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A construgao do olhar do pesquisador 0 proceso de pesquisa resulta fn e apunada perepeo do mundo, sistematizado por meia de wna atituie metiica que efetua, no texto produsido, uma comunicacio do olbar posto com atensdo sobre determinado objeto investigation, Asim, tanto proceso de consrugio da pesquisa ‘quanto 0 proceso de invesigagto do objeto fazem parte de um mesmo execcio interpreatvo que busca peneirar nas relagdes socalmenteconsruidas ‘para compreendé-lay, cexplic- se interfer em sua consteugio. Nowe capitulo seek proposta uma reflexdo, em ois monentos distinos ¢ complementares, sobre tum modo particular de vere de pensar produgio do ‘onhecimento na perspectiva ca pesquis-aio. © primeiro movimento relxvo procura penis & «construc do olhar do pesquisador com bas na ed ‘ao do modo pelo qual se olhae percebe © mundo. [Nese movimento, propie-se que © olar, percep- Soe a imterpretasio do abjetocompdcm complexo Proceso de tara das malpasrepresentage eas do mundo, Is quer dizce que o ofhae quer ver sem- re mais do que aguilo que The é dado ver. Olhas, ‘ose cas, significa pena, pensr € muito mais do ue olha aecitar pasivamente as cass. Ese olhat A construcao do oh + oth do pesquisador \, Nes ois fim modo p pensante exige uma mudangs de acitude diante do ‘mundo e do modo pelo qual os ftor so configurados pela cultura. Eno, olhar¢ interpreta e perceber para poder compreendet como sio as coisas ¢ os objetos investgados, ‘0 segundo movimento visa partir do olhar que ppensa para ating a percepcio que compreende por rio da interpretagio. Nese momento, procura-se cxaminar a explicagio © a compreensio como dois espagos distintos e complementares do processo de construgio do conhecimento. Tais concritos reme tem a0 confronto epistémico ¢ metodoldgico entre as citncias humanas e as cigncias da nanurera, 0 que deixa claro que a pesquisa em educagio possui uma particularidade incomparivel com as outras cién- is, especialmente porque os objetos das ciéncias dda educagio € seus métodos implicam processos diferenciados de acesso a0 real Para proceder a ese ‘eaame, foram usados alguns conceitos nascidos na perspectiva hermenéutica, com 0 entendimento de fe 0 processn de investigasso implica uma inter pretagio do objeto, que nio fala por si, mas pela ‘comunicagso estabelecida entre 0 sjeit, 0 objeto «08 conceitos que possibiliam sua comunicagio ‘como realidade cognoscivel terceiro movimento quer indicar que a0 olhar inerpretatvo, num viés hermenéutico, se junta wma dlalcica que implica reconstrusio do proceso de Pesquisa, uma vex que exige a romada do conheci- mento de sua construsio como processo em aberto. A ideia dfendida nesse ponto é que a pesquisa deve evitat 0s tscos de propor-se como técnica mera- mente investgatva, pos al posgio a rornariafacil- mente um instrumentoideoldgico, 1, Educar 0 olhar para ler 0 mundo em suas miltiplas representacoes uc 0 olka significa aprender «pena site imitica € metoicamente vbre as col, van Foran, exige mito mais do qu “er” at cay implica precbero que cla so por que exten do modo como se spree Com eo ede $0 door cobra prepa ds mules tates domundoc dur scalment conan ar queso ica pom, mas que tad, peo aprender “pene” no al aa compre lo on Sta ratiaidade onli, epnicremedlopen Toran,“ olhr di empe maid gue» qe Be cad ae (Neacs 1997, p93, cosa aap, fm da pops do objeto pan conheemen im Pls interes, pr ue pos hae compres, Pars Maren-Pone (1999), todo aber instal nos hormones aber pla percep. ‘Sspnd Cau (1997 40,“ sm de peri que ori om cp ger, endear cmon ne mis enn, mie. pore Pie vi, ema to ‘acne movin nema ua ia te taint emp on om ae snore: mtd iso se (ela om loon po ‘abr pent. Seana Ono 197, p17)" pen de precio amo ipin: pre de rig. na fr naa itr aon Nd ences ees ep nese inept aim ew mom de empresa ar mame sop rian Mai Jnion (203), « prec ise samp: em fang dor incre sor gu 0 wo pos et hina ¢ pr incre prea a ie do mundo qe capo fds pps ao 1% ” (© olhar tga o deseo de er implicit, busca 0 que ilo aparente,E justamenteaquilo que o jogo de sombras Iuzesrevelaeesconde que o olhar quer ver. Ou melhor, cle busca muito mais © que as sombrasescondem por tris dos vazios luminosos do que aquilo revlado de pronto pela visio. Com base no vise, o olhar que ver © invishve. Com base no objeto visto, quer ver © que io pode se visto imediatamente. De passigem, poder sia der que é ese desjo de vero invisivel,perpasado pelo questionamento e pela reflexio, que desperta 0 pensa- :mento. Vé-se com os olbos, mas 6 sabe 0 que a oi- sas sio por meio do pensamento. ‘Ver nio € apenas perceber 0 objeto, mas funda- smentalmente interpretilo. O wniversa da percepsio € um fee de interpreragio. Esa dalética entre per- cxber e interprear € que potencializa o pensamento, a Tinguagem, a cratvidade e a inteligéncia humana, langando a pessoa na diregio do conhecimento € facultando-lhe a permanéacia no conhecido como forma de iluminagio daquilo que nio podia see vst, (que se conhece ¢ somente aquilo que se traz 3 luz, © 56 0 que se pode trazer & luz possibilita era € recriar 0 mundo, a naturea ea si pripri, Nese en tido, apesar de’ todo © avango do. conhecimento hhumano, ainda hd um universe a ser eazido luz do olhar pare que possa ser compree ‘O movimento da percepgio & compreensio exige © movimento do objeto ao pensamento, kvandd em conta que o objeto atinge o pensamento & mesma medida que este condiciona a leitura daquele. Enquanto 0 objeto pode ser tido como a coisa mesma, 6 pensamento sobre ele viralzao na ideia, podendo multiplici-lo no conccito que se fir dele pel interpre- ‘acio. Esa virualizacio do objeto era uma dstincia metédica entre a reaidade © o pensamento. Assim, ‘pensar é pir dt diana |), pensar nao & experimenter, ‘mas consrair conceit" (Novacs, 1997, p. 11) ‘O movimento da percepgio do objeto & sua com preensic & mediado pelo conceito, representante da imagem do que é visto e do que as cosas 0 em si esas € no sujeito. De certo modo, objeto e sujei- to slo artes constituivas de um mesmo mundo, onde urn I, pelo olha, aquilo que o outro é de acor- do com seu modo de compreender, & medida que compremde a si mesmo. Quando o sujeto procura ler 0 obeto por meio do olhar,esté desabitando 0 ‘mundo 2ara poder aprofundar o conhecimento de sua forma e do seu modo de habita a costs. Assim, © suit tanto habita o mundo quanto este o habits, © impulsiona e 0 condiciona a determinado modo de ser. Pensamento ¢ mundo, nessa perspectiva nfo si0 coisas priximas, mas a mesma teaidade, "O pensa- ‘mento fala com a linguagem do olbar” (Chaui, 1997, . 40). 0 que se vé é 0 mundo que se é, €0 que se «tia fa pure daquilo que se est sendo no mundo. O clhar € condicionado pelo mundo & mesma medida que; a0 las esse mio atentamente,o sujeto con- dliciona e proprio modo de se. Sendo asim, “ otha & ao mesmo tempo, si dese ‘azer 0 mundo para dentro desi" (Chau, 1997, p33); “a viet depend das coca enaice li fra, no grande tee ‘0 do mando” (p. 34); "ver &albar pant tomar combed ‘mento ¢ pant ter conbeciments” (p35), Essa relago entre 0 vere conhecer, envolvendo um olhar que se fomou cognosctivo € ndo apenas especiador des teno, &© que designa ver, observar, examina, fazer instruir-se, informar, informar-se, O olhar que quer ver também quer sber e pensar, ‘porque tem sua atencio concentrada no objeto de sua reflexio. A necesidade de ver constitu um dessjo que vai formando 0 que 0 sujeto € Esse desejo de Conhecer impulsiona seu ser. No dizer de Avstceles (1979, p. 21-25): or motwez todos os homens deja conker. Prove son oraer caused eles esas, pois mes fore detoda ade os grado por s meses, cin de todas, os esos vu Com eit, no para at Imax anda quando nos propomes a neue ado. refers vist todo orto Acasa dso que © tte de fos os mses sents, aque que 0s faz fdr mats canhecments 0 que mos f= dscobrir as ifr. Palo olhar é que se observa o mundo, suas expres: sis, particularidades,diferengas, consiséncia, © se ideniticam os abjetos, a0 mesmo tempo que se ctia ‘uma espécie de “aptidio” para ver e dscernir a eoi- ss, Segundo Chaut (1997, p. 38), ce aptidoda vista por discernment] coloca como © princi sentido de gue nos voles para o canbe ‘mento e come o mas podeoso porguealcanca es coses ‘rio torte tinge movimento. cs ras ‘scot, fa cor maior rpide: do que qualquer ds tuto senides & ela gue imprine mais fortemente 2 imagine «na emda a cosas perebdes, permit «devas coon moor ede e fide. Pode-se dizer que a transformacio ocorte quando se passa da experigncia do olhar& explcagio racional desea experitncia — isto &, 20 pensamento acerca do ver — € quando se passa do pensamento 20 juizo. [Nesse momento se estabelece uma csio entre o olhar cea palavra, a0 mesmo tempo que se exige uma fsio tntte esses dois componentes do conhecimento r2- ional, Na fusio do olhar com a linguagem, como ‘scrita, é que se pode pasar da imagem a0 pensa- mento; nesa relagio € que 0 olhar langa 0 sujcto para fora de si mesmo, A passagem da imagem cap. ‘ada pele visio para 0 pensamento e para a explicagdo ‘conta com a mediagio da palavra, que, pela expe- riéncia, sosibilta 0 desenvolvimento da meméria e dda inteligéncia. A visio passe permanece gragas & _meméria expressa pela palavra escrita que registra 0 pensamento. Por outro lado, a palivta nio pode reduzitcolhar 3 linguagem, pois sso bloqueia 0 pen- samento.A palavra éa potencialzadora do olhat, que se expla e se comprecnde pela linguagem. Nese caso, tanto o olhar quanto a linguagem sio mediagBes para explicar ecompreender o mundo e asi mesmo, A linguagem, que faa mediagio entre aexperincia do olhar € a do pensamento, possbilita a rflexdo, ampliads medida que ooh se deeéra no objet e vai pereebendo as minicias que se intercalam ese rlicio- ram pel percepcio, também ampliada na rflexso, Asim, esa épossve porque mundo ¢ ser humane sia Feitos do mesmo esto, Pea linguagem, a visio © o pensamento podem ampliarse O alharramase mas atento 0 pentamen- to refinado, Iso talverindique que o olharsstematico sobre 9 mundo amplia a capacidade cognosctiva do ‘uct, olan ours tus inerpreagics de objets eau ‘A gua de exemplo, de acordo com Merle Pony (1964, p. 35), 2 imagem da pincara, ari Jando o olhar que procura penstla, amplia ouniverso do sujein. Destarte, a tarefa do pintor & desvelar os 'meios vsves pelos quais a pintura se torna ac 20s olhos do espectador. Deve mostrar como luz, i ‘minagio. cot, sombra e teflexo 36 tém existéncia Visual. Scu olhar inspirado interroga 0 visivel para “compo talisma do mundo, para not fazer ver 0 visi ‘el, ensinando por que hi o vse jel 78 Pesquisar € produzir conhecimento criativo ¢ como pintar um quadro. A pintura, expressa no recorte do artista, expe o visiel que nio se vé, ¢ & preciso aprender aver no s6o visvel, mas eambém aguilo que ele esconde por tri des, A pntaro€ “ruins do oar” e “inspira. expire. fo, respracdo no ser Eas express [0 0 Imetfrs i desis igorosas dapntura como fl- ‘of grad david [A pintraéransbstoncoo «do sense, pasagem da core do mundo care do pi tor poa que dela se ac presente um nov ise. 0 uc sh, viel do vise] 5 pintara¢ fsa fired dd vido € porue noe ensina ago que comparthamos ‘om 0 pinto simples lar quando nsasahos ver 1-1 Chau, 1997.9. 60) © pesquisador reatualiza © mundo no objeto que investiga. A investgasio & uma forma de aso que pro- cura tomar vsivel o invisvel,fizendo perceber 0 que _o se percebe ever © que normalmente no sve. Esse ‘xereicio de desvelamento do mundo é 0 que permite 0 tmango no proceno de humanize por meio do ‘conhecimento sstemdcco easstemitico, Para Merleau-Ponty (1964, p. 81), "a vido mo é sum cero modo do pensamento ou da presencaa i &0 ‘meio que me & dado de estar ausente de mim mesmo, cde asistr de dentro a fissto do ser, ao término da ‘qual, € sé entdo, me fecho sobre mim”. Porcanto, vé- “se vendo e transforma-se a visio em novo visivel jue nasce para o mundo, "Tore dace que a Filosofia, em sua investigngio da visio, ensina que: ver nio é pensar e pensar no & ver, mas sem a visio no se pode pensar; 0 pensa- ‘mento nasee da sublimagio do sensivel no corpo glo- ‘oso da palava que configura campos de sentido a0 duis se do nome de ideas: o pensamento no s$0 determinados no interior do ser outosim, nao € contat invsivel de si consgo, iteriordade teanspa- remte presenga asi, mas exceniicidade perane 0 sujito ea partir dele coneritondo & epresenagso, compleamente decerminada, mas "generalidade de hori”, dei no esse, sigificacio com peta sem data e sem gat, mas “ix de equvalén- Gia", consteagio provisriae aberta do sentido. A Filosofia revela que, asim como o vsel€ adaptado pelo for do invisivel, também pensamento ¢ habi tudo pel impensado, O olhat ensna um pensar generoso que si de si pelo pensamento de out que © apanha eo prssegue.O olhar,identidade do sai € do entra em si 6 definigio do esprit ea constu ‘50 mais plena do ser no mundo, ANfloofia do olharinstga a ago do pensamento, «qe abst do real sua imagem simetiada em pens ‘mento ea transforma em conhecimento,Bornheim (1997, p. 89) expica que ‘hare como i deta delsfe Jaco. {erences ropa nat de arene naam de meromet exer sla psa & eds ts ners dese pip xc, Also verb "the en deri dum name, "ther expected Se irate pens ver tonetrado "pei, er ques er qe menta mes para ve ‘aves met Enea ecto do ae, rir hla, que se itd flo a ces do adem -Amedida que se ve, ase para dentro do 0 que «st foraO olharpossblta 4 pasigem da objet dade pars a subjetivdade, crando invmeras formas ddever os mesmos objets. Posbilita a rag do se, 20 mesma tempo que permite a recriago do mundo segundo a formas de ue disp pars interpre. » Essa diregdo do olhar é uma ditego do ser, um hoi zonte em que se constdi ese reconstr6i o modo de ‘existir ede fizerexstr mundo nele proprio em si Diante desse proceso criatvo, ¢imprescindve educar fo olhar para que, por meio dele, se possa aprender 2 pensar melhor e no se dear enganar pela imagem ‘construida pra iludt 0 pensamento ealenar 0 espi to humana, mbrando que olhatatentamente a coisas 0s abjtos de investigagio & penetrar no mundo. Nas palavras de Rouanet (1997, p. 131): £ preci olor coretamente 0 gue Se quer vr Poa ver tu [tm que te dos ers pina aie € 4 nflexidade, Para lcd, o olka tem ques ertar os obtcules que ceca vist; poo sr reflex, ee temque admit ereversbiiade, de mado qu ola que psa por su ee er it. Se esas carci no ‘etvesem presets, no seria posse ver tudo, e com ‘ond iri atndidoo objeto maxi do vsuaie ‘deescarecide, Un olka incompetent no daria aes © todos os objets: um ala sem eversibildadecraria ua sung entre os qu vee 0s demas, fazed com que ‘lens nds ndo Fs vies que] contrari- rie emt do unveaidade ‘Ver tudo é uma pretensio do Iluminismo, confor- ‘mea compreensio de que, vendo 0 universal, se pode revolucionar o modo pelo qual o ser humano se cons- «16 no mundo, O olhar hi que se critica, ea ewtica surge com a divida, que questiona 0 mod pelo qual as coisas se apresentam. Por iso, deve-se educar 0 colhar, pois, sem este olhar critico, hi o isco de repro- dure apenas as representagies do mundo, suas tudes, «eno o mundo em sua concrete, ransformado pela ance de frt-lo humano. Pra instaurar um processo de teansformagi, convém educar oolhar noutras dees. cel nia lar poise fomem que aprenden thr deania cd erp, quae emprdra¢¢ retin compart touts formas de pene, ue dic dor mesma objaas sma ito dierene {Rovana, 1997 p. 138). Deveae formar uma pes pectia qu ultapae as ficagiey, para que se poss aprender "ow er na sabe" (Rovane, 1997, p 147) em ne dear engaar pla tic so doth c pela manipula das epreeniagies E preciso, enfim, aprender a olhar na direcio da sraformagi da soteade, lar coment © Ge sign “tr vie com aca com noice Com asia pout el erat Unido om Ina pars nt eres corompidepel mirage de tone vibildade er em fs ransomatar € pose wsicamente a serio’ do prcer dobar (Rowan, 1997. p. 139) Oar snmp, ea de um proceso de percep cde pesameto, poran to de um procan ehexivaO conhecimento cons tua de acondo com uma perepeto quc lhe ¢ Imanfeao que vém ela procurznde cps Sto por meta de um proceso comunieaiver Ti ect mi puna os itso i abe eacomprenio que o pendor tem dele (Ghtin, 2000) PO 10 obj € ua constr do oar do peu dor? Pose afimar que ny mas por cero» er preasio do oben depend, rene, do modo pel qual paqudr ob eka, Nese seni, Olas pou € sempre nrc, Neca. Ig dam proceso metic eset de conhe- «iment, otadesese una mani especica deolhar 2 rede do obj veigado, maeia ea que Condiciona a exci dele, fo da beep edo pensamento.£ justamente neste ponto que o méto dbo de investigagio se mostra dependente do objeco {que se pretende investigar, numa relagio cuja did mica seni aprofundada a seguit 2. Do olhar que vé ao pensamento que explica e compreende por meio da interpretacao Os fatos humanos so significativos por causa da riqueza de signifcadas atribuides as coias: 0 que importa nos fator humanos ndo é a causa, mas sua significasio, objetivose valor. O sentido 56 € possvel nessa perspectva, ou sei, 56 existe quando algo €sig- nificativo a ponto de se Ihe atribui sentido e signiti- ‘ado, O ser human procura compreender eexplicar 19 mundo. A compreensio é resultado de uma expli- cago dada &s coisas humanas no humanas. 180 indica que a explicago, antes da propria compreensio, Eu taduydo da rilidade nam significado que teaha sentido se processe por determinada linguagem ou ‘or signos lingusticos propiciadores de uma com- nicagio comprecnsiva do rel (© mundo humano ¢signficante quando o sujei- to setorna habil em exp {que se € ou do que se projeta para si mesmo, em mio A vatiedade de significagdes e de sentdos atibuidos 40 set no mundo. O sentido, porém, no se esgora ‘em si mesmo: reveste-se da complexidade da de, ou seja, desdobra-se em outros sentidos e multi plica sua riquera signiicante. Por conseguinte, 6 & possivelinterpretar 0 que possui mais de um sentido, a varioade deles que possibilta uma inrerpretasio € uma signficago das atribuigies de sentido as coisas. (© sertido € sua incerpretagio remetem 0 sujito para compreensio ea explicago. Estas mo podem ser ‘oncebidis como procesos sepaados, mas como dois polos diseicamente complementares. Compreender ‘Sgnifica explicar o sentido das significagbesatsbuidas 8 realidade da cosas e do mundo, Seja qual for 0 méto- ddo ou a maneira utiliza, é proprio do ser humano conferesgnifcado complex reiidade que o cnvalve por meio da interpreacio, compreendé-la. Para comprectder 0 sentido dos aros humanos,é preciso passa pel expicagio. Acompreensio € resultado, ina cabado, de um proceso de explicagio. ‘A compreensio ea interpretagio subjazem a todo trabalho; ou seja, a realizgio ou o resultado de um trabalho de pesquisa na drca das cigncias humanas Slo a consequéncia de um processo de explicacio, compreeasio e interpretagio da realidade. Esse aspectos do tabalho ni sto, porém, estanques em si ‘mesmos nem se excluem, mas constituem modos imterdependentes de olhar a realidade. O real mani- festa-se por mio desses modos, usados para saber © porgué das cosas, do mundo ¢ da existéncia huma- ra Mediante a compreensio e a interpretagao & que se buscam métodos explicativos, que sio também compreetsivos, ao demonserarem determinada inter- pretagio de outa inerpretagio, A distingio entre compreendereexplcar, entre cién- das humunase céncias natunis, € 0 resultado de um proceso de construgio do conhecimentoe das formas e ‘metodolois cogniivas,oriundas de um proceso pas tivigea de consrugio das cincias. Caminha-se para 0 ‘etendimento de que ambas ax ciéncas se constniem na 83 “4 seco dala ce ompecnde expla Ding 1 dria spl da nica compres cb Sua Geowomizd a eae or modo de Sei nc emende la Aredia c xo pore segue ‘Shere compensa no €um exo al dese proceso, mari para quo uso sib que so SSeomns co mundo eo que ce propo € Disocr compen de expan €scamentr um prea dessa ene ost human es nat ret cnano aos se cosas dea mess rea c eco isdn mes no meso tubs psc onc Je Shino que pos moar as cna permit Sind, 0 saminar cm dcminada die. O aber pura sips do mundo, de a xp iio ed compen de se sige Do pon de visa dscns uaa, erp tagiorepeeta um enigueinem da compro imei! de eno por meio da xpicagiode dior Glo seminca Compreensioeexpliciao areal se daleticmente para posse a interpeacio dof humane (modo humano de sr no mundo & condions dopa cca ous fuarenamente marado pel forma camo 2 Flos a cache» elcagio ferehem o mundo. A cnca ea ecnloia em Feta autortaamente a extencia humana, 0 gic Sigs que ua vio de mando eda aide tem ido a primar, impondose sobre ods 5 mancins de compreender © conkecr ax cols. Esa Conjantea tem marado ©. mundo humano com tima vio mecinicn, pragma eempraa de 5 mmo, Nest perspec, omevclo deer huano fomou se aude cape de ana 0 conecinen: tos waldo em tenis Ese € 0 primo pass no plano ideoldgico, pars um processo de alienaso ‘engendrado pelo capitalismo em seu proprio interior. Todavia, a cigncia € uma atividade social © 0 conhecimento produzido por ela destina-se a toda a sociedad, ¢ ndo a uma elite ou grupo de “especial tas". Desarte, aciéncia sé se jusifica enquanto estéa servigo dessa sociedade e com ela discute as implica .6es de suas proposigdes, compreensdes,explicasSes « interpretagdes. Trata-se de um caminho possivel, mas nio éa nica visio ao aleance dos sees humanos para se compreenderem como entes no mundo, ‘A ia racional (empirico-ecnolégica) nio pode constituis para 0s sujeitos, a Gnica visto vilida na interpreagio de seu scr no mundo, uma vez que a inca, mediante sew modo de conhecer, fragmenta a realidace de tal modo, que oculta, na parte, 0 todo. Em seu nome também ocorrem a separasio do set hhumano da natura, de seu mundo natural, a nega 50 da relagéo mundana para impor um “mundo de mercado’, a toca das relagies de harmonia por futeas mercantis. Embora se rate de una propria ide do campo politic, essa dintmica expressa-se de alguma forma também nas ciéncias. ‘Santos (1989) explica que o impacto do desenvol- vimento cientifico-tecnolégico fiz que 0 mundo ‘humano, na aualidade, soja ciemtificamente consti= tuido. O conhecimento ciemtfico da sociedade per- mite compreender 0 sentido da explicagio do mundo “natural” que as ciéncias naturais produzem, Em foutras paavras, as ciéncias humanas proporcionam a compreersio que di sentido e justificagi & explic Go das céncias naturas. Sem tal compreensio nio 1h verdadeeaexplicag ¢, por isso, as ciéncias huma- so esemologicamene pros em relapso 5 6 cites atures na“ poemereridade’, Bare eco um movimento rumor cent soc Altec humana que ear et human no ect, dere que fue dancin dese dost disciado dante, maa finde que frome 3 sn oginalidde, 4 mn hominiao,20 tneonre com mundo anual, A medeniade egou natures cd se humana para pe dominar {urea as cos a0 feo, nego as mesma ‘lao orga exer en omen naa Maul ime poltmica vbr busca de novo parig pra ncn, tenn de pero Am modo de fae cca que lo comeponde SS neces ans eno peri problema com liberdade © mundo cetndsne as ccs humans do lito omar divdnca do obj como ee 0 modo du ccs nara. 1 cidade» neue eo danament do ‘uj cm aoa seu abet — preter ds en Gb nurs“ orm ara ve spor no Sato doy fendmenor humanos,O dancer po ical combine do objeto cm oda at fiuea em su onentohiticn Aras € que 0 (St dons clus uma ver qu ano de como je sudo perencem determina Cio sed sce aba ojo dl to fe lay prmanter dent dee une em Sudo, Cao © poutador note elo, tome Uma ade de dances, atacand to, Pars Calame (1997, aria de un di tancament ana, pis avers un opine th ero pamondal de prep eqn ¢ rope lagi do istsdco qua ‘Acxigéncia de objetividade ede neutaldade isola rocando uma aritude de distanciamento do sujeito com rclagio ao objeto estudado, No estudo das citn- das humanas, € muito dificil separa 0 sujet do objeto per ser-theimerinsea ess liga. Ricoeu: (1990, p. 54), referindo-se& pesquisa com textos — numa perspectva metodolégica de cunho hermenéuico — firma que " ditencamena nia ¢ produto de metologi ee é conscuivo do fndme- tno do tex com exit: ao mesmo tempo & a condicto para que pos haver interpreta”. Neste ponto se faz ‘necesiria uma dstngio: uma cosa €a realdade a ser pesquind: enquanto objeto de ineerese do pesqusi- ddr, que cemonstra todas as suas elas, 0 contexto por onde tansita 0 sujeto que pretende conhecer ‘otra € o pesquisdor sentarse dante do computador ‘ou de ua folha em branco © procurae emprecnder uma leita € uma reletura da realidade por meio ds impress e das informagoes obidas em “campo”. Ox ‘ej uma stuagio a realidad em seu imbitocontex- tual outraé o context do autor que produz um texto sobre as omervagiesfeitas acerca da propia realidad dla qual fu pare. Hi uma imbricago ente todos ses slementos, Poder-se-ia dizer que hi uma cumplicdade nue a ridade, 0 autor € 0 texto produzido como resultado de um proceso de investiga da reaidade pelo auto (© que resulta de um trabalho de pesquisa € uma forma de ver ede pereber a reaidade com um olhar Particular, sem deixar de revelar © demonstrar um contexto bem mais amplo que permite 4 reaidade svidenciase por intermédio do pesquisador. Asim: Ahernenéwtica | prmanee arte de cero das ra ob Mase cis sd aes el vera " 88 as erates da ove por ea. Cone Interpret arpa dese once andor. ‘antidote do bane en sus based farsa, compara @ sun ajetioxso ms prods de eu tra ede sus are Ricoeur, 190, p52) Todo discurso tem a pretensio de atingir a ral dade exprimir 0 mundo; refere-se 2 algo, 2 um ‘mundo sobre 0 qual estéfalando, A fila do dscurso a expressividade da realidade que se pretende conhecer. O discurso produzido consticui produto de determinado contexto que fila por intermédio cdo pesquisador, Nao 56 0 discurso pretende atingit a realidade, como também a propria ealidade atin~ ie a pessoa pelo discus. Iso quer dizer que a reali dade toca dtetamente a pessoa quando esta procura tocéla. Ess relagio de cumplicidade e imbricagio possibilita 0 conhecimento das coisas 20 redor € 0 reconhecimento de que, simultaneamente, se est a0 redor delas. Os discursos se referem sempre a dada realidade, podem ser fiseados, mas nunca sio uma csnécie de Ficedo proposta como se fosse realidade. Tncerpeetar € explicar o tipo de ser-no-mundo smanifestado diante do texto. Esse mundo do cexto rio € aquele da linguagem cordiana, que fla das coisas dadas, mas o mundo poético que prope pos- sibilidades novas do exist. No entanto, s se podem propor possbilidades quando o discurso permite uma interprecagao do proprio ser-no-mundo; ou ja, s6 € possivel ao individuo caprar a realidade em seu conterta na proporcio em que este o langa na dite- ‘lo de si mesmo, na comprcensio do que &e do sen- Tido do ser. Sem eal busca, todo e qualquer discurso rorna-se vatio ¢ desnecesirio. "Nao se pode realmente conhecer 0 que se é sem levar em conta aquilo que se faz Ascritcas de Mars, Freud e Nietzsche mostraram as ilusées do sujcito (Rouanet, 1990). Para compreender a si mesmo, é preciso orientar-se pelo que se deposita nas formas simbélias, nas obras ou textos. Entra-se asim num ‘campo ortuoso € polémico, o ds ideologias,Futo de imeresse nao sé pelaabordagem que propicia, mas tam- ‘hem pel necessidade de sua erica (Franco, 1995). Segundo Ricoeur (1990, p. 59), "a rte das ideo- logias€» aalbo que a compreensio de si deve necesa- vriamente tomar, caso eta devese formar pela coisa do texto, € aio pelos preconceits do keto?” O que deve estar no centro de toda compreensio nio 0 suite intérprete, mas 0 proprio texto a realidade que gera 2 posstilidade de sua explicagio, compreensio © incerpresgio, 6 hnverd interpretagio verdadeira quando for

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