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Joaquim Dolz ey Cem Orel} Fabricio Decandio aaa ee DLs tives DEAPREND ZAGEM MERCADO" A LETRAS caTALoaagho nA gav0s MTERACONAE OE a omASAERA DOLWRO, nk) amon 2a eo oso 8 tring Soin Oa re dente woo onnn Ot Fart ns” a ee eur sora Renae Cara ap aca on re, 2090 sescyate ‘Severe 7560 1807 1 comet OMesinse de nrendzagem 2. Cana Es 3. ope daar 4 Prcpmaageni Gagron Roxane I Decne, Fate 00-370 1505, ee eee eee ‘non pare casio veer: 1 Corgan; Olson na aprender Premise Eacacho 3701825 cane utrcseectriat Vande eta Gomkie ‘RETOS RESERVADOS PARA ALINGUA PORTUGUESA: {© MERCADO OE LETRAS? EDIGOES E UVRARI LTDA Pn Jobo du Cra 6 Gout, 83 Tata (1) 2248-7816 cep 2070-118 Corpiae 8° Brant reserves dasa com be soostone Tua se ti peau pe Cobar Coca, orto ua Ua 41008 rtm wn rere pascal ov tte) AMalu Matencio ¢ ‘Anna Rachel Machaso, dois pilares do movimente do nteractonisnie S0cioSSCUrs marco de inspiracao deste livre © esperar pra odevenvevimento do letramanto 20 a5 ‘A todos os profeesores participates do Programa Oumpiaca da Lingua portuguesa ~ Racrevendo © PUTO CAPITULO 1 ENSINAR A PRODUGAO ESCRITA A aprendizagem da produgéo escnta é uma das finalidades fundamentais do ensino das linguas. A desco- berta da escrita e das possibilidades de entrar em comuni- cagéo com os outros por escrito faz parte dos objetivos prioritarios do Ensino Fundamental. O saber-escrever, em todas as suas dimensées, se desenvolve progressivamente em todos os niveis da escola obrigaténia e é um constituinte do éxito escolar de todos os alunos, sem falar no importante papel que desempenha na sua socializagéo. Aprender a produzir uma diversidade de textos, respeitando as con- vengées da lingua e da comunicagao, é uma condigéo para a integragao na vida social e profissional Neste livro, o termo produg4o textual nos serve para situar, de modo amplo, as situagées de interagdo e as opera- gdes que intervém na atividade da escrita, A didatica da escrita, em uma abordagem que visa ao desenvolvimento progressivo dessa atividade om todo o transcontor da escola- nidade, exige que consideremos as praticas comunicativas @ culturais do uso dos textos. Ela também exige que levemos em conta os aspoctos afotivos, cognitivos e sociais que estao Produgso escrita dificuidades de aprendizagem 13 porento. a escnta 6 considerada como rp, em jogo Ponan 8 fo eho, de expross4oede conhecimento "4 decomanic ogo de inicio, quetemes destacar a infuénys sje textual como vaniavel-chave da escrita iversidade text 1 cemunicacdo. expressdo @ conhecimento forma de comumicagde que permite diversas moda, . Teligiese, escolar etc) 40 marcados pelas insutuncées em que se realizam Assim, 0/ugar socia) roduz um texto ¢ um fator importante @ ser nsiceraco para se compreencer a natureza das interac. es aque ele ca saporte Alem disso, o lugar socral permite .as € 08 valores associades a0 textoe wos das diversas comunidades discursivas (Eronckart, Bain, Schneuwly, Davaud e Pasquier 1985, ) Enfim, a nogéo de lugar social nos leva a ar os pardmetios das situagées de interagéo que servem para analssat a produgdo textual. Entre esses para. metros, vale destacar os seguintes der as norm cor con 0 enunciador (Qual € 0 papel social a adotar para escrever?) # cotjenve comunicanvo a atingir (O que se pretende ‘com © texto a ser produzido? Para que serve 0 texto que produzo? Quais s4o as expectativas”), © odesunaténo (A quem se dinge 0 texto? Quais séo, as catacterisucas pariculares do meu leitor? Qual é seu esratuto? Como adaptar-se a ele?); 0 lugar social (Cuais séo as caracteristicas da inst nuigdo em que o texto vai crculat?). ‘As préncas, as convengdes e as normas de escnta com 0 tempo e mudam de uma instituigao para Mas, apesar desse carater dinamico e evolutivo. @ Produréo esente enge connecimentose habilidades de adap- ‘aqao as situacdes de comunicacao. ou Do pontode vista cultural, a escnta garante a telaga0 com a culture para os inaividuos que a praticam e também hes daa possibilidade de intervirna construgao dessa cultura (Reater, 1994) De fato, a escnta leva & descoberta de obras do patn: nénio literano e artistico e a expeniéncias culturals 2 ‘ectora mercado ae tt emgeral (Falatdeaue Simard 2007) As formas de relagéocom fa escnta dos aprendizes sio estruturadas pelas repre- sentagées e pelas teferéncias culturais que eles tém (Barré- deMiniac 2000) Enquanto fenémeno nguagerto, a escnta pode set considerada do ponto de vista pragmético, enunciatvo, tex- tual, sintatico, lexical e ortogratico. ‘Analisada como ur fendmeno pragmatico e enuncia- tivo, ela implica uma adaptacdo as restrgées © as questées ‘envolidas nas situacées de producao, tanto no nivel de suas condigées matenais, quento no nivel dos parametros das situacdes sociais de interacdo apresentadas acima Ocontex- to engloba tudo © que pode condicionar a escnta, mas os pardmetros que acabamos de mencionar influenciam a es- colha dos grandes tipos de discurso. Tais come analisados por Bronckart et al. (1985), Bronckart (1997) esses grandes tupos s4o a narracdo, 0 discurso tedrico, 0 discurso em situagdo / discurso interativo eorelatoconversacional/relato interativo Essas quatto modalidades de funcionamento dis- cursive caractenizam-se por apresentarem uma ancoragem enunciativa diferenciada por tegulandades linguisticas par- tuculares ao nivel da textualidade. Por exemplo, em portu- gués, encontramos a) o par imperfeito-preténto perferto e a 3* pessoa do singular na narragéo (‘Era uma vez. uma cnanga Um dia ele decid que .”) ) opresente do indicativo, opronome impessoal "se". orga rzadores argumentaaves no discurso tecnico ("Explica- se, geralmente, fendmeno dessa manera. Noentanta pasie-se tambsm ver iss0 como”) © prosente do indicatwwo, 0s déiticos temporais © de lugar, os pronomes déiticos de pnmeira e segunda pessoa no discurso em situagaa/discurso interativo (Agora, eu sou um estudante novato ” “Realizare- mos uma gtande conferéncia na proscma semana.” *Nés fcaremos aqui” “Voc8 podena me passar as anotagées do curso”) °) Produce exert #atewaasea de aprendzagem n 4) © par mperfeito-pertezo e os détices temporais no zelato conversacional/relstointerativo ("Eu estava ema Pans na semana passada, mas, devido a um problema ‘com meu caro, néo pude te vista"). ‘A nagio de tipo de discurso distingue-se da nocéo de géner0 de textos. Os géneras de textos, que abordamos mais deralnadamente no capitulo Ill, remetem as condigées de produgdo do discurso e as tipiicagées que caracterizam um ‘conpunto potencialmente ihmmitado de atividades de ngua. ‘gem que ocorrem em uma coletividade, em uma determinada época, Os tipos de discuso “designam um niimero finito, estivel,recortente e claramente identificével de modalidades de textualizacéo que contnbuem para a organizagéo das in- ‘ra-estruturas" (Feicitas 2001, p 1) Para oescntor,a possiblidade que tem antes mesmo de cescrever, de representar para si mesmo um medilo do produto ‘inal que ele busca produzr, constitui-se como uma ajuda. Essa representagdo preminar ajude-o a construiruma pastura enun- iativa, dado que ela 0 lova a adotar um papel mais definido (0 ‘que queto representar escrevendo o texto?) Por exemplo, para recht um ciscurso de defesa, adota-seo papel de advogado. A postura enunciativa manifesta-se no texto por marcas linguist cas de responsabilzagio enunciativa (pr ditioos ou pronomes ‘pessoais eu, tu, de meu ponto de vista ete ~, por madalizagées ~ indubavelmente, ceramente, 6 possivel que etc, ~ e pot outas marcas apreciativas ou deénticas etc) que indica a azitude adotada pelo sujetofalante 5. As operagées eferentes 6 producdo textual Nesta seco apresentamos as grandes operagées que ‘do centrais na produgéo textual, concentrando-nos nas ein- co mais importantes Cada uma delas se refere a uma situa- 40 de comunicagao que guia a escolha de uma base de orientagao para a produgéo de um género textual de relerén- cia (um conto, uma fSbula, uma receita de cozinha etc) No a store marcado aera ccontexto escolar, a situagao de comunicagéo pode correspon der & consigna, A primeira operagéo, a contextualizagao, consiste em interpretar a situagéo de comunicacdo de modo a pro- duzir um texto coerente. O texto uma unidade coerente, isto 6, um todo que faz sentido na situacao A coeréncia resulta de um julgamento geral para 0 conyunto do texto ‘em relacéo & tarefa pedida ou a pertinéncia da situacao Ele 6 considerado coerente em fungdo de sua adaptagao a situagéo de comunicacao, do efeito que suscita, de sua orientagdo argumentativa e da presenga de um fio condu: tor que Ihe da coesdo e unidade A segunda operacéo compreende o desenvolvimento dos contetidas tematicas em fungao do génoro. Essa opera- (cao refere-se & adaptagéo aos diferentes elementos da situa- (cdo de comunicacéo previamente presentes A escolha das informagées exige uma pertinéncia interna, e o equilibno entre as informagées do leitor e o aporte de novas informa: ‘goes € fruto da progressao tematica. FIGURA 2 AS OPERAGOES DA PRODUGAO TEXTUAL ‘elu, revisio, Feesera do toto ear 0s recursos da lroua Producto ecrta 8 aevseaes oe aprenazager s tem reiagdo as dues operagdes expostas nos dots fs, assim como Charolles, citado por ragrafos anterior als no minimo, quatro Chartrand (2001), consideramos que, regias devem ser respertadas pare assegurar & coerénciae a progressao do texto cena ou ausénesa de informagbes em contra oa pres sndo do destina- digdo com os conhecimentos do mu ano (o leitar-modelo inscnito no texto), «# apresenca de elementos que se repetem para assegu: taro fio condutor e a continudade do texto; «# apresenga de novas informagées de modo a assegu- rar a progressio da informagao; # a euséncia de contradigées internas, ‘Atercea operagéo de produgdo textual é a planificagao em panes, pois um texto é uma sequéncia que apresenta wma cxganizagdo (Schnewwly e Dolz 1987). Os contetidos tematicos ‘sequern uma ordem e uma hierarquia particular. As partes S40, aomesmo tempo, separadas e articuladas. Ha diferentes formas de plansticagéo de acordo com ostextos. Um conto, por exemplo, apresenta uma organizagdo intema diferente da organizacéo de uma cara de pedido ou de um editonal de jornal a respento de tum assunto polémico. ‘Marcas bnguisticas séo ublizadas na textualizagéo, que & 2 quart operacao, 0 processo de aplicacéo e de linearizacéo o comunto de matcas linguisticas que constituiréo o texto (Fayole Schnewwly 1987), Os sinais de pontuagao, os pardgrafos 0s organizadores textuats so as marcas linguisticas caracte- ‘isuicas dessa operacdo, servindo para marcar a segmentagdo @ ®@ conexio entre as partes. Além da conexdo e da segmentacéo, 6 umporanve ressaltar a mportancia da coasdo nominal e verbal Cotemo A coesio implica o conjunto de meios linguisticos que oe as elagées entre as frases, o que, no nivel da forma, aaa tempo, a progresséodotextoea visio desse m 10 Ela se dé por meio de um conjunto de Marcadores coesivos, dentre os quais sao fundat z fund: Proncies ¢ os tempos verbais smontais 08 » ‘tora mercado de aot No nivel nominal, a cossao é assegurada pelos meca- rismos de retomada anafénca Uma anéfora é uma unicade Iinguistica que precisa refent-se.auma outra.unidadedotexo (entecedente ou interpretante) para ter sentido ("Enconttet Nicolas e Catla no Cairo") Eles me contaram sua histona de amor, Os dois estavam mutto felizes com seu projeto de ‘casamento Um... 0 0Ut10., » H4 af um fendmeno de co-refe- réncia total ou parcial entre Nicolas e Carla e os anafoncos (eles, os dois, um @ 0 outro). No nivel da coeséo verbal, 0 cemprego dos tempos verbais fornece uma base temporal que permite ver a textualidade como um todo, Um exernpio disso Ga sucesso e a altemancia do imperferto e do preténto perferto fem um conto, a qual faz avancar 0 texto sumultaneamente’ 0 imperfeito alimenta o fundo da hsténa contada, 0 pretento perfeito faz progredhr os events. O processo de lineantzacéo do texto 6 assegurado pelo emprego do conjunto das unidaces Lnguisticas e das férmulas expressivas caracteristicas do texto Enfim, quer se trate da releitura, da reviséo, da reescn- ta de textos durante a produgdo ou apés um esbogo (Fabre- Cols 2002), a quinta operagao implica 0 tetemno do produtor a seu texto e/ou a formas pontuais de intervengao para metho- ré-lo. A formula que diz que escrever re-escrever no Se aplica unicamente aos alunos em curso de aprendizagem da escrita, masa todos os que escrevem. Noensino, 6 necessém0 desenvolver nos alunos 0 distanciamento necesséno em re- lagdo as suas propnas produgées, permitindo-lhes voltar a seus préprios textos, de modo a intervit no propio ato de produgdo e nos processos redacionais 6. Dimensdes transversais d produce esenta ‘As opetagdes que acabamos de apresental, @ ainda acrescentar as operacdes de lexicalizacao e de sintagma- tuzagdo, assim como os componentes ortagraices e grahcos. reso A operagao de sintagmatizacdo tetere-se a sintaxe, ou soja, & construgio @ as relagdes entto os Componentes da Producto exert atcuaden de aprendzagen 2 axficuldades limatam-se ordem das pala. frase As vere sylarmente, na cons- vas as relacies en as palaes Paruclamct At struct de frases complexas Mas, murtas ” rar rcrosentancas. cuzando-se eno elementas morfolégr ore mogulae a eacina de uma preposgso madereda, om probiema de conjgagdoverhalete)erelagbassantaticas (ler, Kavanagh, Lépine eRoy 2001) A consciencia da sintaxe facta aprodugée do testo, permitindo um caleulo da oficacia da frase produzida Se a deteogto de uma construcao agramatical 6, em panaipo, relatwemente fac pare © locutor, 6 mais difictl para ‘ele fazer um julgamento em fungéo da norma e do bom uso, quando as 2onas de ncerteza s4o numerosas. Uma frase Como: “Os vuloées eu olhet & pengoso” & uma frase agramatical, sobretudo na escnta, quando descontextualizada, Entretanto, ‘uma frase como “Sai daqui” ndo pode ser considerada como agramancal. mas pode ter uma formulagdo mais aceitével: "Por favor, saia dagal” A lexcalizacio refere-se ao vocabulario e & criagao de zovas palavras a partir de palavras de base, também fontes de eo Frequentemente, o8 aprendizes intervém ou criam novas palavras, baseando-se nas regularidades da lingua. As palavras, escolhudas sfo muutas vezes inadequadas, imprecisas, até mes- ‘mo meompativess com o sentido que eles querem transmit, ‘com a sttuscdo de comunicagao, com 0 contexte linguistico em «que e coloca a palavra ou com o género textual. O sistema de escnta do portugués 6 um sistema alfa- bénco que utiliza 26 letras, quatro tipos de sinais de acento (egudo, grave, tl e excunflexo) e sinais auxiates como a Ceduna eo hiten Essa base parece simples, mas o sistema omagrésico € complexo Podemos falar de um plunissistema patasialar a comstinca de tis subsistemas: um SUES ta fonogratco (os fonogramas ou as letras que sinalizam os sn aos do pura) un autem moro ‘mmico (que reine as informacéos ne noon Gramaticais como, por exem- que nem sompre tom contraparada or -_ cere cbatie ota) um subsstoma logogrti (esse tercesro Permive disunguir visuaimente os termos homé= a (tore mercado de lata fonos lascender @ acender), mas ele compreende também as marcas etimolégicas (pot exempio, a manutengéo do h int- cial) As correspondéncias fonogrdficas tem a particulandade de treduzir um mesmo fonema (por exernpio, /s/) por vanos

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