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EXMO(A). SR(A). DR(A).

JUIZ(A) FEDERAL DA 03ª VARA DO TRABALHO DE


BELÉM/PA

DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA AO PROCESSO N.


0000838-18.2022.5.08.0003

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

MM. JUIZ(A)

RENATA MELO BATISTA, brasileira, solteira, advogada,


portadora da CI. n. 5815164 (SSP/PA) e inscrita no CPF sob o n.
802.539.622-34, residente e domiciliada em Rua Ferreira Pena, n.
347, apto. 803, Umarizal, CEP: 66050-140, Belém/PA, com fundamento
na lei (CLT, art. 840), vem, com a ordinária reciprocidade de
respeito, por intermédio de seus advogados e procuradores
judiciais in fine assinados, ut instrumento de procuração (anexo –
Doc. 01), propor esta RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em desfavor de
MARCELO ARTUR MIRANDA CHADA, titular do CARTORIO DO 1º OFICIO DE
REGISTRO DE TÍTULO E DOCUMENTOS DA COMARCA DE BELÉM, brasileiro,
solteiro, oficial de registros públicos, portador da CI. 5341408
(PC/PA), inscrito no CPF sob o n. 939.523.682-53, residente e
domiciliado em Travessa Padre Eutíquio, n. 1800, Edifício Oriente
Vasconcelos, 17 andar, Batista Campos, CEP: 66025-230, Belém/PA e
com endereço profissional em Rua João Diogo, n. 26, Campinas, CEP:
66015-165, Belém/PA de acordo com os elementos fáticos e jurídicos
a seguir delineados na causa de pedir:

1 – CAUSA DE PEDIR – BREVE SINOPSE FÁTICA

A Reclamante foi admitida pelo Reclamado em 18.05.2022,


na função de Escrevente, conforme CTPS Digital em anexo (anexo –
Doc. 02), recebendo como última remuneração o montante de R$
2.400,00, além de vale transporte no valor de R$8,00/dia, sendo
que todos os valores eram recebidos mensalmente por meio de
transferências bancárias na conta bancária da Autora, conforme
comprovantes em anexo (anexo – Doc. 03).

Em 06.09.2022, a Reclamante foi comunicada pelo Sr. Artur


acerca de sua demissão na sede da empresa. Em relação às verbas
rescisórias, o Reclamado havia informado que a Reclamante iria
tratar com o advogado da empresa.

Em conversa no dia 18.09.2022 (anexo – Doc. 04), a


Obreira questionou o advogado da empresa sobre o pagamento das
suas verbas rescisórias, cujo prazo já havia extrapolado, sem
qualquer retorno. Por ocasião desse contato, a Obreira informou
que tinha descoberto sua gravidez e, naquele momento, já contava
com 16 (dezesseis) semanas, conforme laudo médico (anexo – Doc.
05).

Naquela ocasião o advogado a questionou se havia algum


interesse em acordo e a Obreira questionou qual seria o valor,
porém não obteve mais nenhuma resposta (anexo – Doc. 04).

Ante a falta de resposta do representante do Demandando,


no dia 03.10.2022, a Autora foi até o Reclamado para verificar
qual providência seria adotada, ocasião em que, para total
surpresa da Autora, o Reclamado deu duas “opções” à Reclamante:
retornar à empresa, mas exercendo outras atividades incompatíveis
com as atividades que até então desempenhava, inclusive
prejudiciais à saúde - notadamente, a organização do acervo
documental do Cartório - ou fazer um “acordo” para receber metade
do valor que seria devido. Leia-se trechos da degravação:

Artur 09:54: (...) Tu vai continuar ou trabalhando,


tu vai ter que organizar todo esse acervo, pegar
caixa por caixa, organizar papel por papel, tu vai
sentar aqui nessa sala com essa menina, tá? Salário
o mesmo, horário de trabalho o mesmo, vale
alimentação o mesmo, tudo igual, tá? (...)

Artur 11:40: O teu cálculo não me interessa, não, o


teu cálculo não me interessa, ta? É 2 mil reais o
teu salário, ta? Mais, o que eu eu queria te pagar
depois da gravidez, com certeza esse teu cálculo
que fez ai ta errado, ta? Se tu quiseres a gente
chegar em um acordo, eu te pago metade disso, e tu
vai pra tua casa, não precisa trabalhar, se não
quiser a partir de amanhã aqui.

Ao longo da conversa, a Autora começou a fazer


questionamentos no sentido de entender melhor qual era o plano do
seu antigo gestor, no entanto, o Reclamado passou a responder com
rispidez, demonstrando estar claramente aborrecido com as
perguntas feitas, decidindo, ao fim, que a Obreira iria para casa
pensar nas propostas feitas e retornaria no dia seguinte para
finalizarem a conversa.

Ressalte-se que, no momento que a Autora foi até o


empregador, a rescisão já havia sido efetivada há quase um mês,
inclusive com a baixa na CTPS (anexo – Doc. 02), todavia sem a
percepção de qualquer parcela rescisória devida.

Ocorre, Exa., conforme pode ser identificado da


degravação, na verdade, não foram dadas à empregada, em momento
algum, opções viáveis, tendo em vista que, ou a Reclamante
aceitava receber metade do valor que lhe seria devido, ou seria
realocada em função totalmente incompatível com o seu cargo de
escrevente e com o seu estado gravídico, já que o Reclamado é
claro ao afirmar que a Reclamante não teria como exercer o mesmo
cargo que exercia – Escrevente -, pois este não estava mais
disponível.

Assim, a Autora teria que exercer uma função em apoio à


outra empregada responsável pela digitalização de documentos
guardados há décadas, sendo que suas atribuições consistiriam,
basicamente, em organizar o acervo histórico do cartório e, por
conseguinte, ser exposta a agentes físicos e químicos insalubres
como mofo, poeira, insetos, ácaros entre outros, dado que os
documentos são, repise-se, arquivos físicos muito antigos.

Tal exposição, claramente colocaria a Reclamante em


condição de risco, de maneira que a Obreira não poderia ser
reintegrada nas condições determinadas pelo empregador, eis que
demasiada prejudiciais ao seu estado gravídico, inclusive na
esteira de atestado emitido pela médica obstetra. Note-se (anexo –
Doc. 05):
Apesar de todo esse contexto, no dia seguinte, a
Reclamante retornou ao Cartório quando foi surpreendida com
tratamento ainda mais grosseiro do Sr. Artur, especificamente
quando voltou à tona a forma de execução das novas atribuições que
seriam impostas à Obreira.

Analisando a degravação, verifica-se que, em diversas


passagens, o Reclamado nem sequer deixa a Obreira falar, em sinal
de total descontrole, em razão dos questionamentos simples que lhe
eram feitos. Confira-se (anexo – Doc. 06):

Artur 01:50: Quem vai carregar a caixa vai ser


outra pessoa, eu falo, depois tu fala, e assim a
gente estabelece uma ordem.
Artur 02:19: Não te interessa que as outras coisas
que tu vai fazer, eu falei que tu vai fazer uma
coisa, organizar o arquivo, não carregar arquivo.

Nesta toada, em 06.10.2022, a Obreira recebeu o telegrama


em anexo (anexo – Doc. 07), informando que a caso a Obreira não
retornasse imediatamente, seria caracterizado o abandono de
emprego.

Excelência, é importante deixar claro que a Reclamante,


em momento algum, escusou-se de retornar às suas atividades,
porém, em razão da sua condição gravídica, não poderia executar as
atividades da forma que o seu então gestor estava lhe impondo, de
menor valia em relação ao cargo que ocupara, e, sobretudo, quando
isso implicaria em exposição a riscos biológicos e químicos, o que
não é aconselhável em razão do seu estado, conforme o próprio
laudo médico lhe atestou, logo, a Obreira retornaria, desde que em
ambiente adequado.

Tampouco, poderia a Obreira acatar “acordo” que reduziria


pela metade os valores devidos a ela, ainda mais, estando grávida
e, portanto, necessitando de tratamento adequado e preparo para a
chegada do bebê.

Dessa maneira, na verdade, a Obreira nem sequer teve


verdadeiras opções para decidir, tendo em vista que ou acatava
retornar ao trabalho em atividade rebaixada em relação a qual foi
contratada (escrevente) e em condições insalubres ou aderia a
acordo deveras desfavorável.
Ademais, conforme se constata da degravação da conversa
(anexo – Doc. 06), nem sequer foi possível dialogar sobre uma
possibilidade viável, já que o Reclamado finalizou a conversa
dizendo que a Reclamante “já estava reintegrada” e que ela já
estava notificada.

Aliás, o que se observa, das degravações das reuniões


entre as partes, é que o empregador, a todo o momento, visa
induzir a empregada a aceitar um acordo extremamente desvantajoso,
sem observar o que a legislação determina ou, alternativamente,
reintegrá-la em uma atividade rebaixada e prejudicial à sua saúde.

Ora, Exa., é inadmissível que o Reclamado tente utilizar


de artifícios argumentativos e até ameaças para tentar convencer a
Autora a acatar condições totalmente desvantajosas ou pior, expor
a ela e ao bebê a ambiente sabidamente insalubre e conjuntura
laboral que ele claramente sabe não adequar à realidade dela, em
franco desrespeito não somente à própria empregada, mas ao próprio
nascituro.

Nesta toada, considerando que o período da estabilidade


da gestante inicia na confirmação da gravidez e finda nos cinco
meses após o parto, bem como que, consoante laudo médico (anexo –
Doc. 05), a gestação se iniciou em 30.06.2022, requer-se o
pagamento de indenização substitutiva ao período estabilitário da
gestante pelo período de 06.09.2022 – data da dispensa - até
31.07.2023 (referente aos 120 dias após o parto + 30 dias {art.
10, II, b, do ADCT}). Confira-se tabela abaixo com as respectivas
datas:

Evento Data / período


Data da provável concepção 30.05.2022

Quantidade de semanas à época da 15 semanas


dispensa em 06.09.2022
Quantidade de semanas – laudo 21 semanas
médico (anexo – Doc. 05) – em
17.10.2022
Data provável do parto – 27.02.2023
considerando 40 semanas
Fim da Licença Maternidade de 120 30.06.2023
dias
Fim do Período Estabilitário de 30 31.07.2023
dias
Nesse sentido, tendo em vista que a Autora foi dispensada
sem justa causa e até o momento não recebeu nenhuma parcela, são
devidas e desde já se requer o pagamento de todas as verbas
rescisórias não pagas, considerando a última remuneração no valor
de R$ 2.400,00 e incluindo para todos os fins, o período
estabilitário, a saber:

(i) Aviso prévio na proporção de 33 (trinta e três) dias


de labor, com reflexo em FGTS, contados a partir do fim da
indenização estabilitária, em 31.07.2023;

(ii) 13º salário proporcional de 2022 de 8/12 avos e


relativo a 2023 de 8/12 avos, considerando a indenização
estabilitária e a projeção do aviso prévio (33 dias);

(iii) Férias + 1/3 integral, relativa ao período


aquisitivo 2022/2023 e proporcional de 3/12 avos referente ao
período aquisitivo 2023/2024, considerando a indenização
estabilitária e a projeção do aviso prévio (33 dias);

(iv) FGTS + multa de 40%;

(v) Indenização substitutiva do Seguro Desemprego no


valor de 4 (quatro) parcelas1;

(vi) Multa do art. 477, §8º da CLT, em face do não


pagamento das verbas rescisórias no prazo de lei e do art. 467 da
CLT (ilíquida) em relação a todas as verbas incontrovertidas
(controvérsia fundamentada.

(vii) Além disso, requer-se a condenação do Reclamado


na obrigação de fazer consistente na retificação da data de baixa
da CTPS para o dia 03.09.2023, considerando a indenização
estabilitária (referente aos 120 dias após o parto + 30 dias {art.
10, II, b, do ADCT) e a projeção do aviso prévio (33 dias).

1 O cálculo das parcelas relativas ao seguro desemprego foram apurados segundo


a metodologia disposta no site do MTE. Disponível em:
(https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/servicos/trabalhador/seguro-
desemprego/seguro-desemprego-
formal#:~:text=O%20trabalhador%20dever%C3%A1%20ter%20recebido,anteriores%20%C3%
A0%20data%20de%20dispensa). Acesso em 12.12.2022.

Considerando o salário da Obreira de R$2.400,00, bem como a faixa salarial em


que ela está inserida (entre R$ 1.858,18 até R$ 3.097,26): R$ 2.400,00 -
1.858,18 = 541,82 * 0,5 = R$ 270,91 + R$ 1.486,53 = R$ 1.757,44
Por fim, considerando o entendimento recente do E. STF
nos autos da ADI 6327 sobre a prorrogação da licença maternidade,
a impossibilidade de prever situações futuras, bem como a
necessidade do pedido ser certo, ressalva-se o direito de que
eventuais diferenças de períodos em razão de excepcional
internação hospitalar da mãe e/ou da criança sejam cobradas em
reclamação própria.

Considerando o exposto em relação aos fatos, não restou


outra alternativa à Autora, senão a de se socorrer do Poder
Judiciário, para postular os direitos que lhe são assegurados no
ordenamento jurídico.

2 – DO DIREITO APLICÁVEL À ESPÉCIE

A par dos elementos fáticos acima delineados, os


fundamentos jurídicos não permitem que seja suscitado qualquer
tipo de dúvida quanto à procedência e legitimidade do presente
pleito. Senão vejamos:

2.1 – DA ESTABILIDADE DA GESTANTE - DO DIREITO AOS


SALÁRIOS E DEMAIS DIREITOS CORRESPONDENTES AO PERÍODO DE
ESTABILIDADE

Diante dos fatos descritos no tópico “2”, resta claro que


a Reclamante faz jus à estabilidade provisória assegurada na
legislação.

Nos termos art. 10, II, b, do ADCT, a empregada gestante


possui garantia de emprego desde a confirmação da gravidez, até 5
meses após o parto, salvo norma convencional mais favorável, não
podendo ser demitida arbitrariamente ou sem justa causa, senão,
confira-se:

Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar


a que se refere o art. 7º, I, da Constituição:

I - fica limitada a proteção nele referida ao


aumento, para quatro vezes, da porcentagem prevista
no art. 6º, "caput" e § 1º, da Lei nº 5.107, de 13
de setembro de 1966;
II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa
causa:
a) do empregado eleito para cargo de direção de
comissões internas de prevenção de acidentes, desde
o registro de sua candidatura até um ano após o
final de seu mandato;

b) da empregada gestante, desde a confirmação da


gravidez até cinco meses após o parto. (Destacou-
se)

Nessa perspectiva, a estabilidade provisória da gestante


é um instituto social constitucionalmente garantido destinado a
proteger a gestação em todos os seus aspectos.

Para o reconhecimento da estabilidade da gestante, tanto


a doutrina como a jurisprudência adotam a teoria objetiva, ou
seja, basta apenas a confirmação da gravidez, sendo irrelevante se
o empregador tinha ou não conhecimento do estado gravídico de sua
empregada.

Tanto é, Excelência, que a Corte Superior editou a súmula


244 para consolidar tal entendimento. Note-se:

Súmula nº 244 do TST. GESTANTE. ESTABILIDADE


PROVISÓRIA (redação do item III alterada na sessão
do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res.
185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - O desconhecimento do estado gravídico pelo


empregador não afasta o direito ao pagamento da
indenização decorrente da estabilidade (art. 10,
II, "b" do ADCT).

II - A garantia de emprego à gestante só autoriza


a reintegração se esta se der durante o período de
estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se
aos salários e demais direitos correspondentes ao
período de estabilidade.

III - A empregada gestante tem direito à


estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso
II, alínea “b”, do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de
admissão mediante contrato por tempo determinado.
(Destacou-se)

Como se nota, ainda que o empregador desconheça do estado


gravídico, a empregada tem direito à estabilidade provisória.
Acrescente-se que o período estabilitário alberga, ainda,
o período de recebimento da licença-maternidade de 120 dias,
direito previsto também em plano constitucional e legal:

CF - Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos


e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social: (...)

XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego


e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
(Destacou-se)

CLT - Art. 392. A empregada gestante tem direito à


licença-maternidade de 120 (cento e vinte) dias,
sem prejuízo do emprego e do salário.

§ 1o A empregada deve, mediante atestado médico,


notificar o seu empregador da data do início do
afastamento do emprego, que poderá ocorrer entre o
28º (vigésimo oitavo) dia antes do parto e
ocorrência deste. (...) (Destacou-se)

Aliás, a OJ. 44 da SDI-1 do C. TST garante que é dever do


empregador pagar a licença-maternidade, confira-se:

44. GESTANTE. SALÁRIO-MATERNIDADE


É devido o salário maternidade, de 120 dias, desde
a promulgação da CF/1988, ficando a cargo do
empregador o pagamento do período acrescido pela
Carta. (Destacou-se)

Por todo o exposto, considerando que o período da


estabilidade da gestante inicia na confirmação da gravidez e finda
nos cinco meses após o parto, bem como que, consoante laudo médico
(anexo – Doc. 05), a gestação se iniciou em 30.06.2022, requer-se
o pagamento de indenização substitutiva ao período estabilitário
da gestante pelo período de 06.09.2022 – data da dispensa - até
31.07.2023 (referente aos 120 dias após o parto + 30 dias {art.
10, II, b, do ADCT}).

2.2 - DA JUSTIÇA GRATUITA – PROCURAÇÃO COM PODERES PARA


PRESTAR DECLARAÇÃO DE HIPOSUFICIENCIA – APRECIAÇÃO NA PRIMEIRA
OPORTUNIDADE – PRECAUÇÃO CONTRA DECISÃO SURPRESA
A Autora requer, por procurador com poderes específicos,
lhe sejam concedidos os benefícios da justiça gratuita, com
fundamento no art. 790, §3º, da CLT, art. 1º da Lei n. 7.115/83 e
Enunciado de Súmula n. 463 do C. TST, eis que seu salário era/é
inferior a 40% do teto do RGPS, bem como declara a obreira não
possuir meios suficientes para custear as despesas da causa sem
prejudicar o sustento próprio.

Ressalte-se, outrossim, que, na esteira da atual


jurisprudência do C. TST, a comprovação da insuficiência de
recursos como requisito para obtenção de gratuidade de justiça
(art. 790, §4º, CLT) pode ser realizada pela simples declaração
proferida por pessoa natural, à qual se conferirá presunção de
veracidade, na forma do art. 99, §3º, do CPC, entendimento que
conspira a favor da proteção processual ao trabalhador reclamante,
que não pode atuar com ônus mais gravosos que os do litigante
civil.

Nesse diapasão, requer-se seja apreciado o presente


pleito de forma prioritária, na primeira oportunidade em que este
D. Juízo atuar nos autos, com o fito de precaver eventual decisão
surpresa ao longo da lide.

2.3 – DA BASE DE CÁLCULOS DOS REFLEXOS EM FGTS

A Autora destaca que os reflexos em FGTS devem ser pagos


tendo como base de cálculo todas as parcelas remuneratórias
apuradas, isto é, tanto a remuneração propriamente dita, quanto
seus reflexos remuneratórios em férias + 1/3, 13º salário e aviso
prévio, considerando o previsto no art. 15 da Lei n. 8.036/90.

Destarte, os reflexos em FGTS devem ser apurados com base


em todas as parcelas remuneratórias calculadas, da mesma forma
como seria caso a Reclamada tivesse pago no tempo certo em
contracheque, inclusive sobre o aviso prévio.

Ex positis, requer-se:

3 – PEDIDO

Por todo o exposto, e por ser medida de lídima justiça,


vem a Autora requerer que V. Exa. se digne em:
a) Preliminarmente, conceder à Reclamante os benefícios
da justiça gratuita na primeira oportunidade em que este D. Juízo
atuar nos autos, uma vez que preenchidos os requisitos legais,
conforme os fundamentos;

b) Deferir a juntada de mídia de áudio no PJE MÍDIAS,


nos termos do Ato Conjunto PRESI/CR Nº 029/2021, cujo link para
acesso será anexado posteriormente;

c) No mérito, requer-se a condenação do Reclamado ao


pagamento das seguintes parcelas:

c.1) remuneração devida e não paga, relativa à


estabilidade provisória não observada, pelo
período de 06.09.2022 a 31.07.2023 (referente
aos 120 dias após o parto + 30 dias {art. 10,
II, b, do ADCT});

c.2) verbas rescisórias não pagas, a saber:


aviso prévio indenizado de 33 dias e seus
reflexos em todas as parcelas salariais, 13º
salário, férias + 1/3, FGTS + 40%, indenização
relativa ao seguro desemprego, além das multas
do art. 477, §8º da CLT, em face do não
pagamento das verbas rescisórias no prazo de
lei, tudo considerando a indenização
estabilitária, conforme os fundamentos e
respectivo memorial de cálculos integrante
desta inicial e cujo resumo segue abaixo:
d) Condenação da Reclamada na obrigação de fazer
consistente na retificação da data de baixa da CTPS para o dia
03.09.2023, considerando a indenização estabilitária (referente
aos 120 dias após o parto + 30 dias {art. 10, II, b, do ADCT) e a
projeção do aviso prévio (33 dias);

e) Condenar as Reclamadas ao pagamento da multa do art.


467 da CLT em relação a todas as parcelas incontroversas nos
autos, caso não adimplidas na forma da lei (ilíquido);

f) Considerar todas as parcelas de natureza


remuneratória deferidas como base de cálculo do FGTS, conforme os
fundamentos;

g) Condenar a Reclamada ao pagamento de honorários


advocatícios no percentual de 15% (quinze por cento) sobre o valor
da condenação, em razão da mera sucumbência, em favor de Tuma,
Torres & Advogados Associados S/S, CNPJ 22.251.184/0001-03;

h) Determinar que, por ocasião da execução, toda e


qualquer guia de retirada seja expedida em nome da sociedade de
advogados (Tuma, Torres & Advogados Associados S/S, CNPJ
22.251.184/0001-03).
Protesta a Autora por todos os meios de provas em direito
admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal das partes, sob
pena de confissão, juntada de documentos, inquirição de
testemunhas, exames, perícias, vistorias e tantas outras quantas
forem necessárias para prova de tudo quanto aqui afirmado.

Como de praxe, requer-se que o causídico MÁRCIO PINTO


MARTINS TUMA, OAB/PA 12.422, conste obrigatoriamente em toda e
qualquer publicação destinada ao presente processo, ainda que
substabelecidos outros advogados, sob pena de nulidade (art. 272,
§5º do CPC vigente e Enunciado de Súmula n. 427 do TST).

Dá-se à causa o valor de R$ 49.548,13, para efeitos de


custas e enquadramento no rito processual cabível.

Nestes Termos,
Pede deferimento.
Belém, 20 de abril de 2023.

CAMYLLA CUNHA FERREIRA OMAR CONDE ALEIXO MARTINS


OAB/PA 25.550 OAB/PA 18.980

MÁRCIO PINTO MARTINS TUMA


OAB/PA 12.422

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