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Resumo – RBC Theory

David Romer, Advanced Macroeconomics, 2011

Por Alexandre, Carlos, Daniele, Iara e Raquel

5.1 INTRODUÇÃO: ALGUNS FATOS SOBRE FLUTUAÇÕES ECONÔMICAS

A macroeconomia objetiva compreender o que gera as flutuações agregadas.


Partindo da observação da economia norte-americana, alguns fatos de grande
relevância podem ser ressaltados, como os citados abaixo:
a) As flutuações não demonstram nenhum padrão cíclico ou regular.
Por exemplo, o PIB americano variou negativamente em 0.4% durante a
recessão de 2001; e 3.7% na recessão de 1957-58.
Além do mais, o intervalo entre as recessões teve variação de um ano (entre os
anos de 1980-81) e de 10 anos (no período de 1991-2001).
b) Há uma distribuição muito desigual das flutuações entre os componentes da
renda. Por exemplo, investimentos em estoques representam uma parcela bem
pequena do PIB americano – correspondente à 0.6% - já as flutuações
correspondem em sua maioria ao baixo crescimento em relação ao crescimento
normal nos momentos de recessão.
c) Não há presença de grandes assimetrias entre aumentos e quedas na produção.
Isto é, o crescimento do produto é distribuído de forma quase simétrica em torno
de sua média.
Porém, pode haver um outro tipo de assimetria: a produção, quando se encontra
um pouco acima de sua trajetória normal, tem tendência a permanecer nessa
trajetória por muito tempo, enquanto em uma situação de crescimento normal
ela tem permanência de curto prazo.
d) Entre o período que precede a Grande Depressão (1929) e o período pós
Segunda Guerra, as flutuações agregadas não aparentam ter grandes diferenças
entre si.
Os movimentos da renda precedentes Depressão aparentam ser levemente mais
elevados e menos persistentes, porém, não houve ocorrência de grandes
mudanças das flutuações.

5.2 TEORIAS DAS FLUTUAÇÕES

Os modelos que visam uma representação dos processos de flutuação econômica


tiveram origem nos modelos walrasianos - como exemplo o modelo Ramsey - e
buscaram incorporar as flutuações agregadas.
Desta forma, houve modificação dos modelos em dois aspectos:
Sendo a primeira modificação a incorporação de choques reais na economia, isto é,
perturbações. Inicialmente, o foco foi em choques de tecnologia - mudanças na função
de produção de tempos em tempos. Posteriormente, propôs-se também choques nos
gastos do governo. Ambos os distúrbios citados são reais, isto é, os choques
tecnológicos alteram o total produzido tendo-se uma dada quantia de insumo, já os
choques com gastos do governo alteram a quantia de bens disponíveis para a economia
privada.
A segunda modificação foi devido a necessidade de permitir variações no nível de
emprego, sendo que em todos os modelos anteriores, a oferta de trabalho era exógena e
constante (ou crescia a taxas constantes). Os modelos RBC incluem a hipótese de que a
utilidade das famílias dependem não apenas do consumo, mas também das horas
despendidas com trabalho, assim, o emprego passa a ser definido pela interação entre
oferta e demanda de mão-de-obra.
Portanto, os modelos RBC podem estar microfundamentados - partindo de
problemas de otimização dos agentes, isto é modelos walrasianos - ou ter relações
agregadas dadas e não derivadas – em que não ocorre otimização e incluem a noção de
rigidez dos preços e competição imperfeita, isto é, modelos da tradição Keynesiana.

5.3 MODELO RBC BÁSICO

● HIPÓTESES:
Modelo com tempo discreto;
Existem várias firmas tomadoras de preço;
Existem vários trabalhadores também tomadores de preço;
Horizonte temporal é infinito.

Parte-se de uma função de produção Cobb-Douglas, dada por:

α 1−α
𝑌𝑡 = 𝐾𝑡 (𝐴𝑡𝐿𝑡) ,0<α<1

A acumulação do estoque de capital se dá da seguinte forma:

𝐾𝑡+1 = 𝐾𝑡 + 𝐼𝑡 − δ𝐾𝑡 = 𝐾𝑡 + 𝑌𝑡 − 𝐶𝑡 − 𝐺𝑡 − δ𝐾𝑡

Trabalho e capital são remunerados dados seus Produtos Marginais.


Logo, temos:
α
𝑤𝑡 = (1 − α) ( )
𝐾𝑡
𝐴𝑡𝐿𝑡
𝐴𝑡

1−α
𝑟𝑡 = α ( ) 𝐴𝑡𝐿𝑡
𝐾𝑡
− δ

O agente representativo maximiza o valor esperado de:


∞ 𝑁𝑡
−ρ𝑡
𝑈= ∑ 𝑒 𝑢(𝑐𝑡, 1 − 𝑙𝑡) 𝐻
𝑡=0

Em que:
u é a função de utilidade esperada;
ρ é a taxa de desconto;
𝑁𝑡 é a população;
H é o número de famílias;
A utilidade instantânea é dependente do consumo por membro da família 𝑐𝑡 e lazer
por membro da família;
1 − 𝑙𝑡 (tempo de trabalho é normalizado em 1).

A utilidade pode então ser escrita em sua versão log-linear nos dois argumentos:

𝑢𝑡 = 𝑙𝑛𝑐𝑡 + 𝑏𝑙𝑛(1 − 𝑙𝑡), b > 0


A tecnologia, no entanto, cresce à taxa g, sendo esta taxa sujeita a choques que
seguem um processo AR(1), representado pelo termo Ã𝑡:

𝑙𝑛𝐴𝑡 = 𝐴 + 𝑔𝑡 + Ã𝑡

Os gastos do governo seguem um comportamento similar ao modelo. Sendo que o


~
termo 𝐺𝑡 representa um choque, e também segue um processo AR(1).

~
𝑙𝑛𝐺𝑡 = 𝐺 + (𝑛 + 𝑔)𝑡 + 𝐺𝑡

5.4. COMPORTAMENTO DAS FAMÍLIAS

Entre esse modelo e o Ramsey, podemos perceber duas diferenças:


● O acréscimo de lazer na utilidade;
● Introdução da aleatoriedade no governo e na tecnologia.

A fim de analisar a oferta de trabalho, consideramos que as famílias vivem apenas um


período e que não possuem riqueza inicial, portanto o problema das famílias é dado por:

Max ln C + b ln (1 – l)
s.a. C = wl

Fazendo o Lagrangeano, tem-se:

£ = ln C + b ln (1 – l) + λ (wl – C) (5.12)

Pelas condições de primeira ordem, verifica-se:

∂£ 1
∂𝑐
= 𝑐
–λ=0 (5.13)

∂£ −𝑏
∂𝑙
= 1−𝑙
+ λw = 0 (5.14)

Dado C=wl e igualando os lambidas temos:


1 𝑏
𝑐
+ 1−𝑙 =0 (5.15)
Logo, a oferta de trabalho independe do salário. No entanto, quando analisamos
períodos posteriores percebe-se que o salário pode impactar na oferta de trabalho.
Supondo uma determinada família que viva por dois períodos de tempo, e que se
as hipóteses anteriores se permaneçam válidas, além de não haver incertezas quanto ao
último período quanto o nível da taxa de juros e do salário, a restrição da família é dada
por:
1 1
c1+ 1+𝑟 c2 = w1l1 + 1+𝑟 w2l2 (5.16)

Sendo o lagrange dado por:


1 1
£ = ln c1 + b ln (1 – l1) + e-p [ln c2 + b ln (1 – l2)] + λ [w1l1 + 1+𝑟
w2l2 – c1 - c
1+𝑟 2
(5.17)

Pelas condições de primeira ordem temos:

∂£ 𝑏 1
∂𝑙1
= 1−𝑙1 𝑤1

−𝑝
∂£ 𝑒 𝑏 (1+𝑟)
∂𝑙2
= 1−𝑙2 𝑤2

Igualando os lambidas:

1−𝑙1 𝑤2 1
1−𝑙2
= 𝑤1 𝑒−𝑝(1+𝑟)

Pode-se notar que agora a oferta de trabalho tem relação com o salário relativo.
Caso w1 aumente mais em relação a w2, o lazer do período 1 vai diminuir em relação
ao do período 2. Nota-se que caso aumente r, vai aumentar o atrativo do primeiro
período em relação ao segundo.
A substituição intertemporal da oferta de trabalho, é a resposta da oferta ao
salário relativo e as taxas de juros.
Supondo que haja incertezas quanto aos salários futuros e à taxa de retorno,
assumimos a equação Euler igual ao modelo Ramsey, relacionando o consumo atual
com o consumo e taxa de juros futuros.
Sendo assim:

−𝑝𝑡 𝑁𝑡 1 −𝑝𝑡 𝑁𝑡 Δ𝑐
Umgct= 𝑒 𝐻 𝑐𝑡
=𝑒 𝐻 𝑐𝑡

−𝑝𝑡+1 𝑁𝑡+1 1
Umgct+1= 𝑒 𝐻 𝑐𝑡+1

De forma que o benefício esperado da utilidade em t é:


−𝑝𝑡+1 𝑁𝑡+1 −𝑛 1+ 𝑡+1
Et [𝑒 𝐻
𝑒 𝑐𝑡+1
Δ𝑐]
−𝑛
Onde Δ𝑐𝑡 + 1 = 𝑒 1 + 𝑡 + 1Δ𝑐

−𝑝𝑡 𝑁𝑡 Δ𝑐 −𝑝𝑡+1 𝑁𝑡+1 −𝑛 1+ 𝑡+1


Então: 𝑒 𝐻 𝑐𝑡
=Et [𝑒 𝐻
𝑒 𝑐𝑡+1
Δ𝑐]
Simplificando temos:
1 −𝑝𝑡 1 1
𝑐𝑡
=𝑒 {E 𝑐𝑡+1 E (1+ 𝑡 + 1) + Cov ( 𝑐𝑡+1 , 1+ 𝑡 + 1)}

Portanto a desutilidade marginal da oferta de trabalho:

−𝑝𝑡 𝑁𝑡 −𝑏 −𝑝𝑡 𝑁𝑡 1
𝑒 𝐻 1−𝑙𝑡
Δl = 𝑒 𝐻 𝐶𝑡
wt Δl

𝐶𝑡 𝑊𝑡
1−𝑙𝑡
= 𝑏

5.5 UM CASO ESPECIAL DO MODELO

Eliminando o Governo, temos:

Kt+1= Y t - Ct
1− α
(𝐴𝑡𝐿𝑡)
1 + rt = α 𝐾𝑡

Desta forma, é possível eliminar os efeitos dos choques tecnológicos.


Em mercados competitivos não há presença de externalidades, há um número finito de
indivíduos e o equilíbrio deve ser equivalente ao Ótimo de Pareto.
Utilizando o método de resolução de equilíbrio competitivo, e assumindo ct = (1 – St)
1

𝑁𝑡
𝑡
e linearizando, temos:

𝑌𝑡 1+ 𝑟𝑡+1
- ln [(1 – St) 𝑁𝑡 ] = -p + lnEt [ 𝑌𝑡+1
(1−𝑆𝑡+1) 𝑁𝑡+1

1− α
(𝐴𝑡𝐿𝑡)
Como 1 + rt = α 𝐾𝑡
; e considerando 100% de depreciação, temos:

Kt+1 = Yt – Ct = StYt

α𝑌𝑡+1
- ln (1 – St) – lnYt + lnNt = -p + lnEt [ 𝑌𝑡+1 ]
𝐾𝑡+1(1−𝑆𝑡+1) 𝑁𝑡+1
α𝑁𝑡+1
= -p + lnEt [ 𝑆𝑡(1−𝑆𝑡+1)𝑌𝑡 ]
1
= -p + ln α + Ln Nt + n – ln St – ln Yt + ln Et [ 1− 𝑆𝑡+1
]

Simplificando:

1
ln St – ln (1 – St) = -p + n + ln α + ln Et [ 1+ 𝑆𝑡+1
]

1 1
Verifica-se que se St é constante com valor ŝ, temos Et [ 1− 𝑆𝑡+1
]= 1− ŝ
Portanto:
ln ŝ = ln α + n – p

𝑛−𝑝
ŝ=α𝑒

𝐶𝑡 𝑊𝑡
Sendo: 1−𝑙𝑡
= 𝑏
;

𝐶𝑡 (1− ŝ)𝑌𝑡
Ct = 𝑁𝑡
= 𝑁𝑡
;

Podemos reescrever a condição:

(1− ŝ)𝑌𝑡
ln [ 𝑁𝑡
] – ln ( 1 – lt) = ln wt – ln b
(1− α)𝑌𝑡
Considerando uma função de produção Cobb-Douglas, wt = 𝑁𝑡
, então:

ln (1 - ŝ) + ln Yt – ln Nt – ln (1 – lt) = ln (1 – α) + ln Yt – ln lt – ln Nt – ln b

ln lt – ln (1 – lt) = ln (1 – α) – ln (1 - ŝ) − ln 𝑙𝑛 𝑏

(1− α)
lt = (1− α)+𝑏(1 − ŝ)

Neste modelo qualquer equilíbrio competitivo é também solução para maximizar a


utilidade esperada do agregado representativo.
Os resultados padrões indicam unicidade de solução, logo o equilíbrio é único.
A discussão tem início pela verificação de que choques reais nesta economia direcionam
o movimento do produto.

Partindo da função de produção Cobb-Douglas:


Yt = Ktα (AtLt)1 – α

Temos:

ln Yt = α ln Kt + (1 – α) (ln At + ln Lt)

Como Kt = ŝYt-1 e Lt = ȋNt


Temos:

ln Yt = α ln ŝ + α ln Y t-1 + (1 – α) (ln At + ln ȋ + ln Nt )
ln Yt = α ln ŝ + α ln Y t-1 + (1 – α) (ln (Ȃ + gt) + ln Ȃt + ln ȋ + Ň+ nt )

Logo, podemos reescrever como:

Ỹt = α Ỹt-1 + (1 – α)Ȃt

1
Ȃt+1 = 1−α
(Ỹt-1 - α Ỹt-2)
Porém como Ȃt = pȂt+1 + ƐA,t

Temos

Ỹt = α Ỹt-1 + (1 – α)( pȂt+1 + ƐA,t)


Ỹt = α Ỹt-1 + pA (Ỹt-1 - α Ỹt-2) + (1 – α)Ɛ A,t
= (α + pA)(Ỹt-1) – α pA (Ỹt-2) + (1 – α)Ɛ A,t

Portanto, verificamos que segue um processo AR(2)


5.7 IMPLICAÇÕES

Romer, considera uma periodização trimestral e assume como base os parâmetros:

1
α= 3
, 𝑔 = 0, 5%, 𝑛 = 0, 25%, δ = 2, 5%, ρ𝐴 = 0, 95, ρ𝐺 = 0, 95, e 𝐺, ρ e b.
* * * 1
Tal que (𝐺/𝑌) = 0, 2, 𝑟 = 1, 5% e 𝑙 = 3

Obs.: Nesta seção, a análise de choques utiliza estes valores citados acima como base.

● Os Efeitos dos Choques Tecnológicos

Os parâmetros anteriormente definidos implicam em:

𝑎𝐼.𝐴≃0, 35, 𝑎𝐼.𝐾≃ − 0, 31, 𝑎𝐶𝐴≃0, 38, 𝑎𝐶𝐾≃0, 59, 𝑏𝐾𝐴≃0, 08 e 𝑏𝐾𝐾≃0, 95.

Cujo valores podem ser utilizados para analisar os efeitos de uma mudança na
tecnologia, demonstrados nas Figuras 1, 2 e 3.

Exemplo:
Dado um choque tecnológico positivo de 1% em t, tal choque gera em t:
o Não alteração do capital, dado que o movimento do capital é intrínseco ao
período passado t-1;
o Crescimento da oferta de trabalho em 0,35%;
o Crescimento do consumo em 0,38%;
o Crescimento do produto em 0,9%.

Já em t+1:
o A tecnologia se encontra 0.95% acima do normal ( ρ𝐴 = 0. 95);
o O capital aumenta em 0,08% (𝑏𝐾𝐴≃0, 08);
o A oferta de trabalho aumenta em 0,31% (0, 35 𝑥 0, 95 − 0, 31 𝑥 0, 08);
o O consumo se eleva em 0,41% (0, 38 𝑥 0, 95 + 0, 59 𝑥 0, 08);
o O produto tem variação positiva de 0,86%.
No longo prazo os efeitos do choque são:
o Há uma diluída ao longo do tempo do efeito dos choques;
o Há uma acumulação gradual do capital, porém depois este retorna ao seu nível
normal de forma lenta;
o A oferta de trabalho se eleva no primeiro período e depois cai rapidamente até
um nível sub normal, após 15 períodos, e volta ao normal posteriormente de forma
lenta;
o O produto tem um salto no período do choque e depois volta ao normal
lentamente;
o Dado que o investimento é mais volátil que o consumo, este último responde
mais lentamente que o produto.
o Há um aumento do salário e então retorna muito lentamente ao nível normal. Os
movimentos salarias contribuem pouco para a variação na oferta de trabalho, dado que a
variação é bem pequena.
1
o Há um aumento de cerca de 7 % na taxa de juros real durante o choque, mas
depois a taxa retorna rapidamente para o seu nível normal.
o Como o estoque de capital se move de forma mais lenta do que a oferta de
trabalho, a taxa de juros declina para um nível abaixo do normal após 14 períodos. Este
movimento é a principal causa do movimento na oferta de trabalho.

Figura 1
Figura 2

Figura 3

Se a oferta de trabalho é inelástica:

1−α
● Considere 𝑟 = α(𝐴𝐿/𝐾) − δ.

Um aumento na tecnologia, A, implica em um aumento em r.


Dado que o choque é diluído lentamente, r se mantém elevado a menos que K
aumente rapidamente.
Dado que a depreciação é pequena, um rápido aumento em K necessitaria de um
grande aumento na proporção de produto investido. Porém, se a taxa de
poupança for muito elevada, tal que r retorne imediatamente ao seu nível
normal, isto levaria a uma rápida elevação do consumo, mesmo que r seja
normal, o que iria contra a hipótese de condição de primeira ordem de escolha
intertemporal das famílias.
Portanto, as famílias aumentam sua taxa de poupança mas não o suficiente para
voltar r imediatamente ao nível normal. E como o aumento em A é persistente, o
aumento na taxa de poupança também é.
A tecnologia retorna ao seu nível normal, o ajuste lento do estoque de capital
eventualmente faz A/K cair para abaixo do seu valor inicial, levando à uma
queda de r para um nível abaixo do inicial.
Quando isto ocorre, a taxa de poupança cai para um nível abaixo da sua
trajetória de crescimento balanceado.

Se a oferta de trabalho for elástica:

● Alguns ajustes do estoque de capital ocorrem por meio da oferta de trabalho e


não pela taxa de poupança.
As famílias constituem o estoque de capital na sua etapa inicial elevando a oferta
de trabalho, a trazendo de volta ao nível normal em uma etapa posterior,
diminuindo a oferta de trabalho.

Na grande maioria, os efeitos dos choques agem como um efeito renda e


substituição intertemporal. Um choque positivo de tecnologia gera maior produtividade
por um período, que gera maior riqueza das famílias, elevando o consumo e reduzindo a
oferta de trabalho.
Todavia, os efeitos da produtividade se dissipam ao longo do tempo e o estoque
de capital é relativamente baixo em relação à tecnologia, o que torna o produto marginal
do capital alto, fazendo com que as famílias desloquem a oferta de trabalho futura para
o presente.

Se a depreciação for completa, δ = 1:


● Os choques tecnológicos não afetam oferta de trabalho e taxa de poupança, pois
existe balanço entre os efeitos renda e substituição-intertemporal.

Se δ < 1:
● O efeito de substituição intertemporal é superior ao efeito renda, logo a oferta de
trabalho e a taxa de juros aumentam no curto prazo.

Se o choque tecnológico for menos persistente, o efeito renda é menor, dado que o
choque é mais rapidamente diluído, e o efeito substituição maior, tendo se assim
flutuações mais intensas e mais rápidas no produto.
Caso o lazer seja considerado na função de utilidade instantânea das famílias, a
elasticidade intertemporal do trabalho será diferente de 1. Sendo que quanto maior a
elasticidade, maior a resposta da oferta de trabalho às mudanças na tecnologia e capital.
Isto é, quanto maior a elasticidade de substituição intertemporal, maiores são as
flutuações causadas pelo choque.

● Os Efeitos da Mudança nas Compras do Governo.

Acrescenta-se 𝑎𝐶𝐺≃ − 0. 13, 𝑎𝐿𝐺≃0. 15 e 𝑏𝐾𝐺≃ − 0. 004 aos parâmetros iniciais.


Intuitivamente, devido ao efeito renda, uma elevação nas compras do governo tem
impacto negativo no consumo e positivo na oferta de trabalho.
Dado que o aumento nos gastos do governo não são permanentes, os agentes reagem
com uma queda no estoque de capital.
Se 𝑑𝐺 = 1% - Figuras 4, 5 e 6:

o O estoque de capital é um pouco impactado, com máximo de 0,03% de impacto


após 20 trimestres.
o Há elevação do emprego de forma gradual e posterior retorno ao nível normal,
assim como no choque tecnológico;
o Dado que a elasticidade do produto em relação a oferta de trabalho é 2/3, uma
variação em 1% nas compras do governo implica em 0,1% de variação no produto (vide
anexo).
o Considerando a trajetória de crescimento balanceado
𝑌
𝐺
= 5⟹𝑑𝑌/𝑑𝐺 = 5 𝑥 0, 001 = 0, 5.
o Mantendo a tecnologia constante e o estoque de capital com pequenas
movimentações, os movimentos do produto são pequenos e acompanham as mudanças
no emprego.
o Dado 𝑎𝐶𝐺≃ − 0, 13 .
Uma elevação nos gastos do governo gera uma queda no consumo de cerca de 1/3,
1
assumindo que 𝐶/𝐺 = 2 2 .
o O consumo diminui no exato momento do choque e se eleva gradualmente em
direção ao seu nível normal.
o A elevação do emprego e a queda no estoque de capital geram queda salarial no
primeiro momento e depois aumenta lentamente; e elevação da taxa de juro, que depois
diminui lentamente.
o O aumento no emprego se deve ao efeito de substituição-intertemporal, por
aumento da taxa de juro; e efeito renda, por elevação da demanda do governo pelo
produto.

Figura 4

Figura 5
Figura 6

A magnitude da variação nos gastos do governo é impactada pela persistência do


choque. Caso o choque tenha curto prazo de vida, o impacto tende a se refletir mais na
redução da acumulação de capital.

Exemplo, ρ: 0, 95→0, 5, então:

● 𝑏𝐾𝐺: − 0. 004→ − 0. 020;


● 𝑎𝐶𝐺: − 0. 13→ − 0. 03; e
● 𝑎𝐿𝐺: 0. 15→0. 03.

Sendo os efeitos no consumo e produto menores, e na acumulação de capital é maior.


Anexo à Seção 5.7: Demonstração das Contas

(1) Variação do Produto em t:

Assumindo uma função Cobb-Douglas para o produto:


1/3 2/3
𝑌 = 𝐾 (𝐴𝐿)
É possível aplicar a derivada total de Y em relação a K, A e L, de modo que se

1 2 2
𝑙𝑛𝑌 = 3
𝑙𝑛𝐾 + 3
𝑙𝑛𝐴 + 3
𝑙𝑛𝐿

∂𝑌 ∂𝑌 ∂𝑌
𝑑𝑌 = ∂𝐾
𝑑𝐾 + ∂𝐿
𝑑𝐿 + ∂𝐴
𝑑𝐴

1 1 𝑑𝐾 2 𝑑𝐿 2 𝑑𝐴
𝑑𝑌. 𝑌
= 3
. 𝐾
+ 3
. 𝐿
+ 3
. 𝐴

𝑑𝑌 1 2 2 𝑑𝑌
𝑌
= 3
(0) + 3
. (0, 035) + 3
(0, 01) = 0, 009∴ 𝑌
= 0, 90%.

(2) Variação do Produto em t+1:

Da mesma forma que na nota anterior:

𝑑𝑌 1 2 2
𝑌
= 3
(0, 0008) = 3
. (0, 031) + 3
(0, 0095)≃0, 0086 = 0, 86%.

(3) Efeito do aumento do gasto do governo.

𝑑𝑌
𝑌
=
2
3 (𝑎𝐿𝐺)(𝑑𝐺) = 2
3
(0, 15)(0, 01) = 0. 001 = 0, 1%

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