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Verminoses em gatos
O papel dos animais de companhia tem merecido destaque entre as famílias brasileiras. O estímulo afetivo e o
companheirismo são marcos constantes desse relacionamento cada vez mais próximo e benéfico ao desenvol-
vimento social e afetivo das pessoas.
No Brasil, apesar de a maioria da população ser composta por cães, a criação de gatos foi a que mais cresceu
nesses últimos anos. Há uma mudança social, com a expansão e o enriquecimento das cidades, que fez crescer o
número de felinos. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet),
em 2022, haverá um gato para cada cachorro. Nesse cenário, é de grande importância a conscientização dos ve-
terinários para as necessidades e peculiaridades desses felinos.
Verminose é um termo popular designado às helmintoses. É a doença provocada por
parasitos específicos, denominados helmintos, que vivem no interior do hospedeiro. Os estu-
dos sobre parasitismo vêm despertando crescente interesse devido à relação de proximidade
entre o homem e os animais. Os helmintos podem causar morbidade e mortalidade significa-
tivas, bem como graves implicações na saúde pública, uma vez que algumas espécies possuem
potencial zoonótico.1
Os gatos domésticos são considerados importantes reservatórios de endoparasitos, os quais
acabam contaminando locais públicos, especialmente aqueles frequentados por crianças, expondo
outros animais domésticos e o homem a um maior risco de infecção.1
As verminoses mais comuns em gatos são causadas pelos parasitas Toxocara cati,
Toxascaris leonina, Ancylostoma tubaeforme, A. braziliense, Dipylidium caninum e
Aelurostrongylus abstrusus. Esses agentes apresentam ampla distribuição geográ-
fica e causam injúrias tanto para os animais quanto para o homem. A prevenção
dessas parasitoses é fundamental para evitar danos indesejáveis.
Arquivo pessoal dos autores
É fundamental que os clínicos este- L3 em latência
na musculatura
jam sensibilizados para a realização de
Eliminação dos ovos
um controle de endoparasitas dirigido nas fezes de gato
às necessidades particulares de cada
animal. Nesse contexto, o veterinário
deve levar em consideração a dificulda-
de na aceitação de medicamentos por Ingestão de hospedeiros
via oral para a espécie felina, buscando paratênicos: aves, Infecção dos filhotes
roedores e lacertídeos pela via transmamária
alternativas de administração de fárma-
cos, como a via tópica ou in loco, para
facilitar a adesão do proprietário à pre-
venção das verminoses.2 Desenvolvimento no
ambiente de L1 a L3 Infecção a partir da ingestão
dentro do ovo de alimentos e água
Toxocaríase contaminados ou pelo
processo de lambedura
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As técnicas de flutuação simples ou 25 cm em gatos. Seu ciclo de vida possui,
centrifugoflutuação são as mais indica- como hospedeiros definitivos, cães e ga-
Nos felinos, a infecção é
das, para diagnosticar animais parasita- tos, e como hospedeiros intermediários,
geralmente assintomática.
dos por ancilostomatídeos e ascarídeos pulgas do gênero Ctenocephalides e pio- Um sinal clínico caracte-
por serem ovos leves. lhos do gênero Trichodectes. rístico dessa verminose é a
Resultados negativos em apenas um O ciclo inicia-se com a eliminação presença das proglotes do
exame não descartam a possibilidade de das proglotes grávidas nas fezes do fe- cestoide na zona perineal
dos animais, nas fezes ou em
o animal estar parasitado, visto que a li- lino infectado (Figura 4). Os ovos pre-
locais onde eles ficam.
beração de ovos nas fezes pode ocorrer sentes nas proglotes são ingeridos pe-
de forma intermitente. las formas larvares da pulga. O embrião
Faz-se necessária a solicitação do hexacanto penetra na cavidade corpórea
exame de fezes mesmo que o animal da larva da pulga e lá permanece du-
esteja aparentemente saudável. Entre- rante sua metamorfose. Após a pulga
tanto, animais adultos parasitados são adulta emergir do casulo, o hexacanto eles ficam. A maioria dos gatos apresen-
geralmente assintomáticos e continuam desenvolve-se até cisticercoide em dois ta prurido anal intenso que os obriga a
a contaminar o ambiente. Vale lembrar a três dias. O ciclo continua quando o friccionar o ânus contra o solo. Depen-
que A. braziliense, T. cati e D. caninum gato – que atua como hospedeiro defini- dendo do grau de infecção, o gato pode
têm potencial zoonótico e apresentam tivo – ingere cisticercoides presentes em apresentar dor abdominal, alteração no
risco para a saúde do proprietário. pulgas infectadas no ato de se lamber. apetite, emagrecimento, inflamação da
As técnicas moleculares e imunológi- No trato intestinal dos felinos, esses cis- mucosa intestinal e até obstrução.1
cas ainda não estão padronizadas para a ticercoides evoluem para a forma adulta Em seres humanos, a infecção ocorre
rotina clínica devido ao preço e à comple- do cestoide, e proglotes contendo mui- principalmente em crianças de um a cin-
xidade de execução. tos ovos em suas cápsulas são liberadas co anos, devido à ingestão acidental de
A. braziliense causa a larva migrans nas fezes, reiniciando o ciclo (Quadro 1).1 pulgas infectadas. Essa parasitose é geral-
cutânea, conhecida popularmente como Nos felinos, a infecção é geralmente mente assintomática, porém pode causar
“bicho-geográfico” nos humanos. Ocorre assintomática. Um sinal clínico caracte- mal-estar, perda de apetite, cólicas, diar-
a penetração ativa da L3 na pele íntegra, rístico dessa verminose é a presença das reia, prurido e insônia.1
que não consegue completar seu ciclo proglotes do cestoide na zona perineal Inúmeras apresentações comerciais
biológico e permanece migrando pela dos animais, nas fezes ou em locais onde estão disponíveis no mercado destinadas
epiderme, o que causa as lesões serpenti-
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Dipilidiose
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Quadro 1 - Imagens de parasitos gastrintestinais de gatos em diferentes estágios3,6
Proglotes de D. caninum nas fezes de gato (setas). São estruturas brancas que saem ativas
nas fezes, ou seja, se movimentam. A observação de proglotes nas fezes fecha o diagnóstico
para dipilidiose.
à prevenção de helmintoses em animais A ocorrência da infecção por A. deiros paratênicos que contêm as larvas
de companhia. Cada base tem um espec- abstrusus não apresenta sazonalidade. encistadas do parasita.
tro de ação distinto.6 Há relatos em diversos países do mun- Essa parasitose apresenta um pe-
Os anti-helmínticos niclosamida, pra- do, com diferentes condições climáti- ríodo pré-patente de seis semanas e
ziquantel e epsiprantel atuam nos princi- cas, assim como em alguns estados do um período patente de até dois anos.
pais cestoides. O praziquantel surgiu em Brasil. A prevalência dessa parasitose É frequente em gatos jovens, devido
1975 e foi o primeiro a ser empregado está provavelmente subestimada, uma às brincadeiras com presas, e em gatos
contra os cestoides, sendo seguro e eficaz. vez que o exame coproparasitológico, machos não domiciliados pelos hábitos
Pode ser administrado por via oral ou pa- utilizando a técnica de Baermann, é noturnos de caça.
renteral em gatos, com grande atividade pouco solicitado na rotina de atendi- Na maioria das vezes, a infecção por
contra todos os estádios de D. caninum.6 mento clínico dos gatos domésticos. A. abstrusus manifesta-se de forma subclí-
Atualmente está disponível uma nova O ciclo de vida do A. abstrusus é nica devido à evolução autolimitante da
formulação tópica com associação de complexo e envolve moluscos terrestres doença. Os sintomas são brandos e, usu-
emodepside e praziquantel, com eficácia e aquáticos, como hospedeiros interme- almente, do tipo respiratório. Nos animais
de 100% numa aplicação única para pre- diários, e répteis, anfíbios, aves e peque- jovens, debilitados ou imunocomprometi-
venção de D. caninum em gatos.6 nos mamíferos, como hospedeiros para- dos, observam-se sinais clínicos mais gra-
tênicos (Figura 5).7 A infecção em gatos é ves. Estes podem variar desde tosse seca
Aelurostrongilose resultante da ingestão de um desses hos- de baixa intensidade, causada por uma
pedeiros, e as L3 penetram na mucosa do traqueíte, até sibilos e crepitações pulmo-
A presença de vermes pulmonares sistema digestório do hospedeiro defini- nares graves devido à bronquite, mime-
em gatos tem despertado o interesse tivo e chegam aos pulmões pelo sistema tizando a asma felina. Em alguns animais
cada vez mais crescente pelos clínicos ve- linfático e pela corrente sanguínea, onde notam-se dispneia e angústia respiratória,
terinários. Isso se deve principalmente ao se desenvolvem até as formas adultas. sendo a tosse pouco comum ou ausente.
desafio quanto à realização de testes de A oviposição e o desenvolvimento das Os sintomas respiratórios se devem aos
diagnóstico, ao maior número de casos larvas de primeiro estádio ocorrem no
descritos e à representação de risco para parênquima pulmonar. Ovos e larvas são
a saúde dos felinos. posteriormente deglutidos e eliminados
Aelurostrongylus abstrusus, um me- juntamente com as fezes. No meio am-
tastrongilídeo, é o parasito pulmonar mais biente, as larvas livres (L1) sobrevivem
comum no gato. É um nematoide delga- por até duas semanas e,
do, com 5 a 10 mm de comprimento, ca- ao serem ingeridas ou
paz de provocar pneumonia verminótica penetrarem nos hos-
de gravidade variável. Vermes como esse, pedeiros intermediá-
quando adultos, habitam dutos alveo- rios, sofrem duas mu-
lares, bronquíolos terminais e pequenas das e se desenvolvem
ramificações das artérias pulmonares e, em L3. O gato infecta-
raramente, o ventrículo direito. se ao caçar os hospe-
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dos com o felino, pois mesmo os que vi-
vem confinados em casas e apartamentos
devem ser vermifugados com frequência.
Desta maneira, é de grande importância
um protocolo de prevenção de fácil ade-
são dos proprietários, driblando a dificul-
dade da administração oral de medica-
mentos para a espécie.
O vermífugo tópico da Saúde Animal
da Bayer HealthCare oferece praticidade
em sua aplicação, pois em um tratamen-
to único elimina os nematoides e ces-
toides nas formas adultas e larvais, não
sendo necessário repetir a dose após 15
ou 30 dias. Profender® spot on pode ser
utilizado por gatas prenhes, em lactação
e filhotes a partir de oito semanas de
idade, com peso acima de 0,5 kg, sendo
a sua aplicação realizada na região da
Figura 6 - Demonstração da praticidade na aplicação do Profender® spot on em um gato
nuca do felino, que pode receber a ver- filhote. Deve ser aplicado na região da nuca, logo após o banho e com os pelos secos
mifugação logo após o banho, com os
pelos secos (Figura 6).
Quadro 2 - Medidas para a prevenção de verminoses
É importante ressaltar que, em um
ambiente com a presença de mais de um
felino, todos devem ser vermifugados ao • Evite o contato do seu gato com hospedeiros paratênicos;
mesmo tempo, não somente o animal • Escove o seu gato sempre que necessário – a escovação pode auxiliar na
doente, pois o local torna-se contamina- remoção de ovos de parasitos presos no pelo do animal;
do e pode servir como fonte de infecção • Se possível, restrinja o acesso do seu gato à rua. Assim ele fica longe de áreas
para o gato sadio. contaminadas;
• Troque a areia da caixa sanitária diariamente, usando luvas, e periodicamente
Elimine as verminoses lave-a com água e sabão;
• Realize o controle de ectoparasitos, como piolhos e pulgas, pois estes são
Com alguns cuidados higiênicos, é hospedeiros intermediários de helmintos;
possível evitar as verminoses, apesar de • Realize exame de fezes com regularidade, pois este pode detectar precoce-
o controle efetivo ocorrer com a vermifu- mente a presença de parasitos.
gação preventiva. Confira algumas dicas
bem orientadas pelo médico veterinário
que podem auxiliar a manter os vermes “As opiniões aqui refletidas são de
responsabilidade dos autores e não refletem
longe de seus gatos (Quadro 2). necessariamente a opinião da Bayer.”
Referências:
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