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PROJETO DE RECUPERAÇÃO, USO E SALVAGUARDA DA

LOCOMOTIVA A VAPOR Nº 370 DA ANTIGA ESTRADA DE FERRO


CENTRAL DO BRASIL, CONHECIDA TAMBÉM COMO “ZEZÉ LEONE”

ABPF - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRESERVAÇÃO FERROVIÁRIA

NOVEMBRO DE 2021
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

1. APRESENTAÇÃO DA ABPF
1.1. Sobre a ABPF
1.2. Infraestrutura - Oficinas
1.3. Trabalhos já realizados
1.4. Corpo técnico

2. SOBRE A LOCOMOTIVA Nº370


2.1 . Breve histórico
2.2. Última intervenção
2.2.1. Situação atual

3. PROJETO DE RECUPERAÇÃO, USO E SALVAGUARDA


3.1. Transporte da locomotiva
3.2. Recuperação da locomotiva
3.2. Utilização da locomotiva
3.2.1. Trem de Guararema
3.2.2. Infraestrutura do Trem de Guararema
3.2.3. Funcionamento do Trem de Guararema

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

5. REFERÊNCIAS
1. APRESENTAÇÃO DA ABPF

1.1. Sobre a ABPF

Fundada em 1977, a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária é uma entidade civil


sem fins lucrativos de cunho histórico, cultural e educativo, que é reconhecida como OSCIP –
Organização Social de Interesse Público (publicado no D.O.U. de 24 de dezembro de 2004). A
ABPF hoje é a maior e mais capacitada entidade do gênero para gestão e guarda de bens ferroviários
históricos no país e uma das maiores do mundo. O longo currículo de realização da entidade, nos
mais de 40 anos de sua existência, mais que comprovam sua competência neste ramo. Nossa missão
é promover o resgate e a conservação do patrimônio histórico ferroviário brasileiro,
disponibilizando os bens à visitação pública, desde que a conservação dos mesmos não seja
colocada em risco.

Uma forma de visitação é através de uma viagem em nossos trens de passageiros. A


operação destes trens é realizada pelos Museus Dinâmicos, situados nas cidades Antonina-PR,
Apiúna-SC, Campinas-SP, Guararema-SP, Passa Quatro-MG, Piratuba-SC, Rio Negrinho-SC, São
Lourenço-MG e São Paulo-SP. Nos Museus Dinâmicos estão abrigados vários tipos de locomotivas
a vapor, vagões de carga e carros de passageiros de valor histórico. Adicionalmente, os museus
exibem toda a estrutura que compõe uma ferrovia, desde as estações ferroviárias com seus
equipamentos telecomunicação e sinalização, até a própria via permanente (linha do trem).

Hoje a entidade mantém mais de 90 kms de linhas próprias, que foram em grande parte
recuperadas ou até mesmo reconstruídas pela entidade. Atualmente, o maior trabalho de recuperação
de uma linha férrea feito por uma entidade sem fins lucrativos com recursos próprios no mundo,
está sendo realizado pela ABPF: a reforma completa do trecho de Cruzeiro/ SP da Antiga Estrada de
Ferro Minas e Rio, com 25kms de extensão.

Atualmente são nove trens turísticos/culturais fixos, sendo eles: Trem da VFCJ
(Campinas/SP a Jaguariúna/SP), Trem dos Imigrantes (No Bairro da Mooca em São Paulo/SP),
Trem de Guararema (Guararema/SP a Luís Carlos/SP), Trem da Serra da Mantiqueira (Passa
Quatro/MG), Trem das Águas (São Lourenço/MG a Soledade de Minas/MG), Trem Caiçara
(Antonina/PR a Morretes/PR), Trem da Serra do Mar (Rio Negrinho/SC a Corupá/SC), Trem da
EFSC (Apiúna/SC) e Trem das Termas (Piratuba/SC a Marcelino Ramos/RS).

Os trens de passageiros da ABPF utilizam locomotivas e carros antigos pertencentes ao


nosso acervo, que foram restaurados por associados e colaboradores. Durante a viagem, os
visitantes têm a oportunidade de vivenciar o meio de transporte utilizado por nossos antepassados,
recebendo explicações sobre o funcionamento de uma locomotiva a vapor e ouvindo informações
históricas relevantes. Todas as atividades desenvolvidas pela ABPF, dentre elas a operação das
composições ferroviárias dos Museus Dinâmicos, são realizadas pelos associados da ABPF na
forma de trabalho voluntário. Nossos associados voluntários têm as mais variadas formações e
ocupações, sendo alguns ferroviários da ativa e aposentados.

O lado social também está presente no cotidiano da associação, com um programa de acesso
para os alunos da rede pública de ensino dos municípios onde os trens circulam com oferecimento
de viagens de trem sem ônus algum como uma forma de incentivar a educação patrimonial no
município e promover o acesso à este meio de transporte. Para além, comumente são realizados
trens onde a renda da bilheteria é revertida para instituições filantrópicas dos municípios, como
hospitais, APAE’s, albergues, dentre outros. Costumam ser realizados trens para arrecadação de
donativos também, onde as passagens são trocadas por alimentos não perecíveis, roupas, agasalhos
e brinquedos que são destinados para população carente e abrigos. Estas são iniciativas 100%
subsidiadas pela ABPF.

Nos últimos anos os trens comemorativos tem se tornado cada vez mais presentes nas
atividades da associação, percorrendo diversos trechos diferentes dos onde existem os trens fixos.
Esses trens por sua vez tem as mais diversas temáticas, geralmente de acordo com a região que
percorrem e, ocorreram também trens especiais de Natal, que percorreram boa parte da malha
ferroviária do Sul do país e do estado de São Paulo no período noturno, enfeitados com adornos e
iluminação e com o Papai Noel a bordo, chegando em diversas cidades e comunidades que
margeiam as linhas. A realização desses trens só é possível graças ao envolvimento das
concessionárias que administram os trechos de ferrovia por onde eles circulam, sendo grandes
parceiras da ABPF.

A ABPF é autossustentável, obtendo os recursos financeiros necessários para a manutenção


de toda a infraestrutura e do material rodante através dos valores pagos pelos visitantes nos bilhetes
para os passeios de trens. Adicionalmente, a ABPF conta com as importantes colaborações
financeiras dos seus associados e da colaboração de empresas privadas parceiras, que têm também
um papel importante em nossas realizações.
1.2. Infraestrutura - Oficinas

Desde a sua fundação, a ABPF vem trabalhando na construção, ampliação e aperfeiçoamento


das suas oficinas de restauro/reforma e manutenção de material rodante. A associação conta hoje
com quatro grandes oficinas, localizadas em Campinas-SP, Cruzeiro-SP, Rio Negrinho-SC e São
Lourenço-MG, sendo as três primeiras as únicas oficinas especializadas em reforma e manutenção
de locomotivas a vapor do país (prestando serviço inclusive para terceiros, incluindo ferrovias
privadas e concessionárias) e, em São Lourenço, uma oficina para a reforma e manutenção de carros
de passageiros e vagões de madeira, contando com uma marcenaria completa. Todos os
procedimentos são realizados dentro das normas técnicas e legislação vigente, sendo acompanhados
por engenheiros da associação.

- Oficinas de Cruzeiro/SP: totalmente equipadas pela ABPF ao longo dos últimos 20 anos: a oficina
hoje é especializada na reforma e manutenção pesada de locomotivas a vapor e a diesel, além de
carros e vagões de aço.
- Oficinas de Cruzeiro/SP: totalmente equipadas pela ABPF ao longo dos últimos 20 anos: a oficina
hoje é especializada na reforma e manutenção pesada de locomotivas a vapor e a diesel, além de
carros e vagões de aço.
- Oficinas de Cruzeiro/SP: totalmente equipadas pela ABPF ao longo dos últimos 20 anos: a oficina
hoje é especializada na reforma e manutenção pesada de locomotivas a vapor e a diesel, além de
carros e vagões de aço.
- Oficinas de Cruzeiro/SP: totalmente equipadas pela ABPF ao longo dos últimos 20 anos: a oficina
hoje é especializada na reforma e manutenção pesada de locomotivas a vapor e a diesel, além de
carros e vagões de aço.
- Oficinas de São Lourenço/MG: totalmente construídas e equipadas pela ABPF ao longo dos
últimos 20 anos: a oficina hoje é especializada na reforma e manutenção de carros de passageiros e
vagões de madeira mas também está apta a realizar serviços de manutenção periódica em
locomotivas a vapor.
- Oficinas de São Lourenço/MG: totalmente construídas e equipadas pela ABPF ao longo dos
últimos 20 anos: a oficina hoje é especializada na reforma e manutenção de carros de passageiros e
vagões de madeira mas também está apta a realizar serviços de manutenção periódica em
locomotivas a vapor.
- Oficinas de São Lourenço/MG: totalmente construídas e equipadas pela ABPF ao longo dos
últimos 20 anos: a oficina hoje é especializada na reforma e manutenção de carros de passageiros e
vagões de madeira mas também está apta a realizar serviços de manutenção periódica em
locomotivas a vapor.
- Oficinas de São Lourenço/MG: totalmente construídas e equipadas pela ABPF ao longo dos
últimos 20 anos: a oficina hoje é especializada na reforma e manutenção de carros de passageiros e
vagões de madeira mas também está apta a realizar serviços de manutenção periódica em
locomotivas a vapor.
- Oficinas de São Lourenço/MG: totalmente construídas e equipadas pela ABPF ao longo dos
últimos 20 anos: a oficina hoje é especializada na reforma e manutenção de carros de passageiros e
vagões de madeira mas também está apta a realizar serviços de manutenção periódica em
locomotivas a vapor.
- Oficinas de Rio Negrinho/SC: totalmente equipadas pela ABPF ao longo dos últimos 20 anos: a
oficina hoje é especializada na reforma e manutenção pesada de locomotivas a vapor, além de carros
e vagões de madeira e de aço.
- Oficinas de Rio Negrinho/SC: totalmente equipadas pela ABPF ao longo dos últimos 20 anos: a
oficina hoje é especializada na reforma e manutenção pesada de locomotivas a vapor, além de carros
e vagões de madeira e de aço.
- Oficinas de Rio Negrinho/SC: totalmente equipadas pela ABPF ao longo dos últimos 20 anos: a
oficina hoje é especializada na reforma e manutenção pesada de locomotivas a vapor, além de carros
e vagões de madeira e de aço.
- Oficinas de Rio Negrinho/SC: totalmente equipadas pela ABPF ao longo dos últimos 20 anos: a
oficina hoje é especializada na reforma e manutenção pesada de locomotivas a vapor, além de carros
e vagões de madeira e de aço.
1.3. Trabalhos já realizados

Dentre os inúmeros trabalhos já realizado pela ABPF ao longo dos seus mais de 40 anos de
atuação, apresentaremos alguns a seguir para fins ilustrativos da capacidade que a associação possui
de resgatar, recuperar e gerir bens ferroviários de toda sorte.

- Nova cabine confeccionada para a locomotiva 415 (a direita), reproduzida a partir da original (a
esquerda). A original estava completamente deteriorada após décadas de exposição às intempéries e
sua recuperação era inviável. Trabalho realizado na marcenaria da ABPF em São Lourenço/MG.
- Locomotiva a vapor nº 415 da antiga Estrada de Ferro Sorocabana: pertencente a um particular, a
locomotiva foi transportada pela ABPF para suas oficinas em Cruzeiro/SP onde então foi
completamente desmontada e recuperada e colocada em condições operacionais. Além da
recuperação completa dos sistemas mecânicos, da caldeira e dos acessórios, os padrões estéticos
originais foram recuperados, com finalização com pintura no padrão correto da Estrada de Ferro
Sorocabana, ferrovia a qual a locomotiva pertencia originalmente. Nas fotos, os aspectos do antes e
depois da recuperação da locomotiva.
- Carro de aço carbono PC-926390-0F. Resgatado do antigo depósito de Santos Dumont/MG em
meados de 2019, foram necessários aproximadamente 4 meses de trabalhos intensos para a
completa recuperação do carro e homologação para voltar a circular atendendo a todas as normas
técnicas vigentes. Nas fotos, aspectos do antes e depois da recuperação do carro.
- Locomotiva Mallet nº 204 da antiga Estrada de Ferro Dona Teresa Cristina inteiramente
recuperada nas oficinas de Rio Negrinho. Foram necessários anos de trabalhos para a plena
recuperação dessa singular locomotiva que hoje é a única locomotiva a vapor articulada em
funcionamento na América Latina. Nas fotos os aspectos do antes de depois dos trabalhos.
- Oficinas de Rio Negrinho/SC: totalmente equipadas pela ABPF ao longo dos últimos 20 anos: a
oficina hoje é especializada na reforma e manutenção pesada de locomotivas a vapor, além de carros
e vagões de madeira e de aço. Nas fotos, trabalhos na locomotiva 156 do Trem da Serra Gaúcha
(prestação de serviço da ABPF para a Giordani Turismo, responsável pelo trem).
- Oficinas de Rio Negrinho/SC: totalmente equipadas pela ABPF ao longo dos últimos 20 anos: a
oficina hoje é especializada na reforma e manutenção pesada de locomotivas a vapor, além de carros
e vagões de madeira e de aço. Nas fotos, trabalhos na locomotiva 156 do Trem da Serra Gaúcha
(prestação de serviço da ABPF para a Giordani Turismo, responsável pelo trem).
- Carro correio/bagagem da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil inteiramente recuperado nas
oficinas de Campinas. Foi necessário muito de trabalho para a plena recuperação desse carro que
hoje é o único desse modelo existente. Nas fotos os aspectos do antes de depois dos trabalhos.
- Locomotiva nº 4 de uma antiga usina de açúcar inteiramente recuperada nas oficinas de Campinas.
Foram necessários anos de trabalhos para a plena recuperação dessa locomotiva. Nas fotos os
aspectos do antes de depois dos trabalhos.
- Locomotiva nº 50 de uma antiga usina de açúcar inteiramente recuperada nas oficinas de
Campinas. Foram necessários anos de trabalhos para a plena recuperação dessa singular locomotiva,
única do tipo existente no país hoje. Nas fotos os aspectos do antes de depois dos trabalhos.
- Carro de segunda-classe da antiga Cia. Mogiana de Estradas de Ferro inteiramente recuperado nas
oficinas de Campinas. Foi necessário muito de trabalho para a plena recuperação desse carro que
após anos servindo como uma lanchonete em uma praça totalmente descaracterizado foi
completamente recuperado. Nas fotos os aspectos do antes de depois dos trabalhos.
1.4. Corpo técnico

Ao longo destes mais de 40 anos de existência, a ABPF criou um vasto corpo técnico,
formado tanto por voluntários quanto por colaboradores. Esta equipe multidisciplinar é encarregada
de cuidar de todo o dia a dia da entidade, desde sua administração, manutenção e operações
ferroviárias.

Para suprir suas necessidades, a ABPF veio criando ao longo de décadas procedimentos e
rotinas tanto de manutenção, quanto de operação, de forma a suprir as necessidades de seu vasto
acervo e complexas operações ferroviárias.

Temos hoje em nossos quadros engenheiros especializados, arquitetos, restauradores e


museólogos, de forma a garantir que nosso acervo seja cuidado de forma técnica e profissional.
Hoje pode-se dizer, orgulhosamente, que os maiores especialistas no Brasil em manutenção
e recuperação de locomotivas a vapor fazem parte da ABPF e assim, a entidade também tem
prestado consultoria técnica a outras entidades e até mesmo a grandes concessionárias ferroviárias
em relação a manutenção de material rodante histórico.

A ABPF é a única entidade de preservação ferroviária no Brasil a possuir material rodante


homologado para rodar em até três ferrovias diferentes, material este que atende as altas exigências
técnicas de ferrovias conceituadas e demonstrando assim a alta capacidade técnica da entidade.

- Homologação do sistema ATC da locomotiva 7202 na linha de testes da CPTM: hoje está
locomotiva está habilitada para circular nas linhas da CPTM, da Rumo Logística e da MRS
Logística, atendendo a todos os requisitos técnicos das 3 concessionárias.
- CBL instalado na locomotiva 7202 para tráfego na malha concedida a Rumo Logística e
velocímetro, parte do sistema ATC da locomotiva.

- Carro Salão-Bar emprestado para a MRS Logística: durante dois dias o carro percorreu a malha da
Baixada Santista seguindo depois para Paranapiacaba, subindo o trecho de cremalheira tendo abordo
representantes do Ministério da Infraestrutura, ANTT, ANTAQ, MRS e ABPF; todo esse trecho
percorrido é de concessão da MRS, mostrando que o material rodante mantido pela ABPF possui
plenas condições de tráfego e segurança, atendendo a todos os parâmetros técnicos.
- Em Guararema a ABPF opera trem turístico tracionado tanto por locomotiva a vapor quanto por
locomotiva diesel em trecho concedido a MRS Logística. Todo o material rodante está homologado,
seguindo todas as normas técnicas. Para além, toda a equipe possui também treinamento dado pela
MRS para operação em sua malha.
- Locomotiva a vapor equipada com CBL para tráfego na malha da Rumo Logística. As locomotivas
a vapor e a diesel da Regional Sul do Brasil estão equipadas com CBL e tanto elas quanto os carros
de passageiros estão homologados para trafegar na malha da Rumo. Na segunda imagem,
cruzamento entre os trens da ABPF e da Rumo.

- Trem da ABPF circulando pela malha da Rumo Logística.


- Expresso Vale das Frutas: uma iniciativa inédita no país com uma união também inédita de atores;
um trem especial realizado pela ABPF em parceria com a Rumo Logística, Cia. Paulista de Trens
Metropolitanos – CPTM e MRS Logística no trecho entre as estações de Louveira e Valinhos. No
período entre 25 de setembro e 12 de outubro de 2021, passageiros puderam embarcar em um trem
após mais de 20 anos desde que o último trem de passageiros circulou naquele local.

Conforme ilustrado anteriormente, a ABPF, hoje destaca-se por ser a entidade com maior
especialização em manutenção de locomotivas a vapor e carros de passageiro antigos. A entidade é
frequentemente requisitada para prover suporte técnico em locomotivas e materiais rodante antigos
diversos em uso no país. Hoje, pode-se dizer que toda operação ferroviária no Brasil que utiliza
materiais rodantes antigos, se não utiliza atualmente, em algum momento da sua existência recorreu
a serviços ou consultoria da ABPF.

As oficinas da ABPF são as únicas no Brasil com capacidade para se realizar todos os
serviços necessários para reforma de uma locomotiva a vapor. Destaca-se aqui trabalhos para
adaptação em locomotivas a vapor e outras locomotivas antigas de equipamentos de sinalização
modernos, que atualmente são essenciais para uso desses equipamentos em linhas ferroviárias ativas
comercialmente. A ABPF hoje é a única entidade no Brasil com capacidade técnica para realizar a
troca de aros de rodas de locomotivas a vapor, bem como construção de novas fornalhas.
2. SOBRE A LOCOMOTIVA Nº370
2.1 . Breve histórico

Fabricada em outubro de 1922 pela American Locomotive Copany sob o número de série
63533, a locomotiva “Pacific” nº 370 da EFCB foi batizada com o nome da primeira Miss Brasil,
Zezé Leone, eleita em 1923.

A locomotiva Zezé Leone foi, durante muito tempo, a única “Pacific” sediada no Depósito
de São Diogo e, conduzida pelo maquinista Carlos Pereira da Rocha. Tracionava o trem noturno
Cruzeiro do Sul entre Rio de Janeiro e São Paulo, bem como os mais importantes trens especiais da
época. Era mantida por seu maquinista sempre em condições impecáveis, com os metais sempre
reluzentes e, quando a máquina não estava circulando, levava os próprios filhos para ajudá-lo no
polimento da mesma.

Com o avanço do processo de dieselização, foi sendo retirada do serviço à frente dos
principais trens de passageiros e, no final de carreira, era utilizada apenas nos trens de serviço na
região de Santos Dumont (MG), sendo retirada de serviço em 1968 e em seguida vindo a ser
instalada em um pedestal no Depósito daquela cidade.

Depois de anos exposta ao tempo, em frente ao Depósito, a locomotiva Zezé Leone sofreu
grande degradação.

A ABPF já demonstrava sua preocupação com o estado da locomotiva no início dos anos
1990, tendo feito contatos oficiais com a diretoria da então RFFSA solicitando providências,
conforme pode ser lido no artigo intitulado: “Zezé Leone - Uma Miss pede socorro!”, publicado no
“Trem de Ferro” edição nº 7 - Jul.-Set. 1991 - Informativo da ABPF RJ:

“(...)Depois de anos exposta ao tempo, agora em frente ao Depósito, a locomotiva Zezé


Leone está se acabando, com o risco de sua cabine se transformar em abrigo para
mendigos.

A Associação Brasileira de Preservação Ferroviária já tem feito contato oficial, propondo


que a locomotiva nº 370 seja transferida provisoriamente para o interior do Depósito, ou
que seja construída uma cobertura e uma cerca (de baixo custo) para abrigá-la do
tempo.(...)”

Somente em 2002, com ajuda da MRS, a locomotiva foi finalmente retirada do pedestal em
que estava e recolhida dentro de um dos galpões do antigo Depósito, a época já desativado. Quando
do recolhimento, a locomotiva estava em processo avançado de degradação, seja por ação das
intempéries, seja por vandalismo e furtos.
A Notícia & Cia, editora que publicou o livro “Inventário das Locomotivas a Vapor no Brasil
- Memória Ferroviária”, em 2006, apresentou em 2007 o projeto de restauro da locomotiva nº 370
“Zezé Leone” ao Ministério da Cultura. A MRS Logística ofereceu-se para patrocinar o valor
integral e a reforma foi realizada em 2008.

Após essa intervenção, a Zezé Leone esteve apenas em três ocasiões na Praça da Estação em
rápidas cerimônias, a última no ano de 2010, durante as comemorações da “Semana da Asa.
Permaneceu a maior parte do tempo estacionada em um dos galpões do antigo Depósito sem
maiores cuidados e sem continuidade dos trabalhos de manutenção, causando deterioração na
mesma, até pelo fato de as laterais do galpão serem abertas, permitindo ação das intempéries na
locomotiva.

Permaneceu nessas condições até 2019, quando foi retirada do galpão e levada rebocada para
a estação ferroviária de Santos Dumont, onde está desde então totalmente exposta às ações das
intempéries e de vandalismo/furtos. Ao longo desses últimos anos a deterioração da locomotiva
evoluiu de forma rápida, onde diversas partes apodreceram e enferrujaram, além de componentes
que foram furtados.

2.2. Última intervenção

A Notícia & Cia, editora que publicou o livro “Inventário das Locomotivas a Vapor no Brasil
- Memória Ferroviária”, em 2006, apresentou em 2007 o projeto de restauro da locomotiva nº 370
“Zezé Leone” ao Ministério da Cultura. A MRS Logística ofereceu-se para patrocinar o valor
integral e a reforma foi realizada em 2008.

Esteticamente foi descaracterizada, com mudança do local de instalação dos acessórios bem
como uma pintura incoerente com qualquer período da carreira da locomotiva. Criou-se um falso
histórico, misturando-se elementos de diversas fases da locomotiva com outros que sequer
existiram.

Essa última intervenção realizada na locomotiva, deixou-a apenas em condições mínimas de


funcionamento não sendo, portanto, uma recuperação completa para deixá-la em condições plenas
de funcionamento, atendendo as normas técnicas e legislação vigentes.

Exemplo desse fato é o não funcionamento do sistema de freio, cujos componentes não
foram reparados. O compressor a vapor não foi recuperado e não funciona, sendo este um dos
equipamentos mais complexos de uma locomotiva a vapor, exigindo mão de obra especializada
além de fabricação artesanal de componentes e até mesmo busca de componentes em um fabricante
artesanal no interior dos Estados Unidos para a plena recuperação do mesmo. Além do compressor,
existem diversos outros componentes no sistema de freio, como válvulas, cilindros e o próprio
manipulador de freio. Este é um sistema crítico da locomotiva, pois todo o trem depende dele, sendo
indispensável para uma operação segura, além de não ser permitido pelas normas técnicas e
legislação vigentes operar um trem/locomotiva sem o pleno funcionamento desse sistema.

Outro aspecto não contemplado nessa última intervenção são as rodas e caixas, que não
foram desmontadas e removidas para inspeção e preenchimento, já que a locomotiva possui
desgaste natural do uso que tinha da época em que era utilizada. Folgas excessivas nas caixas e
rodas provocam, além do vazamento de lubrificantes instabilidade da locomotiva.

Para além, após tantos anos da intervenção, não se sabe ao certo o estado da caldeira; vasos
de pressão exigem manutenção periódica, além de inspeções regulares, além de exames e testes
anuais, com realização de ultrassom e teste hidrostático acompanhados por engenheiros
especializados para garantia da segurança de operação, além de ser exigência de normas e legislação
vigente.

Vários outros itens não foram contemplados, como por exemplo a confecção de novas
janelas e portas para a cabine bem como o seu revestimento interno de madeira que também não foi
feito.Com tantas deficiências nessa intervenção, a Zezé Leone esteve apenas em três ocasiões na
Praça da Estação em rápidas cerimônias, a última no ano de 2010, durante as comemorações da
“Semana da Asa”, sendo inclusive levada do antigo Depósito para o local rebocada por locomotivas
diesel da MRS, visto a mesma não possuir condições de circulação nas linhas. Permaneceu a maior
parte do tempo estacionada em um dos galpões do antigo Depósito sem maiores cuidados e sem
continuidade dos trabalhos de manutenção, causando deterioração na mesma, até pelo fato de as
laterais do galpão serem abertas, permitindo ação das intempéries na locomotiva.

2.2.1. Situação atual

Está desde 2019 totalmente exposta às ações das intempéries e de vandalismo/furtos. Ao


longo desses últimos anos a deterioração da locomotiva evoluiu de forma rápida, onde diversas
partes apodreceram e enferrujaram, além de componentes que foram furtados.

Diante de todos os fatos elencados no item 2.2. Última intervenção, mais o fator de estar
totalmente exposta desde 2019, a locomotiva hoje não possui condições de operação e uma nova
intervenção para isso é necessária, corrigindo os itens que não foram contemplados na última
intervenção e, refazendo-se outros uma vez que a mesma está a todos esses anos sem qualquer
manutenção, além do fato da deterioração acelerada causada pela exposição da mesma às ações das
intempéries e atos de vandalismo.
3. PROJETO DE RECUPERAÇÃO, USO E SALVAGUARDA

Diante das condições atuais da locomotiva 370, conclui-se que a mesma está muito distante
de uma preservação ideal, sofrendo com exposição às intempéries, vandalismo/furtos, completa
falta de manutenção, além do fato da última intervenção não ter contemplado a totalidade dos
aspectos técnicos e estéticos. A locomotiva hoje não possui condições de funcionamento e, no local
em que se encontra, sua degradação está ocorrendo de forma rápida.

Entende-se que a melhor forma de preservação de um bem histórico é o uso, onde o mesmo
receberá atenção e manutenção constantes. Diante disso, é necessária a remoção da locomotiva do
local onde se encontra, primeiro para as oficinas especializadas em reforma e manutenção de
locomotivas a vapor da ABPF em Cruzeiro/SP e depois, para um local onde a mesma poderá ser
mantida em operação, tracionando trens de passageiros de caráter turístico/cultural. O único trecho
hoje de ferrovia de bitola larga (1,60m) disponível para tal operação é o percorrido pelo Trem de
Guararema, em Guararema/SP, local onde ela poderá ser devidamente preservada e visitada pelo
público de forma segura.

3.1. Transporte da locomotiva

Existem duas possibilidades de transporte para a locomotiva: por via férrea ou por via
rodoviária. A primeira opção consiste em preparar a Zezé Leone para ser rebocada com locomotivas
diesel-elétricas da própria ABPF ou da MRS Logística, diante de acordo estabelecido previamente
com aquela concessionária, percorrendo o trecho da Linha do Centro de Santos Dumont até Barra
do Piraí e de lá parte do Ramal de São Paulo, até Cruzeiro/SP.

A segunda opção consiste no embarque da locomotiva nº 370 sobre carreta especial para
cargas pesadas e de grandes dimensões, utilizando-se guindastes para erguer a locomotiva e
depositá-la sobre a carreta, que será previamente preparada para recebe-la com instalação de trilhos
na bitola de 1,60m afim de se acomodar a locomotiva de forma correta e segura.

Ambas as opções são adequadas e seguras, sendo opção a ser adotada a que se mostrar mais
viável no momento da remoção, uma vez que o transporte por ferrovia depende do fluxo de trens de
carga que pode, dependendo da época, não deixar janelas disponíveis para a circulação do trem
especial rebocando a 370.

A ABPF tem larga experiência com ambas as opções de transporte, já tendo transportado
pelos dois modais dezenas de locomotivas, carros de passageiros, vagões, autos-de-linha, dentre
outros com índice zero de incidentes.
- Transporte, por ferrovia, dos carros resgatados pela ABPF do antigo Depósito de Santos Dumont
em 2019, com apoio da MRS Logística.

- Transporte, por ferrovia, de três locomotivas elétricas das décadas de 1940/1950 resgatadas pela
ABPF do Depósito da Luz em São Paulo/SP em 2020, com apoio da MRS Logística.
- Transporte, por rodovia, de dois carros de passageiros adquiridos pela ABPF, desde Barra
Bonita/SP até São Lourenço/MG em 2019, onde estão sendo restaurados nas oficinas da associação.

- Transporte, por rodovia, da locomotiva 1424, desde as oficinas da ABPF em Cruzeiro/SP, onde foi
inteiramente recuperada, até São Lourenço/MG em 2010, onde a mesma está operando o Trem das
Águas desde então.
- Operação de içamento de um dos carros para ser colocado sobre carreta para transporte, por
rodovia, desde Barra Bonita/SP até São Lourenço/MG em 2019, onde está sendo restaurado.

- Operação de içamento da locomotiva 3507 para ser colocada sobre carreta para transporte, por
rodovia, desde Santos/SP até Cruzeiro/SP em 2017, onde está sendo inteiramente recuperada.
3.2. Recuperação da locomotiva

Uma vez em nossas oficinas em Cruzeiro/SP, a locomotiva será inteiramente revisada, com
desmontagem dos componentes necessários para tal, correção de falhas da intervenção anterior,
recuperação completa do sistema de freio, revisão da caldeira, com realização dos procedimento
técnicos necessários para tal, como ultrassom das chapas e teste hidrostático, ambos realizados por
engenheiros especializados da ABPF.

Finalizados os processos de recuperação da mecânica e da caldeira, a atenção se voltará para


os aspectos estéticos, onde pretende-se restaurar a locomotiva para suas condições da década de
1940/1950, quando estava à frente dos principais trens de passageiros da Estrada de Ferro Central
do Brasil, dentre eles o Cruzeiro do Sul entre Rio de Janeiro e São Paulo, condições essas as quais a
ABPF possui material técnico de referência, como padrão de pintura através de instrução técnica da
época além de diversas fotografias.

O limpa-trilhos de madeira será refeito com base no original da locomotiva 353 na


marcenaria da associação instalada em São Lourenço/MG, especializada nesse tipo de trabalho, já
tendo confeccionado diversos outros limpa-trilhos, portas, janelas, revestimento e cabines para
locomotivas a vapor.

- Instrução técnica para pintura da inscrição do Tênder além das faixas.


- Instrução de Serviço Nº38, com as cores para pintura do fundo das placas de identificação das
locomotivas conforme o depósito onde eram lotadas. No caso da 370, ela era lotada no IL-1 – São
Diogo, cuja cor era “vermelho”.

- Aspecto da locomotiva conforme padrões da década de 1940/1950: vista lateral


- Aspecto da locomotiva conforme padrões da década de 1940/1950: vista frontal

3.2. Utilização da locomotiva

A locomotiva nº370 após plena recuperação será transportada para Guararema onde
assumirá os trabalhos a frente do Trem de Guararema, voltando mais uma vez a puxar um trem de
passageiros após mais de 60 anos, sendo devidamente preservada e mantida em plenas condições de
funcionamento, limpeza e proteção, ficando disponível para visitação sob supervisão da equipe da
ABPF, que zela tanto pela segurança da locomotiva quanto pela dos visitantes.

Mais uma vez ela retornará a “vida” e encantará o público; será dado a ela a melhor forma
de conservação possível: o uso, que traz consigo além da manutenção constante a própria
conservação “natural”, uma vez que a caldeiras sem uso se deterioram muito mais rápido do que
quando em uso.

A “Zezé Leone” será a substituta da “Velha Senhora” enquanto essa segue para as oficinas da
ABPF em Cruzeiro/SP para passar por uma necessária completa reconstrução, processo esse que
levará alguns anos baseado na experiência de reconstrução completa de dezenas de locomotivas a
vapor já realizadas pela associação.
Para além, pretende-se utilizá-la também em trens comemorativos, circulando por malhas
operacionais de ferrovias parceiras, a exemplo do Expresso Vale das Frutas, realizado esse ano entre
Louveira/SP e Valinhos/SP e o Trem dos Vales, que está percorrendo grande trecho da malha
ferroviária na região Sul do país. Essa é uma maneira de tornar os bens disponíveis para a
apreciação e visitação de um público muito maior, principalmente daqueles que não tem condições
de viajar até o local onde a locomotiva fica sediada e, de promover a educação patrimonial no
tocante a preservação da memória da ferrovia. A locomotiva é material rodante e vai ser mantida
dessa forma, em condições 100% operacionais e homologada para circulação em linhas
operacionais, ficando disponível para a realização de trens comemorativos conforme citado.

3.2.1. Trem de Guararema

Inaugurado no dia 16 de outubro de 2015, o “Trem de Guararema” é fruto de uma grande


mobilização do município de Guararema, que a época tinha como prefeito o atual deputado federal
Marcio Alvino envolvendo diversos atores, tanto da iniciativa pública quanto da privada.

- A inauguração do Trem de Guararema, em 16 de outubro de 2015.


Anos antes, em 2012, a gestão daquele município procurou a ABPF para realização de
estudos de viabilidade técnica de implantação de trem turístico bem como para orientações acerca
dos procedimentos que deveriam ser adotados e o planejamento necessário para tal.

Foi um grande projeto, que envolveu a Prefeitura, órgãos públicos federais, iniciativa
privada e a ABPF. Foi realizada à revitalização das Estações Ferroviárias do Centro e de Luís Carlos
bem como de toda a vila.

A ABPF realizou a recuperação completa da locomotiva 353, conhecida como “Velha


Senhora”, fabricada nos Estados Unidos em 1927 e de três carros de passageiros de madeira,
fabricados na Inglaterra entre 1896 e 1937, todos itens do seu acervo, para utilização no projeto. A
operação e manutenção do trem também coube a ABPF.

Na solenidade de inauguração, estiveram presentes diversas autoridades, dentre elas o então


Ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, o deputado federal e presidente da Frente
Parlamentar de Preservação da Memória e do Patrimônio Ferroviário, Marcio Alvino e do então
diretor geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Jorge Bastos.

O trajeto possui uma extensão total de 6,8 km e vai da Estação Central de Guararema,
inaugurada em 1891 e vai até a Estação de Luís Carlos, datada de 1914, onde está a revitalizada Vila
de Luís Carlos, que compõe um cenário especial para uma verdadeira volta ao passado. Além do
cenário, a vila oferece comércio típico para atender aos visitantes.

O trem de Guararema é um divisor de águas na operação turística/cultural de trens históricos


no país, sendo o primeiro a ser autorizado e habilitado a circular por linhas concedidas a iniciativa
privada para o transporte exclusivo de cargas, demostrando a capacidade técnica e de gestão da
ABPF não só

O projeto é um grande sucesso e, ao longo dos anos de operação, a demanda foi crescendo
havendo a necessidade de se aumentar a capacidade do trem, sendo adicionado a composição em
2018 o vagão “Caboose” e em 2019 o carro salão-bar e agora, em 2021, o carro Pullman e um carro
de aço carbono (esse último resgatado pela ABPF do antigo depósito de Santos Dumont/MG em
meados de 2019 e inteiramente recuperado nas oficinas da associação em Cruzeiro/SP).

O Trem de Guararema é hoje um exemplo de projeto desse tipo, servindo de referência para
vários outros municípios, empresas e entidades ligadas a ferrovias que desejam implantar trens de
caráter turístico/cultural; já foram recebidas várias visitas técnicas de diversos atores das iniciativas
públicas e privadas que veem no Trem de Guararema a realização concreta de um projeto desse tipo,
que vem funcionando de forma ininterrupta (exceto nos períodos de restrição devido a pandemia do
COVID-19), com uma prestação de serviço exemplar e com uma administração sólida e operação
segura.
3.2.2. Infraestrutura do Trem de Guararema

O Trem de Guararema conta com infraestrutura adequada para operação e manutenção de


rotina do material rodante, possuindo abrigo coberto e fechado para armazenamento dos carros e
locomotivas, bem como vala para inspeção e manutenção da parte inferior dos veículos. Existe
caixa d’água para abastecimento de locomotivas a vapor e área para o lenheiro para estocagem e
abastecimento de lenha para locomotivas a vapor.

- A estação de Guararema, ponto de partida do Trem de Guararema.

As estações, tanto a de Guararema quanto a de Luís Carlos foram completamente


revitalizadas quando da implantação do trem e são adequadas para receber o público. Contam com
serviço de monitoramento e alarme, além de ronda constante das forças de segurança do município.

A via permanente é mantida em ótimas condições pela MRS Logística, uma vez que está
concedida a ela e circulam ali trens de carga, atendendo as normas técnicas e legislação vigentes.

Existe fiscalização constante da ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres que


avalia desde a conservação da via permanente e do material rodante até a operação do trem e
atendimento ao público.
- A estação de Luís Carlos, destino do Trem de Guararema.

- Locomotiva 353 no lenheiro aguardando para ser abastecida.


- A locomotiva 353 no depósito de material rodante de Guararema, estacionada sobre a vala para
inspeção/manutenção.
3.2.3. Funcionamento do Trem de Guararema

O Trem de Guararema vem funcionando de forma ininterrupta (exceto nos períodos de


restrição devido a pandemia do COVID-19), com uma prestação de serviço exemplar e com uma
administração sólida e operação segura. Os passeios de trem ocorrem todos os finais de semana,
com partidas às 10:00h e às 14:30h e nos feriados e pontes de feriados, em horários sempre
divulgados com antecedência.

- O Trem de Guararema a caminho da estação de Luís Carlos

As passagens podem ser adquiridas online e presencialmente na bilheteria da estação de


Guararema nos dias em que o trem funciona. Toda a renda obtida com a venda das passagens é
revertida na operação e manutenção do trem. Para além, nos dias em que o trem funciona, a
visitação ao mesmo é gratuita, bastando os interessados irem até a estação onde o trem fica
estacionado até a hora da partida.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Visa-se a preservação da locomotiva nº 370 “Zezé Leone” da forma mais adequada possível,
completamente recuperada e 100% operacional, dando uso que é a melhor forma de se manter um
bem histórico, disponibilizando-a para as atuais gerações e para as futuras que poderão visita-la de
forma segura e vê-la em funcionamento, tracionando trens que é a sua finalidade.

Dito isso, a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) vem por meio deste
demonstrar seu interesse em resgatar a locomotiva nº 370 “Zezé Leone” para plena recuperação e
correta preservação, cumprindo seu papel de mantenedor da história e da memória ferroviária
nacional em seu caráter de instituição idônea e especializada.

Colocamo-nos a disposição para mais informações e esclarecimento de dúvidas que por


ventura surjam.

Atenciosamente,

___________________________
Bruno Crivelari Sanches
Presidente da ABPF

_____________________________________
Jonas Augusto M. de Carvalho
Diretor de Patrimônio Histórico da ABPF

5. REFERÊNCIAS

Catálogo do Museu do Engenho de Dentro, do Rio de Janeiro – Preserve / RFFSA

“Trem de Ferro” nº 7 - Jul.-Set. 1991 - Informativo da ABPF/RJ

Arquivo da ABPF – Associação Brasileira de Preservação Ferroviária

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