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Procedimento para cumprimento de decisão judicial e

diferenciação baseada na eficácia

PROCEDIMENTO PARA CUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL E


DIFERENCIAÇÃO BASEADA NA EFICÁCIA
Procedure per l'esecuzione di decisione giudiziaria e differenziazione basata sulla efficacia
Doutrinas Essenciais - Novo Processo Civil | vol. 5/2018 | |
Revista de Processo | vol. 250/2015 | p. 149 - 164 | Dez / 2015
DTR\2015\17048

Lucas Buril de Macêdo


Mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Membro da Associação Norte
e Nordeste de Professores de Processo. Professor de Direito Processual. Advogado.
lucasburilmb@gmail.com

Área do Direito: Civil; Processual


Resumo: Analisa-se se a classificação das eficácias das decisões continua sendo um critério
relevante para a compreensão do cumprimento de sentença. A partir da premissa assumida, avalia-
-se a possibilidade de executar sentenças declaratórias e a estruturação da execução de sentenças,
demonstrando diferenças procedimentais relevantes.

Palavras-chave: Eficácias da decisão - Cumprimento de sentença - Procedimento de execução.


Riassunto: In questo articolo, viene analizzato se la classificazione delle efficace delle decisioni
continua essendo un criterio rilevante per la compreensione della efetivazione della sentenza.
Partendo di questa premessa, valuta la possibilità di eseguire i provvedimenti giudiziale dichiarativi e
la struttura della esecuzione delle sentenze, mostrando rilevanti differenze procedurali.

Keywords: Efficacia della decisione - Esecuzione di sentenza - Procedura esecutiva.


Revista de Processo • RePro 250/149-164 • Dezembro/2015
Sumário:

1 Introdução - 2 O cumprimento de sentença no CPC/2015 - 3 Eficácias das decisões judiciais - 4


Decisões satisfativas e fase de cumprimento de sentença - 5 Eficácia das sentenças e exequibilidade
- 6 Pretensão à execução da sentença - 7 Conclusões

1 Introdução

Com a atividade de certificação concluída, na fase de conhecimento, dá-se a oportunidade para


cumprimento espontâneo e, permanecendo o inadimplemento, a obrigação reconhecida pela
atividade jurisdicional acaba por carecer de atividade executiva para sua tutela integral. O
procedimento de cumprimento de sentença é, pela perspectiva da tutela dos direitos, integrativo da
decisão judicial, de modo a completá-la quando sua eficácia não for suficiente para satisfazer o
direito substancial e houver resistência da parte contrária.1

Nos últimos anos, desde o Código de Processo Civil de 1973 até o atual, experimentaram-se muitas
mudanças no procedimento para satisfação de pretensões reconhecidas em sentenças. Com efeito,
na versão inicial do CPC/1973, o chamado Código Buzaid, viu-se uma separação rígida entre as
atividades cognitiva e executiva - o que, inclusive, acabava por requerer a separação do Livro
dedicado aos processos de conhecimento e de execução, tanto entre si como dos procedimentos
especiais, que seriam "impuros".2 Já em 1994, introduziu-se a técnica antecipatória, que quebrou a
"pureza" do processo de conhecimento, permitindo que fosse realizada atividade executiva em seu
bojo. Daí em diante as reformas não pararam, tornando cada vez mais irreconhecível o Código
pretérito e eliminando a necessidade de instauração de um novo processo para a execução da
sentença, mediante a previsão de uma fase subsequente à de certificação, nomeada de
cumprimento de sentença. Da leitura do CPC/2015, percebe-se que houve o reconhecimento dos
avanços perpetrados pelas reformas processuais, mantendo-os in totum, ressalvadas várias
modificações pontuais.

Há de se destacar: o cumprimento de sentença dá-se mediante a instauração de uma nova fase no


mesmo processo, ou seja, não há um processo novo e diferente para executar a decisão judicial, o
que se faz no mesmo processo no qual se completou a fase de conhecimento.
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De toda forma, cumprimento de sentença não deixa de ser execução. Execução é ir até onde se
quer, é tirar algo de um patrimônio para que se leve adiante, para outro, com o fito de satisfazer uma
pretensão. Assim, pode-se falar em execução espontânea, quando o devedor volitivamente realiza o
ato material para a satisfação da pretensão, bem como em execução forçada, que é a atuação do
Estado-juiz para a realização de um direito. Ao se falar de execução forçada para cumprimento de
sentença esta consistirá na atuação do Estado para o atendimento do enunciado da decisão que não
é suficiente em si mesmo.3-4

Neste trabalho, o objetivo será investigar até que ponto a disciplina do cumprimento de sentença no
CPC/2015, que parte de uma classificação pragmática das tutelas prestadas,5 leva a uma verdadeira
modificação nas eficácias das sentenças, o que enseja desenhos próprios para o procedimento de
satisfação do comando sentencial. A ideia é, nesse passo, destrinchar a relação entre as eficácias
sentenciais e as tutelas, na forma como postas no CPC, e, a partir disso, ponderar alguns traços
distintivos, especialmente procedimentais.

2 O cumprimento de sentença no CPC/2015

Como se disse, a execução das sentenças no novo Código de Processo Civil é dividida conforme a
tutela prestada, mantendo-se o modelo implementado com as reformas do CPC/1973. O
cumprimento de sentença é o Título II do Livro I, nomeado Do processo de conhecimento e do
cumprimento de sentença, da Parte Especial do Código de Processo Civil, compreendendo os arts.
513 a 538, que regulam as disposições gerais sobre cumprimento de sentença, o cumprimento
provisório e o definitivo de sentença que reconhece obrigação de pagar quantia, o cumprimento de
sentença que reconhece obrigação alimentícia, o cumprimento de obrigação de pagar quantia pela
Fazenda Pública, o cumprimento de sentença que reconhece exigibilidade de obrigação de fazer,
não fazer e de entregar coisa.

O CPC separa as formas de cumprimento de acordo com a natureza da obrigação reconhecida na


sentença. A tutela é prestada em sintonia com as necessidades do direito material.

Sendo uma obrigação de pagar quantia, há necessidade de requerimento para a instauração do


cumprimento, que deve ser instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, e, a
partir da intimação do réu, corre o prazo para adimplemento voluntário, que é de 15 (quinze) dias.
Findo o prazo sem o pagamento voluntário ou sendo o valor insuficiente para o adimplemento total
do débito, incide multa de dez por cento e honorários advocatícios no mesmo percentual sobre o
valor exequendo ou sobre a diferença, no caso de pagamento parcial. O réu poderá impugnar o
cumprimento de sentença nos 15 (quinze) dias subsequentes ao prazo para cumprimento voluntário.
Após esse trâmite, o procedimento expropriatório segue as regras aplicáveis do Livro II da Parte
Especial, dedicado ao Processo de Execução.

As obrigações de fazer ou de não fazer seguem o rito dos arts. 536 e 537, o qual independe de
requerimento, e deve ser guiado pela efetivação da tutela específica ou pela obtenção de tutela pelo
resultado prático equivalente, em uma verdadeira cláusula geral dos meios executivos. Conforme o
texto legal, cabe ao magistrado "determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente", o
que significa a possibilidade de determinar, dentro das balizas normativas, qualquer meio para se
chegar ao adimplemento da obrigação. Há, enfim, atipicidade dos meios executivos. Na execução
dessas obrigações, pode o magistrado determinar a apreensão de coisas, ordenar o cumprimento
sob pena de multa, o desfazimento de obras, o impedimento de atividade nociva, etc. Caso o
executado descumpra a determinação judicial sem justificativa, será considerado litigante de má-fé e
sofrerá a respectiva punição.

Já as obrigações de entregar coisa, que têm seu cumprimento regulado pelo art. 538, dependem de
um prazo para cumprimento voluntário, que deve ser estabelecido na sentença, e em seguida,
findado sem adimplemento, deve ser expedido o mandado de busca e apreensão ou de imissão na
posse, sendo coisa móvel ou imóvel, respectivamente. O CPC/2015 estabelece que as disposições
dos arts. 536 e 537 aplicam-se a esse tipo de cumprimento, guardada a devida atenção às
especificidades.

Vistas as linhas gerais sobre o cumprimento de sentença do CPC/2015, é fácil perceber que o
critério da eficácia sentencial não importa para definição da forma de cumprimento. Ou seja,
conforme a literalidade legal, não se deve identificar qual é a eficácia da sentença para compreender
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o caminho para o seu cumprimento. O critério para o cumprimento da sentença é a obrigação


reconhecida. Voltou-se os olhos para o direito material para melhor disciplinar a sua tutela no
processo.

Será, no entanto, que a eficácia da decisão exequenda é realmente irrelevante para o rito a ser
tomado? Mais: é possível ver algum vínculo entre as formas de cumprimento e as eficácias das
decisões, ou isso, por força das disposições legais, tornou-se totalmente irrelevante?

Para responder a essas questões precisamos, primeiro, revisitar as eficácias das decisões.

3 Eficácias das decisões judiciais

Inicialmente, há de se reconhecer que as decisões judiciais não possuem uma única eficácia, mas
sim um feixe delas. As decisões apresentam uma multiplicidade de eficácias, que se combinam. Há,
de fato, uma eficácia preponderante, que é a força da decisão, mas não há exclusividade eficacial.
Toda decisão apresenta uma eficácia que predomina, chamada "força", mas não deixa de apresentar
outras eficácias importantes.6

A percepção adveio da observação percuciente de Pontes de Miranda, naquela que talvez tenha sido
sua mais valiosa contribuição à ciência do processo.7 O jurista - um dos maiores, senão o maior, de
origem brasileira - percebeu que não há uma decisão de eficácia pura. As eficácias decisórias
apresentam-se misturadas e conjuntamente, não dando espaço para a pureza eficacial.8 Por isso
mesmo, afigura-se erro falar em sentença meramente declaratória. Como bem percebe Pontes de
Miranda, as sentenças de eficácia preponderantemente declaratória têm alta carga de
mandamentalidade, isto é, além da declaração pleiteada pelo autor, o órgão jurisdicional ordena que
o conteúdo da declaração seja respeitado. Isso, inclusive, permite que o beneficiário da declaração,
caso veja ela ser desrespeitada pela parte adversa, peticione em juízo informando a contrariedade à
declaração, que deverá ser remediada pelo juízo prolator da decisão.9

Fixado este primeiro ponto, pode-se divisar as eficácias em cinco tipos: declaratória, constitutiva,
condenatória, mandamental e executiva. Muito embora não se trate da classificação de tutelas, as
eficácias sentenciais estão fortemente ligadas ao direito material.

As sentenças declaratórias são as que se voltam contra as crises de certeza das situações jurídicas,
certificando sua existência ou inexistência.10 Isto é, a declaratoriedade é a técnica para a tutela da
incerteza do patrimônio jurídico de um sujeito, cabível mesmo após a lesão (art. 20 do CPC/2015).
Todos têm direito à higidez dos seus bens jurídicos, o que inclui uma particular situação jurídica
material, que é dirigida contra o alter, no sentido de que todos se abstenham de pôr em dúvida ou
reclamar para si seus bens jurídicos. "Não se estatuem novas consequências, apenas se declara o
que já existe".11 Assim, não apenas se tem direito ao crédito, mas também se tem direito ao
reconhecimento da existência do direito ao crédito.12 Quando esse direito é contrariado, dá-se a
ação (material) declaratória. Ressalte-se que no direito brasileiro admite-se a ação declaratória para
certificar a autenticidade ou a falsidade de um documento (art. 19, II, do CPC/2015), para determinar
a precisa interpretação de cláusula contratual (enunciado 181 (MIX\2010\1434) da Súmula do STJ) e
também para afirmar o tempo de serviço para fins previdenciários (enunciado 242 (MIX\2010\1492)
da Súmula do STJ).

As sentenças constitutivas, além de certificar uma situação jurídica, criam, modificam ou extinguem
uma relação jurídica.13 Elas são colocadas como sentença proveniente do exercício de um direito
potestativo.14 A constituvididade, conforme Pontes de Miranda, serve à mudança, por mínima que
seja, do mundo jurídico.15 São exemplos de sentenças constitutivas a que decreta o divórcio
(extingue relação jurídica), interdita determinado sujeito (cria situação jurídica) ou decreta a nulidade
de determinada cláusula (modifica relação jurídica). As sentenças constitutivas têm geralmente
eficácia ex nunc, mas podem retroagir,16 como nas decisões que reconhecem nulidade de um
contrato e desfazem os efeitos já produzidos pelo negócio.

As sentenças condenatórias são bastante semelhantes às declaratórias, mormente a partir da


sistemática implementada pela reforma da execução de 2005 no CPC/1973, que tem continuidade
no CPC/2015. Essa espécie eficacial é bastante complexa, a ponto de Ovídio A. Baptista da Silva,
com razão, ter negado a correspondência da condenação a qualquer figura de direito material.17 De
toda forma, é possível definir a condenação como a eficácia segundo a qual se tem uma certificação
de uma situação jurídica de vantagem somada à exortação do réu a pagar. "Condenar não é declarar
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a injúria; é mais: é 'reprovar', ordenar que sofra. Entra além do enunciado de fato, o de valor".18

Decisões de força eficacial executiva lato sensu, por sua vez, são aquelas que ingressam no
patrimônio do réu para tirar coisa que está lá indevidamente, colocando-a com quem deveria estar.
Há evidente sub-rogação do Estado, que passa a empreender a atitude que deveria ser realizada
pelo réu.19 As ações reais e possessórias normalmente são tuteladas mediante a técnica de decisão
executória.20

Finalmente, as decisões mandamentais são aquelas em que o elemento eficacial principal perfaz-se
em uma ordem. Nelas, o Estado utiliza-se do seu poder de imperium para emanar um comando
direcionado contra algum sujeito que fica obrigado a obedecê-lo. O mandar é ato típico de
estatalidade.21 O sujeito comandado fica obrigado à performance do fazer ou não fazer determinado
pela sentença. O exemplo mais evidente está no mandado de segurança.

4 Decisões satisfativas e fase de cumprimento de sentença

A eficácia de uma decisão pode ser suficiente para a satisfação da situação jurídica de vantagem
posta em juízo. Quando assim o for, a instauração do cumprimento de sentença é desnecessária;
serão precisos, no máximo, atos materiais para a realização prática da decisão, como, por exemplo,
a expedição de ofício, mandados ou averbações em registros.

As ações declaratórias e constitutivas são normalmente satisfeitas com a decisão judicial, somada a
alguns atos decorrentes de sua eficácia - que não se encaixam no conceito de execução. As
decisões mandamentais e executivas, embora tenham procedimento próprio para o cumprimento de
sentença, são também satisfativas, e as disposições que se encontram sob a égide de seu
cumprimento esgotam-se na própria decisão ou em decorrência dela.22 Assim, por exemplo, a
sentença do art. 501 do CPC/2015, de eficácia executiva, é suficiente para a satisfação da obrigação
de emissão de vontade, produzindo os mesmos efeitos que a efetiva declaração do obrigado teria
após o seu trânsito em julgado.23 Nessa espécie, como nas ações possessórias e reais, ação de
divórcio, ação de declaração de inexistência de relação jurídica, entre muitas outras, a decisão tutela
suficientemente o direito.

Apesar da diferença entre as eficácias, o CPC/2015 resolveu disciplinar o cumprimento de sentença


a partir da natureza da relação material - que não deixa de ser critério correlato ao das eficácias das
decisões. Sob um olhar inicial, a regulação é bastante adequada e busca modular a técnica
processual de modo a prestar a tutela do direito material efetivamente. É inegável que essas
disposições são melhores e mais adequadas que as que se tinha anteriormente a sua
implementação. Todavia, há inconsistências que precisam ser apontadas.

A disciplina divide-se entre as obrigações de pagar quantia (arts. 523 a 527), as obrigações de fazer
ou não fazer (arts. 536 e 537) e as obrigações de dar coisa (art. 538). Note-se que nas últimas duas
espécies de cumprimento a decisão terá eficácia mandamental ou executiva, a depender do caso, e,
por isso mesmo, as disposições acerca do cumprimento de sentença aplicam-se concomitantemente
à sua prolação. Nesse passo, o magistrado, na própria sentença, deve, exemplificativamente,
determinar à específica autoridade a prática de ato de sua competência, já estabelecendo os liames
e consequências do descumprimento da ordem na própria sentença (decisão mandamental), ou,
ainda, estabelecer entrega de coisa em prazo certo, após o qual será realizada a sua busca e
apreensão (decisão executiva).24 A sentença tutela o direito e os atos que seguem são mera
realização ou extensão da sentença.

Nas obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa, por conseguinte, o cumprimento de sentença já
guarda início - e possivelmente fim, se as medidas empreendidas forem efetivas - na própria
sentença. Por conta disso, é um tanto inapropriado falar em uma fase de cumprimento. A sentença
detém eficácia suficiente para satisfação do direito. O que se permite, a rigor, é a posterior
modificação do preceito da sentença, de modo a garantir a sua efetividade (arts. 536 e 537, § 1.º).

Nas obrigações de fazer, não fazer e dar coisa a própria eficácia da sentença resulta na efetividade
da tutela. O que se dá nessas sentenças, bem vistas as coisas, não é uma fase de cumprimento,
mas sim a possibilidade de alteração posterior do preceito fixado - mais uma exceção, portanto, ao
art. 494 do CPC.

Realmente, nessas obrigações não se pode falar em uma fase de cumprimento. O cumprimento da
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sentença inicia-se imediatamente com sua prolação, já que a satisfação do direito advém
diretamente da eficácia da sentença. É o dispositivo sentencial, de modo mais específico a técnica
executiva selecionada, que pode ser alterado posteriormente, caso se revele inadequado ou
insuficiente.25 As regras do cumprimento de sentença incidem sobre a própria sentença, pois é nela
que é prestada a tutela. Enfim, não há uma fase independente e distinta para o cumprimento de
sentença.

A figura é outra nas obrigações de pagar quantia. Com efeito, o CPC/2015 estabelece uma
procedimentalização própria para a execução das sentenças que reconhecem obrigação pecuniária.
A sequência de atos, cada um deles com requisitos e eficácia própria, inclusive dependentes de
prévia instauração sob requerimento, permite que se fale em uma fase do processo distinta da
anterior. Mais: embora a decisão seja pressuposto do cumprimento da sentença, não se pode dizer
corretamente que a execução é um efeito da sentença; são coisas distintas, com pressupostos de
existência e requisitos de admissibilidade e eficácia próprios.

De fato, a sentença executável aperfeiçoa-se e produz todos seus efeitos independentemente de sua
execução, o seu cumprimento se faz por uma fase independente que, inclusive, pode até mesmo
sequer vir a existir, quando houver adimplemento voluntário, não se podendo, nem por isso, atribuir
qualquer defeito ou ineficácia à sentença.

Em suma, a sentença, como ato processual, não pode ser perspectivada a partir da execução, já que
é independente. Sentença e execução só podem ser vistas em unidade a partir da perspectiva da
tutela dos direitos, já que só a prolação de decisão que reconhece obrigação de pagar quantia não
satisfaz a obrigação pecuniária.

Essas questões têm influências importantes, como a desnecessidade de requerimento para


cumprimento das obrigações de fazer, não fazer (art. 536) e entregar coisa (art. 538), bem como a
ilegitimidade da exigência de qualquer taxa adicional para que se determine o cumprimento dessas
obrigações. Por sua vez, o cumprimento das obrigações de pagar quantia carece de requerimento
(arts. 513, § 1.º, e 523) e pode depender do pagamento de taxa judiciária.

Por todo o exposto, afigura-se inapropriado falar em fase de cumprimento de sentença nas
obrigações de fazer, não fazer e dar coisa, pois o decisum esgotará a tutela dessas situações
jurídicas. A fase de cumprimento ocorre, única e exclusivamente, para a execução de decisões que
reconhecem obrigação de pagar quantia, pois, nelas, não se tutela satisfativamente o direito
reconhecido.

5 Eficácia das sentenças e exequibilidade

No CPC/1973, a partir da reforma implementada pela Lei 11.232/2005, tem-se como título executivo
judicial "a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer,
não fazer, entregar coisa ou pagar quantia", sem qualquer referência à sentença condenatória. No
CPC/2015 manteve-se o sentido da previsão, aprimorando-a, ao dispor (art. 515) que são títulos
executivos judiciais "as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de
obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa".

Conquanto exista divergência doutrinária,26 o dispositivo normativo consagra a exequibilidade de


sentenças declaratórias. A eficácia condenatória, tradicionalmente, é apartada da declaratória, de
forma mais nítida, com base na possibilidade de execução. No entanto, desde 2005, o critério
relevante para se discriminar as sentenças passíveis de servirem como título executivo e as
imprestáveis para esse fim passou a ser o seu conteúdo, com mais precisão, o reconhecimento da
exigibilidade de uma obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa.
Portanto, como é evidente, uma decisão declaratória que reconheça a exigibilidade de uma
obrigação encaixa-se na hipótese normativa perfeitamente.

A exequibilidade das sentenças declaratórias tem fundamento no princípio da efetividade


jurisdicional, que supera o formalismo excessivo em impor a propositura de uma nova demanda,
desta feita condenatória, ao sujeito que tem a seu favor uma sentença declaratória de exigibilidade
de obrigação. A rigor, a técnica processual exigiria a condenação para que o caminho da execução
fosse aberto ao interessado. No entanto, a demanda condenatória subsequente seria um verdadeiro
exercício de inutilidade, pois a coisa julgada impediria qualquer verdadeiro debate, servindo apenas
como um custoso e desnecessário degrau formal para a prestação efetiva da tutela. Além disso, isso
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penaliza sobremaneira eventual erro técnico no pedido de tutela.

Ressalte-se que não é toda decisão declaratória que pode ensejar uma execução. Apenas as
sentenças declaratórias que reconheçam a exigibilidade da obrigação é que suportam o
cumprimento de sentença. Portanto, não basta a declaração de um direito, é essencial para a
formação do título executivo judicial que a existência da pretensão seja também certificada.

Um problema relevante quanto à força executiva da sentença declaratória é a da existência de


alguma diferença procedimental em sua execução forçada. Poder-se-ia pensar que, porque nela não
há exortação do devedor ao pagamento, elemento típico das sentenças preponderantemente
condenatórias, a multa do art. 523, § 1.º, do CPC/2015 não poderia incidir.27 Não é bem assim. Com
efeito, a exortação ao pagamento realiza-se após a atualização do cálculo e o requerimento de
execução de sentença: caberá ao órgão judiciário intimar o devedor para cumprir espontaneamente
a obrigação. Além disso, para a aplicação do art. 523, § 1.º, do CPC/2015 não há que se falar
necessariamente em condenação; na realidade, o único pressuposto para a aplicação do dispositivo
é a existência de título executivo judicial, não se justificando qualquer discriminem entre as espécies.
Havendo título executivo judicial, como se reconhece ser a sentença declaratória, e permanecendo o
inadimplemento após o prazo para cumprimento espontâneo, incide a multa de 10% (dez por cento).
Outro argumento, não menos importante, é que se trata de uma multa sancionatória, que tem por
finalidade estimular o cumprimento espontâneo da obrigação certificada no título e, assim,
economizar a atividade processual que seria necessária na fase de cumprimento de sentença. Sobre
a execução da sentença declaratória incide o mesmo princípio da economia processual, a exigir o
menor dispêndio possível de atos processuais e a capitalização de tempo para a tutela do direito, o
que justifica a aplicação da multa do art. 523, § 1.º, do CPC/2015.

Enfim, o novo sistema normativo leva a um enfraquecimento considerável do tipo sentença


condenatória. A característica predominante para a formação do título executivo judicial é o conteúdo
da sentença, ou seja, o que é efetivamente declarado nela. Tratando-se da exigibilidade de uma
obrigação, forma-se título executivo judicial.28

No entanto, permanecem diferenças significativas entre ação declaratória e condenatória. A


pretensão à certeza, exercida pelo sujeito que procura uma sentença declaratória, não se confunde
com a pretensão ao adimplemento da obrigação. A sentença que certifica tem por principal efeito a
eliminação de uma crise de certeza, o que se faz pela declaração em si mesma, e, ao mesmo tempo,
pela ordem (eficácia imediata) para que o tanto afirmado na decisão seja respeitado. Não há,
portanto, o exercício da pretensão ao adimplemento e nem a constituição do devedor em mora: em
nenhum momento o credor insta o devedor a pagar, não cobra o adimplemento da obrigação. Ora,
sendo assim, fica bastante claro que a propositura de ação declaratória não constitui o devedor em
mora e não interrompe a prescrição.29 Realmente, como não há a exigência do adimplemento, não
há que se falar em interrupção da prescrição (art. 202 do Código Civil (LGL\2002\400)). Nesses
casos, a interrupção da prescrição apenas ocorrerá com o requerimento do autor para que seja
cumprida a sentença, momento no qual há efetiva exigência do adimplemento da obrigação.

Nada obstante a distinção entre pretensão à declaração e pretensão à execução, o Superior Tribunal
de Justiça não distingue as situações e trata a ação declaratória como se condenatória fosse. Basta,
no entendimento do STJ, que seja exercida a pretensão executiva que a interrupção da prescrição
retroagirá até a citação válida, pois assim se protegeria a mesma lógica do art. 219, § 1.º, já que a
atividade seria, igualmente, dependente da ação anterior.30 Data venia, o posicionamento é
equivocado e simplesmente ignora a autodeterminação da vontade do autor, que veicula sua
pretensão à tutela jurisdicional da forma que entende pertinente e fazendo uso de uma distinção
albergada pelo direito positivo brasileiro. A rigor, o entendimento do STJ, pura e simplesmente, torna
equivalentes as ações condenatórias e declaratórias, contrariando as distinções realizadas pelo
sistema jurídico e a vontade do autor de veicular uma e não outra demanda.

6 Pretensão à execução da sentença

Proferida a decisão que reconhece obrigação pecuniária e não adimplida a obrigação nela
reconhecida como exigível até o fim do prazo estipulado para tanto (art. 523), nasce a pretensão à
execução da sentença. Para que seja gerada a pretensão à execução da sentença, não basta a
decisão judicial que reconhece a obrigação de pagar e a sua exigibilidade, é imprescindível a
intimação da parte contrária para o cumprimento espontâneo e sua não realização. Isto é, a alegação
do inadimplemento é condição sine qua non para a instauração da fase de execução forçada de
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sentença.

A pretensão à execução da sentença é uma espécie da pretensão à tutela jurisdicional, ou seja, é


ação no sentido processual. Assim como há a pretensão à declaração (certificação) do direito, há
também a pretensão à execução da sentença, notadamente nos casos em que ambas não se
encontram fundidas, hipótese na qual há satisfação integral do direito material.31 A ação executiva de
sentença ainda existe no sistema jurídico, embora possa ela ser exercida no mesmo processo em
que se obteve a sentença executável. Trata-se, inequivocamente, de reminiscência histórica da
antiga actio iudicati romana, voltada para integralizar a tutela do direito mediante a execução da
obrigação reconhecida no decisum.32

É por opção do legislador - acompanhando longa tradição - que se cinde as duas pretensões, que
poderiam ser tuteladas doutra forma - como por decisões mandamentais ou diretamente executivas.
33
É certo que a decisão condenatória, perspectivada como técnica para a tutela dos direitos, não
encontra previsão ou correlação necessária em qualquer previsão substancial. Realmente, ao sujeito
que pretende o cumprimento de uma obrigação da qual afirma ser credor de nada serve a sentença
condenatória. O que lhe satisfará é o fazer ou não fazer, a coisa, ou a quantia que postula. A
condenação, dessa forma, acaba por configurar um obstáculo processual necessário para a
verdadeira satisfação do direito material afirmado, dando azo à pretensão à execução.34

Tradicionalmente, condiciona-se a atividade executiva para a satisfação de um crédito monetário, ou


seja, o ingresso generalizado no patrimônio do executado para excutir bens suficientes à satisfação
da dívida, à existência prévia de certificação - o que separa cognição e execução, antes em
processos distintos, hoje, em fases.

Seria possível a previsão de uma técnica mais vanguardista, como a emissão de ordem para o
cumprimento da sentença, com a realização de execução por outras autoridades, fora da
organização judiciária, como se dá no direito estadunidense. Ou, ainda, seria possível uma execução
realmente direta, após uma análise inicial,35 sem a necessidade de instauração de uma nova fase,
desfazendo a quebra da pretensão material em duas pretensões à tutela jurídica, uma de certificação
e outra de execução.36 Optou o CPC/2015 por manter a procedimentalização tradicional.37

O requerimento de execução de sentença que reconhece a obrigação de pagar quantia é ato sem o
qual não se abre a fase de cumprimento de sentença, provisório ou definitivo (art. 513, § 1.º, e art.
523, ambos do CPC/2015). Trata-se de uma demanda, ou seja, de pretensão à tutela jurisdicional
(ação em sentido processual), encartada no mesmo processo, sujeita ao princípio dispositivo. Não
fosse o requerimento uma pretensão à tutela jurisdicional, ele seria desnecessário e poderia o juiz
simplesmente dar continuidade à prestação da tutela oficiosamente, como se dá nos casos de
obrigação de fazer ou de não fazer (art. 536) e de dar coisa (art. 538).

Por tais razões, o requerimento de cumprimento de sentença condenatória nada mais é do que uma
petição inicial simplificada, que tem como principais requisitos de admissibilidade o título judicial
certo, exigível e líquido, o inadimplemento, dentre outros.

7 Conclusões

Neste trabalho, partimos de um diálogo entre o sistema executivo de sentenças estabelecido no


Código de Processo Civil e as eficácias das sentenças, a fim de demonstrar que vários pontos
precisam ser compreendidos a partir da eficácia das decisões, sob pena de uma aplicação
equivocada das normas processuais sobre cumprimento de sentença. Podemos destacar os
seguintes pontos:

Nas obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa a decisão tem eficácia executiva ou
mandamental, conforme o caso, e, por isso, não há uma fase de cumprimento de sentença, já que
este se dá já com a prolação da decisão e, ademais, vê-se uma possibilidade de modificação do
dispositivo sentencial, para ajuste da técnica executiva;

A fase de cumprimento dá-se apenas nas obrigações de pagar quantia, onde a sentença é
declaratória ou condenatória, e carece do exercício da pretensão à execução da sentença (actio
iudicati), ainda que isso se faça no mesmo processo;

As sentenças declaratórias podem ser executadas pelo autor, servindo como título judicial, desde
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Procedimento para cumprimento de decisão judicial e
diferenciação baseada na eficácia

que, e necessariamente, abranjam a exigibilidade da obrigação;

O procedimento pode ser estruturado de várias formas, sendo a técnica de repartição entre
certificação e execução uma delas, que poderia ser feita doutra forma.

1 "Enquanto com efeito no processo de cognição se trata de firmar uma normativa (do caso
concreto), no de execução se ajusta em o adequar à realidade de uma normativa já estabelecida,
substituindo a vontade do devedor, ou mais em geral, do obrigado ao cumprimento de um ato"
(SATTA, Salvatore. Direito processual civil. Rio de Janeiro: Borsoi, 1973, vol. 2, p. 532). No mesmo
sentido: Liebman, Enrico Tullio. Processo de execução. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1986, p. 4.

2 Sobre o referido dogma da separação entre conhecimento e execução, ou da plenariedade dos


processos, de forma crítica, ver: Silva, Ovídio A. Baptista da. Processo e Ideologia - o paradigma
racionalista. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 113-115, ver também ferrenha crítica às p.
160-162. Ver também: Medina, José Miguel Garcia. Execução civil. 2. ed. São Paulo: Ed. RT, 2004,
p. 261-276. O autor, a nosso ver equivocadamente, toma a questão da separação ou não entre
conhecimento e execução como um princípio. Trata-se de estruturação do procedimento e não de
norma.

3 Pontes de Miranda, Francisco Cavalcanti. Comentários ao Código de Processo Civil. 2. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2001, t. XII, p. 3-4 e 8.

4 O conceito de execução empregado é o de execução direta, não abarcando a chamada execução


indireta. Sobre esses conceitos, conferir: Guerra, Marcelo Lima. Execução indireta. São Paulo: Ed.
RT, 1998, p. 17-28.

5 Costa, Eduardo José da Fonseca. "Uma arqueologia das ciências do processo". Teoria do
processo - Panorama doutrinário mundial. Salvador: Juspodivm, 2010, v. 2, p. 235-239.

6 Pontes de Miranda, Francisco Cavalcanti. Tratado das ações. Campinas: Bookseller, 1998, tomo I,
p. 136-143.

7 Nesse sentido: Silva, Ovídio A. Baptista da. Sentença e coisa julgada. ed. Rio de Janeiro: Forense,
p.

8 A classificação de Pontes de Miranda submete as ações a uma rígida repartição de eficácias,


matematicamente valoradas, levando à famosa constante 15. Consoante defendeu o jurista, a força
da decisão teria peso 5, a eficácia imediata peso 4, a eficácia mediata peso 3 e as eficácias
restantes, mínimas, peso 2 e 1. Somando-se chegaria à carga eficacial total 15. É certo que há uma
exacerbada geometrização do direito, totalmente inservível. Todavia, há evidente exagero de Pontes
de Miranda em colocar valores matemáticos em cada uma das eficácias, bem como em defender
que todas elas estariam presentes em qualquer decisão. Isso não diminui o brilhantismo dele, nem o
impecável acerto em visualizar as várias eficácias numa decisão, que é inegável contribuição para a
ciência processual.

9 Gouveia Filho, Roberto P. Campos; Araújo, Raquel Silva. Por uma noção de execução forçada:
pequenas provocações aos defensores da executividade da "execução" indireta. In: Didier Jr, Fredie;
Nogueira, Pedro Henrique Pedrosa; Gouveia Filho, Roberto P. Campos. Pontes de Miranda e o
direito processual. Salvador: Juspodivm, 2013, p. 997, especialmente nota 16.

10 Assim, a ação declaratória é ligada à própria segurança jurídica. "Na medida em que o Estado
ponha à disposição do indivíduo um meio destinado à eliminação dessa insegurança, estar-lhe-á
conferindo um direito à pura segurança jurídica" (Mesquita, José Ignacio Botelho de. "Da ação civil".
Teses, estudos e pareceres de processo civil. São Paulo: Ed. RT, 2005, v. 1, p. 110).

11 Silva Neto, Francisco Antônio de Barros e. A antecipação da tutela nos processos declaratórios.
Porto Alegre: SAFE, 2005, p. 68.
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Procedimento para cumprimento de decisão judicial e
diferenciação baseada na eficácia

12 "No fundo, protege-se o direito ou a pretensão somente, ou o interesse em que alguma relação
jurídica não exista, ou em que seja verdadeiro, ou falso, algum documento" (Pontes de Miranda,
Francisco Cavalcanti. Comentários ao Código de Processo Civil. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense,
1997, tomo V, p. 39).

13 Portanto, as sentenças constitutivas têm forte carga de declaratoriedade. Endossa o


entendimento: Nogueira, Pedro Henrique Pedrosa. Teoria da ação de direito material. Salvador:
Juspodivm, 2008, p. 172.

14 Chiovenda, Giuseppe. Instituições de direito processual civil. Campinas: Bookseller, 2002, v. I, p.


282.

15 Pontes de Miranda, Francisco Cavalcanti. Comentários ao Código de Processo Civil. 3. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1997, tomo V, p. 43.

16 ASSIS, Araken de. Cumulação de ações. 4. ed. São Paulo: Ed. RT, 2002, p. 96. Barbosa Moreira,
José Carlos. "Eficácia da sentença de interdição por alienação mental". Temas de direito processual
civil. São Paulo: Saraiva, 1989, quarta série, p. 187.

17 Silva, Ovídio A. Baptista da. A ação condenatória como categoria processual. In: Da sentença
liminar à nulidade da sentença. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 233-251.

18 Pontes de Miranda, Francisco Cavalcanti. Comentários ao Código de Processo Civil. 3. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1997, tomo V, p. 47. Ver interessante discussão sobre o conceito de condenação
em: Amaral, Guilherme Rizzo. Cumprimento e execução da sentença sob a ótica do
formalismo-valorativo. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008, p. 125-130.

19 Assis, Araken de. Cumulação de ações. 4. ed. São Paulo: Ed. RT, 2002, p. 101.

20 Silva, Ovídio A. Baptista da. Jurisdição, direito material e processo. Rio de Janeiro: Forense,
2008, p. 195.

21 Pontes De Miranda, Francisco Cavalcanti. Comentários ao Código de Processo Civil. 3. ed. Rio
de Janeiro: Forense, 1997, tomo V, p. 49.

22 Gouveia Filho, Roberto P. Campos; Araújo, Raquel Silva. Por uma noção de execução forçada:
pequenas provocações aos defensores da executividade da "execução" indireta. In: Didier Jr, Fredie;
NOGUEIRA, Pedro Henrique Pedrosa; Gouveia Filho, Roberto P. Campos. Pontes de Miranda e o
direito processual. Salvador: Juspodivm, 2013, p. 995.

23 Macêdo, Lucas Buril de; Peixoto, Ravi Medeiros. "Tutela das obrigações de declaração de
vontade: análise de sua eficácia, modo de satisfação e da (im)possibilidade de antecipação dos
efeitos da tutela". Revista Dialética de Direito Processual, v. 128, p. 93-106, 2013.

24 O sistema jurídico autoriza, nas obrigações de fazer, a variação entre as técnicas mandamentais
e executivas, conforme a situação que se apresente e com norte na tutela adequada e eficaz da
situação jurídica. Sobre isso, cf.: AMARAL, Guilherme Rizzo. Cumprimento e execução da sentença
sob a ótica do formalismo-valorativo. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008, p. 137-138.

25 Semelhantemente: Amaral, Guilherme Rizzo. Cumprimento e execução da sentença sob a ótica


do formalismo-valorativo. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008, p. 143.

26 Alguns autores, mesmo após a reforma, continuaram a defender a impossibilidade de executar


sentenças declaratórias. Nesse sentido: Assis, Araken de. Manual da execução. 13. ed. São Paulo:
Ed. RT, 2010, p. 171-173. Marinoni, Luiz Guilherme; Mitidiero, Daniel. Comentários ao Código de
Processo Civil. São Paulo: Ed. RT, 2008, p. 477.

27 Nesse sentido: Didier Jr., Fredie; Cunha, Leonardo Carneiro da. Curso de direito processual civil.
6. ed. Salvador: Juspodivm, 2014, p. 159. Rodrigues, Marcelo Abelha. A terceira etapa da reforma
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Procedimento para cumprimento de decisão judicial e
diferenciação baseada na eficácia

processual civil. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 174.

28 Semelhantemente, afirmando que a ação declaratória após a ocorrência do ilícito transmudou-se


em condenatória: Yarshell, Flávio Luiz; Bonício, Marcelo José Magalhães. Execução civil - novos
perfis. São Paulo: RCS, 2006, p. 83-102.

29 "A sentença declarativa é a prestação jurisdicional que se entrega a quem pediu a tutela jurídica
sem querer 'exigir'" (Pontes de Miranda, Francisco Cavalcanti. Comentários ao Código de Processo
Civil. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997, p. 39).

30 STJ, REsp 1.354.361/SP, 3.ª T., j. 09.04.2013, rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 15.04.2013.

31 Pontes de Miranda, Francisco Cavalcanti. Comentários ao Código de Processo Civil. 2. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2001, t. XII, p. 12-13.

32 Liebman, Enrico Tullio. Processo de execução. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1986, p. 9-15. Para
uma visão do tema aprofundada e críticas às concepções doutrinárias acerca da execução e da
condenação, ver: Silva, Ovídio A. Baptista da. Jurisdição e execução na tradição romano-canônica.
3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007.

33 Nesse sentido: Bedaque, José Roberto dos Santos. Direito e processo. 5. ed. São Paulo:
Malheiros, 2009, p. 135-136.

34 Silva, Ovídio A. Baptista da. A ação condenatória como categoria processual. Da sentença liminar
à nulidade da sentença. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 233-251. No mesmo sentido: Guerra,
Marcelo Lima. Direitos fundamentais e a proteção do credor na execução civil. São Paulo: Ed. RT,
2003, p. 25-27. Amaral, Guilherme Rizzo. Cumprimento e execução da sentença sob a ótica do
formalismo-valorativo. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008, p. 231-234. Noutra obra, Ovídio
esboça uma crítica ainda mais ferrenha: "É possível apontar pelo menos dois fatores determinantes
das revisão crítica que se esboça atualmente na doutrina, dirigida para o que se considera "crise do
processo executivo": a demanda por efetividade do direito que, como é compreensível, acaba
concentrando-se no processo executório; e a tirania exercida pelo Direito Processual sobre os ramos
do Direito Material, a ponto de sujeitar todas as pretensões e ações de direito material ao tratamento
uniforme e obsoleto da ação condenatória" (Silva, Ovídio A. Baptista da. Jurisdição e execução na
tradição romano-canônica. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 37).

35 Seria uma espécie de monitorização do processo civil, que é possível realizar-se mediante a
generalização da tutela antecipada de evidência, cf. Talamini, Eduardo. Tutela de urgência no
Projeto do novo Código de Processo Civil: a estabilização da medida urgente e a monitorização do
processo civil brasileiro. Revista de Processo. São Paulo: Ed. RT, v. 209, 2012, p. 13-34.

36 "Os dois ordenamentos, o material e o processual, são distintos, suscetíveis de linhas discretivas,
mais ou menos precisas; porém isso não quer dizer que não haja contactos e reações, que levem, de
um a outro, maior eficiência, ou a diminuem. Ninguém pode negar ou não perceber o reforçamento à
atendibilidade do direito material que ao direito, à pretensão e à ação comunicam o fato de se ter, no
direito processual, incluído o título do direito como executivo, o fato de ser executiva a pretensão e o
fato de se atribuir executividade à ação" (Pontes De Miranda, Francisco Cavalcanti. Comentários ao
Código de Processo Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 18). Em sentido contrário,
assumindo que só é possível execução após a cognição: Liebman, Enrico Tullio. Processo de
execução. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1986, p. 5. Parece que o processo de execução de título
extrajudicial é uma prova irrefutável do equívoco do autor.

37 Marinoni-Mitidiero e Marcelo Lima Guerra admitem a possibilidade de processar-se a execução de


obrigação de pagar quantia pelo procedimento de outras obrigações, fixando a multa para o
pagamento (Marinoni, Luiz Guilherme; Mitidiero, Daniel. Comentários ao Código de Processo Civil.
São Paulo: Ed. RT, 2008, p. 462-463. Guerra, Marcelo Lima. Direitos fundamentais e a proteção do
credor na execução civil. São Paulo: Ed. RT, 2003, p. 150-157). Essa não foi a opção adotada pelo
CPC, que ao prever os meios executivos deixou bem evidente a distinção. Aplicar as técnicas
executivas de uma obrigação a outra é, às claras, simplesmente ignorar a norma federal, o que não
pode ser considerado acertado. Para que se faça isso é essencial o controle de constitucionalidade,
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Procedimento para cumprimento de decisão judicial e
diferenciação baseada na eficácia

com fundamentação adequada, a afastar a incidência dos dispositivos normativos no caso concreto
por peculiaridades que tornem sua aplicação inconstitucional.

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