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Coordenador tratado | de direito comercial Mercado nied hee (coared Tenoy p (Bro fn ot ‘edd Dot bt ohne i ee ori bit helen Dette ‘ease ot) ep id Ards ase oso tery in ot eb apes {at thee Sere bs fon Se tase Bins (oe be ee ‘ri tooo mpm le ‘ese Wes Is 7esRHS2 oon ISTEISIRBOD went ts it ed itetoast unt a montcon bis Pegigeetenstn Spee EE eS at con ead me Naar eT ie Ra a) Sumario Vowwes [Retacoes Socterantas e Mrrcano pe CaPIrats Apresenta 0 va ret age a ee Cop 121 nl in ate Orbit onic prepa a Cop 123 Onde me ine EG) Cope 124 herd cnn ion on opti 2 Cin 125 Ape sin iin Se i Ci 126 Con ne Cops 127 fab nrc sen ota. a Capitulo 12.6 CoNFLITOS DE INTERESSEg NA SOCIEDADE ANONIMA Gustavo Saad Diniz* 1, TUTELA JURIDICA DO CONFLITO DE INTERESSES Ointeresse' é uma projecao de Animo pessoal que qualifica objetos como necessérios € oportunos A satisfagao de necessidades para o progresso material emoral. E fato jurfdico que pode compor as circunstancias (relevantes) de negécios, assim como pode integrar a propria manifestacdo de vontade, pro- duzindo efeitos jurfdicos que perpassam a validade e a eficdcia e podem passar ao campo do ilfcito. Isso ocorre porque os atos € negécios juridicos projetam efeitos para regular interesses humanos, de modo a aprisionar nas construgSes juridicas as necessidades manifestadas pelas pessoas ¢ intermediar potenciais 7 2, calisies de interesses contrapostos ou concorrentes*, a Professor Doutor de Direito Comercial da USP/FDRP. Aree Peas Em léxico de filosofia, apresenta-se 0 interesse como detivado oN acy € se (set), sugerindo imanéncia do entre seres para atendes 8 MESES oy 95) Anton; LUBCKE, Poul. Philosophielexicon. Hamburg: Roo 1» es ‘AO, Paulo Cezar. ki ” jreito brasileiro: ARAG! es Ee Sobre o tema “contfito de interesses”, no dircico Dat AT abuso de deity bene lo Apontamentos sobre desvios no exercicio d drigo R. Monteiro de et. al. cio particular ¢ conflito de interesses. In: CASTRO» Rowe) so ig Alesandre (ootd.). Direito empresarial e outros etudos em bomiena” 8s 514, CARVALHOSA, ‘er Latin, 2013, p- 183~ iva, 2009, Ti no, Si + Quartier Latin, 2 fo Paulo: Saraiva, 20¢ iedetie cleo io Te ieee “Aninimas 4: Fed, Sio Pal: on ¥.2; COELHO, Fabio Ulhoa. Curso de direito comerch ee 2 * i is a. RIK, Nelson. 2013, v. 2. CUNHA, Rodrigo Ferraz Pimenté ‘atin, 2007- BIZI an, Ea g uartier ; FRAN ‘anbnimas: hierarquia e conflitos. ed AMY Sio Paulo: Si Paulo: Quarter A Lei das IA comentada, Séo Paulo: Quartet 120 apeias de SA. Sie Pee Villadio Azevedo e Novaes. Confltos de inter a Malheitos, 1993, GUERREIRO, José Alexa —————S—*™ N Tratado de Direito Comercial * Volume 4 OT O direito das relagGes juridicas tem se prestado a esa Medizg, resses conflitantes, especialmente em comunhées, ante 8 dificuldade «i portamento capitalista tendente a colaboragio. Em tazio dessa be og afirmou Franz Wieacker, hé demanda do direito moderno i da tensao entre o pathos da concorréncig « 1% problemas derivados da ten: : recta e colaboragéo nos contratos, nas sociedades, no condom{nio’, Essa assimetria de interesses € peculiar em relagoes juridicas de obretudo quando sioconfrontados nfvese desnives de atuacfo, compe internas e externas nas organizag6es. Explica-se: a atuagao econdmicy in atuacio integrativa de cadeias econdmicas em diferentes tipos de orgs de fatores produtivose, cada uma com a sua peculiatidade, realizam xg cao de interesses dos mais divesos e que softem os impactos de even so entre as necessidades dos interessados. Além disso, ainda projet ej nessa equacao a existéncia de potenciais interesses ptiblicos ~ como o5 " cureza ambiental -, cuja forca atrativa passa a conduzir vontades private A prépria insergao da organizacao no mercado é indutora de impea importantes no equilibrio entre interesses, j4 que essa movimentacéo dew empresa resvala em interesses de concorrentes, do mercado de trabalho fornecedores, de consumidores, cada um com a sua carga de neces tuteladas. A atuagao do direito, nesses casos, é de busca de equilibria as diversidades jurfdicas e econémicas de interesses paralelos. Eo qui ocorte, por exemplo, nos casos de: (a) contengao do conflito de interst no ambito puiblico, especialmente em relacao a servidores ptiblicos', lida to de interesses. In: KUYVEN, Luis Fernando Martins (coord.). Temas esenit! direto empresaria: estados em homenagem a Modesto Carvalhosa, Sio Paulo: We, 2012, p. 681-692. REQUIAO, Rubens. A sociedade andnima como ‘insitil pevita de Direto Mercantil. Sao Paulo, ano XIV, n. 18, p. 25-29, 1975. SPIN! Luis Felipe. Conflito de interesies na administragao da sociedade anénima. Sto ¥¥ ‘ Matheires, 2012. SALOMAO FILHO, Calixte, © nose ance centri, 4. , _ Paulo: Malheiros, 2011, p. 27-51 e 104-125, ? THEACKER, Franz. Dirittoprivatoe scita industriale. Napoli: Scientifiche lo 283, P. 37. Ainda afirma Wiecker: “Nei moments acca Pon pi vivi dello po del disito sociale, nel contratto di lavoro, nell organizzazzione aie saiion’ ¢ nell dilizia, ma soprattuco nel cron df eee en 4 -» PB. 37). e A matéria mereceu inclusive re, E 12, 84 ‘i 5 5 *Bulacdo especifica pela Lei n, 12.813/2012 {fica o-conflito de intereses no art, 39.4, Cat “a feddogo gees pe? one entre interesses puiblicos ¢ Privados, que possa comprometer o interess¢ © Gustavo Saad Diniz concessbes € parcetias piblico-privadac 4 oe Privadas; (b) contencio de conflitos de principi ceresses 7 matéria ambiental, além do embate iolégi geimada da palha da cana de agticar® ou na raideracg laa como na ransparncia de agbncias de rsco no mercado de valores mot fees le conduta de informar conflitos de Interesses*; wen como confltos de interessese eta ane erviecs SOT fe credores Si 8, conforme inteligéncia dos arts. 72, § 90, 39 Feeney i empre- sodos da Lei n, 11.101/2005; (e) interferéncize 49, §§ 32 ¢ 40, relevante, seja por estruturas"®, sej : ‘igri eras OY Rarmonizacdo des ioc Mitas geadoras de caafla de g s das relagdes de consumo e com. pailzagao da protecao do consumidor com a necesidade de dese carn mento econémico e tecnolégico (art. 49, II, do CDC); (g)anulsbildatc nc regio conculdo por epresentante em confito de interesses com o repr, sentado (arts. 119 e 497, I, do CC); (h) qualificagao de atuagao das partes em contradi¢éo com 0 préprio comportamento, com a identificagao de ve- sire contra factum proprium'; (i) pratica de Contratos entre administrador e apropriasociedade, com interesse conflitante que chamam improptiamente luenciar, de maneira imprépria, o desempenho da fungio piblica’, além de exem- plificar condutas no art, 52, 5 Ant 92 da Lei n. 8,666/93. A jurisprudéncia do STJ tem caminhado no sentido de determinar que a permissio deve ser especifica e precedida de estudo de impacto ambiental ¢ licenciamento, com a implementacdo de medidas que amenizem os danos: STJ, EREsp 418.565/SP, 12 Segio, rel. Min. Teori Albino Zavascki, j. em 29-9-2010. : TJSC, ApCv 2010,019573-3, 32 Camara de Direito Publico, rel. Des. Luiz Cézar , CVM n, 521, de 25-4-201: SALOMAO FILHO, Calint. Recuperagio de empress e interes socil. In: SOUZA JUNIOR, Francisco Satiro de; PITOMBO, Antonio Sérgio A. Tae ie ios @ Lei de Recuperagito de Empresas e Faléncia, 2. ed. Sao Paulo: eros, , P B-54, jeto, sobre eventual con- Em consulta, 0 CADE nao se pronunciou, pela perda de tay ddministragdo da BR fito de imtereses de Abilio Diniz na composicio de conselho de adminisacto 10 SX Foals eda CBD (CADE ~ Consultan. 08700.003340-2013-30, em 23-1020) No REsp 95.539-SR, o STJ definiu que “o Dircito maderno nie oar ica 2enire contra factum proprim, que se traduz com 0 exercicio © Ut Pete &% contadigo como comportamenco asumido aneriormente (Meness Coat 2a Boat no Dircto Civil, 1/742). Havendo real contradigfo ene of SUNT ments, sigificando 0 segundo quebra injusificada da confines BES Fe Primeito, em prejutzo da contraparte, no € admissve Oe ets suit, jem Bosterior” (STJ, 44 Turma, REsp 95.539-SP, rel. Min. Ruy 3-9-1996, RST] 93/314). ‘Tratado de Direito Comercial + Volume 4 de contrato consigo mesmo [i. 4.2]. Essas sao algumas oe india vvas de conflito de interesses, que ocorrem dispersas na ae reli humanas. Entretanto, o potencial de ocorréncia do fato a quire levo int namente nas organizagdes societdrias, cuja vocacao € fungao ont Sg justamente de guiar os agremiados a um escopo comum, ainda que haja i, teresses individuais diversos. Fda natureza de relagées econdmicas capitalistas, ainda, que os interessy deixem o paralelismo para se encontrar e, muitas vezes se contrapor, caractt zando a futispecie do conflito de interesses, com consequéncias que podem contaminar a validade do ato ou resultar em perdas e danos. Essa qualificagio juridica é varidvel entre os ordenamentos ¢, numa época em que a técnica ju. ridica se vale de cléusulas gerais, a avaliagéo de comportamentos egoisticos adquire o relevo destacado por Oliver Williamson, para quem as formas de governanga organizacional devem lidar com as possibilidades futuras de rom- pimento de contratos!, Assim sendo, as organizacGes passam a ser formas de coordenacdo ¢ minimizacao dos custos de transagao, inclusive na diversidade de interesses ¢ nos conflitos de agéncia’®, 2. INTERESSE DA ORGANIZACAO SOCIETARIA As sociedades sao organizacbes finalisticamente destinadas A producio de luctos, a partir do pressuposto da agremiacao de sdcios que contribuem com bens ¢ servicos para a partilha de prejutzos ¢ de resultados obtidos com a ati vidade econémica explorada (art. 981 do CC). Compée a causa do contrato de sociedade o arranjo da estrutura de poder que vai manipular a organizagio", "WILLIAMSON, Oliver. Por que direito, economia e organizacées? , que > rrganizacoes? In: ZYLBERSZTAJN: Décio; SZTAJN, Rachel. Direito ¢ economia. Rio de Ninos Elsevier, 2005. SZTAIN, Rachel, Dircito societitio e informacao, In: CASTRO, Rodrigo R. Mot tciro de et. al. (coord). Direito empresarial e outros estudos em ho Profestt Jost Alexandre Tavares Guerreiro. Sao Paulo: Quartier Latin, 2013, p 215-236. o representantes, mas serd ela prépria, tidicas correspondentes a0 seu escop dos interesses comuns a um grupo quando tais interesses se prolongue na sua unidade ideal, 0 sujeito das relagbes jY” 0 — a0 interesse visado”. E continua: “Tratt mais ou menos extenso de individuos, sobretud? 7 -m para além dos limites da vida hi ¢ vant quando lard 2 a vida humana, ¢ ¢@0"% ANDRADE, unple for o grupo dos interessados ¢ maior a duragio dos inte ses” (ANDRADE, Manuel A, Domi rldice. COB te Binet, ee eee de. Teoria geral da relagao juridica. Col™ Gustavo Saad Diniz do-a 20 desempenho econémico eg leva do interesse dos agremiados (“o raed de sdcios”). Quem tem © poder avoca aprioristica influéncia na esfera j juridica alhei qm desempenho de um papel decisivo de“Senhor dos ru aaa qmediador do interesse a set perseguido. Acontece que esses ihteoess ba it i 4 pa “gm no somente 0 Ambito interno da organizacao, mas também alee s- am, autros grupos do entorno da atividade © que; com maior ou menor grau, sio aingidos pelo poder societério, Tais s4o os casos, entao, dos chamados ene “pos ness, em geral acomodados entre/(a))séciosy(O)Aredores, indict: spente; (C)erceiros que travem relag6es juridicas com a organizacio. Foi com vistas voltadas a esses grupos que Herbert Wiedemann fixou, como principios do dittco societétio, a5 garantias individuais, das minotias, dos investidores, doscredores ¢ dos trabalhadores"”. Também é com essa lupa que se determing aférmula de nao haver poder sem responsabilidade (keine Herrschaft ohne Hefiung®), de modo a preencher regras abertas como do art. 116, pardgrafo tinico, da Lei n. 6.404/76 (Lei das Sociedades por Acées), além de qualificar abuso de poder®, Entrementes, essa compreenséo de poder atribui contornos relevantes também para o dimensionamento do interesse societério, Se hé interesse, exis- teuma necessidade de beneficios aptos a satisfazé-lo”. A constatacao nao inibe uma intensa contenda doutrindria entre os que sustent: jue _O interesse lias) ¢ outros que o ampliam_para_a instituicdo como um todo (teorias ————_ ° GUERREIRO, José Alexandre Tavares. Abstengio de voto ¢ conflito de interesses. In KUYVEN, Loto Fermuade Mantas (coord.). Temas estenciais de din npr estudos em homenagem a Modesto Carvalhosa. Sao Paulo: at 201. ee en i i ¢ dominacio, GUERREIRO, José Alexandre Tavares. Sociedade andi ode & demos Revista de Direito Mercantil, S40 Paulo, ano XXIII, n. 53, p. 72-80, je P77, peas WIEDEMANN, Herbert. Gesllichafirecbr. Ein Lebrbueh des Unerohnnt tr Verbandsrechis. Band I. Miinchen: Beck, 1980. p. 357-pasim. No Ct pigs FRANGA, Erasmo Valladéo Azevedo e Novaes. Conflitos de interes 1 %SA, Sao Paulo: Malheiros, 1993, p56 ee » NIEDEMANN, Herbert. Gusellchafsrecht cits 347. conceios dis tn Essmo Valadéo Panga que abuso de ode te ra do contador tints, mas ligados para dar cumprimento aos deveres de On 93), FRANCA, Ermo Valladao Azevedo e Novas. Confit de ere (°° 5.16 FRANCA, Erasmo Valladio Azevedo ¢ Novacs. Coto dein Perado de cada ti ; Societéti interesse comum Ie cetitttio © 4 dos sécios em sua 101 Tratado de Direito Comercial * Volume 4 102 institucionalistas)". Entre os proprios partidérios das teorias i hi consen, vatiagGes do tema bem demonstram a inquietude do ssn ee praticos, j4 que a identificagao do interesse ¢ pressuposto de eventual conf; . YY” Prova disso séo posigdes cambiantes no préprio contratualismo, Teng maior foi a mudanga de posigao de Pier Giusto Jaeger, a0 afirmar que a fone da sociedade nao se restringia ao interesses dos sécios, ampliando-se fer, valotizagio do prego de revenda das agées™. Também o institucionalismo tem distingSes a partir do célebre texty oy Walter Rathenau’, com as mais diversas coloragées de geracao de prosper, de coletiva e com o dpice nas discuss6es travadas no Ambito do direio soi, rio alemao para a implementacio da legislacao de participagao operdrig em brgiios diretivos (Mitbestimmungygesetze”). 2 Com indispensével descrigio dessa evolugio tebrica: FRANGA, Erasmo Vallaiy Azevedo e Novaes. Conflitos de interesss... cits, p. 22-53; CARVALHOSA, Modesta Comentarios Lei das Sociedades Anénimas. 4. ed. Sio Paulo: Saraiva, 2009, y. 2, Pp 450-460; SALOMAO FILHO, Calixto. O novo direito societdrio. 4. ed. Sio Paul: Malheiros, 2011, p. 28-47. Essa divergéncia nio é de hoje e 0 assunto nfo pode ser tratado sem a reminiscéncia 20 clissico texto de Alberto Asquini sobre a exigéncia de lucros dos acionista d Norddeutscher Lloyd, 20 que foram repreendidos pela afirmacéo de que a compantis nio existia para dividendos, mas para fazer navegar os barcos pelo Reno (ASQUINI, Alberto. I batelli del Reno, Rivista delle societa. jul.-out. 1959, p. 617-633). Tambén para esses fins histéricos € relevante 0 caso norte-americano de Dodge u Ford, m0 qual os acionistas pleiteavam 0 aumento de precos dos vefculos para proporcionat maiores lucros, 20 passo que o controlador, Henry Ford, sustentou que a redugio et Pregos proporcionaria a expansio dos beneficios da industrializacdo. Também hé, caso, a discussio sobre 0 interesse conflitante dos irmaos Dodge, que tentavam ¢ financiamento de sua unidade fabril com os lucros da Ford Motor Company (Mich gan Supreme Court. 170 NW 668. 1919), JAEGER, Pier Giusto. Linteresse sociale. Milano: Giuffré, 1972, p- 89-passim, 6 mesmo autor: Linteresse sociale rivisitato (quarant'anni dopo). Gitrisprudenza Cow merciale, v. 27, n. 6, p. 1, p. 795-812, 2000, p. 795-806. Em Walter Rathenau se antevé fungio econémica de interesse piiblico na macroe Presa, superando o campo meramente privado. Cada grande sociedade era um it trumento para desenvolvimento do pals, sobrepujando o contratualismo do interes* dos sécios. Assim, a empresa deveria “perseguit 0 préprio fim, que so aqueles Construir a riqueza para a comunidad, de oferecer trabalho, de melhorar a técni favorecer 0 progresso cientifico” (RATHENAU, Wal i iondrio - ua? , Ir i , Walter. Do sistema acionério - Ul aril negocal Tia, Nilson LaurenschlegerJnion, Revista de Direlto Mercantil. S# auio; ano XE1, n. 128, p. 199-223, out.-dez. 2002, p. 203). Sobre a teoria d2 it* titwigio: REQUIAO, Rubens. A sociedade andnima Samo “inecieccae’, Revit # Direito Mercantil. Séo Paulo, ano XIV, n. 18, p. 25-29, 1975. Sobre o tema: SALOMAO FILHO, Calixto, Op. cit., p. 34. 2 4 Gustavo Saad Diniz 103 CQ consenso somente se forma quando se identifica qu esse Se move na mi afeticao dos Pipes dena = éndulo do intel - ; ie grat Sanne poe nea es ian i ‘ les mais arraigadas Eee ee dos sécios, prepondera 0 interesse de pide lu ative favor deles, com ra intensidade na Projecao externa do interesse; ge prevalece a instituigao, hé interesses externos superiores e preponderantes aqueles internos dos sécios ou do sécio controlador; se é a uma sociedade de economia mista, h4 uma prevaléncia do interesse puiblico (art. 238 da LSA)* no entorno dessa mesma organizacao. De certa maneira, os socios assumem qiscos € asseguram a solvéncia da sociedade e trabalhadores e credores tentam seassegurar por meio de contratos. Por isso que a simbiose entre as teorias nao éincomum e a azo estd no posicionamento de Calixto Salomao Filho: é a corganizagio que se eleva para o objeto de tutela do interesse societdtio, por ser_ a ‘coordenacao da influéncia recfproca entre atos” que conforma o “feixe de rdagoes envolvidas pela sociedade”™”, reforcada pelafeonfianca |Ademais, com- plementa José Alexandre Tavares Guerreiro, a busca do hucro com cumprimen- to do objeto social compée elemento essencial do interesse societdtio, que nao se confunde necessariamente com o interesse dos sécios e nem com o interes- se da maioria”®, Esses 0s elementos, entdo, para interpretar o contetido do art. 115, caput, daLSA® que, por aplicagio supletiva e analégica pode ser levado aos demais tipos societdtios* e que condiciona o exercicio do direito de voto ao interesse da companhia. CARVALHOSA, Modesto. Comentari p- 457-460. SALOMAO FILHO, Calixto. O novo direito societdrio.... cit P- 45. keds GUERREIRO, José Alexandre Tavares. Conflitos de interesse entre soctlade SOU. ladora e controlada e entre coligadas, no exercicio do voto em assembles seni teunibes socais, Revista de Direito Mercantil, Sko Paulo, ano XXM,). SY Pe" jul.-set. 1983, p. 29. Posteriormente, do mesmo autor: Abstengio os Cites 685. ; Dispoe 0 caput: “Art. 115. O acionista deve exercer 0 direito 4 pe pa ines companhia; considerar-se-4 abusivo 0 yoro exercido com o fim C&T companhia ou a outros acionistas, ou de obten para sl ou Part Oo A arg que no faz. jus e de que resulte, ou poss resultar, prejufzo para utros acionistas”. : a dt ” DINIZ, Gustave Saad. Budo eparecees da pesoajurdia ¢ de atividade empresari Sio Paulo: LiberArs, 2013, p. 161-173- » ‘Tratado de Direito Comercial ¢ Volume 4 O excurso sintetizado indica que o interesse ae E conceit he nal?" e de integracao” dos ordenamentos da sociedade, Presentando-e ety a fatores econémicos peculiares a cada organizacao € que, a Contrapar indica pardmetro de atuagao dos rgfos sociais, como asserbleia [,¢ *8 ministradores (i.4.2] e 0 proprio o controlador. Relevante notar, entretanto, que em matéria de STUPO O interesse sociedades é reconduzido a um novo campo de embates, j4 que a esting plurissocietéria mistura outros fatores de poder ¢ controle na composicis chamado interesse do grupo, normalmente conduzido pela sociedade cont. ladora com diregio unitéria. E o que se analisa a seguir [#. 3]. 3. INTERESSE EM GRUPOS SOCIETARIOS Outro aspecto relevante ¢ a identificacao do interesse da organinagy no Ambito de grupos societarios — fendmeno econémico de concentracio de absoluta relevancia atualmente. Nao se trata de questo simples, em razio dy problema central de tratamento do paradoxo® “unidade na diversidade” eng atribuigao de consequéncias & ocorréncia de supremacia de interesse da s. ciedade controladora sobre as sociedades controladas (que nao sio neces riamente antitéticos). Todavia, ocorre certa perda de independéncia econé- mica das unidades em razio da direcdo unitdria®’, que pode causar conflite de interesses. Nos chamados grupos de direito (arts. 265 a 277 da LSA), h4 certo consen no sentido de que a sobreorganizacio societdria gerada pela convengio cia a pr- ponderancia de um interesse do grupo sobre as unidades que aderiram aquele pro jeto de atuacao unificada. Com respaldo em José Alexandre Tavares Guerreiro%,é * ANTUNES, José Augusto Engrécia. Os grupos de sociedades: estrutura ¢ organizi jurldica da empresa plurissocietéria. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2002, p. 573. % FERNANDEZ, Marfa Luisa de Artiba, Derecho de grupos de sociedades. 2, ed. Madi Civitas, 2009, p. 220. * ANTUNES, José Augusto Engrécia, Estrutura e responsabilidade da empresa: 0° demo paradoxo regulatério. In: CUNHA, Alexandre dos Santos (org). 0 diet cares ia obrigagoes e 0 navo Cédigo Civil brasileivo. Sa0 Paulo: Quartier Latin sp. 55. * IRUJO, José Miguel Embid. Algunas reflexiones sobre los grupos de sociedades ¥ % regulacién jutidica, Revisea de Direito Mercantil. Sio Paulovane XXIIL, n. 53: P: 40, jan.-mat. 1984, p, 25, ‘ 3, FERNANDEZ, Marfa Luisa de Arriba. Op. cit, p. 221-225, GUERREIRO, José Alexandre Tavares. Conflitos de interess > Pe interesse no grupo: IRUJO, José Miguel Embid, Algunas reflexiones..» 0, Sobre ® a Pp 25-ai ¥ Gustavo Saad Diniz 105 EH iste um interesse comum do grupo distinto do interesse da mat que exis Poel (art. 276 da LSA). Pal os grupos de fato ou baseados em coligacio e controle, nao se identifi- neresse 40 BPUPO como preponderante, aplicando-se o art. 115 da LSA aoe go dos confitos de interes. Asim, Ndson Esk stents qu de fato @ sociedade controladora nao pode impingir prejufzos as sob pretexto de beneficiar o grupo”. Eis a ratio da reparagio de anos por VO dado pela controladora conflitante com o interesse da socieda- amanrlada (at, 246 da LSA), que permite a anulagao de deliberagao mesmo ra prejuizo ¢ em raz4o de vicio intrinseco™. 0 jo controled ye 0 0CO! ‘A medida é ustifichvel, conforme constataram Lacerda Teixeira e Tava- 1s Guerreiro, porque as relag6es entre controladora e controlada nao permi- temo sactificio do interesse da controlada®. Assim, afirma Calixto Salomao que a organizagao do feixe contratual de um grupo demanda regras de ade- Fc enmpensagao de prejuizos — inclusive com tendéncia de aproximaséo ‘os entre grupos de fato e de direito. Além disso, € importante apontar que 0 abuso de influéncia dominante da controladora serd contido pelos mesmos instrumentos gerais do direito societario”, inclusive quanto to conflito de interesses, sem que haja disciplina especifica para os grupos deregrament nesse tema. 4, CONFLITO DE INTERESSES A qualificacao do conflito de interesses decorre de um comportamento. Os controladores ou mesmo um érgio societdrio atuam de forma a contrariar PEREIRA NETO, Edmur de Andrade Nunes. AnotagGes sobre os grupos de socie- Gnd Revista de Direito Mercantil, Sao Paulo, ano XXX, n. 82, p. 30-38, abr-jun- +p. 30. ae Nelson. A Lei das S/A comentada, Sio Paulo: Quartier Latin, 2011, v. IIL P GUERREIRO, José Alexandre Tavares. Conflitos de interesse, cit., p. 30. TEDCEIRA, Egberto Lacerda; GUERREIRO, José Alexandre Tavares Das said Gtininas no dircito brailiro, Sao Paulo: Bushatsly, 1979, ¥. 2, p. 698. Também: « EIZIRIK, Nelson, A Lei das S/A... cits v. IL, p. 332. $ALOMAO FILHO, Calisto, O nave dirt.» cto pB- “Também: COMPARATO, io Konder, SA LOMAO ZILHO, Calixto. O poder de controle na sociedade anéni- «Rt &:ed. Rio de Jancizo: Forense, 2005, p. 360 asim tamém no direito italiano: CAMPOBASSO imerciale. 5, ed. Torino: UTET, 2013, p» 229- Gian Franco. Manuale di diritto 106 ‘Tratado de Direito Comercial * Volume 4 ‘© que seja o interesse da sociedade, sactificando-o i“ om Parcel Dessa maneira, a qualificagao de atuagao conflituosa lemanda a identi, do érgio de proveniéncia do comando contraditério ao interesse de Presenge da organizacao. : rgani pode ser a causa de danos & sociedade oy Pe | O conflito de interesses s anos . han a validade de uma deciséo de érgéos societdrios, sendo vari dria opgoes de legisladores alhures pela solugao juridica que melhor equacione, problema. INTERESSES EM ASSEMBLEIA s fixados, a orientagao de Modesto Carvalhosa pe. legislagao brasileira: 4,1. CONFLITO DE Com os pressuposto: mite identificar as consequéncias previstas na voto deve ser exercido ex causa societas. O voto nao deverd set un imecanismo de realizacéo prevalecente dos interesses pessoais do sécio, maso txercicio de um poder delegado a ele pela comunidade de seus pares fim e que cada um contribua individualmente ou em bloco para a formato da wr tade social. Caso se descumpra essa regra de respeito ao interesse da sociedade [i 4, qualificam-se dois institutos diversos no mesmo dispositivo legal: o abuso do direito™ de voto ¢ 0 conflito de interesses, podendo ser causa de um prejulzo imediato ou futuro a sociedade ou aos demais acionistas, ainda que o voto nio tenha prevalecido (art. 115, § 3, da LSA). A interpretagao do contetido do art. 115 da LSA indica a opsao do legis: lador brasileiro pela reparacao de danos & sociedade em razo de deliberacéss proferidas com voto abusivo “com o fim de causar dano 4 companhia ou! outros acionistas” ou de obter “vantagem a que nao faz jus e de que resulte, 04 possa resultar, prejuizo” — ou seja, a perda pode ser imediata, futura ou mest? deixar de obter vantagem Iicita*. A relagao é evidentemente de nexo de caus © GALGANO, Francesco, Trattado di diriee i j diritto puoblio dell'economia, Padova: CEDAM, 1988, v. ciao riot peat CARVALHOSA, Modesto, Comentdrios..., cit., p. 460. abuso de direito tem natureza essencialmente delitu jolags ial busc n tual pel da final do dro (LIMA, Avino. Abus de dit, Reva “rn Ria de ane 2° . 166, p. 25-51, jul./ago. 1956, p. 31). Sobre a opgao da LSA com base nest Be u psao. 3A com base Ba WZARIK, Neto. A Lei das S.A comentada. Sao Paulo: Quartier Latin, 201 * © CARVALHOSA, Modesto, Comentérios... cit. p. 461. dade entre 0 voto abusivo e 0 dano ered pel a : desume do § 32domesmoart.115 abuso de direito, conforme Preocupa em fixarhipéteses de suspen aca le int no caso de laudo de avaliagao em que o aci teresses, como _ Ocontetido do caput ainda é completado pelo § 42, quanto 20 conflito deinteesses, com a sano jurfdica é a anulabilidade da deliberacao, sereeide dodever de reparacao de danos e transferéncia de vantagens pate sociedade Alguma casu(stica auxilia na compreensio do preceito pelos Tribunais brasileiros: (a) ha conflito de interesses se os sécios controladores autorinam venda de bens da sociedade outra com mesmo objeto social (c da qual sio s6cios)¢, ainda, desviam clientela™”; (b) invalida-se assembleia por conflito de interesses de sécio majoritério que elege parente que descumpre deveres fidu- ciérios como administrador‘; (c) hé conflito de interesses em deliberacao feita por interposta pessoa em beneficio de sécios controladores e contrariamente aos interesses da companhia™; (d) com base no art, 238 da LSA, numa socie- dade de economia mista, nao é posstvel afitmar que houve abuso de poder de voto e conflito de interesses numa assembleia em que a controladora delibera pela quitagéo de impostos devidos pela sociedade, sob argumento de que este voto violou os interesses dos sécios minoritdrios™. 4.1.1. Opgbes Estrangeiras A legislacao estrangeira tem vatiag6es de intensidade sancionatéria entre impedimento de voto, invalidade e reparacéo de danos. No direito italiano, o art. 2.373, 154, do Codice Civile dispe que a deli- O ST) exige a efetiva prova do dano para a caracterizagio do dever de pari: sTj, 32 Turma, REsp 10.836/SP, rel. Min. Cléudio Santos, j. em 42-199 eee TISP, 98 Camara de Direito Privado, rel. Des. Piva Rodrigues, j. em 19-8-201% ‘ ireito Pri Luiz Antonio Costa, j. em 10-4-2014. TSP, 74 Camara de Direito Privado, rel. Des. 104-2014 © Tsp, 108 Camara de Diteito Privado, rel. Des. Carlos Alberto Garbi, j. em 19 2013. * i . Federal TRE, 24 Regido, ApCv 2001.51-1-016561-9, 44 Turma Especil rel. Des. Federal Lana Regueira, Dje de 5-11-2010. “Ant, 2373, (1] La deliberazione approvata co iano, per conto proprio o di terzi, un interes ®impugnabile a norma dell’articolo 2377 qua n il voto determinante di soci che ab- se in conflitto con quello della societa ora possa recarle danno. pew Comercial + Volume 4 | ‘Tratado de eae ze | nante de sécio em conflito de i “ rar danos 2 sociedade. A redacao adotada ii! ‘ nnery depende do implemento de duas Condigtes 4 2003, ensina Camp’ ‘a deliberaco inatacdvel: (a) que © voto seja dee * nfo ocorrerem format & "1 eg deliberagio possa trazer danos& sig nante (prova di resistenza); (b) de dano ocorre em deliberacao de adn; "1, A presuncao io Se til reponaablidade (art. 2.373, 2) €0 objetivo dy tradores és ioeh rejuizo do interesse social, Por jimir 0 abuso da maioria em preju ome ee ae i a tincis se restringe 2 anulabilidade se a deliberagao Prejutg enfoque, i minoria dos sécios™. on dienes regula o conflito de interesses no aD 251 do Céclgng Sociedades Comerciais*, com a opsa0 do impedimento : voto em cai gy enumera e que parte de uma cléusula aberta ern SE le “liberacao de un, obrigagio ou responsabilidade propria do sécio". A opgio da Alemanha prescreve sangoes juridicas de exclusio do ditty de voto no § 136, Abs. 1, da AkeG, para os titulares de interesses nas deli ‘mii beragéo aprovada com voto deter: impugnével se puder ge! 2 CAMPOBASSO, Gian Franco. Manuale di diritto commerciale. 5. ed. Torino: UTEL 2013, p. 246. 53 CAMPOBASSO, Gian Franco, Op. cit., p. 247. “Art, 2512 (Impedimento de voto) 1. O s6cio nao pode votar nem por si, nem por representante, nem em representa! de outrem, quando, relativamente 4 matéria da deliberago, se encontre em situs? de conflito de interesses com a sociedade. Entende-se que a referida situacio & conflito de interesses se verifica designadamente quando se tratar de deliberagio recaia sobre: a. Liberacéo de uma obrigagao ou responsabilidade propria do sécio, quet qualidade, quer como gerente ou membro do érgio de fiscalizacéos b. tee sobre pretensao da sociedade contra o sdcio ou deste contra aquelt ® gealguer ds alidadesreferidas na alinea anterior, tanto antes como depo #* «. Perda pelo sécio de parte da sua quota, na hipétese prevista no art. 204% d. Exclusio do sécio; . Consnsmeneo Previsto no art. 2549, n, 1; Destituigéo, por just eu 6rgio de flacalsacdy a 8 Qualquer relacéo, estabelecid, 20 contrato de sociedade, 2. O dispos Sociedade.” bro et da geréncia que estiver exercendo ou de m* jot la ou a estabelecer, entre a sociedade e 0 sécio fo nas 3 alfneas do niimero anterior nfo pode ser preterido n0 ©" Gustavo Saad Diniz 109 das sembleia geral sobre a aprovacio de atos d ro de obrigagbes € execUGao de créditos5, ‘Além disso, no § 243 da AktG admite-se a possibi itativa de prejuizos caso 0 voto em assembleia tr: sonst em detrimento dos demais. A regra geral & que cabe ago de anulacio de decisio da assembleia geral em tazao do acionista tentar obter vantagens articulates para si OU para outros acionistas. Entretanto, o Abs. 2 do § 243 prevé que a compensacao adequada possa ter efeito de uma espécie de conva- lidagio do negécio. O sistema dos EUA, em geral, nao permite supressio de voto, presuposto que esse direito fundamental nao pode ser negado 20 balza daquele sistema passa a analisar casuisticamente comportame fraudulentos e conflituosos com o interesse da sociedade. Um leading case importante do direito norte-americano foi © caso Figer Lawrence, decidido pela Corte de Delaware e que discutia a opgao ‘Tcompra de ages com parte relacionada e com interesses diretos de dive. tores¢ acionistas majoritérios. © fundamento da deciséo foi o comporta- mento ilegitimo de diretores, que “usurparam oportunidades da companhia em seu préprio beneficio”, ainda que houvesse a ratificagao de atos pelos acionistas majoritarios®s, le administragio, exonera- lidade de compensagéo ‘aga vantagens para um tendo por acionista. A ntos ilfcitos, Também hd referéncia da impossibilidade da justiga se imiscuir no ho- nesto busines judgment de organizacao se nao se identificam fraudes, ilegalida- des ou conflitos de interesses. Essa a suma do que foi decidido no caso Schlensky + Wrigley”, sobre um fa do time de beisebol do Chicago Cubs que pleiteava a instalagao de luzes noturnas para a prética do esporte, tal como realizado pela equipe concorrente na cidade, o Chicago White Soxs. Outro ponto importante nos EUA foi a geracdo de um teste de identifi- ‘agao de boa-fé nos negécios (fairness test**) envolvendo o interesse da socieda- de, Exemplo desse standard & 0 caso Weinberg v. UOP®, que julgou fusio ¢ “usicéo com teste de andlise do prego de aquisicéo e do processo de aprovacio. . SCHMID 850-851, Supreme Court of Delaware. 361 A2d 218 (Del. 1976). Minos Appelate Court, 237 NE 2d 776 (Ill. Ap. 1968). 4 om criticas a tal sistema: MITCHELL, Lawrence. Fairness and trust in corporate » 2% Duke Law Journal, v. 43, p. 425-491, dex. 1993. Stpreme Court of Delaware. 457 A.2d 701 (Del. 1983). T, Karsten. Gesellschafisrecht. 4. ed. Miinchen: Heymanns, 2002, p. 4 110 Tratado de Direito Comercial * Volume 4 4.1.2. Conflito Formal e Conflito Material de Interesses Controvérsia doutrindria relevante decorre da interpretacs, is § 12, da LSA®, Expressamente dispée a lei que 0 sécio nag Pode ya I sembleia sobre laudo de avaliagao de bens por ele confey Fidos 20 canis vacao de suas contas como administrador e em matérias WE possam, le ® -lo ou que tiver direto interesse. As duas primeiras vedacdes nig Sk att troversas, mas as duas dlkimas (beneficio interese diet) 8 a grande cisma. 4 O beneffcio particular é definido por Nelson Eizitik com Sendo gem licita, um favor concedido ao beneficidrio, em sua condieg, Aik mas que rompe o prinefpio da igualdade”. Nessa hips ACionig luta de voto) Resta o interesse conflitante, que gera uma grande divsgo dst digs 4 tg Um primeiro grupo de juristas se alinha formando 0 chamadokoaflistony i . eos ae Modesto Carvalhosa sustenta que o dispositivo traz vedacio forma » ante ao prdprio voto, nao sendo possivel “ © somente depois de realizada assembleia, Especificando esse entendimento, dispositivo se retira a interptetacéo pel cacao do interesse social com o interes Calixto Salomao Filho sustenaqeh lo conflito formal para evitar aiden se do controlador, ao passo que Ri mesa diretora dos trabalhos da assemtl computar voto que configure desvantagem pat Outros acionistas, Do outro lado, posiciona-se a corrente do{conHito material pu substanid “$1 nista nfo poder votar nas deliberagbes da assembleia geral rast iasdo de bens com que concorrer Para a formagio do capital sc 2 OF Nem em quaisquer outras er fic Patticulas, ou ém que tives intered’e ont Hinaste ooo dl @ Phin BIZIRIK, Nelson. Op. cis, »v Tp. 659. CARVALHOSA, Modesto, Comentéri 2 O acio: laudo de aval; e 6 7 465-467. @ SALOMAO FILHO, Calix i om City pe AAIB. y COMPARATO, Fibio Ki nder, Direit i i res, $é0 Revista dos Tribunais, 1990.5 Ot pf aad raze i . Premissa do autor: ‘A posible, 4 mercit® a todo contrato plurilateral, nfo obstante 4 “sssope que lhe ¢carscertice (open 89). Gustavo Saad Diniz Dentre eles, Luis Gastio Paes de Barros Leies® ¢ Paulo C, : hes : aulo Ac adver que? aferigao do voto em conflito deve set posterior atin Nessa linha, Nelson Eizirike sustenta que 4o legal sl 7 tenta que a mengao | fiante” implica considerar 0 voto privilepiado do acionist: 2 verificado posteriormente, mediante anilise do mérito da deliberaca seu impacto sobre os negécios sociais”®?, ea aeb Por sua vez, José Alexandre Tay. iro® ee | rates Guerreiro ¢ Erasmo Valladao A. N. Franga® constatam proibicéo de voto na hipStese de beneficio particular eco aferigao posterior em caso de conflito de interesses”? [ Face as necessidades do mundo econédmico moderno”! ¢ ao forte teo: eee : deconfianca da organizacao, gerador de esquemas de imputagio, acreditamos na posicio de Guerreiro, Ledes e Valladao Franca, dentre os demais aponta- dos. José Alexandre Tavares Guerreiro arremata que “nao existem conflitos deinteresse em poténcia, mas, ao contrdrio, que estes s6 entr: lo juridico através de expresses concretas, apreciadas em cada caso ¢ conforme as circunstancias”””. oo legal a “interesse con 2, “que somente pode Ainda assim, a matéria esté longe de ser pacificada, sendo objeto de mu- dangas de paradigmas na Comissio de Valores Mobilidtios (CVM) para as LEAES, Luis Gastio Paes de Barros. Pareceres. Sio Paulo: Singular, 2004, v. 1, p. 176-184. ARAGAO, Paulo Cezar. Apontamentos sobre desvios no exercicio do direito de voto: abuso de direito, beneficio particular ¢ conflito de interesses. In: CASTRO, Rodrigo R. Monteiro de et. al. (coord.). Direito empresarial e outros estudos em homenagem ao Professor José Alexandre Tavares Guerreiro. Sa Paulo: Quartier Latin, 2013, p. 183-214. © EIZIRIK, Nelson. Op. cit, v. I, p. 663. @ —GUERREIRO, José Alexandre Tavares, Conflitos de interesse.... cit p. 30. © FRANCA, Erasmo Valladio Azevedo e Novaes, Conflito de intereses. cits p. 89-91. ® Idem, ibidem, p. 93-96. : a Tal adverténcia jé foi feita h4 muito tempo por Mengoni: MENGOR Leh fe punti per uma Revisione della teoria sul conflitto di interessi nelle ea wioni di assemblea della societd per azioni, Rivsta delle Socita, p. 434-464, 1956. ae GUERREIRO, José Alexandre Tavares, Conflitos de interest Cit Pe 32. : inseppe Ferri tem semelhante posigio: “La invaliditd della deliberazione, come omeceiirt del?invalidita del voto, non & in funzione quindi della sola posizione &¥ col Us 2 in funzione di un elemento ulteriore e ciot della deviazione che per Posizione di conflitto concretamente si & deserminatanlfsercii ia ia : pat : da parte del socio o da parte dell ‘amminitstore¢ (GERRI Giuseppe. Zrattato di dcliberazione potenzialmente dannosa pet 710-711). divin civil iediana: le socket. Torino: Torinese, 1971, v.10, t-3: P ll 112 Tratado de Direito Comercial * Volume 4 companhias de capital aberto. No conhecido cso [iach howe cons faery tay io sobre impedimento de voto de acionista contro! lador na assembleig Se soen tn eamagdo com parte relacionadas. A conchisio do Coie \cliberou sobre transa¢: = ( aA , foi no sentido de que sociedade controladora nao poderia participar da, ee 7 que iria discutir a aprovacao de contrato entre a controladora e outra Socied, de do grupo da controladora’. CONFLITO DE INTERESSES NA ADMINISTRAGAO ‘A pauta de conduta dos administradores é baseada na lealdade eno dle agit com busca do interesse da companhia (arts. 154 e 155 da LSA), py consequéncia, a Lei de Sociedades por Agées veda a atuacao em conflito nga, 156, ao restringir a intervengéo do administrador em operagdes em que houyg conflito com o interesse social. O tema foi sistematizado por Luis Felipe Spinelli, que fez diferenciarn de categorias diversas do conffito de interesses, porquanto derivadas de devers fiducidtios como a diligencia, obediéncia ¢ informacéo, além de condutas qu nfo necessariamente caracterizam 0 conflito, mas outras categotias, como no caso de usurpacao de oportunidades da companhia, prética de concorténciae divulgacao de informagées confidenciais. Para Spinelli, a regra do conflit d interesses para administradores fixa procedimento lastreado na informaggo com objetivo de esclarecer se a operacio & “razodvel e equitativa (fair), 0 que sefa verificando se suas condigées sio idénticas as condigdes que prevalecem ro mercado ou em que a companhia contrataria com tetceiros — arm lengh negotiation”, 4 Comissio de Valores Mobilidrios. Processo n. RJ2009/13179, rel. Alexsandro Broede! j, em 9-9-2010. Disponivel em: . Consulta em: 4 Pe it Posicionamento seguinte mudou o enter cbel. Sobre as decisdes, interessante #9 de . N. Franca em: Acioni ols mes 2 dic dv, Ri de Di Mere a Nn pile2, Hunzmar. 2002, ¢ do mesmo autor: Conflito de interesses ~ formal Paulos ann, ug"? Cecisio da CVM sobre a questo, Revisea de Dizeito Mercantil ulo, ano XLI,n. 128, p. 225-262, out-dex 2000, SPINELLI, Luis Felipe, Conflito de j s 7 ee vs tit de intersses na administragao de soviedade and Gustavo Saag Diniz taco do ad: . ‘Acontrat ‘ador com acom igacional’® dev Panhia é admici oct obrigaci em ser observadas condicge ‘mitida, Mas nesse compattveis com 0 mercado (art, 'SO€S equitati: 156, § Jo vas © com p a anilise do gssuhity encetada pela douttina, eae LSA)757, Nio € recen. an de Mendonca” e J, Lamartine Cones ri 'ME se constata em Car- contrato consigo mesmo ¢ ch > que analisam 9 chamado advertem para a i Pi Necessidade de que o are i i PaFa 0s negécios normais de Oliveira» yeasio do art, 156, § 18, da LSA. Aliso nays eats ee p desautoriza a participacgo do adva ‘put do se eek paste sinteresse conflitante”, cumprindo-lhe negocio juridico de | cientificar a sociedad se con mprindo the cier lade sobre a natu cextensio do interesse. Luis Felipe Spinelli estende a andlise ‘Para | emgrupo, que também ficam sujeitas a essa inten retacao do co 5.AINVALIDADE DO CONFLITO DE INTERESSES Feitas as distingdes, alguma sistematiza 6 io pode ser oferecida a partir da distingéo entre os vicios de assembleia, de deliberacio ¢ de voto, tespaldando onciocinio na imprescindivel ¢ jé cléssica obra de Erasmo Valladio A. N. Frng2 sobre 0 tema. A propésito, 0 comercialista propée a distincao entre 4 sungio de nulidade e de anulabilidade a partir do interesse envolvido. Sendo imeresses pessoais do acionista (como no conflito de interesses), a pendlidade &aanulagao. Caso o malferimento seja da lei ou de preceitos de ordem publi- «aaplica-se a nulidade. @ Em razao desse pressuposto, a invalidade de assembleia segue sempre 0 ‘eglme da anulabilidade, porquanto haja a tutela de interesses prdprios do acio- a deck . p. 20. SILVA, Clovis V. Couto e. A obrigasio como sree is de ae ae ce alias = A contratacio em condig6es equitativas também € admiti a ed sonia controlador (art 117, 18, fda LSA) €com oo » 245 da LSA), Em doutrina: EIZIRIK, Nelson. Op. cit. v. ls p Shade o tnveneae eons, © ST) decidiu, no REsp 156.076, que fica caracterizado 0 incr cot te ™Mesmo que haja assinatura de outros diretores, se 2 contrata¢: iar, j. em 5-5-1998). cae 7teR, ge lite SNe ee arta be 5. ed. “ARVALHO DE MENDONGA, J. X. Tratat » Ne de Janeiro: Freistas Bastos, 1954, v. Ill, eee QUYVEIRA, José Lamartine Corréa de. A dupla eri : Sea, 1979, p. 326. PINELLL, Luis Felipe, Op. cit, p. 148. da pessoa juridica, Sio Paulo: 113 114 Tratado de Direito Comercial * Volume 4 nsideradas formalidades essenciais 4 con instalacio e deliberacéo do conclave (arts. 123 : oH od A Peal assembleia dependeria da demonstrag20 de erro, “ , im si, reconhecido o vicio, ocorre o comprometimento da assem! ea a sua inten, 6) As deliberagdes jf s40 definidas por pressuposto mais comple, seado também no interesse™. Se 0 contetido da deliberacéo atingir 2 ote publica, interesses de terceiros, preceitos legais € desolteant o modelo. society ou ainda suprimir direitos de acionistas, a sangao puricica et de nulidade, Sig anuléveis as deliberagées exaradas com erro, dolo, coacio ¢ fraude e dems, decisdes que normalmente impliquem afastamento de interesses dos acini ~ ressalvando-se hipéteses especificas de nulidade e ineficécia, que devem s analisadas casuisticamente®. O reconhecimento de vicio da deliberacio pode nao implicar perda dos demais atos decididos em assembleia. @ O voto segue a disciplina da anulabilidade, com o pressuposto de s- mente arguir 0 vicio do voto decisivo para a formacao do quorum necessitio: deliberago portadora do conflito de interesses. Assim, serao anuldveis vous exarados com erro, dolo, coac’o, fraude e conflitantes com o interesse da com. panhia (art. 115, § 42, da LSA). Ressalvam-se a nulidade do voto em caso de incapacidade absoluta do acionista ¢ a ineficdcia do voto proferido contrao acordo de acionistas (art. 118 da LSA). Somente para fim de comparagio, mostra-se interessante observat 0 direito portugués, que estabeleceu fronteiras um pouco mais nftidas em casts de nulidade e anulabilidade para deliberacées, respectivamente nos arts. 56" nista®, ainda que sejam co "FRANCA, Erasmo Valladio Azevedo e Novaes, Invalidade das deliberagées nas ast bleias de SIA, Séo Paulo: Malheitos, 1999, p. 89. © autor ressalva hipétese de nl dade de assembleia néo convocada ¢ confirma a anulabilidade no cexemplo de aust cia de quorum legal ou estacutério de instalacéo devido a erro na contagem de 65 (op. cit, p. 90). : FRANCA, Erasmo Valladio Azevedo ¢ Novaes. Invalidade.., cit, p. 98-99. " 1m alguns exemplos ¢ distinges: FRANC lio Azevedo ¢ Novats Invalidade... cit, p. 102.106, eens Naeite feral “ “Art, 568 (Deliberagées nulas) 1- Sfo nulas as deliberagSes dos sécios: a, Tomadas em assembleia geral ni jos tiverem & tad presenter ou sepa ial H° convocada, salvo se todos os sécio se b. Tomadas mediante voto escrito ham sido convidados a exercer Por escrito 0 seu voto; ‘i aa © Sem que todos os sécios com direito de ead esse direito, a nao ser que todos eles renham Gustavo Sead Dini 1 «. Cujo contetido nao esteja, por nacureza, sujito a deliberagio dos sécios; 4, Cujo conteiido, directamente ou por actos de outros érgios que determine ou permira, seja ofensivo dos bons costumes ou de preceitos legais que nao possam ser derrogados, nem sequer por vontade unanime dos sécios. 2-Nio se consideram convocadas as assembleias cujo aviso convocatério seja assina- do por quem nfo tenha essa competéncia, aquelas de cujo aviso convocatério néo constem 0 dia, hora ¢ local da reuniao e as que retinam em dia, hora ou local diver- s0s dos constantes do aviso. 3-Anulidade de uma deliberacZo nos casos previstos nas alineas a) ¢ b) do n. 1 néo pode ser invocada quando os sécios ausentes e nao representados ou nio participan- tes na deliberacGo por escrito tiverem posteriormente dado por escrito o seu assenti- mento deliberacio.” “Art. 582 (Deliberagées anulAveis) 1+ Sio anuliveis as deliberagoes que: 4. Violem disposigdes quer da lei, quando ao caso nfo caiba a nulidade, nos termos do art. 562, quer do contrato de sociedades : ; b. Sejam apropriadas para satisfazer 0 propésito de um dos sécios de conseguis, etra- vés do exerc{cio do direito de voto, vantagens especiais para si ou para tercsiros, em Prejutzo da sociedade ou de outros sécios ou simplesmente de pee aquela ou tstes,a menos que se prove que as deliberagées teriam sido tomadas mesmo sem of votos abusivos; . Nao tenham sido precedidas do fornecimer informacio, 2- Quando as estipulagdes contratuais ‘stes considerados directamente violados, 3- Os sécios que tenham formado maioria don. 1 respondem solidariamente para com Pelos prejutzos causados. nto 20 sécio de elementos minimos de jmitarem a reproduzir preceitos legais, si0 se limiarer os dese artigo € do art. 562 ‘em deliberacio abrangida pela alinea b) 4g eociedade ou para com os outros sécios Tratado de Direito Comercial ¢ Volume 4 INSTRUMENTAL DEVER DE INFORMACAO PARA Minty, ZAGAO DOS CONFLITOS DE INTERESSE . Numa organizacio de natureza societaria, a inserg4o dos sécios thes ie bui um conjunto de direitos ¢ imputa deveres conformadores de um Stang pico da condicao associativa, Portanto, a conformagao do status soci é bay qualquer andlise do conjunto essencial de direitos gerais que socorrem 9 Séci, Em especial, pelas tendéncias atuais de melhora de governo das empresas, destaque o sistema de regras de fluxo de informages em todas as dimensi., da organizacao. E de José Alexandre Tavares Guerreiro a Stichwort: 0 dircivoge informagio ¢ instrumental do “nexo juridico-patrimonial entre ssi sociedade”™, Identifica-se no direito de informacio, portanto, uma das Sarantias indi. viduais irrenuncidveit” dos sécios para contengio do poder exercido pelo sii controlador ao “dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos 6rgaos da companhia” (art. 116, b, da LSA). Seo poder é a influéncia sobres esferas subjetivas e patrimoniais alheias [7. ], naturalmente que 0 conhecimen- to do exercicio do poder representa nticleo essencial da prépria submissio do sécio & maioria e também é uma derivagao da lealdade e confianga presentes no contrato de sociedade. Alids, a contengao do exercicio desse poder é feita Por esse contrato, cujo garantismo conduz a atividade ao cumprimento deum interesse da organizagdo societétia [. 2]. Como 0 patriménio do sécio esté inserido na organizacao ¢ ela tem administracao orientada pelo controlador, o direito as informagées ¢ inerente 4 prépria condicéo de sécio™, inclusive e especialmente para que tenha act- 50 &s potenciais situagdes de conflito de interesses e para que ocorra, em cet lho fiscal ¢ o direito & informa 29, Tat TRO, Rodrigo R. Monteiro de et, al. (coord.). Direito empresarial e outros etude bomenagem ao Profesor Jost Alexandre Tavares Guerreiro. Sio Paulo: Quartet Lai 2013, p. 215-236, ©" CARVALHOSA, Modesto. Op. cit. v. 2, p. 340. F Observe-se, nesse sentido, o quanto dispunha o art. 290 do CCom de 1850: ie 290, Em nenhuma associacio mercantil se pode recusar aos sécios o exame de tol 0s livros, documentos, escriturasfo © correspondéncia, e do estado da exixa ma panhia ou sociedade, sempre que o requerer; salvo tendo se estabelecido no cate ou outro qualquer titulo da instituiczo da companhia ou sociedade, as épocas ¢ 4! © mesmo exame unicamente poderi ter lugar” Gustavo Saad Diniz medida, 0 fairness test. Portanto, as digress 4 sto I6gico: 0 status socii tem como eMptheden cestabelecer o pressu- Peo (ar. 109, § 2%, da LSA), Rotate () E ie 0 direito de infor- valinveido pelos demaisséciosedeve persona an ae Beso do ca Mieka [i 2) (b) para descaractrizat 6 “solo dec goat sea jurdica alheia niéo pode suprimirocontennnrne i eee feos poden (0) © contiate de mele Gra ee ee ee Fai no acess br ibfotinicfes Un te Rececacneae eee ee oe Se Te itos® de garantia da lealda. Por ser essencial & condigéo de sbci ee povided ty itis IAHTEIGNCER Memea, sah conse ee FisShcedadbs Corietotits Sani (reviess expres Ra ant btdela oo sshd diteiso do sdclo “abterintotindeSesscbie aida da soledaia ae teste da lei e do contrato”. Em seguida, nos arts. 652 e seguintes, rake aus tio de gestio com “exposi¢ao fiel e clara sobre a evolugéo dos negécios, do desempenho e da posigao da sociedade” (art. 662, 1). f “Cléusulageral de mesma ordem pode ser colhida no art 2.261 do Cod ce Civile, que regula 0 controle do sécio que nao participa da administracio, permitindo-se-Ihe acesso 20 desenvolvimento dos negécios sociais a partir de Consulta dos documentos. O dispositivo esté no capftulo das sociedades simples que, tal como no direito brasileiro, sf0 provedoras de regramento supletivo para os demais tipos. No direito alemao, Karsten Schmidt afirma que prevalece uma obrigagéo (mais que um direito) contra a organizacdo € 0 gestor da atividade, qualifican- do-se como direito coletivo de informagao (kollektive Informationsrech)”, que "31 da ARtG, com o dever de informagéo dos admi- 0 § 243, Abs. 4, disp6e que a infor- objetivamente,utilizado como ocorre por exemplo no § 1 nistradores perante assembleia. Ademais, macfo se torna relevante se o acionista a teria, condiggo essencial para o exercicio de direitos. trés instrumentos de acesso do sécio 2 in- de fiscalizar a gestio dos negécios (art. dores em assembleia Podem ser apontados, entao, formagéo, como derivagao do direito 28 109, III, da LSA)": (a) informagées obtidas de administra —_—— ° GUERREIRO, José Alexandre Tavares. 0 conselbo fiscal... City p- 30- SCHMIDT, Karsten. Op. cit. p. 628. Dizem Valdo Rizzo e Marco La Rosa de Almeida que, Gio nao esteja expressamente positivado, ele “permeia to tidos 20s acionistas, vale dizer, ¢ direito que s°*¥° como » embora o diteito de informa- dos os demais direitos garan- garancia ao exerccio dos 117 118 ou reuniao de sdcios; Tratado de Direito Comercial * Volume 4 ral (b) afergées via Conselho Fiscal (c) regutaridag, : 152, escrituragdo contdbil”. Qo que nao atuam na administ ciais, sobretudo para particlp: f is e representa atuacao direta do. «.. Aprimeira hipétese € amais comum e rep! 108 Sci, 8 dministragao para obter as informagées que lhe sig ar com conhecimento das assembleias geri dindtias?, E comando comum da legislacao que seja ee ao cig aces sinformagéesdasocedade,previamente a0 conclave. Exemplo dg, co art. 157 da LSA, que determina 0 dever de administra lores de Compan abertas de informar os sécios minoritérios sobre os interesses Pattimoniaig ressalvado 0 § 52, dispondo que “os administradores poderio recusare, prestar a informacio (§ 19, ¢), ou deixar de divulgé-la (§ 40), se entendetey que sua revelagio pord em tisco interesse legitimo da companhia™, Afastada essa peculiaridade da S/A de capital aberto, o normal é que g administradores prestem contas diretamente as assembleias (art. 134, § 19,4 LSA) e ao conselho fiscal. ‘Nas sociedades anénimas, o art. 132, I, da LSA prevé a Assembleia Gen] Ordindtia para “tomar as contas dos administradores, examinar, discutire votar as demonstrag6es financeiras”. Para que possam exercer esse direito com conhecimento das causas, o art. 133 da LSA prevé acesso dos acionistas telatério da administracdo sobre os negécios sociais e os principais fatos adm- nistrativos do exercicio findo, cépia das demonstragbes financeiras, o paeet dos auditores independentes, parecer do conselho fiscal, dentre outtos doct mentos. Também determina 0 mesmo dispositivo legal que a convocacio assembleia informard 0 local onde podem ser acessados os documentos ou envio de cépia se 0s acionistas requererem por escrito, Sao Paulo: Malheiros, 2011, p. 594), TEIXEIRA, Egberto Lacerda; GUERREIRO, José Alexandre Tavares. Das sociedalé ntninas no direito brasileiro. Sio Paulo: Bushatsky, 1979, v. 1, p. 283-284. Segui Ses ane emaste: FRANCA, Erasmo Valladio Aveved = Novaes, Temas city Sobre 2 atuacéo do acioni : , cael individual: CARVALHOSA, Modena © © conjunto de direitos de iniciat® . cits, v2, p, 354-355, Gustavo Saad Diniz Cabe destacar, ainda, que a discordanci i ' deve ser externada na assembleia, com, aie Ladies fenate 130 ¢157 da LSA), jd que a aprovacao de contasinibe eventual men ke fizagao de administradores ou de sécio controlador, conforme jé de id : TJ: “O acionista da sociedade anénima, individualmente. a ret booth midade para propor aco de prestacdo de contas em face do ilnanton mormente quando estas foram apresentadas & assembleia geral e por AA aprovadas”””. Em direito positivo, a assunto € reforcado pel ‘ “3 1.078, § 32, do CC. 'gado pelo contetido do @ A segunda hipdtese é de instauragao de drgio garantidor de acesso as informagoes € de afericao de regularidade de contas. Trata-se do Conselho Fiscal, de funcionamento obrigatério nas companhias abertas e facultativo nas sociedades anénimas fechadas. Esse érgao serve no somente para aferigio de regularidade de gestéo, mas também tem a permanente fungao protetiva dos minoritdrios, sobretudo por lhe ser permitida a requisicao de documentos (art. 163, § 12, da LSA ¢ art. 1.069, I, do CC) e a dentincia de irregularidades e illcitos (art. 163, IV, da LSA e art. 1.069, IV, do CC). Finalmente, o suporte documental da escrita contabil também represen- tainstrumento relevante para o exercicio do direito de informacio, por trazer referencias da atividade empresarial ndo somente ao Fisco ou ao mercado — quando publicadas -, mas também aos minoritétios que nao participam da administrago dos negécios da sociedade e que procuram a identificagéo de conflitos de interesse. 7, CONCLUSAO O interesse social & caracterizado pela tutela da organizagéo e da busca do lucto por meio do cumprimento do objeto social [i. 2]. Assim, 0 objetivo do direito, ao qualificar a fattispecie, nao é a perseguigao de interesses eth de sécios, mas sim a preservagao de interesses de grupos que mantém relagtes Ou sio inseridos na organizacao. Em diferentes medidas, isso ocorre com sécios (enquanto tais), credores ¢ trabalhadores. {es sociais colaborativas séo de- A tendéncia ao ego{smo e a falta de ag decorre de um com- ‘erminantes da categoria do conflito de interesses, que = ? -2006, p. 191. ? REsp 792.660-SP, 38 Turma, rel. Min. Castro Filho, pe de:10-4,2006, 8 GUERREIRO, José Alexandre Tavares. Op: cits P- 30-31- 119 120 Tratado de Direito Comercial * Volume 4 portamento [i. I]. No ambito de uma organizagao societdria, 0 confit efeitos se hé contraposigao de interesses de sécios ou de administradoye,* geram antagonismo com © interesse da organizagao societaria [7, 2), ah 7 breorganizacao grupada [#. 3], com sangées juridicas em caso de ing, sociedade [i. 4]. : No direito brasileiro, 0 conflito de interesses pode repercutir em assemb: (art, 115 da LSA) [i 4.1] ou em posturas da administragéo (art. 156 da Ls [i 42). Pode também ser a causa de danos & sociedade ou contaminar a, dade de uma deliberagao [#. 5]. F £ importante ressalvar que a convalidacao ¢ a compensaco de perdas situago de conflitos de interesses nao estd descartada de todo, mas dependey de adequacéo nas informagGes prestadas aos acionistas [i. 6].

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