Você está na página 1de 9

RELAÇÕES

ECOLÓGICAS

MÓDULO 9 | ECOLOGIA
RELAÇÕES ECOLÓGICAS
Os organismos não vivem isoladamente, eles es- vista biológico, as sociedades são compostas ape-
tão sempre interagindo através das relações ecoló- nas por insetos das diferentes espécies de formi-
gicas. Essas relações podem ser entre indivíduos da gas, abelhas e vespas, as chamadas eusociedades
mesma espécie, ou seja, relações intraespecíficas, ou (sociedades verdadeiras).
então podem ser entre indivíduos de espécies dife-
rentes, as relações interespecíficas. Podemos ainda Normalmente as eusociedades são compostas
classificar essas relações como desarmônicas quando por uma rainha, a única fêmea reprodutora, e as tra-
existe um prejuízo para pelo menos uma das partes, balhadoras, todas fêmeas, porém não-reprodutoras.
ou então como harmônicas quando não existe, para A produção de machos é pequena e ocorre apenas no
nenhuma das espécies, prejuízo mas pelo menos uma período de reprodução. As demais organizações in-
delas tem alguma vantagem. O neutralismo, quando traespecíficas, como por exemplo a de humanos, ho-
não há nem vantagens nem desvantagens para ne- minídeos, elefantes entre outros, podem ser chama-
nhum dos indivíduos, não é considerada uma relação, dos de sociedades de forma abrangente. Contudo,
pois é o mesmo que a não-relação entre eles. Por- eles são de fato associações coopera vas e não soci-
tanto, não existem relações neutras; ou há prejuízo edades verdadeiras.
ou há ganhos para pelo menos um dos envolvidos.
Desarmônicas
São relações entre indivíduos da mesma espécie onde
Relações Intraespecíficas pelo menos um dos envolvidos tem um prejuízo em
relação ao outro.
Harmônicas
a. Compe ção ocorre quando existe um recurso li-
São as relações que ocorrem entre dois indivíduos mitado para vários indivíduos da mesma espécie e
de uma mesma espécie onde não há prejuízo para os estes indivíduos precisam gastar energia para ob-
envolvidos e existe o recebimento de vantagem por, ter e proteger esse recurso dos outros indivíduos.
pelo menos, um dos indivíduos. As principais relações
interespecíficas harmônicas são: a. Canibalismo é a ação de predar e consumir indiví-
duos da mesma espécie para fins nutricionais. Isso
a. Colônia é uma associação de indivíduos de uma traz a desvantagem de os indivíduos da espécie ca-
mesma espécie que são ligados anatomicamente, nibal viverem isolados e terem períodos de repro-
não exis ndo um indivíduo isolado, mas sim con- dução extremamente curtos.
siderados como parte de um grande corpo. Exem-
plos: os corais e as caravelas. Relações Interespecíficas
a. Sociedade é uma sociedade é composta por indi- Harmônicas
víduos da mesma espécie que possuem uma orga-
nização em castas. Cada casta possui uma função São as relações que ocorrem entre dois indivíduos
específica e uma anatomia especializada para a a - de espécie diferentes onde não há prejuízo para os
vidade a que se des na. Nessas sociedades é pos- envolvidos e existe o recebimento de vantagem por,
sível observar uma divisão entre casta reprodutora pelo menos, um dos indivíduos. As principais relações
e casta trabalhadora. Dessa forma, do ponto de interespecíficas harmônicas são:

www.mundoedu.com.br
a. Mutualismo é a relação onde existe vantagem mú- espécie A conseguirão pegar apenas os mais len-
tua para ambos os envolvidos. Exemplo de mutu- tos da espécie B, pressionando sele vamente B
alismo é observada entre o pássaro-palito e o cro- para serem cada vez mais rápidos, pois apenas
codilo, entre o paguro e a anêmona do mar, a po- os sobreviventes serão capazes de se reproduzir
linização de plantas por abelhas e vespas, e a dis- e passar seus “genes de velocidade” adiante. Por
persão biológica de sementes pelos animais. outro lado, isso fara com que a pressão sele va
para A também aumente, pois, com o passar do
a. Simbiose é a relação onde existe vantagem mútua, tempo, apenas os predadores mais rápidos serão
porém um organismo não é capaz de viver inde- capazes de capturar suas prezas. Dessa forma
pendentemente do outro. Exemplos: líquens (as- tanto a espécie A quanto a B pressionam-se mutu-
sociação de fungos e algas), micorriza (associação amente como uma corrida armamen sta, também
de fungos com a raiz de uma planta). chamado de teoria da rainha vermelha.
a. Inquilinismo é o caso onde um dos indivíduos re- a. Parasi smo. Esta relação é parecida com a pre-
cebe uma vantagem do outro ao qual está se re- dação e com o inquilinismo; contudo, o parasita
lacionando, mas sem causar desvantagens. Entre- não quer matar o hospedeiro como na predação
tanto, o indivíduo que recebe a vantagem habita e, muitas vezes, o parasita habita no hospedeiro,
no outro. Exemplos: peixe-palhaço e anêmona- mas causando prejuízo a ele. O parasi smo pode
do-mar, peixe-agulha e o pepino-domar. ser dividido em:
a. Epifi smo é um caso especial de inquilinismo no • Ectoparasi smo, quando o parasita se en-
qual uma planta cresce sobre a estrutura de outra contra na parte externa do hospedeiro (ex:
para ter mais acesso à luz solar. Na Mata Atlân ca piolhos, carrapatos, sanguessugas etc.);
essa é uma associação bastante comum entre as
• endoparasi smo, quando o parasita se en-
espécies vegetais do bioma. Exemplo: bromélias e
contra dentro do organismo hospedeiro (ex:
orquídeas.
solitárias, lombrigas, verminoses em geral
a. Comensalismo é uma relação na qual um indiví- etc);
duo se alimenta dos restos de outro animal. Exem- • endoparasi smo intracelular, quando ocorre
plos: hienas comensais de leões, rêmora comensal de um microrganismo, normalmente proto-
do tubarão. zoários, invadirem células dos hospedeiros
(ex: doença de Chagas, leishmanioses, vírus
Desarmônicas etc);
• cleptoparasi smo, que ocorre quando uma
São as relações que ocorrem entre dois indivíduos espécie rouba o alimento de outra para so-
de espécie diferentes onde existe prejuízo para pelo breviver (ex: fragatas)
menos um dos envolvidos (pode haver prejuízo para
os dois). As principais relações interespecíficas de- a. Parasitoidismo é a relação que ocorre quando al-
sarmônicas são: guns pos de vespa botam seus ovos dentro de
larvas de outros insetos e esses, quando eclodem,
a. Compe ção. Da mesma forma como na relação consomem o hospedeiro por dentro.
intraespecífica, dois indivíduos de diferentes es-
pécies competem pelo mesmo recurso gastando a. Amensalismo. Também chamado de an biose, é a
energia para a sua obtenção e proteção. Exem- relação na qual um organismo produz substâncias
plos: diferentes espécies de predadores compe- que inibem o crescimento de outros organismos
ndo pela mesma presa. próximos a ele. Como exemplos de amensalismo,
temos a levedura do cervejeiro (Saccharomyces ce-
a. Predação é a relação onde uma espécie caça uma reviseae) que u liza carboidratos para produzir ál-
outra para a sua alimentação. Essa relação contri- cool em um processo anaeróbico em vez de reali-
bui para o aumento da pressão sele va e coevo- zar a respiração; dessa forma, o álcool inibe a com-
lução das espécies. Imagine duas espécies, uma pe ção de outros organismos compe dores e a le-
predadora (A) e uma presa (B). Os indivíduos da vedura u liza posteriormente o álcool como fonte

www.mundoedu.com.br
de energia; os fungos, como o Penicilium sp., são a extração de madeira possuem folhas que, ao se
responsáveis por produz an bió cos como a peni- decomporem no solo, acidificam o ambiente impe-
cilina que inibem o crescimento de bactérias; algu- dindo que outras espécies de plantas cresçam nas
mas espécies de pinheiros trazidos ao Brasil para suas proximidades.

www.mundoedu.com.br
EXERCÍCIOS
RELAÇÕES ECOLÓGICAS

1. (ENEM 2016) Em uma floresta exis am duas po-


pulações herbívoras que habitavam o mesmo am-
biente. A população da espécie X mostrava um
grande número de indivíduos, enquanto a popu-
lação Z era pequena. Ambas nham hábitos eco-
lógicos semelhantes. Com a intervenção humana,
ocorreu fragmentação da floresta em duas por-
ções, o que separou as populações X e Z. Após al-
gum tempo, observou-se que a população X man-
teve sua taxa populacional, enquanto a população
Z aumentou a sua até que ambas passaram a ter,
aproximadamente, a mesma quan dade de indiví-
duos. A relação ecológica entre as espécies X e Z,
quando no mesmo ambiente, é de:

(a) Predação.
(b) Parasi smo.
(c) Compe ção. (a)
(d) Comensalismo.
(e) Protocooperação.

2. (ENEM 2017)
Dados compilados por Jeremy Jackson, do Ins -
tuto Scripps de Oceanografia (EUA), mostram que
o declínio de 90% dos indivíduos de 11 espécies
de tubarões do Atlân co Norte, causado pelo ex-
cesso de pesca, fez com que a população de uma
arraia, normalmente devorada por eles, explodisse
para 40 milhões de indivíduos. Doce vingança:
essa horda de arraias é capaz de devorar 840 mil
toneladas de moluscos por ano, o que provavel-
mente explica o colapso da antes lucra va pesca
de mariscos na Baía de Chesapeake (EUA).
Qual das figuras representa a variação do tama-
nho populacional de tubarões, arraias e moluscos
no Atlân co Norte, a par r do momento em que a
pesca de tubarões foi iniciada (tempo zero)? (b)

www.mundoedu.com.br
(e)

(c) 3. (ENEM 2014) Os parasitoides (misto de parasi-


tas e predadores) são insetos diminutos que têm
hábitos muito peculiares: suas larvas podem se
desenvolver dentro do corpo de outros organis-
mos, como mostra a figura. A forma adulta se ali-
menta de pólen e açúcares. Em geral, cada para-
sitoide ataca hospedeiros de determinada espécie
e, por isso, esses organismos vêm sendo ampla-
mente usados para o controle biológico de pragas
agrícolas.

(d)

www.mundoedu.com.br
A forma larval do parasitoide assume qual papel Apesar de ser um comportamento aparentemente
nessa cadeia alimentar? desvantajoso para os machos, o canibalismo se-
xual evoluiu nesses táxons animais porque
(a) Consumidor primário, pois ataca diretamente
uma espécie herbívora. (a) promove a maior ocupação de diferentes ni-
chos ecológicos pela espécie.
(b) Consumidor secundário, pois se alimenta dire-
tamente dos tecidos da lagarta. (b) favorece o sucesso reprodu vo individual de
ambos os parentais.
(c) Organismo heterótrofo de primeira ordem,
pois se alimenta de pólen na fase adulta. (c) impossibilita a transmissão de genes do macho
para a prole.
(d) Organismo heterótrofo de segunda ordem,
pois apresenta o maior nível energé co na ca- (d) impede a sobrevivência e reprodução futura
deia. do macho.
(e) Decompositor, pois se alimenta de tecidos do (e) reduz a variabilidade gené ca da população.
interior do corpo da lagarta e a leva à morte.
6. (ENEM 2011) Os vaga-lumes machos e fêmeas
4. (ENEM 2014) Existem bactérias que inibem o emitem sinais luminosos para se atraírem para o
crescimento de um fungo causador de doenças acasalamento. O macho reconhece a fêmea de
no tomateiro, por consumirem o ferro disponível sua espécie e, atraído por ela, vai ao seu encontro.
no meio. As bactérias também fazem fixação de Porém, existe um po de vaga-lume, o Photuris,
nitrogênio, disponibilizam cálcio e produzem au- cuja fêmea engana e atrai os machos de outro po,
xinas, substâncias que es mulam diretamente o o Pho nus, fingindo ser desse gênero. Quando
crescimento do tomateiro. Qual dos processos bi- o macho Pho nus se aproxima da fêmea Photuris,
ológicos mencionados indica uma relação ecoló- muito maior que ele, é atacado e devorado por ela.
gica de compe ção? BERTOLDI, O. G.; VASCONCELLOS, J. R. Ciência socie-
dade: a aventura da vida, a aventura da tecnologia. São
(a) Fixação de nitrogênio para o tomateiro. Paulo: Scipione, 2000 (adaptado).

(b) Disponibilização de cálcio para o tomateiro. A relação descrita no texto, entre a fêmea do gê-
nero Photuris e o macho do gênero Pho nus, é um
(c) Diminuição da quan dade de ferro disponível exemplo de
para o fungo.
(d) Liberação de substâncias que inibem o cresci- (a) comensalismo.
mento do fungo. (b) Inquilinismo.
(e) Liberação de auxinas que es mulam o cresci- (c) Cooperação.
mento do tomateiro.
(d) Preda smo.
5. (ENEM 2013) As fêmeas de algumas espécies de (e) mutualismo.
aranhas, escorpiões e de outros invertebrados
predam os machos após a cópula e inseminação. 7. (UDESC SC/2018) Nos oceanos, pode ocorrer a
Como exemplo, fêmeas canibais do inseto conhe- seguinte cadeia alimentar:
cido como louva-a-deus, Tenodera arídofolia, pos-
suem até 63% da sua dieta composta por machos
parceiros. Para as fêmeas, o canibalismo sexual
pode assegurar a obtenção de nutrientes impor-
tantes na reprodução. Com esse incremento na di- O fitoplâncton é um conjunto de organismos fo-
eta, elas geralmente produzem maior quan dade tossinte zantes (microscópicos) que ficam à de-
de ovos. BORGES, J. C. Jo g o mortal. Disponível em: riva nos oceanos. Ele representa o primeiro elo na
h p://cienciahoje.uol.com.br. Acesso em: 1 mar. 2012 transferência de alimento e, portanto, de energia
(adaptado). química para os demais componentes da cadeia

www.mundoedu.com.br
trófica. O zooplâncton, conjunto de pequenos or-
ganismos heterótrofos que consomem os produ-
tores primários, recebe energia química em quan-
dade muito menor do que a energia solar que
o fitoplâncton absorveu pela fotossíntese. Isso
ocorre porque grande parte das substâncias or-
gânicas que os produtores primários sinte zam é
perdida na forma de energia e calor, à medida que
os organismos trabalham para se manter vivos.
O mesmo processo ocorre quando os peixes pe-
quenos como a sardinha predam o zooplâncton, e
quando os peixes grandes se alimentam dos peixes
pequenos. Logo, a quan dade de energia diminui
no decorrer das relações da cadeia alimentar.
É CORRETO supor que a maior variedade de ni-
chos ecológicos e microambientes favoráveis ao
Assinale a alterna va correta em relação à trans- estabelecimento do epifi smo ocorra nos biomas
ferência de energia entre os níveis tróficos de uma
cadeia alimentar. (a) 1 e 4.
(b) 1, 2 e 3.
(c) 2 e 3.
(d) 4, 5 e 6.
(a) Uma cadeia alimentar deve sempre possuir
muitos níveis tróficos, como forma de garan r 9. (UNCISAL AL/2018) Um estudo realizado sobre a
a mesma quan dade de energia em cada um relação mutualís ca entre a planta Hirtella myrme-
desses níveis. cophila e a formiga Allomerus octoar culatus mos-
trou que a associação não é 100% benéfica para
(b) A quan dade de energia disponível aumenta à ambas o tempo todo. Apesar de proteger as plan-
medida que é transferida de um nível trófico tas contra-ataques de outros insetos herbívoros,
para outro nível trófico. em ramos colonizados pela formiga, que se ali-
menta de domácias das folhas, normalmente não
há desenvolvimento de flores e frutos, porque a
(c) Quanto mais curta for uma cadeia alimentar, formiga corta os ramos florais assim que eles co-
menor será a quan dade de energia disponível meçam a crescer. Observa-se que, em alguns ra-
para o nível trófico mais elevado. mos, não há formação de domácias e, sem a pre-
sença da formiga, a planta consegue se reproduzir.
(d) O nível trófico com menor quan dade de ener- Adaptado de: <h ps://doi.org/10.1007/s00442-002-
gia disponível é o dos produtores. 1027- 0gt;. Acesso em: 22 out. 2017.
Apesar da relação mencionada no excerto apre-
(e) Todos os níveis tróficos dissiparão parte da sentado não ser benéfica o tempo todo e em toda
energia adquirida, por meio das próprias a vi- a planta, ainda pode ser considerada mutualismo,
dades metabólicas e de calor. porque

(a) quanto mais formigas colonizarem as plantas


maior será a produção de domácias e seu su-
cesso reprodu vo.
8. (PUC SP/2018) O mapa a seguir iden fica com nú- (b) há favorecimento de pelo menos um dos or-
meros as áreas correspondentes aos diferentes bi- ganismos envolvidos na relação, mesmo com
omas brasileiros. prejuízo do outro.

www.mundoedu.com.br
(c) a planta, além de fornecer alimento, é benefi-
ciada pela proteção, contra outros herbívoros,
proporcionada pela formiga.
(d) a planta, sem as formigas para polinizála, não
consegue produzir seus frutos e sementes e
deixar descendentes.
(e) o mutualismo é uma associação não obrigató-
ria entre dois seres vivos, na qual apenas um
dos envolvidos é beneficiado, pelo menos em
uma fase da vida.

10. (UDESC SC/2018) A introdução de uma espécie X


de peixe em um lago, onde normalmente inexiste
esta espécie, poderá provocar alteração do equilí-
brio das populações de peixes autóctones. Sobre
esse fato, analise as proposições.

I. A espécie X morrerá, pois espécies introdu-


zidas não sobrevivem em ambientes que não
sejam os seus.
II. O equilíbrio poderá ser alterado, se a espécie
X for predadora dos peixes na vos.
III. O equilíbrio não será alterado, se a espécie X
apresentar altas taxas reprodu vas e cuidado
parental.
IV. O equilíbrio poderá ser alterado, se houver
compe ção por alimentos entre a espécie X
e as espécies na vas.

(a) Assinale a alterna va correta. Somente as afir-


ma vas I e IV são verdadeiras.
(b) Somente a afirma va IV é verdadeira.
(c) Somente as afirma vas II e IV são verdadeiras.
(d) Somente as afirma vas I, II e III são verdadei-
ras.
(e) Somente as afirma vas II e III são verdadeiras.

Gabarito: 1-C, 2-C, 3-B, 4-C, 5-B, 6-D, 7-E, 8-A, 9-C, 10-C

www.mundoedu.com.br

Você também pode gostar