Você está na página 1de 38
‘Temas Contempordneos em Psicologia PSICOLOGIA DIREITOS HUMANOS E VIOLENCIAS ETNICO- RACIAIS CONTRA POPULACAO EM SITUACAO DE RUA E CONTRA IMIGRANTES Revisio técnica: Ma. Luana Pinto Moraes hitpsstambienteacademico.com.brimodiurtviewsphpid=838172 so1o4i2023, 15:53, ‘Temas Contempordneos em Psicologia Introdug¢do Vocé jé ouviu falar em excluséo social? O que representa ser excluido socialmente? Quais caracteristicas histéricas, sociais e politicas determinam quais grupos sero excluidos? Quais sao as relacdes entre exclusdo social, humilhagao social e subjetividade humana? Como a Psicologia pode atuar frente ao fendmeno da exclusdo? Nao é dificil pensar em contextos de atuagao da Psicologia em que lidamos com pessoas em situagées de vulnerabilidade. Vimos, ao longo da disciplina, o quanto a andlise de fenémenos sécio-histéricos nos ajudam a compreender a situagdo de exclusdio de grupos e sujeitos da malha social e do exercicio pleno da cidadania. Vimos também que o fazer psicolégico demanda uma andlise que ultrapasse as técnicas vistas nas abordagens teéricas, e mesmo o Cédigo de Etica Profissional do Psicélogo nos incita a analisar os sujeitos como biopsicossociais, Nesta unidade, abordaremos trés grandes demarcadores sociais que marcam a excluséo social e se relacionam com a produgéo de sofrimento psiquico. Falaremos de questées étnico-raciais; trataremos sobre a condigéo de situagéo de rua e finalizaremos com a apresentagao do conceito de desterritorializagao e xenofobia, entendendo como a Psicologia se instrumentaliza para atuar perante essas demandas. Bons estudos! Tempo estimado de leitura: 56 minutos 3.1Psicologia e relagées raciais Vivemos em um pais miscigenado, no qual a populagao é mestiga, e isso torna dificil estabelecer qualquer critério racial preciso, diferentemente de outros paises cujas diferencas raciais sao explicitadas. Com base nessa afirmago, 0 hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 2138 11012028, 1558 Tams Cantanpordneot em Psicologia préprio argumento sobre a existéncia do racismo se torna enfraquecido, pois, em um pais com trés grandes origens étnico-raciais, no qual quase todos os seus habitantes revelam tragos dessa mistura, o normal é a diferenga. Concorda? Carneiro (2011) revela que esse pensamento, embora enraizado nos discursos sociais, em vez de garantir uma homogeneidade social, historicamente, contribuiu para acobertar as diferengas raciais evidentes e apresentadas nas caracteristicas fenotipicas da populagdo negra e indigena brasileira, bem como nos seus indices socioeconémicos demonstrados em estatistica. Figura 1- Miscigenago Fonte: Franzi, Shutterstock, 2021, #PraCegoVer Na figura, é apresentada uma representaco do Planeta Terra com pessoas de distintas etnias ligadas entre si, ao redor do globo terrestre. E 0 chamado “Mito da democracia racial”, o qual foi fortalecido em meados do século XX, em que se defendia uma identidade brasileira acima das identidades raciais dos agrupamentos étnicos que compunham nossa populagdio. Carone e Bento (2007) revelam que, em detrimento dessa suposta igualdade, a elite hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 338 11012028, 1558 Tams Cantanpordneot em Psicologia brasileira desencadeou esforgos para garantir 0 chamado branqueamento populacional. Vamos compreender como esse fenémeno histérico se incorpora na construgdo da subjetividade da populagdo negra brasileira tornando-se tema de interesse da Psicologia. 3.1.1 Multi imensées do racismo Segundo Carone e Bento (2007), ha basicamente duas formas de compreender 0 processo de branqueamento da populagdo. Em uma primeira forma, o branqueamento aparece como o “[..] resultado da intensa miscigenagao ocorrida entre negros e brancos desde o periodo colonial, responsavel pelo aumento numérico proporcionalmente superior dos mestigos em relagdo ao crescimento dos grupos negros e brancos na composigao racial” (CARONE; BENTO, 2007, p. 13). Ou seja, seria um processo natural para uma nagéio que tem origem miscigenada, j4 que, havendo a presenca de diferentes ragas habitando a mesma nagdo, com o tempo, a mistura ocorreria espontaneamente. Entretanto, entende-se aqui que tal perspectiva nao contempla aspectos socialmente determinados e estratégias planejadas por parte do Estado e da elite brasileira, os quais visavam uma segregagao. Emerge, portanto, outra forma de compreender o branqueamento. Este seria uma “[...] pressdo cultural exercida pela hegemonia branca, sobretudo apés a Aboli¢éo da Escravatura, para que 0 negro negasse a si mesmo, no seu corpo e na sua mente, como uma espécie de condigao para se ‘integrar’ (ser aceito e ter mobilidade social) na nova ordem social” (CARONE; BENTO, 2007, p. 13). Em outras palavras, em uma sociedade racista, em que as caracteristicas associadas a negritude séo tomadas socialmente de modo negativo, afastar-se dos identificadores da negritude e aproximar-se dos identificadores dos brancos significava sofrer menos preconceito. Emergem dai as consequéncias da anulagéo e da depreciacdo da cultura negra que operaram durante todo o periodo escravocrata e até hoje sustenta um idedrio racista de inferioridade do povo negro. Nesse sentido, segundo Teixeira (2020, p. 45): [J violéneta racista subtrai do sujeito negro a possibildade de explorar seu pensamento em todo 0 infinite potencial de crlatividade que possul pois, o pensamento passa a se hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 408 so1o4i2023, 15:53, ‘Temas Contempordneos em Psicologia autorestringir devido a dor de refletir sobre sua propria identidade, Esse histérico gerou impacto direto na realidade atual no Brasil, no apenas em nivel subjetivo, mas de modo palpavel. Conhega algumas consequéncias mais objetivas. Ocupagao territorial precarizada para a populagao negra Trabalhos menos valorizados __socialmente ocupados por essa populagao. Pouca ou nenhuma representaco de pessoas negras nos espacos de poder, Carneiro (2011), entretanto, menciona a superficialidade em tratar esses aspectos como sociais sem demarcar 0 critério racial que permeia essa realidade material. Frequentemente apartados do cere de grande parte dos debates raciais hegeménicos no Brasil, os povos indigenas que compéem a populacao brasileira também sao alvo de desmonte histérico e racismo estrutural que se materializa em exclusdes e esteredtipos constantes. Em titulo provocativo, no capitulo intitulado "Paz sem voz", Marchioro (2018) revela como, no principio republicano brasileiro, foi necessario o estabelecimento de politicas de reparagao para considerar minimamente cidada a populagao indigena. O Servico de Protecao aos Indios (SPI), criado em 1910 e posteriormente substituido pela Fundacgao Nacional do [ndio (Funai), em 1967, indica esse esforco. Entretanto, sua atuagao revela que o interesse politico hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 598 11012028, 1558 Tams Cantanpordneot em Psicologia orientado por cada grupo ideolégico que assume o controle pode, por vezes, gular agdes que incorrem em aculturacdo e fortalecimento da exclusao daqueles que, por lei, deveriam ser defendidos No campo da Psicologia, cabe retomar 0 conceito de desumanizagao, definido por Lima, Faro e Santos (2016, p. 219) como: |. um proceso de percepedo do outro, classificado como minoritério no contexto de uma relagdo assimétrica de poder, que colabora para a perpetragao e legitimagae de varias formas de vioténcia [..] representando-0 como néo humano, demoniaco, objeto/coisa, representante do mal, que precisa ser preso, isolado, aniquilado. Os autores afirmam que a desumanizacao pode ser observada por meio da negacdio da expressao dos sentimentos do outro, da sua cultura e valores, ou de uma condigéo moral considerdvel. Envolve também a atribuigdo negativa e deslegitimadora do grupo desumanizado e sua demonizacao (LIMA; FARO; SANTOS, 2016). Em seu estudo, comprovam que tragos de animalizacao, deslegitimagao e excluséo moral superaram os tragos positivos e neutros atribuidos @ populagao indigena por pessoas nao indigenas. Essas percepcées esto ligadas as praticas de preconceito que promovem sofrimento psiquico grave, dentre multiplas formas de violagao. hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 898 soro4iz023, 15:53, ‘Temas Contempordneos em Psicologia VOCE O CONHECE? Neusa Santos Souza (1948-2008), uma psiquiatra e psicanalista negra brasileira, é autora do livo “Tomar-se Negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensao social", Essa obra revolucionouo estudo das relagdes raciais no campo da Psicologia e, até hoje, é uma grande referéncia na érea © preconceito, como comportamento, foi abordado por Lima (2020) e nos fornece importantes instrumentais para conhecer e intervir sobre o fendmeno do racismo. 0 autor relembra que hé modelos duais do comportamento humano que distinguem processos cognitivos entre autométicos e controlados. A expressdo do preconceito coaduna essa légica, muitas vezes, sendo praticado mesmo sem a intencionalidade de quem o executa. O cardter social internalizado do preconceito faz parte da base comportamental de quem o pratica, e sua ndo explicitude nao representa uma inexisténcia. Desse modo, ganham corpo as demandas psicoeducativas de praticas “antipreconceituosas”, 0 antirracismo, por exemplo, representa no sé a vigilia individual e controle da pratica racista, mas envolve seu combate ativo por todos os sujeitos. Lima (2020) afirma ainda que, no campo da Psicologia social do preconceito, é importante observar atitudes implicitas, privadas e explicitas/publicas. As atitudes implicitas se encontram fora do controle racional e podem ser exemplificadas por “[... sentimentos avaliagdes nao conscientes ou fora do controle voluntario, que se expressam de maneira automatica nos encontros intergrupais” (LIMA, 2020, p. 63). Grande parte das agées discriminatorias séo realizadas implicitamente, o que pode gerar uma sensagdo de inexisténcia, por exemplo, de racismo em um cotidiano institucional (escola, comunidade, igreja, instituigdio de satide). Esses processos sao de triplo cardter: cognitivo, afetivo e comportamental. hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 7198 so1o4i2023, 15:53, ‘Temas Contempordneos em Psicologia en ory Figura 2 - DimensBes do racismo Fonte: Eleborade pelo autor, 2021, #PraCegoVer Na imagem, séo apresentadas trés engrenagens contendo as palavras “institucional”, “Internalizado” e “Interpessoal’, representando a conexo dessas trés dimenses no racismo. As atitudes privadas de preconceito se manifestam na linha ténue entre as concepgées individuais sobre grupos socialmente excluidos e o contexto em que © individuo se insere. Elas séo realmente executadas em momentos de intimidade e resultam de modelos que as pessoas estabelecem de si préprias. Desse modo, atitudes explicitas de discriminacéo acabam nao sendo publicizadas, embora estejam prementes. Por fim, Lima (2020) afirma que hé 0 comportamento de preconceito piiblico, Como o nome sugere, séo agées praticadas em ato explicito, convertidas em injuria, afastamento, violéncia, dentre outras ferramentas muitas vezes aceitas socialmente. Perceba que, com base nas discussées apresentadas, 20 menos duas demandas centrais relacionadas ao racismo e demais formas de preconceito sao postas a Psicologia. hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 838 11012028, 1558 Tams Cantanpordneot em Psicologia A primeira envolve © reconhecimento das bases estruturais e modos de reproduco de cada forma de preconceito. Para tanto, é fundamental conhecer 0 fundamento histérico, institucional e cognitive de sua construgao e propagacao, © que demanda constante estudo por parte das(os) profissionais. Nesse ambito, as intervengdes devem necessariamente envolver ptblicos ampliados, ndo se limitando aos coletivos em situagao de discriminacao. A segunda se refere a intervengao direta com a populagdo-alvo de discriminacao racial. Nesse ponto, cabe &(a0) profissional de Psicologia compreender de onde parte a discriminagao sofrida e avaliar os impactos desse processo na satide mental, cognico, construgao da identidade e demais campos subjetivos. Figura 3 - Atengo psicol6gica como ferramenta de intervenco perante situacées de racismo ‘utterstock, 2021, ate: fizkes, #PraCegoVer Na imagem, é apresentado um grupo em terapia, composto por pessoas de distintas cores/etnias. E importante finalizar este topico apresentando o branco como grupo étnico, tal como os demais. Teixeira (2020) apresenta estudos que criticam as formulagées tedricas voltadas ao debate racial nas quais apresentam o “branco” como o “normal”, enquanto demais grupos étnico-raciais sao elencados como o “outro” Essa postura revela de qual ponto partimos no pensamento social do contexto brasileiro, néo debatendo as implicagées histéricas e cotidianas das préticas embasadas em cada categorizagao racial. hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 9198 so104i2023, 15:53, ‘Temas Contempordneos em Psicologia 3.1.2 Etica em Psicologia e relagées raciais Identificar as determinagées éticas da pratica em Psicologia no que se refere aos aspectos étnico-raciais nao é dificil. 0 Cédigo de Etica Profissional do Psicélogo apresenta, em seu art. 2°, dois vetos importantes: ) Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizem negligéncia, discriminagao, exploragao, violéncia, crueldade ou opressdo; b) induzir a conviegées politicas, floséficas, morais, ideolégicas, religiosas, de orientagdo sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercicio de suas fungées profissionais. (cre, 2005) Porém, apesar de ser fundamental tal colocacio, 0 Cédigo de Etica ndo apresenta diretrizes precisas de atuacdo. Suas orientagdes sao guias para uma pratica em todo o contexto profissional, no narrando especificidades. Os debates relacionados a consideraco dos aspectos sécio-histéricos do racismo e suas reverberagées nao se encerram no quesito ético, atingindo o campo da técnica Em recente resolugdo, 0 Conselho Federal de Psicologia orienta profissionais quanto a elaboragao de documentos oriundos da pratica psicolégica (CFP, 2019). Chama ateng&o o exposto nos Principios Técnicos da elaboragao de documentos psicolégicos expressos no art. 5° do referido documento: hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 10138 ‘010472023, 15:53 “Temas Conlempordneos am Psicologia A elaboragdo de documentos decorrente do servico prestado 1no exercicio da profissdo deve considerar que este 6 0 resultado de uma avatiagdo e/ou intervengdo psicol6gica, observando os condicionantes histéricos @ sociais e seus efeitos nos fenémenos psicolégices, (CFP, 2019, grifo do autor). Desse modo, a produgao teérica sobre racismo, as contribuigdes da Psicologia social e outros campos da ciéncia psicolégica, bem como disciplinas correlatas, devem instrumentalizar a prética profissional da psicéloga(o). Por fim, pontua-se que a principal resolucdo especificamente voltada a prevengdo do racismo na Psicologia brasileira completa 20 anos em 2022. A Resolugao CFP n° 18/2002 orienta profissionais a nao exercerem qualquer pratica de discriminagao racial em quaisquer atividades do fazer psicolégico. Como vocé viu, é evidente a preocupagao do Conselho Federal de Psicologia em garantir uma atuagao alinhada com os Direitos Humanos e embasada em pressupostos tedricos que nado reproduzam priticas excludentes discriminatérias. hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 11098 soro4iz023, 15:53, ‘Temas Contempordneos em Psicologia VAMOS PRATICAR? Escolha algum filme de sua preferéncia que aborde uma situagaio de preconceito. Analise o filme buscando identificar as dimensées implicitas e explicitas da manifestagao do preconceito na histéria contada e compartilhe no forum. Procure explicitar o que pode sustentar as relagdes de preconceito observadas, pontuar os impactos a satide mental demonstrados e propor formas de intervengao. 3.2 Preconceito e exclusdo social As discussées sobre exclusdo social tm ganhado corpo na Psicologia brasileira inicialmente pela via da Psicologia social, especialmente apés a chamada “crise da Psicologia social brasileira’. A excluso social é um fendémeno de ordem macro, ndo podendo ser compreendida a partir de andlises individualizantes. De acordo com Wanderley (1999), atinge grupos que apresentam alta probabilidade de ruptura do vinculo social, por causa da sua trajetéria histérica: idosos; deficientes; hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 12188 so1o4i2023, 15:53, ‘Temas Contempordneos em Psicologia desadaptados sociais; minorias étnicas ou de cor; desempregados, dentre outros. A exclusao envolve uma privagao material e simbdlica a esses grupos, causando impactos coletivos e individuais. Neste tépico, trataremos de duas populagdes afetadas pelo processo de exclusao social em ordem mundial: pessoas em situaao de rua e migrantes. O primeiro publico tem sido tratado pela Psicologia brasileira ha décadas, porém, recentemente (jé no século XX!) sdo estabelecidas politicas puiblicas firmes que ratificam essa atuagdo. O segundo tem sido alvo de debates contemporaneos, especialmente conforme a relacao da sociedade brasileira com a migragao de estrangeiros, com destaque a condigao de refugiados, que se altera e predispée vulnerabilidades materiais e subjetivas a essa populagao. 3.2.1 Atengdo psicolégica 4 populagéo em situagao de rua Historicamente excluida do processo de protecao legal, apenas em 2009 é promulgada uma politica nacional voltada a garantia dos direitos da populago em situagao de rua: Politica Nacional para a Populagdo em Situagéo de Rua (PNPR) (BRASIL, 2009). De acordo com esse documento, esse piiblico é definido como: [..] 0 grupo populacional heterogéneo que possui em comum a pobreza extrema, 0s vinculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexisténcia de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros ptiblicos e as areas degradadas como espaco de moradia e de sustento, de forma temporéria ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite tempordrio ou como moradia proviséria. (BRASIL, 2009). © Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais chama atengao para a condigao de pobreza, fenémeno histérico e social demarcado intimamente por decisdes politicas e auséncia de agées de Estado (CRP-MG, 2015). Lembramos também sobre a exclusdo social que, apesar de nao se resumir a pobreza, est fortemente correlacionada a ela (WANDERLEY, 1999). Compreender a populagao em situagao de rua nos coloca, como psicélogas(os), a avaliar o impacto de condigées concretas, como a auséncia de moradia demarca um cenério desenvolvimental propicio a uma cadeia de violagdes e sofrimento psiquico, hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 13038 to104i2023, 15:53, ‘Temas Contempordneos em Psicologia VOCE SABIA? 0 termo “moradores de rua’ tem sido cada vez mais abolido dos textos oficiais e académicos por sugerirem certa naturalizagao da condigao de stadia nas ruas e auséncia de moradia digna, Ao adotar 0 uso do termo “situagao de rua’, esté implicito que a condigéo de estadia na rua é uma “sltuagdo”e, portanto, nao permanente. ‘A populagao em situagdo de rua passa por processos psicossociais de desinsergao, desafiliagdo, apartacdo social, dentre outros. Wanderley (1999) resume esses conceitos, delineando como sua compreensio pode instrumentalizar a(o) profissional de Psicologia na adogdo de estratégias perante o fenémeno aqui enfatizado, Desinsergdo Entendido como 0 inverso da integragao social. As pessoas que passam por esse processo sdo desconsideradas como sujeitos sociais. A desinsergao envolve bases objetivas e subjetivas, por exemplo, a discriminagao social sofrida pela populagéo em situagao de rua. Desafiliagao Refere-se a fragilidade de vinculos sociais comunitdrios. Mesmo havendo forte conexao e afetividade entre pessoas em situagdo de rua, grande parte da vivéncia comunitaria lhes é hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=838172 14098 so1o4i2023, 15:53, ‘Temas Contempordneos em Psicologia negada. Apartagdao social Entendimento do sujeito como um ser “a parte”, um “desigual” e “nao semelhante”. A pessoa nessa condigdo é afastada do préprio género humano pela sociedade que o exclui. Vimos, portanto, que a excluséo social é um demarcador central para compreender a experiéncia de pessoas em situagdo de rua. No bojo da PNPR, surgiram servigos e programas voltados a combater esse processo de exclusao, orientados pelos seguintes principios: J respeito & aignidade da pessoa humana; 1v- direito d convivéncia familiar @ comuniteria: 1 valorzagdo e respeito 4 vida € 6 cictadania; IV- atendimento humanizado @ universatizado; © V- respeito as condi¢ses sociais e alferengas de origem, raga, dade, nacionalidade, género, orientagéo sexual e religiosa, com atengdo especial ds pessoas com deiciénota, (BRASIL, 2008). Vamos conhecer algumas dessas estratégias e compreender como a Psicologia contribui com sua execugdo! Apresentaremos aqui os seguintes servicos: hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=838172 15138 ‘010472023, 15:53 “Temas Conlempordneos am Psicologia Servigos de Acolhimento Institucional (Abrigos Institucionais e Casas de Passagem) e Servicos de Acolhimento em Republica; Centro de Referéncia Especializado de Assisténcia Social para a Populagao em Situacdo de Rua (Centro POP); Consultério de Rua; Centro de Atengao Psicossocial Alcool e Drogas (CAPSad) (CRP-MG, 2015). Figura 4- Situagio de rua Fonte: Matt Gush, Shutterstock, 2021, #PracegoVer Na imagem, ha barracas precérias representando pessoas em situagio de rua, em vulnerabilidade social. a) Servigos de Acolhimento Institucional (Abrigos Institucionais e Casas de Passagem) e Servicos de Acolhimento em Republica Servigos vinculados a protecao social especial de alta complexidade do Sistema Unico de Assisténcia Social (SUAS). Envolve a possibilidade de estadia para individuos e familias, com provisio de alimentagao, banho, enderego de hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 16038 ‘010472023, 15:53 ‘Temas Contempordneos em Psicologia referéncia, dentre outras atividades voltadas 4 populacdo em situagdo de rua. Ha oferta de creches e escolas para as criang¢as e acompanhamento psicolégico e socioassistencial. Ainda que, inserido na politica de Assisténcia Social, no haja a atengdo de clinica psicoterapéutica, a(o) psicdloga(o) inserida(o) nessa instituigdorealiza_oficinas, _atendimentos_ grupais_e __individuais, encaminhamentos e acompanhamento na rede intersetorial, dentre outras atividades condizentes com 0 SUAS. b) Centro de Referéncia Especializado de Assisténcia Social para a Populacéo em Situagao de Rua (Centro POP) Servico vinculado a protegao social especial de média complexidade do Sistema Unico de Assisténcia Social, atua com a populagao em situagao de rua adulta, nao ofertando estadia. Objetiva o fortalecimento do vinculo dos usuarios com a equipe; realizagao de encaminhamentos que visem a superagao da situagao de rua; melhoria da autoestima; desenvolvimento de consciéncia critica cidada e acompanhamento do usuario a partir das demandas apresentadas (CRP-MG, 2015). Apesar de nao ofertar estadia, também funciona como espago de referéncia, possibilitando acesso a alimentagdo, guarda de pertences e higiene. Por ser um espaco de convivio grupal, a(o) psicdloga(o) deve se valer dessa caracteristica para propor atividades de fortalecimento e organizagao social entre os usuarios. c) Consultério de Rua/Consultério na Rua So modalidades de atendimento executadas extramuros com foco em usuarios de drogas. Esto vinculadas a politica publica de satide e funcionam a partir do modelo clinico-comunitario. As equipes intervém com a populagao em situagao de rua fora da barreira institucional, possibilitando maior contato com a experiéncia desses usuarios, violagdes vividas e redes de apoio. Santos, Jacinto e Rocha (2020) apontam que o Consultério na Rua é parte integrante da Rede de Atencio Basica, desenvolvendo acdes seguindo critérios e regulamentos estabelecidos pela Politica Nacional de Atengao Basica. Possuem ampla parceria com as Unidades Basicas de Satide e buscam levar o atendimento & satide para a populagdo em seu territério. Os autores identificaram, em revisdo de literatura, que a situagao de rua est correlacionada a problemas relacionados a satide, incluindo transtornos mentais (depressao e ansiedade, transtornos somaticos, decréscimo em energia vital, dentre outros). Desse modo, mesmo que a énfase do servigo seja em usuérios de drogas, deve- se entender a pratica das equipes orientadas ao cuidado integral desses sujeitos. Pode-se, por exemplo, por meio desse servico “[...] desenvolver um hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 17138 11012028, 1558 Tams Cantanpordneot em Psicologia trabalho de conscientizagéo da populagao em situagao de rua sobre seus direitos, por meio de informagées sobre 0 acesso aos servicos publicos ou, ainda, sobre como realizar dentincias” (CRP-MG, 2015, p. 32). d) Centro de Atencio Psicossocial Alcool e Drogas (CAPSad) Sao servigos vinculados & politica publica de satide. Nesses servigos, é realizado acompanhamento clinico e reinsergao social, busca de acesso ao trabalho e lazer, bem como ages de fortalecimento de lagos familiares e comunitarios. 0 Conselho Federal de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG, 2015) aponta que a diferenca dos CAPSad para os CAPS regulares se refere aos seus objetivos (énfase na populagao usuaria de drogas), recursos humanos e estruturais. © psicélogo, nesse servico, desenvolve atendimentos individuais clinicos, oficinas terapéuticas, estudos de caso e agées comunitdrias. Pode também realizar atividades preventivas e educativas na comunidade, direcionadas & temitica das drogas. Os atendimentos ofertados pelo CAPSad & populagao de rua devem seguir uma orientagdo sem julgamentos que afastem os usuarios do servico. Adota-se a Estratégia de Redugaio de Danos nas praticas de intervengao, especialmente na rua. VOCE QUER VER? O filme “Era 0 Hotel Cambridge” (2016), de Eliane Caffé, apresenta uma mescla de ficgdo e realidade narrando histérias de pessoas que passam pelos obstaculos da luta por moradia em Sao Paulo somada aos desafios da Vida sob refuigio. E uma obra que ilustra de modo tinico essa situagao, demonstrando como os impasses envolvem a busca do trabalho, a lingua ea insergao em uma nova cultura, Os servigos apresentados sao alinhados diante do objetivo de garantir a autonomia da populagao em situagdo de rua, promovendo acesso a direitos e consciéncia critica, bem como & construgdo de estratégias concretas que possibilitem 0 rompimento com a situagdo de vulherabilidade. Para tanto, é crucial que haja um contato com a rede de politicas publicas e 0 hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 18038 11012028, 1558 Tams Cantanpordneot em Psicologia desenvolvimento de atividades interdisciplinares junto a profissionais de outras categorias técnicas (enfermeiros, médicos, pedagogos, assistentes sociais, profissionais de nivel médio, dentre outros). Quanto aos recursos técnicos disponiveis para a Psicologia nesse contexto, 0 Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG, 2015) e 0 Conselho Regional de Psicologia da Bahia (CRP-03, 2009) indicam os recursos utilizados pela Psicologia no contexto de atencao a populacao em situagao de rua. a) Realizagdo de entrevistas, acolhimento, orientagdo e anamnese b) Acompanhamento psicossocial. c) Construgao de planos de atendimento. d) Desenvolvimento de estratégias de vinculagao. e) Elaboragao de relatérios e pareceres. f) Visitas domiciliares e institucionais. 9) Encaminhamentos para outros servigos da rede socioassistencial e intersetorial. Em contexto grupal, é possivel realizar atendimentos em grupo e familia, atividades lidicas, dinamicas, atividades de valorizagéo da autoestima dos usuérios, agées comunitérias, palestras, oficinas preventivas, acompanhamento dos usudrios em audiéncias, dentre outros. hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 19138 11012028, 1558 Tams Cantanpordneot em Psicologia Em documento orientador, © Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG, 2015) afirma que a atuagao psicolégica voltada & populagéo em situagao de rua nao é disponibilidade de uma Unica abordagem teérica. Pontua, entretanto, a necessidade de compreender os impactos dos fenémenos histéricos e sociais nas trajetérias dessa populagdo, o que pode levar psieélogas(os) a buscar saberes para além da sua linha teérica de afiliacdo. Sinaliza que, especialmente nos servigos inseridos na assisténcia social, 0 convite & reinvengdo e & construgao de fazeres que nao se enquadram na Iégica clinica devem ser vistos como “ (CRP-MG, 2015, p. 44). Ja abertura de um leque de possibilidades” ESTUDO DE CASO ‘A psicéloga Erika atua junto & equipe do CAPSad de um municipio de médio porte. Dentre as atividades, hé a abordagem de pessoas usuéries de drogas na rua visando uma orientagao sobre drogadicao, redugdo de danos e vinculacao entre esses sujeitos e a instituigdo. Apés abordar, em uma rua central da cidade, uma familia composta da genitora (dona Joana) ¢ trés filos (11, 12.€ 14 anos), constatou que todos os membros j@ haviam feito uso de drogas, sendo 0 lcool o maior problema identificado, No primeiro contato, nenhum membro da familia se mostrou aberto a dialogar com a equipe, porém, com a constancia das intervengGes e da escuta, Erika ouve da dona Joana que esta gostaria de participar das atividades do CAPSad, Ao ser acolhida na institui¢ao, dona Joana passa a ser atendida por médicos, enfermeltos, psicélogos e assistente social. Tendo participado com frequéncia das oficinas, aguarda a emissao dos seus documentos, com apoio da assistente social da instituigdo, e j entrou em contato com o CREAS que referencia sua rea ‘em busca dos beneficios socioassistenciais aos quais tem direito. 0 caso apresentado revela uma pequena parte do trabalho da Psicologia nesse contexto. A aproximagao da populagao em situagdo de rua é fundamental e a forma como ocorre pode indicar uma adesao ou ndo ao servico prestado. hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 20038 soro4iz023, 15:53, ‘Temas Contempordneos em Psicologia TESTE SEUS CONHECIMENTOS (ATIVIDADE NAO PONTUADA) A intervencao psicolégica perante a populagao em situagado de tua precisa ser constantemente discutida, pois 0 momento do contato define uma adesdo ou nao 4 instituigaéo e ao servico prestado. Pereira e Jacinto (2020) analisaram artigos que tratam da resisténcia associada a essa populacao, identificando que ora se observava a resisténcia como algo negativo, ora como positivo. Negativo se refere 4 negagado ao cuidado e positivo trata da capacidade de resistir as adversidades. Fonte: PEREIRA, A. C. G.; JACINTO, P. M. S. Situagao de rua e resisténcia: uma revisao de literatura. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 4, n. 11, 2020. Disponivel em: https://revista.ufrr.br/boca/article/view/PereiraJacinto (https://revista.ufrr.br/boca/article/view/PereiraJacinto). Acesso em: 20 maio 2021. Ante o exposto e considerando o que foi estudado sobre os individuos em situacdo de rua, analise as afirmativas a seguir. |. A resisténcia demonstrada pela pessoa em situagao de rua contra profissionais de satide pode ser relacionada a uma inicial desvinculagao entre ela e a equipe. hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 21138 ‘010472023, 15:53 “Temas Conlempordneos am Psicologia ll. As equipes de satide devem levar em consideragao que a pessoa em situacdo de rua também apresenta autonomia e condigao de tomar decisdes sobre sua trajetdria. lll. As intervengdes voltadas as pessoas em situagdo de rua devem ser de cardter compulsério e impositor, ja que a resisténcia ao atendimento sé piora sua condi¢ao. IV, Mesmo diante da vulnerabilidade, as pessoas em situagdo de rua podem demonstrar comportamentos de enfrentamento, como, por exemplo, a uniao com o coletivo/semelhantes em busca de seguranga. Esta correto 0 que se afirma em: O atten. © »b)lew. O olen. O autem. O oiiiten. VERIFICAR 3.2.2 Contribuigéo da Psicologia no combate 4 violéncia contra a populagéo em situagdo de rua Os processos de desinsergdo e apartagao social, discutidos anteriormente, também revelam bastante sobre como a percepedio negativa enraizada contra as. pessoas em situacdo de rua legitima violéncias. Aquele visto como “menos humano” também é posto socialmente no lugar de “menos merecedor de afeto” Estudos sobre esterestipos e estigmas construidos acerca da populagao de rua demonstram esse quadro. Teixeira et al. (2019) salientam que 0 uso dos termos hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 22138 11012028, 1558 Tams Cantanpordneot em Psicologia "mendigos’, "vagabundos', “fedorentos’, “cracudos', dentre outros, sao propagados socialmente e pela midia e constroem um imaginario da populagao em situacdo de rua como potencialmente perigosa, preguigosa e desumanizada. Mesmo nos servigos ofertados a essa populacdo, predominam visées que a coloca como pouco detentora de saber e incapacidade de desenvolvimento de autonomia, posigao esta que, como vimos, é especificamente limitante para a atuagéo da Psicologia. Consideré-los culpados pela situagdo que vivenciam apenas reforga a construgéo de uma identidade de humilhagao social (ALCANTARA; ABREU; FARIAS, 2015), motor para a apatia, aversio e sofrimento psiquico. Dito isto, historicamente, a populacao em situagao de rua foi tratada a partir de estratégias higienistas de Estado. Um exemplo no campo da infancia e adolescéncia se refere ao Cédigo de Menores (BRASIL, 1979), que enquadrava criangas em situagdo de rua como "menores em situacao irregular’ e orientava praticas repressivas e policialescas que as removessem dos ambientes urbanos centrais, frequentemente sob uso de forga. Figura 5- Direitos das criancas e dos adolescentes Fonte: artskvortsova, Shutterstock, 2021, #PraCegoVer Na figura, so apresenta sete criancas de maos dadas sobre a representacdo do Planeta Terra, indicando a protego a esse publico. hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 23038 11012028, 1558 Tams Cantanpordneot em Psicologia Perceba que, embora a Psicologia tenha sido construida e firmada como um campo da a¢do individual, a atengao as pessoas em situacdo de rua, ainda que voltada aos principios aqui narrados, nao tem potencial para, sozinha, mudar uma realidade estrutural. Diante de debates como esses, firmou-se, a partir dos anos 1980, a defesa do compromisso social da Psicologia no Brasil. Bordao que ganhou destaque com a psicéloga Silvia Lane e reverberou pela Psicologia nacional, assumir um compromisso social implica pensar praticas que nao sejam deslocadas da mudanga na estrutura social Isso envolve, sim, intervir perante a populacao vulnerabilizada, mas também buscar meios de promover maior qualificacdo as instituigdes, ao Estado e a sociedade, que agregam, produzem e reproduzem essas vulnerabilidades. Nessa perspectiva, os processos subjetivos decorrem da dialética subjetividade- objetividade, sendo levado em consideracdo como as condicées materiais interferem nos processos psiquicos (BOCK et al, 2007). Afinal, a pobreza, a violéncia e a exclusdo nao podem ser enquadradas apenas como abstracées, pois tém demarcadores concretos que alteram a experiéncia de vida dos sujeitos. Nesse ponto, retornamos & compreensao do fazer psicolégico como nao isolado. Parece simples, mas a pratica interdisciplinar (construida a partir da jungo de saberes distintos, geralmente experienciados em equipes multiprofissionais) e intersetorial (um fazer fruto do alinhamento de distintas politicas publicas setoriais) 6 a melhor estratégia para uma atengdo integral Essa atengdo envolve processos de acolhimento, escuta e intervengées de satide, mas também deve buscar a mudanga da realidade concreta, 0 rompimento do ciclo de pobreza e o distanciamento da populagao atendida de situagSes que provoquem risco psicossocial hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 24008 so1o4iz023, 15:53, ‘Temas Contempordneos em Psicologia VAMOS PRATICAR? Analise a Politica Nacional para a Populacdo em Situagdo de Rua (BRASIL, 2009) e busque identificar: quais principios regem a politica; quais orientagdes sao apresentadas para atender a populagao-alvo; quais pontos apresentados na politica convergem positivamente com a ética profissional em Psicologia. Elabore um breve texto orientado por esses questionamentos e compartilhe no férum. 3.3 Desterritorializagdo e Direitos Humanos Territério, para a Psicologia, é mais do que um espago geogréfico. Dentre outras definigdes, podemos entender territério como um “espaco social’, demarcado pelas experiéncias e afetos nele vivido (CONTI, 2016). Assim, pertencer a um hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 25138 so1o4i2023, 15:53, ‘Temas Contempordneos em Psicologia territério envolve uma adesdo além da fisica, entéo, desequilibrios nessas experiéncias trazem implicagées concretas & sade mental e relacional dos sujeitos. igura 6 - Migracio e refigio hutterstock, 2021. #PraCegoVer Na figura, so apresentadas silhuetas de um grupo de pessoas em migracdo, representando a situagao de vulnerabilidade para essa populagio, Diversas razées podem gerar desterritorializagao: situagdes de desastre e climaticas; guerras; contrastes econémicos; conflitos de multiplas ordens. Neste t6pico, trataremos da desterritorializagao vivenciada por imigrantes e os processos associados exclusdo contra essa populagdo. Trataremos de introduzir como a Psicologia tem se apropriado dessa discussao e promovido hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 26138 so1o4i2023, 15:53, ‘Temas Contempordneos em Psicologia ferramentas de atuagao. 3.3.1 Preconceito contra imigrantes De acordo com 0 Ministério da Justia (2020), entre 2011 e 2019, foram registrados no Brasil 1.085.673 imigrantes. Estes se dividiam entre aqueles que vieram por livre opgao, solicitantes de refgio e refugiados. Em sua maioria, eram do sexo masculino e detentores de diploma de nivel médio e superior. Atualmente, predomina o fluxo vindo de paises da América do Sul e Caribe. Embora haja migragées motivadas por trabalho, matriménio, estudo, dentre outras razées positivas, segundo a Agéncia da ONU para Refugiados (ACNUR, 2019), sua ocorréncia é, com frequéncia, motivada por situagdes de violagao de direitos humanos, como guerras, crises econémicas, desastres naturais etc. Em consequéncia, ha uma situagao de extensa desigualdade social que, como vimos, é 0 cerne para vivencias de exclusao e sofrimento psiquico. Neste tépico, focaremos na populagao forgada a deixar seu territério e se arriscar em nagées estrangeiras em busca da garantia de direitos basicos No Brasil, os obstaculos para essa populacdo ultrapassam a prépria privagao material. Gondin et al. (2016) demonstraram que, em um cenério de crise econémica, estrangeiros frequentemente sdo associados a ameacas e passam a ser alvo de preconceito pelas populagées locais. As autoras confirmam esses dados ao constatarem que a maioria das experiéncias vividas por estrangeiros refugiados no Brasil se enquadravam como negativas, com destaque as manifestagdes avessas por parte de brasileiros, bem como descaso institucional. Esse fenémeno revela a existéncia de um “mito da receptividade do povo brasileiro’ (GONDIN et al, 2016), que mascara conflitos ideolégicos referentes integra¢do imigrante no pafs. Evidenciar tais conflitos e a materializagdo do preconceito praticado € fundamento para a construgao de agées reparadoras. hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 27188 so1o4i2023, 15:53, ‘Temas Contempordneos em Psicologia Figura 7 - Mito da receptividade brasileira Fonte: danielreche, Shutterstock, 2021. #PraCegoVer Imagem de uma jovem de costas, olhado para o horizonte. A jovem esté enrolada em uma bandeira do Brasil. Em estudo realizado com imigrantes haitianos em Florianépolis (SC), Gomes (2017) revela que a exclusdo vivenciada por essa populagdo se materializa na sobrecarga de trabalho, necessdria para a garantia do provimento econémico basico, mas também embasa a experiéncia de solidéo. Para o autor, essa solidao, em partes, decorre dos obstaculos do estrangeiro em construir uma identidade em uma cultura distinta da sua de origem. Esse distanciamento gera impasses no reconhecimento de si, j4 que a vivéncia negativa de preconceito reafirma uma visdo negativa transportada do outro que nao acolhe Por fim, é inegavel que 0 preconceito contra imigrantes no Brasil apresenta um demarcador étnico e de classe importante. As experiéncias negativas sao superiores nos grupos advindos de paises afficanos, sulamericanos e caribenhos, bem como sao fortalecidas contra a populagao que chega ao Brasil em condigao de pobreza (GONDIN et al, 2016; GOMES, 2017). 3.3.2 Politicas pGblicas de apoio a imigrantes e refugiados Sendo entendida a configuragao preconceituosa perante a populagao imigrante no Brasil (ou, ao menos, grande parte dela), quais so as instituigdes criadas para a garantia de direitos a esses sujeitos? Como a psicologia-profissao é demandada nesses espagos? Grande parte do trabalho de acolhimento a hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 28038 soros2023, 15:58 “Temas Cantemporaneos am Psicologia migrantes no Brasil ocorre por intermédio de servigos néo governamentais, como a Casa do Migrante, fundada na década de 1940, e Missdes de Paz, dentre outras instituigées religiosas (GONDIN et al, 2016). Mesmo com as préticas humanitérias das agées do Terceiro Setor, observa-se no Brasil que ha a instituigéo de servigos publicos que buscam dar conta do atendimento a essa demanda. VOCE QUER LER? Politicas de atendimento a migrantes e refugiados no Brasil e aproximagées da psicologia Autor farco Aurélio Maximo Prado e Suzana Almeida Araujo ‘Ano: 2019 ‘Comentério: No artigo, os autores definem a dimensao psicolégica da atencdo a essa populagdo, apresentam uma série de servigos voltados a esse fim e contribuem com orientagdes sobre a pratica da psicologia nesse campo. ‘Acesse (http://pepsic.bvsalud.org/scielo,php? soript=scl arttext&pid=S1519-549X7019000300014) Em 2016, 0 entéo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate 4 Fome publicou um documento reconhecendo o migrante como sujeito de direitos (BRASIL, 2016). Diante disso, foi priorizada a expansdo da rede de servigos de acolhimento as "[...] pessoas em situagao de rua, desabrigo, migragao, auséncia de residéncia ou pessoa em transito, [...] jd entendendo o fenémeno nao apenas como uma situagéo emergencial mas estruturante" (BRASIL, 2016, p. 9-10) Desse modo, reestruturase a rede de Protegéo Social Especial de Alta Complexidade reiterando © referido ptiblico como segmento atendido pelos Servicos de Acolhimento Institucional para Adultos e Familias. Entretanto, 0 referido documento deixa evidente que, no ambito da politica de Assisténcia Social, “[...] 0 atendimento aos migrantes deve estar garantido em todos os niveis de protecao, de acordo com as demandas apresentadas” (BRASIL, 2016, p. 11). Em todos esses niveis ha a atuagdo de psicdlogas(os), quer seja hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 29038 11012028, 1558 Tams Cantanpordneot em Psicologia inseridas(os) nos Centros de Referéncia em Assisténcia Social (CRAS), Centros de Referéncia Especializada em Assisténcia Social (CREAS), Unidades de Acolhimento, quer seja nos demais dispositives do SUAS. TESTE SEUS CONHECIMENTOS (ATIVIDADE NAO PONTUADA) Leia a noticia: “Barranco com risco de desabamento ameaga casas em Maria da Fé, MG Cerca de 20 casas em um bairro de Maria da Fé (MG) convivem com a ameaca do desabamento de um barranco que pode atingir os iméveis. A preocupa¢ao aumentou com a chegada do periodo de chuvas. Os moradores alegam que o problema ja existe ha quase 50 anos. No local, a terra tem trechos de deslizamento préximos aos iméveis, que foram construidos em cima do barranco. Também ha casas na parte inferior. Uma familia foi retirada do local em maio de 2019, mas a maioria dos moradores permaneceu.” Fonte: BARRANCO com risco de desabamento ameaca casas em Maria da Fé, MG. G1 Sul de Minas, 7 de janeiro de 2020. Disponivel em: https://g1.globo.com/mg/sul-de- minas/noticia/2020/01/07/barranco-com-risc: desabamento-ameac: hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 30138 soros2023, 15:58 “Temas Conlempordneos am Psicologia (https://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2020/01/07/barrant tisco-de-desabamento-ameaca-casas-em-maria-da-fe-mg.ghtml). Acesso em: 14 jun. 2021. Com base na noticia assinale a op¢ao correta sobre as relagées entre territorio e atuagdo da Psicologia em contexto de desastres. O a) Situagdes como o desalojamento e desabrigamento podem trazer impactos traumaticos aos individuos afetados, ja que a relagdo entre pessoa e territorio é mediada pelo reconhecimento simb6lico e afetividade. b) A pessoa em situagao de rua ou migracao pode ser direcionada a qualquer espago de moradia, pois, na condigao de vulnerabilidade, nao ha preocupacao sobre o pertencimento ao territério. c) A nogao de territério tem sido cada vez mais debatida na Psicologia e representa uma delimitagao geografica, sem interferéncia de fatores socioculturais e afetivos por parte dos sujeitos. d) Em situagdes como a descrita na reportagem, cabe ao psicélogo convencer os moradores a abandonarem as areas de risco, j4 que em situagdes de desastre nao existem impactos da desterritorializagao. e) Apesar do sentimento de pertenca ao territério ser relevante para a constituigao psiquica do sujeito, seu impacto se limita ao desenvolvimento da identidade e nao tem relacéo com a vivéncia comunitaria. VERIFICAR hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 31138 11012028, 1558 Tams Cantanpordneot em Psicologia Dentre os objetivos da atuagao nessa politica, como membro das equipes técnicas de referéncia, a(o) psicéloga(o) deve buscar: remocao do sujeito da condi¢ao de extrema pobreza por meio da prestagao de servigos e concessao de beneficios; realizagao de atendimentos grupais a criancas, adolescentes, jovens, adultos e idosos, levando em consideragao as vivéncias individuais e coletivas, na familia e territério; criag&o de espacos de trocas e vivéncias, de modo a desenvolver o sentimento de pertencimento e identidade cultural; fortalecimento de vinculo familiar e convivéncia comunitaria; inser¢ao da populagao na rede intersetorial, orientando e acompanhando os usuarios acerca da rede de politicas ptblicas disponivel; especificamente na Alta Complexidade, disponibilidade de ambiente acolhedor e com estrutura fisica adequada, oferecendo condigées de habitabilidade, higiene, salubridade, seguranga, acessibilidade e privacidade. hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 32138 soro4iz023, 15:53, ‘Temas Contempordneos em Psicologia VAMOS PRATICAR? Localize noticias sobre imigrantes e refugiados no Brasil. Selecione uma e construa uma andlise critica sobre o texto, identificando se ha reprodugao de preconceitos contra a populagao narrada, se sao apontadas as dificuldades vivenciadas por essa populagéio e se ha orientagdes sobre servigos de garantias de direitos voltados a esse publico. Traga seu posicionamento sobre a noticia escolhida e compartilhe com os demais estudantes no forum. CONCLUSAO Concluimos aqui esta unidade, na qual discutimos de maneira mais aprofundada © entendimento da Psicologia acerca das questées étnicoraciais e determinantes de classe como demarcadores desenvolvimentais de certos grupos populacionais. Esperamos que o contewdo apresentado sirva para qualificar sua atuagao ao lidar com questées semelhantes no contexto de trabalho! Nesta unidade, vocé teve a oportunidade de: aprofundar os estudos sobre questées étnico-raciais; conhecer ferramentas de atuacdo frente 4 populagdo em situagdo de rua; hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 33038 ‘010472023, 15:53 ‘Temas Contempordneos em Psicologia discutir conceitos referentes a preconceitos e esteredtipos; aproximar-se dos debates recentes acerca do fendmeno migratério e suas implicagdes para a Psicologia; conhecer servigos e ferramentas de atuagao voltadas a populagao migrante e refugiada. Clique para baixar contetido deste tema Referéncias AGENCIA DA ONU PARA REFUGIADOS [ACNUR]. Migragées, reftigio e apatridia: Guia para comunicadores. |MDH, Migramundo, FICAS, Avina, ACNUR, 2019. Disponivel em: (https://www.acnur.org/portugues/wp- content/uploads/2019/05/Migracoes-FICAS- color FINAL pdf)https://www.acnur.org/portugues/wp- content/uploads/2019/05/Migracoes-FICAS-color_FINAL.pdf (https://www.acnur.org/portugues/wp- content/uploads/2019/05/Migracoes-FICAS-color_FINAL.pdf). Acesso em: 20 maio 2021. ALCANTARA, S. C.; ABREU, D. P; FARIAS, A. A. Pessoas em Situagao de Rua: das Trajetérias de Exclusdo Social aos Processos Emancipatérios de Formaciio de Consciéncia, Identidade e Sentimento de Pertenga. Rev. hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 34038 11012028, 1558 Tams Cantanpordneot em Psicologia Colomb. Psicol., Bogotd, v. 24, n. 1, p. 129-143, jan. 2015. Disponivel em: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0121- 54692015000100009&Ing=en&nrm=iso. Acesso em 14 jun. 2021 BOCK, A. M. B. et al. Silvia Lane e 0 projeto do "Compromisso Social da Psicologia’. Psicol. Soc., Porto Alegre, v. 19, n. spe. 2, p. 46-56, 2007. Disponivel em: http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0102-71822007000500018&Ing=en&nrm=iso (http://www. scielo.br/scielo php?script=sci_arttext&pid=S0102- 71822007000500018&lng=en&nrm=iso). Acesso em: 21 abr. 2021. BRASIL. Decreto n° 7.053, de 23 de dezembro de 2009. Institui a Politica Nacional para a Populagdo em Situagdo de Rua e seu Comité Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento, e da outras providéncias. Brasilia: DOU, 2009. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Agrério. O papel da assist@ncia social no atendimento aos migrantes. Brasilia: Secretaria Nacional de Assisténcia Social, 2016. Disponivel em (https:/www.mds. gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Gu ia/guia_migrantes. pdf)https://www.mds. gov. br/webarquivos/publicacao/ assistencia_social/Guia/guia migrantes.pdf (https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Gu ia/guia_migrantes.pdf). Acesso em: 14 jun 2021. BRASIL. Ministério da Justiga. Observatdério das Migragdes Internacionais. Relatério Anual 2020. Ministério da Justi¢a, OBMIGRA, 2020. Disponivel em: https://portaldeimigracao.mj.gov.br/images/dados/relatorio- anual/2020/Resumo%20Executivo%20_Relat%C3%B3rio%20Anual.pdf. Acesso em: 20 maio 2021 CARNEIRO, S. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. So Paulo: Selo Negro, 2011. CARONE, |; BENTO, M. A. S. Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. 3. ed. Petrépolis: Vozes, 2007. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Resolugao CFP n° 018/2002.Estabelece normas de atuacao para os psicélogos em relagdo ao preconceito e a discriminagao racial. Brasilia: CFP, 2002. Disponivel hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 35138 soros2023, 15:58 “Temas Conlempordneos am Psicologia em: (https://site.cfp.org.br/wp- content/uploads/2002/12/resolucao2002_18.PDF)https://site.cfp.org.br/ wp-content/uploads/2002/12/resolucao2002_18.PDF (https://site.cfp.org.br/wp- content/uploads/2002/12/resolucao2002_18.PDF). Acesso em: 6 maio 2021. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Cédigo de Etica Profissional do Psicélogo. Brasilia: CFP, 2005. Disponivel em: (https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica- psicologia.pdf)https://site.cfp.org.br/wp- content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf (https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica- psicologia.pdf). Acesso em: 1° maio 2021 CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Resolugao CFP n° 06/2019. Orientacdes sobre elaboragao de documentos escritos produzidos pela(o) psicdloga(o) no exercicio profissional. Brasilia: CFP, 2019. CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA 3° REGIAO (CRP-03). Minuta Pesquisa CREPOP: CREAS e outros servicos especiais de acolhida e atendimento domiciliar do SUAS. Bahia: CRP-03, 2009. CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE MINAS GERAIS (CRP-MG). A psicologia e a populagao em situagao de rua: Novas propostas, velhos desafios. CRP-MG, 2015. Disponivel em: https://craspsicologia files. wordpress.com/2016/01/a-psicologia-e-a- populac3a7c3a30-de-rua.pdf. Acesso em: 10 maio 2021. CONTI, S. Territorio y psicologia social y comunitaria, trayectorias/implicaciones politicas y epistemolégicas. Psicol. Soc., Belo Horizonte,v . 28, n. 3, p. 484-493, dez. 2016. Disponivel em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 718220160003004848Ing=en&nrm=iso. Acesso em: 23 maio 2021 GOMES, N. L. (org.). Um olhar além das fronteiras: educacao e relagdes raciais. Sdo Paulo: Auténtica, 2007 GOMES, M. A. Os impactos subjetivos dos fluxos migratérios: os haitianos em Florianépolis (SC). Psicologia & Sociedade, Porto Alegre, v. 29, €162484, 2017. Disponivel em: https://doi.org/10.1590/1807- hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 36038 so1o4i2023, 15:53, ‘Temas Contempordneos em Psicologia 0310/2017v29162484. Acesso em: 20 maio 2021 GONDIM, S. M. G. et al, Percepcao de amabilidade e hostilidade para com estrangeiros: um estudo qualitativo. Psicologia e Saber Social, Rio de Janeiro, v. 5,n. 2, p. 91-111, 2016. Disponivel em: https://www.e- publicacoes.uerj.br/index.php/psi-sabersocial/article/view/19325. Acesso em: 20 maio 2021. LIMA, M. E. 0. Psicologia social do preconceito e do racismo. Sao Paulo: Blucher, 2020. LIMA, M. E. 0.; FARO, A.; SANTOS, M. R. A desumanizagao Presente nos Esterectipos de Indios e Ciganos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasilia, V, 32,n. 1, p. 219-228, 2016. Disponivel em: https://doi.org/10.1590/0102- 37722016012053219228, Acesso em: 17 jun. 2021. MARCHIORO, M. Questao indigena no Brasil: Uma perspectiva historica. Curitiba: InterSaberes, 2018. SANTOS, C. S.; JACINTO, P. M. S.; ROCHA, R. S. V. Cuidado em satide mental para a populagao em situagiio de rua, Revista Sociedade e Ambiente, Salvador, v, 2 n. 2, p. 121-140, 2020. Disponivel em: http://www.revistasociedadeeambiente.com/index. php/dt/article/view/2 6. Acesso em: 20 maio 2021 PRADO, M. A. M.; ARAUJO, S. A. Politicas de atendimento a migrantes e refugiados no Brasil e aproximacoes da psicologia. Rev. psicol. polit, Sio Paulo, v. 19, n. 46, p. 570-583, dez. 2019 .Disponivel em: (http://pepsic. bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519- 549X20190003000148Ing=pt&nrm=iso)http://pepsic.bvsalud.org/scielo.p hp2script=sci_arttext&pid=S1519-549X2019000300014&Ing=pt&nrm=iso (bttp://pepsic. bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519- 549X2019000300014&Ing=pt&nrm=iso). Acesso em: 25 maio 2021. TEIXEIRA, A. M. B. Tensdes subjetivas e culturais na experiéncia identitdria de ser um estudante universitdrio negro: a emergéncia de um Self Decolonial. 2020. 245 f. Tese (Doutorado em Psicologia) - Programa de Pés-Graduacao em Psicologia, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2020. hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 37138 so1o4i2023, 15:53, ‘Temas Contempordneos em Psicologia TEIXEIRA, M. B. ef al. Os invisibilizados da cidade: 0 estigma da Populagao em Situagao de Rua no Rio de Janeiro. Saude em Debate, Rio de Janeiro, v. 43, n. spe. 7, pp. 92-101, 2019. Disponivel em: https://doi.org/10.1590/0103-11042019S707. Acesso em: 20 maio 2021 WANDERLEY, M. B. Refletindo sobre a nocao de exclusao. /n: SAWAIA, B. As artimanhas da exclusao: andlise psicossocial e ética da desigualdade social, Petrépolis: Vozes, 1999. p. 16-26. hitpsifambienteacademico.com brimadiurVview.php2id=638172 38138

Você também pode gostar