecem em
situações transitórias (PERES, 2013, p. 5).
Geralmente as barras de amortecimento são utilizadas em rotores de
geradores com regulação eletrônica. No caso deste gerador, não há barras de
amortecimento alojada no rotor.

2.4.2.2 Sapata polar

A sapata polar consiste na parte superior do pacote conforme Figura 2.18, e


conforme Falcone (2009, p. 228) “quando o indutor é do tipo de polos salientes,
consegue-se através da forma da sapata polar que se produza uma distribuição de
campo praticamente senoidal [...]”.

Figura 2.18 – Distribuição da FEM através da sapata polar.

Fonte: (FALCONE, 2009, p. 229).

Segundo a Figura 2.18 um fator de extrema importância é o ângulo da sapata


polar, pois é sobre ela que há o último contato do campo magnético originário no
rotor, para o campo magnético que adentra o estator.
41

Figura 2.19 – Sapata polar.

Fonte: O Autor (2015).

A Figura 2.19 apresenta a sapata polar utilizada nos rotores dos geradores da
marca Nova Motores. O gerador utilizado nas simulações deste trabalho tem um raio
de 65 mm na cabeça de polo.

2.4.2.3 Enrolamento indutor

O enrolamento de material condutor, o qual será atravessado por uma


corrente elétrica de fluxo contínuo, fica ao redor de cada polo do rotor mais
especificamente abaixo da cabeça de polo como mostra Figura 2.20. É necessário
que este enrolamento seja atravessado por corrente elétrica pois será esta corrente
que produzirá o fluxo magnético necessário para produção de energia.
42

Figura 2.20 – Rotor de polos salientes sendo enrolado com material condutor.

Fonte: O Autor (2015).

Com a Figura 2.20 têm-se um passo a passo do bobinamento do rotor feito


em uma máquina de enrolamento de espiras. Na primeira parte da Figura 2.20 está
apenas o pacote do rotor sem eixo e sem as espiras do rotor, porém na sequencia
esta sendo adicionado o bobinado ao pacote do rotor.
Para calcular o número de espiras necessário para gerar determinado fluxo
magnético, usa-se a Equação 14.

N= Vf * √𝟐 (14)
2*π*f* Φ
43

Onde:
N = Número de espiras;
Vf = Tensão Eficaz (V);
Φ = Fluxo magnético (Weber);
f = Frequência (Hz).

2.5 SISTEMA DE EXCITAÇÃO

O sistema de excitação nos geradores síncronos tem a função de gerar um


campo magnético sobre o enrolamento indutor, que no caso dos rotores de polos
salientes está situado na parte girante da máquina. Através deste campo magnético
e com rotação síncrona no rotor, obtêm-se a indução da FEM no enrolamento de
armadura. Esta excitação pode ser feita da seguinte forma:

- Excitação por escova

A excitação por escova é comumente usada em aplicações de baixa potência


por existir uma limitação da corrente elétrica que percorre as escovas de carvão
conforme Figura 2.21.

Figura 2.21 – Escova de carvão.

Fonte: O Autor (2015).

Essas escovas conduzem a corrente contínua para o rotor com o intuito de


gerar um campo magnético neste. As escovas ficam fixas na parte estática da
máquina mais especificamente no porta escovas Figura 2.22.
44

Figura 2.22 – Porta escova.

Fonte: O Autor (2015).

No porta escovas também encontra-se os diodos, que retificam o sinal para


ser adentrado nas bobinas.
Esta corrente é passada das escovas para o rotor através do anel coletor
indicado pela Figura 2.23.

Figura 2.23 – Anel coletor.

Fonte: O Autor (2015).


45

Conforme Figura 2.23 o anel coletor está fixo na parte girante da máquina
(rotor). Geralmente os anéis coletores tem tamanho padrão de construção,
independente da potência do gerador onde este será aplicado.

- Excitação sem escova (BRUSHLESS)

Ao contrário da excitação anterior, a excitação BRUSHELESS descarta a


utilização de escovas, porta escovas e anéis coletores. Este tipo de excitação utiliza
um componente denominado de excitatriz principal que têm as características de
uma máquina síncrona sem a parte de excitação.
Essa exitatriz é composta por um enrolamento de campo, que se encontra na
parte fixa, conforme mostra Figura 2.24,

Figura 2.24 – Enrolamento de campo da excitatriz.

Fonte: O Autor (2015).

Um componente que se encontra no enrolamento de campo são dois imãs


que servem para dar o remanescente inicial do gerador. Outra parte que compõe a
exitatriz é a armadura, que por sua vez está fixa na parte móvel da máquina como
apresentado na Figura 2.25.
46

Figura 2.25 – Armadura da excitatriz.

Fonte: O Autor (2015).

Além destes, a junto ao rotor um grupo de diodos que têm por função retificar
o sinal gerado pela excitatriz, com isso obtém-se a excitação das bobinas do rotor
(WEG, 2015, p. 19).
A Figura 2.25 mostra duas modalidades de rotor, um deles é constituído de
quatro polos magnéticos, e o outro de dois polos magnéticos, porém estes usam o
mesmo sistema de excitação.

2.6 ESTATOR

O estator do gerador síncrono Figura 2.26, corresponde à parte estática da


máquina levando consigo um conjunto de bobinas que na maior quantidade de
vezes serão utilizadas como sistema que será excitado com a finalidade de
proporcionar tensão e corrente nos seus terminais de saída.
47

Figura 2.26 – Estator bobinado.

Fonte: O Autor (2015).

O estator tem como característica ser formado com materiais magnéticos para
que tenha mínima perda por histerese, assim o campo se propaga com extrema
eficiência. O estator também é construído de forma laminar para que se diminuam
as perdas por corrente Foucalt (OLIVEIRA, 2009).

2.6.1 Enrolamento de armadura

O enrolamento de armadura é constituído por grupos de bobinas, Figura 2.27,


que é formado por bobinas individuais que se agrupam, e estas por sua vez são
compostas por um conjunto de espiras.
É importante mencionar que junto do enrolamento das bobinas principais
encontram-se as bobinas auxiliares. Estas têm por função fazer a realimentação do
sinal de excitação do rotor, ou seja, é o circuito que transporta a corrente que irá
realimentar o campo do rotor.
48

Figura 2.27 – Grupo de bobinas e sua representação.

Fonte: Nova Motores, 2011.

Conforme indicado na Figura 2.27 existe uma forma de representar a maneira


que deve ser bobinado o estator dos geradores. Esta mesma representação de
triângulos sobre o número da ranhura, são usadas para o bobinamento de motores.
Outra informação que pode ser extraída através da representação é o passo
entre um lado e o outro da mesma bobina conforme Figura 2.28.

Figura 2.28 – Representação das bobinas nas ranhuras.

Fonte: Nova Motores, 2011.


49

Além de ter variações no passo do bobinado do estator dependendo do


projeto feito, outros aspectos construtivos devem ser considerados. Estes aspectos
são a forma que será feito o bobinado que pode ser basicamente de duas formas:
Concêntrica e Imbricada, conforme Figura 2.29.

Figura 2.29 – Tipos de bobinamento.

Fonte: Nova Motores, 2011.

Como apresentado na Figura 2.29 parte (a), o enrolamento é do tipo


imbricado, o que confere com bobinas que possuem o mesmo passo, portanto são
construídas no mesmo tamanho. Diferente disto, a parte (b) apresenta um bobinado
de forma concêntrica, isto é, possui passos diferentes entre as bobinas. O gerador
em análise neste trabalho possui o tipo de bobinado concêntrico.

2.7 MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS

O estudo na área de eletromagnetismo é um estudo que demanda uma


análise minuciosa sobre parâmetros como: campo elétrico, potencial elétrico, campo
magnético e potencial magnético vetorial. Esses elementos são vistos em diferentes
aplicações como em capacitores, reles, transformadores elétricos, motores elétricos,
e amplamente visto em geradores elétricos.
50

Para obter respostas para estes parâmetros, existem alguns métodos os que
são experimentais, analíticos ou numéricos. O método experimental é o menos
apropriado pelo fato de se ter um gasto elevado, consome bastante tempo e não
pode fazer alterações nos parâmetros. Os métodos analíticos são excelentes para
problemas com simetria adequada (SADIKU, 2009, p.1).
Para o projeto de um gerador síncrono, não é apropriado o desperdício de
tempo e gastos monetários, o que descarta o método experimental. A simetria
encontrada nestes equipamentos não possui uma simetria adequada para solução
analítica. Isso faz com que o uso de métodos numéricos de cálculo, seja o mais
apropriado para o projeto das máquinas síncronas.
O método de elementos finitos é uma ferramenta numérica usada para
aplicações onde os métodos de equações diferenciais parciais tornam-se muito
complexo.
A Figura 2.30 apresenta uma área de análise feita pelo método dos elementos
finitos. A dinâmica do método consiste em dividir a área total analisada em
pequenas partes de formato triangular ou quadrangular (finitos e não sobreposto)
(SADIKU, 2008).

Figura 2.30 – Domínio discretizado em elementos finitos não sobrepostos.

Fonte: SADIKU, 2008, p. 620


51

Assim aproximar o valor de cada ponto discretizado e efetuar o somatório de


todos os valores obtidos. Desta forma chega-se o mais próximo dos valore reais da
área em que está sendo feito as análises.

2.8 ANÁLISES COMPUTACIONAIS

As análises computacionais estão sendo cada vez mais utilizadas para a


pesquisa e desenvolvimento nas áreas de engenharia. Segundo LOPES (2012), “Os
computadores modernos oferecem inegavelmente um grande número de
possibilidades para ajudar a resolver alguns problemas concretos do ensino”.
Os softwares para as simulações de projetos são as ferramentas que mais
servem para fazer a validação de dados de uma forma analítica sem que haja a
necessidade de fazer construção de protótipos de estudo. Para LOPES (2012), o
usuário da ferramenta computacional pode gerar modelos, estabelecer relações e
testar hipóteses de um modo inimaginável.
O FEMM (Finite Element Method Magnetics) é a ferramenta computacional
usada nesta monografia para fazer as simulações e análises do gerador síncrono de
polos salientes.
O FEMM é uma ferramenta computacional bastante utilizada no meio
acadêmico, pois é de uso gratuito e apresenta resultados bastante confiáveis das
suas simulações.
Um dos atrativos do software para as análises feitas neste trabalho são as
operações magnetostáticas (Magnetics Problem) apresentadas por ele. Com estas
operações obtém-se uma grande gama de recursos para análises experimentais do
comportamento do campo magnético de um gerador síncrono (MEEKER, 2012).
Segundo MEEKER (2012), as limitações do FEMM se restringem ao plano
2D de visualização magnetostática, porém para via dos cálculos a ferramenta os faz
em 3 dimensões. E possui limitação de frequência, isto é, não podem ser realizadas
simulações utilizando frequência, pois está limita-se a zero.
52

3 MODELAGEM E SIMULAÇÃO DO GERADOR ATRAVÉS DA ENGENHARIA


REVERSA DO PROJETO

Nesta etapa será feita a modelagem e simulação do gerador síncrono de


polos salientes que foi disponibilizado pelo fabricante Nova Motores, para que possa
ser usado como protótipo para melhorias de projeto.
Este gerador será modelado através das características construtivas
disponibilizadas pelo fabricante. Dados que estão relacionados com o circuito de
armadura e ao circuito de campo basicamente.
O circuito de armadura corresponde à parte estática da máquina, isto é, o
estator, e exerce a função de receber o fluxo magnético que converge do circuito de
campo, com isso induz uma tensão nos contadores alojados nas ranhuras. O circuito
de armadura é composto pela massa ferromagnética laminada, bobina principal e
bobina auxiliar.
Já o circuito de campo corresponde à parte móvel da máquina, e será
responsável pela geração do campo magnético de excitação através das bobinas
que percorrem sua superfície. Composta das massas ferromagnéticas laminadas do
gerador e as bobinas de excitação.
Os passos a serem tomados para a simulação são basicamente os seguintes:
Desenho mecânico: que consiste em obtenção do desenho do gerador para que
sobre este desenho seja feito a modelagem. Materiais utilizados: neste momento é
necessário uma análise de todos os materiais utilizados no projeto do gerador
síncrono. E circuito indutor: que corresponde aos dados referentes ao circuito indutor
que está no rotor.

3.1 DESENHO DO CONJUNTO MECÂNICO DO GERADOR

O primeiro tópico mencionado envolve toda parte de desenho e dimensões do


gerador. Nesse momento é necessário transferir as informações geométricas do
gerador para um desenho. Em seguida este desenho será importado para a
ferramenta computacional FEMM com suas dimensões reais extraídas do gerador
conforme Figura 3.1.
53

Figura 3.1 – Desenho do gerador para simulação.

Fonte: O Autor (2015).

A Figura 3.1, mostra o desenho do estator (a) e do rotor (b). Antes de ser
importado para o FEMM. O rotor deve estar dentro do estator como quando o
gerador está montado, pois o software tem limitações nos recursos que envolvem
desenhos.
Com este primeiro desenho já é possível identificar aspectos de projeto que
serão relevantes para as simulações. Duas características já ficam evidentes com a
Figura 3.1, o número de polos de campo magnético, que está identificado no rotor
como 4 polos, e o número de ranhuras, que está no estator e corresponde a 36
ranhuras. Estas informações servirão para as simulações feitas posteriormente.
Para a simulação, será necessário inserir uma informação que limita a área
de atuação magnetostática do gerador. Como o FEMM têm certas limitações, será
necessário adicionar um círculo que limita o campo de atuação dos cálculos
magnetostáticos como apresentado na Figura 3.2.
54

Figura 3.2 – Desenho com limite de atuação magnetostática.

Fonte: O Autor (2015).

O círculo adicionado ao estator, como indicado na Figura 3.2 vai receber


posteriormente a informação de que este será o limite máximo de atuação dos
cálculos para a simulação. Se essa informação não fosse atribuída a um limite de
atuação, a ferramenta computacional faria a simulação considerando toda a área
disponível, e isso não convém, pois os campos magnéticos se limitam as
extremidades do gerador.
É necessário ter bastante cautela com o desenho, pois na simulação não
podem haver áreas sem identificação do material, e isso pode acontecer quando
inserido a área de limite de cálculos magnéticos.
A Figura 3.3, (a) mostra pontos que ao ser inserido o circulo de limite de
atuação magnética aparecem pequenas áreas que serão empecilhos para a
simulação no FEMM. A parte (b) da Figura 3.3, mostra uma vista ampliada das
imperfeições.
55

Figura 3.3 – Imperfeições no desenho.

Fonte: O Autor (2015).

Estas imperfeições como mostrado na parte (b) da Figura 3.3, para o software
corresponde a áreas de simulação sem material especificado. Portando o FEMM
não faz a simulação e apresenta uma janela que identifica o problema conforme
Figura 3.4.

Figura 3.4 – Janela que indica erro de área não classificada.

Fonte: O Autor (2015).

A Figura 3.4 mostra a janela de erro mencionada. A mensagem indica que


uma determinada região não esta com a etiqueta de bloco, que indica a propriedade
do material desta região em específico.
56

Para corrigir esta situação no desenho, sugere-se que seja inserido um limite
circular um pouco maior que o tamanho do desenho total, conforme mostrado na
Figura 3.5.

Figura 3.5 – Correção do desenho.

Fonte: O Autor (2015)

A correção feita na Figura 3.5 além de possibilitar a simulação do gerador,


serve para atribuir mais realidade às simulações, pois verdadeiramente o estator
bobinado esta prensado a uma carcaça circular, e realmente os elementos
magnéticos de campo não fogem dos limites desta carcaça.
Com isso chega-se ao desenho, Figura 3.6, com desenho sem falhas de
contorno e com rotor já posicionado dentro do estador bobinado, lugar correto para
as simulações.
57

Figura 3.6 – Desenho pronto para ser simulado.

Fonte: O Autor (2015).

O último detalhe a ser verificado no desenho antes de importá-lo, é a medida


do entreferro entre o a cabeça de polo e os dentes do estator. Essa medida confere
estrema importância para a simulação do gerador e deve ter exatamente 0,35 mm.
Esta informação foi extraída do gerador usado nesta simulação.

3.2 MATERIAIS MAGNÉTICOS

Existem grandes quantidades de materiais e suas correspondentes


classificações. Porém o que leva a escolha de um material é a função que este vai
exercer ao ser aplicado no projeto.
O gerador em análise consiste em partes específicas que usam diferentes
tipos de materiais para cada aplicação em específico.
Se visualizando as Equações 1 e 2, consegue-se perceber que uma das
características que influenciam a propagação do campo é a permeabilidade
magnética (µ). A permeabilidade magnética é uma característica específica do tipo
58

de material, isto é, se alterar a composição química do material, altera-se a


permeabilidade magnética deste mesmo material.
O FEMM fornece materiais com permeabilidades pré-fixadas para ser feito as
simulações. A Tabela 1 apresenta lista de alguns materiais presentes no FEMM.

Tabela 1 – Materiais do FEMM.


CATEGORIA MATERIAL

Low Carbon Steel (aço de baixo carbono) 1020 Steel

Magnetic Stainless Steel (aço inoxidável magnético) 430 Stainless Steel

Silicon Iron (ferro silício) M-36 Steel

Cobalt Iron (ferro de cobalto) Hiperco-50

Nickel alloys (ligas de níquel) Supermalloy

Fonte: FEMM (2015).

Os materiais apresentados na Tabela 1 são apenas alguns dos muitos que


são possíveis de se utilizar na ferramenta computacional para as simulações
magnetostáticas. Cada um destes materiais já vem com uma permeabilidade pré-
fixada que pode ser plotada em um gráfico B/H dado pelo próprio FEMM.

3.2.1 Permeabilidade magnética pré-fixada dos materiais

Para obtenção dos dados de permeabilidade em um gráfico B/H, basta


selecionar o material que se deseja e clicar em Modify Property, em seguida
selecionar opção Edit B-H Curve, e finalmente clicar em Plot B-H Curve. Detalhes no
Apêndice A.
59

Figura 3.7 – Permeabilidade pré-fixada do ferro silício M-36.

Fonte: O Autor (2015).

A Figura 3.7 mostra a plotagem dos dados de permeabilidade magnética do


material ferro silício M-36 gerada pelo FEMM com base nos dados presentes na
Tabela 1.
As condições estabelecidas pelo FEMM em relação à permeabilidade
magnética são condições quase que ideais.
O objetivo das simulações em softwares é aproximar os dados obtidos em
relação aos reais, e com os dados de permeabilidade tabelados pelo programa, isso
não aconteceria.
Porém a ferramenta computacional não se limita a dados pré-fixados de
permeabilidade magnética, mas sim permite fazer a parametrização de acordo com
as características reais do material que está sendo usado no gerador.
60

3.2.2 Permeabilidade magnética real dos materiais

A permeabilidade das massas ferromagnéticas do gerador em análise não


segue a mesma distribuição B/H que o FEMM proporciona, mais sim possui uma
característica particular que pode ser visualizada na tabela B/H:

Tabela 2 – Permeabilidade das massas ferromagnéticas do gerador.


B (Tesla) H (Amp/m)
0.000000 0.000000
0.600000 615.134075
0.800000 783.838375
1.000000 1017.000450
1.100000 1184.113200
1.200000 1385.444275
1.300000 1691.817650
1.325000 1774.578250
1.350000 1901.106475
1.375000 2051.507950
1.400000 2177.240400
1.425000 2321.275675
1.450000 2602.980025
1.475000 2872.747750
1.500000 3188.670425
1.525000 3647.832600
1.550000 4177.022975
1.575000 4784.199300
1.600000 5589.523600
1.625000 6626.418425
1.650000 7576.573775
1.675000 8891.989850
1.700000 9947.195219
Fonte: Nova Motores, 2015.

Essa permeabilidade apresentada pela Tabela 2 se trata da permeabilidade


das massas ferromagnéticas laminadas que constituem o estator e o rotor do
gerador. Estes dados foram fornecidos pelo fabricante de geradores Nova Motores
com o intuito de serem feitos as análises sobre o gerador, verificando com isso
possíveis melhorias de projeto.
Para uma representação gráfica dos valores de permeabilidade magnética
real, basta apenas fazer a inserção dos dados na ferramenta computacional. É
importante ressaltar que para fazer a importação dos dados de permeabilidade para
o FEMM, estes devem ser salvos em um arquivo .txt mais detalhes no APÊNDICE A.
61

A Figura 3.8 mostra a curva da permeabilidade magnética extraída do FEMM


à partir dos dados reais que se encontram na Tabela 2.

Figura 3.8 – Permeabilidade do ferro silício M-36 real.

Fonte: O Autor (2015).

Com estas duas resposta de permeabilidade pode ser feito comparações


entre ambas e verificar que o primeiro modelo de permeabilidade, isto é, a fornecida
pelo FEMM, tem um desempenho bem mais elevado que a curva de permeabilidade
real.

3.2.3 Região Saturada e Insaturada

A principal característica a ser observada nestes dois gráficos das Figuras 3.7
e 3.8 é a região de saturação do material ferromagnético. Esta região é
compreendida pela região onde um aumento significativo de campo magnético H,
causa um aumento muito pouco significativo na densidade de fluxo magnético B.
62

A Figura 3.9 mostra o material M-36 com a permeabilidade real, e com a


permeabilidade pré-fixada pela ferramenta computacional. Apenas com uma
comparação visual já é possível visualizar o desempenho de cada uma delas.

Figura 3.9 – Comparando permeabilidade do ferro silício M-36 Real com Pré-
fixado.

Fonte: O Autor (2015).


63

A linha em vermelho mostra a região insaturada do ferro silício, e é esta área


que causa maior impacto na densidade de fluxo magnético produzida pelos
condutores de corrente. Se observado a curva de permeabilidade real, é uma curva
típica de ligas de alta permeabilidade, porém esta ainda está abaixo de uma curva
idealizada como a que o FEMM proporciona, e isso é um indicativo de que esta liga
de alta permeabilidade pode ser melhorada.
Um detalhe importante a ser frisado, é que todo o projeto do gerador é feito
dentro dos parâmetros das regiões insaturadas.
Além de identificar os materiais que serão utilizados na simulação, é
necessário fazer uma análise da proporção de cada material e como este está
disposto no gerador.

3.3 MATERIAIS DO ROTOR

Inicialmente deve ser analisado o bobinado do rotor, para que possa se extrair
informações necessárias para a simulação. Características que devem ser
consideradas são as seguintes: Forma de bobinamento do rotor, corrente de
excitação e número de espiras.
Como já mencionado, o bobinado do rotor tem função de gerar um campo
magnético para que ao ser movimentado induza uma FEM no bobinado do estator.
Os geradores são bobinados de uma forma que o campo produzido pelas
bobinas não se anulem, devido o sentido percorrido pela corrente no bobinado.
Neste trabalho são apresentados processos adotados para que o gerador síncrono
possa produzir um campo de forma que não se anule e tenha o máximo de
aproveitamento.
Com a Figura 3.10, percebe-se que cada polo ferromagnético é rodeado por
um conjunto de espiras, formando uma bobina. Esta bobina, ao conduzir corrente
elétrica, conduzirá um campo magnético que penetra as massas ferromagnéticas
64

Figura 3.10– Desenho do Rotor com identificação do sentido do campo


magnético.

Fonte: O Autor (2015).


.
Os rotores podem ter de dois a diversos polos, porém o número de polos
sempre será um expoente com base dois. Isso ocorre devido à fenômenos
magnetostáticos pois sempre haverá o dipolo magnético, ou seja, em qualquer
quantidade de material criar-se-á um polo positivo e outro negativo.
Para determinar o sentido do campo gerado, adota-se a seguinte denotação
conforme Figura 3.11.

Figura 3.11– Sentido do campo magnético.

a) b)

Fonte: O Autor (2015).


65

A Figura 3.11 (a) indica que a corrente está no sentido para fora do plano,
produzindo um campo magnético no sentido anti-horário. Oposto a isso, a parte (b)
da Figura 3.11, indica que a corrente esta no sentido adentrando o plano produzindo
assim um campo magnético no sentido horário.
Esta parametrização não foi desenvolvida pelo autor desta obra, mas é uma
parametrização já usada no meio físico para referenciar o sentido do campo
magnético. Estas mesmas simbologias estão expressas no livro Elementos de
Eletromagnetismo escrito pro Matthew N. O. Sadiku (2008).
Estas simbologias são utilizadas com regra da mão direita. Esta regra
denomina-se desta maneira por ser executada com a mão direita, o polegar
representando a direção que está fluindo a corrente elétrica, e os demais dedos em
um movimento de abrir e fechar indicando o sentido do campo magnético.

Figura 3.12 – Sentido do campo magnético gerado pelo FEMM.

Fonte: O Autor (2015).


66

Para comprovar o fenômeno, a Figura 3.12 mostra uma simulação no FEMM


de contadores percorridos por corrente elétrica formando um campo magnético ao
seu derredor. Esse campo magnético pode ser indicado pelos vetores que circulam
os condutores elétricos.
Se analisado a Figura 3.12 com cautela, percebe-se que o campo magnético
é bastante intenso entre os condutores como mostrado na região de cor amarela, e
menos intenso na parte externa dos condutores, região azulada. Isso ocorre, pois a
uma influência de soma do sentido de campo de um condutor com o campo gerado
pelo outro, pois estes geram campos de mesmo sentido.
A Figura 3.13 mostra uma simulação feita com os mesmo condutores da
Figura 3.12, porém neste caso o sentido da corrente é o mesmo em cada condutor,
e isso gera campos que atuam em sentidos opostos, fazendo com que se anulem.

Figura 3.13 – Mesmo sentido da corrente que atravessa dois condutores.

Fonte: O Autor (2015).


67

Em todos os pontos da Figura 3.13 encontra-se a mesma densidade


magnética B, que é equivalente a zero, pois o campo gerado por um condutor é
anulado pelo outro.
Com esta análise feita, pode ser verificado no rotor, que este mesmo princípio
físico ocorre devido às bobinas de campo. A Figura 3.14 mostra a orientação do
campo magnético devido ao sentido de bobinagem do rotor.

Figura 3.14– Possíveis formas de bobinar o rotor.

a)

b)
Fonte: O Autor (2015).

A parte (a) da Figura 3.14, mostra como deve estar o bobinado do rotor para
que o campo não se anule. Esse cuidado deve sempre haver nos projetos dos
geradores, pois caso o bobinamento do rotor for conforme parte (b) da Figura 3.14,
68

haverá um aquecimento nas bobinas do rotor levando ao derretimento do verniz que


envolve cada espira, posteriormente um curto-circuito entre as espiras do rotor.
Para fazer a conexão da forma apropriada, para que o fluxo não se anule
verificar Figura 3.15.

Figura 3.15 – Sentido de bobinamento do gerador.

Fonte: O Autor (2015).

A Entrada e Saída é uma indicação para entrada e saído da corrente elétrica


através do anel coletor, e com a Figura 3.15, percebe-se que as bobinas estão
dispostas no mesmo sentido para cada lado adjacente de cada polo mecânico do
rotor, isso indica que os polos magnéticos estão entre os polos mecânicos do rotor,
e não exatamente encima da cabeça de polo.

3.4 SISTEMA DE EXITAÇÃO DO ROTOR

Cada bobina do rotor está ao redor de cada polo mecânico do rotor e cada
uma destas bobinas constituem 150 espiras em sua formação. O número de espiras
junto a corrente elétrica que adentra as espiras, são extremamente importantes para
o projeto do gerador, e basicamente são relacionados pela Equação 15.

FMM = Ne * Ic (15)
69

Onde:
FMM = Força magnetomotriz;
Ne = Número de espiras do enrolamento de campo em um dos polos;
Ic = Corrente de campo;

O gerador deste trabalho usa correntes nas bobinas do rotor equivalentes a


5A até 10.4A a vazio, e tensão aplicada é de 12V até 51.9V . O número de espiras
que compõe uma bobina é 150 e o condutor adequado para esta aplicação é o
14AWG.
A título de simulação e análise a corrente que será usada é a corrente a
vazio, igualmente a tensão a vazio. Com isso inserem-se os valores na Equação 15
para obtenção da força magnetomotriz.

FMM = 150 . 10.4A


FMM = 1560 Amp.e

A FMM é uma informação importante para obtenção dos valores de fluxo


magnético e relutância magnética, e é um indicador da intensidade de campo
magnético gerado por polo do rotor.

3.5 ANÁLISE DO FLUXO MAGNÉTICO

A formação dos fluxos magnéticos tem extrema importância nos geradores


síncronos, pois estão diretamente ligados ao sinal de resposta de saída das tensões
e correntes geradas. Esta análise dos fluxos pode ser feita também através da
ferramenta computacional FEMM que tanto fornece os dados, quanto gera dos
gráficos referentes a estes dados.
Os fluxos magnéticos gerados pelo rotor têm diferentes respostas
dependendo de onde se obtém a curva de densidade de fluxo magnético. Para cada
região em análise pode ser gerado um gráfico da densidade de fluxo magnético
distinto de outros pontos analisados.
70

A Figura 3.16 mostra a curva de densidade de fluxo feita sobre a cabeça de


polo do gerador com seu sinal magnético correspondente. Percebe-se que onde se
encontra as ranhuras o fluxo é quase nulo, porém onde estão os dentes do estator o
fluxo é máximo. Essa informação é bastante relevante, pois consegue ser
visualizado as partes que mais influenciam a propagação do campo magnético.

Figura 3.16 – Densidade de Fluxo na cabeça do polo.

Fonte: O Autor (2015).

Outros exemplos de gráficos de fluxo magnético serão apresentados no


APÊNDICE A deste trabalho. Estes outros exemplos servem de análise de outras
regiões relevantes para ser analisadas.
71

Para a Figura 3.17 foi selecionado os dentes do estator para obtenção da


resposta magnetostática e comparação com o sinal extraído da cabeça de polo.
Com este gráfico outra análise que diz respeito à propagação do campo que se
propaga no estator é conclusiva. Veem-se nas extremidades dos dentes os maiores
fluxos magnéticos propagados. Também se percebe uma maior oscilação do fluxo
magnético sobre as massas ferromagnéticas.

Figura 3.17 – Densidade de Fluxo no estator.

Fonte: O Autor (2015).

Outra informação conclusiva a cerca dos sinais gerados, é a simetria obtida


com este. Esta simetria se deve a geometria do estator bobinado junto à simetria do
rotor e isso indica que uma alteração de projeto feita no gerador gera um sinal
alterado de forma simétrica.
72

3.6 BOBINAS DO ESTATOR

O estator bobinado corresponde à parte estática da máquina e é classificado


como circuito de armadura. Neste estator estão às bobinas que conduzirão a
corrente e a tensão que será produzida pelo campo do rotor.
O gerador em análise possui um enrolamento feito de forma concêntrica e
passo pleno, sua ligação é feita em serie e pode ser observada na Figura 3.18.
Basicamente, encontra-se no estator, o bobinado principal e o bobinado
auxiliar. O bobinado principal corresponde à parte ativa da máquina a qual será
extraída as tensões e correntes. Já a bobinado auxiliar tem função de fazer a
regulação do circuito de campo que está no rotor, isto é, controla a corrente que flui
para as bobinas do rotor.
O estator é constituído por 36 ranhuras com as seguintes características de
bobinamento apresentados pela Tabela 3:

Tabela 3 – Dados das bobinas do estator.


Condutor Quantidade Diâmetro Material
Bobina Principal 1 1,000 Alumínio
1 0,900 Alumínio
Bobina Auxiliar 1 0,630 Cobre
Fonte: Nova Motores, 2015.

A forma de bobinar o estator está representada na Figura 3.18. Porém para


adicionar os dados do condutor no FEMM, é necessário fazer a soma dos
condutores em cada ranhura, pois o programa não aceita mais de uma indicação de
material por região.
Os materiais da Tabela 3 são os materiais originalmente usados no projeto do
gerador, porém estes podem ser substituídos por condutores equivalentes. Caso o
condutor original for de alumínio, diminui-se uma bitola para uso em cobre. Caso o
condutor for de cobre aumenta-se uma bitola para uso em alumínio.
A Tabela 4 mostra uma relação de transformação entre condutores de cobre e
alumínio para seus equivalentes em unidade AWG usada pela fábrica de geradores
e motores elétricos Nova Motores.
73

Tabela 4 – Tabela das relações dos condutores Nova Motores.


Diâmetro (mm) Seção Quadrada
AWG
Cobre Alumínio (mm2)
38 0,102 - 0,008171
37 0,114 - 0,010207
36 0,127 - 0,012668
35 0,142 - 0,015837
34 0,160 - 0,020106
33 0,180 - 0,025447
32 0,203 - 0,032365
31 0,226 - 0,040115
30 0,254 - 0,050671
29 0,287 - 0,064692
28 0,320 - 0,080425
27 0,355 - 0,098980
26 0,300 - 0,125664
25 0,450 - 0,159043
24 0,500 0,500 0,196350
23 0,560 0,560 0,246301
22 0,630 0,630 0,311725
- 0,670 0,670 0,352565
21 0,710 0,710 0,395919
- 0,750 0,750 0,441786
20 0,800 0,800 0,502655
- 0,850 0,850 0,567450
19 0,900 0,900 0,636173
- 0,950 0,950 0,708822
18 1,000 1,000 0,785398
- 1,060 1,060 0,882473
17 1,120 1,120 0,985203
- 1,180 1,180 1,093588
16 1,250 1,250 1,227185
- 1,320 1,320 1,368478
15 1,400 1,400 1,539380
- 1,500 1,500 1,767146
14 1,600 1,600 2,010619
13 1,800 - 2,544690
13 - 1,829 2,627346
12 2,000 - 3,141593
12 - 2,052 3,307079
11 2,304 2,304 4,169220
10 2,588 2,588 5,260396
9 - 2,906 6,632559
Fonte: Nova Motores, 2015.

Para fazer a soma de condutores usa-se a Tabela 4, e deve ser verificada a


seção nominal de cada condutor e somado estas, em seguida procurar uma bitola
74

mais próxima da calculada. Este valor encontrado se tornará o condutor adequado


para a aplicação.
Para o caso do gerador em questão é necessário fazer as transformações
para serem lançadas no FEMM. Para fazer a transformação, começa-se com as
bobinas principais. No projeto original têm-se o uso de 1x 1,000 mm em alumínio e
1x 0,900 mm em alumínio, estes podem ser substituídos por 1x 0,950 mm em cobre
e 1x 0,850 mm em cobre.
Para transformar em apenas um condutor precisa somar a área de cada fio, e
essa área pode ser encontrada na Tabela 4, que equivale a 0,708822 mm² (para
0,950 mm) e 0,567450 mm² (para 0,850 mm), se somado têm-se 1,276272 mm², o
equivalente a este valor em AWG é o condutor de 16 AWG.
Para fazer as transformações dos condutores da bobina auxiliar, usa-se o
mesmo método que já utilizado. Os dados originais do bobinado auxiliar são de 1x
0,630 mm cobre, a área de cada condutor é de 0,311725 mm², se somado têm-se
0,62345 mm², o equivalente a este valor em AWG é o condutor de 19 AWG.
Como dito o FEMM aceita apenas uma informação como material, e para
atender este critério é necessário fazer a soma das bobinas principais com bobinas
auxiliares para adicionar nas ranhuras onde se usam as duas bobinas. A soma das
áreas das bobinas corresponde a 1,899722 mm² que corresponde a 14 AWG.
A Figura 3.18 mostra a forma que está bobinado o circuito de armadura do
gerador em análise. As linhas tracejadas correspondem ao circuito auxiliar, e as
linhas contínuas correspondem ao circuito de bobinas principais.

Figura 3.18 – Esquema de ligação do gerador.

Fonte: O Autor (2015).


75

Uma das informações que se extrai ao observar o sistema de bobinamento do


estator, é que o sistema de bobinas auxiliares está sobre o mesmo passo das
bobinas principais, e que todas as 36 ranhuras estão ocupadas por condutores.
Ouras informações que podem ser observadas deste esquema de bobinagem
apresentado pela Figura 3.19, um deles é o passo das bobinas principais e
auxiliares, outra informação é a conexão dos condutores. As indicações numéricas
do esquema de ligação são apresentadas na Tabela 5.

Tabela 5 – Relações dos condutores do gerador em análise.

Principal 1-2-3
Auxiliar 7-8-9-71-81-91
Escova (-)
Cabos para Transformador 10-11-12
Número de espiras Principal por grupo 3x 52-52-54
Passo bobina Principal 1:8:10:12
Número de espiras Auxiliares por grupo 2x 16-16
Passo bobina Auxiliar 1:10:12
Fonte: Nova Motores, 2015.

Figura 3.19– Esquema de ligação do gerador com orientação da


corrente.

Fonte: O Autor (2015).


76

A Figura 3.19 mostra o caminho percorrido pela corrente nas bobinas


principais do gerador. A forma de bobinar o estator é tão importante quanto à forma
de bobinar o rotor.
O estator deve estar sempre bobinado em um sentido onde o campo
magnético gerado por um grupo de bobinas, não se contrapõe ao grupo de bobinas
que está ao lado. Por isso a forma de se bobinar o estator, é sempre no mesmo
sentido do grupo de bobinas vizinhas.
Um detalhe que não pode passar despercebido é o número de grupos de
bobinas por fase. Com a Figura 3.19 pode ser observado que o bobinado do estator
é dividido em seis grupos de bobinas no total, isto é, dois grupos de bobinas por
fase.

3.7 MODELAGEM NO SOFTWARE FEMM

Com a coleta de dados feita do gerador, entra-se na etapa de modelagem dos


dados na ferramenta computacional, para obtenção das simulações de campo
magnético e verificação das características do gerador em análise.
O primeiro passo a ser dado para a modelagem no FEMM, consiste em
importar os dados do desenho do gerador para o programa.
A Figura 3.20, apresenta a opção de importação do desenho do conjunto
mecânico do gerador para o FEMM.

Figura 3.20 – Tela de importação de dados do desempenho do conjunto


mecânico do gerador.

Fonte: O Autor (2015).


77

Porém é necessário ressaltar que o programa aceita apenas importar dados


em formato .dxf, e esse pode ser facilmente gerador por programas como AutoCad.
Após arquivo ter sido importado, pode ser usado as opções de zoom e
movimento para centralizar o desenho assim tendo uma visão de toda área em
análise conforme Figura 3.21
.
Figura 3.21 – Desenho pronto e centralizado.

Fonte: O Autor (2015).

Com o desenho pronto conforme Figura 3.21, inicia-se o processo de


parametrização do programa para fazer as desejadas simulações de acordo com o
mais próximo possível do gerador analisado.
Na aba Problem do FEMM, como mostra na Figura 3.22 é necessário fazer as
configurações de unidades de medida, e o comprimento total do pacote. Em Length
Units deve ser selecionado a opção Millimeter, pois os comprimentos dos desenhos
estão todos em milímetros, e esta opção relaciona as medidas do desenho
importado a comprimentos em milímetros.
78

Figura 3.22 – Configuração de unidades e pacote.

Fonte: O Autor (2015).

Outro parâmetro que deve ser configurado nesta tela é o comprimento do


pacote do gerador. Lembrando que o pacote do gerador corresponde às chapas
ferromagnéticas laminadas que compõe o estator e o rotor. Essa informação deve
estar discriminada na aba Depth com o valor de 100 que corresponde à medida real
encontrada no gerador em análise.
Essa informação de pacote inserida no FEMM tem um grande valor para a
simulação, por que embora o FEMM se limite a desenhos em 2D, para os cálculos, o
FEMM calcula em 3D. Esse é o caso típico dos cálculos do fluxo magnético
conforme Equação3.

Φ = ∫𝒔 B dS (3)

Figura 3.23 – Área de cálculos para obtenção do fluxo magnético.

Fonte: (MEEKER, 2012).


79

A Figura 3.23 representa bem a Equação 3, e com esta percebe-se a


importância da parametrização do pacote do gerador. A Equação 3 diz que o fluxo
magnético é a integralização da densidade de fluxo dentro dos limites de área pré-
determinados.
A Figura 3.23 mostra o cálculo de fluxo magnético feito sobre a cabeça de
polo do rotor. Do lado esquerdo está à frente do rotor a qual foi desenhada e
lançada no FEMM, e a parte da frente da Figura 3.23 mostra o comprimento do
pacote, informação a qual foi inserida ao FEMM.
Após estarem padronizadas estas informações, devem ser selecionados os
materiais que serão usados nas simulações conforme Figura 3.24.

Figura 3.24 – Seleção dos materiais para simulação.

Fonte: O Autor (2015).

A Figura 3.24 mostra a seleção dos materiais feitos através do FEMM. Esta
seleção se encontra no menu Propertis / Materials Library, e deve ser selecionado
todos os matérias que serão usados na simulação do gerador.
Para selecionar os materiais deve ser clicado com o botão esquerdo do
mouse e arrastar os itens para o lado direito onde estão os itens que serão
utilizados.
A Figura 3.24 mostra os materiais já selecionados para o uso nas simulações.
É possível verificar que para fazer esta simulação foi selecionado um item que até o
80

momento não foi mencionado, o Aço 1020. Segundo informações do fabricante, o


aço 1020 é o material usado no eixo do rotor, e nos rebites que se encontram nas
cabeças de polos para fixação do pacote do rotor.
É importante ressaltar que o ar também é um material selecionado, pois está
presente nas partes internas do gerador. Em casos de geradores especiais, como
geradores ante-explosivos, ao invés de ar poderia ser algum tipo de gás. Porém no
caso em análise, o gerador está envolto a uma atmosfera com o elemento ar, e esse
deve ser informado à ferramenta computacional.
A pós a seleção de todos os materiais que serão usados na simulação, deve
ser parametrizado a permeabilidade das massas ferromagnéticas do gerador.
Para fazer a configuração da permeabilidade, deve ser selecionado o material
que deseja configurar, neste caso será o M-36 Steel, e selecionar a opção Edit B-H
Curve. Para maiores detalhes de como fazer a importação do arquivo de
permeabilidade, e plotagem de valores B-H, verificar APÊNDICE A.
A Figura 3.25 mostra a tela onde se faz a importação da tabela de
permeabilidade. Na opção Read B-H points from text file, é feito a seleção do
arquivo .txt com os valores B-H em formato de tabela.

Figura 3.25 – Importação da permeabilidade.

Fonte: O Autor (2015).

Assim que esta tabela de valores de permeabilidade forem importados pode


ser plotado um gráfico dos dados inseridos, basta selecionar a opção Log Plot B-H
Curve.
81

Em seguida precisa ser configurado os limites de atuação dos cálculos


magnetostáticos. Esta configuração tem extrema importância, pois a ferramenta
computacional faz cálculos de elementos finitos e é necessário que limite a região de
atuação dos cálculos.
A Figura 3.26 mostra a configuração feita para os limites de atuação dos
cálculos. Esta tela esta no menu Properties / Boundary, na opção Add Property. O
nome Contorno é apenas um padrão adotado pelo autor deste trabalho, mais
poderia ser nomeado com qualquer outro nome.

Figura 3.26 - Configuração do contorno.

Fonte: O Autor (2015).

Esta configuração será adicionada na linha externa máxima do desenho do


gerador, assim será feito os cálculos com toda a área de atuação do gerador
limitando áreas externas não influentes.
A última configuração feita para a simulação é a do sentido da corrente que
passará pelas bobinas do rotor para gerar o campo magnético. Essa configuração é
feita através do menu Properties / Circuits, maiores detalhes estão apresentados no
APENDICE A.
O FEMM têm como padrão para configuração de sentido de campo como
negativo (-) para o sentido de corrente que adentra o circuito e positivo (+) para o
sentido de corrente que sai do circuito.
82

Figura 3.27 – Configuração da orientação do campo magnético.

Fonte: O Autor (2015).

Para este trabalho foi padronizado como Dentro sendo como orientação
negativa e Fora como orientação positiva. Porém o nome adotado não interfere no
funcionamento da função Circuit Property, isto é, pode ser padronizado qualquer
nome para estas aplicações.
Como o circuito bobinado do rotor esta em série, é necessário selecionar a
opção Series como mostrado na Figura 3.27.
Depois de feito tais configurações, chega-se no momento onde será lançado
os dados configurados nas regiões correspondentes.

Figura 3.28 – Lançar dados.

Fonte: O Autor (2015).


83

Como mostrado na Figura 3.28 deve ser selecionado para cada região
determinada, apenas um material correspondente. Estes devem ser nomeados de
acordo com os materiais já selecionados anteriormente.
Neste trabalho para as ranhuras do estator será selecionado o material 14
AWG de forma a nomear todas as ranhuras com está informação. E a mesma coisa
deve ser feita para todas as outras partes do gerador.

Figura 3.29 – Seleção dos materiais das bobinas do rotor.

Fonte: O Autor (2015).

Como mostra a Figura 3.29 à seleção dos materiais condutores que estão no
rotor levam informações como material, quantidade de material e sentido da corrente
que atravessa este condutor. Como já explicado deve ser cuidadosamente
selecionado a orientação do sentido da corrente sobrea as bobinas do estador, para
que o campo magnético não se anule.
Com estas configurações feitas iniciam-se as simulações do gerador.
84

Figura 3.30 – Varredura das áreas simuladas.

Fonte: O Autor (2015).

A primeira parte da simulação que o FEMM faz é a verificação de possíveis


áreas sem identificação e em seguida faz a divisão de toda área de simulação em
pequenas partes para ser feito os cálculos através do método dos elementos finitos.
A Figura 3.30 mostra a divisão feita pelo FEMM para posteriormente ser feito
todos os cálculos através do método dos elementos finitos.
85

Figura 3.31 – Linhas de campo magnético.

Fonte: O Autor (2015).

Após ter sito feito os cálculos, seleciona-se a opção View Results e serão
geradas as linhas de fluxo magnético conforme Figura 3.31. Com a simulação
executada, pode ser visualizada a direção e intensidade do fluxo magnético que se
propaga nas massas ferromagnéticas.
Porém apenas com esta simulação não é possível visualizar a intensidade de
fluxo magnético em diferentes regiões de análise. Para obter tal visualização, o
86

FEMM trás um menu que gera simulações visuais tanto de densidade de fluxo,
quanto campo magnético.

Figura 3.32 - Densidade de fluxo magnético

Fonte: O Autor (2015).

A Figura 3.32 mostra à densidade de fluxo magnético podendo ser verificado


as partes de maior impacto quanto à densidade de fluxo total obtida, as partes em
cor rosa indicam maior densidade de fluxo obtida na região, em contrapartida as
partes com cores azuis correspondem ao menos índice de densidade de fluxo.
87

Com as simulações concluídas, agora parte-se para a análise dos dados


obtidos de densidade de fluxo magnético. Para fazer tais cálculos é apresentado no
APENDICE A um passo a passo para obtenção destes.
Os valores apresentados na Figura 3.33 são valores obtidos de fluxo e
densidade de fluxo magnético sobre a cabeça do polo.

Figura 3.33 – Valor do fluxo magnético simulado.

Fonte: O Autor (2015).

Com os valores apresentados na Figura 3.33 pode ser obtido o valor teórico
da tensão que o gerador fornecerá utilizando a Equação 14.

N= Vf * √𝟐 (14)
2*π*f* Φ

Vf = N * 2 * π * f * Φ = Vf = 240,22V
√𝟐

No próximo capítulo será feito as simulações em bancada do gerador


construído para verificar se o valor de tensão obtido ficou próximo do experimentado
através do cálculo, valor de 240,22V.
88

4 SIMULAÇÃO E ANÁLISE DO GERADOR ATRAVÉS DA ENGENHARIA


REVERSA DA MÁQUINA.

No capítulo anterior, foram desenvolvidas as simulações e análises reversas


do projeto do gerador que foi disponibilizado pelo fabricante de geradores e motores
elétricos NOVA.
Neste capítulo serão abordados os tópicos para o cumprimento dos objetivos
específicos estabelecidos neste trabalho. Estes tópicos são necessários para
identificar o quanto o FEMM pode ser útil como ferramenta computacional para
simulações e análises de fluxos magnéticos aplicados a máquinas elétricas.
São estes tópicos:
- Simulação do Gerador: Deve ser feitas as simulações na máquina
construída para que se obtenham os valores de corrente e tensão, e posteriormente
estes serem adicionados ao FEMM para alcançar simulações muito próximas dos
valores reais.
- Engenharia reversa da Máquina: No capítulo três, como mencionado,
foram feitas as análises reversas apenas do projeto do gerador. Porém é necessário
fazer as análises reversas da máquina já projetada, para verificar se efetivamente o
projeto foi executado como projetado.
- Simulação no FEMM: Nesta simulação serão adicionados todos os valores
obtidos através da simulação do gerador e da engenharia reversa da máquina,
tópicos vistos anteriormente. Fazendo as simulações no FEMM com os valores mais
próximos da máquina projetada e construída, obtêm-se valores simulatórios muito
próximos aos reais, permitindo assim concluir o quanto a ferramenta computacional
FEMM é capaz de gerar dados simulatórios confiáveis.
- Alterações nos parâmetros de projeto: Com alterações feitas nos
parâmetros do atual projeto do gerador, é possível determinar melhorias para um
novo desenvolvimento de gerador.
Com o cumprimento dos pontos mencionados, podem ser feitas as
conclusões para está monografia e consequentemente responder as hipóteses
levantadas.
89

4.1 SIMULAÇÃO DO GERADOR.

A simulação do gerador é o primeiro passo a ser dado para obtenção dos


valores reais simulados. Posteriormente estes dados serão lançados no FEMM com
o intuito de obter-se uma simulação computacional muito próxima à experimentada
no projeto real da máquina.
Para isso, a NOVA disponibilizou o teste de gerador da fábrica para que as
simulações da máquina fossem desenvolvidas conforme apresentado pela Figura
4.1.

Figura 4.1 – Gerador conectado à bancada de testes.

Fonte: O Autor (2015).

Como apresentado na Figura 4.1 as simulações foram feitas na bancada de


teste da própria fábrica de geradores. Isto traz grande segurança quanto aos dados
90

obtidos nas simulações, visto que a mesma bancada é usada para fazer os testes de
dezenas de geradores que são comercializados em todo território nacional e
internacional.
O teste realizado no gerador consiste em obter as respostas de corrente e
tensão com o gerador operando em diferentes rotações. Com isso é possível extrair
um volume grande de medidas para serem lançadas no FEMM e também analisa-las
para identificar possíveis melhorias.
A Figura 4.2 mostra um desenho esquemático dos pontos medidos nas
simulações feitas e quais foram às medidas observadas em cada ponto.

Figura 4.2 – Desenho esquemático dos pontos de medição.

Fonte: O Autor (2015).


91

Foram analisados 11 pontos distintos de medidas, sendo 8 medidas de


tensão (V(referência)) e 3 medidas de corrente (A(referência)) conforme Figura 4.2.
Cada medida foi coletada com o gerador em funcionamento com variações
na rotação nominal. Foram feitas coletas de dados com rotação variável entre 1800
rpm até 1200 rpm, variando a cada ensaio a rotação de 100 em 100 rpm.
Para as medidas apresentadas com carga, foram inseridas uma carga
constante de 4kVA, que corresponde a potência nominal do gerador conforme
apresentado pela Figura 4.3.

Figura 4.3 – Placa de identificação do gerador.

Fonte: O Autor (2015).

Conforme Figura 4.3 o gerador opera com carga nominal de 4kVA com tenção
de fase de 220V e tensão de linha de 380V.
Com as medidas coletadas pode-se montar a Tabela 6 com todos os valores
de tensão e corrente, em relação à rotação injetada ao gerador.
92

Tabela 6 – Ensaio de medidas elétricas.


RPM Medidas V1 A1 V2 V3 V4 V5 V6 V7 A2 V8 A3
Vazio 243,2 0,0 48,4 84,0 19,0 4,7 40,9 71,0 3,3 47,54 11,4
1800
Carga 219,0 7,4 46,0 79,6 19,6 4,8 35,6 61,4 3,0 36,3 9,0
Vazio 225,0 0,0 45,0 78,2 17,4 4,2 38,5 67,0 2,9 29,3 11,1
1700
Carga 206,0 7,1 43,0 74,6 17,7 4,3 33,7 58,3 2,7 25,3 9,0
Vazio 210,0 0,0 42,9 72,7 15,6 3,8 36,2 62,8 3,0 27,8 9,4
1600
Carga 192,0 6,4 40,0 69,6 16,0 3,9 31,8 54,7 2,6 24,2 8,4
Vazio 195,0 0,0 38,9 67,6 14,0 3,4 33,8 58,8 2,7 26,3 9,4
1500
Carga 178,0 6,1 37,2 64,6 14,5 3,5 30,0 51,5 2,5 23,0 7,9
Vazio 180,0 0,0 35,9 62,4 12,6 3,0 31,4 54,3 2,5 24,7 8,9
1400
Carga 165,6 5,6 34,4 59,7 12,9 3,1 28,0 48,2 2,2 21,7 7,7
Vazio 165,0 0,0 32,9 57,3 11,1 2,7 29,0 50,3 2,6 23,0 7,6
1300
Carga 152,0 5,1 31,6 54,5 11,4 2,7 26,0 44,8 2,4 20,4 7,4
Vazio 151,0 0,0 30,0 51,6 9,8 2,4 26,6 46,1 2,5 21,5 7,7
1200
Carga 140,0 4,7 28,8 49,6 10,0 2,4 24,0 41,3 2,4 19,0 6,7
Fonte: O Autor (2015).

Conforme pode ser visualizado na Tabela 6, os valores registrados em V1


(conforme Figura 4.2) são apenas valores de tensão de fase, e esta foi uma escolha
para os valores a serem analisados e simulados neste trabalho. Porém nada
impediria de ter sido feito os testes com tensão de linha que corresponde a 380V.
Os valores que serão usados para serem feitos as simulações no FEMM são
os valores de tensão de saída, que corresponde ao V1 (conforme Figura 4.2), e
valores de corrente de excitação do rotor, que corresponde ao A3 (conforme Figura
4.2).
Os valores usados para simulação posteriormente será apenas os valores
obtidos com rotação nominal, isto é, 1800 rpm e sem ter a adição da carga, ou seja,
o gerador operando a vazio. Isto devido o projeto do gerador que está sendo
simulado no FEMM não ter a adição da frequência e não simular situações levando
em conta regimes de funcionamento com carga.
93

Conforme Tabela 6 os valore de tensão e corrente tem influência direta


quanto à rotação que está sendo injetada no gerador através do rotor, e quanto à
carga aplicada.
A Tabela 7 mostra apenas os valores utilizados para serem feitos as
simulações no FEMM.

Tabela 7 – Medidas elétricas a serem utilizadas no FEMM.

RPM Medidas V1 A3
1800 Vazio 243,2 11,4
Fonte: O Autor (2015).

Para a confirmação dos valores que compõe a Tabela 6 e 7 a Figura 4.4


mostra os valores registrados no ensaio para a tensão V1 (tensão de saída) que
corresponde à tensão aplicada na carga, e A3 (corrente de excitação do rotor) que
corresponde a corrente que percorre o circuito indutor do rotor a fim de gerar o fluxo
magnético.

Figura 4.4 – Medidas de V1 e A3.

Fonte: O Autor (2015).


94

Conforme Figura 4.4, a tensão de fase obtida a vazio é de 243,10V e para


que a simulação esteja de acordo com o projeto real construído, o valor deve ficar
bem próximo a este valor registrado.
Quanto ao valor de corrente apresentado na Figura 4.4, este valor será
adicionado à simulação do FEMM com o intuito de se chegar o mais próximo
possível da tensão induzida de 243,10V.

4.2 ENGENHARIA REVERSA DA MÁQUINA

O processo de engenharia reversa conforme consiste em apenas analisar o


sistema ou a ferramenta para criar uma representação dela, ou seja, é necessário
fazer a análise da máquina desenvolvida para posteriormente criar uma
representação em forma de dados, com as informações mais relevantes para o
pleno funcionamento eficiente da máquina.
Neste tópico será abordada toda parte de desmonte do gerador de caso, para
serem feitas as avaliações necessárias, e comprovar se a máquina foi construída
dentro de todas as características e limitações abordadas no projeto conforme visto.
Inicia-se o processo de análise reversa com a observação do sistema de
excitação do gerador conforme apresentado na Figura 4.5.

Figura 4.5 – Sistema de excitação.

Fonte: O Autor (2015).


95

Conforme já mencionado este conjunto tem por função retificar o sinal de


tensão e corrente que provem do estator bobinado, e em seguida inserir corrente no
circuito indutor que está presente no rotor. Conforme Figura 4.5, o sistema de
excitação encontrado no gerador é o que foi desenvolvido no projeto do mesmo,
composto por anel coletor, placa de diodos escovas condutoras. No ANEXO C estão
disponíveis outras imagens que mostram as escoavas de carvão.
Para continuar o desmonte da máquina, conforme Figura 4.6 foi necessário
realizar uma abertura na carcaça para sacar o estator bobinado com o rotor
bobinado.

Figura 4.6 – Abertura da carcaça.

Fonte: O Autor (2015).

Devido o processo de engenharia reversa desta máquina, estar sendo feito


em uma bancada não industrial, foi necessário fazer um corte da carcaça para se
extrair os componentes internos de análise. Caso este processo fosse feito na
96

indústria, bastaria apenas retirar os pinos que travam o estator na carcaça, e na


sequencia sacar o estator bobinado com o rotorbobinado.
Antes de ser feito o corte na carcaça foram feitas as análises desta e foi
constatado que a carcaça é construída de uma chapa liminar conformada no formato
do gerador. Também foi analisado que o rotor fica suspenso dentro do estator
através das tampas que estão fixadas na carcaça. Isso leva a concluir que a carcaça
tem influência direta quanto a centralização do rotor.
A Figura 4.7 mostra o estator bobinado com o rotor bobinado acoplado ao
ventilado e a tampa traseira.

Figura 4.7 – Estator bobinado e rotor bobinado.

Fonte: O Autor (2015).

Estas máquinas recebem uma camada extra de resina (processo chamado


impregnação) para dar maior resistência ao bobinado do estator. Outra característica
observada através da Figura 4.7, são as linhas de amarração que fazem uma
fixação extra ao bobinamento do estator.
Do interno do estator foi retirado o rotor completo conforme Figura 4.8.
97

Figura 4.8 – Rotor completo.

Fonte: O Autor (2015).

Como apresentado na Figura 4.8, o rotor do gerador é composto pelo circuito


indutor (bobinas que produzem fluxo magnético), pacote de chapas (que fazem a
condução do fluxo), eixo, e anel coletor (conduz a corrente elétrica para o rotor).
Foi identificado o uso das chapas não magnéticas sobe o corpo das bobinas
do rotor, bem como informado no projeto. Também identificado uma camada de tinta
sobre a cabeça de polo e sobre as chapas não magnéticas. Esta tintura tem por
objetivo trazer ao rotor uma proteção quanto a questões de umidade (oxidação).
Em seguida inicia-se o processo de análise do circuito indutor do gerador
conforme Figura 4.9
98

Figura 4.9 – Corte da cabeça de bobina.

Fonte: O Autor (2015).

Depois da retirada da cabeça de bobina do estator bobinado, foi identificado o


número de ranhuras que é 36 ranhuras, o que corresponde ao estabelecido no
projeto.
Neste momento também foi analisada a geometria do dente que está no
estator, para certificar que a máquina realmente tem as mesmas medidas
encontradas no projeto. Para conseguir isto foi necessário extrair uma chapa do
conjunto de chapas prensadas que compõem o estator bobinado conforme Figura
4.10
Figura 4.10 – Chapa do estator.

Fonte: O Autor (2015).


99

Foram feitas as medidas e constatado que as chapas têm 0,6 mm de


diâmetro conforme o projeto.
A Figura 4.11 mostra o inicio das análises do circuito indutor do gerador.

Figura 4.11 – Circuito indutor.

Fonte: O Autor (2015).

Como mostra a Figura 4.11 o circuito auxiliar está ocupando duas ranhuras e
o circuito principal está ocupando três ranhuras conforme indicado no projeto.
Nesta mesma Figura 4.11 também é possível perceber uma diferença na cor
dos condutores que compõem as bobinas principais e as bobinas auxiliares. Isso se
deve, pois as bobinas principais são compostas por alumínio e as bobinas auxiliares
são feitas de cobre.
O papel encontrado na cabeça de bobina, ainda observando a Figura 4.11,
serve para separar entre os grupos de bobinas que compõe o bobinado do moto. A
Figura 4.12 mostra os grupos de bobinas totais do estator.
100

Figura 4.12 – Grupos de bobinas.

Fonte: O Autor (2015).

A Figura 4.12 mostra os 6 grupos de bobinas que compõem o bobinado do


gerador. Conforme o projeto exige que tenha 6 grupos de bobinas (capítulo 3), o
gerador foi construído com para atender esta característica.
Para obtenção do número de espiras foi necessário contar cada grupo de
bobinas conforme Figura 4.13.

Figura 4.13 – Contagem das espiras.

Fonte: O Autor (2015).


101

A contagem das espiras é uma etapa muito importante para posteriormente


obter-se uma simulação com valores que sejam o mais próximos do encontrado no
gerador construído.
Feito a contagem das espiras, foi constatado que houve uma divergência
entre o projeto e o que realmente está na máquina construída. Conforme Figura 4.13
as espiras encontradas são 46, 58, e 54, entretanto o projeto exige que o número de
espira fossem 52,52, e 54.
Embora a quantidade de espiras em cada ranhura encontrada no gerador não
corresponda ao número de espiras que o projeto exige, o valor total de espiras é o
mesmo, de 158 espiras tanto no projeto quanto o encontrado na máquina. Esta
informação é bastante importante, pois o que realmente influencia no resultado é a
variação numérica de espiras e não a disposição das espiras em cada ranhura do
mesmo grupo.
Dando continuidade a contagem de espiras, é feito a contagem de espiras do
rotor bobinado conforme Figura 4.14.

Figura 4.14 – Espiras do rotor.

Fonte: O Autor (2015).


102

A contagem de espiras do rotor bobinado é uma informação que também é


laçada no FEMM para ser feito a simulação. Com está foi encontrado o valor de 150
espiras por polo conforme Figura 4.14. Outra característica observada no rotor é o
rebite que fixa a cabeça dos polos.
A última análise feita é do pacote do estator bobinado indicado pela Figura
4.15

Figura 4.15 – Estator bobinado.

Fonte: O Autor (2015).

Conforme mostra a Figura 4.15 o estator bobinado tem um comprimento


aproximado de 100 mm, constituído de 167 chapas. Outra informação extraída da
análise do estator bobinado é a solda encontrada sobre as chapas prensadas.
A solda sobre os quatro lados do estator bobinado tem função de fixação
extra para o conjunto de chapas prensadas do estator, e o furo encontrado nas
chapas server para fixar a carcaça no estator.
103

4.3 SIMULAÇÕES NO FEMM.

Feita as análises do gerador, é necessário fazer uma nova parametrização do


FEMM conforme os novos dados encontrados com a engenharia reversa feita na
máquina. Esta nova parametrização é necessária, pois com ela será obtido novos
valores de fluxo magnético o qual é necessário para serem feitos os cálculos
comprovando assim a exatidão do FEMM.
Com a engenharia reversa feita anteriormente, o único dado que foi
constatado diferente do que foi proposto no projeto do gerador, é a corrente de
excitação do rotor. Conforme apresentado nos capítulos anteriores, as correntes de
excitação do gerador ficam entre 5A e 10,4A, com isso as primeiras simulações
feitas foi usado o valor de 10,4A acreditando-se que com isso seria obtido os valores
corretos de fluxo magnético.
Porém ao se fazer a simulação da máquina construída, foi constatada uma
corrente de 11,4A que circula o circuito indutor do gerador, o que implica em ser feito
uma correção nos dados inseridos ao FEMM para que sejam obtidos os verdadeiros
calores de fluxo magnético.
A Figura 4.16 mostra o novo valor de fluxo magnético obtido com a corrente
de 11,4A inserida ao rotor.

Figura 4.16 – Novo valor de fluxo magnético.

Fonte: O Autor (2015).


104

Conforme apresentado na Figura 4.16, o valor do fluxo magnético obtido na


cabeça de polo é de 0,00581937 Webers, e este valor será adicionado à Equação
14 para obtenção da tensão de saída do gerador.

N= Vf * √𝟐 (14)
2*π*f* Φ

A Equação 14 mostra as variáveis necessárias para a obtenção do valor de


tensão de trabalho do gerador, bastando apenas isolar a variável que deseja ser
obtido o resultado, neste caso a variável Vf.
Com os valores já obtidos lançados na Equação 14 têm-se:

Vf = N * 2 * π * f * Φ = Vf = 245,10V
√𝟐

Com este valor registrado de 245,10V se faz a comparação do valor obtido na


simulação da máquina projetada e a simulação da máquina pelo software do FEMM
através da Tabela 8.

Tabela 8 – Valores de Simulação da máquina e do FEMM.


Simulação Máquina Construída Máquina simulada FEMM

Tensão de Saída 243,21 245,10

Corrente de excitação 11,4 11,4

Fonte: O Autor (2015).

Conforme apresentado na Tabela 8 o valor obtido na simulação feita com o


FEMM ficou muito próximo do valor experimentado na simulação da máquina, com
um erro percentual no valor de 0,77%.
Se comparado ao valor de tensão encontrado apenas quando feito à
engenharia reversa apenas do projeto (tensão de 240,22V) o erro percentual
assume um valor de 1,24% o que também tem uma precisão bastante precisa,
porém nem tanto quando comparada ao valor obtido com a engenharia reversa do
gerador já construído.
105

4.4 ALTERAÇÕES NOS PARÂMETROS DO GERADOR.

Visto que o FEMM é uma ferramenta que fornece valor de simulação


compatível com o experimentado na pratica, fazem-se alterações no projeto para
obtenção de novos e melhores valores de desempenho.
Alguns parâmetros pedem ser alterados visando aumento da eficiência do
gerador e também uma diminuição nos matérias que compõe o mesmo. Com isto
obtém-se uma economia quanto à fabricação dos geradores, o que resulta em
benefícios financeiros na comercialização destes.
Segue principais pontos onde podem ser feitas alterações para encontro de
possíveis melhorias:

4.4.1 Entreferro

Inicialmente com uma análise sobra a Equação 1 observa-se que a distância


(𝑅 2 ) que separa o campo magnético gerado (dH) até o ponto de análise, influencia o
valor do campo magnético que atinge o ponto em análise (como representado na
Figura 2.6), segundo a equação o quadrado do raio é inversamente proporcional ao
campo magnético gerado.
Para comprovar esta análise, fez-se uma simulação na ferramenta
computacional FEMM, chegando a seguinte resposta a variação do entreferro entre
o rotor e o estator.

Tabela 9 – Relações das variações do entreferro.


Entreferro (mm) 0,35 0,39 0,52 0,65
Fluxo Magnético 0,000236995 0,000217084 0,000170354 0,000140817
(Webers)
Densidade de Fluxo 3,61639 3,31157 2,59612 2,14386
Magnético (Tesla)
Fonte: O Autor (2015).
106

Essa simulação comprova que um dos elementos que deve ser


cuidadosamente analisado no projeto do gerador, é o entreferro que tem entre o
rotor e o estator. Pois como pode ser observado, quanto maior o entreferro menor o
fluxo magnético que percorre o estator.

4.4.2 Geometria do estator (Dente)

Outro aspecto relevante para ser analisado, é a questão da geometria do


estator, mas precisamente o “dente” conforme mostra a Figura 4.17.

Figura 4.17 – Geometria do estator.

Fonte: O Autor (2015).

A Figura 4.17, mostra o que representa do dente no estator, e conforme a


Equação 3, uma variação na geometria altera-se a área de atuação do campo B o
que promove mudanças no Fluxo magnético perpetuado no estator. Para obtenção
de uma comprovação aplicada, faz-se a simulação conforme Figuras 4.18 e 4.19.
107

Figura 4.18 – Fluxo magnético no estator sem alteração de geometria.

Fonte: O Autor (2015).


108

Figura 4.19 – Fluxo magnético no estator com alteração de geometria.

Fonte: O Autor (2015).


109

Como mostra a simulação, a variação dos parâmetros geométricos tem


extrema influência na propagação do campo magnético, e isso leva a uma futura
análise de melhorias para o gerador.

4.4.3 Permeabilidade do gerador

Para visualizar a influência da permeabilidade do material, fez-se uma


simulação na ferramenta computacional FEMM que possibilita variar a
permeabilidade do material e visualizar a resposta do fluxo magnético propagado
como indicado na Figura 4.20.

Figura 4.20 – Configurar permeabilidade do material na ferramenta


computacional FEMM.

Fonte: O Autor (2015).


110

A Figura 4.20 mostra a tela onde se fez as alterações dos parâmetros


magnéticos dos materiais usados nas simulações com a ferramenta computacional
FEMM.
Nas simulações apresentadas a seguir, foi feito alterações no valor da
permeabilidade magnética do mesmo material com o intuito de verificar o quanto
esta propriedade interfere na propagação do fluxo magnético. A permeabilidade
pode ser alterada no FEMM através da aba Relative µ𝑟 , que como mostrado na
Equação 2, significa permeabilidade relativa do material, apresentada pelas Figuras
4.21 e 4.22

Figura 4.21 – Intensidade do campo produzido com permeabilidade 2000.

Fonte: O Autor (2015).


As Figuras 4.21 e 4.22 apresentam de forma simulatória a importância da
seleção do material ferromagnético que será usado na construção da máquina
síncrona.
111

Figura 4.22 – Intensidade do campo produzido com permeabilidade 4000.

Fonte: O Autor (2015).

A variação do material usado corresponde à variação da permeabilidade


magnética influenciando diretamente na intensidade do campo magnético
propagado. A Figura 4.21 parametriza-se com permeabilidade 2000, e a Figura 4.22
com permeabilidade de 4000, obtendo um resultado visivelmente distinto.
A simulação mostra de cor rosa as áreas com maior intensidade de campo
magnético, e as cores azuis correspondem a menor intensidade de campo
magnético que percorre o gerador.
Essa simulação comprova que o projeto da máquina considera, e muito, o
material usado para construção das massas ferromagnéticas tanto do estator quanto
do rotor.
112

5 CONCLUSÃO

Este trabalho propõe a realização da engenharia reversa de um gerador


síncrono de polos salientes, isto é, através de um gerador já projetado e construído
obter-se-á os principais elementos que compõe essa máquina e com isso propor
melhorias ao projeto analisado.
Os benefícios encontrados ao realizar a engenharia reversa de uma máquina
já projetada e construída, é que se investe maior tempo em análise nas melhorias
dos parâmetros ao invés de iniciar o projeto a partir do ponto zero.
Outra condição favorável à realização da engenharia reversa é o fato de
existirem muito poucas referências acadêmicas especificas quando se trata da
realização da engenharia reversa. Em contraste existem várias metodologias que
mostram como fazer um projeto de gerador até a obtenção desse construído.
No decorrer do trabalho foram avaliados todos os elementos que compõem o
gerador síncrono de polos salientes, tendo como fonte de análise para obtenção da
avaliação o projeto desenvolvido pela fábrica do gerador, e o gerador construído.
Elementos como:
- Chapas laminadas que corresponde às massas ferro magnéticas do
gerador.
- Circuito de campo que é composto pelas bobinas do rotor e pelo circuito
auxiliar que esta no rotor, nessas forem observadas seção nominal do fio
número de espiras para cada polo, forma de bobinar tanto o circuito bobinado
do rotor quanto o circuito bobinado auxiliar.
- Parâmetro da permeabilidade do material e sua influência quanto à
propagação do fluxo magnético.
- Comportamento do campo no entreferro.
- Geometria da cabeça do polo, juntamente as medidas dos dentes do estator.
- Bobinamento principal do gerador e a influência deste na geração de
energia.
Em seguida foram modelados na ferramenta computacional FEMM os
materiais utilizados na construção do gerador. Os materiais utilizados no gerador
foram considerados para a análise tanto no que solicitava o projeto, quanto o que
fora utilizado na máquina construída.
113

Então foi feita a validação da metodologia de simulação do gerador utilizando


a ferramenta computacional FEMM.
Após foram feitas as alterações nos parâmetros atuais encontrados no
gerador a fim de sugerir melhorias que podem ser atribuídas a futuros projetos de
geradores síncronos de polos salientes.
Com cada um destes procedimentos mencionados, torna-se possível
responder todas as hipóteses anteriormente estipuladas. As quais são:
É totalmente possível e valida a extração de informações do gerador síncrono
de polos salientes, a partir de metodologia de projeto observando a máquina
fabricada. Informações como material usado, medidas e ângulos.
Também é recomendada a utilização do software FEMM (Finite Element
Method Magnetics) para avaliar os dados extraídos do gerador já projetado,
verificando assim suas respostas. Visto que o percentual de erro encontrado na
simulação apresentada no FEMM é de 0,77%.
Com o FEMM também se torna possível e confiável fazer alterações nos
parâmetros originais do gerador, com o intuito de obter melhorias significativas no
projeto do mesmo.
114

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importância do uso das ferramentas computacionais no ensino da disciplina
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VIANA, Augusto Nelson Carvalho et al. Eficiência Energética: Fundamentos e


Aplicações. Campinas: Universidade Federal de Itajubá, 2012. 314 p.
117

APÊNDICE A - SIMULAÇÃO DO GERADOR SÍNCRONO DE POLOS SALIENTES.

Este anexo mostra a simulação de um gerador síncrono de polos salientes da


marca Nova Motores, através da ferramenta computacional FEMM (Finite Element
Method Magnetics).
A ferramenta computacional FEMM é bastante utilizada no meio acadêmico
pelo fato de ser um programa com licença gratuita, com manual de uso acessível, e
fácil instalação. Essa ferramenta permite fazer simulações magnéticas que obtém
resultados com valores que se aproximam fielmente do valor real experimentado,
dependendo apenas da entrada de forma correta das informações a serem
analisadas e calculadas, por exemplo: material usado, corrente de excitação,
geometria do material, condições de contorno.
O FEMM tem certas limitações que o impede de ser uma ferramenta
computacional mais completa. Suas limitações são em torno das dimensões
calculadas, ou seja, o FEMM atua apenas em 2 dimensões (2D), e também limita-se
a ausência de frequência.
A primeira etapa necessária para iniciar as simulações é ter o FEMM
instalado em um micro em que se tem acesso. O download pode ser feito através da
pagina online oficial do FEMM http://www.FEMM.info/wiki/HomePage.
Após instalação do FEMM, já está disponível junto ao programa os manuais
de uso do FEMM. Esses manuais apresentam aspectos das simulações do FEMM, e
mostra formas de simulação possíveis.
Abrindo o programa aparecerá a janela principal do FEMM.
118

Para iniciar uma nova simulação, selecionar a opção NEW.

Assim que selecionar esta opção, abrirá uma nova tela Create a new problem.
Selecione a opção Magnetics Problem.

Após selecionar a opção pressione OK. Aparecerá a tela para uma nova
simulação de condições magnéticas.
119

O FEMM possibilita desenhar a área que deseja obter simulação em sua


própria área de simulação através das funções Operate on nodes, Operate on
segments, Operate on arc segments.

Porem não é recomendado fazer desenhos com alto grau de complexidade no


FEMM, pois a ferramenta apresenta complexidade da operabilidade em relação a
desenvolvimento de desenhos. Contudo a outra forma de ter o desenho na tela de
simulações do FEMM. O menu File tem a opção Import DXF, essa opção faz a
importação do desenho feito em formato .dxf. Esse formato pode ser proporcionado
por programas de desenho como o Auto CAD.

Após abrir o desenho no formato DXF, geralmente não consegue-se visualizar


o desenho porque o zoom não esta na proporção adequada. Para centralizar o
desenho de forma que possa ser feito as simulações use o menu Zoom In, Zoom
120

Out, Zoom Extents juntamente com o menu Move view up, Move view down, Move
view left, Move view right.

Agora com o desenho já exposto na tela de simulação do FEMM, iniciam-se


as configurações da ferramenta para a simulação do gerador selecionado.
121

Aperte o botão Probem.

Surgirá a tela Problem Definition, onde serão inseridas as primeiras


informações para a simulação.
122

Na aba Length Units selecione a opção Milimeters. Essa informação indicará


ao programa que as medidas usadas para esta simulação estão todas em
milímetros.

Em seguida na aba Deph deve ser informado o comprimento do gerador. Não


é considerado o comprimento total incluindo carcaça, a medida de comprimento
123

refere-se ao comprimento do pacote de chapas que irão conduzir o fluxo magnético.


O comprimento do gerador em análise simulatória é de 100 mm.

Dando segmento, é necessário fazer as configurações dos materiais usados


na simulação. Pressione o menu Properties e em seguida no menu Materials Library.
124

Essa tela tem por função seleciona os materiais para cada elemento utilizado
na simulação.

Para selecionar os materiais usados, basta apenas clicar e arrastar o


elemento. O primeiro elemento que deve ser selecionado é o Air = Ar. O ar vai ser
usado no projeto, pois o gerador em análise também tem partes em contato com o
meio ar.
125

Em seguida selecione o material M-36 Steel, que está na pasta Soft Magnetic
Materials – Silicon Iron.

Este material será usado para as massas ferromagnéticas do estator e do


rotor. Em seguida selecionar os materiais AWG 12 e AWG 14, que está na pasta
Copper AWG Magnet Wire.
126

Os materiais em AWG serão utilizados nos circuitos bobinados da máquina. E


o último material utilizado no gerador é o 1020 Steel que está na pasta Soft Magnetic
Materials - Low Carbon Steel.

Este servira para classificar o eixo e o rebite do gerador.


Para fazer as próximas configurações selecione a opção Properties –
Materials. Esta opção der por objetivo fazer alterações nos parâmetros de
permeabilidade magnética do material em uso.
127

Abriu a tela Property Definition, selecione os materiais que deseja fazer


alterações na permeabilidade magnética, e clique em Modify Property.

Na tela Block Property pode ser feito a importação dos dados de


permeabilidade magnética do material para o FEMM basta selecionar a opção Edit
B-H Curve.
128

A tela que se abre ao selecionar a opção Edit B-H Curve é a B-H Curve Data.
Para fazer a importação do arquivo selecione a opção Read B-H poinsts from text
file.

É importante lembrar que para ser importado, o arquivo deve ter o formato
.txt.
Depois de selecionado as propriedades de permeabilidade magnética do
material, deve ser configurado a área limite dos cálculos para a simulação. Para
fazer essa configuração selecione a opção Properties – Boundary.
129

Abrirá a tela Property Defintion. Nesta tela deve ser selecionada a opção Add
Property para adicionar a opção de limite de atuação dos cálculos.

Na opção Name, adota-se neste trabalho como condição de contorno, o nome


Contorno. Em seguida pressione OK.

A próxima configuração a ser feita está no menu Properties – Circuts.


130

Abrirá a tela Property Defintion. Nesta tela deve ser selecionada a opção Add
Property.

Esta configuração tem essencial importância para a simulação, pois aqui será
feito as configurações para orientação do campo magnético gerado através da
corrente que circula em um condutor elétrico.
Como padrão, serão utilizadas as seguintes denominações:
Dentro = Corrente que adentra o circuito. Esta será indicada como negativa (-).
Fora = Corrente que saem do circuito. Esta será indicada como positiva (+).
Outra informação que deve ser observado é a forma de ligação das bobinas
do rotor. Como estas estão em serie, deve ser selecionado a opção Series.
131

O valor informado em Circuit Current, Amps, é o valor da corrente que circula


nas bobinas do rotor. Neste trabalho a corrente a vazio para o sistema de excitação,
é de 10.7A.
Com estas configurações feitas, basta adiciona-las ao desenho.
Em seguida selecione o ícone Operate on block labels.

Essa opção serve para adicionar os materiais selecionados nas áreas


correspondentes do gerador. Adicione um ponto para cada área. Atenção, pois não
pode ter mais de um ponto de identificação por área especifica.

A sugestão é que se comece com as áreas das bobinas do estator. Depois de


ter colocado um ponto para cada área das ranhuras, para facilitar a configuração,
selecione a opção Select a Circular region.
132

Esta ferramenta possibilita a configuração de todos os pontos selecionados


de uma só vez.

Assim que selecionado cada ponto ficará destacado de cor vermelha. Em


seguida pressione a tecla espaço para abrir a tela Properties for selected block. Na
opção Block type selecione 14 AWG, em In Circuit selecione o circuito zero, e em
Number of Turns insira o número de espiras, neste caso 39.
133

Em seguida faça a mesma coisa para as bobinas do rotor. Porem orientando


o sentido campo magnético com a opção Dentro e Fora. O número de espiras do
circuito de excitação do rotor é 150.
134

Para concluir faça a seleção dos materiais para as demais áreas restantes.
Após feito toda seleção de materiais, deve ser selecionado a área limite de atuação
da simulação. Selecione a opção Operate on arc segmentes, e clique com o botão
direito no contorno do desenho.

Em seguida pressione espaço para abrir a tela Arc segment properties. Nesta
tela na opção Boundary cond, selecione a opção Contorno.
135

Agora basta apenas começar as simulações.


O primeiro ícone a ser usado para simulação é o Run mesh generator, que
uma das funções é verificar se tem áreas não identificadas com material.

Após selecionado, o desenho assumira a seguinte imagem.

Caso alguma parte do desenho esteja sem identificação, o desenho ficará


com a imagem da figura abaixo que propositalmente foi tirado o material da chapa
do estator.
136

O próximo ícone de simulação é a Run analysis, iniciará com os cálculos do


projeto. Esta etapa pode levar uns minutos dependendo do desempenho do micro
que está fazendo as simulações.

Depois de carregado os cálculos, selecione a opção View results.


137

Ao ser selecionado esta opção, a simulação iniciara mostrando as linhas de


campo.

Para visualizar a os vetores densidade de campo magnético, pressione Vector


Plot Options, e selecione a opção B.
138

Assim que pressionado OK a simulação mostra as linhas de campo com suas


direções.

Com esta opção é possível visualizar o sentido do campo magnético.


139

Para visualização da intensidade de campo magnético, pressione Dialog.

Nesta opção selecione Show Density Plot, e em Plotted Value selecione o que
deseja visualizar:

Flux Density (T)


140

Field Intensity (A/m)

Current Density (MA/m^2)

Para efeito de cálculos combine a opção linha com a opção representada pela
Integral.
141

Com a linha deve ser selecionada a área que deseja fazer os cálculos.

Na integral pode escolher que tipos de cálculo deseja obter.

Outra opção é para geração de gráficos e importação de dados do programa.

Ao selecionado esta opção abre-se a tela.


142

Clicando em OK, pode ser feito vários gráficos de fluxo magnético, variando
de acordo com cada área selecionada. A seguir diversos gráficos gerados de acordo
com suas respectivas áreas.

CAMPO MAGNÉTICO PROPAGADO NO ENTREFERRO


143

CAMPO MAGNÉTICO APÓS O DENTE DO ESTATOR


144

CAMPO MAGNÉTICO NO MEIO DAS RANHURASDO ESTATOR


145

CAMPO MAGNÉTICO NA ESTREMIDADE INFERIIOR DAS RANHURASDO


ESTATOR
146

CAMPO MAGNÉTICO ESTRE OS DENTES DO ESTATOR


147

CAMPO MAGNÉTICO NO DENTE DO ESTATOR


148

CAMPO MAGNÉTICO NA FACE NO DENTE DO ESTATOR


149

CAMPO MAGNÉTICO NO CORPO DO ROTOR


150

ANEXO A

MEDIDAS DO GERADOR USADO PARA FAZER A ENGENHARIA REVERSA.


151
152
153
154

ANEXO B

GERADOR ELETRÔNICO
155

GERADOR CAPACITIVO
156

ANEXO C

ASPECTOS CONSTRUTIVOS DO GERADOR EM ANÁLISE.


157
158

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