A obra de Tocqueville fundamenta-se em um estudo do autor sobre a sociedade estadunidense
- recém emancipada da coroa britânica - trazendo reflexões sobre o processo democrático que estava se moldando. Nesse sentido, o autor francês reflete a ideia de que a extensão territorial dos Estados Unidos é um importante fator que impede a centralização do poder por um nobre, sendo um local ideal para o desenvolvimento. Tocqueville defende a noção de uma democracia institucional, que se consolidasse a partir de órgãos governamentais, como o poder executivo, legislativo e judiciário e os sistemas de saúde e educação, por exemplo. Após a consolidação desses órgãos a democracia deve garantir igualdade de condição e acesso a essas instituições, de modo em que não necessariamente todos devessem participar diretamente das decisões públicas, mas sim que todas as pessoas tenham o direito de modo igualitário ao acesso a essas, assim a liberdade e os direitos individuais seriam garantidos. Nessa perspectiva, o autor diferencia a noção de egoísmo e individualismo, afirmando que o egoísmo é um sentimento primitivo do ser humano, em que há um desejo de um ter mais privilégios que os demais, sendo prejudicial ao corpo social. Já o individualismo é inerente à democracia, pois refere-se ao individualismo como a preservação de direitos individuais que fundamentam a democracia. Além disso, Tocqueville aponta as fragilidades da democracia ao refletir que a democracia institucional deve ter uma definição estrita (como por exemplo diferenciar claramente os limites do público e do privado) para os cidadãos, uma vez que uma má interpretação desse modelo pode resultar na ascensão de modelos autoritários, como despotismos ou uma "ditadura da maioria".
John Stuart Mill (1806-1873)
John Stuart Mill é classificado como um liberal utilitarista, defendendo que a sociedade, a ética, a política e a constituição devem servir de base para garantir a felicidade para o maior número de pessoas. Vale ressaltar que o filósofo e economista britânico aborda uma visão qualitativa de felicidade, defendendo que há felicidades "melhores" que outras, classificando a felicidade oriunda de prazeres intelectuais como superior às demais fontes de felicidade. Esse importante filósofo e economista britânico, a partir do conceito de liberalismo individual, defende que existe uma área em que o indivíduo é soberano, em que o Estado nem a sociedade deve intervir, uma vez que a noção de felicidade é individual e subjetiva, e cada ser humano deve ter o direito de buscar sua felicidade. Na visão de Mill, o que faz a sociedade progredir é a vontade do ser humano de buscar a felicidade, e restringir essa busca é impedir o progresso social. Nesse sentido, o autor cria 3 pontos para a defesa da liberdade de expressão, sendo estes: a falibilidade humana (nunca temos certeza se estamos certos), a parcela de verdade (as noções individuais podem ter falhas e lacunas) e o dogma (o questionamento de falácias, faz com que verdades não se tornem dogmas). John Stuart Mill, no entanto, não defende uma liberdade irrestrita, ele apresenta o conceito do princípio do dano em que afirma "a única finalidade pela qual se garante à humanidade, individual ou coletivamente de interferir na propriedade do outro é a autoproteção". Logo, uma pessoa que se auto prejudica não pode ser condenada pelo Estado nem pela sociedade, excetuando-se o caso em que cause dano a terceiros, pois, segundo o filósofo, deve ser punida de algum modo se isso acontecer. O autor também aponta 4 pilares da liberdade individual: - Cada indivíduo deve desenvolver o seu próprio plano de vida; - Cada indivíduo tem o direito de não intervir nos direitos dos demais; - Cada indivíduo tem a possibilidade de prejudicar os demais; - Cada tipo de dano ao próximo corresponde a uma punição adequada;