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A IGREJA CATÓLICA, A LEI E O SÁBADO

Tido como o maior ramo dentro do Cristianismo, a Igreja Católica Romana


tem passado por diferentes fases, em vista dos muitos movimentos
produzidos em seu seio. Pode-se dizer que, semelhante ao Protestantismo,
se subdivide em várias seitas, ou “ordens”, como são chamados esses
grupos (jesuítas, dominicanos, franciscanos, etc.). Na verdade, é como se
fosse uma nova igreja dentro da Igreja Católica, por causa da cultura, forma
de culto, administração, etc. Do mesmo modo, os Protestantes (luteranos,
presbiterianos, anglicanos, batistas, etc.) são vários segmentos no mesmo
conjunto. Mas, uma coisa continua sendo o elo de união entre cada “ordem”
dentro da Igreja Católica: a doutrina. Tanto é que todos os segmentos
reconhecem a supremacia papal, e estão sujeitos às ordens dele.

O QUE A IGREJA CATÓLICA DIZ SOBRE A LEI E O SÁBADO?

Agora iremos refletir sobre a questão da obediência a Deus e ao Seu Livro


Santo, as Escrituras Sagradas. O que pensam autoridades católicas sobre a
obediência à Lei de Deus, os Dez Mandamentos? Estão em vigor para os
cristãos de hoje? Ou foram apenas para os do passado? E sobre o
mandamento do sábado, o que dizem? Todos sabem que a Igreja Católica
tem o domingo como dia santo (também os Protestantes). Mas, o que não
fica claro para os fiéis em geral é o que pensam as autoridades da Igreja
sobre esses assuntos.

Se ficasse claro, não haveria católicos mal-informados de sua própria


doutrina, pois, ao contrário do que pensam, é fato que seus líderes e
autoridades, teólogos de maior gabarito, professores, padres, reverendos,
famosos escritores e até o próprio Papa concordam com os adventistas e
demais cristãos observadores do sábado quanto à validade deste e de todos
os mandamentos do Decálogo como regra de prática e conduta para o
cristão. E isso veremos claramente no presente artigo, que é baseado em
documentos oficiais, confissões de fé, credos, catecismos e sínodos.

É interessante notar que há séculos essas doutrinas foram herdadas pelas


demais denominações cristãs, como metodistas, presbiterianos, anglicanos,
episcopais, congregacionalistas, batistas, luteranos, assembleianos,
mórmons, etc., que também ensinam a vigência do Decálogo e a
perpetuidade do princípio sabático, aplicando-o ao domingo e chamando-o
de “sábado cristão”.

A única diferença é que as autoridades católicas pensam que o papado tem


poder para modificar a Lei de Deus, mudando o quarto mandamento para o
terceiro do catecismo, ordenando a santificação do primeiro dia da semana,
supostamente devido à ressurreição de Cristo. Então, estão certos e de
acordo quanto à validade e vigência de todos os mandamentos do Decálogo
e das origens edênicas do princípio sabático, porém estão equivocados ao
pretenderem fazer a mudança do sábado para o domingo, uma característica
do Anticristo (Dn.7:25).

Vejamos agora o que encontramos registrado nos catecismos e documentos


oficiais da Igreja Católica.

1) O que é a Lei de Deus? O que são os Dez Mandamentos?

O Pe. Fernando Bastos de Ávila, SJ, é quem fica responsável por esta
resposta. Vejamos o que diz:

“DECÁLOGO. Do grego ‘deka’ dez ‘logos’ razão, sentença. É o conjunto dos


Dez Mandamentos da Lei de Deus que, segundo a tradição bíblica, foram
comunicados por Jeová a Moisés, no Monte Sinai, insculpidos em pedra, que
os israelitas conservaram na Arca da Aliança. Ele é a explicitação mais
essencial à lei natural. (…) o Decálogo é a síntese mais perfeita de toda a
experiência moral e religiosa da humanidade. É o código mais simples e
mais fundamental sobre o qual, em última análise, repousam todas as
legislações que regulam o comportamento humano.” — Em “Pequena
Enciclopédia de Moral e Civismo”, p. 170. Grifos acrescentados.

Muitas pessoas pensam que o Decálogo foi dado apenas ao povo de Israel,
lá no Monte Sinai, e que não serve mais para o povo de Deus, na atualidade.
O que podemos pensar disso? Quem vai responder isso é o famoso
“Dicionário Enciclopédico da Bíblia”, organizado pelo Dr. A. Van Den Born, e
publicado pela “Editora Vozes Ltda”. (católica). Ele diz:

“O dom da lei de Deus, porém, e particularmente o do Decálogo não era


destinado apenas para o Israel segundo a carne, mas também para o ‘novo
Israel’, que é a Igreja de Cristo. Por isso o Decálogo é várias vezes citado no
Novo Testamento por Jesus e pelos apóstolos.” — Coluna 363. Grifos
acrescentados.

A contribuição do erudito Pe. Júlio Maria:

“Deus escreveu os mandamentos em duas pedras como no-lo indica a Bíblia.


(…) Na primeira pedra estavam escritos os mandamentos que indicam os
nossos deveres para com Deus… e na segunda, estavam escritos os nossos
deveres para com os homens. (…) Os mandamentos da lei de Deus
encontram-se no Êxodo e no Deuteronômio (5:6-21).” — Em “Ataques
Protestantes”, p. 86 e 95.

Muito esclarecedor este texto acima!

—> Deus escreveu em tábuas de pedra, os Dez Mandamentos;


—> a primeira tábua tem os deveres do homem para com Deus; isto é, o
“amar a Deus sobre todas as coisas”;
—> a segunda tábua tem os deveres do homem para com o homem; isto é,
“amar o próximo como a si mesmo”;
—> e os Dez Mandamentos se encontram, nas Sagradas Escrituras, nos
livros de Êxodo (cap. 20) e de Deuteronômio (cap. 5).

Conforme foi visto acima, esses teólogos e autoridades da Igreja Católica


têm a Lei de Deus, os Dez Mandamentos, numa alta estima.

2) Existe diferença entre a Lei Moral e a Lei Cerimonial?

Às vezes, encontramos, nas Escrituras Sagradas, algumas afirmações que


parecem se contradizer. Uma hora ela fala que a lei é eterna e não pode ser
abolida; outra hora, que a lei passou. A que se deve essa aparente
confusão? Vamos atentar para o que escreveu o já citado Pe. Júlio Maria,
esclarecendo o problema:

“Os preceitos do Antigo Testamento dividem-se em três gêneros:

“1º Os preceitos morais, que prescrevem aos homens os seus deveres para
com Deus e para com o próximo.

“2º Os preceitos cerimoniais, que indicam os ritos exteriores e as cerimônias


que os judeus deviam seguir no culto divino.
“3º Os preceitos judiciais, que determinam o modo de administrar a justiça
ao povo.

“Destes três gêneros de preceitos, só o primeiro fica em pé, integralmente;


os outros preceitos só têm o valor que lhes comunica a palavra de Jesus
Cristo.

“A lei antiga, na sua parte cerimonial, era apenas uma figura da nova lei, e é
por isto que cessou, desde que foi promulgada a lei nova.” — Op. cit., p. 96–
97. Grifos acrescentados.

De tudo que está registrado, fica mais do que claro que esses documentos
confessionais cristãos históricos, além de mestres de outras confissões,
admitem que existam pelo menos duas leis, dentre outras, das quais fala a
Escritura Sagrada:

—> Lei Moral — sumariada nos Dez Mandamentos, e


—> Lei Cerimonial — representada pelos sacrifícios e ordenanças rituais para
Israel.

Segundo os católicos, os preceitos morais permanecem; os cerimoniais,


eram uma figura, “sombra dos bens futuros”, e foram substituídos pela
Realidade: Cristo; e os judiciais, só existiram enquanto havia a nação de
Israel como uma teocracia (governada por Deus)! E os dez mandamentos
morais tratam do amor a deus e do amor ao próximo.

3) A Lei de Deus, os Dez Mandamentos, estão vigentes para o cristão?

Podemos encontrar a resposta a esta questão no “Primeiro Catecismo da


Doutrina Cristã”, que diz o seguinte:

“Sim. Somos obrigados a observar os mandamentos da lei de Deus, pois


devemos respeitar a ordem que o Pai Celeste quis dar ao mundo. Basta
pecar gravemente contra um só deles para merecermos o inferno.” — P. 33–
34. Grifos acrescentados.

O Frei Leopoldo Pires Martins, OFM, também responde muito bem essa
pergunta no “Catecismo Romano”, onde lemos:
“Dentre as razões que movem o coração do homem a cumprir os preceitos
do Decálogo, sobressai, como o mais eficiente, o fato de ser Deus o autor
dessa mesma lei. (…) Estava essa luz divina quase ofuscada por maus
costumes e vícios inveterados entre os homens. Todavia, pela promulgação
da Lei de Moisés, Deus não trouxe uma luz nova, mas deu antes maior
fulgor à primitiva. É preciso explicar assim, para que o povo não se julgue
livre do Decálogo, quando ouve dizer que a Lei de Moisés está ab-rogada.

“Ainda mais. É absolutamente certo que não devemos cumprir esses


preceitos, por ser Moisés que os promulgou, mas por serem inatos em todos
os corações, e por terem sido explicados e confirmados por Cristo Nosso
Senhor.” — P. 399–400. Grifos acrescentados.

Aí está! Não só a “Santa Madre Igreja” crê que o Decálogo está em vigor,
mas incentiva a todos os fiéis para obedecê-los.

Também o Pe. Júlio Maria adiciona mais alguma coisa ao que foi lido:

“Os mandamentos, com o ensino moral, são eternos porque são a expressão
da lei natural; e por isso Jesus Cristo não pode suprimi-los.” — Op. cit., p.
98. Grifos acrescentados.

Depois de mostrarmos o pensamento no próprio catecismo católico,


precisaríamos citar mais alguma fonte para provar que todos os Dez
Mandamentos permanecem vigentes para os cristãos, segundo o
ensinamento oficial da Igreja Católica?

4) Há razões para santificarmos o sábado?

Outra vez, convidamos o Frei Leopoldo Pires Martins, OFM, para responder:

“Este Preceito do Decálogo (o quarto mandamento) regula o culto externo,


que devemos a Deus. (…) Ora, como esse dever não pode ser facilmente
cumprido, enquanto nos deixamos absorver por negócios e interesses
humanos, foi marcado um tempo fixo, para que se possam comodamente
satisfazer as obrigações do culto externo. (…)

“O quanto aproveita aos fiéis respeitar este Preceito, transparece do fato de


que sua exata observância induz, mais facilmente, os fiéis a guardarem os
outros Preceitos do Decálogo.” — Em “Catecismo Romano”, p. 434–435.
Grifos acrescentados.
O Frei Leopoldo responde, com muita propriedade, que o mandamento do
sábado rege o culto, e que os fiéis tornam-se mais fiéis a Deus quando
praticam esse mandamento específico.

Outra contribuição bastante proveitosa de John Mckenzie:

“O sábado é profanado pelo exercício do comércio, e Neemias fechava os


portões de Jerusalém no sábado para impedir o comércio (Nee. 13:15-22).
Carregar cargas viola o sábado (Jer. 17:21–27…) .” — Em “Dicionário
Bíblico”, p. 810.

“O sábado era um dia sagrado, que seria profanado pelo trabalho (Eze. 22:1
. Conforme Êxodo 20:8-11 e 31:17 (mais um passo adiante) a santidade
do sábado era uma santidade objetiva, devido à bênção de Deus, que no 7º
dia ‘descansou’ da Sua obra, a criação, pensamento esse que foi largamente
elaborado em Gên. 1:1-2:4a”. — Em “Dicionário Enciclopédico da Bíblia”,
coluna 1340.

Indiscutivelmente, todas essas autoridades e documentos religiosos católicos


não concordam com a visão herética semi-antinomista/dispensacionalista
que nega a validade e vigência do Decálogo como norma cristã, e prega o
fim total do quarto mandamento, como sendo “cerimonial”. Mesmo que o
sábado seja interpretado por esses documentos e autores como referindo-se
ao primeiro dia, o “sábado cristão” como é chamado, o que importa é que
admitem oficialmente a validade e vigência do mandamento e as origens
endêmicas do princípio sabático. A questão sobre o domingo ter tomado o
lugar do sétimo dia já é outra.

5) Jesus guardou o mandamento do sábado?

Existem católicos leigos, mesmo sinceros, que acreditam que Jesus não
guardou os Dez Mandamentos e que ele combateu o sábado. Esta tem sido
uma idéia que se espalhou por todo o mundo. Inclusive, líderes religiosos
têm se levantado, dos púlpitos de suas igrejas, escrito livros, folhetos e
panfletos, afirmando, categoricamente, que o Nosso Senhor Jesus Cristo
transgrediu o mandamento do sábado. Até onde vai o conhecimento deles?
Até onde isso é verdade? O que diz a Bíblia? Caso Jesus tivesse profanado o
sábado, ou qualquer outra lei, Ele não poderia ser “um cordeiro sem defeito
nem mancha” (1Pe.1:19), nem poderia ser o Messias que tem a função de
“engrandecer a lei e torná-la gloriosa” (Is.42.21). Então, quem afirma que
Cristo violou o sábado, está negando que Ele era o Messias, tornando-O um
mero pecador e mentiroso, pois Ele mesmo disse ter observado os
mandamentos (Jo.15:10).

Agora, o que dizem oficialmente os líderes católicos sobre esse assunto?


Vejamos o que diz o “Catecismo da Igreja Católica”:

“O Evangelho relata numerosos incidentes em que Jesus é acusado de violar


a lei do sábado. Mas Jesus nunca profana a santidade desse dia. (Cf. Mar.
1:21; João 9:16). Dá-nos com autoridade a sua autêntica interpretação”. —
P. 495. Grifos acrescentados.

Novamente do conhecido “Dicionário Bíblico”, de John L. Mckenzie, publicado


pelas “Edições Paulinas” (católica), extraímos a seguinte nota:

“O próprio Jesus guardava o sábado de modo razoável e ocasionalmente


ensinava nas sinagogas no sábado (Mar. 6:2; Luc. 4:16,31).” — P. 810.
Grifos acrescentados.

Do que vimos, mesmo sendo acusado, pelos ESCRIBAS e FARISEUS da Sua


época, e por alguns RELIGIOSOS modernos, o Catecismo assegura que
“JESUS NUNCA PROFANA A SANTIDADE DESSE DIA”!

6) Contra o que Jesus Se levantou com relação ao sábado?

Antes de tudo, é necessário haver um prévio esclarecimento do que


aconteceu com o mandamento da lei de Deus. Daí, vamos poder
compreender quais as atitudes de Cristo relativo ao sábado.

Do “Dicionário de Teologia”, editado por Heinrich Fries, publicado pelas


“Edições Loyola” (católica), nós encontramos isto:

“Os escritos apócrifos e sobretudo os rabínicos apresentam uma


interpretação exageradamente severa do descanso do sábado, perdendo-se
um uma casuística sutilíssima e transformando o ‘sábado maravilhoso’ (Isa.
58:13) num peso insuportável. (…) Jesus opôs energicamente às
interpretações extremamente escrupulosas dos escribas e fariseus, e mais
de uma vez provocou propositalmente discussões sobre este ponto (Mat.
12:10-14; Luc. 13:10-17; 14:1-6; João 5:8-1 . (…) Jesus considerava o
mandamento do sábado com grande liberdade interior, e recusava
resolutamente aquela rigorosa observância que escribas e fariseus exigiam.”
— Vol. 3, p. 134 e 115.

Ainda mais uma contribuição de John L. Mckenzie, no seu “Dicionário


Bíblico”, nos reforça a compreensão desse assunto, quando registra:

“Sem rejeitar a observância do sábado no seu conjunto, Jesus salienta que


as práticas rabínicas eram meras interpretações humanas do preceito, que é
basicamente para o bem humano.” — P. 811.

Agora vejamos o que o Papa João Paulo II tem a dizer sobre esse assunto na
carta apostólica Dies Domini (Dia do Senhor), no inciso 63:

“63. Cristo veio para realizar um novo « êxodo », para dar a liberdade aos
oprimidos. Ele realizou muitas curas ao sábado (cf. Mt 12,9-14 e paralelos),
certamente não para violar o dia do Senhor, mas para realizar o seu pleno
significado: « O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por
causa do sábado » (Mc 2,27). Opondo-Se à interpretação demasiado
legalista de alguns dos seus contemporâneos e desenvolvendo o sentido
autêntico do sábado bíblico, Jesus, « Senhor do sábado » (Mc 2,2 , devolve
o carácter libertador à observância deste dia, instituído simultaneamente
para a defesa dos direitos de Deus e dos homens.” — Este documento se
encontra disponível no web site oficial do Vaticano. Para visualizá-lo, clique
aqui: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_letters/documents/
hf_jp-ii_apl_05071998_dies-domini_po.html (acessado a 6/12/2007).

Então, podemos afirmar com toda convicção: Jesus não Se levantou contra
os Mandamentos, nem contra o sábado. O que Jesus fez foi não Se ajustar
às formas e aos acréscimos que os escribas e fariseus fizeram à Lei de Deus.
Jesus guardava o sábado conforme a ESSÊNCIA do quarto mandamento, e
não à moda farisaica cheia de tradições! O que fica mais do que claro que
Jesus queria confrontar os escribas e fariseus na MANEIRA deles verem o
mandamento do sábado, e não no próprio mandamento em si, para reformar
a observância sabática ao verdadeiro sentido do mandamento.
7) O sábado pode ser reinterpretado segundo a vontade de cada um?

Os católicos acham que eles mesmos são os que devem escolher o dia para
o descanso e culto, reinterpretando o mandamento do sábado e aplicando-o
ao domingo, chamando-o de “o sábado cristão”. O fato é que esta questão
está obedecendo à conveniência das pessoas e não o que diz o claro “assim
diz o SENHOR”. Será que deve ser assim mesmo? Biblicamente, “o sétimo
dia é o sábado do SENHOR” (Ex.20:10). Mas vejamos o que dizem as
autoridades católicas a respeito disso.

Sobre a mudança do sábado para o domingo feita pela “autoridade” da


Igreja Católica, o Para João Paulo II declara o seguinte na carta apostólica
Dies Domini:

“Compreende-se, assim, porque era justo que os cristãos, anunciadores da


libertação realizada pelo sangue de Cristo, se sentissem autorizados a
transpor o significado do sábado para o dia da ressurreição.” — Inciso 63.

“62. Assim, se é verdade que, para o cristão… ele deverá lembrar-se que
permanecem válidos os motivos de base que obrigam à santificação do « dia
do Senhor », fixados pela solenidade do Decálogo, mas que hão-de ser
interpretados à luz da teologia e da espiritualidade do domingo”. — Idem,
inciso 62.

Indiscutivelmente, todas essas autoridades e documentos religiosos católicos


não concordam com a visão herética semi-antinomista/dispensacionalista
que nega a validade e vigência do Decálogo como norma cristã, e prega o
fim total do quarto mandamento, como sendo “cerimonial”. Mesmo que o
sábado seja interpretado por esses documentos e autores como referindo-se
ao primeiro dia, o “sábado cristão” como é chamado, o que importa é que
admitem oficialmente a validade e vigência do mandamento e as origens
endêmicas do princípio sabático. A questão sobre a Igreja Católica ter ou
não autoridade para transferir a solenidade do sábado bíblico para o
domingo pagão já é outra.

A Bíblia ensina a observância do domingo no lugar do sábado?

O Rev. Isaac Williams, escreve o seguinte em seus “Plain Sermons on the


Catechism”:

“Onde se nos diz nas Escrituras que devemos observar o primeiro dia? É-nos
mandado guardar o sétimo; mas em nenhum lugar nos é ordenado guardar
o primeiro dia. (…) A razão pela qual santificamos o primeiro dia da semana
em lugar do sétimo é a mesma que nos leva a observar muitas outras
coisas: não porque a Bíblia, mas porque a Igreja (Católica) o ordena.” —
Vol. 1, p. 334 e 336. Grifos acrescentados.

O Cardeal James Gibbons, em “The Faith of Our Fathers”, diz o seguinte:

“Podereis ler a Bíblia do Gênesis ao Apocalipse, e não encontrareis uma só


linha a autorizar a santificação do Domingo. As Escrituras exaltam a
observância religiosa do sábado, dia que nós nunca santificamos.” — Ed. de
1892, p. 111. Grifos acrescentados.

O cônego Eyton, em sua obra “Ten Commandments”, assim se expressa:

“Não existe nenhuma palavra, nenhuma alusão, no Novo Testamento, acerca


da abstinência do trabalho no domingo. (…) Nenhuma lei divina entra no
repouso do domingo. (…) A observância da quarta-feira de cinza ou
quaresma tem exatamente a mesma base que a observância do domingo.”
— P. 62, 63 e 65. Grifos acrescentados.

“A observância do domingo (…) não só não tem fundamento na Bíblia, mas


está em contradição com a letra da Bíblia, que prescreve o descanso do
sábado.

“Foi a Igreja Católica que, por autoridade de Jesus Cristo, transferiu esse
descanso para o domingo, em memória da ressurreição de nosso Senhor: de
modo que a observância do domingo pelos protestantes é uma homenagem
que prestam, independentemente de sua vontade, à autoridade da Igreja.”
— Extraído de “Monitor Paroquial”, 26 de agosto de 1926, Socorro, SP, ano
I, nº. 8. Grifos acrescentados.

Diz o Pe. Dubois em sua obra “O Biblismo”:

“A Bíblia manda santificar o Sábado, não o domingo; Jesus e os apóstolos


guardaram o Sábado. Foi a tradição católica que, honrando a ressurreição do
Redentor, ocorrida no domingo, aboliu a observância do Sábado.” — P. 106.
Grifos acrescentados.

Finalmente, vemos na Carta Apostólica “Dies Domini” (Dia do Senhor) de


1998, o Papa João Paulo II reconhece que Jesus nunca quebrou ou anulou o
Sábado, mas foi a Igreja Católica quem alterou a solenidade do dia de
descanso do sétimo para o primeiro da semana. Em suma, vários concílios
foram realizados, nos primeiros séculos, e em quase todos os concílios o
sábado era rebaixado um pouco mais, enquanto o domingo era exaltado
gradualmente. O domingo foi transformado em festividade em honra da
ressurreição de Cristo: nos primeiro séculos, atos religiosos eram nele
realizados; era, porém, considerado como dia de recreação, sendo o sábado
ainda observado como dia santo. O Papa ainda afirma que o sábado é
obrigatório para os que não aceitam a soberania católica e dizem ter a Bíblia
como única regra de fé (os protestantes). Essa carta papal se encontra no
web site oficial do Vaticano. Para visualizá-la, clique aqui:
http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_letters/documents/hf_jp-
ii_apl_05071998_dies-domini_po.html (acessado em 17/03/2007).

9) Como poderíamos resumir todo o ensinamento católico que vimos até


agora?

A — A universal e eterna lei de Deus é sistematizada e expressa para o


homem na forma dos Dez Mandamentos, também universais e eternos, que
prosseguem válidos e vigentes como norma de conduta cristã. Tal fato
sempre foi oficialmente reconhecido por doutíssimas autoridades em
Teologia do presente e do passado, pertencentes às mais diferentes
denominações, e é o que tradicionalmente constituiu o pensamento geral de
toda a cristandade.

B — A lei divina nas Escrituras se apresenta com preceitos morais,


cerimoniais, civis, etc., sendo que a parcela cerimonial, por ser prefigurativa
do sacrifício de Cristo, findou na cruz, mas os mandamentos de caráter
moral prosseguem válidos e vigentes para os cristãos.

C — Dentro do Decálogo há o quarto mandamento estabelecendo que um


dia inteiro entre sete de descanso deve ser santificado a Deus, princípio este
que fora instituído na fundação do mundo para benefício do homem no Éden
e deve ser mantido pelos cristãos hoje.
D — Jesus não transgrediu o quarto mandamento, nem foram os apóstolos
quem mudaram o sábado do sétimo dia para o primeiro da semana. A
“abolição” do sábado foi feita pela Igreja Católica, através do papado, que
colocou o domingo em seu lugar, rogando essa instituição como a marca de
sua autoridade eclesiástica perante toda a cristandade.

10) O que deve fazer o cristão, numa demonstração prática de sabedoria e


amor a Deus?

“Se Me amardes, guardareis os Meus mandamentos. (…) Aquele que tem os


Meus mandamentos e os guarda esse é o que Me ama; e aquele que Me ama
será amado de Meu Pai, e Eu o amarei, e Me manifestarei a ele.”
(Jo.14:15,21)

11) Diante de tudo o que foi apresentado, qual deve ser a posição de cada
ovelha do rebanho da Igreja Católica?

A Bíblia Viva registra Tiago 4:17 da seguinte maneira:

“Lembrem-se também de que, saber o que deve ser feito e não fazer, é
pecado.”

12) Como cristão sincero, nascido de novo pelo sangue de Cristo, qual vai
ser a sua resposta ao Senhor Jesus?

A escolha é totalmente sua!

“Aqui está a perseverança dos santos, daqueles que guardam os


mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” (Ap.14:12)

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