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Diodos de Potência
William de Sousa Barreto
2022
Introdução
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O material ativo mais comum para a construção do diodo é o silício, um
material semicondutor, ou seja, classificado entre o isolante e o condutor, cuja
resistência decresce com o aumento da temperatura.
O silício tem quatro elétrons na última órbita em sua estrutura atômica. Se
a ele for acrescido um elemento penta valente, com cinco elétrons na última
órbita, haverá um elétron livre na estrutura do cristal. O elétron livre possibilita
um grande aumento na condução e, como o elétron é uma carga negativa, esse
material é conhecido como semicondutor tipo N.
Se ao silício for acrescentada uma impureza trivalente, um elemento com
três elétrons na sua última órbita, surge um vazio ou lacuna na estrutura
cristalina, que pode receber um elétron. Esse vazio pode ser considerado uma
carga positiva, conhecida como lacuna, e possibilita um grande aumento na
condução; esse material dopado é conhecido como semicondutor tipo P.
O grau de dopagem (adição de impurezas) é da ordem de 107 átomos.
Em semicondutores tipo N, a maioria dos portadores de corrente é de elétrons e
a minoria é de lacunas. O contrário aplica-se a semicondutor tipo P. Dependendo
da dopagem, a condutividade do semicondutor tipo N ou P é aumentada muito
se comparada ao silício puro.
O diodo
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Figura 2 – Junção PN.
Polarização do diodo
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Figura 4 – Simbologia do diodo.
Diodos de potência
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Figura 5 – Estrutura interna de um diodo de potência.
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Figura 6 – Formas de onda típicas de comutação do diodo de potência.
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semicondutor. A soma desses dois tempos é o trr, ou tempo de recuperação
reversa.
A Figura 7 mostra o gráfico de funcionamento de um diodo de potência,
que é bem similar ao gráfico de um diodo comum.
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Corrente direta média máxima (IF(AV)MAX)
A corrente direta média máxima é a corrente máxima que um diodo pode
aguentar com segurança quando estiver diretamente polarizado. Os diodos de
potência estão disponíveis com valores nominais que vão desde alguns poucos
a centenas de ampères.
Tempo de recuperação reverso (trr)
O tempo de recuperação reverso de um diodo é bastante significativo em
aplicações de chaveamento em alta velocidade. Um diodo real não passa, em
um único instante, do estado de condução para o estado de não-condução.
Nesse momento, uma corrente inversa flui por breve período, e o diodo não
desliga até que a corrente inversa caia a zero.
O intervalo durante o qual a corrente inversa flui é denominado de tempo
de recuperação reverso. Durante este período, são removidos os portadores de
carga armazenados na junção quando a condução direta cessou.
No entanto, consultando datasheets encontramos outras especificações
de tensão que são igualmente importantes quando pretendemos trabalhar com
estes componentes. As principais são:
VRRM = Tensão inversa máxima repetitiva (Maximum Repetitive Reverse
Voltage) – é a tensão máxima que o diodo pode suportar no sentido inverso na
forma de pulsos repetidos.
VR ou VDC = Tensão máxima contínua no sentido inverso (Maximum DC
Reverse Voltage) que o diodo pode suportar quando polarizado no sentido
inverso.
VF = Tensão Máxima no sentido Direto (Maximum Forward Voltage) – é a
tensão que aparece num diodo quando ele conduz uma determinada corrente,
especificada no datasheet. Num diodo ideal, essa tensão é nula, mas conforme
estudamos nos diodos comuns, ocorre sempre uma queda de tensão na
condução que costuma-se adotar como valor típico nos diodos de silício de 0,7
V. Num cálculo mais exato, entretanto, ela depende da corrente.
IFSM ou If(surge) = Corrente máxima de pico ou surto no sentido direto –
(Maximum (peak or surge) forward current - é o pico máximo de corrente que o
diodo é capaz de conduzir quando polarizado no sentido direto. Este parâmetro
é limitado pela capacidade de dissipação da junção, sendo normalmente muito
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alto devido à inércia térmica. Demora um certo tempo para o calor gerado se
propagar.
PD = Dissipação máxima de potência (Maximum Total Dissipation) – é a
capacidade de dissipação de potência do diodo em watts (W). Como esta
grandeza é dada por P = V x I, ela pode ser calculada pela corrente conduzida
multiplicada pela tensão direta.
TSTG = Faixa de temperaturas de armazenamento (Storage Temperature
Range) – é a faixa de temperaturas em que o diodo pode ser guardado (sem
estar em funcionamento).
Tj = Temperatura máxima da junção (Maximum Operating Temperature)
ou máxima temperatura de funcionamento. Na maioria dos casos é o mesmo
valor da temperatura de armazenamento.
Rth = Resistência Térmica (Thermal Resistance) é a diferença de
temperatura que ocorre entre a junção e o meio exterior (ar) ou entre a junção e
os terminais para uma determinada dissipação. Esta especificação é dada em
graus Celsius por Watt (ºC/W ). Seu valor seria zero se o invólucro do diodo fosse
um condutor perfeito, mas na prática não é. Esta especificação é importante no
dimensionamento de dissipadores de calor.
IR = Corrente inversa (ou reversa) máxima (Maximum Reverse Current) –
é a corrente que circula pelo diodo quando ele é polarizado com a tensão inversa
máxima (DC), Também encontramos esta corrente indicada como “corrente de
fuga” (leakage current). Num diodo ideal ela deve ser nula, mas na prática
depende de diversos fatores, sendo o principal, a temperatura.
CJ = Capacitância típica da Junção (Typical Junction Capacitance) – é a
capacitância intrínseca que aparece entre as junções devido à região de
depleção que age como um dielétrico. Trata-se de uma capacitância muito baixa,
da ordem de picofarads.
Diodos Schottky
• Com junção metal-semicondutor
• Queda de tensão no sentido direto pequena
• Maior corrente de fuga
• Tensão reversa até 100V e correntes de 1 a 300A
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Figura 10 – Datasheet do diodo de potência SKN e SKR 240.
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Figura 11 – Datasheet do diodo Schottky 1N5817.
Proteção do diodo
Sobretensão
Quando diretamente polarizado, a tensão sobre o diodo é relativamente
baixa (por volta de 1V) e, portanto, não há problemas. No entanto, quando
inversamente polarizado, o diodo funciona como uma chave aberta. Nesse caso,
se a tensão aplicada exceder a tensão de ruptura, ele passa a conduzir
bruscamente, resultando em uma alta corrente. Unindo a alta corrente com a alta
tensão nos terminais, é bem provável que a temperatura de junção exceda o
valor máximo e ele seja danificado.
Na prática, seleciona-se um diodo com tensão de pico inversa 20% maior
que o esperado em condições normais de operação.
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Sobrecorrente
Se a corrente nominal do diodo é excedida, a temperatura da junção é
elevada acima do limite suportado e o dispositivo é danificado. Para proteger o
diodo utiliza-se um fusível para assegurar que a corrente no diodo não exceda o
valor nominal.
Transitórios
Os transitórios podem submeter o diodo a tensões maiores que a nominal.
A proteção pode ser realizada com um circuito RC série (snubber – Figura 12)
conectado em paralelo com o diodo. Este artifício reduz a taxa de variação da
tensão, suavizando o pico de tensão gerado pelo transitório.
Diodos em circuitos DC
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decorrência da tensão aplicada. Se a corrente resultante estiver na mesma
direção da flecha no símbolo, então o diodo se achará ligado.
Considerando o circuito mostrado na Figura 13, vamos calcular os valores
da corrente do diodo (ID), a tensão do diodo (VD) e a tensão no resistor (VR).
Uma vez que a corrente estabelecida pela fonte flui na direção da seta, o
diodo está ligado e pode ser substituído por uma chave fechada.
Tensão do diodo: VD = 0 V
Tensão no resistor: VR = VS – VD = 20 – 0 = 20 V
Corrente do diodo: ID = VR / R = 20 / 100 = 0,2 A
Se invertermos o diodo, a direção da corrente é agora oposta à seta. O
diodo está desligado e pode ser substituído por uma chave aberta.
Corrente do diodo: ID = 0 A
Tensão no resistor: VR = ID x R = 0 V
Tensão do diodo: VD = VS – VR = 20 – 0 = 20 V
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Figura 14 – Circuito com duas fontes.
Diodos em circuitos AC
Os circuitos AC têm uma tensão que varia com o tempo. Portanto, pode
haver instantes em que a tensão AC polariza o diodo diretamente e outros em
que o polariza inversamente. A análise do circuito pode ser feita separadamente
para os semiciclos positivo e negativo. Deve-se observar, no entanto, quando a
polaridade da tensão no diodo é direta ou inversa. O diodo pode então ser
substituído por um circuito-chave equivalente.
A Figura 15 mostra o circuito com um diodo e uma fonte de tensão AC.
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Figura 15 – Diodo em um circuito AC.
Teste de um diodo
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de circuito aberto. A leitura de alta resistência em ambos os casos sugere que o
diodo está aberto, enquanto a leitura de baixa resistência sugere que ele está
em curto.
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ficar com uma tensão inversa excessiva. Mesmo que usemos o mesmo tipo de
diodo, as características V-I podem não ser idênticas, como é ilustrado na Figura
18. A corrente nominal dos diodos em série é a mesma da corrente de cada um
dos diodos. Na direção inversa, ambos têm a mesma corrente de fuga inversa,
mas tensões inversas diferentes. Nesse caso, o diodo D1 pode exceder seu valor
nominal de tensão inversa.
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Figura 19 – Conexão de diodos em série com resistores adicionados.
A potência dissipada em R é:
2 2
𝑃𝑅 = 𝐼𝑅1 × 𝑅 + 𝐼𝑅2 ×𝑅
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Os diodos ligados em paralelo não compartilham igualmente a corrente
por causa das características diferentes de polarização direta. O diodo com
queda de tensão direta mais baixa tentará conduzir uma corrente mais alta e
poderá sofrer superaquecimento. A Figura 23 mostra as características V-I de
estado ligado dos dois diodos. Se ambos forem ligados em paralelo a uma
determinada tensão, uma corrente diferente fluirá em cada um deles. O fluxo
total de corrente é a soma de ID1 e ID2. A corrente nominal do par não é a soma
das correntes nominais máximas para cada um, mas um valor que pode ser
maior do que o nominal para um dos dois diodos isoladamente.
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Figura 24 – Conexão de diodos em paralelo com resistores adicionados.
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Exercícios
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8 - Dois diodos, com características mostradas na Figura 23, são ligados em
paralelo. A corrente total em ambos é de 50 A. Para garantir o compartilhamento
de corrente, dois resistores são ligados em série. Determine:
a) a resistência do resistor de compartilhamento de corrente, de tal modo que a
corrente que passa através de qualquer um dos dois diodos não ultrapasse 55%
do valor de I.
b) a perda total de potência nos resistores.
c) a tensão nos terminais da combinação de diodos (V).
9 - Dois diodos são conectados em série, com as características da Figura
abaixo, para dividir uma tensão total de 5 KV. As correntes de fuga reversas dos
dois diodos são ID1 = 30 mA e ID2 = 35 mA.
a) Encontrar as tensões dos diodos se as resistências de divisão de tensão forem
iguais a R1 = R2 = R = 100 KΩ.
b) Supondo R1 = 100 KΩ, encontrar a resistência de divisão de tensão R2 para
que as tensões dos diodos sejam iguais (VD1 = VD2 = VS ÷ 2).
10 - Dois diodos são conectados em paralelo e a queda de tensão direta sobre
cada diodo é de 1,5 V. Utilize a curva característica V-I da Figura abaixo e
determine as correntes diretas através de cada diodo.
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Bibliografia
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