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a solução para o seu concurso!

SANTO ANDRÉ-SP
PREFEITURA MUNICIPAL DE
SANTO ANDRÉ DO ESTADO DE SÃO PAULO

Agente de
Desenvolvimento Infantil

CONCURSO PÚBLICO
N.º 01/2023

CÓD: SL-002AB-23
7908433233800
INTRODUÇÃO

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como
estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.

Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!


• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho;

• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;

• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;

• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;

• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.

• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;

• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.

A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!

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ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2. Sinônimos e antônimos. Sentido próprio e figurado das palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
4. Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, artigo, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção: emprego e
sentido que imprimem às relações que estabelecem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
5. Concordância verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
6. Regência verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
7. Colocação pronominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
8. Crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Matemática
1. Resolução de situações-problema, envolvendo: adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação ou radiciação com
números racionais, nas suas representações fracionária ou decimal; Mínimo múltiplo comum; Máximo divisor comum . . . . 33
2. Porcentagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3. Razão e proporção; Regra de três simples ou composta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4. Equações do 1.º ou do 2.º graus; Sistema de equações do 1.º grau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
5. Grandezas e medidas – quantidade, tempo, comprimento, superfície, capacidade e massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
6. Relação entre grandezas – tabela ou gráfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
7. Tratamento da informação – média aritmética simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
8. Noções de Geometria – forma, ângulos, área, perímetro, volume, Teoremas de Pitágoras ou de Tales . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

Noções de Informática
1. MS-Windows 10: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transferência, manipulação de
arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos MS-Office 2016. . . . . . 67
2. MS-Word 2016: Estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes, colunas,
marcadores simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de quebras e numeração de páginas, legendas, índices,
inserção de objetos, campos predefinidos, caixas de texto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
3. MS-Excel 2016: estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colunas, pastas e gráficos, elaboração de tabelas
e gráficos, uso de fórmulas, funções e macros, impressão, inserção de objetos, campos predefinidos, controle de quebras e
numeração de páginas, obtenção de dados externos, classificação de dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
4. MS-PowerPoint 2016: estrutura básica das apresentações, conceitos de slides, anotações, régua, guias, cabeçalhos e
rodapés, noções de edição e formatação de apresentações, inserção de objetos, numeração de páginas, botões de ação,
animação e transição entre slides. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
5. Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
6. Internet: navegação na Internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

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ÍNDICE

Conhecimentos Específicos
Agente de Desenvolvimento Infantil
1. Higiene e cuidados com a criança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
2. Auxílio e orientação quanto à alimentação da criança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
3. Noções básicas de nutrição infantil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
4. A importância do estímulo ao desenvolvimento infantil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
5. Auxílio no desenvolvimento de brincadeiras e atividades lúdicas e recreativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
6. Atenção à criança: brincar junto com ela, escutá-la, dialogar com ela – tom de voz, modos de falar com a criança . . . . . . . . . 132
7. Aspectos do desenvolvimento da criança (físico, social, cognitivo e afetivo) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
8. Cuidados físicos com a criança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
9. Noções de primeiros socorros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
10. Importância do ambiente seguro, protegido e afetuoso na educação infantil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
11. Conhecimento da organização e da conservação dos maternais e do ambiente da creche e da pré-escola . . . . . . . . . . . . . . . . 158
12. noções básicas de assepsia, desinfecção e esterilização do ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
13. Procedimentos básicos para atendimento aos pais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
14. Acompanhamento de entrada e saída de crianças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186
15. Auxílio a atividades previstas no planejamento escolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
16. Trabalho em equipe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
17. Noções de ética e cidadania . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
18. Noções básicas de relações humanas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
19. BRASIL/MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Base Nacional Comum Curricular – A Etapa da Educação Infantil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
20. Combate ao bullying (Lei nº 13.185/2015 – Institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática) . . . . . . . . . . . . . . . . . 238
21. Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal nº 8.069/90: artigos 1º ao 6º; 15 ao 18-B; 53 ao 59; 131 ao 137 . . . . . . . 243
22. Constituição Federal – artigos 205, 206; 208 a 214 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248

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LÍNGUA PORTUGUESA

A imagem a seguir ilustra uma campanha pela inclusão social.


LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS DE TEX-
TOS (LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS)

Definição Geral
Embora correlacionados, esses conceitos se distinguem, pois
sempre que compreendemos adequadamente um texto e o objetivo
de sua mensagem, chegamos à interpretação, que nada mais é
do que as conclusões específicas. Exemplificando, sempre que
nos é exigida a compreensão de uma questão em uma avaliação,
a resposta será localizada no próprio no texto, posteriormente,
ocorre a interpretação, que é a leitura e a conclusão fundamentada
em nossos conhecimentos prévios.

Compreensão de Textos
Resumidamente, a compreensão textual consiste na análise do “A Constituição garante o direito à educação para todos e a
que está explícito no texto, ou seja, na identificação da mensagem. inclusão surge para garantir esse direito também aos alunos com
É assimilar (uma devida coisa) intelectualmente, fazendo uso deficiências de toda ordem, permanentes ou temporárias, mais ou
da capacidade de entender, atinar, perceber, compreender. menos severas.”
Compreender um texto é apreender de forma objetiva a mensagem
transmitida por ele. Portanto, a compreensão textual envolve a A partir do fragmento acima, assinale a afirmativa incorreta.
decodificação da mensagem que é feita pelo leitor. Por exemplo, (A) A inclusão social é garantida pela Constituição Federal de
ao ouvirmos uma notícia, automaticamente compreendemos 1988.
a mensagem transmitida por ela, assim como o seu propósito (B) As leis que garantem direitos podem ser mais ou menos
comunicativo, que é informar o ouvinte sobre um determinado severas.
evento. (C) O direito à educação abrange todas as pessoas, deficientes
ou não.
Interpretação de Textos (D) Os deficientes temporários ou permanentes devem ser
É o entendimento relacionado ao conteúdo, ou melhor, os incluídos socialmente.
resultados aos quais chegamos por meio da associação das ideias (E) “Educação para todos” inclui também os deficientes.
e, em razão disso, sobressai ao texto. Resumidamente, interpretar
é decodificar o sentido de um texto por indução. Comentário da questão:
A interpretação de textos compreende a habilidade de se Em “A” – Errado: o texto é sobre direito à educação, incluindo as
chegar a conclusões específicas após a leitura de algum tipo de pessoas com deficiência, ou seja, inclusão de pessoas na sociedade.
texto, seja ele escrito, oral ou visual. Em “B” – Certo: o complemento “mais ou menos severas” se
Grande parte da bagagem interpretativa do leitor é resultado refere à “deficiências de toda ordem”, não às leis.
da leitura, integrando um conhecimento que foi sendo assimilado Em “C” – Errado: o advérbio “também”, nesse caso, indica a
ao longo da vida. Dessa forma, a interpretação de texto é subjetiva, inclusão/adição das pessoas portadoras de deficiência ao direito à
podendo ser diferente entre leitores. educação, além das que não apresentam essas condições.
Em “D” – Errado: além de mencionar “deficiências de
Exemplo de compreensão e interpretação de textos toda ordem”, o texto destaca que podem ser “permanentes ou
temporárias”.
Para compreender melhor a compreensão e interpretação de
Em “E” – Errado: este é o tema do texto, a inclusão dos
textos, analise a questão abaixo, que aborda os dois conceitos em
deficientes.
um texto misto (verbal e visual):
Resposta: Letra B.
FGV > SEDUC/PE > Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Espe-
cial > 2015
Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
Português > Compreensão e interpretação de textos
de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
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LÍNGUA PORTUGUESA

Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual- Principais características do texto literário
quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia Há diferença do texto literário em relação ao texto referencial,
principal. Compreender relações semânticas é uma competência sobretudo, por sua carga estética. Esse tipo de texto exerce uma
imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos. linguagem ficcional, além de fazer referência à função poética da
Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode- linguagem.
-se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
fissional, mas também o desenvolvimento pessoal. Uma constante discussão sobre a função e a estrutura do tex-
to literário existe, e também sobre a dificuldade de se entenderem
Busca de sentidos os enigmas, as ambiguidades, as metáforas da literatura. São esses
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo elementos que constituem o atrativo do texto literário:  a escrita
os  tópicos frasais  presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na diferenciada, o trabalho com a palavra, seu aspecto conotativo,
apreensão do conteúdo exposto. seus enigmas.
Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já A literatura apresenta-se como o instrumento artístico de análi-
citadas ou apresentando novos conceitos. se de mundo e de compreensão do homem. Cada época conceituou
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici- a literatura e suas funções de acordo com a realidade, o contexto
tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder histórico e cultural e, os anseios dos indivíduos daquele momento.
espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas
entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer Ficcionalidade: os textos baseiam-se no real, transfigurando-o,
que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun- recriando-o.
damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas. 
Aspecto subjetivo: o texto apresenta o olhar pessoal do artista,
Importância da interpretação suas experiências e emoções.
A prática da  leitura, seja por prazer, para estudar ou para se
informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter- Ênfase na função poética da linguagem: o texto literário mani-
pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos pula a palavra, revestindo-a de caráter artístico.
específicos, aprimora a escrita.
Uma  interpretação de texto  assertiva depende de inúmeros Plurissignificação: as palavras, no texto literário, assumem vá-
fatores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes rios significados.
presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz
suficiente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o Principais características do texto não literário
texto, pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreen- Apresenta peculiaridades em relação a linguagem literária, en-
dentes que não foram observados previamente. Para auxiliar na tre elas o emprego de uma linguagem convencional e denotativa.
busca de sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos
frasais presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na Ela tem como função informar de maneira clara e sucinta, des-
apreensão do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos considerando aspectos estilísticos próprios da linguagem literária.
não estão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira
aleatória, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem ne- Os diversos textos podem ser classificados de acordo com a
cessários, estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento linguagem utilizada. A linguagem de um texto está condicionada à
defendido, retomando ideias já citadas ou apresentando novos con- sua funcionalidade. Quando pensamos nos diversos tipos e gêneros
ceitos. textuais, devemos pensar também na linguagem adequada a ser
Concentre-se nas ideias  que de fato foram explicitadas pelo adotada em cada um deles. Para isso existem a linguagem literária
autor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço e a linguagem não literária.
para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entreli-
nhas. Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que Diferente do que ocorre com os textos literários, nos quais há
você precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental uma preocupação com o objeto linguístico e também com o estilo,
que não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecífi- os textos não literários apresentam características bem delimitadas
cas. Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaus- para que possam cumprir sua principal missão, que é, na maioria
tão, assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. das vezes, a de informar. Quando pensamos em informação, alguns
elementos devem ser elencados, como a objetividade, a transpa-
Diferença entre compreensão e interpretação rência e o compromisso com uma linguagem não literária, afastan-
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do do assim possíveis equívocos na interpretação de um texto.
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta-
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O
leitor tira conclusões subjetivas do texto.

Detecção de características e pormenores que identifiquem o


texto dentro de um estilo de época

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– Palavras homófonas: apressar (tornar mais rápido) e apreçar


SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS. SENTIDO PRÓPRIO E FIGURA- (definir o preço); arrochar (apertar com força) e arroxar (tornar
DO DAS PALAVRAS roxo).
– Palavras homógrafas: apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar);
boto (golfinho) e boto (verbo botar); choro (pranto) e choro (verbo
Visão Geral: o significado das palavras é objeto de estudo chorar) .
da semântica, a área da gramática que se dedica ao sentido das – Palavras parônimas: apóstrofe (figura de linguagem) e
palavras e também às relações de sentido estabelecidas entre elas. apóstrofo (sinal gráfico), comprimento (tamanho) e cumprimento
(saudação).
Denotação e conotação
Denotação corresponde ao sentido literal e objetivo das
palavras, enquanto a conotação diz respeito ao sentido figurado das
PONTUAÇÃO
palavras. Exemplos:
“O gato é um animal doméstico.”
“Meu vizinho é um gato.”
— Visão Geral
No primeiro exemplo, a palavra gato foi usada no seu verdadeiro O sistema de pontuação consiste em um grupo de sinais
sentido, indicando uma espécie real de animal. Na segunda frase, a gráficos que, em um período sintático, têm a função primordial
palavra gato faz referência ao aspecto físico do vizinho, uma forma de indicar um nível maior ou menor de coesão entre estruturas
de dizer que ele é tão bonito quanto o bichano. e, ocasionalmente, manifestar as propriedades da fala (prosódias)
em um discurso redigido. Na escrita, esses sinais substituem os
Hiperonímia e hiponímia gestos e as expressões faciais que, na linguagem falada, auxiliam a
Dizem respeito à hierarquia de significado. Um hiperônimo, compreensão da frase.
palavra superior com um sentido mais abrangente, engloba um O emprego da pontuação tem as seguintes finalidades:
hipônimo, palavra inferior com sentido mais restrito. – Garantir a clareza, a coerência e a coesão interna dos diversos
Exemplos: tipos textuais;
– Hiperônimo: mamífero: – hipônimos: cavalo, baleia. – Garantir os efeitos de sentido dos enunciados;
– Hiperônimo: jogo – hipônimos: xadrez, baralho. – Demarcar das unidades de um texto;
– Sinalizar os limites das estruturas sintáticas.
Polissemia e monossemia
A polissemia diz respeito ao potencial de uma palavra — Sinais de pontuação que auxiliam na elaboração de um
apresentar uma multiplicidade de significados, de acordo com o enunciado
contexto em que ocorre. A monossemia indica que determinadas
palavras apresentam apenas um significado. Exemplos: Vírgula
– “Língua”, é uma palavra polissêmica, pois pode por um idioma De modo geral, sua utilidade é marcar uma pausa do enunciado
ou um órgão do corpo, dependendo do contexto em que é inserida. para indicar que os termos por ela isolados, embora compartilhem
– A palavra “decalitro” significa medida de dez litros, e não da mesma frase ou período, não compõem unidade sintática. Mas,
tem outro significado, por isso é uma palavra monossêmica. se, ao contrário, houver relação sintática entre os termos, estes
não devem ser isolados pela vírgula. Isto quer dizer que, ao mesmo
Sinonímia e antonímia tempo que existem situações em que a vírgula é obrigatória, em
A sinonímia diz respeito à capacidade das palavras serem outras, ela é vetada. Confira os casos em que a vírgula deve ser
semelhantes em significado. Já antonímia se refere aos significados empregada:
opostos. Desse modo, por meio dessas duas relações, as palavras
expressam proximidade e contrariedade. • No interior da sentença
Exemplos de palavras sinônimas: morrer = falecer; rápido = 1 – Para separar elementos de uma enumeração e repetição:
veloz.
Exemplos de palavras antônimas: morrer x nascer; pontual x
atrasado. ENUMERAÇÃO
Adicione leite, farinha, açúcar, ovos, óleo e chocolate.
Homonímia e paronímia
A homonímia diz respeito à propriedade das palavras Paguei as contas de água, luz, telefone e gás.
apresentarem: semelhanças sonoras e gráficas, mas distinção de
sentido (palavras homônimas), semelhanças homófonas, mas REPETIÇÃO
distinção gráfica e de sentido (palavras homófonas) semelhanças
Os arranjos estão lindos, lindos!
gráficas, mas distinção sonora e de sentido (palavras homógrafas).
A paronímia se refere a palavras que são escritas e pronunciadas de Sua atitude foi, muito, muito, muito indelicada.
forma parecida, mas que apresentam significados diferentes. Veja
os exemplos: 2 – Isolar o vocativo
– Palavras homônimas: caminho (itinerário) e caminho (verbo “Crianças, venham almoçar!”
caminhar); morro (monte) e morro (verbo morrer). “Quando será a prova, professora?”
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3 – Separar apostos 2 – Utiliza-se a vírgula em casos de polissíndeto, ou seja, sempre


“O ladrão, menor de idade, foi apreendido pela polícia.” que a conjunção “e” é reiterada com com a finalidade de destacar
alguma ideia, por exemplo:
4 – Isolar expressões explicativas: “(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede;
“As CPIs que terminaram em pizza, ou seja, ninguém foi e dez meses de combates, e cem dias de cancioneiro contínuo; e o
responsabilizado.” esmagamento das ruínas...” (Euclides da Cunha)

5 – Separar conjunções intercaladas 3 – Emprega-se a vírgula sempre que orações coordenadas


“Não foi explicado, porém, o porquê das falhas no sistema.” apresentam sujeitos distintos, por exemplo:
“A mulher ficou irritada, e o marido, constrangido.”
6 – Isolar o adjunto adverbial anteposto ou intercalado:
“Amanhã pela manhã, faremos o comunicado aos O uso da vírgula é vetado nos seguintes casos: separar sujeito
funcionários do setor.” e predicado, verbo e objeto, nome de adjunto adnominal, nome
“Ele foi visto, muitas vezes, vagando desorientado pelas ruas.” e complemento nominal, objeto e predicativo do objeto, oração
7 – Separar o complemento pleonástico antecipado: substantiva e oração subordinada (desde que a substantivo não seja
“Estas alegações, não as considero legítimas.” apositiva nem se apresente inversamente).

8 – Separar termos coordenados assindéticos (não conectadas Ponto


por conjunções) 1 – Para indicar final de frase declarativa:
“Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se, morrem.” “O almoço está pronto e será servido.”

9 – Isolar o nome de um local na indicação de datas: 2 – Abrevia palavras:


“São Paulo, 16 de outubro de 2022”. – “p.” (página)
– “V. Sra.” (Vossa Senhoria)
10 – Marcar a omissão de um termo: – “Dr.” (Doutor)
“Eu faço o recheio, e você, a cobertura.” (omissão do verbo
“fazer”). 3 – Para separar períodos:
“O jogo não acabou. Vamos para os pênaltis.”
• Entre as sentenças
1 – Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas Ponto e Vírgula
“Meu aluno, que mora no exterior, fará aulas remotas.” 1 – Para separar orações coordenadas muito extensas ou
orações coordenadas nas quais já se tenha utilizado a vírgula:
2 – Para separar as orações coordenadas sindéticas e “Gosto de assistir a novelas; meu primo, de jogos de RPG;
assindéticas, com exceção das orações iniciadas pela conjunção “e”: nossa amiga, de praticar esportes.”
“Liguei para ela, expliquei o acontecido e pedi para que nos
ajudasse.” 2 – Para separar os itens de uma sequência de itens:
“Os planetas que compõem o Sistema Solar são:
3 – Para separar as orações substantivas que antecedem a Mercúrio;
principal: Vênus;
“Quando será publicado, ainda não foi divulgado.” Terra;
Marte;
4 – Para separar orações subordinadas adverbiais desenvolvidas Júpiter;
ou reduzidas, especialmente as que antecedem a oração principal: Saturno;
Urano;
Reduzida Por ser sempre assim, ninguém dá atenção! Netuno.”

Porque é sempre assim, já ninguém dá Dois Pontos


Desenvolvida
atenção! 1 – Para introduzirem apostos ou orações apositivas,
enumerações ou sequência de palavras que explicam e/ou resumem
5 – Separar as sentenças intercaladas: ideias anteriores.
“Querida, disse o esposo, estarei todos os dias aos pés do seu “Anote o endereço: Av. Brasil, 1100.”
leito, até que você se recupere por completo.” “Não me conformo com uma coisa: você ter perdoado aquela
grande ofensa.”
• Antes da conjunção “e”
1 – Emprega-se a vírgula quando a conjunção “e” adquire 2 – Para introduzirem citação direta:
valores que não expressam adição, como consequência ou “Desse estudo, Lavoisier extraiu o seu princípio, atualmente
diversidade, por exemplo. muito conhecido: “Nada se cria, nada se perde, tudo se
“Argumentou muito, e não conseguiu convencer-me.” transforma’.”

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3 – Para iniciar fala de personagens:


“Ele gritava repetidamente:
– Sou inocente!”

Reticências
1 – Para indicar interrupção de uma frase incompleta sintaticamente:
“Quem sabe um dia...”

2 – Para indicar hesitação ou dúvida:


“Então... tenho algumas suspeitas... mas prefiro não revelar ainda.”

3 – Para concluir uma frase gramaticalmente inacabada com o objetivo de prolongar o raciocínio:
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília - José de Alencar).

4 – Suprimem palavras em uma transcrição:


“Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros - Raimundo Fagner).

Ponto de Interrogação
1 – Para perguntas diretas:
“Quando você pode comparecer?”

2 – Algumas vezes, acompanha o ponto de exclamação para destacar o enunciado:


“Não brinca, é sério?!”

Ponto de Exclamação
1 – Após interjeição:
“Nossa Que legal!”

2 – Após palavras ou sentenças com carga emotiva


“Infelizmente!”

3 – Após vocativo
“Ana, boa tarde!”

4 – Para fechar de frases imperativas:


“Entre já!”

Parênteses
a) Para isolar datas, palavras, referências em citações, frases intercaladas de valor explicativo, podendo substituir o travessão ou a
vírgula:
“Mal me viu, perguntou (sem qualquer discrição, como sempre)
quem seria promovido.”

Travessão
1 – Para introduzir a fala de um personagem no discurso direto:
“O rapaz perguntou ao padre:
— Amar demais é pecado?”

2 – Para indicar mudança do interlocutor nos diálogos:


“— Vou partir em breve.
— Vá com Deus!”

3 – Para unir grupos de palavras que indicam itinerários:


“Esse ônibus tem destino à cidade de São Paulo — SP.”

4 – Para substituir a vírgula em expressões ou frases explicativas:


“Michael Jackson — o retorno rei do pop — era imbatível.”

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Aspas
1 – Para isolar palavras ou expressões que violam norma culta, como termos populares, gírias, neologismos, estrangeirismos,
arcaísmos, palavrões, e neologismos.
“Na juventude, ‘azarava’ todas as meninas bonitas.”
“A reunião será feita ‘online’.”

2 – Para indicar uma citação direta:


“A índole natural da ciência é a longanimidade.” (Machado de Assis)

CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO, ADJETIVO, NUMERAL, ARTIGO, PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO E CON-
JUNÇÃO: EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES QUE ESTABELECEM

— Definição
Classes gramaticais são grupos de palavras que organizam o estudo da gramática. Isto é, cada palavra existente na língua portuguesa
condiz com uma classe gramatical, na qual ela é inserida em razão de sua função. Confira abaixo as diversas funcionalidades de cada classe
gramatical. 

— Artigo 
É a classe gramatical que, em geral, precede um substantivo, podendo flexionar em número e em gênero. 

A classificação dos artigos 


Artigos definidos: servem para especificar um substantivo ou para referirem-se a um ser específico por já ter sido mencionado ou por
ser conhecido mutuamente pelos interlocutores. Eles podem flexionar em número (singular e plural) e gênero (masculino e feminino).
Artigos indefinidos: indicam uma generalização ou a ocorrência inicial do representante de uma dada espécie, cujo conhecimento não
é compartilhado entre os interlocutores, por se tratar da primeira vez em que aparece no discurso. Podem variar em número e gênero.
Observe:

NÚMERO/GÊNERO MASCULINO FEMININO EXEMPLOS


Preciso de um pedreiro.
Singular Um Uma
Vi uma moça em frente à casa.
Localizei uns documentos antigos.
Plural Umas Umas
Joguei fora umas coisas velhas.

Outras funções do artigo 


Substantivação: é o nome que se dá ao fenômeno de transformação de adjetivos e verbos em substantivos a partir do emprego do
artigo. Observe:  
– Em “O caminhar dela é muito elegante.”, “caminhar”, que teria valor de verbo, passou a ser o substantivo do enunciado.  

Indicação de posse: antes de palavras que atribuem parentesco ou de partes do corpo, o artigo definido pode exprimir relação de
posse. Por exemplo: 
“No momento em que ela chegou, o marido já a esperava.”
Na frase, o artigo definido “a” esclarece que se trata do marido do sujeito “ela”, omitindo o pronome possessivo dela.

Expressão de valor aproximado: devido à sua natureza de generalização, o artigo indefinido inserido antes de numeral indica valor
aproximado. Mais presente na linguagem coloquial, esse emprego dos artigos indefinidos representa expressões como “por volta de” e
“aproximadamente. Observe: 
“Faz em média uns dez anos que a vi pela última vez.” 
“Acrescente aproximadamente umas três ou quatro gotas de baunilha.” 

Contração de artigos com preposições


Os artigos podem fazer junção a algumas preposições, criando uma única palavra contraída. A tabela abaixo ilustra como esse processo
ocorre:

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PREPOSIÇÃO
de em a per/por
singular o do no ao pelo
masculino
plural os dos nos aos pelos
ARTIGOS
DEFINIDOS singular a da na à pela
feminino plural as das nas às pelas
singular um dum num
masculino plural uns duns nuns
ARTIGOS
INDEFINIDOS singular uma duma numa
feminino plural umas dumas numas

— Substantivo
Essa classe atribui nome aos seres em geral (pessoas, animais, qualidades, sentimentos, seres mitológicos e espirituais). Os substantivos
se subdividem em: 
Próprios ou Comuns: são próprios os substantivos que nomeiam algo específico, como nomes de pessoas (Pedro, Paula) ou lugares
(São Paulo, Brasil). São comuns os que nomeiam algo na sua generalidade (garoto, caneta, cachorro). 
Primitivos ou derivados: se não for formado por outra palavra, é substantivo primitivo (carro, planeta); se formado por outra palavra,
é substantivo derivado (carruagem, planetário). 
Concretos ou abstratos: os substantivos que nomeiam seres reais ou imaginativos, são concretos (cavalo, unicórnio); os que nomeiam
sentimentos, qualidades, ações ou estados são abstratos.  
Substantivos coletivos: são os que nomeiam os seres pertencentes ao mesmo grupo. Exemplos: manada (rebanho de gado),
constelação (aglomerado de estrelas), matilha (grupo de cães).  

— Adjetivo
É a classe de palavras que  se associa ao substantivo para alterar o seu significado, atribuindo-lhe caracterização conforme uma
qualidade, um estado e uma natureza, bem como uma quantidade ou extensão à palavra, locução, oração, pronome, enfim, ao que quer
que seja nomeado.

Os tipos de adjetivos 
Simples e composto: com apenas um radical, é adjetivo simples (bonito, grande, esperto, miúdo, regular); apresenta mais de um
radical, é composto (surdo-mudo, afrodescendente, amarelo-limão).  
Primitivo e derivado: o adjetivo que origina outros adjetivos é primitivo (belo, azul, triste, alegre); adjetivos originados de verbo,
substantivo ou outro adjetivo são classificados como derivados (ex.: substantivo morte → adjetivo mortal; adjetivo lamentar → adjetivo
lamentável). 
Pátrio ou gentílico: é a palavra que indica a nacionalidade ou origem de uma pessoa (paulista, brasileiro, mineiro, latino).  

O gênero dos adjetivos 


Uniformes: possuem forma única para feminino e masculino, isto é, não flexionam seu termo. Exemplo: “Fred é um amigo leal.” /
“Ana é uma amiga leal.”  
Biformes: os adjetivos desse tipo possuem duas formas, que variam conforme o gênero. Exemplo: “Menino travesso.” / “Menina
travessa”. 

O número dos adjetivos 


Por concordarem com o número do substantivo a que se referem, os adjetivos podem estar no singular ou no plural. Assim, a sua
composição acompanha os substantivos. Exemplos: pessoa instruída → pessoas instruídas; campo formoso → campos formosos.

O grau dos adjetivos


Quanto ao grau, os adjetivos se classificam em comparativo (compara qualidades) e superlativo (intensifica qualidades).

Comparativo de igualdade: “O novo emprego é tão bom quanto o anterior.”  


Comparativo de superioridade: “Maria é mais prestativa do que Luciana.” 
Comparativo de inferioridade: “O gerente está menos atento do que a equipe.”   
Superlativo absoluto: refere-se a apenas um substantivo, podendo ser: 
– Analítico - “A modelo é extremamente bonita.” 
– Sintético - “Pedro é uma pessoa boníssima.” 

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Superlativo relativo: refere-se a um grupo, podendo ser de: 


– Superioridade - “Ela é a professora mais querida da escola.” 
– Inferioridade - “Ele era o menos disposto do grupo.”  

Pronome adjetivo 
Recebem esse nome porque, assim como os adjetivos, esses pronomes alteram os substantivos aos quais se referem. Assim, esse tipo
de pronome flexiona em gênero e número para fazer concordância com os substantivos. Exemplos: “Esta professora é a mais querida da
escola.” (o pronome adjetivo esta determina o substantivo comum professora). 

Locução adjetiva 
Uma locução adjetiva é formada por duas ou mais palavras, que, associadas, têm o valor de um único adjetivo. Basicamente, consiste
na união preposição + substantivo ou advérbio.
Exemplos: 
– Criaturas da noite (criaturas noturnas). 
– Paixão sem freio (paixão desenfreada). 
– Associação de comércios (associação comercial). 

— Verbo
É a classe de palavras que indica ação, ocorrência, desejo, fenômeno da natureza e estado. Os verbos se subdividem em: 
Verbos regulares: são os verbos que, ao serem conjugados, não têm seu radical modificado e preservam a mesma desinência do
verbo paradigma, isto é, terminado em “-ar” (primeira conjugação), “-er” (segunda conjugação) ou “-ir” (terceira conjugação).  Observe o
exemplo do verbo “nutrir”:
– Radical: nutr (a parte principal da palavra, onde reside seu significado).
– Desinência: “-ir”, no caso, pois é a terminação da palavra e, tratando-se dos verbos, indica pessoa (1a, 2a, 3a), número (singular ou
plural), modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo) e tempo (pretérito, presente ou futuro). Perceba que a conjugação desse no presente
do indicativo: o radical não sofre quaisquer alterações, tampouco a desinência. Portanto, o verbo nutrir é regular: Eu nutro; tu nutre; ele/
ela nutre; nós nutrimos; vós nutris; eles/elas nutrem.
– Verbos irregulares: os verbos irregulares, ao contrário dos regulares, têm seu radical modificado quando conjugados e /ou têm
desinência diferente da apresentada pelo verbo paradigma. Exemplo: analise o verbo dizer conjugado no pretérito perfeito do indicativo: Eu
disse; tu dissestes; ele/ela disse; nós dissemos; vós dissestes; eles/elas disseram. Nesse caso, o verbo da segunda conjugação (-er) tem seu
radical, diz, alterado, além de apresentar duas desinências distintas do verbo paradigma”.  Se o verbo dizer fosse regular, sua conjugação
no pretérito perfeito do indicativo seria: dizi, dizeste, dizeu, dizemos, dizestes, dizeram. 

— Pronome 
O pronome tem a função de indicar a pessoa do discurso (quem fala, com quem se fala e de quem se fala), a posse de um objeto
e sua posição. Essa classe gramatical é variável, pois flexiona em número e gênero. Os pronomes podem suplantar o substantivo ou
acompanhá-lo; no primeiro caso, são denominados “pronome substantivo” e, no segundo, “pronome adjetivo”. Classificam-se em:
pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos, indefinidos e relativos. 

Pronomes pessoais 
Os pronomes pessoais apontam as pessoas do discurso (pessoas gramaticais), e se subdividem em pronomes do caso reto
(desempenham a função sintática de sujeito) e pronomes oblíquos (atuam como complemento), sendo que, para cada caso reto, existe
um correspondente oblíquo.

CASO RETO CASO OBLÍQUO


Eu Me, mim, comigo.
Tu Te, ti, contigo.
Ele Se, o, a , lhe, si, consigo.
Nós Nos, conosco.
Vós Vos, convosco.
Eles Se, os, as, lhes, si, consigo.

Observe os exemplos: 
– Na frase “Maria está feliz. Ela vai se casar.”, o pronome cabível é do caso reto. Quem vai se casar? Maria.  
– Na frase “O forno? Desliguei-o agora há pouco. O pronome “o” completa o sentido do verbo. Fechei o que? O forno. 

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Lembrando que os pronomes oblíquos o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na nos, e nas desempenham apenas a função de objeto direto.  

Pronomes possessivos 
Esses pronomes indicam a relação de posse entre o objeto e a pessoa do discurso.

PESSOA DO DISCURSO PRONOME


1 pessoa – Eu
a
Meu, minha, meus, minhas
2 pessoa – Tu
a
Teu, tua, teus, tuas
3a pessoa– Seu, sua, seus, suas

Exemplo: “Nossos filhos cresceram.” → o pronome indica que o objeto pertence à 1ª pessoa (nós).

Pronomes de tratamento
Tratam-se termos solenes que, em geral, são empregados em contextos formais — a única exceção é o pronome você. Eles têm a
função de promover uma referência direta do locutor para interlocutor (parceiros de comunicação). São divididos conforme o nível de
formalidade, logo, para cada situação, existe um pronome de tratamento específico. Apesar de expressarem interlocução (diálogo), à qual
seria adequado o emprego do pronome na segunda pessoa do discurso (“tu”), no caso dos pronomes de tratamento, os verbos devem ser
usados em 3a pessoa.

PRONOME USO ABREVIAÇÕES


Você situações informais V./VV
Senhor (es) e
pessoas mais velhas Sr. Sr.a (singular) e Srs. , Sra.s. (plural)
Senhora (s)
Vossa Senhoria em correspondências e outros textos redigidos V. S.a/V.Sas
altas autoridades, como Presidente da República, senadores,
Vossa Excelência V. Ex.a/ V. Ex.as
deputados, embaixadores
Vossa Magnificência reitores das Universidades V. Mag.a/V. Mag.as
Vossa Alteza príncipes, princesas, duques V.A (singular) e V.V.A.A. (plural)
Vossa Reverendíssima sacerdotes e religiosos em geral V. Rev. m.a/V. Rev. m. as
Vossa Eminência cardeais V. Ex.a/V. Em.as
Vossa Santidade Papa V.S.

Pronomes demonstrativos
Sua função é indicar a posição dos seres no que se refere ao tempo ao espaço e à pessoa do discurso – nesse último caso, o pronome
determina a proximidade entre um e outro. Esses pronomes flexionam-se em gênero e número.

PESSOA DO DISCURSO PRONOMES POSIÇÃO


1a pessoa Este, esta, estes, estas, isto. Os seres ou objetos estão próximos da pessoa que fala.
Os seres ou objetos estão próximos da pessoa com quem se
2a pessoa Esse, essa, esses, essas, isso.
fala.
3a pessoa Aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo. Com quem se fala.

Observe os exemplos:
“Esta caneta é sua?”
“Esse restaurante é bom e barato.”

Pronomes Indefinidos
Esses pronomes indicam indeterminação ou imprecisão, assim, estão sempre relacionados à 3ª pessoa do discurso. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (flexionam conforme gênero e número) ou invariáveis (não flexionam). Analise os exemplos abaixo:
– Em “Alguém precisa limpar essa sujeira.”, o termo “alguém” quer dizer uma pessoa de identidade indefinida ou não especificada).
– Em “Nenhum convidado confirmou presença.”, o termo “nenhum” refere-se ao substantivo “convidado” de modo vago, pois não se
sabe de qual convidado se trata.
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– Em “Cada criança vai ganhar um presente especial.”, o termo “cada” refere-se ao substantivo da frase “criança”, sem especificá-lo.
– Em “Outras lojas serão abertas no mesmo local.”, o termo “outras” refere-se ao substantivo “lojas” sem especificar de quais lojas se
trata.
Confira abaixo a tabela com os pronomes indefinidos:

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INDEFINIDOS


VARIÁVEIS Muito, pouco, algum, nenhum, outro, qualquer, certo, um, tanto, quanto, bastante, vários, quantos, todo.
INVARIÁVEIS Nada, ninguém, cada, algo, alguém, quem, demais, outrem, tudo.

Pronomes relativos
Os pronomes relativos, como sugere o nome, se relacionam ao termo anterior e o substituem, sendo importante, portanto, para
prevenir a repetição indevida das palavras em um texto. Eles podem ser variáveis (o qual, cujo, quanto) ou invariáveis (que, quem, onde).
Observe os exemplos:
– Em “São pessoas cuja história nos emociona.”, o pronome “cuja” se apresenta entre dois substantivos (“pessoas” e “história”) e se
relaciona àquele que foi dito anteriormente (“pessoas”).
– Em “Os problemas sobre os quais conversamos já estão resolvidos.” , o pronome “os quais” retoma o substantivo dito anteriormente
(“problemas”).

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES RELATIVOS


VARIÁVEIS O qual, a qual, os quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que, onde.

Pronomes interrogativos 
Os pronomes interrogativos são palavras variáveis e invariáveis cuja função é formular perguntas diretas e indiretas. Exemplos: 
“Quanto vai custar a passagem?” (oração interrogativa direta) 
“Gostaria de saber quanto custará a passagem.” (oração interrogativa indireta)

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INTERROGATIVOS


VARIÁVEIS Qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que.

 — Advérbio 
É a classe de palavras invariável que atua junto aos verbos, aos adjetivos e mesmo aos advérbios, com o objetivo de modificar ou
intensificar seu sentido, ao adicionar-lhes uma nova circunstância. De modo geral, os advérbios exprimem circunstâncias de tempo, modo,
lugar, qualidade, causa, intensidade, oposição, aprovação, afirmação, negação, dúvida, entre outras noções. Confira na tabela:

CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAIS TERMOS EXEMPLOS


Bem, mal, assim, melhor, pior, depressa,
devagar.
“Coloquei-o cuidadosamente no berço.”
ADVÉRBIO DE MODO Grande parte das palavras terminam em
“Andou depressa por causa da chuva”
“-mente”, como cuidadosamente, calmamente,
tristemente.
“O carro está fora.”
ADVERBIO DE LUGAR Perto, longe, dentro, fora, aqui, ali, lá e atrás. “Foi bem no teste?”
“Demorou, mas chegou longe!”
Antes, depois, hoje, ontem, amanhã sempre, “Sempre que precisar de algo, basta chamar-me.”
ADVÉRBIO DE TEMPO
nunca, cedo e tarde. “Cedo ou tarde, far-se-á justiça.”
“Eles formam um casal tão bonito!”
ADVÉRBIO DE INTENSIDADE Muito, pouco, bastante, tão, demais, tanto. “Elas conversam demais”
“Você saiu muito depressa”

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Sim e decerto e palavras afirmativas com o


“Decerto passaram por aqui”
sufixo “-mente” (certamente, realmente).
ADVÉRBIO DE AFIRMAÇÃO “Claro que irei!”
Palavras como claro e positivo, podem ser
“Entendi, sim.”
advérbio, dependendo do contexto.
Não e nem. Palavras como negativo, nenhum, “Jamais reatarei meu namoro com ele.”
ADVÉRBIO DE NEGAÇÃO nunca, jamais, entre outras, podem ser “Sequer pensou para falar.”
advérbio de negação, conforme o contexto. “Não pediu ajuda.”
Talvez, quiçá, porventura e palavras que “Quiçá seremos recebidas.”
ADVÉRBIO DE DÚVIDA expressem dúvida acrescidas do sufixo “Provavelmente sairei mais cedo.”
“-mente”, como possivelmente. “Talvez eu saia cedo.”
“Por que vendeu o livro?” (oração interrogativa
Quando, como, onde, aonde, donde, por que. direta, que indica causa)
ADVÉRBIO DE Esse advérbio pode indicar circunstâncias de “Quando posso sair?” (oração interrogativa direta,
INTERROGAÇÃO modo, tempo, lugar e causa. É usado somente que indica tempo)
em frases interrogativas diretas ou indiretas. “Explica como você fez isso.”
(oração interrogativa indireta, que indica modo).

— Conjunção
As conjunções integram a classe de palavras que tem a função de conectar os elementos de um enunciado ou oração e, com isso,
estabelecer uma relação de dependência ou de independência entre os termos ligados. Em função dessa relação entre os termos
conectados, as conjunções podem ser classificadas, respectivamente e de modo geral, como coordenativas ou subordinativas. Em outras
palavras, as conjunções são um vínculo entre os elementos de uma sentença, atribuindo ao enunciado uma maior mais clareza e precisão
ao enunciado.

Conjunções coordenativas: observe o exemplo:


“Eles ouviram os pedidos de ajuda. Eles chamaram o socorro.” – “Eles ouviram os pedidos de ajuda e chamaram o socorro.”

No exemplo, a conjunção “e” estabelece uma relação de adição ao enunciado, ao conectar duas orações em um mesmo período: além
de terem ouvido os pedidos de ajuda, chamaram o socorro. Perceba que não há relação de dependência entre ambas as sentenças, e que,
para fazerem sentido, elas não têm necessidade uma da outra. Assim, classificam-se como orações coordenadas, e a conjunção que as
relaciona, como coordenativa.

Conjunções subordinativas: analise este segundo caso:


“Não passei na prova, apesar de ter estudado muito.”

Neste caso, temos uma locução conjuntiva (duas palavras desempenham a função de conjunção). Além disso, notamos que o sentido
da segunda sentença é totalmente dependente da informação que é dada na primeira. Assim, a primeira oração recebe o nome de oração
principal, enquanto a segunda, de oração subordinada. Logo, a conjunção que as relaciona é subordinativa.

Classificação das conjunções


Além da classificação que se baseia no grau de dependência entre os termos conectados (coordenação e subordinação), as conjunções
possuem subdivisões.
Conjunções coordenativas: essas conjunções se reclassificam em razão do sentido que possuem cinco subclassificações, em função o
sentido que estabelecem entre os elementos que ligam. São cinco:

CLASSIFICAÇÃO FUNÇÃO EXEMPLOS


Estabelecer relação de adição (positiva
“No safári, vimos girafas, leões e zebras.” /
Conjunções coordenativas ou negativa). As principais conjunções
“Ela ainda não chegou, nem sabemos quando vai
aditivas coordenativas aditivas são “e”, “nem” e
chegar.”
“também”.
Estabelecer relação de oposição. As principais
“Havia flores no jardim, mas estavam murchando.” /
Conjunções coordenativas conjunções coordenativas adversativas
“Era inteligente e bom com palavras, entretanto,
adversativas são “mas”, “porém”, “contudo”, “todavia”,
estava nervoso na prova.”
“entretanto”.

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Estabelecer relação de alternância. As principais “Pode ser que o resultado saia amanhã ou depois.” /
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas alternativas são “ou”, “Ora queria viver ali para sempre, ora queria mudar
alternativas
“ou... ou”, “ora... ora”, “talvez... talvez”.. de país.”
Estabelecer relação de conclusão. As principais “Não era bem remunerada, então decidi trocar de
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas conclusivas são emprego.” /
conclusivas
“portanto”, “então”, “assim”, “logo”. “Penso, logo existo.”
Estabelecer relação de explicação. As principais “Quisemos viajar porque não conseguiríamos
Conjunções coordenativas
conjunções coordenativas explicativas são descansar aqui em casa.” /
explicativas
“porque”, “pois”, “porquanto”. “Não trouxe o pedido, pois não havia ouvido.”

Conjunções subordinativas: com base no sentido construído entre as duas orações relacionadas, a conjunção subordinativa pode ser
de dois subtipos:  

1 – Conjunções integrantes: introduzem a oração que cumpre a função de sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo,
complemento nominal ou aposto de outra oração. Essas conjunções são que e se. Exemplos:  
«É obrigatório que o senhor compareça na data agendada.”   
“Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.” 

2 – Conjunções adverbiais: introduzem sintagmas adverbiais (orações que indicam uma circunstância adverbial relacionada à oração
principal) e se subdividem conforme a tabela abaixo: 

CLASSIFICAÇÃO FUNÇÃO EXEMPLOS


São empregadas para introduzir a oração que Que e se. Analise:
cumpre a função de sujeito, objeto direito, “É obrigatório que o senhor compareça na data
Conjunções Integrantes
objeto indireto, predicativo, complemento agendada.” e
nominal ou aposto de outra oração. “Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”
Conjunções subornativas Introduzem uma oração subordinada que Porque, pois, por isso que, uma vez que, já que, visto
causais denota causa. que, que, porquanto.
Estabelecer relação de alternância. As principais
Conjunções subornativas
conjunções coordenativas alternativas são “ou”, Conforme, segundo, como, consoante.
conformativas
“ou... ou”, “ora... ora”, “talvez... talvez”..
Introduzem uma oração subordinada em que
Conjunções subornativas é indicada uma hipótese ou uma condição Se, caso, salvo se, desde que, contanto que, dado que,
condicionais necessária para que seja realizada ou não o fato a menos que, a não ser que.
principal.
Mais, menos, menor, maior, pior, melhor, seguidas de
Conjunções subornativas Introduzem uma oração que expressa uma
que ou do que. Qual depois de tal. Quanto depois de
comparativas comparação.
tanto. Como, assim como, como se, bem como, que nem.
Indicam uma oração em que se admite um
Conjunções subornativas Por mais que, por menos que, apesar de que, embora,
fato contrário à ação principal, mas incapaz de
concessivas conquanto, mesmo que, ainda que, se bem que.
impedí-la.
Introduzem uma oração, cujos acontecimentos
Conjunções subornativas são simultâneos, concomitantes, ou seja, À proporção que, ao passo que, à medida que, à
proporcionais ocorrem no mesmo espaço temporal daqueles proporção que.
contidos na outra oração.
Depois que, até que, desde que, cada vez que, todas
Conjunções subornativas Introduzem uma oração subordinada indicadora
as vezes que, antes que, sempre que, logo que, mal,
temporais de circunstância de tempo.
quando.
Introduzem uma oração na qual é indicada a Tal, tão, tamanho, tanto (em uma oração, seguida pelo
Conjunções subornativas
consequência do que foi declarado na oração que em outra oração). De maneira que, de forma que,
consecutivas
anterior. de sorte que, de modo que.
Conjunções subornativas Introduzem uma oração indicando a finalidade
A fim de que, para que.
finais da oração principal.

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— Numeral Coletivos: correspondem aos substantivos que exprimem


É a classe de palavra variável que exprime um número quantidades precisas, como dezena (10 unidades) ou dúzia (12
determinado ou a colocação de alguma coisa dentro de uma unidades). 
sequência. Os numerais podem ser: cardinais (um, dois, três), – Os numerais coletivos sofrem a flexão de número: unidade/
ordinais (primeiro, segundo, terceiro), fracionários (meio, terço, unidades, dúzia/dúzias, dezena/dezenas, centena/centenas. 
quarto) e multiplicativos (dobro, triplo, quádruplo). Antes de nos
aprofundarmos em cada caso, vejamos o emprego dos numerais, — Preposição
que tem três principais finalidades:  Essa classe de palavras cujo objetivo é marcar as relações
1 – Indicar leis e decretos: nesses casos, emprega-se o numeral gramaticais que outras classes (substantivos, adjetivos, verbos e
ordinal somente até o número nono; após, devem ser utilizados advérbios) exercem no discurso.  Por apenas marcarem algumas
os numerais cardinais. Exemplos: Parágrafo 9° (parágrafo nono); relações entre as unidades linguísticas dentro do enunciado,
Parágrafo 10 (Parágrafo 10).  as preposições não possuem significado próprio se isoladas no
2 – Indicar os dias do mês: nessas situações, empregam-se os discurso. Em razão disso, as preposições são consideradas classe
numerais cardinais, sendo que a única exceção é a indicação do gramatical dependente, ou seja, sua função gramatical (organização
primeiro dia do mês, para a qual deve-se utilizar o numeral ordinal. e estruturação) é principal, embora o desempenho semântico, que
Exemplos: dezesseis de outubro; primeiro de agosto.  gera significado e sentido, esteja presente, possui um valor menor.
3 – Indicar capítulos, séculos, capítulos, reis e papas: após o
substantivo emprega-se o numeral ordinal até o décimo; após o Classificação das preposições 
décimo utiliza-se o numeral cardinal. Exemplos: capítulo X (décimo); Preposições essenciais: são aquelas que só aparecem na língua
século IV (quarto); Henrique VIII (oitavo), Bento XVI (dezesseis).  propriamente como preposições, sem outra função. São elas: a,
antes, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante,
Os tipos de numerais  por (ou per, em dadas variantes geográficas ou históricas), sem,
Cardinais: são os números em sua forma fundamental e sob, sobre, trás.
exprimem quantidades. Exemplo 1 – ”Luís gosta de viajar.” e “Prefiro doce de coco.” Em
Exemplos: um dois, dezesseis, trinta, duzentos, mil.   ambas as sentenças, a preposição  de  manteve-se sempre sendo
– Alguns deles flexionam em gênero (um/uma, dois/duas, preposição, apesar de ter estabelecido relação entre unidades
quinhentos/quinhentas).  linguísticas diferentes, garantindo-lhes classificações distintas
– Alguns números cardinais variam em número, como é o caso: conforme o contexto. 
milhão/milhões, bilhão/bilhões, trilhão/trilhões, e assim por diante. 
– Apalavra ambos(as) é considerada um numeral cardinal, pois
significa os dois/as duas. Exemplo: Antônio e Pedro fizeram o teste, Exemplo 2 – “Estive com ele até o reboque chegar.” e “Finalizei
mas os dois/ambos foram reprovados.  o quadro com textura.”  Perceba que nas duas fases, a mesma
preposição tem significados distintos: na primeira, indica recurso/
Ordinais: indicam ordem de uma sequência (primeiro, segundo, instrumento; na segunda, exprime companhia. Por isso, afirma-se
décimo, centésimo, milésimo…), isto é, apresentam a ordem de que a preposição tem valor semântico, mesmo que secundário ao
sucessão e uma série, seja ela de seres, de coisas ou de objetos.  valor estrutural (gramática).
– Os numerais ordinais variam em gênero (masculino e
feminino) e número (singular e plural). Exemplos: primeiro/ Classificação das preposições 
primeira, primeiros/primeiras, décimo/décimos, décima/décimas, Preposições acidentais: são aquelas que, originalmente, não
trigésimo/trigésimos, trigésima/trigésimas.   apresentam função de preposição, porém, a depender do contexto,
– Alguns numerais ordinais possuem o valor de adjetivo. podem assumir essa atribuição.  São elas: afora, como, conforme,
Exemplo: A carne de segunda está na promoção.   durante, exceto, feito, fora, mediante, salvo, segundo, visto, entre
outras.
Fracionários: servem para indicar a proporções numéricas Exemplo: ”Segundo  o delegado, os depoimentos do
reduzidas, ou seja, para representar uma parte de um todo. suspeito apresentaram contradições.”  A palavra “segundo”, que,
Exemplos: meio ou metade (½), um quarto (um quarto (¼), três normalmente seria um numeral (primeiro, segundo, terceiro), ao
quartos (¾), 1/12 avos.   ser inserida nesse contexto, passou a ser uma preposição acidental,
– Os números fracionários flexionam-se em gênero (masculino por tem o sentido de “de acordo com”, “em conformidade com”.  
e feminino) e número (singular e plural). Exemplos: meio copo de
leite, meia colher de açúcar; dois quartos do salário-mínimo.    Locuções prepositivas 
Recebe esse nome o conjunto de palavras com valor e
Multiplicativos: esses numerais estabelecem relação entre emprego de uma preposição. As principais locuções prepositivas
um grupo, seja de coisas ou objetos ou coisas, ao atribuir-lhes uma são constituídas por advérbio  ou locução adverbial acrescido da
característica que determina o aumento por meio dos múltiplos. preposição de, a ou com. Confira algumas das principais locuções
Exemplos: dobro, triplo, undécuplo, doze vezes, cêntuplo.   prepositivas. 
– Em geral, os multiplicativos são invariáveis, exceto quando
atuam como adjetivo, pois, nesse caso, passam a flexionar número abaixo de de acordo junto a
e gênero (masculino e feminino). Exemplos: dose dupla de elogios,
duplos sentidos.  acerca de debaixo de junto de

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acima de de modo a não obstante


CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
a fim de dentro de para com
à frente de diante de por debaixo de
antes de embaixo de por cima de Visão Geral: sumariamente, as concordâncias verbal e nominal
estudam a sintonia entre os componentes de uma oração.
a respeito de em cima de por dentro de – Concordância verbal: refere-se ao verbo relacionado ao
atrás de em frente de por detrás de sujeito, sendo que o primeiro deve, obrigatoriamente, concordar
em número (flexão em singular e plural) e pessoa (flexão em 1a,
através de em razão de quanto a 2a, ou 3a pessoa) com o segundo. Isto é, ocorre quando o verbo é
com respeito a fora de sem embargo de flexionado para concordar com o sujeito.
– Concordância nominal: corresponde à harmonia em gênero
— Interjeição  (flexão em masculino e feminino) e número entre os vários nomes
É a palavra invariável ou sintagma que compõem frases que da oração, ocorrendo com maior frequência sobre os substantivos
manifestam por parte do emissor do enunciado uma surpresa, uma e o adjetivo. Em outras palavras, refere-se ao substantivo e suas
hesitação, um susto, uma emoção, um apelo, uma ordem, etc., formas relacionadas: adjetivo, numeral, pronome, artigo. Tal
por parte do emissor do enunciado. São as chamadas unidades concordância ocorre em gênero e pessoa
autônomas, que usufruem de independência em relação aos demais
elementos do enunciado.  As interjeições podem ser empregadas Casos específicos de concordância verbal
também para chamar exigir algo ou para chamar a atenção do Concordância verbal com o infinitivo pessoal: existem três
interlocutor e são unidades cuja forma pode sofrer variações como:  situações em que o verbo no infinitivo é flexionado:
– Locuções interjetivas: são formadas por grupos e palavras I – Quando houver um sujeito definido;
que, associadas, assumem o valor de interjeição. Exemplos: “Ai de II – Sempre que se quiser determinar o sujeito;
mim!”, “Minha nossa!” Cruz credo!”.  III – Sempre que os sujeitos da primeira e segunda oração
– Palavras da língua: “Eita!” “Nossa!”  forem distintos.
– Sons vocálicos: “Hum?!”, “Ué!”, “Ih…!» 
Observe os exemplos:
Os tipos de interjeição “Eu pedir para eles fazerem a solicitação.”
De acordo com as reações que expressam, as interjeições “Isto é para nós solicitarmos.”
podem ser de:
Concordância verbal com o infinitivo impessoal: não há flexão
verbal quando o sujeito não for definido, ou sempre que o sujeito
ADMIRAÇÃO “Ah!”, “Oh!”, “Uau!” da segunda oração for igual ao da primeira oração, ou mesmo
ALÍVIO “Ah!, “Ufa!” em locuções verbais, com verbos preposicionados e com verbos
imperativos.
ANIMAÇÃO “Coragem!”, “Força!”, “Vamos!”
APELO “Ei!”, “Oh!”, “Psiu!” Exemplos:
“Os membros conseguiram fazer a solicitação.”
APLAUSO “Bravo!”, “Bis!” “Foram proibidos de realizar o atendimento.”
DESPEDIDA/SAUDAÇÃO “Alô!”, “Oi!”, “Salve!”, “Tchau!” Concordância verbal com verbos impessoais: nesses casos,
verbo ficará sempre em concordância com a 3a pessoa do singular,
DESEJO “Tomara!” tendo em vista que não existe um sujeito.
DOR “Ai!”, “Ui!” Observe os casos a seguir:
– Verbos que indicam fenômenos da natureza, como anoitecer,
DÚVIDA “Hã?!”, “Hein?!”, “Hum?!”
nevar, amanhecer.
ESPANTO “Eita!”, “Ué!” Exemplo: “Não chove muito nessa região” ou “Já entardeceu.»
IMPACIÊNCIA
“Puxa!” – O verbo haver com sentido de existir. Exemplo: “Havia duas
(FRUSTRAÇÃO)
professoras vigiando as crianças.”
IMPOSIÇÃO “Psiu!”, “Silêncio!” – O verbo fazer indicando tempo decorrido. Exemplo: “Faz
SATISFAÇÃO “Eba!”, “Oba!” duas horas que estamos esperando.”
SUSPENSÃO “Alto lá!”, “Basta!”, “Chega!” Concordância verbal com o verbo ser: diante dos pronomes
tudo, nada, o, isto, isso e aquilo como sujeito, há concordância
verbal com o predicativo do sujeito, podendo o verbo permanecer
no singular ou no plural:
– “Tudo que eu desejo é/são férias à beira-mar.”
– “Isto é um exemplo do que o ocorreria.” e “Isto são exemplos
do que ocorreria.”
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Concordância verbal com pronome relativo quem: o verbo, ou faz concordância com o termo precedente ao pronome, ou permanece
na 3a pessoa do singular:
– “Fui eu quem solicitou.» e “Fomos nós quem solicitou.»

Concordância verbal com pronome relativo que: o verbo concorda com o termo que antecede o pronome:
– “Foi ele que fez.» e “Fui eu que fiz.»
– “Foram eles que fizeram.” e “Fomos nós que fizemos.»

Concordância verbal com a partícula de indeterminação do sujeito se: nesse caso, o verbo cria concordância com a 3a pessoa do
singular sempre que a oração for constituída por verbos intransitivos ou por verbos transitivos indiretos:
– «Precisa-se de cozinheiro.” e «Precisa-se de cozinheiros.”

Concordância com o elemento apassivador se: aqui, verbo concorda com o objeto direto, que desempenha a função de sujeito
paciente, podendo aparecer no singular ou no plural:
– Aluga-se galpão.” e “Alugam-se galpões.”

Concordância verbal com as expressões a metade, a maioria, a maior parte: preferencialmente, o verbo fará concordância com a 3°
pessoa do singular. Porém, a 3a pessoa do plural também pode ser empregada:
– “A maioria dos alunos entrou” e “A maioria dos alunos entraram.”
– “Grande parte das pessoas entendeu.” e “Grande parte das pessoas entenderam.”

Concordância nominal muitos substantivos: o adjetivo deve concordar em gênero e número com o substantivo mais próximo, mas
também concordar com a forma no masculino plural:
– “Casa e galpão alugado.” e “Galpão e casa alugada.”
– “Casa e galpão alugados.” e “Galpão e casa alugados.”

Concordância nominal com pronomes pessoais: o adjetivo concorda em gênero e número com os pronomes pessoais:
– “Ele é prestativo.” e “Ela é prestativa.”
– “Eles são prestativos.” e “Elas são prestativas.”

Concordância nominal com adjetivos: sempre que existir dois ou mais adjetivos no singular, o substantivo permanece no singular, se
houver um artigo entre os adjetivos. Se o artigo não aparecer, o substantivo deve estar no plural:
– “A blusa estampada e a colorida.” e “O casaco felpudo e o xadrez.”
– “As blusas estampada e colorida.” e “Os casacos felpudo e xadrez.”

Concordância nominal com é proibido e é permitido: nessas expressões, o adjetivo flexiona em gênero e número, sempre que houver
um artigo determinando o substantivo. Caso não exista esse artigo, o adjetivo deve permanecer invariável, no masculino singular:
– “É proibida a circulação de pessoas não identificadas.” e “É proibido circulação de pessoas não identificadas.”
– “É permitida a entrada de crianças.” e “É permitido entrada de crianças acompanhadas.”

Concordância nominal com menos: a palavra menos permanece é invariável independente da sua atuação, seja ela advérbio ou
adjetivo:
– “Menos pessoas / menos pessoas”.
– “Menos problema /menos problemas.”

Concordância nominal com muito, pouco, bastante, longe, barato, meio e caro: esses termos instauram concordância em gênero e
número com o substantivo quando exercem função de adjetivo:
– “Tomei bastante suco.” e “Comprei bastantes frutas.”
– “A jarra estava meia cheia.” e “O sapato está meio gasto”.
– “Fizemos muito barulho.” e “Compramos muitos presentes.”

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL

Visão geral: na Gramática, regência é o nome dado à relação de subordinação entre dois termos. Quando, em um enunciado ou
oração, existe influência de um tempo sobre o outro, identificamos o que se denomina termo determinante, essa relação entre esses
termos denominamos regência.

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— Regência Nominal
É a relação entre um nome o seu complemento por meio de uma preposição. Esse nome pode ser um substantivo, um adjetivo ou um
advérbio e será o termo determinante.
O complemento preenche o significado do nome, cujo sentido estaria impreciso ou ambíguo se não fosse pelo complemento.
Observe os exemplos:
“A nova entrada é acessível a cadeirantes.” 
“Eu tenho o sonho de viajar para o nordeste.”
“Ele é perito em investigações como esta.”

Na primeira frase, adjetivo “acessível” exige a preposição a, do contrário, seu sentido ficaria incompleto. O mesmo ocorre com os
substantivos “sonho“ e “perito”, nas segunda e terceira frases, em que os nomes exigem as preposições de e em para completude de seus
sentidos. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem uma preposição
para que seu sentido seja completo. 

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO A


acessível a cego a fiel a nocivo a
agradável a cheiro a grato a oposto a
alheio a comum a horror a perpendicular a
análogo a contrário a idêntico a posterior a
anterior a desatento a inacessível a prestes a
apto a equivalente a indiferente a surdo a
atento a estranho a inerente a visível a
avesso a favorável a necessário a

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO POR


admiração por devoção por responsável por
ansioso por respeito por

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO DE


sedento
amante de cobiçoso de digno de inimigo de natural de
de
amigo de contemporâneo de dotado de livre de obrigação de seguro de
ávido de desejoso de fácil de longe de orgulhoso de sonho de
capaz de diferente de impossível de louco de passível de
cheio de difícil de incapaz de maior de possível de

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO EM


doutor em hábil em interesse em negligente em primeiro em
exato em incessante em lento em parco em versado em
firme em indeciso em morador em perito em

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO PARA


apto para essencial para mau para
bastante para impróprio para pronto para
bom para inútil para próprio para

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REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO COM


amoroso com compatível com descontente com intolerante com
aparentado com cruel com furioso com liberal com
caritativo com cuidadoso com impaciente com solícito com

— Regência Verbal 
Os verbos são os termos regentes, enquanto os objetos (direto e indireto) e adjuntos adverbiais são os termos regidos. Um verbo
possui a mesma regência do nome do qual deriva.

Observe as duas frases:


I – “Eles irão ao evento.” O verbo ir requer a preposição a (quem vai, vai a algum lugar), e isso o classifica como verbo transitivo direto;
“ao evento” são os termos regidos pelo verbo, isto é, constituem seu complemento.  
II – “Ela mora em região pantanosa.” O verbo morar exige a preposição em (quem mora mora em algum lugar), portanto, é verbo
transitivo indireto.  

No sentido de / pela REGE


VERBO EXEMPLO
transitividade PREPOSIÇÃO?
ajudar, dar assistência NÃO “Por favor, assista o time.”
Assistir ver SIM “Você assistiu ao jogo?”
pertencer SIM “Assiste aos cidadãos o direito de protestar.”
valor, preço NÃO “Esse imóvel custa caro.”
Custar
desafio, dano, peso moral SIM “Dizer a verdade custou a ela.”
fundamento / verbo
NÃO “Isso não procede.”
Proceder instransitivo
origem SIM “Essa conclusão procede de muito vivência.”
finalidade, objetivo SIM “Visando à garantia dos direitos.”
Visar
avistar, enxergar NÃO “O vigia logo visou o suspeito.”
desejo NÃO “Queremos sair cedo.”
Querer
estima SIM “Quero muito aos meus sogros.”
pretensão SIM “Aspiro a ascensão política.”
Aspirar
absorção ou respiração NÃO “Evite aspirar fumaça.”
consequência / verbo
NÃO “A sua solicitação implicará alteração do meu trajeto.”
Implicar transitivo direto
insistência, birra SIM “Ele implicou com o cachorro.”
convocação NÃO “Chame todos!”
“Chamo a Talita de Tatá.”
Chamar Rege complemento, com “Chamo Talita de Tatá.”
apelido
e sem preposição “Chamo a Talita Tatá.”
“Chamo Talita Tatá.”
o que se paga NÃO “Paguei o aluguel.”
Pagar
a quem se paga SIM “Pague ao credor.”
quem chega, chega a algum
Chegar lugar / verbo transitivo SIM “Quando chegar ao local, espere.”
indireto
quem obedece a algo /
Obedecer SIM “Obedeçam às regras.”
alguém / transitivo indireto
Esquecer verbo transitivo direito NÃO “Esqueci as alianças.”

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... exige um
verbo transitivo direito e
Informar complemento sem e “Informe o ocorrido ao gerente.”
indireto, portanto...
outro com preposição
quem vai vai a algum lugar /
Ir SIM “Vamos ao teatro.”
verbo transitivo indireto
Quem mora em algum lugar “Eles moram no interior.”
Morar SIM
(verbo transitivo indireto) (Preposição “em” + artigo “o”).
Namorar verbo transitivio direito NÃO “Júlio quer namorar Maria.”
verbo bi transitivo (direto e
Preferir SIM “Prefira assados a frituras.”
indireto)
quem simpatiza simpatiza
Simpatizar com algo/ alguém/ verbo SIM “Simpatizei-me com todos.”
transitivo indireto

COLOCAÇÃO PRONOMINAL

A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do pronome
antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou após
o verbo – ênclise.
De acordo com a norma culta, no português escrito não se inicia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na linguagem
falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita, formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas não
forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que prejudique a eufonia da frase.

Próclise
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.
Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade.
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pacientemente.
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise: Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito anteposto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não sejam reduzidas: Percebia que o observavam.
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando, tudo dá.
Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus intentos são para nos prejudicarem.

Ênclise
Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.
Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do indicativo: Trago-te flores.
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela preposição em: Saí, deixando-a aflita.
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise: Apres-
sei-me a convidá-los.

Mesóclise
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no futuro do pretérito que iniciam a oração.
Dir-lhe-ei toda a verdade.
Far-me-ias um favor?

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Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de – O a dos pronomes relativos a qual e as quais: “São pessoas às
qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise. quais devemos o maior respeito e consideração”.
Eu lhe direi toda a verdade.
Tu me farias um favor? Perceba que a incidência da crase está sujeita à presença de
duas vogais a (preposição + artigo ou preposição + pronome) na
Colocação do pronome átono nas locuções verbais construção sintática.
Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal
não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve- Técnicas para o emprego da crase
rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal. 1 – Troque o termo feminino por um masculino, de classe
Exemplos: semelhante. Se a combinação ao aparecer, ocorrerá crase diante da
Devo-lhe dizer a verdade. palavra feminina.
Devo dizer-lhe a verdade. Exemplos:
“Não conseguimos chegar ao hospital / à clínica.”
Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes “Preferiu a fruta ao sorvete / à torta.”
do auxiliar ou depois do principal. “Comprei o carro / a moto.”
Exemplos: “Irei ao evento / à festa.”
Não lhe devo dizer a verdade.
Não devo dizer-lhe a verdade. 2 – Troque verbos que expressem a noção de movimento (ir, vir,
chegar, voltar, etc.) pelo verbo voltar. Se aparecer a preposição da,
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise, ocorrerá crase; caso apareça a preposição de, o acento grave não
o pronome átono ficará depois do auxiliar. deve ser empregado.
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade. Exemplos:
“Vou a São Paulo. / Voltei de São Paulo.”
Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do “Vou à festa dos Silva. / Voltei da Silva.”
auxiliar. “Voltarei a Roma e à Itália. / Voltarei de Roma e da Itália.”
Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.
3 – Troque o termo regente da preposição a por um que
Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois estabeleça a preposição por, em ou de. Caso essas preposições não
do infinitivo. se façam contração com o artigo, isto é, não apareçam as formas
Exemplos: pela(s), na(s) ou da(s), a crase não ocorrerá.
Hei de dizer-lhe a verdade. Exemplos:
Tenho de dizer-lhe a verdade. “Começou a estudar (sem crase) – Optou por estudar / Gosta
de estudar / Insiste em estudar.”
Observação “Refiro-me à sua filha (com crase) – Apaixonei-me pela sua
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções: filha / Gosto da sua filha / Votarei na sua filha.”
Devo-lhe dizer tudo. “Refiro-me a você. (sem crase) – Apaixonei-me por você /
Estava-lhe dizendo tudo. Gosto de você / Penso em você.”
Havia-lhe dito tudo.
4 – Tratando-se de locuções, isto é, grupo de palavras que
expressam uma única ideia, a crase somente deve ser empregada
CRASE se a locução for iniciada por preposição e essa locução tiver como
núcleo uma palavra feminina, ocorrerá crase.
Exemplos:
Definição: na gramática grega, o termo quer dizer “mistura “ou “Tudo às avessas.”
“contração”, e ocorre entre duas vogais, uma final e outra inicial, “Barcos à deriva.”
em palavras unidas pelo sentido. Basicamente, desse modo: a
(preposição) + a (artigo feminino) = aa à; a (preposição) + aquela 5 – Outros casos envolvendo locuções e crase:
(pronome demonstrativo feminino) = àquela; a (preposição) + Na locução «à moda de”, pode estar implícita a expressão
aquilo (pronome demonstrativo feminino) = àquilo. Por ser a junção “moda de”, ficando somente o à explícito.
das vogais, a crase, como regra geral, ocorre diante de palavras Exemplos:
femininas, sendo a única exceção os pronomes demonstrativos “Arroz à (moda) grega.”
aquilo e aquele, que recebem a crase por terem “a” como sua vogal “Bife à (moda) parmegiana.”
inicial. Crase não é o nome do acento, mas indicação do fenômeno
de união representado pelo acento grave. Nas locuções relativas a horários, ocorra crase apenas no caso
A crase pode ser a contração da preposição a com: de horas especificadas e definidas: Exemplos:
– O artigo feminino definido a/as: “Foi à escola, mas não “À uma hora.”
assistiu às aulas.” “Às cinco e quinze”.
– O pronome demonstrativo a/as: “Vá à paróquia central.”
– Os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo:
“Retorne àquele mesmo local.”
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2. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Técnico Judiciário - Área


QUESTÕES Administrativa- Atenção: Para responder à questão, leia a crônica
“Tatu”, de Carlos Drummond de Andrade.

1. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Analista Judiciário - Biblio- O luar continua sendo uma graça da vida, mesmo depois que
teconomia- O rio de minha terra é um deus estranho. o pé do homem pisou e trocou em miúdos a Lua, mas o tatu pensa
Ele tem braços, dentes, corpo, coração, de outra maneira. Não que ele seja insensível aos amavios do ple-
muitas vezes homicida, nilúnio; é sensível, e muito. Não lhe deixam, porém, curtir em paz
foi ele quem levou o meu irmão. a claridade noturna, de que, aliás, necessita para suas expedições
de objetivo alimentar. Por que me caçam em noites de lua cheia,
É muito calmo o rio de minha terra. quando saio precisamente para caçar? Como prover a minha sub-
sistência, se de dia é aquela competição desvairada entre bichos,
Suas águas são feitas de argila e de mistérios. como entre homens, e de noite não me dão folga?
Nas solidões das noites enluaradas Isso aí, suponho, é matutado pelo tatu, e se não escapa do in-
a maldição de Crispim desce terior das placas de sua couraça, em termos de português, é porque
sobre as águas encrespadas. o tatu ignora sabiamente os idiomas humanos, sem exceção, além
de não acreditar em audiência civilizada para seus queixumes. A
O rio de minha terra é um deus estranho. armadura dos bípedes é ainda mais invulnerável que a dele, e não
há sensibilidade para a dor ou a problemática do tatu.
Um dia ele deixou o monótono caminhar de corpo mole Meu amigo andou pelas encostas do Corcovado, em noite de
para subir as poucas rampas do seu cais. prata lunal, e conseguiu, por artimanhas só dele sabidas, capturar
Foi conhecendo o movimento da cidade, vivo um tatu distraído. É, distraído. Do contrário não o pegaria. Es-
a pobreza residente nas taperas marginais. tava imóvel, estático, fruindo o banho de luz na folhagem, essa ou-
tra cor que as cores assumem debaixo da poeira argentina da Lua.
Pois tão irado e tão potente fez-se o rio Esquecido das formigas, que lhe cumpria pesquisar e atacar, como
que todo um povo se juntou para enfrentá-lo. quem diz, diante de um motivo de prazer: “Daqui a pouco eu vou
Mas ele prosseguiu indiferente, trabalhar; só um minuto mais, alegria da vida”, quedou-se à mercê
carregando no seu dorso bois e gente, de inimigos maiores. Sem pressentir que o mais temível deles anda-
até roçados de arroz e de feijão. va por perto, em horas impróprias à deambulação de um professor
universitário.
Na sua obstinada e galopante caminhada, − Mas que diabo você foi fazer naqueles matos, de madruga-
destruiu paredes, casas, barricadas, da?
deixando no percurso mágoa e dor. − Nada. Estava sem sono, e gosto de andar a esmo, quando
todos roncam.
Depois subiu os degraus da igreja santa Sem sono e sem propósito de agredir o reino animal, pois é de
e postou-se horas sob os pés do Criador. feitio manso, mas o velho instinto cavernal acordou nele, ao sentir
qualquer coisa a certa distância, parecida com a forma de um bicho.
E desceu devagarinho, até deitar-se Achou logo um cipó bem forte, pedindo para ser usado na caça;
novamente no seu leito. e jamais tendo feito um laço de caçador, soube improvisá-lo com
perícia de muitos milhares de anos (o que a universidade esconde,
Mas toda noite o seu olhar de rio nas profundas camadas do ser, e só permite que venha aflorar em
fica boiando sob as luzes da cidade. noite de lua cheia!).
(Adaptado de: MORAES, Herculano. O rio da minha Aproximou-se sutil, laçou de jeito o animal desprevenido. O
terra. Disponível em: https://www.escritas.org) coitado nem teve tempo de cravar as garras no laçador. Quando
agiu, já este, num pulo, desviara o corpo. Outra volta no laço. E ou-
No trecho até roçados de arroz e de feijão, o termo “até” clas- tra. Era fácil para o tatu arrebentar o cipó com a força que a natu-
sifica-se como reza depositou em suas extremidades. Mas esse devia ser um tatu
(A) pronome. meio parvo, e se embaraçou em movimentos frustrados. Ou o sere-
(B) preposição. no narrador mentiu, sei lá. Talvez o tenha comprado numa dessas
(C) artigo. casas de suplício que há por aí, para negócio de animais. Talvez na
(D) advérbio. rua, a um vendedor de ocasião, quando tudo se vende, desde o
(E) conjunção. mico à alma, se o PM não ronda perto.
Não importa. O caso é que meu amigo tem em sua casa um
tatu que não se acomodou ao palmo de terra nos fundos da casa e
tratou de abrigar longa escavação que o conduziu a uma pedreira,
e lá faz greve de fome. De lá não sai, de lá ninguém o tira. A noite
perdeu para ele seu encanto luminoso. A ideia de levá-lo para o
zoológico, aventada pela mulher do caçador, não frutificou. Melhor
reconduzi-lo a seu hábitat, mas o tatu se revela profundamente
contrário a qualquer negociação com o bicho humano, que pensa
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a solução para o seu concurso!
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em apelar para os bombeiros a fim de demolir o metrô tão rapi- (D) personificar a complexa conjunção entre força poética e
damente feito, ao contrário do nosso, urbano, e salvar o infeliz. O marginalidade social.
tatu tem razões de sobra para não confiar no homem e no luar do (E) promover a felicidade que pode desfrutar quem não está
Corcovado. comprometido com nada.
Não é fábula. Eu compreendo o tatu.
4. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Técnico Judiciário - Tecno-
(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond. Os dias lindos. São Paulo: logia da Informação-
Companhia das Letras, 2013) A independência política em 1822 não trouxe muitas novida-
des em termos institucionais, mas consolidou um objetivo claro,
No desfecho da crônica, o cronista revela, em relação ao tatu, qual seja: estruturar e justificar uma nova nação.
um sentimento de A tarefa não era pequena e quem a assumiu foi o Instituto His-
(A) empatia. tórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), que, aberto em 1838, no Rio
(B) desconfiança. de Janeiro, logo deixaria claras suas principais metas: construir uma
(C) superioridade. história que elevasse o passado e que fosse patriótica nas suas pro-
(D) soberba. posições, trabalhos e argumentos.
(E) desdém. Para referendar a coerência da filosofia que inaugurou o IHGB,
basta prestar atenção no primeiro concurso público por lá orga-
3. FCC - 2022 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário - Área nizado. Em 1844, abriam-se as portas para os candidatos que se
Administrativa- dispusessem a discorrer sobre uma questão espinhosa: “Como se
Melancolia e criatividade deve escrever a história do Brasil”. Tratava-se de inventar uma nova
história do e para o Brasil. Foi dado, então, um pontapé inicial, e
Desde sempre o sentimento da melancolia gozou de má fama. fundamental, para a disciplina que chamaríamos, anos mais tarde,
O melancólico é costumeiramente tomado como um ser desanima- e com grande naturalidade, de “História do Brasil”.
do, depressivo, “pra baixo”, em suma: um chato que convém evitar. A singularidade da competição também ficou associada a seu
Mas é uma fama injusta: há grandes melancólicos que fazem grande resultado e à divulgação do nome do vencedor. O primeiro lugar,
arte com sua melancolia, e assim preenchem a vida da gente, como nessa disputa histórica, foi para um estrangeiro − o conhecido na-
uma espécie de contrabando da tristeza que a arte transforma em turalista bávaro Karl von Martius (1794-1868), cientista de ilibada
beleza. “Pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de importância, embora novato no que dizia respeito à história em
tristeza”, já defendeu o poeta Vinícius de Moraes, na letra de um geral e àquela do Brasil em particular − , o qual advogou a tese de
conhecido samba seu. que o país se definia por sua mistura, sem igual, de gentes e po-
Mas a melancolia não para nos sambas: ela desde sempre ani- vos. Utilizando a metáfora de um caudaloso rio, correspondente à
ma a literatura, a música, a pintura, o cinema, as artes todas. Ani- herança portuguesa que acabaria por “limpar” e “absorver os pe-
ma, sim: tanto anima que a gente gosta de voltar a ver um bom quenos confluentes das raças índia e etiópica”, representava o país
filme melancólico, revisitar um belo poema desesperançado, ouvir a partir da singularidade e dimensão da mestiçagem de povos por
uma vez mais um inspirado noturno para piano. Ou seja: os artis- aqui existentes.
tas melancólicos fazem de sua melancolia a matéria-prima de uma A essa altura, porém, e depois de tantos séculos de vigência
obra-prima. Sorte deles, nossa e da própria melancolia, que é as- de um sistema violento como o escravocrata, era no mínimo com-
sim resgatada do escuro do inferno para a nitidez da forma artística plicado simplesmente exaltar a harmonia. Além do mais, indígenas
bem iluminada. continuavam sendo dizimados no litoral e no interior do país.
Confira: seria possível haver uma história da arte que deixasse Martius, que em 1832 havia publicado um ensaio chamado “O
de falar das grandes obras melancólicas? Por certo se perderia a estado do direito entre os autóctones no Brasil”, condenando os
parte melhor do nosso humanismo criativo, que sabe fazer de uma indígenas ao desaparecimento, agora optava por definir o país por
dor um objeto aberto ao nosso reconhecimento prazeroso. Charles meio da redentora metáfora fluvial. Três longos rios resumiriam a
Chaplin, ao conceber Carlitos, dotou essa figura humana inesque- nação: um grande e caudaloso, formado pelas populações brancas;
cível da complexa composição de fracasso, melancolia, riso, esper- outro um pouco menor, nutrido pelos indígenas; e ainda outro,
teza e esperança. O vagabundo sem destino, que vive a apanhar da mais diminuto, alimentado pelos negros.
vida, ganhou de seu criador o condão de emocionar o mundo não Ali estavam, pois, os três povos formadores do Brasil; todos
com feitos gloriosos, mas com a resistente poesia que o faz enfren- juntos, mas (também) diferentes e separados. Mistura não era (e
tar a vida munido da força interior de um melancólico disposto a nunca foi) sinônimo de igualdade. Essa era uma ótima maneira de
trilhar com determinação seu caminho, ainda que no rumo a um “inventar” uma história não só particular (uma monarquia tropical
horizonte incerto. e mestiçada) como também muito otimista: a água que corria re-
(Humberto Couto Villares, a publicar) presentava o futuro desse país constituído por um grande rio cau-
daloso no qual desaguavam os demais pequenos afluentes.
No terceiro parágrafo, a personagem Carlitos é invocada para É possível dizer que começava a ganhar força então a ladainha
(A) dar um sentido de nobreza a todas as experiências de fra- das três raças formadoras da nação, que continuaria encontrando
casso humano. ampla ressonância no Brasil, pelo tempo afora.
(B) testemunhar a determinação de um indivíduo em alcançar (Adaptado de: SCHWARCZ, Lilia Moritz. Sobre o autoritarismo brasilei-
seus altos objetivos. ro. São Paulo: Companhia das Letras, 2019)
(C) indicar a possibilidade da transformação sistemática da dor
em franca alegria.
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O verbo sublinhado no segmento Mistura não era (e nunca foi) 6. FCC - 2022 - SEDU-ES - Professor MaPB - Ensino Fundamental
sinônimo de igualdade está flexionado nos mesmos tempo e modo e Médio - Língua Portuguesa-
que o sublinhado em: Ai de ti, Ipanema
(A) a disciplina que chamaríamos, anos mais tarde, e com gran-
de naturalidade Há muitos anos, Rubem Braga começava assim uma de suas
(B) Três longos rios resumiriam a nação mais famosas crônicas: “Ai de ti, Copacabana, porque eu já fiz o si-
(C) O primeiro lugar, nessa disputa histórica, foi para um es- nal bem claro de que é chegada a véspera de teu dia, e tu não viste;
trangeiro porém minha voz te abalará até as entranhas.” Era uma exortação
(D) A independência política em 1822 não trouxe muitas novi- bíblica, apocalíptica, profética, ainda que irônica e hiperbólica. “En-
dades tão quem especulará sobre o metro quadrado de teu terreno? Pois
(E) a água que corria representava o futuro desse país na verdade não haverá terreno algum.”
Na sua condenação, o Velho Braga antevia os sinais da degrada-
5. FCC - 2022 - DPE-AM - Analista Jurídico de Defensoria - Ci- ção e da dissolução moral de um bairro prestes a ser tragado pelo
ências Jurídicas- Atenção: Considere o texto abaixo, do pensador pecado e afogado pelo oceano, sucumbindo em meio às abjeções e
francês Voltaire (1694-1778), para responder à questão. ao vício: “E os escuros peixes nadarão nas tuas ruas e a vasa fétida
das marés cobrirá tua face”.
O preço da justiça A praia já chamada de “princesinha do mar”, coitada, inofen-
siva e pura, era então, como Ipanema seria depois, a síntese mítica
Vós, que trabalhais na reforma das leis, pensai, assim como do hedonismo carioca, mais do que uma metáfora, uma metonímia.
grande jurisconsulto Beccaria, se é racional que, para ensinar os No fim dos anos 50, Copacabana era o éden não contaminado
homens a detestar o homicídio, os magistrados sejam homicidas e ainda pelos plenos pecados, eram tempos idílicos e pastorais, a era
matem um homem em grande aparato. da inocência, da bossa nova, dos anos dourados de JK, de Garrin-
Vede se é necessário matá-lo quando é possível puni-lo de ou- cha. Digo eu agora: Ai de ti, Ipanema, que perdeste a inocência e
tra maneira, e se cabe empregar um de vossos compatriotas para o sossego, e tomaste o lugar de Copacabana, e não percebeste os
massacrar habilmente outro compatriota. [...] Em qualquer circuns- sinais que não são mais simbólicos: o emissário submarino se rom-
tância, condenai o criminoso a viver para ser útil: que ele trabalhe pendo, as águas poluídas, as valas negras, as agressões, os assaltos,
continuamente para seu país, porque ele prejudicou o seu país. É o medo e a morte.
preciso reparar o prejuízo; a morte não repara nada. (Adaptado de: VENTURA, Zuenir. Crônicas de um fim de século. Rio de
Talvez alguém vos diga: “O senhor Beccaria está enganado: a Janeiro: Objetiva, 1999, p. 166/167)
preferência que ele dá a trabalhos penosos e úteis, que durem toda
a vida, baseia-se apenas na opinião de que essa longa e ignominio- Ao qualificar a linguagem de Rubem Braga em sua crônica “Ai
sa pena é mais terrível que a morte, pois esta só é sentida por um de ti, Copacabana”, Zuenir Ventura se vale dos termos exortação e
momento”. condenação, para reconhecer no texto do Velho Braga,
Não se trata de discutir qual é a punição mais suave, porém (A) a tonalidade grave de uma invectiva.
a mais útil. O grande objetivo, como já dissemos em outra passa- (B) a informalidade de um discurso emocional.
gem, é servir o público; e, sem dúvida, um homem votado todos os (C) o coloquialismo de um lírico confessional.
dias de sua vida a preservar uma região da inundação por meio de (D) a retórica argumentativa dos clássicos.
diques, ou a abrir canais que facilitem o comércio, ou a drenar pân- (E) a força épica de uma celebração.
tanos infestados, presta mais serviços ao Estado que um esqueleto
a pendular de uma forca numa corrente de ferro, ou desfeito em 7. FCC - 2022 - TRT - 23ª REGIÃO (MT) - Analista Judiciário - Área
pedaços sobre uma roda de carroça. Administrativa-
(VOLTAIRE. O preço da justiça. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Crimes ditos “passionais”
Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 18-20)
A história da humanidade registra poucos casos de mulheres
Voltaire acusa o sentido contraditório de um determinado po- que mataram por se sentirem traídas ou desprezadas. Não sabe-
sicionamento ao referir-se a ele nestes segmentos: mos, ainda, se a emancipação feminina irá trazer também esse tipo
(A) massacrar habilmente um compatriota / detestar o homi- de igualdade: a igualdade no crime e na violência. Provavelmente,
cídio não. O crime dado como passional costuma ser uma reação daque-
(B) matem um homem / em grande aparato le que se sente “possuidor” da vítima. O sentimento de posse, por
(C) Beccaria está enganado / o grande objetivo é servir o pú- sua vez, decorre não apenas do relacionamento sexual, mas tam-
blico bém do fator econômico: o homem é, em boa parte dos casos, o
(D) presta mais serviços ao Estado / trabalhos penosos e úteis responsável maior pelo sustento da casa. Por tudo isso, quando ele
(E) servir ao público / preservar uma região da inundação se vê contrariado, repelido ou traído, acha-se no direito de matar.
O que acontece com os homens que matam mulheres quan-
do são levados a julgamento? São execrados ou perdoados? Como
reage a sociedade e a Justiça brasileiras diante da brutalidade que
se tenta justificar como resultante da paixão? Há decisões estapa-
fúrdias, sentenças que decorrem mais em função da eloquência dos
advogados e do clima emocional prevalecente entre os jurados do
que das provas dos autos.
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Vejam-se, por exemplo, casos de crimes passionais cujos res- (C) Ao detectar, em nossos dias tão agitados o vírus da pressa,
ponsáveis acabaram sendo inocentados com o argumento de que que contamina, não apenas o tempo do trabalho mas também
houve uma “legítima defesa da honra”, que não existe na lei. Os o tempo de outras ocupações, o autor mostra seu temor de
motivos que levam o criminoso passional a praticar o ato delituoso que, se assim continuar nossa civilização, se degradará.
têm mais a ver com os sentimentos de vingança, ódio, rancor, frus- (D) Ao detectar em nossos dias tão agitados, o vírus da pressa
tração, vaidade ferida, narcisismo maligno, prepotência, egoísmo que contamina, não apenas o tempo do trabalho mas, também
do que com o verdadeiro sentimento de honra. o tempo, de outras ocupações, o autor mostra seu temor de
A evolução da posição da mulher na sociedade e o desmo- que, se assim continuar nossa civilização se degradará.
ronamento dos padrões patriarcais tiveram grande repercussão nas (E) Ao detectar em nossos dias tão agitados o vírus, da pressa
decisões judiciais mais recentes, sobretudo nos crimes passionais. que contamina não apenas o tempo do trabalho, mas também
A sociedade brasileira vem se dando conta de que mulheres não o tempo de outras ocupações, o autor mostra, seu temor, de
podem ser tratadas como cidadãs de segunda categoria, submeti- que, se assim continuar nossa civilização se degradará.
das ao poder de homens que, com o subterfúgio da sua “paixão”,
vinham assumindo o direito de vida e morte sobre elas. 9. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário
(Adaptado de: ELUF, Luiza Nagib. A paixão no banco dos réus. São
- Área Judiciária
Paulo: Saraiva, 2002, XI-XIV, passim)
O meu ofício
É inteiramente regular a pontuação do seguinte período:
O meu ofício é escrever, e sei bem disso há muito tempo. Espe-
(A) A autora do texto reclama, com senso de justiça que não se
ro não ser mal-entendida: não sei nada sobre o valor daquilo que
considere passional um crime movido pelo rancor, e pelo ódio.
posso escrever. Quando me ponho a escrever, sinto-me extraordi-
(B) Como reage, a sociedade, quando se vê diante desses cri-
nariamente à vontade e me movo num elemento que tenho a im-
mes em que, a paixão alegada, vale como uma atenuante.
pressão de conhecer extraordinariamente bem: utilizo instrumen-
(C) Tratadas há muito, como cidadãs de segunda classe, as mu-
tos que me são conhecidos e familiares e os sinto bem firmes em
lheres, aos poucos, têm garantido seus direitos fundamentais.
minhas mãos. Se faço qualquer outra coisa, se estudo uma língua
(D) Não é a paixão, mas sim, os motivos mais torpes, que es-
estrangeira, se tento aprender história ou geografia, ou tricotar
tão na raiz mesma, dos crimes hediondos apresentados como
uma malha, ou viajar, sofro e me pergunto como é que os outros
passionais.
conseguem fazer essas coisas. E tenho a impressão de ser cega e
(E) Há advogados cuja retórica, encenada em tom emocional,
surda como uma náusea dentro de mim.
acaba por convencer o júri, inocentando assim um frio crimi-
Já quando escrevo nunca penso que talvez haja um modo mais
noso.
correto, do qual os outros escritores se servem. Não me importa
nada o modo dos outros escritores. O fato é que só sei escrever
8. FCC - 2022 - DPE-AM - Analista Jurídico de Defensoria - Ciên-
histórias. Se tento escrever um ensaio de crítica ou um artigo sob
cias Jurídicas Considere o texto abaixo para responder à questão.
encomenda para um jornal, a coisa sai bem ruim. O que escrevo
nesses casos tenho de ir buscar fora de mim. E sempre tenho a sen-
[Viver a pressa]
sação de enganar o próximo com palavras tomadas de empréstimo
ou furtadas aqui e ali.
Há uma continuidade entre a lógica intensamente competitiva
Quando escrevo histórias, sou como alguém que está em seu
e calculista do mundo do trabalho e aquilo que somos e fazemos
país, nas ruas que conhece desde a infância, entre as árvores e os
nas horas em que estamos fora dele.
muros que são seus. Este é o meu ofício, e o farei até a morte. Entre
O vírus da pressa alastra-se em nossos dias de uma forma tão
os cinco e dez anos ainda tinha dúvidas e às vezes imaginava que
epidêmica como a peste em outros tempos: a frequência do acesso
podia pintar, ou conquistar países a cavalo, ou inventar uma nova
a um website despenca caso ele seja mais lento que um site rival.
máquina. Mas a primeira coisa séria que fiz foi escrever um conto,
Mais de um quinto dos usuários da internet desistem de um vídeo
um conto curto, de cinco ou seis páginas: saiu de mim como um mi-
caso ele demore mais que cinco segundos para carregar.
lagre, numa noite, e quando finalmente fui dormir estava exausta,
Excitação efêmera, sinal de tédio à espreita. Estará longe o dia
atônita, estupefata.
em que toda essa pressa deixe de ser uma obsessão? Será que a
(Adaptado de: GINZBURG, Natalia. As pequenas virtudes. Trad. Maurí-
adaptação triunfante aos novos tempos da velocidade máxima aca-
cio Santana Dias. São Paulo: Cosac Naify, 2015, p, 72-77, passim)
bará por esvaziar até mesmo a consciência dessa nossa degradação
descontrolada?
(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: As normas de concordância verbal encontram-se plenamente
Companhia das Letras, 2016, p. 88) observadas em:
(A) As palavras que a alguém ocorrem deitar no papel acabam
Está plenamente adequada a pontuação do seguinte período: por identificar o estilo mesmo de quem as escreveu.
(A) Ao detectar, em nossos dias tão agitados, o vírus da pressa, (B) Gaba-se a autora de que às palavras a que recorre nunca
que contamina não apenas o tempo do trabalho, mas também falta a espontaneidade dos bons escritos.
o tempo de outras ocupações, o autor mostra seu temor de (C) Faltam às tarefas outras de que poderiam se incumbir a fa-
que, se assim continuar, nossa civilização se degradará. cilidade que encontra ela em escrever seus textos.
(B) Ao detectar em nossos dias, tão agitados o vírus da pressa, (D) Os possíveis entraves para escrever um conto, revela a au-
que contamina não apenas o tempo do trabalho mas, também, tora, logo se dissipou em sua primeira tentativa.
o tempo de outras ocupações, o autor mostra seu temor, de (E) Não haveria de surgir impulsos mais fortes, para essa escri-
que, se assim continuar, nossa civilização se degradará. tora, do que os que a levaram a imaginar histórias.
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10. SELECON - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Técnico em Podemos interpretar que o acidente do exemplo do início do tex-
Nutrição Escolar- Considerando a regência nominal e o emprego do to se deu porque o motorista convergiu sua atenção às partes cen-
acento grave, o trecho destacado em “inerentes a esta festa” está trais da pista, por onde os carros preferencialmente circulam sob ve-
corretamente substituído em: locidade mais ou menos previsível. Assim que o último carro passou,
(A) inerentes à determinado momento ficou fácil pressupor que o centro da pista permaneceria vazio por um
(B) inerentes à regras de convivência intervalo de tempo seguro para a travessia. As laterais da pista, locais
(C) inerentes à regulamentos anteriores em que motocicletas geralmente trafegam, não tiveram a atenção
(D) inerentes à evidência de incorreções merecida, e a velocidade da moto não estava no padrão esperado.
O mundo aqui fora é um caos repleto de acontecimentos, e
11. Assinale a frase com desvio de regência verbal. nossos cérebros têm que coletar e reter alguns deles para que pos-
(A) Informei-lhe o bloqueio do financiamento de pesquisas. samos compreendê-lo e, assim, agirmos em busca da nossa sobre-
(B) Avisaram-no a liberação de recursos para ciência e tecnologia. vivência. Mas essas informações são salpicadas, incompletas e mu-
(C) Os acadêmicos obedecem ao planejamento estratégico. táveis. Traçar uma linha que contextualize todos esses dados não é
(D) Todos os homens, por natureza, aspiram ao saber. simples. Eventualmente, esse jogo mental de ligar pontinhos cria
(E) Assistimos ao filme que apresentou a obra daquele grande armadilha para nós mesmos, pois por vezes um ponto que deveria
cientista. ser descartado é inserido em uma lógica apenas por ser chamativo.
E outro, ao contrário, deveria ser considerado, mas é menospreza-
12. FUNCERN - 2019 - Prefeitura de Apodi - RN - Professor de do, pois à primeira vista não atendeu a um pressuposto.
Ensino Fundamental I ( 1º ao 5º ano)- Essas interpretações podem provocar outras tragédias além de
Os pontos cegos de nosso cérebro e o risco eterno de acidentes acidentes de carro.
Luciano Melo Disponível em:<https://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 20 abr.
2019. (texto adaptado)
O motorista aguarda o momento seguro para conduzir seu car-
ro e atravessar o cruzamento. Olha para os lados que atravessará e, No trecho “[...]poderemos assistir à queda de um deles.”, a
estático, aguarda que outros veículos deixem livre o caminho pela ocorrência do acento grave é justificada
via transversal à sua frente. Enquanto espera, olha de um lado a ou- (A) pela exigência de artigo do termo regente, que é um ver-
tro a vigiar a pista quase livre. Finalmente não avista mais nenhum bo, e pela exigência de preposição do termo regido, que é um
veículo que poderá atrapalhar seu planejado movimento. É hora de nome.
dirigir, mas, no meio da travessia, ele é surpreendido por uma grave (B) pela exigência de preposição do termo regente, que é um
colisão. Uma motocicleta atinge a traseira de seu veículo. nome, e pela exigência de artigo do termo regido, que é um
Eu tomo a defesa do motorista: ele não viu a moto se aproxi- verbo.
mar. Presumo que vários dos leitores já passaram por situação se- (C) pela exigência de artigo do termo regente, que é um nome,
melhante, mas, caso você seja exceção e acredite que enxergaria e pela exigência de artigo do termo regido, que é um verbo.
a motocicleta, eu o convido a assistir a um vídeo que existe sobre (D) pela exigência de preposição do termo regente, que é um
isso. O filme prova quão difícil é perceber objetos que de repente verbo, e pela exigência de artigo do termo regido, que é um
somem ou aparecem em uma cena. nome.
Nossa condição humana está casada com uma inabilidade de per-
ceber certas mudanças. Claro que notamos muitas alterações à nossa 13. MPE-GO - 2022 - MPE-GO - Oficial de Promotoria - Edital
volta, especialmente se olharmos para o ponto alvo da modificação nº 006
no momento em que ela ocorrerá. Assim, se olharmos fixamente para A importância dos debates
uma janela cheia de vasos de flores, poderemos assistir à queda de um
deles. Mas, se desviarmos brevemente nossos olhos da janela, justa- É promissor que os candidatos ao governo gaúcho venham
mente no momento do tombo, é possível que nem notemos a falta do dando ênfase nas conversas diretas a projetos de governo de inte-
enfeite. O fenômeno se chama cegueira para mudança: nossa incapa- resse específico dos eleitores
cidade de visualizar variações do ambiente entre uma olhada e outra. O primeiro confronto direto entre os candidatos Eduardo Leite
No mundo real, mudanças são geralmente antecedidas por (PSDB) e José Ivo Sartori (MDB), que disputam o governo do Estado em
uma série de movimentos. Se esses movimentos superam um limiar segundo turno, reafirmou a importância dessa alternativa democráti-
atrativo, vão capturar nossa atenção que focará na alteração consi- ca para ajudar os eleitores a fazer suas escolhas. Uma das vantagens
derada dominante. Por sua vez, modificações que não ultrapassam do sistema de votação em dois turnos, instituído pela Constituição de
o limiar não provocarão divergência da atenção e serão ignoradas. 1988, é justamente a de propiciar um maior detalhamento dos progra-
Quando abrimos nossos olhos, ficamos com a impressão de mas de governo dos dois candidatos mais votados na primeira etapa.
termos visão nítida, rica e bem detalhada do mundo que se estende Foi justamente o que ocorreu ontem entre os postulantes ao Palá-
por todo nosso campo visual. A consciência de nossa percepção não cio Piratini. Colocados frente a frente nos microfones da Rádio Gaúcha,
é limitada, mas nossa atenção e nossa memória de curtíssimo prazo ambos tiveram a oportunidade de enfrentar questões importantes li-
são. Não somos capazes de memorizar tudo instantaneamente à gadas ao cotidiano dos eleitores. A viabilidade de as principais deman-
nossa volta e nem podemos nos ater a tudo que nos cerca. Nossa in- das dos gaúchos serem contempladas vai depender acima de tudo da
trospecção da grandiosidade de nossa experiência visual confronta estratégia de cada um para enfrentar a crise das finanças públicas.
com nossas limitações perceptivas práticas e cria uma vivência rica, Diferentemente do que os eleitores estão habituados a assistir
porém efêmera e sujeita a erros de interpretações. Dimensiona um no horário eleitoral obrigatório e a acompanhar por postagens dos
gradiente entre o que é real e o que se presume, algo que favorece candidatos nas redes sociais, debates se prestam menos para pro-
os acidentes de trânsito. paganda pessoal, estratégias de marketing e para a disseminação
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de informações inconfiáveis e notícias falsas, neste ano usadas lar- (A) Ninguém se mexeu e, repito, ninguém piou.
gamente em campanhas. Além disso, têm a vantagem de desafiar (B) E, quando ia pagar a passagem, dizia o luso condutor por
os candidatos com questionamentos de jornalistas e do público. As trás dos bigodões…
respostas, inclusive, podem ser conferidas por profissionais de im- (C) O ônibus estava vibrante, rumoroso de jovens estudantes.
prensa, com divulgação posterior, o que facilita o discernimento por (D) Se uma delas tomava o bonde, três, quatro ou cinco jovens
parte de eleitores sobre o que corresponde ou não à verdade. se arremessavam.
O Rio Grande do Sul enfrenta uma crise fiscal no setor público (E) E foi aí que percebi subitamente tudo.
que, se não contar com uma perspectiva de solução imediata, pra-
ticamente vai inviabilizar a implantação de qualquer plano de go- 15. Quadrix - 2023 - Prefeitura de Alto Paraíso de Goiás - GO -
verno. Por isso, é promissor que, enquanto em outros Estados pre- Cargos de Nível Fundamental- O vocábulo “probo”, na sentença “Ele
dominam denúncias e acusações, os candidatos ao governo gaúcho sempre se orgulhou de ser um sujeito probo”, é antônimo de
venham dando ênfase nas conversas diretas a projetos de governo (A) desonesto.
de interesse específico dos eleitores. (B) leal.
Democracia se faz com diálogo e transparência. Sem discussões am- (C) intolerante.
plas, perdem os cidadãos, que ficam privados de informações essenciais (D) negligente.
para fazer suas escolhas com mais objetividade e menos passionalismo. (E) justo.
(A IMPORTÂNCIA dos debates. GaúchaZH, 17 de outubro de 2018. Dis-
ponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br. Acesso em: 30 de agosto 16. Quadrix - 2023 - Prefeitura de Alto Paraíso de Goiás - GO -
de 2022) Cargos de Nível Fundamental- O termo “efêmeros”, na sentença “É
uma pena que momentos como esse sejam efêmeros”, é sinônimo de
No segundo parágrafo do texto, há a frase: “Colocados frente a fren- (A) desvalorizados.
te nos microfones da Rádio Gaúcha, ambos tiveram a oportunidade de (B) tênues.
enfrentar questões importantes ligadas ao cotidiano dos eleitores.” Con- (C) banais.
forme se observa, na expressão em destaque, não há ocorrência da crase. (D) insignificantes.
Assim, seguindo a regra gramatical acerca da crase, assinale a (E) fugazes.
alternativa em que há o emprego da crase indevidamente:
(A) cara a cara; às ocultas; à procura. 17. (Prefeitura de Piracicaba - SP - Professor - Educação Infantil
(B) face a face; às pressas; à deriva. - VUNESP - 2020)
(C) à frente; à direita; às vezes.
(D) à tarde; à sombra de; a exceção de. Escola inclusiva

É alvissareira a constatação de que 86% dos brasileiros


14. Leia o texto, para responder à questão.
concordam que há melhora nas escolas quando se incluem alunos
com deficiência.
Ainda alcancei a geração que cedia o lugar às senhoras grávi-
Uma década atrás, quando o país aderiu à Convenção sobre
das. Se uma delas tomava o bonde, três, quatro ou cinco jovens se
os Direitos das Pessoas com Deficiência e assumiu o dever de uma
arremessavam. E a boa e ofegante senhora tinha seu canto, tinha
educação inclusiva, era comum ouvir previsões negativas para tal
seu espaço. E, quando ia pagar a passagem, dizia o luso condutor
perspectiva generosa. Apesar das dificuldades óbvias, ela se tornou
por trás dos bigodões: “Já está paga, já está paga!”.
lei em 2015 e criou raízes no tecido social.
E assim, num simples gesto, temos o perfil, o retrato, a alma A rede pública carece de profissionais satisfatoriamente qualifi-
do antigo jovem. Hoje, não. Outro dia, fui testemunha auditiva e cados até para o mais básico, como o ensino de ciências; o que dizer
ocular de um episódio patético. Vinha eu, em pé, num ônibus api- então de alunos com gama tão variada de dificuldades.
nhado. Passageiros amassados uns contra os outros. Essa promis- Os empecilhos vão desde o acesso físico à escola, como o en-
cuidade abjeta desumanizava todo mundo. O sujeito perdia a noção frentado por cadeirantes, a problemas de aprendizado criados por
da própria identidade e tinha uma sensação de bicho engradado. limitações sensoriais – surdez, por exemplo – e intelectuais.
Pois bem. E, de repente, o ônibus para, e entra, exatamente, uma Bastaram alguns anos de convívio em sala, entretanto, para
senhora grávida. Oitavo ou nono mês. minorar preconceitos. A maioria dos entrevistados (59%), hoje, dis-
O ônibus estava vibrante, rumoroso de jovens estudantes. Ima- corda de que crianças com deficiência devam aprender só na com-
ginei que esses latagões(*) iam dar uns dez lugares à mater recém- panhia de colegas na mesma condição.
-chegada. Pois bem. Ninguém se mexeu e, repito, ninguém piou. E Tal receptividade decerto não elimina o imperativo de contar
foi aí que percebi subitamente tudo. Ali estava uma nova geração, com pessoal capacitado, em cada estabelecimento, para lidar com
sem nenhuma semelhança com as anteriores. Durante meia hora a necessidades específicas de cada aluno. O censo escolar indica 1,2
pobre mulher ficou em pé, no meio da passagem. Faço uma ideia milhão de alunos assim categorizados. Embora tenha triplicado o nú-
das cambalhotas que não virou o filho. Eis o que importa destacar: mero de professores com alguma formação em educação especial
– ela viajou e desceu, e não teve a caridade de ninguém. inclusiva, contam-se não muito mais que 100 mil deles no país. Não
(Nelson Rodrigues, Jovens imbecilizados pelos velhos. O óbvio ululante: se concebe que possa haver um especialista em cada sala de aula.
primeiras confissões. Adaptado) As experiências mais bem-sucedidas criaram na escola uma es-
(*)latagões: homens jovens, robustos e de grande estatura. trutura para o atendimento inclusivo, as salas de recursos. Aí, ao
menos um profissional preparado se encarrega de receber o aluno
A passagem do texto em que todas as palavras estão emprega- e sua família para definir atividades e de auxiliar os docentes do
das em sentido próprio é: período regular nas técnicas pedagógicas.
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Não faltam casos exemplares na rede oficial de ensino. Compe- Os pronomes pessoais oblíquos átonos, em relação ao verbo,
te ao Estado disseminar essas iniciativas exitosas por seus estabele- possuem três posições: próclise (antes do verbo), mesóclise (no
cimentos. Assim se combate a tendência ainda existente a segregar meio do verbo) e ênclise (depois do verbo).
em salas especiais os estudantes com deficiência – que não se con- Avalie as afirmações sobre o emprego dos pronomes oblíquos
funde com incapacidade, como felizmente já vamos aprendendo. nos trechos a seguir.
(Editorial. Folha de S.Paulo, 16.10.2019. Adaptado) I – A próclise se justifica pela presença da palavra negativa: “E
não se contenta em brindar os mares, rios e lagoas com seus pró-
Assinale a alternativa em que, com a mudança da posição do prios dejetos.”
pronome em relação ao verbo, conforme indicado nos parênteses, II – A ênclise ocorre por se tratar de oração iniciada por verbo:
a redação permanece em conformidade com a norma-padrão de “Intoxica-os também com garrafas plásticas, pneus, computadores,
colocação dos pronomes. sofás e até carcaças de automóveis.”
(A) ... há melhora nas escolas quando se incluem alunos com III – A próclise é sempre empregada quando há locução verbal:
deficiência. (incluem-se) “Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem se
(B) ... em educação especial inclusiva, contam-se  não muito tornar as salamandras de Čapek.”
mais que 100 mil deles no país. (se contam) IV – O sujeito expresso exige o emprego da ênclise: “O ser hu-
(C) Não se concebe que possa haver um especialista em cada mano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o câncer e pro-
sala de aula. (concebe-se) duzir um ‘Dom Quixote’”.
(D) Aí, ao menos um profissional preparado  se  encarrega de
receber o aluno... (encarrega-se) Está correto apenas o que se afirma em
(E) ... que não se confunde com incapacidade, como felizmente (A) I e II.
já vamos aprendendo. (confunde-se) (B) I e III.
(C) II e IV.
18. (Prefeitura de Caranaíba - MG - Agente Comunitário de Saú- (D) III e IV.
de - FCM - 2019)

Dieta salvadora
A ciência descobre um micróbio adepto de um alimento abun- GABARITO
dante: o lixo plástico no mar.

O ser humano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o cân- 1 D


cer e produzir um “Dom Quixote”. Só não consegue dar um destino ra-
zoável ao lixo que produz. E não se contenta em brindar os mares, rios 2 A
e lagoas com seus próprios dejetos. Intoxica-os também com garrafas 3 D
plásticas, pneus, computadores, sofás e até carcaças de automóveis.
Tudo que perde o uso é atirado num curso d’água, subterrâneo ou a 4 E
céu aberto, que se encaminha inevitavelmente para o mar. O resultado 5 A
está nas ilhas de lixo que se formam, da Guanabara ao Pacífico.
6 A
De repente, uma boa notícia. Cientistas da Grécia, Suíça, Itália,
China e dos Emirados Árabes descobriram em duas ilhas gregas um 7 E
micróbio marinho que se alimenta do carbono contido no plástico 8 A
jogado ao mar. Parece que, depois de algum tempo ao sol e atacado
pelo sal, o plástico, seja mole, como o das sacolas, ou duro, como o 9 B
das embalagens, fica quebradiço – no ponto para que os micróbios, 10 D
de guardanapo ao pescoço, o decomponham e façam a festa. Os
cientistas estão agora criando réplicas desses micróbios, para que 11 B
eles ajudem os micróbios nativos a devorar o lixo. Haja estômago. 12 D
Em “A Guerra das Salamandras”, romance de 1936 do tcheco
13 D
Karel Čapek (pronuncia-se tchá-pek), um explorador descobre na
costa de Sumatra uma raça de lagartos gigantes, hábeis em colher 14 E
pérolas e construir diques submarinos. Em troca das pérolas que as 15 A
salamandras lhe entregam, ele lhes fornece facas para se defende-
rem dos tubarões. O resto, você adivinhou: as salamandras se re- 16 E
produzem, tornam-se milhões, ocupam os litorais, aprendem a falar 17 D
e inundam os continentes. São agora bilhões e tomam o mundo.
Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem 18 A
se tornar as salamandras de Čapek. É que, no livro, as salamandras
aprendem a gerir o mundo melhor do que nós. Com os micróbios
no comando, nossos mares, pelo menos, estarão a salvo.
Ruy Castro, jornalista, biógrafo e escritor brasileiro. Folha de S. Paulo.
Caderno Opinião, p. A2, 20 mai. 2019.
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MATEMÁTICA

Z*+ = {1, 2, 3, 4…}: conjunto dos números inteiros não negati-


RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES-PROBLEMA, ENVOLVENDO: vos e não nulos, ou seja, sem o zero.
ADIÇÃO, SUBTRAÇÃO, MULTIPLICAÇÃO, DIVISÃO, POTEN- Z*- = {… -4, -3, -2, -1}: conjunto dos números inteiros não posi-
CIAÇÃO OU RADICIAÇÃO COM NÚMEROS RACIONAIS, NAS tivos e não nulos.
SUAS REPRESENTAÇÕES FRACIONÁRIA OU DECIMAL; MÍ-
NIMO MÚLTIPLO COMUM; MÁXIMO DIVISOR COMUM Conjunto dos Números Racionais (Q)
Números racionais são aqueles que podem ser representados
em forma de fração. O numerador e o denominador da fração preci-
— Conjuntos Numéricos sam pertencer ao conjunto dos números inteiros e, é claro, o deno-
O grupo de termos ou elementos que possuem características minador não pode ser zero, pois não existe divisão por zero.
parecidas, que são similares em sua natureza, são chamados de O conjunto dos números racionais é representado pelo Q. Os
conjuntos. Quando estudamos matemática, se os elementos pare- números naturais e inteiros são subconjuntos dos números racio-
cidos ou com as mesmas características são números, então dize- nais, pois todos os números naturais e inteiros também podem ser
mos que esses grupos são conjuntos numéricos1. representados por uma fração. Além destes, números decimais e
Em geral, os conjuntos numéricos são representados grafica- dízimas periódicas também estão no conjunto de números racio-
mente ou por extenso – forma mais comum em se tratando de ope- nais.
rações matemáticas. Quando os representamos por extenso, escre- Vejamos um exemplo de um conjunto de números racionais
vemos os números entre chaves {}. Caso o conjunto seja infinito, ou com 4 elementos:
seja, tenha incontáveis números, os representamos com reticências Qx = {-4, 1/8, 2, 10/4}
depois de colocar alguns exemplos. Exemplo: N = {0, 1, 2, 3, 4…}.
Existem cinco conjuntos considerados essenciais, pois eles são Também temos subconjuntos dos números racionais:
os mais usados em problemas e questões no estudo da Matemáti- Q* = subconjunto dos números racionais não nulos, formado
ca. São eles: Naturais, Inteiros, Racionais, Irracionais e Reais. pelos números racionais sem o zero.
Q+ = subconjunto dos números racionais não negativos, forma-
Conjunto dos Números Naturais (N) do pelos números racionais positivos.
O conjunto dos números naturais é representado pela letra N. Q*+ = subconjunto dos números racionais positivos, formado
Ele reúne os números que usamos para contar (incluindo o zero) e pelos números racionais positivos e não nulos.
é infinito. Exemplo: Q- = subconjunto dos números racionais não positivos, forma-
N = {0, 1, 2, 3, 4…} do pelos números racionais negativos e o zero.
Q*- = subconjunto dos números racionais negativos, formado
Além disso, o conjunto dos números naturais pode ser dividido pelos números racionais negativos e não nulos.
em subconjuntos:
N* = {1, 2, 3, 4…} ou N* = N – {0}: conjunto dos números natu- Conjunto dos Números Irracionais (I)
rais não nulos, ou sem o zero. O conceito de números irracionais é dependente da definição
Np = {0, 2, 4, 6…}, em que n ∈ N: conjunto dos números natu- de números racionais. Assim, pertencem ao conjunto dos números
rais pares. irracionais os números que não pertencem ao conjunto dos racio-
Ni = {1, 3, 5, 7..}, em que n ∈ N: conjunto dos números naturais nais.
ímpares. Em outras palavras, ou um número é racional ou é irracional.
P = {2, 3, 5, 7..}: conjunto dos números naturais primos. Não há possibilidade de pertencer aos dois conjuntos ao mesmo
tempo. Por isso, o conjunto dos números irracionais é complemen-
Conjunto dos Números Inteiros (Z) tar ao conjunto dos números racionais dentro do universo dos nú-
O conjunto dos números inteiros é representado pela maiús- meros reais.
cula Z, e é formado pelos números inteiros negativos, positivos e o Outra forma de saber quais números formam o conjunto dos
zero. Exemplo: Z = {-4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4…} números irreais é saber que os números irracionais não podem ser
O conjunto dos números inteiros também possui alguns sub- escritos em forma de fração. Isso acontece, por exemplo, com deci-
conjuntos: mais infinitos e raízes não exatas.
Z+ = {0, 1, 2, 3, 4…}: conjunto dos números inteiros não nega- Os decimais infinitos são números que têm infinitas casas de-
tivos. cimais e que não são dízimas periódicas. Como exemplo, temos
Z- = {…-4, -3, -2, -1, 0}: conjunto dos números inteiros não po- 0,12345678910111213, π, √3 etc.
sitivos.
1 https://matematicario.com.br/
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MATEMÁTICA

Conjunto dos Números Reais (R) – O número 49 é múltiplo de 7, pois existe número inteiro que,
O conjunto dos números reais é representado pelo R e é forma- multiplicado por 7, resulta em 49.
do pela junção do conjunto dos números racionais com o conjunto 49 = 7 · 7
dos números irracionais. Não esqueça que o conjunto dos racionais
é a união dos conjuntos naturais e inteiros. Podemos dizer que en- – O número 324 é múltiplo de 3, pois existe número inteiro
tre dois números reais existem infinitos números. que, multiplicado por 3, resulta em 324.
Entre os conjuntos números reais, temos: 324 = 3 · 108
R*= {x ∈ R│x ≠ 0}: conjunto dos números reais não-nulos.
R+ = {x ∈ R│x ≥ 0}: conjunto dos números reais não-negativos. – O número 523 não é múltiplo de 2, pois não existe número
R*+ = {x ∈ R│x > 0}: conjunto dos números reais positivos. inteiro que, multiplicado por 2, resulte em 523.
R– = {x ∈ R│x ≤ 0}: conjunto dos números reais não-positivos. 523 = 2 · ?”
R*– = {x ∈ R│x < 0}: conjunto dos números reais negativos.
• Múltiplos de 4
— Múltiplos e Divisores Como vimos, para determinar os múltiplos do número 4, deve-
Os conceitos de múltiplos e divisores de um número natural mos multiplicar o número 4 por números inteiros. Assim:
estendem-se para o conjunto dos números inteiros2. Quando tra- 4·1=4
tamos do assunto múltiplos e divisores, referimo-nos a conjuntos 4·2=8
numéricos que satisfazem algumas condições. Os múltiplos são en- 4 · 3 = 12
contrados após a multiplicação por números inteiros, e os divisores 4 · 4 = 16
são números divisíveis por um certo número. 4 · 5 = 20
Devido a isso, encontraremos subconjuntos dos números in- 4 · 6 = 24
teiros, pois os elementos dos conjuntos dos múltiplos e divisores 4 · 7 = 28
são elementos do conjunto dos números inteiros. Para entender o 4 · 8 = 32
que são números primos, é necessário compreender o conceito de 4 · 9 = 36
divisores. 4 · 10 = 40
4 · 11 = 44
Múltiplos de um Número 4 · 12 = 48
Sejam a e b dois números inteiros conhecidos, o número a é
múltiplo de b se, e somente se, existir um número inteiro k tal que ...
a = b · k. Desse modo, o conjunto dos múltiplos de a é obtido multi-
plicando a por todos os números inteiros, os resultados dessas mul- Portanto, os múltiplos de 4 são:
tiplicações são os múltiplos de a. M(4) = {4, 8, 12, 16, 20. 24, 28, 32, 36, 40, 44, 48, … }
Por exemplo, listemos os 12 primeiros múltiplos de 2. Para isso
temos que multiplicar o número 2 pelos 12 primeiros números in- Divisores de um Número
teiros, assim: Sejam a e b dois números inteiros conhecidos, vamos dizer que
2·1=2 b é divisor de a se o número b for múltiplo de a, ou seja, a divisão
2·2=4 entre b e a é exata (deve deixar resto 0).
2·3=6 Veja alguns exemplos:
2·4=8 – 22 é múltiplo de 2, então, 2 é divisor de 22.
2 · 5 = 10 – 63 é múltiplo de 3, logo, 3 é divisor de 63.
2 · 6 = 12 – 121 não é múltiplo de 10, assim, 10 não é divisor de 121.
2 · 7 = 14
2 · 8 = 16 Para listar os divisores de um número, devemos buscar os nú-
2 · 9 = 18 meros que o dividem. Veja:
2 · 10 = 20 – Liste os divisores de 2, 3 e 20.
2 · 11 = 22 D(2) = {1, 2}
2 · 12 = 24 D(3) = {1, 3}
D(20) = {1, 2, 4, 5, 10, 20}
Portanto, os múltiplos de 2 são:
M(2) = {2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24} Observe que os números da lista dos divisores sempre são di-
visíveis pelo número em questão e que o maior valor que aparece
Observe que listamos somente os 12 primeiros números, mas nessa lista é o próprio número, pois nenhum número maior que ele
poderíamos ter listado quantos fossem necessários, pois a lista de será divisível por ele.
múltiplos é dada pela multiplicação de um número por todos os Por exemplo, nos divisores de 30, o maior valor dessa lista é o
inteiros. Assim, o conjunto dos múltiplos é infinito. próprio 30, pois nenhum número maior que 30 será divisível por
Para verificar se um número é ou não múltiplo de outro, de- ele. Assim:
vemos encontrar um número inteiro de forma que a multiplicação D(30) = {1, 2, 3, 5, 6, 10, 15, 30}.
entre eles resulte no primeiro número. Veja os exemplos:

2 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/multiplos-divisores.htm
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Propriedade dos Múltiplos e Divisores – Se for uma divisão exata (resto igual a zero) então o número
Essas propriedades estão relacionadas à divisão entre dois in- não é primo.
teiros. Observe que quando um inteiro é múltiplo de outro, é tam- – Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o quo-
bém divisível por esse outro número. ciente for menor que o divisor, então o número é primo.
Considere o algoritmo da divisão para que possamos melhor – Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o
compreender as propriedades. quociente for igual ao divisor, então o número é primo.
N = d · q + r, em que q e r são números inteiros.
Exemplo: verificar se o número 113 é primo.
Lembre-se de que: Sobre o número 113, temos:
N: dividendo; – Não apresenta o último algarismo par e, por isso, não é
d, divisor; divisível por 2;
q: quociente; – A soma dos seus algarismos (1+1+3 = 5) não é um número
r: resto. divisível por 3;
– Não termina em 0 ou 5, portanto não é divisível por 5.
– Propriedade 1: A diferença entre o dividendo e o resto (N – r)
é múltipla do divisor, ou o número d é divisor de (N – r). Como vimos, 113 não é divisível por 2, 3 e 5. Agora, resta saber
– Propriedade 2: (N – r + d) é um múltiplo de d, ou seja, o nú- se é divisível pelos números primos menores que ele utilizando a
mero d é um divisor de (N – r + d). operação de divisão.
Veja o exemplo:
Ao realizar a divisão de 525 por 8, obtemos quociente q = 65 e Divisão pelo número primo 7:
resto r = 5.
Assim, temos o dividendo N = 525 e o divisor d = 8. Veja que
as propriedades são satisfeitas, pois (525 – 5 + 8) = 528 é divisível
por 8 e:
528 = 8 · 66

— Números Primos
Os números primos são aqueles que apresentam apenas dois
divisores: um e o próprio número3. Eles fazem parte do conjunto
dos números naturais.
Por exemplo, 2 é um número primo, pois só é divisível por um Divisão pelo número primo 11:
e ele mesmo.
Quando um número apresenta mais de dois divisores eles são
chamados de números compostos e podem ser escritos como um
produto de números primos.
Por exemplo, 6 não é um número primo, é um número com-
posto, já que tem mais de dois divisores (1, 2 e 3) e é escrito como
produto de dois números primos 2 x 3 = 6.
Observe que chegamos a uma divisão não exata cujo quociente
Algumas considerações sobre os números primos:
é menor que o divisor. Isso comprova que o número 113 é primo.
– O número 1 não é um número primo, pois só é divisível por
ele mesmo;
Representação Fracionária dos Números Decimais
– O número 2 é o menor número primo e, também, o único
1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar com o
que é par;
denominador seguido de zeros.
– O número 5 é o único número primo terminado em 5;
O número de zeros depende da casa decimal. Para uma casa,
– Os demais números primos são ímpares e terminam com os
algarismos 1, 3, 7 e 9. um zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim por diante.

Uma maneira de reconhecer um número primo é realizando


divisões com o número investigado. Para facilitar o processo, veja
alguns critérios de divisibilidade:
– Divisibilidade por 2: todo número cujo algarismo da unidade
é par é divisível por 2;
– Divisibilidade por 3: um número é divisível por 3 se a soma
dos seus algarismos é um número divisível por 3;
– Divisibilidade por 5: um número será divisível por 5 quando o
algarismo da unidade for igual a 0 ou 5.

Se o número não for divisível por 2, 3 e 5 continuamos as divi-


sões com os próximos números primos menores que o número até
que:
3 https://www.todamateria.com.br/o-que-sao-numeros-primos/
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2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, então como Potenciação


podemos transformar em fração? Multiplicação de fatores iguais

Exemplo 1 2³=2.2.2=8
Transforme a dízima 0, 333... .em fração Casos
Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízima dada 1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1.
de x, ou seja
X=0,333...

Se o período da dízima é de um algarismo, multiplicamos por


10.
10x=3,333... 2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio número.

E então subtraímos:
10x-x=3,333...-0,333...
9x=3
X=3/9
X=1/3 3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, resulta em
um número positivo.
Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de período.

Exemplo 2
Seja a dízima 1,1212...
Façamos x = 1,1212...
100x = 112,1212... . 4) Todo número negativo, elevado ao expoente ímpar, resulta
em um número negativo.
Subtraindo:
100x-x=112,1212...-1,1212...
99x=111
X=111/99

Números Irracionais 5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos passar o sinal


Identificação de números irracionais para positivo e inverter o número que está na base.
– Todas as dízimas periódicas são números racionais.
– Todos os números inteiros são racionais.
– Todas as frações ordinárias são números racionais.
– Todas as dízimas não periódicas são números irracionais.
– Todas as raízes inexatas são números irracionais.
– A soma de um número racional com um número irracional é
sempre um número irracional.
– A diferença de dois números irracionais, pode ser um número 6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o valor do
racional. expoente, o resultado será igual a zero.
– Os números irracionais não podem ser expressos na forma ,
com a e b inteiros e b≠0.

Exemplo: - = 0 e 0 é um número racional.

– O quociente de dois números irracionais, pode ser um núme- Propriedades


ro racional. 1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de mesma
base, repete-se a base e soma os expoentes.
Exemplo: : = = 2 e 2 é um número racional.
Exemplos:
– O produto de dois números irracionais, pode ser um número 24 . 23 = 24+3= 27
racional. (2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27

Exemplo: . = = 7 é um número racional.

Exemplo: radicais( a raiz quadrada de um número na-


tural, se não inteira, é irracional.

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2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma base.


Conserva-se a base e subtraem os expoentes.

Exemplos: Observe:
96 : 92 = 96-2 = 94 1 1
1
3.5 = (3.5) 2 = 3 2 .5 2 = 3. 5

De modo geral, se
3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multiplica-se
os expoentes.
a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * ,

Exemplos: Então:
(52)3 = 52.3 = 56 n
a.b = n a .n b

O radical de índice inteiro e positivo de um produto indicado é


igual ao produto dos radicais de mesmo índice dos fatores do radi-
cando.
4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores elevados a um
expoente, podemos elevar cada um a esse mesmo expoente. Raiz quadrada de frações ordinárias
(4.3)²=4².3²
1 1
5) Na divisão de dois fatores elevados a um expoente, podemos 2  2 2 22 2
elevar separados. Observe: =  = 1 =
3 3 3
32
a na
* *
=
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R , n ∈ N , então: n
+
b nb
Radiciação O radical de índice inteiro e positivo de um quociente indicado
Radiciação é a operação inversa a potenciação é igual ao quociente dos radicais de mesmo índice dos termos do
radicando.

Raiz quadrada números decimais

Técnica de Cálculo
A determinação da raiz quadrada de um número torna-se mais Operações
fácil quando o algarismo se encontra fatorado em números primos.
Veja:

64 2
32 2
16 2 Operações
8 2
4 2 Multiplicação
2 2
Exemplo
1

64=2.2.2.2.2.2=26

Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira-se” um Divisão


e multiplica.
Editora
37
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15 3 24 2
Exemplo
5 5 12 2
1 6 2
3 3
Adição e subtração
1
Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20.
15 = 3.5 24 = 23.3
8 2 20 2
O fator comum é o 3 e o 1 é o menor expoente.
4 2 10 2 m.d.c
2 2 5 5 (15,24) = 3
1 1 Mínimo Múltiplo Comum
O mínimo múltiplo comum (m.m.c) de dois ou mais números é
o menor número, diferente de zero.

Para calcular devemos seguir as etapas:


Caso tenha: • Decompor os números em fatores primos
• Multiplicar os fatores entre si
Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo.
Exemplo:
Racionalização de Denominadores
Normalmente não se apresentam números irracionais com
radicais no denominador. Ao processo que leva à eliminação dos 15,24 2
radicais do denominador chama-se racionalização do denominador. 15,12 2
1º Caso: Denominador composto por uma só parcela
15,6 2
15,3 3
5,1 5
1

Para o mmc, fica mais fácil decompor os dois juntos.


Basta começar sempre pelo menor primo e verificar a divisão
2º Caso: Denominador composto por duas parcelas.
com algum dos números, não é necessário que os dois sejam divisí-
veis ao mesmo tempo.
Observe que enquanto o 15 não pode ser dividido, continua
aparecendo.
Devemos multiplicar de forma que obtenha uma diferença de
Assim, o mmc (15,24) = 23.3.5 = 120
quadrados no denominador:
Exemplo
O piso de uma sala retangular, medindo 3,52 m × 4,16 m, será
revestido com ladrilhos quadrados, de mesma dimensão, inteiros,
de forma que não fique espaço vazio entre ladrilhos vizinhos. Os
Máximo Divisor Comum
ladrilhos serão escolhidos de modo que tenham a maior dimensão
O máximo divisor comum de dois ou mais números naturais
possível.
não-nulos é o maior dos divisores comuns desses números.
Na situação apresentada, o lado do ladrilho deverá medir
Para calcular o m.d.c de dois ou mais números, devemos seguir
as etapas:
(A) mais de 30 cm.
• Decompor o número em fatores primos
(B) menos de 15 cm.
• Tomar o fatores comuns com o menor expoente
(C) mais de 15 cm e menos de 20 cm.
• Multiplicar os fatores entre si.
(D) mais de 20 cm e menos de 25 cm.
(E) mais de 25 cm e menos de 30 cm.
Resposta: A.

Exemplo:
Editora
38
38
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352 2 416 2 Saber calcular porcentagem é importante para resolver


problemas matemáticos, principalmente na matemática financeira
176 2 208 2 para calcular descontos, juros, lucro, e assim por diante.
88 2 104 2
— Calculando Porcentagem de um Valor
44 2 52 2
Para saber o percentual de um valor basta multiplicar a razão
22 2 26 2 centesimal correspondente à porcentagem pela quantidade total.
11 11 13 13 Exemplo: para descobrir quanto é 20% de 200, realizamos a
seguinte operação:
1 1

Devemos achar o mdc para achar a maior medida possível


E são os fatores que temos iguais:25=32

Exemplo
(MPE/SP – Oficial de Promotora I – VUNESP/2016) No aeroporto
de uma pequena cidade chegam aviões de três companhias aéreas. Os Generalizando, podemos criar uma fórmula para conta de
aviões da companhia A chegam a cada 20 minutos, da companhia B a porcentagem:
cada 30 minutos e da companhia C a cada 44 minutos. Em um domin-
go, às 7 horas, chegaram aviões das três companhias ao mesmo tempo,
situação que voltará a se repetir, nesse mesmo dia, às:
(A) 16h 30min.
(B) 17h 30min. Se preferir, você pode fazer o cálculo de porcentagem da
(C) 18h 30min. seguinte forma:
(D) 17 horas. 1º passo: multiplicar o percentual pelo valor.
(E) 18 horas.
20 x 200 = 4.000
Resposta: E.
2º passo: dividir o resultado anterior por 100.
20,30,44 2
10,15,22 2
5,15,11 3
5,5,11 5
Calculando Porcentagem de Forma Rápida
1,1,11 11
Alguns cálculos podem levar muito tempo na hora de fazer uma
1,1,1 prova. Pensando nisso, trouxemos dois métodos que te ajudarão a
fazer porcentagem de maneira mais rápida.
Mmc(20,30,44)=2².3.5.11=660
Método 1: Calcular porcentagem utilizando o 1%
1h---60minutos Você também tem como calcular porcentagem rapidamente
x-----660 utilizando o correspondente a 1% do valor.
x=660/60=11
Vamos continuar usando o exemplo do 20% de 200 para
Então será depois de 11horas que se encontrarão aprender essa técnica.
7+11=18h 1º passo: dividir o valor por 100 e encontrar o resultado que
representa 1%.

PORCENTAGEM

2º passo: multiplicar o valor que representa 1% pela


porcentagem que se quer descobrir.
A porcentagem representa uma razão cujo denominador é 100,
ou seja, . 2 x 20 = 40

O termo por cento é abreviado usando o símbolo %, que Chegamos mais uma vez à conclusão que 20% de 200 é 40.
significa dividir por 100 e, por isso, essa razão também é chamada
de razão centesimal ou percentual4.
4 https://www.todamateria.com.br/calcular-porcentagem/
Editora
39
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Método 2: Calcular porcentagem utilizando frações Exemplo: Ao aplicar um desconto de 25% em uma mercadoria
equivalentes que custa R$ 100, qual o valor final da mercadoria?
As frações equivalentes representam a mesma porção do todo 1º passo: encontrar a taxa de variação.
e podem ser encontradas dividindo o numerador e o denominador
da fração pelo mesmo número natural.
Veja como encontrar a fração equivalente de .

2º passo: aplicar a taxa na fórmula do fator multiplicativo.


Fator de multiplicação = 1 - 0,25.
Fator de multiplicação = 0,75.

3º passo: multiplicar o valor inicial pelo fator multiplicativo.


Se a fração equivalente de é , então para calcular
20% de um valor basta dividi-lo por 5. Veja como fazer: 100 x 0,75 = 75 reais.

RAZÃO E PROPORÇÃO; REGRA DE TRÊS SIMPLES OU COM-


POSTA

— Calcular porcentagem de aumentos e descontos A razão estabelece uma comparação entre duas grandezas,
Aumentos e descontos percentuais podem ser calculados sendo o coeficiente entre dois números5.
utilizando o fator de multiplicação ou fator multiplicativo. Já a proporção é determinada pela igualdade entre duas razões,
ou ainda, quando duas razões possuem o mesmo resultado.
Note que a razão está relacionada com a operação da divisão.
Vale lembrar que duas grandezas são proporcionais quando formam
uma proporção.
Ainda que não tenhamos consciência disso, utilizamos
cotidianamente os conceitos de razão e proporção. Para preparar
Essa fórmula é diferente para acréscimo e decréscimo no preço
uma receita, por exemplo, utilizamos certas medidas proporcionais
de um produto, ou seja, o resultado será fatores diferentes.
entre os ingredientes.
Para encontrar a razão entre duas grandezas, as unidades de
Fator multiplicativo para aumento em um valor medida terão de ser as mesmas.
Quando um produto recebe um aumento, o fator de A partir das grandezas A e B temos:
multiplicação é dado por uma soma.
Fator de multiplicação = 1 + i. Razão
Exemplo: Foi feito um aumento de 25% em uma mercadoria
que custava R$ 100. O valor final da mercadoria pode ser calculado
da seguinte forma:
ou A : B, onde b ≠ 0.
1º passo: encontrar a taxa de variação.
Proporção

2º passo: aplicar a taxa na fórmula do fator multiplicativo.


Fator de multiplicação = 1 + 0,25. onde todos os coeficientes são ≠ 0.
Fator de multiplicação = 1,25.
Exemplo: Qual a razão entre 40 e 20?
3º passo: multiplicar o valor inicial pelo fator multiplicativo.

100 x 1,25 = 125 reais.

Um acréscimo de 25% fará com que o valor final da mercadoria Lembre-se que numa fração, o numerador é o número acima e
seja R$ 125. o denominador, o de baixo.

Fator multiplicativo para desconto em um valor


Para calcular um desconto de um produto, a fórmula do fator
multiplicativo envolve uma subtração.
Fator de multiplicação = 1 - 0,25. 5 https://www.todamateria.com.br/razao-e-proporcao/
Editora
40
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Se o denominador for igual a 100, temos uma razão do tipo — Regra de três simples e composta
porcentagem, também chamada de razão centesimal. A regra de três é a proporção entre duas ou mais grandezas, que
podem ser velocidades, tempos, áreas, distâncias, cumprimentos,
entre outros6.
É o método para determinar o valor de uma incógnita quando
são apresentados duas ou mais razões, sejam elas diretamente ou
inversamente proporcionais.

Além disso, nas razões, o coeficiente que está localizado acima As Grandezas
é chamado de antecedente (A), enquanto o de baixo é chamado de Dentro da regra de três simples e composta existem grandezas
consequente (B). diretamente e inversamente proporcionais.
Caracteriza-se por grandezas diretas aquelas em que o
acréscimo ou decréscimo de uma equivale ao mesmo processo na
outra. Por exemplo, ao triplicarmos uma razão, a outra também
será triplicada, e assim sucessivamente.

Qual o valor de x na proporção abaixo? Exemplo: Supondo que cada funcionário de uma microempresa
com 35 integrantes gasta 10 folhas de papel diariamente. Quantas
folhas serão gastas nessa mesma empresa quando o quadro de
colaboradores aumentar para 50?

x = 12 . 3
x = 36

Assim, quando temos três valores conhecidos, podemos


descobrir o quarto, também chamado de “quarta proporcional”.
Na proporção, os elementos são denominados de termos. A
primeira fração é formada pelos primeiros termos (A/B), enquanto
Ao analisarmos o caso percebemos que o aumento de
a segunda são os segundos termos (C/D).
colaboradores provocará também um aumento no gasto de papel.
Nos problemas onde a resolução é feita através da regra de três,
Logo, essa é uma razão do tipo direta, que deve ser resolvida através
utilizamos o cálculo da proporção para encontrar o valor procurado.
da multiplicação cruzada:
— Propriedades da Proporção 35x = 50 . 10
1. O produto dos meios é igual ao produto dos extremos, por 35x = 500
exemplo: x = 500/35
x = 14,3

Portanto, serão necessários 14,3 papéis para suprir as


demandas da microempresa com 50 funcionários.
Logo: A · D = B · C. Por outro lado, as grandezas inversas ocorrem quando o
aumento ou diminuição de uma resultam em grandezas opostas.
Essa propriedade é denominada de multiplicação cruzada. Ou seja, se uma é quadruplicada, a outra é reduzida pela metade,
e assim por diante.
2. É possível trocar os extremos e os meios de lugar, por
exemplo: Exemplo: Se 7 pedreiros constroem uma casa grande em 80
dias, apenas 5 deles construirão a mesma casa em quanto tempo?

é equivalente

Nesta situação, é preciso inverter uma das grandezas, pois


a relação é inversamente proporcional. Isso acontece porque
Logo, D. A = C . B. a diminuição de pedreiros provoca o aumento no tempo de
construção.
6 https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/matematica/regra-de-tres-
simples-e-composta
Editora
41
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70x = 240
x = 240/70
x = 3,4 h

Regra de Três Composta


A regra de três composta é a razão e proporção entre três ou
mais grandezas diretamente ou inversamente proporcionais, ou
5x = 80 . 7 seja, as relações que aparecem em mais de duas colunas.
5x = 560
x = 560/5 Exemplo: Uma loja demora 4 dias para produzir 160 peças
x = 112 de roupas com 8 costureiras. Caso 6 funcionárias estiverem
trabalhando, quantos dias levará para a produção de 300 peças?
Sendo assim, serão 112 dias para a construção da casa com 5
pedreiros.

Regra de Três Simples


A regra de três simples funciona na relação de apenas
duas grandezas, que podem ser diretamente ou inversamente
proporcionais.
Inicialmente, deve-se analisar cada grandeza em relação ao
Exemplo 1: Para fazer um bolo de limão utiliza-se 250 ml do valor desconhecido, isto é:
suco da fruta. Porém, foi feito uma encomenda de 6 bolos. Quantos - Relacionando os dias de produção com a quantidade de peças,
limões serão necessários? percebe-se que essas grandezas são diretamente proporcionais,
pois aumentando o número de peças cresce a necessidade de mais
dias de trabalho.
- Relacionando a demanda de costureiras com os dias de
produção, observa-se que aumentando a quantidade de peças
o quadro de funcionárias também deveria aumentar. Ou seja, as
grandezas são inversamente proporcionais.

Reparem que as grandezas são diretamente proporcionais, já Após análises, organiza-se as informações em novas colunas:
que o aumento no pedido de bolos pede uma maior quantidade
de limões. Logo, o valor desconhecido é determinado pela
multiplicação cruzada:

x = 250 . 6
x = 1500 ml de suco

Exemplo 2: Um carro com velocidade de 120 km/h percorre um 4/x = 160/300 . 6/8
trajeto em 2 horas. Se a velocidade for reduzida para 70 km/h, em 4/x = 960/2400
quanto tempo o veículo fará o mesmo percurso? 960x = 2400 . 4
960x = 9600
x = 9600/960
x = 10 dias

EQUAÇÕES DO 1.º OU DO 2.º GRAUS; SISTEMA DE EQUA-


Observa-se que neste exemplo teremos uma regra de três ÇÕES DO 1.º GRAU
simples inversa, uma vez que ao diminuirmos a velocidade do carro
o tempo de deslocamento irá aumentar. Então, pela regra, uma das — Equação do 1° Grau
razões deverá ser invertida e transformada em direta. Na Matemática, a equação é uma igualdade que envolve uma
ou mais incógnitas7. Quem determina o “grau” dessa equação é
o expoente dessa incógnita, ou seja, se o expoente for 1, temos a
equação do 1º grau. Se o expoente for 2, a equação será do 2º grau;
se o expoente for 3, a equação será de 3º grau. Exemplos:
7 https://escolakids.uol.com.br/matematica/equacao-primeiro-
grau.htm#:~:text=Na%20Matem%C3%A1tica%2C%20a%20
equa%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A9,equa%C3%A7%C3%A3o%20
70x = 120 . 2 ser%C3%A1%20de%203%C2%BA%20grau.
Editora
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42
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4x + 2 = 16 (equação do 1º grau)
x² + 2x + 4 = 0 (equação do 2º grau)
x³ + 2x² + 5x – 2 = 0 (equação do 3º grau)

A equação do 1º grau é apresentada da seguinte forma:


4° exemplo:
Esse exemplo envolve números negativos e, antes de passar
É importante dizer que a e b representam qualquer número real o número para o outro lado, devemos sempre deixar o lado da
e a é diferente de zero (a 0). A incógnita x pode ser representada por incógnita positivo, por isso vamos multiplicar toda a equação por -1.
qualquer letra, contudo, usualmente, utilizamos x ou y como valor
a ser encontrado para o resultado da equação. O primeiro membro
da equação são os números do lado esquerdo da igualdade, e o
segundo membro, o que estão do lado direito da igualdade.
Passando o número 3, que está multiplicando x, para o outro
Como resolver uma equação do primeiro grau lado, teremos:
Para resolvermos uma equação do primeiro grau, devemos
achar o valor da incógnita (que vamos chamar de x) e, para que isso
seja possível, é só isolar o valor do x na igualdade, ou seja, o x deve
ficar sozinho em um dos membros da equação.
O próximo passo é analisar qual operação está sendo feita no
mesmo membro em que se encontra x e “jogar” para o outro lado
da igualdade fazendo a operação oposta e isolando x. — Propriedade Fundamental das Equações
1° exemplo: A propriedade fundamental das equações é também chamada
de regra da balança. Não é muito utilizada no Brasil, mas tem
a vantagem de ser uma única regra. A ideia é que tudo que for
feito no primeiro membro da equação deve também ser feito no
Nesse caso, o número que aparece do mesmo lado de x é o 4 e segundo membro com o objetivo de isolar a incógnita para se obter
ele está somando. Para isolar a incógnita, ele vai para o outro lado o resultado. Veja a demonstração nesse exemplo:
da igualdade fazendo a operação inversa (subtração):

Começaremos com a eliminação do número 12. Como ele


está somando, vamos subtrair o número 12 nos dois membros da
2° exemplo: equação:

O número que está do mesmo lado de x é o 12 e ele está


subtraindo. Nesse exemplo, ele vai para o outro lado da igualdade Para finalizar, o número 3 que está multiplicando a incógnita
com a operação inversa, que é a soma: será dividido por 3 nos dois membros da equação:

3° exemplo:
EQUAÇÃO DO 2° GRAU
Toda equação que puder ser escrita na forma ax2 + bx + c = 0
Vamos analisar os números que estão no mesmo lado da será chamada equação do segundo grau8. O único detalhe é que
incógnita, o 4 e o 2. O número 2 está somando e vai para o outro a, b e c devem ser números reais, e a não pode ser igual a zero em
lado da igualdade subtraindo e o número 4, que está multiplicando, hipótese alguma.
passa para o outro lado dividindo. Uma equação é uma expressão que relaciona números
conhecidos (chamados coeficientes) a números desconhecidos
(chamados incógnitas), por meio de uma igualdade. Resolver uma
equação é usar as propriedades dessa igualdade para descobrir
o valor numérico desses números desconhecidos. Como eles

8 https://escolakids.uol.com.br/matematica/equacoes-segundo-grau.
htm#:~:text=Toda%20equa%C3%A7%C3%A3o%20que%20puder%20ser,a%20
zero%20em%20hip%C3%B3tese%20alguma.
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são representados pela letra x, podemos dizer que resolver uma — Quantidade de soluções de uma equação
equação é encontrar os valores que x pode assumir, fazendo com As equações do segundo grau podem ter até duas soluções
que a igualdade seja verdadeira. reais10. Por meio do discriminante, é possível descobrir quantas
soluções a equação terá. Muitas vezes, o exercício solicita isso em
— Como resolver equações do 2º grau? vez de perguntar quais as soluções de uma equação. Então, nesse
Conhecemos como soluções ou raízes da equação ax² + bx + c = caso, não é necessário resolvê-la, mas apenas fazer o seguinte:
0 os valores de x que fazem com que essa equação seja verdadeira9. Se Δ < 0, a equação não possui soluções reais.
Uma equação do 2º grau pode ter no máximo dois números reais Se Δ = 0, a equação possui apenas uma solução real.
que sejam raízes dela. Para resolver equações do 2º grau completas, Se Δ > 0, a equação possui duas soluções reais.
existem dois métodos mais comuns:
- Fórmula de Bhaskara; Isso acontece porque, na fórmula de Bhaskara, calcularemos a raiz
- Soma e produto. de Δ. Se o discriminante é negativo, é impossível calcular essas raízes.

O primeiro método é bastante mecânico, o que faz com 3) Encontrar as soluções da equação
que muitos o prefiram. Já para utilizar o segundo, é necessário o Para encontrar as soluções de uma equação do segundo
conhecimento de múltiplos e divisores. Além disso, quando as grau usando fórmula de Bhaskara, basta substituir coeficientes e
soluções da equação são números quebrados, soma e produto não discriminante na seguinte expressão:
é uma alternativa boa.

— Fórmula de Bhaskara

1) Determinar os coeficientes da equação Observe a presença de um sinal ± na fórmula de Bhaskara.


Os coeficientes de uma equação são todos os números que não Esse sinal indica que deveremos fazer um cálculo para √Δ positivo
são a incógnita dessa equação, sejam eles conhecidos ou não. Para e outro para √Δ negativo. Ainda no exemplo 4x2 – 4x – 24 = 0,
isso, é mais fácil comparar a equação dada com a forma geral das substituiremos seus coeficientes e seu discriminante na fórmula de
equações do segundo grau, que é: ax2 + bx + c = 0. Observe que Bhaskara:
o coeficiente “a” multiplica x2, o coeficiente “b” multiplica x, e o
coeficiente “c” é constante.
Por exemplo, na seguinte equação:
x² + 3x + 9 = 0

O coeficiente a = 1, o coeficiente b = 3 e o coeficiente c = 9.

Na equação:
– x² + x = 0

O coeficiente a = – 1, o coeficiente b = 1 e o coeficiente c = 0.


2) Encontrar o discriminante
O discriminante de uma equação do segundo grau é
representado pela letra grega Δ e pode ser encontrado pela seguinte
fórmula: Então, as soluções dessa equação são 3 e – 2, e seu conjunto de
Δ = b² – 4·a·c solução é: S = {3, – 2}.

Nessa fórmula, a, b e c são os coeficientes da equação do — Soma e Produto


segundo grau. Na equação: 4x² – 4x – 24 = 0, por exemplo, os Nesse método é importante conhecer os divisores de um
coeficientes são: a = 4, b = – 4 e c = – 24. Substituindo esses números número. Ele se torna interessante quando as raízes da equação são
na fórmula do discriminante, teremos: números inteiros, porém, quando são um número decimal, esse
Δ = b² – 4 · a · c método fica bastante complicado.
Δ= (– 4)² – 4 · 4 · (– 24) A soma e o produto é uma relação entre as raízes x1 e x2 da
Δ = 16 – 16 · (– 24) equação do segundo grau, logo devemos buscar quais são os
Δ = 16 + 384 possíveis valores para as raízes que satisfazem a seguinte relação:
Δ = 400

10 https://mundoeducacao.uol.com.br/matematica/discriminante-uma-
9 https://www.preparaenem.com/matematica/equacao-do-2-grau.htm equacao-segundo-grau.htm
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Exemplo: Encontre as soluções para a equação x² – 5x + 6 = 0. Quando c = 0


1º passo: encontrar a, b e c. Quando o c = 0, a equação do 2º grau é incompleta e é uma
a=1 equação do tipo ax² + bx = 0. Para encontrar seu conjunto de
b = -5 soluções, colocamos a variável x em evidência, reescrevendo essa
c=6 equação como uma equação produto. Vejamos um exemplo a
seguir.
2º passo: substituir os valores de a, b e c na fórmula. Exemplo: Encontre as soluções da equação 2x² + 5x = 0.
1º passo: colocar x em evidência.
Reescrevendo a equação colocando x em evidência, temos que:
2x² + 5x = 0
x · (2x + 5) = 0

2º passo: separar a equação produto em dois casos.


Para que a multiplicação entre dois números seja igual a zero,
um deles tem que ser igual a zero, no caso, temos que:
x · (2x + 5) = 0
x = 0 ou 2x + 5 = 0

3º passo: encontrar as soluções.


Já encontramos a primeira solução, x = 0, agora falta encontrar
3º passo: encontrar o valor de x1 e x2 analisando a equação. o valor de x que faz com que 2x + 5 seja igual a zero, então, temos
Nesse caso, estamos procurando dois números cujo produto que:
seja igual a 6 e a soma seja igual a 5. 2x + 5 = 0
Os números cuja multiplicação é igual a 6 são: 2x = -5
I. 6 x 1 = 6 x = -5/2
II. 3 x 2 =6
III. (-6) x (-1) = 6 Então encontramos as duas soluções da equação, x = 0 ou x =
IV. (-3) x (-2) = 6 -5/2.

Dos possíveis resultados, vamos buscar aquele em que a soma Quando b = 0


seja igual a 5. Note que somente a II possui soma igual a 5, logo as Quando b = 0, encontramos uma equação incompleta do tipo
raízes da equação são x1 = 3 e x2 = 2. ax² + c = 0. Nesse caso, vamos isolar a variável x até encontrar as
possíveis soluções da equação. Vejamos um exemplo:
— Equação do 2º Grau Incompleta Exemplo: Encontre as soluções da equação 3x² – 12 = 0.
Equação do 2º grau é incompleta quando ela possui b e/ou c Para encontrar as soluções, vamos isolar a variável.
iguais a zero4. Existem três tipos dessas equações, cada um com um 3x² – 12 = 0
método mais adequado para sua resolução. 3x² = 12
Uma equação do 2º grau é conhecida como incompleta quando x² = 12 : 3
um dos seus coeficientes, b ou c, é igual a zero. Existem três casos x² = 4
possíveis de equações incompletas, que são:
- Equações que possuem b = 0, ou seja, ax² + c = 0; Ao extrair a raiz no segundo membro, é importante lembrar que
- Equações que possuem c = 0, ou seja, ax² + bx = 0; existem sempre dois números e que, ao elevarmos ao quadrado,
- Equações em que b = 0 e c = 0, então a equação será ax² = 0. encontramos como solução o número 4 e, por isso, colocamos o
símbolo de ±.
Em cada caso, é possível utilizar métodos diferentes para x = ±√4
encontrar o conjunto de soluções da equação. Por mais que seja x = ±2
possível resolvê-la utilizando a fórmula de Bhaskara, os métodos Então as soluções possíveis são x = 2 e x = -2.
específicos de cada equação incompleta acabam sendo menos
trabalhosos. A diferença entre a equação completa e a equação Quando b = 0 e c = 0
incompleta é que naquela todos os coeficientes são diferentes de 0, Quando tanto o coeficiente b quanto o coeficiente c são iguais
já nesta pelo menos um dos seus coeficientes é zero. a zero, a equação será do tipo ax² = 0 e terá sempre como única
solução x = 0. Vejamos um exemplo a seguir.
Como Resolver Equações do 2º Grau Incompletas Exemplo:
Para encontrar as soluções de uma equação do 2º grau, é 3x² = 0
bastante comum a utilização da fórmula de Bhaskara, porém x² = 0 : 3
existem métodos específicos para cada um dos casos de equações x² = 0
incompletas, a seguir veremos cada um deles. x = ±√0
x = ±0
x=0

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MATEMÁTICA

GRANDEZAS E MEDIDAS – QUANTIDADE, TEMPO, COMPRIMENTO, SUPERFÍCIE, CAPACIDADE E MASSA

As unidades de medida são modelos estabelecidos para medir diferentes grandezas, tais como comprimento, capacidade, massa,
tempo e volume11.
O Sistema Internacional de Unidades (SI) define a unidade padrão de cada grandeza. Baseado no sistema métrico decimal, o SI surgiu
da necessidade de uniformizar as unidades que são utilizadas na maior parte dos países.

— Medidas de Comprimento
Existem várias medidas de comprimento, como por exemplo a jarda, a polegada e o pé.
No SI a unidade padrão de comprimento é o metro (m). Atualmente ele é definido como o comprimento da distância percorrida pela
luz no vácuo durante um intervalo de tempo de 1/299.792.458 de um segundo.
Assim, são múltiplos do metro: quilômetro (km), hectômetro (hm) e decâmetro (dam)12.
Enquanto são submúltiplos do metro: decímetro (dm), centímetro (cm) e milímetro (mm).
Os múltiplos do metro são as grandes distâncias. Eles são chamados de múltiplos porque resultam de uma multiplicação que tem
como referência o metro.
Os submúltiplos, ao contrário, como pequenas distâncias, resultam de uma divisão que tem igualmente como referência o metro. Eles
aparecem do lado direito na tabela acima, cujo centro é a nossa medida base - o metro.

— Medidas de Capacidade
As medidas de capacidade representam as unidades usadas para definir o volume no interior de um recipiente13. A principal unidade
de medida da capacidade é o litro (L).
O litro representa a capacidade de um cubo de aresta igual a 1 dm. Como o volume de um cubo é igual a medida da aresta elevada ao
cubo, temos então a seguinte relação:

1 L = 1 dm³

Mudança de Unidades
O litro é a unidade fundamental de capacidade. Entretanto, também é usado o quilolitro(kL), hectolitro(hL) e decalitro que são seus
múltiplos e o decilitro, centilitro e o mililitro que são os submúltiplos.
Como o sistema padrão de capacidade é decimal, as transformações entre os múltiplos e submúltiplos são feitas multiplicando-se ou
dividindo-se por 10.
Para transformar de uma unidade de capacidade para outra, podemos utilizar a tabela abaixo:

Exemplo: fazendo as seguintes transformações:


a) 30 mL em L
Observando a tabela acima, identificamos que para transformar de ml para L devemos dividir o número três vezes por 10, que é o
mesmo que dividir por 1000. Assim, temos:
30 : 1000 = 0,03 L
11 https://www.todamateria.com.br/unidades-de-medida/
12 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-comprimento/
13 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-capacidade/
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MATEMÁTICA

Note que dividir por 1000 é o mesmo que “andar” com a vírgula três casa diminuindo o número.

b) 5 daL em dL
Seguindo o mesmo raciocínio anterior, identificamos que para converter de decalitro para decilitro devemos multiplicar duas vezes
por 10, ou seja, multiplicar por 100.
5 . 100 = 500 dL

c) 400 cL em L
Para passar de centilitro para litro, vamos dividir o número duas vezes por 10, isto é, dividir por 100:
400 : 100 = 4 L

Medida de Volume
As medidas de volume representam o espaço ocupado por um corpo. Desta forma, podemos muitas vezes conhecer a capacidade de
um determinado corpo conhecendo seu volume.
A unidade de medida padrão de volume é o metro cúbico (m³), sendo ainda utilizados seus múltiplos (km³, hm³ e dam³) e submúltiplos
(dm³, cm³ e mm³).
Em algumas situações é necessário transformar a unidade de medida de volume para uma unidade de medida de capacidade ou vice-
versa. Nestes casos, podemos utilizar as seguintes relações:
1 m³ = 1 000 L
1 dm³ = 1 L
1 cm³ = 1 mL

Exemplo: Um tanque tem a forma de um paralelepípedo retângulo com as seguintes dimensões: 1,80 m de comprimento, 0,90 m de
largura e 0,50 m de altura. A capacidade desse tanque, em litros, é:
A) 0,81
B) 810
C) 3,2
D) 3200

Para começar, vamos calcular o volume do tanque, e para isso, devemos multiplicar suas dimensões:
V = 1,80 . 0,90 . 0,50 = 0,81 m³

Para transformar o valor encontrado em litros, podemos fazer a seguinte regra de três:

Assim, x = 0,81 . 1000 = 810 L.


Portanto, a resposta correta é a alternativa b.

Medidas de Massa
No Sistema Internacional de unidades a medida de massa é o quilograma (kg)14. Um cilindro de platina e irídio é usado como o padrão
universal do quilograma.
As unidades de massa são: quilograma (kg), hectograma (hg), decagrama (dag), grama (g), decigrama (dg), centigrama (cg) e miligrama
(mg).
São ainda exemplos de medidas de massa a arroba, a libra, a onça e a tonelada. Sendo 1 tonelada equivalente a 1000 kg.

• Unidades de medida de massa


As unidades do sistema métrico decimal de massa são: quilograma (kg), hectograma (hg), decagrama (dag), grama (g), decigrama (dg),
centigrama (cg), miligrama (mg).

14 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-massa/
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MATEMÁTICA

Utilizando o grama como base, os múltiplos e submúltiplos das unidades de massa estão na tabela a seguir.

Além das unidades apresentadas existem outras como a tonelada, que é um múltiplo do grama, sendo que 1 tonelada equivale a 1
000 000 g ou 1 000 kg. Essa unidade é muito usada para indicar grandes massas.
A arroba é uma unidade de medida usada no Brasil, para determinar a massa dos rebanhos bovinos, suínos e de outros produtos. Uma
arroba equivale a 15 kg.
O quilate é uma unidade de massa, quando se refere a pedras preciosas. Neste caso 1 quilate vale 0,2 g.

— Conversão de unidades
Como o sistema padrão de medida de massa é decimal, as transformações entre os múltiplos e submúltiplos são feitas multiplicando-
se ou dividindo-se por 1015.
Para transformar as unidades de massa, podemos utilizar a tabela abaixo:

Exemplos:
a) Quantas gramas tem 1 kg?
Para converter quilograma em grama basta consultar o quadro acima. Observe que é necessário multiplicar por 10 três vezes.
1 kg → g
1 kg x 10 x 10 x 10 = 1 x 1000 = 1.000 g

b) Quantos quilogramas tem em 3.000 g?


Para transformar grama em quilograma, vemos na tabela que devemos dividir o valor dado por 1.000. Isto é o mesmo que dividir por
10, depois novamente por 10 e mais uma vez por 10.
3.000 g → kg
3.000 g : 10 : 10 : 10 = 3.000 : 1.000 = 3 kg

c) Transformando 350 g em mg.


Para transformar de grama para miligrama devemos multiplicar o valor dado por 1.000 (10 x 10 x 10).
350 g → mg
350 x 10 x 10 x 10 = 350 x 1000 = 350.000 mg

— Medidas de Tempo
Existem diversas unidades de medida de tempo, por exemplo a hora, o dia, o mês, o ano, o século. No sistema internacional de
medidas a unidades de tempo é o segundo (s)16.

Horas, Minutos e Segundos


Muitas vezes necessitamos transformar uma informação que está, por exemplo, em minuto para segundos, ou em segundos para
hora.
Para tal, devemos sempre lembrar que 1 hora tem 60 minutos e que 1 minuto equivale a 60 segundos. Desta forma, 1 hora corresponde
a 3.600 segundos.
Assim, para mudar de hora para minuto devemos multiplicar por 60. Por exemplo, 3 horas equivalem a 180 minutos (3 . 60 = 180).

15 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-massa/
16 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-tempo/
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O diagrama abaixo apresenta a operação que devemos fazer para passar de uma unidade para outra.

Em algumas áreas é necessário usar medidas com precisão maior que o segundo. Neste caso, usamos seus submúltiplos.
Assim, podemos indicar o tempo decorrido de um evento em décimos, centésimos ou milésimos de segundos.
Por exemplo, nas competições de natação o tempo de um atleta é medido com precisão de centésimos de segundo.

Instrumentos de Medidas
Para medir o tempo utilizamos relógios que são dispositivos que medem eventos que acontecem em intervalos regulares.
Os primeiros instrumentos usados para a medida do tempo foram os relógios de Sol, que utilizavam a sombra projetada de um objeto
para indicar as horas.
Foram ainda utilizados relógios que empregavam escoamento de líquidos, areia, queima de fluidos e dispositivos mecânicos como os
pêndulos para indicar intervalos de tempo.

Outras Unidades de Medidas de Tempo


O intervalo de tempo de uma rotação completa da terra equivale a 24h, que representa 1 dia.
O mês é o intervalo de tempo correspondente a determinado número de dias. Os meses de abril, junho, setembro, novembro têm 30
dias.
Já os meses de janeiro, março, maio, julho, agosto, outubro e dezembro possuem 31 dias. O mês de fevereiro normalmente têm 28
dias. Contudo, de 4 em 4 anos ele têm 29 dias.
O ano é o tempo que a Terra leva para dar uma volta completa ao redor do Sol. Normalmente, 1 ano corresponde a 365 dias, no
entanto, de 4 em 4 anos o ano têm 366 dias (ano bissexto).
Na tabela abaixo relacionamos algumas dessas unidades:

Tabela de Conversão de Medidas


O mesmo método pode ser utilizado para calcular várias grandezas.
Primeiro, vamos desenhar uma tabela e colocar no seu centro as unidades de medidas bases das grandezas que queremos converter,
por exemplo:
Capacidade: litro (l)
Comprimento: metro (m)
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Massa: grama (g)


Volume: metro cúbico (m3)

Tudo o que estiver do lado direito da medida base são chamados submúltiplos. Os prefixos deci, centi e mili correspondem
respectivamente à décima, centésima e milésima parte da unidade fundamental.
Do lado esquerdo estão os múltiplos. Os prefixos deca, hecto e quilo correspondem respectivamente a dez, cem e mil vezes a unidade
fundamental.

Exemplos:
a) Quantos mililitros correspondem 35 litros?
Para fazer a transformação pedida, vamos escrever o número na tabela das medidas de capacidade. Lembrando que a medida pode ser
escrita como 35,0 litros. A virgula e o algarismo que está antes dela devem ficar na casa da unidade de medida dada, que neste caso é o litro.

Depois completamos as demais caixas com zeros até chegar na unidade pedida. A vírgula ficará sempre atrás dos algarismos que
estiver na caixa da unidade pedida, que neste caso é o ml.

Assim 35 litros correspondem a 35000 ml.

b) Transformando 700 gramas em quilogramas.


Lembrando que podemos escrever 700,0 g. Colocamos a vírgula e o 0 antes dela na unidade dada, neste caso g e os demais algarismos
nas casas anteriores.

Depois completamos com zeros até chegar na casa da unidade pedida, que neste caso é o quilograma. A vírgula passa então para atrás
do algarismo que está na casa do quilograma.

Então 700 g corresponde a 0,7 kg.


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RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS – TABELA OU GRÁFICO

— Gráficos
Os gráficos são representações que facilitam a análise de dados, os quais costumam ser dispostos em tabelas quando se realiza
pesquisas estatísticas17. Eles trazem muito mais praticidade, principalmente quando os dados não são discretos, ou seja, quando são
números consideravelmente grandes. Além disso, os gráficos também apresentam de maneira evidente os dados em seu aspecto temporal.

Elementos do Gráfico
Ao construirmos um gráfico em estatística, devemos levar em consideração alguns elementos que são essenciais para sua melhor
compreensão. Um gráfico deve ser simples devido à necessidade de passar uma informação de maneira mais rápida e coesa, ou seja, em
um gráfico estatístico, não deve haver muitas informações, devemos colocar nele somente o necessário.
As informações em um gráfico devem estar dispostas de maneira clara e verídica para que os resultados sejam dados de modo coeso
com a finalidade da pesquisa.”

Tipos de Gráficos
Em estatística é muito comum a utilização de diagramas para representar dados, diagramas são gráficos construídos em duas
dimensões, isto é, no plano. Existem vários modos de representá-los. A seguir, listamos alguns.

• Gráfico de Pontos
Também conhecido como Dotplot, é utilizado quando possuímos uma tabela de distribuição de frequência, sendo ela absoluta
ou relativa. O gráfico de pontos tem por objetivo apresentar os dados das tabelas de forma resumida e que possibilite a análise das
distribuições desses dados.

Exemplo: Suponha uma pesquisa, realizada em uma escola de educação infantil, na qual foram coletadas as idades das crianças. Nessa
coleta foi organizado o seguinte rol:

Rol: {1, 1, 2, 2, 2, 2, 3, 3, 4, 4, 4, 4, 4, 4, 5, 5, 6}

Podemos organizar esses dados utilizando um Dotplot.

Observe que a quantidade de pontos corresponde à frequência de cada idade e o somatório de todos os pontos fornece-nos a
quantidade total de dados coletados.

• Gráfico de linha
É utilizado em casos que existe a necessidade de analisar dados ao longo do tempo, esse tipo de gráfico é muito presente em análises
financeiras. O eixo das abscissas (eixo x) representa o tempo, que pode ser dado em anos, meses, dias, horas etc., enquanto o eixo das
ordenadas (eixo y) representa o outro dado em questão.
Uma das vantagens desse tipo de gráfico é a possibilidade de realizar a análise de mais de uma tabela, por exemplo.

17 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/graficos.htm
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MATEMÁTICA

Exemplo: Uma empresa deseja verificar seu faturamento em determinado ano, os dados foram dispostos em uma tabela.

Veja que nesse tipo de gráfico é possível ter uma melhor noção a respeito do crescimento ou do decrescimento dos rendimentos da
empresa.

• Gráfico de Barras
Tem como objetivo comparar os dados de determinada amostra utilizando retângulos de mesma largura e altura. Altura essa que deve
ser proporcional ao dado envolvido, isto é, quanto maior a frequência do dado, maior deve ser a altura do retângulo.

Exemplo: Imagine que determinada pesquisa tem por objetivo analisar o percentual de determinada população que acesse ou tenha:
internet, energia elétrica, rede celular, aparelho celular ou tablet. Os resultados dessa pesquisa podem ser dispostos em um gráfico como
este:

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MATEMÁTICA

• Histograma
O Histograma é uma ferramenta de análise de dados que
• Gráfico de Colunas apresenta diversos retângulos justapostos (barras verticais)18.
Seu estilo é semelhante ao do gráfico de barras, sendo utilizado Por esse motivo, ele se assemelha ao gráfico de colunas,
para a mesma finalidade. O gráfico de colunas então é usado quando entretanto, o histograma não apresenta espaço entre as barras.
as legendas forem curtas, a fim de não deixar muitos espaços em
branco no gráfico de barra.

Exemplo: Este gráfico está, de forma genérica, quantificando e


comparando determinada grandeza ao longo de alguns anos.

• Infográficos
Os infográficos representam a união de uma imagem com
um texto informativo. As imagens podem conter alguns tipos de
gráficos.

• Gráfico de Setor
É utilizado para representar dados estatísticos com um círculo
dividido em setores, as áreas dos setores são proporcionais às
frequências dos dados, ou seja, quanto maior a frequência, maior a
área do setor circular.

Exemplo: Este exemplo, de forma genérica, está apresentando


diferentes variáveis com frequências diversas para determinada
grandeza, a qual pode ser, por exemplo, a porcentagem de votação
em candidatos em uma eleição.

18 https://www.todamateria.com.br/tipos-de-graficos/
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— Tabelas
As tabelas são usadas para organizar algumas informações ou dados. Da mesma forma que os gráficos, elas facilitam o entendimento,
por meio de linhas e colunas que separam os dados.

Sendo assim, são usadas para melhor visualização de informações em diversas áreas do conhecimento. Também são muito frequentes
em concursos e vestibulares.

TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO – MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES

Média aritmética de um conjunto de números é o valor que se obtém dividindo a soma dos elementos pelo número de elementos do
conjunto.
Representemos a média aritmética por .
A média pode ser calculada apenas se a variável envolvida na pesquisa for quantitativa. Não faz sentido calcular a média aritmética
para variáveis quantitativas.

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MATEMÁTICA

Na realização de uma mesma pesquisa estatística entre diferen- Moda (Mo)


tes grupos, se for possível calcular a média, ficará mais fácil estabe- Num conjunto de números: x1 , x2 , x3 , ... xn, chama-se moda
lecer uma comparação entre esses grupos e perceber tendências. aquele valor que ocorre com maior frequência.
Considerando uma equipe de basquete, a soma das alturas dos
jogadores é: Observação:
A moda pode não existir e, se existir, pode não ser única.
1,85 + 1,85 + 1,95 + 1,98 + 1,98 + 1,98 + 2,01 + 2,01+2,07+2,07
+2,07+2,07+2,10+2,13+2,18 = 30,0 Exemplo 1:
O conjunto de dados 3, 3, 8, 8, 8, 6, 9, 31 tem moda igual a 8,
Se dividirmos esse valor pelo número total de jogadores, obte- isto é, Mo=8.
remos a média aritmética das alturas:
Exemplo 2:
O conjunto de dados 1, 2, 9, 6, 3, 5 não tem moda.

Medidas de dispersão
A média aritmética das alturas dos jogadores é 2,02m. Duas distribuições de frequência com medidas de tendência central
semelhantes podem apresentar características diversas. Necessita-se de
Média Ponderada outros índices numéricas que informem sobre o grau de dispersão ou
A média dos elementos do conjunto numérico A relativa à adi- variação dos dados em torno da média ou de qualquer outro valor de
ção e na qual cada elemento tem um “determinado peso” é chama- concentração. Esses índices são chamados medidas de dispersão.
da média aritmética ponderada.
Variância
Há um índice que mede a “dispersão” dos elementos de um
conjunto de números em relação à sua média aritmética, e que é
chamado de variância. Esse índice é assim definido:
Seja o conjunto de números x1 , x2 , x3 , ... xn, tal que é sua
média aritmética. Chama-se variância desse conjunto, e indica-se
Mediana (Md)
por , o número:
Sejam os valores escritos em rol: x1 , x2 , x3 , ... xn

Sendo n ímpar, chama-se mediana o termo xi tal que o núme-


ro de termos da sequência que precedem xi é igual ao número de
termos que o sucedem, isto é, xi é termo médio da sequência (xn)
em rol. Isto é:
Sendo n par, chama-se mediana o valor obtido pela média arit-
mética entre os termos xj e xj +1, tais que o número de termos que
precedem xj é igual ao número de termos que sucedem xj +1, isto é,
a mediana é a média aritmética entre os termos centrais da sequ-
ência (xn) em rol. E para amostra
Exemplo 1:
Determinar a mediana do conjunto de dados:
{12, 3, 7, 10, 21, 18, 23}
Exemplo 1:
Solução: Em oito jogos, o jogador A, de bola ao cesto, apresentou o se-
Escrevendo os elementos do conjunto em rol, tem-se: (3, 7, 10, guinte desempenho, descrito na tabela abaixo:
12, 18, 21, 23). A mediana é o termo médio desse rol. Logo: Md=12
Resposta: Md=12.
JOGO NÚMERO DE PONTOS
Exemplo 2: 1 22
Determinar a mediana do conjunto de dados: 2 18
{10, 12, 3, 7, 18, 23, 21, 25}.
3 13
Solução: 4 24
Escrevendo-se os elementos do conjunto em rol, tem-se:
(3, 7, 10, 12, 18, 21, 23, 25). A mediana é a média aritmética 5 26
entre os dois termos centrais do rol. 6 20
7 19
Logo:
8 18
Resposta: Md=15
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a) Qual a média de pontos por jogo? Sendo o desvio padrão, tem-se:


b) Qual a variância do conjunto de pontos?

Solução:
a) A média de pontos por jogo é:

NOÇÕES DE GEOMETRIA – FORMA, ÂNGULOS, ÁREA, PE-


RÍMETRO, VOLUME, TEOREMAS DE PITÁGORAS OU DE TA-
b) A variância é:
LES

A geometria é uma área da matemática que estuda as formas


geométricas desde comprimento, área e volume19. O vocábulo ge-
ometria corresponde a união dos termos “geo” (terra) e “metron”
(medir), ou seja, a “medida de terra”.
A Geometria é dividida em três categorias:
Desvio médio - Geometria Analítica;
Definição - Geometria Plana;
Medida da dispersão dos dados em relação à média de uma se- - Geometria Espacial;
quência. Esta medida representa a média das distâncias entre cada
elemento da amostra e seu valor médio. Assim, a geometria analítica, também chamada de geometria
cartesiana, une conceitos de álgebra e geometria através dos
sistemas de coordenadas. Os conceitos mais utilizados são o ponto
e a reta.
Enquanto a geometria plana ou euclidiana reúne os estudos
Desvio padrão sobre as figuras planas, ou seja, as que não apresentam volume,
a geometria espacial estuda as figuras geométricas que possuem
Definição volume e mais de uma dimensão.
Seja o conjunto de números x1 , x2 , x3 , ... xn, tal que é sua mé-
dia aritmética. Chama-se desvio padrão desse conjunto, e indica-se — Geometria Plana
por , o número: É a área da matemática que estuda as formas que não possuem
volume. Triângulos, quadriláteros, retângulos, circunferências são
alguns exemplos de figuras de geometria plana (polígonos)20.
Para geometria plana, é importante saber calcular a área, o
perímetro e o(s) lado(s) de uma figura a partir das relações entre os
ângulos e as outras medidas da forma geométrica.
Isto é: Algumas fórmulas de geometria plana:

— Teorema de Pitágoras
Uma das fórmulas mais importantes para esta frente
matemática é o Teorema de Pitágoras.
Em um triângulo retângulo (com um ângulo de 90º), a soma
Exemplo: dos quadrados dos catetos (os “lados” que formam o ângulo reto) é
As estaturas dos jogadores de uma equipe de basquetebol são: igual ao quadrado da hipotenusa (a aresta maior da figura).
2,00 m; 1,95 m; 2,10 m; 1,90 m e 2,05 m. Calcular: Teorema de Pitágoras: a² + b² = c²
a) A estatura média desses jogadores.
b) O desvio padrão desse conjunto de estaturas. — Lei dos Senos
Lembre-se que o Teorema de Pitágoras é válido apenas para
Solução: triângulos retângulos. A lei dos senos e lei dos cossenos existe para
facilitar os cálculos para todos os tipos de triângulos.
Sendo a estatura média, temos: Veja a fórmula abaixo. Onde a, b e c são lados do triângulo.
Para qualquer triângulo ABC inscrito em uma circunferência de
centro O e raio R, temos que:
19 https://www.todamateria.com.br/matematica/geometria/#:~:text=A%20
geometria%20%C3%A9%20uma%20%C3%A1rea,Geometria%20
Anal%C3%ADtica
20 https://bityli.com/BMvcWO
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

— Lei dos Cossenos


A lei dos cossenos pode ser utilizada para qualquer tipo de triângulo, mesmo que ele não tenha um ângulo de 90º. Basta conhecer o
cosseno de um dos ângulos e o valor de dois lados (arestas) do triângulo.
Veja a fórmula abaixo. Onde a, b e c são lados do triângulo.
Para qualquer triângulo ABC, temos que:

— Relações Métricas do Triângulo Retângulo


As relações trigonométricas no triângulo retângulo são fórmulas simplificadas. Elas podem facilitar a resolução das questões em que
o Teorema de Pitágoras é aplicável.
Para um triângulo retângulo, sua altura relativa à hipotenusa e as projeções ortogonais dos catetos, temos o seguinte:
- Onde a é hipotenusa;
- b e c são catetos;
- m e n são projeções ortogonais;
- h é altura.

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MATEMÁTICA

— Teorema de Tales
O Teorema de Tales é uma propriedade para retas paralelas.

Se as retas CC’, BB’ e AA’ são paralelas, então:

— Fórmulas Básicas de Geometria Plana

Polígonos
O perímetro é a soma de todos os lados da figura, ou seja, o comprimento do polígono.
Onde A é a área da figura, veja as principais fórmulas:

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Fórmulas da Circunferência

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Conversão para radiano, comprimento e área do círculo:


Conversão de unidades: π rad corresponde a 180°.
Comprimento de uma circunferência: C = 2 · π · R.
Área de uma circunferência: A = π · R²

— Geometria Espacial
É a frente matemática que estuda a geometria no espaço. Ou seja, é o estudo das formas que possuem três dimensões: comprimento,
largura e altura.
Apenas as figuras de geometria espacial têm volume.
Uma das primeiras figuras geométricas que você estuda em geometria espacial é o prisma. Ele é uma figura formada por retângulos,
e duas bases. Outros exemplos de figuras de geometria espacial são cubos, paralelepípedos, pirâmides, cones, cilindros e esferas. Veja a
aula de Geometria espacial sobre prisma e esfera.

— Fórmulas de Geometria Espacial


Fórmula do Poliedro: Relação de Euler
Para saber a quantidade de vértices e arestas de uma figura espacial, utilize a Relação de Euler:
Onde V é o número de vértices, F é a quantidade de faces e A é a quantidade de arestas, temos:

V+F=A+2

Fórmulas da Esfera

Fórmulas do Cone
Onde r é o raio da base, g é a geratriz e H é a altura.
Área lateral do cone: Š = π · R . g
Área da base do cone: A = π · R²
Área da superfície total do cone: S = Š + A
Volume do cone: V = 1/3 . A . H

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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Fórmulas do cilindro

Área da base de um cilindro: Ab = π · r².


Área da superfície lateral de um cilindro: Al = 2 · π · r · h.
Volume de um cilindro: V = Ab · h = π · r² · h.
Secção meridiana: corte feito na “vertical”; a área desse corte será 2r · h.

Fórmulas do Prisma
O prisma é um sólido formado por laterais retangulares e duas bases. Na imagem a seguir, o prisma tem base retangular, sendo um
paralelepípedo. O cubo é um paralelepípedo e um prisma.

Diagonal de um paralelepípedo: .
Área total de um paralelepípedo: .
Volume de um paralelepípedo: .
Prismas retos são sólidos cujas faces laterais são formadas por retângulos.
Volume de um prisma:
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a solução para o seu concurso!
MATEMÁTICA

Fórmulas da Pirâmide Regular


Área total: AT =

Volume do tetraedro:

— Geometria Analítica
A geometria analítica utiliza coordenadas e funções do plano
cartesiano para solucionar perguntas matemáticas. É a área da
matemática que relaciona a álgebra com a geometria. A álgebra
utiliza variáveis para representar os números e u utiliza fórmulas
matemáticas.
Conhecer essa frente da matemática também é importante
para resolver questões de Física. Por exemplo, o cálculo da área em
um plano cartesiano pode informar o deslocamento (ΔS) se o eixo x
e o eixo y informarem a velocidade e o tempo.
O primeiro passo para estudar essa matéria é aprender o
conceito de ponto e reta.
- Um ponto determina uma posição no espaço.
- Uma reta é um conjunto de pontos.
Para uma pirâmide regular reta, temos: - Um plano é um conjunto infinito com duas dimensões.
Área da Base (AB): área do polígono que serve de base para a
pirâmide. Entender a relação entre ponto, reta e plano é importante
Área Lateral (AL): soma das áreas das faces laterais, todas para resolver questões com coordenadas no plano cartesiano, mas
triangulares. também para responder perguntas sobre a definição de ponto, reta
Área Total (AT): soma das áreas de todas as faces: AT = AB + AL. e plano, e a posição relativa entre retas, reta e plano e planos.
Volume (V): V = . AB . h. Para representar um ponto (A, por exemplo) em um plano
cartesiano, primeiro você deve indicar a posição no eixo x (horizontal)
E sendo a (apótema da base), h (altura), g (apótema da e depois no eixo y (vertical). Assim, segue as coordenadas seguem
pirâmide), r (raio da base), b (aresta da base) e t (aresta lateral), o modelo A (xa,ya).
temos pela aplicação de Pitágoras nos triângulos retângulos.
— Equação Fundamental da Reta
h² + r² = t² A equação fundamental da reta que passa pelo ponto P (x0, y0)
h² + a² = g² e tem coeficiente angular m é:

y – y0 = m . (x – x0)

Equação Reduzida e Equação Geral da Reta


Fórmulas do Tetraedro Regular • Equação reduzida: y = mx + q e m = tgα.
Para o tetraedro regular de aresta medindo a, temos: • Equação geral: ax + by + c = 0.

— Distância entre Dois Pontos


O ponto médio M do segmento de extremos A(xA, yA) e B(xB, yB)
é dado por:

Altura da face =

Altura do tetraedro =

Área da face: AF =
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62
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MATEMÁTICA

A distância d entre os pontos A(xA, yA) e B(xB, yB) é dada por: 4. PREFEITURA DE ARAPONGAS/PR - FISCAL AMBIENTAL - FAFI-
PA/2020
O conjunto dos números reais (ℝ) é formado pela união de ou-
tros conjuntos numéricos: naturais (ℕ), inteiros (ℤ), racionais (ℚ) e
irracionais. Das alternativas a seguir, qual representa um conjunto
de múltiplos de um número real e, ao mesmo tempo, um subcon-
junto dos números naturais?
(A) {1, 5, 7, 9, 11, 13}.
QUESTÕES (B) {−1, 5, −7, 9, −11, 13}.
(C) {1, −5, 7, −9, 11, −13}.
(D) {⋯ , 27, 36, 45, 54, 63, 72, ⋯ }.
1. PREFEITURA DE GUZOLÂNDIA/SP - ESCRITURÁRIO - (E) {1, 5, 7, −9, −11, −13}.
OMNI/2021
Podemos definir um número primo, como um número natu- 5. CRMV/AM - SERVIÇOS GERAIS – QUADRIX/2020
ral, que é divisível por exatamente dois números naturais. Como os
números racionais são números escritos como a fração entre dois
números inteiros, assinale a opção CORRETA em relação aos núme-
ros primos e racionais.
(A) Os números primos não são racionais, já que não podemos
escrevê-los na forma de uma fração.
(B) O único número primo e racional é o número 1.
(C) Todos os números primos também são racionais.
(D) Não existe número primo que seja par.

2. PREFEITURA DE PAULÍNIA/SP - CARGOS DE NÍVEL FUNDA-


MENTAL - FGV/2021
Observe o exemplo seguinte.
O número 10 possui 4 divisores, pois os únicos números que
dividem 10 exatamente são: 1, 2, 5 e 10.
O número de divisores de 48 é
(A) 6.
(B) 7. A partir dos números escritos no quadro acima, julgue o item.
(C) 8. Os números 13 e 17 são primos.
(D) 9. ( ) CERTO
(E) 10. ( ) ERRADO

3. PREFEITURA DE ITATIBA/SP - PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁ- 6. PREFEITURA DE MINISTRO ANDREAZZA/RO - AGENTE ADMI-
SICA - AVANÇA SP/2020 NISTRATIVO - IBADE/2020
No que se refere aos Conjuntos Numéricos, julgue os itens a Em uma determinada loja de departamentos, o fogão custava
seguir e, ao final, assinale a alternativa correta: R$ 400,00. Após negociação o vendedor aplicou um desconto de R$
I – Reúnem diversos conjuntos cujos elementos são quase to- 25,00. O valor percentual de desconto foi de:
dos números. (A) 5,57%
II – São formados por números naturais, inteiros, racionais, ir- (B) 8,75%
racionais e reais. (C) 12,15%
III – O ramo da Matemática que estuda os conjuntos numéricos (D) 6,25%
é a Teoria dos Sistemas. (E) 6,05%

(A) Apenas o item I é verdadeiro. 7. ALEPI - CONSULTOR LEGISLATIVO - COPESE - UFPI/2020


(B) Apenas o item II é verdadeiro. Marina comprou 30% de uma torta de frango e 80% de um bolo
(C) Apenas o item III é verdadeiro. em uma padaria. Após Marina deixar a padaria, Pedro comprou o
(D) Apenas os itens I e III são verdadeiros. que sobrou da torta de frango por 14 reais e o que sobrou do bolo
(E) Todos os itens são verdadeiros. por 6 reais, o valor que Marina pagou em reais é:
(A) 28
(B) 30
(C) 32
(D) 34
(E) 36

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63
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MATEMÁTICA

8. PREFEITURA DE PIRACICABA/SP - PROFESSOR - VUNESP/2020 13. PREFEITURA DE VILA VELHA/ES - PROFESSOR - IBADE/2020
Do número total de candidatos inscritos em um processo A cidade de Vila Velha é separada da capital, Vitória, pela Baía
seletivo, apenas 30 não compareceram para a realização da prova. de Vitória, mas unidas por pontes. A maior delas é a monumental,
Se o número de candidatos que fizeram a prova representa 88% Terceira Ponte, com 3,33 km de extensão, um cartão postal das duas
do total de inscritos, então o número de candidatos que realizaram cidades.
essa prova é O comprimento da ponte, em metros, corresponde a:
(A) 320. (A) 0,333
(B) 300. (B) 33,3
(C) 250. (C) 333
(D) 220. (D) 3.330
(E) 200. (E) 33.300

9. PREFEITURA DE PIRACICABA/SP - PROFESSOR - VUNESP/2020 14. CREFONO - 1ª REGIÃO - AGENTE FISCAL - QUADRIX/2020
Uma escola tem aulas nos períodos matutino e vespertino. Com base nessa situação hipotética, julgue o item.
Nessa escola, estudam 400 alunos, sendo o número de alunos do Supondo-se que um cachorro de pequeno porte precise de 600
período vespertino igual a 2/3 do número de alunos do período mL de água por dia para se manter hidratado e que 1 g de água
matutino. A razão entre o número de alunos do período vespertino ocupe o volume de 1 cm3, é correto afirmar que a quantidade de
e o número total de alunos dessa escola é: água necessária para um cachorro de pequeno porte se manter
(A) 1/4 hidratado é superior a meio quilo.
(B) 1/3 ( ) CERTO
(C) 2/5 ( ) ERRADO
(D) 3/5
(E) 2/3 15. AVAREPREV/SP - OFICIAL DE MANUTENÇÃO E SERVIÇOS -
VUNESP/2020
10. UEPA - TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR - FADESP/2020 A capacidade de uma caixa d´água é de 8,5 m³. Essa capacidade
Doze funcionários de um escritório de contabilidade trabalham em litros é de:
8 horas por dia, durante 25 dias, para atender a um certo número de (A) 8,5.
clientes. Se dois funcionários adoecem e precisam ser afastados por (B) 85.
tempo indeterminado, o total de dias que os funcionários restantes (C) 850.
levarão para atender ao mesmo número de pessoas, trabalhando 2 (D) 8500.
horas a mais por dia, no mesmo ritmo de trabalho, será de:
(A) 23 dias. 16. PREFEITURA DE JAGUARIÚNA/SP - DENTISTA - VUNESP/2021
(B) 24 dias. O gráfico representa a distribuição da quantidade de pessoas
(C) 25 dias. que responderam “sim” a quatro perguntas apresentadas em uma
(D) 26 dias. pesquisa.

11. COMUR DE NOVO HAMBURGO/RS - AGENTE DE


ATENDIMENTO E VENDAS - FUNDATEC/2021 Qual o resultado da
equação de primeiro grau 2x - 7 = 28 - 5x?
(A) 3.
(B) 5.
(C) 7.
(D) -4,6.
(E) Não é possível resolver essa equação.

12. PREFEITURA DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON/PR -


ARQUITETO - INSTITUTO UNIFIL/2021
Considerando a equação do segundo grau {2x2 – 9x + 7 = 0},
assinale a alternativa que representa o resultado do produto das Sabendo que o ângulo central do setor que representa a
raízes desta equação. pergunta 4 mede 135º, é correto afirmar que o número de pessoas
(A) 5,0 que respondeu a essa pergunta foi:
(B) 4,6 (A) 70.
(C) 4,4 (B) 75.
(D) 3,5 (C) 80.
(D) 85.
(E) 90.

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MATEMÁTICA

17. PREFEITURA DE SÃO ROQUE/SP - INSPETOR DE ALUNOS - VUNESP/2020


Uma faculdade realizará a Semana da Educação. Veja no gráfico as inscrições que foram realizadas para cada modalidade oferecida
na Semana da Educação.

As modalidades que tiveram menos e mais inscrições, respectivamente, foram


(A) Sarau e Palestra.
(B) Sarau e Apresentações de trabalho.
(C) Oficinas e Palestra.
(D) Oficinas e Minicursos.
(E) Minicursos e Apresentações de trabalho.

18. (TJM/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2017) Leia o enunciado a seguir para responder a questão.
A tabela apresenta o número de acertos dos 600 candidatos que realizaram a prova da segunda fase de um concurso, que continha 5
questões de múltipla escolha

NÚMERO DE ACERTOS NÚMERO DE CANDIDATOS


5 204
4 132
3 96
2 78
1 66
0 24

A média de acertos por prova foi de


(A) 3,57.
(B) 3,43
(C) 3,32.
(D) 3,25.
(E) 3,19.

19. PREFEITURA DE TAUBATÉ/SP - ESCRITURÁRIO - VUNESP/2022


Um mestre de obras precisa de um pedaço de madeira cortada em formato de triângulo retângulo, com o maior lado medindo 37 cm,
e o menor lado medindo 12 cm. O perímetro desse pedaço de madeira triangular deve ser de:
(A) 81 cm.
(B) 82 cm.
(C) 83 cm.
(D) 84 cm.
(E) 85 cm.

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MATEMÁTICA

20. CÂMARA DE IPIRANGA DO NORTE/MT - ASSISTENTE


ADMINISTRATIVO - OBJETIVA/2022
ANOTAÇÕES
Um terreno retangular com comprimento de 16m e largura de
12m será dividido ao meio por uma de suas diagonais. Supondo- ______________________________________________________
se que será utilizado uma cerca para fazer essa divisão, ao todo,
quantos metros de cerca serão necessários? ______________________________________________________
(A) 18m
(B) 20m ______________________________________________________
(C) 22m
(D) 24m ______________________________________________________

______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
1 C
2 E ______________________________________________________
3 B ______________________________________________________
4 D
______________________________________________________
5 CERTO
6 D ______________________________________________________

7 B _____________________________________________________
8 D
_____________________________________________________
9 C
______________________________________________________
10 B
11 B ______________________________________________________
12 D ______________________________________________________
13 D
______________________________________________________
14 CERTO
15 D ______________________________________________________

16 E ______________________________________________________
17 D ______________________________________________________
18 B
______________________________________________________
19 D
20 B ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

MS-WINDOWS 10: CONCEITO DE PASTAS, DIRETÓRIOS, ARQUIVOS E ATALHOS, ÁREA DE TRABALHO, ÁREA DE TRANSFERÊN-
CIA, MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS E PASTAS, USO DOS MENUS, PROGRAMAS E APLICATIVOS, INTERAÇÃO COM O CONJUN-
TO DE APLICATIVOS MS-OFFICE 2016

Lançado em 2015, O Windows 10 chega ao mercado com a proposta ousada, juntar todos os produtos da Microsoft em uma única
plataforma. Além de desktops e notebooks, essa nova versão equipará smartphones, tablets, sistemas embarcados, o console Xbox One e
produtos exclusivos, como o Surface Hub e os óculos de realidade aumentada HoloLens1.

Versões do Windows 10
– Windows 10 Home: edição do sistema operacional voltada para os consumidores domésticos que utilizam PCs (desktop e notebook),
tablets e os dispositivos “2 em 1”.
– Windows 10 Pro: o Windows 10 Pro também é voltado para PCs (desktop e notebook), tablets e dispositivos “2 em 1”, mas traz
algumas funcionalidades extras em relação ao Windows 10 Home, os quais fazem com que essa edição seja ideal para uso em pequenas
empresas, apresentando recursos para segurança digital, suporte remoto, produtividade e uso de sistemas baseados na nuvem.
– Windows 10 Enterprise: construído sobre o Windows 10 Pro, o Windows 10 Enterprise é voltado para o mercado corporativo. Os
alvos dessa edição são as empresas de médio e grande porte, e o Sistema apresenta capacidades que focam especialmente em tecnologias
desenvolvidas no campo da segurança digital e produtividade.
– Windows 10 Education: Construída a partir do Windows 10 Enterprise, essa edição foi desenvolvida para atender as necessidades
do meio escolar.
– Windows 10 Mobile: o Windows 10 Mobile é voltado para os dispositivos de tela pequena cujo uso é centrado no touchscreen,
como smartphones e tablets
– Windows 10 Mobile Enterprise: também voltado para smartphones e pequenos tablets, o Windows 10 Mobile Enterprise tem como
objetivo entregar a melhor experiência para os consumidores que usam esses dispositivos para trabalho.
– Windows 10 IoT: edição para dispositivos como caixas eletrônicos, terminais de autoatendimento, máquinas de atendimento para o
varejo e robôs industriais – todas baseadas no Windows 10 Enterprise e Windows 10 Mobile Enterprise.
– Windows 10 S: edição otimizada em termos de segurança e desempenho, funcionando exclusivamente com aplicações da Loja
Microsoft.
– Windows 10 Pro – Workstation: como o nome sugere, o Windows 10 Pro for Workstations é voltado principalmente para uso pro-
fissional mais avançado em máquinas poderosas com vários processadores e grande quantidade de RAM.

Área de Trabalho (pacote aero)


Aero é o nome dado a recursos e efeitos visuais introduzidos no Windows a partir da versão 7.

Área de Trabalho do Windows 10.2


1 https://estudioaulas.com.br/img/ArquivosCurso/materialDemo/SlideDemo-4147.pdf
2 https://edu.gcfglobal.org/pt/tudo-sobre-o-windows-10/sobre-a-area-de-trabalho-do-windows-10/1/
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Aero Glass (Efeito Vidro)


Recurso que deixa janelas, barras e menus transparentes, parecendo um vidro.

Efeito Aero Glass.3

Aero Flip (Alt+Tab)


Permite a alternância das janelas na área de trabalho, organizando-as de acordo com a preferência de uso.

Efeito Aero Flip.


3 https://www.tecmundo.com.br/windows-10/64159-efeito-aero-glass-lancado-mod-windows-10.htm
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68
a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Aero Shake (Win+Home)


Ferramenta útil para quem usa o computador com multitarefas. Ao trabalhar com várias janelas abertas, basta “sacudir” a janela
ativa, clicando na sua barra de título, que todas as outras serão minimizadas, poupando tempo e trabalho. E, simplesmente, basta sacudir
novamente e todas as janelas serão restauradas.

Efeito Aero Shake (Win+Home)

Editora
69
a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Aero Snap (Win + Setas de direção do teclado)


Recurso que permite melhor gerenciamento e organização das janelas abertas.
Basta arrastar uma janela para o topo da tela e a mesma é maximizada, ou arrastando para uma das laterais a janela é dividida de
modo a ocupar metade do monitor.

Efeito Aero Snap.

Aero Peek (Win+Vírgula – Transparência / Win+D – Minimizar Tudo)

O Aero Peek (ou “Espiar área de trabalho”) permite que o usuário possa ver rapidamente o desktop. O recurso pode ser útil quando
você precisar ver algo na área de trabalho, mas a tela está cheia de janelas abertas. Ao usar o Aero Peek, o usuário consegue ver o que
precisa, sem precisar fechar ou minimizar qualquer janela. Recurso pode ser acessado por meio do botão Mostrar área de trabalho (parte
inferior direita do Desktop). Ao posicionar o mouse sobre o referido botão, as janelas ficam com um aspecto transparente. Ao clicar sobre
ele, as janelas serão minimizadas.

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70
a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Efeito Aero Peek.

Menu Iniciar
Algo que deixou descontente grande parte dos usuários do Windows 8 foi o sumiço do Menu Iniciar.
O novo Windows veio com a missão de retornar com o Menu Iniciar, o que aconteceu de fato. Ele é dividido em duas partes: na direita,
temos o padrão já visto nos Windows anteriores, como XP, Vista e 7, com a organização em lista dos programas. Já na direita temos uma
versão compacta da Modern UI, lembrando muito os azulejos do Windows Phone 8.

Menu Iniciar no Windows 10.4

4 https://pplware.sapo.pt/microsoft/windows/windows-10-5-dicas-usar-melhor-menu-iniciar
Editora
71
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Nova Central de Ações


A Central de Ações é a nova central de notificações do Windows 10. Ele funciona de forma similar à Central de Ações das versões an-
teriores e também oferece acesso rápido a recursos como modo Tablet, Bloqueio de Rotação, Luz noturna e VPN.

Central de ações do Windows 10.5

Paint 3D
O novo App de desenhos tem recursos mais avançados, especialmente para criar objetos em três dimensões. As ferramentas antigas
de formas, linhas e pintura ainda estão lá, mas o design mudou e há uma seleção extensa de funções que prometem deixar o programa
mais versátil.
Para abrir o Paint 3D clique no botão Iniciar ou procure por Paint 3D na caixa de pesquisa na barra de tarefas.

Paint 3D.

5 Fonte: https://support.microsoft.com/pt-br/help/4026791/windows-how-to-open-action-center
Editora
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72
a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cortana
Cortana é um/a assistente virtual inteligente do sistema operacional Windows 10.
Além de estar integrada com o próprio sistema operacional, a Cortana poderá atuar em alguns aplicativos específicos. Esse é o caso
do Microsoft Edge, o navegador padrão do Windows 10, que vai trazer a assistente pessoal como uma de suas funcionalidades nativas. O
assistente pessoal inteligente que entende quem você é, onde você está e o que está fazendo. O Cortana pode ajudar quando for solicita-
do, por meio de informações-chave, sugestões e até mesmo executá-las para você com as devidas permissões.

Para abrir a Cortana selecionando a opção na Barra de Tarefas. Podendo teclar ou falar o
tema que deseja.

Cortana no Windows 10.6

Microsot Edge
O novo navegador do Windows 10 veio para substituir o Internet Explorer como o browser-padrão do sistema operacional da Mi-
crosoft. O programa tem como características a leveza, a rapidez e o layout baseado em padrões da web, além da remoção de suporte a
tecnologias antigas, como o ActiveX e o Browser Helper Objects.
Dos destaques, podemos mencionar a integração com serviços da Microsoft, como a assistente de voz Cortana e o serviço de armaze-
namento na nuvem OneDrive, além do suporte a ferramentas de anotação e modo de leitura.
O Microsoft Edge é o primeiro navegador que permite fazer anotações, escrever, rabiscar e realçar diretamente em páginas da Web.
Use a lista de leitura para salvar seus artigos favoritos para mais tarde e lê-los no modo de leitura . Focalize guias abertas para visu-
alizá-las e leve seus favoritos e sua lista de leitura com você quando usar o Microsoft Edge em outro dispositivo.
O Internet Explorer 11, ainda vem como acessório do Windows 10. Devendo ser descontinuado nas próximas atualizações.
Para abrir o Edge clique no botão Iniciar , Microsoft Edge ou clique no ícone na barra de tarefas.

Microsoft Edge no Windows 10.


6 https://www.tecmundo.com.br/cortana/76638-cortana-ganhar-novo-visual-windows-10-rumor.htm
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Windows Hello
O Windows Hello funciona com uma tecnologia de credencial chamada Microsoft Passport, mais fácil, mais prática e mais segura do
que usar uma senha, porque ela usa autenticação biométrica. O usuário faz logon usando face, íris, impressão digital, PIN, bluetooth do
celular e senha com imagem.

Para acessar o Windows Hello, clique no botão , selecione Configurações > Contas > Opções de entrada. Ou procure por
Hello ou Configurações de entrada na barra de pesquisa.

Windows Hello.
Bibliotecas
As Bibliotecas são um recurso do Windows 10 que permite a exibição consolidada de arquivos relacionados em um só local. Você pode
pesquisar nas Bibliotecas para localizar os arquivos certos rapidamente, até mesmo quando esses arquivos estão em pastas, unidades
ou em sistemas diferentes (quando as pastas são indexadas nos sistemas remotos ou armazenadas em cache localmente com Arquivos
Offline).

Tela Bibliotecas no Windows 10.7


7 https://agorafunciona.wordpress.com/2017/02/12/como-remover-as-pastas-imagens-da-camera-e-imagens-salvas
Editora
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74
a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

One Drive
O OneDrive é serviço um de armazenamento e compartilhamento de arquivos da Microsoft. Com o Microsoft OneDrive você pode
acessar seus arquivos em qualquer lugar e em qualquer dispositivo.
O OneDrive é um armazenamento on-line gratuito que vem com a sua conta da Microsoft. É como um disco rígido extra que está
disponível para todos os dispositivos que você usar.

OneDivre.8

Manipulação de Arquivos
É um conjunto de informações nomeadas, armazenadas e organizadas em uma mídia de armazenamento de dados. O arquivo está
disponível para um ou mais programas de computador, sendo essa relação estabelecida pelo tipo de arquivo, identificado pela extensão
recebida no ato de sua criação ou alteração.
Há arquivos de vários tipos, identificáveis por um nome, seguido de um ponto e um sufixo com três (DOC, XLS, PPT) ou quatro letras
(DOCX, XLSX), denominado extensão. Assim, cada arquivo recebe uma denominação do tipo arquivo.extensão. Os tipos mais comuns são
arquivos de programas (executavel.exe), de texto (texto.docx), de imagens (imagem.bmp, eu.jpg), planilhas eletrônicas (tabela.xlsx) e
apresentações (monografia.pptx).

Pasta
As pastas ou diretórios: não contém informação propriamente dita e sim arquivos ou mais pastas. A função de uma pasta é organizar
tudo o que está dentro das unidades.
O Windows utiliza as pastas do computador para agrupar documentos, imagens, músicas, aplicações, e todos os demais tipos de
arquivos existentes.
Para visualizar a estrutura de pastas do disco rígido, bem como os arquivos nela armazenados, utiliza-se o Explorador de Arquivos.

Manipulação de arquivos e/ou pastas (Recortar/Copiar/Colar)


Existem diversas maneiras de manipular arquivos e/ou pastas.
1. Através dos botões RECORTAR, COPIAR E COLAR. (Mostrados na imagem acima – Explorador de arquivos).
2. Botão direito do mouse.
3. Selecionando e arrastando com o uso do mouse (Atenção com a letra da unidade e origem e destino).

8 Fonte: https://tecnoblog.net/286284/como-alterar-o-local-da-pasta-do-onedrive-no-windows-10
Editora
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Central de Segurança do Windows Defender


A Central de Segurança do Windows Defender fornece a área de proteção contra vírus e ameaças.
Para acessar a Central de Segurança do Windows Defender, clique no botão , selecione Configurações > Atualização e seguran-
ça > Windows Defender. Ou procure por Windows Defender na barra de pesquisa.

Windows Defender.9

Lixeira
A Lixeira armazena temporariamente arquivos e/ou pastas excluídos das unidades internas do computador (c:\).
Para enviar arquivo para a lixeira:
- Seleciona-lo e pressionar a tecla DEL.
- Arrasta-lo para a lixeira.
- Botão direito do mouse sobre o arquivo, opção excluir.
- Seleciona-lo e pressionar CTRL+D.

Arquivos apagados permanentemente:


- Arquivos de unidades de rede.
- Arquivos de unidades removíveis (pen drive, ssd card...).
- Arquivos maiores do que a lixeira. (Tamanho da lixeira é mostrado em MB (megabytes) e pode variar de acordo com o tamanho do
HD (disco rígido) do computador).
- Deletar pressionando a tecla SHIFT.
- Desabilitar a lixeira (Propriedades).
Para acessar a Lixeira, clique no ícone correspondente na área de trabalho do Windows 10.

Outros Acessórios do Windows 10


Existem outros, outros poderão ser lançados e incrementados, mas os relacionados a seguir são os mais populares:
– Alarmes e relógio.
– Assistência Rápida.
– Bloco de Notas.
– Calculadora.
– Calendário.
– Clima.
– E-mail.
– Facilidade de acesso (ferramenta destinada a deficientes físicos).
– Ferramenta de Captura.
– Gravador de passos.
– Internet Explorer.
– Mapas.
– Mapa de Caracteres.
9 Fonte: https://answers.microsoft.com/pt-br/protect/forum/all/central-de-seguran%C3%A7a-do-windows-defender/9ae1b77e-de7c-4ee7-b90f-4bf76ad529b1
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76
a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Paint.
– Windows Explorer.
– WordPad.
– Xbox.
Principais teclas de atalho
CTRL + F4: fechar o documento ativo.
CTRL + R ou F5: atualizar a janela.
CTRL + Y: refazer.
CTRL + ESC: abrir o menu iniciar.
CTRL + SHIFT + ESC: gerenciador de tarefas.
WIN + A: central de ações.
WIN + C: cortana.
WIN + E: explorador de arquivos. – Trabalhando em grupo, em tempo real: permite que vários
WIN + H: compartilhar. usuários trabalhem no mesmo documento de forma simultânea.
WIN + I: configurações.
WIN + L: bloquear/trocar conta.
WIN + M: minimizar as janelas.
WIN + R: executar.
WIN + S: pesquisar.
WIN + “,”: aero peek.
WIN + SHIFT + M: restaurar as janelas.
WIN + TAB: task view (visão de tarefas).
WIN + HOME: aero shake.
ALT + TAB: alternar entre janelas.
WIN + X: menu de acesso rápido.
F1: ajuda.

Ao armazenar um documento on-line no OneDrive ou no Sha-


MS-WORD 2016: ESTRUTURA BÁSICA DOS DOCUMENTOS, rePoint e compartilhá-lo com colegas que usam o Word 2016 ou
EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE TEXTOS, CABEÇALHOS, PARÁ- Word On-line, vocês podem ver as alterações uns dos outros no
GRAFOS, FONTES, COLUNAS, MARCADORES SIMBÓLICOS documento durante a edição. Após salvar o documento on-line, cli-
E NUMÉRICOS, TABELAS, IMPRESSÃO, CONTROLE DE QUE- que em Compartilhar para gerar um link ou enviar um convite por
BRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS, LEGENDAS, ÍNDICES, e-mail. Quando seus colegas abrem o documento e concordam em
INSERÇÃO DE OBJETOS, CAMPOS PREDEFINIDOS, CAI- compartilhar automaticamente as alterações, você vê o trabalho
XAS DE TEXTO em tempo real.

Essa versão de edição de textos vem com novas ferramentas e


novos recursos para que o usuário crie, edite e compartilhe docu-
mentos de maneira fácil e prática10.
O Word 2016 está com um visual moderno, mas ao mesmo
tempo simples e prático, possui muitas melhorias, modelos de do-
cumentos e estilos de formatações predefinidos para agilizar e dar
um toque de requinte aos trabalhos desenvolvidos. Trouxe pou-
quíssimas novidades, seguiu as tendências atuais da computação,
permitindo o compartilhamento de documentos e possuindo inte-
gração direta com vários outros serviços da web, como Facebook,
Flickr, Youtube, Onedrive, Twitter, entre outros.

Novidades no Word 2016


– Diga-me o que você deseja fazer: facilita a localização e a
realização das tarefas de forma intuitiva, essa nova versão possui
a caixa Diga-me o que deseja fazer, onde é possível digitar um ter-
mo ou palavra correspondente a ferramenta ou configurações que – Pesquisa inteligente: integra o Bing, serviço de buscas da
procurar. Microsoft, ao Word 2016. Ao clicar com o botão do mouse sobre
qualquer palavra do texto e no menu exibido, clique sobre a função
Pesquisa Inteligente, um painel é exibido ao lado esquerdo da tela
do programa e lista todas as entradas na internet relacionadas com
10 http://www.popescolas.com.br/eb/info/word.pdf a palavra digitada.
Editora
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Equações à tinta: se utilizar um dispositivo com tela sensível ao toque é possível desenhar equações matemáticas, utilizando o dedo
ou uma caneta de toque, e o programa será capaz de reconhecer e incluir a fórmula ou equação ao documento.

– Histórico de versões melhorado: vá até Arquivo > Histórico para conferir uma lista completa de alterações feitas a um documento
e para acessar versões anteriores.
– Compartilhamento mais simples: clique em Compartilhar para compartilhar seu documento com outras pessoas no SharePoint, no
OneDrive ou no OneDrive for Business ou para enviar um PDF ou uma cópia como um anexo de e-mail diretamente do Word.

– Formatação de formas mais rápida: quando você insere formas da Galeria de Formas, é possível escolher entre uma coleção de
preenchimentos predefinidos e cores de tema para aplicar rapidamente o visual desejado.
– Guia Layout: o nome da Guia Layout da Página na versão 2010/2013 do Microsoft Word mudou para apenas Layout11.

Interface Gráfica

Guia de Início Rápido.12


11 CARVALHO, D. e COSTA, Renato. Livro Eletrônico.
12 https://www.udesc.br/arquivos/udesc/id_cpmenu/5297/Guia_de_Inicio_Rapido___Word_2016_14952206861576.pdf
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar em Documento em branco surgirá a tela principal do Word 201613.

Área de trabalho do Word 2016.

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido


Permite adicionar atalhos, de funções comumente utilizadas no trabalho com documentos que podem ser personalizados de acordo
com a necessidade do usuário.

Faixa de Opções
Faixa de Opções é o local onde estão os principais comandos do Word, todas organizadas em grupos e distribuídas por meio de guias,
que permitem fácil localização e acesso. As faixas de Opções são separadas por nove guias: Arquivos; Página Inicial, Inserir, Design, Layout,
Referências, Correspondências, Revisão e Exibir.

– Arquivos: possui diversas funcionalidades, dentre algumas:


– Novo: abrir um Novo documento ou um modelo (.dotx) pré-formatado.
– Abrir: opções para abrir documentos já salvos tanto no computador como no sistema de armazenamento em nuvem da Microsoft,
One Drive. Além de exibir um histórico dos últimos arquivos abertos.
13 Melo, F. INFORMÁTICA. MS-Word 2016.
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Salvar/Salvar como: a primeira vez que irá salvar o documento as duas opções levam ao mesmo lugar. Apenas a partir da segunda
vez em diante que o Salvar apenas atualiza o documento e o Salvar como exibe a janela abaixo. Contém os locais onde serão armazenados
os arquivos. Opções locais como na nuvem (OneDrive).

– Imprimir: opções de impressão do documento em edição. Desde a opção da impressora até as páginas desejadas. O usuário tanto
pode imprimir páginas sequenciais como páginas alternadas.

– Página Inicial: possui ferramentas básicas para formatação de texto, como tamanho e cor da fonte, estilos de marcador, alinhamento
de texto, entre outras.

Grupo Área de Transferência


Para acessá-la basta clicar no pequeno ícone de uma setinha para baixo no canto inferior direito, logo à frente de Área de Transferên-
cia.
Colar (CTRL + V): cola um item (pode ser uma letra, palavra, imagem) copiado ou recortado.
Recortar (CTRL + X): recorta um item (pode ser uma letra, palavra, imagem) armazenando-o temporariamente na Área de Transferên-
cia para em seguida ser colado no local desejado.
Copiar (CTRL+C): copia o item selecionado (cria uma cópia na Área de Transferência).
Pincel de Formatação (CTRL+SHIFT+C / CTRL+SHIFT+V): esse recurso (principalmente o ícone) cai em vários concursos. Ele permite
copiar a formatação de um item e aplicar em outro.

Grupo Fonte

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Fonte: permite que selecionar uma fonte, ou seja, um tipo de letra a ser exibido em seu texto. Em cada texto
pode haver mais de um tipo de fontes diferentes.

Tamanho da fonte: é o tamanho da letra do texto. Permite escolher entre diferentes tamanhos de fonte na lista
ou que digite um tamanho manualmente.

Negrito: aplica o formato negrito (escuro) ao texto selecionado. Se o cursor estiver sobre uma palavra, ela fica-
rá toda em negrito. Se a seleção ou a palavra já estiver em negrito, a formatação será removida.

Itálico: aplica o formato itálico (deitado) ao texto selecionado. Se o cursor estiver sobre uma palavra, ela ficará
toda em itálico. Se a seleção ou palavra já estiver em itálico, a formatação será removida.

Sublinhado: sublinha, ou seja, insere ou remove uma linha embaixo do texto selecionado. Se o cursor não está
em uma palavra, o novo texto inserido será sublinhado.

Tachado: risca uma linha, uma palavra ou apenas uma letra no texto selecionado ou, se o cursor somente esti-
ver sobre uma palavra, esta palavra ficará riscada.

Subscrito: coloca a palavra abaixo das demais.

Sobrescrito: coloca a palavra acima das demais.

Cor do realce do texto: aplica um destaque colorido sobre a palavra, assim como uma caneta marca texto.

Cor da fonte: permite alterar a cor da fonte (letra).

Grupo Parágrafo

Marcadores: permite criar uma lista com diferentes marcadores.

Numeração: permite criar uma lista numerada.

Lista de vários itens: permite criar uma lista numerada em níveis.

Diminuir Recuo: diminui o recuo do parágrafo em relação à margem esquerda.

Aumentar Recuo: aumenta o recuo do parágrafo em relação à margem esquerda.

Classificar: organiza a seleção atual em ordem alfabética ou numérica.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Mostrar tudo: mostra marcas de parágrafos e outros símbolos de formatação ocultos.

Alinhar a esquerda: alinha o conteúdo com a margem esquerda.

Centralizar: centraliza seu conteúdo na página.

Alinhar à direita: alinha o conteúdo à margem direita.

Justificar: distribui o texto uniformemente entre as margens esquerda e direita.

Espaçamento de linha e parágrafo: escolhe o espaçamento entre as linhas do texto ou entre parágrafos.

Sombreamento: aplica uma cor de fundo no parágrafo onde o cursor está posicionado.

Bordas: permite aplicar ou retirar bordas no trecho selecionado.

Grupo Estilo
Possui vários estilos pré-definidos que permite salvar configurações relativas ao tamanho e cor da fonte, espaçamento entre linhas
do parágrafo.

Grupo Edição

CTRL+L: ao clicar nesse ícone é aberta a janela lateral, denominada navegação, onde é possível localizar
um uma palavra ou trecho dentro do texto.

CTRL+U: pesquisa no documento a palavra ou parte do texto que você quer mudar e o substitui por
outro de seu desejo.

Seleciona o texto ou objetos no documento.

Inserir: a guia inserir permite a inclusão de elementos ao texto, como: imagens, gráficos, formas, configurações de quebra de página,
equações, entre outras.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Adiciona uma folha inicial em seu documento, parecido como uma capa.

Adiciona uma página em branco em qualquer lugar de seu documento.

Uma seção divide um documento em partes determinadas pelo usuário para que sejam aplicados
diferentes estilos de formatação na mesma ou facilitar a numeração das páginas dentro dela.

Permite inserir uma tabela, uma planilha do Excel, desenhar uma tabela, tabelas rápidas ou converter o texto em
tabela e vice-versa.

Design: esta guia agrupa todos os estilos e formatações disponíveis para aplicar ao layout do documento.

Layout: a guia layout define configurações características ao formato da página, como tamanho, orientação, recuo, entre outras.

Referências: é utilizada para configurações de itens como sumário, notas de rodapé, legendas entre outros itens relacionados a iden-
tificação de conteúdo.

Correspondências: possui configuração para edição de cartas, mala direta, envelopes e etiquetas.

Revisão: agrupa ferramentas úteis para realização de revisão de conteúdo do texto, como ortografia e gramática, dicionário de sinô-
nimos, entre outras.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exibir: altera as configurações de exibição do documento.

Formatos de arquivos
Veja abaixo alguns formatos de arquivos suportados pelo Word 2016:
.docx: formato xml.
.doc: formato da versão 2003 e anteriores.
.docm: formato que contém macro (vba).
.dot: formato de modelo (carta, currículo...) de documento da versão 2003 e anteriores.
.dotx: formato de modelo (carta, currículo...) com o padrão xml.
.odt: formato de arquivo do Libre Office Writer.
.rtf: formato de arquivos do WordPad.
.xml: formato de arquivos para Web.
.html: formato de arquivos para Web.
.pdf: arquivos portáteis.

MS-EXCEL 2016: ESTRUTURA BÁSICA DAS PLANILHAS, CONCEITOS DE CÉLULAS, LINHAS, COLUNAS, PASTAS E GRÁFICOS,
ELABORAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS, USO DE FÓRMULAS, FUNÇÕES E MACROS, IMPRESSÃO, INSERÇÃO DE OBJETOS,
CAMPOS PREDEFINIDOS, CONTROLE DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE PÁGINAS, OBTENÇÃO DE DADOS EXTERNOS, CLASSI-
FICAÇÃO DE DADOS

O Microsoft Excel 2016 é um software para criação e manutenção de Planilhas Eletrônicas.


A grande mudança de interface do aplicativo ocorreu a partir do Excel 2007 (e de todos os aplicativos do Office 2007 em relação as
versões anteriores). A interface do Excel, a partir da versão 2007, é muito diferente em relação as versões anteriores (até o Excel 2003). O
Excel 2016 introduziu novas mudanças, para corrigir problemas e inconsistências relatadas pelos usuários do Excel 2010 e 2013.
Na versão 2016, temos uma maior quantidade de linhas e colunas, sendo um total de 1.048.576 linhas por 16.384 colunas.
O Excel 2016 manteve as funcionalidades e recursos que já estamos acostumados, além de implementar alguns novos, como14:
- 6 tipos novos de gráficos: Cascata, Gráfico Estatístico, Histograma, Pareto e Caixa e Caixa Estreita.
- Pesquise, encontra e reúna os dados necessários em um único local utilizando “Obter e Transformar Dados” (nas versões anteriores
era Power Query disponível como suplemento.
- Utilize Mapas 3D (em versões anteriores com Power Map disponível como suplemento) para mostrar histórias junto com seus dados.

Especificamente sobre o Excel 2016, seu diferencial é a criação e edição de planilhas a partir de dispositivos móveis de forma mais fácil
e intuitivo, vendo que atualmente, os usuários ainda não utilizam de forma intensa o Excel em dispositivos móveis.

14 https://ninjadoexcel.com.br/microsoft-excel-2016/
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tela Inicial do Excel 2016.

Ao abrir uma planilha em branco ou uma planilha, é exibida a área de trabalho do Excel 2016 com todas as ferramentas necessárias
para criar e editar planilhas15.

15 https://juliobattisti.com.br/downloads/livros/excel_2016_basint_degusta.pdf
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As cinco principais funções do Excel são16:


– Planilhas: Você pode armazenar manipular, calcular e analisar dados tais como números, textos e fórmulas. Pode acrescentar grá-
fico diretamente em sua planilha, elementos gráficos, tais como retângulos, linhas, caixas de texto e botões. É possível utilizar formatos
pré-definidos em tabelas.
– Bancos de dados: você pode classificar pesquisar e administrar facilmente uma grande quantidade de informações utilizando ope-
rações de bancos de dados padronizadas.
– Gráficos: você pode rapidamente apresentar de forma visual seus dados. Além de escolher tipos pré-definidos de gráficos, você
pode personalizar qualquer gráfico da maneira desejada.
– Apresentações: Você pode usar estilos de células, ferramentas de desenho, galeria de gráficos e formatos de tabela para criar apre-
sentações de alta qualidade.
– Macros: as tarefas que são frequentemente utilizadas podem ser automatizadas pela criação e armazenamento de suas próprias
macros.

Planilha Eletrônica
A Planilha Eletrônica é uma folha de cálculo disposta em forma de tabela, na qual poderão ser efetuados rapidamente vários tipos de
cálculos matemáticos, simples ou complexos.
Além disso, a planilha eletrônica permite criar tabelas que calculam automaticamente os totais de valores numéricos inseridos, impri-
mir tabelas em layouts organizados e criar gráficos simples.

Barra de ferramentas de acesso rápido


Essa barra localizada na parte superior esquerdo, ajudar a deixar mais perto os comandos mais utilizados, sendo que ela pode ser
personalizada. Um bom exemplo é o comando de visualização de impressão que podemos inserir nesta barra de acesso rápido.

Barra de ferramentas de acesso rápido.

Barra de Fórmulas
Nesta barra é onde inserimos o conteúdo de uma célula podendo conter fórmulas, cálculos ou textos, mais adiante mostraremos
melhor a sua utilidade.

Barra de Fórmulas.
Guia de Planilhas
Quando abrirmos um arquivo do Excel, na verdade estamos abrindo uma pasta de trabalho onde pode conter planilhas, gráficos, tabe-
las dinâmicas, então essas abas são identificadoras de cada item contido na pasta de trabalho, onde consta o nome de cada um.
Nesta versão quando abrimos uma pasta de trabalho, por padrão encontramos apenas uma planilha.

Guia de Planilhas.

16 http://www.prolinfo.com.br
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Coluna: é o espaçamento entre dois traços na vertical. As colunas do Excel são representadas em letras de acordo com a ordem
alfabética crescente sendo que a ordem vai de “A” até “XFD”, e tem no total de 16.384 colunas em cada planilha.
– Linha: é o espaçamento entre dois traços na horizontal. As linhas de uma planilha são representadas em números, formam um total
de 1.048.576 linhas e estão localizadas na parte vertical esquerda da planilha.

Linhas e colunas.

Célula: é o cruzamento de uma linha com uma coluna. Na figura abaixo podemos notar que a célula selecionada possui um endereço
que é o resultado do cruzamento da linha 4 e a coluna B, então a célula será chamada B4, como mostra na caixa de nome logo acima da
planilha.

Células.

Faixa de opções do Excel (Antigo Menu)


Como na versão anterior o MS Excel 2013 a faixa de opções está organizada em guias/grupos e comandos. Nas versões anteriores ao
MS Excel 2007 a faixa de opções era conhecida como menu.
Guias: existem sete guias na parte superior. Cada uma representa tarefas principais executadas no Excel.
Grupos: cada guia tem grupos que mostram itens relacionados reunidos.
Comandos: um comando é um botão, uma caixa para inserir informações ou um menu.

Pasta de trabalho
É denominada pasta todo arquivo que for criado no MS Excel. Tudo que for criado será um arquivo com extensão: xls, xlsx, xlsm, xltx
ou xlsb.

Fórmulas
Fórmulas são equações que executam cálculos sobre valores na planilha. Uma fórmula sempre inicia com um sinal de igual (=).
Uma fórmula também pode conter os seguintes itens: funções, referências, operadores e constantes.

– Referências: uma referência identifica uma célula ou um intervalo de células em uma planilha e informa ao Microsoft Excel onde
procurar os valores ou dados a serem usados em uma fórmula.
– Operadores: um sinal ou símbolo que especifica o tipo de cálculo a ser executado dentro de uma expressão. Existem operadores
matemáticos, de comparação, lógicos e de referência.

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

OPERADOR ARITMÉTICO SIGNIFICADO EXEMPLO


+ (Sinal de Adição) Adição 3+3
- (Sinal de Subtração) Subtração 3-1
* (Sinal de Multiplicação) Multiplicação 3*3
/ (Sinal de Divisão) Divisão 10/2
% (Símbolo de Percentagem) Percentagem 15%
^ (Sinal de Exponenciação) Exponenciação 3^4

OPERADOR DE COMPARAÇÃO SIGNIFICADO EXEMPLO


> (Sinal de Maior que) Maior do que B2 > V2
< (Sinal de Menor que) Menor do que C8 < G7
>= (Sinal de Maior ou igual a) Maior ou igual a B2 >= V2
=< (Sinal de Menor ou igual a) Menor ou igual a C8 =< G7
<> (Sinal de Diferente) Diferente J10 <> W7

OPERADOR DE REFERÊNCIA SIGNIFICADO EXEMPLO


: (Dois pontos) Operador de intervalo sem exceção B5 : J6
; (Ponto e Vírgula) Operador de intervalo intercalado B8; B7 ; G4

– Constantes: é um valor que não é calculado, e que, portanto, não é alterado. Por exemplo: =C3+5.
O número 5 é uma constante. Uma expressão ou um valor resultante de uma expressão não é considerado uma constante.

Níveis de Prioridade de Cálculo


Quando o Excel cria fórmulas múltiplas, ou seja, misturar mais de uma operação matemática diferente dentro de uma mesma fórmula,
ele obedece a níveis de prioridade.
Os Níveis de Prioridade de Cálculo são os seguintes:
Prioridade 1: Exponenciação e Radiciação (vice-versa).
Prioridade 2: Multiplicação e Divisão (vice-versa).
Prioridade 3: Adição e Subtração (vice-versa).
Os cálculos são executados de acordo com a prioridade matemática, conforme esta sequência mostrada, podendo ser utilizados pa-
rênteses “ () ” para definir uma nova prioridade de cálculo.

Criando uma fórmula


Para criar uma fórmula simples como uma soma, tendo como referência os conteúdos que estão em duas células da planilha, digite
o seguinte:

Funções
Funções são fórmulas predefinidas que efetuam cálculos usando valores específicos, denominados argumentos, em uma determinada
ordem ou estrutura. As funções podem ser usadas para executar cálculos simples ou complexos.
Assim como as fórmulas, as funções também possuem uma estrutura (sintaxe), conforme ilustrado abaixo:

Estrutura da função.

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

NOME DA FUNÇÃO: todas as funções que o Excel permite usar em suas células tem um nome exclusivo.
Para obter uma lista das funções disponíveis, clique em uma célula e pressione SHIFT+F3.
ARGUMENTOS: os argumentos podem ser números, texto, valores lógicos, como VERDADEIRO ou FALSO, matrizes, valores de erro
como #N/D ou referências de célula. O argumento que você atribuir deve produzir um valor válido para esse argumento. Os argumentos
também podem ser constantes, fórmulas ou outras funções.

Função SOMA
Esta função soma todos os números que você especifica como argumentos. Cada argumento pode ser um intervalo, uma referência
de célula, uma matriz, uma constante, uma fórmula ou o resultado de outra função. Por exemplo, SOMA (A1:A5) soma todos os números
contidos nas células de A1 a A5. Outro exemplo: SOMA (A1;A3; A5) soma os números contidos nas células A1, A3 e A5.

Função MÉDIA
Esta função calcula a média aritmética de uma determinada faixa de células contendo números. Para tal, efetua o cálculo somando os
conteúdos dessas células e dividindo pela quantidade de células que foram somadas.

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Função MÁXIMO e MÍNIMO


Essas funções dado um intervalo de células retorna o maior e menor número respectivamente.

Função SE
A função SE é uma função do grupo de lógica, onde temos que tomar uma decisão baseada na lógica do problema. A função SE verifica
uma condição que pode ser Verdadeira ou Falsa, diante de um teste lógico.

Sintaxe
SE (teste lógico; valor se verdadeiro; valor se falso)

Exemplo:
Na planilha abaixo, como saber se o número é negativo, temos que verificar se ele é menor que zero.
Na célula A2 digitaremos a seguinte formula:

Função SOMASE
A função SOMASE é uma junção de duas funções já estudadas aqui, a função SOMA e SE, onde buscaremos somar valores desde que
atenda a uma condição especificada:

Sintaxe
SOMASE (intervalo analisado; critério; intervalo a ser somado)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.
Intervalo a ser somado (opcional): caso o critério seja atendido é efetuado a soma da referida célula analisada. Não pode conter texto
neste intervalo.

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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exemplo:
Vamos calcular a somas das vendas dos vendedores por Gênero. Observando a planilha acima, na célula C9 digitaremos a função
=SOMASE (B2:B7;”M”; C2:C7) para obter a soma dos vendedores.

Função CONT.SE
Esta função conta quantas células se atender ao critério solicitado. Ela pede apenas dois argumentos, o intervalo a ser analisado e o
critério para ser verificado.

Sintaxe
CONT.SE (intervalo analisado; critério)
Onde:
Intervalo analisado (obrigatório): intervalo em que a função vai analisar o critério.
Critério (obrigatório): Valor ou Texto a ser procurado no intervalo a ser analisado.

Aproveitando o mesmo exemplo da função anterior, podemos contar a quantidade de homens e mulheres.
Na planilha acima, na célula C9 digitaremos a função =CONT.SE (B2:B7;”M”) para obter a quantidade de vendedores.

MS-POWERPOINT 2016: ESTRUTURA BÁSICA DAS APRESENTAÇÕES, CONCEITOS DE SLIDES, ANOTAÇÕES, RÉGUA, GUIAS,
CABEÇALHOS E RODAPÉS, NOÇÕES DE EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE APRESENTAÇÕES, INSERÇÃO DE OBJETOS, NUMERAÇÃO
DE PÁGINAS, BOTÕES DE AÇÃO, ANIMAÇÃO E TRANSIÇÃO ENTRE SLIDES

O aplicativo Power Point 2016 é um programa para apresentações eletrônicas de slides. Nele encontramos os mais diversos tipos de
formatações e configurações que podemos aplicar aos slides ou apresentação de vários deles. Através desse aplicativo, podemos ainda,
desenvolver slides para serem exibidos na web, imprimir em transparência para projeção e melhor: desenvolver apresentações para pales-
tras, cursos, apresentações de projetos e produtos, utilizando recursos de áudio e vídeo.
O MS PowerPoint é um aplicativo de apresentação de slides, porém ele não apenas isso, mas também realiza as seguintes tarefas17:
– Edita imagens de forma bem simples;
– Insere e edita áudios mp3, mp4, midi, wav e wma no próprio slide;
– Insere vídeos on-line ou do próprio computador;
– Trabalha com gráficos do MS Excel;
– Grava Macros.

17 FRANCESCHINI, M. Ms PowerPoint 2016 – Apresentação de Slides.


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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tela inicial do PowerPoint 2016.

– Ideal para apresentar uma ideia, proposta, empresa, produto ou processo, com design profissional e slides de grande impacto;
– Os seus temas personalizados, estilos e opções de formatação dão ao utilizador uma grande variedade de combinações de cor, tipos
de letra e feitos;
– Permite enfatizar as marcas (bullet points), com imagens, formas e textos com estilos especiais;
– Inclui gráficos e tabelas com estilos semelhantes ao dos restantes programas do Microsoft Office (Word e Excel), tornando a apre-
sentação de informação numérica apelativa para o público.
– Com a funcionalidade SmartArt é possível criar diagramas sofisticados, ideais para representar projetos, hierarquias e esquemas
personalizados.
– Permite a criação de temas personalizados, ideal para utilizadores ou empresas que pretendam ter o seu próprio layout.
– Pode ser utilizado como ferramenta colaborativa, onde os vários intervenientes (editores da apresentação) podem trocar informa-
ções entre si através do documento, através de comentários.

Novos Recursos do MS PowerPoint


Na nova versão do PowerPoint, alguns recursos foram adicionados. Vejamos quais são eles.
• Diga-me: serve para encontrar instantaneamente os recursos do aplicativo.
• Gravação de Tela: novo recurso do MS PowerPoint, encontrado na guia Inserir. A Gravação de Tela grava um vídeo com áudio das
ações do usuário no computador, podendo acessar todas as janelas do micro e registrando os movimentos do mouse.

• Compartilhar: permite compartilhar as apresentações com outros usuários on-line para edição simultânea por meio do OneDrive.
• Anotações à Tinta: o usuário pode fazer traços de caneta à mão livre e marca-texto no documento. Esse recurso é acessado por
meio da guia Revisão.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Ideias de Design: essa nova funcionalidade da guia Design abre um painel lateral que oferece sugestões de remodelagem do slide
atual instantaneamente.

Guia Arquivo
Ao clicar na guia Arquivo, serão exibidos comandos básicos: Novo, Abrir, Salvar, Salvar Como, Imprimir, Preparar, Enviar, Publicar e
Fechar18.

18 popescolas.com.br/eb/info/power_point.pdf
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a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido19


Localiza-se no canto superior esquerdo ao lado do Botão do
Microsoft Office (local padrão), é personalizável e contém um con-
junto de comandos independentes da guia exibida no momento.
É possível adicionar botões que representam comandos à barra e
mover a barra de um dos dois locais possíveis.

Painel de Anotações
Nele é possível digitar as anotações que se deseja incluir em
um slide.

Barra de Status
Exibe várias informações úteis na confecção dos slides, entre
elas: o número de slides; tema e idioma.

Barra de Título
Exibe o nome do programa (Microsoft PowerPoint) e, também
exibe o nome do documento ativo.

Nível de Zoom
Clicar para ajustar o nível de zoom.
Botões de Comando da Janela

Modos de Exibição do PowerPoint


O menu das versões anteriores, conhecido como menu Exibir,
Acionando esses botões, é possível minimizar, maximizar e res- agora é a guia Exibição no Microsoft PowerPoint 2010. O Power-
taurar a janela do programa PowerPoint. Point 2010 disponibiliza aos usuários os seguintes modos de exi-
bição:
Faixa de Opções – Normal,
A Faixa de Opções é usada para localizar rapidamente os co- – Classificação de Slides,
mandos necessários para executar uma tarefa. Os comandos são – Anotações,
organizados em grupos lógicos, reunidos em guias. Cada guia está – Modo de exibição de leitura,
relacionada a um tipo de atividade como gravação ou disposição – Slide Mestre,
de uma página. Para diminuir a desorganização, algumas guias são – Folheto Mestre,
exibidas somente quando necessário. Por exemplo, a guia Ferra- – Anotações Mestras.
mentas de Imagem somente é exibida quando uma imagem for
selecionada.
Grande novidade do Office 2007/2010, a faixa de opções elimi-
na grande parte da navegação por menus e busca aumentar a pro-
dutividade por meio do agrupamento de comandos em uma faixa
localizada abaixo da barra de títulos20.

19 http://www.professorcarlosmuniz.com.br
20 LÊNIN, A; JUNIOR, M. Microsoft Office 2010. Livro Eletrônico.
Editora
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94
a solução para o seu concurso!
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1. Clique em Página Inicial;


2. Após clique em Layout;
3. Em seguida, escolha a opção.

O modo de exibição Normal é o principal modo de edição, onde


você escreve e projeta a sua apresentação.

Criar apresentações
Criar uma apresentação no Microsoft PowerPoint 2013 englo- Então basta começar a digitar.
ba: iniciar com um design básico; adicionar novos slides e conteúdo;
escolher layouts; modificar o design do slide, se desejar, alterando Formatar texto
o esquema de cores ou aplicando diferentes modelos de estrutura Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná-lo. Para
e criar efeitos, como transições de slides animados. selecionar um texto ou palavra, basta clicar com o botão esquerdo
Ao iniciarmos o aplicativo Power Point 2016, automaticamente sobre o ponto em que se deseja iniciar a seleção e manter o botão
é exibida uma apresentação em branco, na qual você pode começar pressionado, arrastar o mouse até o ponto desejado e soltar o bo-
a montar a apresentação. Repare que essa apresentação é montada tão esquerdo.
sem slides adicionais ou formatações, contendo apenas uma caixa Para formatar nossa caixa de texto temos os grupos da guia
de texto com título e subtítulo, sem plano de fundo ou efeito de Página Inicial. O primeiro grupo é a Fonte, podemos através deste
preenchimento. Para dar continuidade ao seu trabalho e criar uma grupo aplicar um tipo de letra, um tamanho, efeitos, cor, etc.
outra apresentação em outro slide, basta clicar em Página Inicial e Fonte: altera o tipo de fonte.
em seguida Novo Slide. Tamanho da fonte: altera o tamanho da fonte.
Negrito: aplica negrito ao texto selecionado. Também pode ser
acionado através do comando Ctrl+N.
Itálico: aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser
acionado através do comando Ctrl+I.
Sublinhado: sublinha o texto selecionado. Também pode ser
acionado através do comando Ctrl+S.
Tachado: desenha uma linha no meio do texto selecionado.
Sombra de Texto: adiciona uma sombra atrás do texto selecio-
nado para destacá-lo no slide.
Espaçamento entre Caracteres: ajusta o espaçamento entre
caracteres.
Maiúsculas e Minúsculas: altera todo o texto selecionado para
MAIÚSCULAS, minúsculas, ou outros usos comuns de maiúsculas/
minúsculas.
Cor da Fonte: altera a cor da fonte.
Alinhar Texto à Esquerda: alinha o texto à esquerda. Também
pode ser acionado através do comando Ctrl+Q.
Centralizar: centraliza o texto. Também pode ser acionado
através do comando Ctrl+E.
Alinhar Texto à Direita: alinha o texto à direita. Também pode
Layout ser acionado através do comando Ctrl+G.
O layout é o formato que o slide terá na apresentação como Justificar: alinha o texto às margens esquerda e direita, adicio-
títulos, imagens, tabelas, entre outros. Nesse caso, você pode esco- nando espaço extra entre as palavras conforme o necessário, pro-
lher entre os vários tipos de layout. movendo uma aparência organizada nas laterais esquerda e direita
Para escolher qual layout você prefere, faça o seguinte proce- da página.
dimento: Colunas: divide o texto em duas ou mais colunas.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Excluir slide Slide mestre


Selecione o slide com um clique e tecle Delete no teclado. O slide mestre é um slide padrão que replica todas as suas ca-
racterísticas para toda a apresentação. Ele armazena informações
Salvar Arquivo como plano de fundo, tipos de fonte usadas, cores, efeitos (de tran-
Para salvar o arquivo, acionar a guia Arquivo e sem sequência, sição e animação), bem como o posicionamento desses itens. Por
salvar como ou pela tecla de atalho Ctrl + B. exemplo, na imagem abaixo da nossa apresentação multiuso Power
View, temos apenas um item padronizado em todos os slides que é
Inserir Figuras a numeração da página no topo direito superior.
Para inserir uma figura no slide clicar na guia Inserir, e clicar em Ao modificar um ou mais dos layouts abaixo de um slide mes-
um desses botões: tre, você modifica essencialmente esse slide mestre. Embora cada
– Imagem do Arquivo: insere uma imagem de um arquivo. layout de slide seja configurado de maneira diferente, todos os
– Clip-Art: é possível escolher entre várias figuras que acompa- layouts que estão associados a um determinado slide mestre con-
nham o Microsoft Office. têm o mesmo tema (esquema de cor, fontes e efeitos).
– Formas: insere formas prontas, como retângulos e círculos, Para criar um slide mestre clique na Guia Exibição e em seguida
setas, linhas, símbolos de fluxograma e textos explicativos. em Slide Mestre.
– SmartArt: insere um elemento gráfico SmartArt para comuni-
car informações visualmente. Esses elementos gráficos variam des-
de listas gráficas e diagramas de processos até gráficos mais com-
plexos, como diagramas de Venn e organogramas.
– Gráfico: insere um gráfico para ilustrar e comparar dados.
– WordArt: insere um texto com efeitos especiais.

CORREIO ELETRÔNICO: USO DE CORREIO ELETRÔNICO,


Transição de Slides PREPARO E ENVIO DE MENSAGENS, ANEXAÇÃO DE
A Microsoft Office PowerPoint 2016 inclui vários tipos diferen- ARQUIVOS
tes de transições de slides. Basta clicar no guia transição e escolher
a transição de slide desejada.
E-mail
O e-mail revolucionou o modo como as pessoas recebem men-
sagem atualmente21. Qualquer pessoa que tenha um e-mail pode
mandar uma mensagem para outra pessoa que também tenha
e-mail, não importando a distância ou a localização.
Um endereço de correio eletrônico obedece à seguinte estru-
tura: à esquerda do símbolo @ (ou arroba) fica o nome ou apelido
Exibir apresentação do usuário, à direita fica o nome do domínio que fornece o acesso.
Para exibir uma apresentação de slides no Power Point. O resultado é algo como:
1. Clique na guia Apresentação de Slides, grupo Iniciar Apresen-
tação de Slides. maria@apostilassolucao.com.br
2. Clique na opção Do começo ou pressione a tecla F5, para
iniciar a apresentação a partir do primeiro slide. Atualmente, existem muitos servidores de webmail – correio
3. Clique na opção Do Slide Atual, ou pressione simultanea- eletrônico – na Internet, como o Gmail e o Outlook.
mente as teclas SHIFT e F5, para iniciar a apresentação a partir do Para possuir uma conta de e-mail nos servidores é necessário
slide atual. preencher uma espécie de cadastro. Geralmente existe um conjun-
to de regras para o uso desses serviços.

21 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20Avan%E-
7ado.pdf
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Correio Eletrônico
Este método utiliza, em geral, uma aplicação (programa de correio eletrônico) que permite a manipulação destas mensagens e um
protocolo (formato de comunicação) de rede que permite o envio e recebimento de mensagens22. Estas mensagens são armazenadas no
que chamamos de caixa postal, as quais podem ser manipuladas por diversas operações como ler, apagar, escrever, anexar, arquivos e
extração de cópias das mensagens.

Funcionamento básico de correio eletrônico


Essencialmente, um correio eletrônico funciona como dois programas funcionando em uma máquina servidora:
– Servidor SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): protocolo de transferência de correio simples, responsável pelo envio de mensa-
gens.
– Servidor POP3 (Post Office Protocol – protocolo Post Office) ou IMAP (Internet Mail Access Protocol): protocolo de acesso de cor-
reio internet), ambos protocolos para recebimento de mensagens.

Para enviar um e-mail, o usuário deve possuir um cliente de e-mail que é um programa que permite escrever, enviar e receber e-mails
conectando-se com a máquina servidora de e-mail. Inicialmente, um usuário que deseja escrever seu e-mail, deve escrever sua mensagem
de forma textual no editor oferecido pelo cliente de e-mail e endereçar este e-mail para um destinatário que possui o formato “nome@
dominio.com.br“. Quando clicamos em enviar, nosso cliente de e-mail conecta-se com o servidor de e-mail, comunicando-se com o pro-
grama SMTP, entregando a mensagem a ser enviada. A mensagem é dividida em duas partes: o nome do destinatário (nome antes do @)
e o domínio, i.e., a máquina servidora de e-mail do destinatário (endereço depois do @). Com o domínio, o servidor SMTP resolve o DNS,
obtendo o endereço IP do servidor do e-mail do destinatário e comunicando-se com o programa SMTP deste servidor, perguntando se o
nome do destinatário existe naquele servidor. Se existir, a mensagem do remetente é entregue ao servidor POP3 ou IMAP, que armazena
a mensagem na caixa de e-mail do destinatário.

Ações no correio eletrônico


Independente da tecnologia e recursos empregados no correio eletrônico, em geral, são implementadas as seguintes funções:
– Caixa de Entrada: caixa postal onde ficam todos os e-mails recebidos pelo usuário, lidos e não-lidos.
– Lixeira: caixa postal onde ficam todos os e-mails descartados pelo usuário, realizado pela função Apagar ou por um ícone de Lixeira.
Em geral, ao descartar uma mensagem ela permanece na lixeira, mas não é descartada, até que o usuário decida excluir as mensagens de-
finitivamente (este é um processo de segurança para garantir que um usuário possa recuperar e-mails apagados por engano). Para apagar
definitivamente um e-mail é necessário entrar, de tempos em tempos, na pasta de lixeira e descartar os e-mails existentes.
– Nova mensagem: permite ao usuário compor uma mensagem para envio. Os campos geralmente utilizados são:
– Para: designa a pessoa para quem será enviado o e-mail. Em geral, pode-se colocar mais de um destinatário inserindo os e-mails de
destino separados por ponto-e-vírgula.
– CC (cópia carbono): designa pessoas a quem também repassamos o e-mail, ainda que elas não sejam os destinatários principais da
mensagem. Funciona com o mesmo princípio do Para.
– CCo (cópia carbono oculta): designa pessoas a quem repassamos o e-mail, mas diferente da cópia carbono, quando os destinatários
principais abrirem o e-mail não saberão que o e-mail também foi repassado para os e-mails determinados na cópia oculta.
– Assunto: título da mensagem.
– Anexos: nome dado a qualquer arquivo que não faça parte da mensagem principal e que seja vinculada a um e-mail para envio ao
usuário. Anexos, comumente, são o maior canal de propagação de vírus e malwares, pois ao abrirmos um anexo, obrigatoriamente ele
será “baixado” para nosso computador e executado. Por isso, recomenda-se a abertura de anexos apenas de remetentes confiáveis e, em
geral, é possível restringir os tipos de anexos que podem ser recebidos através de um e-mail para evitar propagação de vírus e pragas. Al-
guns antivírus permitem analisar anexos de e-mails antes que sejam executados: alguns serviços de webmail, como por exemplo, o Gmail,
permitem analisar preliminarmente se um anexo contém arquivos com malware.
– Filtros: clientes de e-mail e webmails comumente fornecem a função de filtro. Filtros são regras que escrevemos que permitem
que, automaticamente, uma ação seja executada quando um e-mail cumpre esta regra. Filtros servem assim para realizar ações simples e
padronizadas para tornar mais rápida a manipulação de e-mails. Por exemplo, imagine que queremos que ao receber um e-mail de “joao@
blabla.com”, este e-mail seja diretamente descartado, sem aparecer para nós. Podemos escrever uma regra que toda vez que um e-mail
com remetente “joao@blabla.com” chegar em nossa caixa de entrada, ele seja diretamente excluído.

22 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/11/correio-eletronico-webmail-e-mozilla-thunderbird/
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

23

Respondendo uma mensagem


Os ícones disponíveis para responder uma mensagem são:
– Responder ao remetente: responde à mensagem selecionada para o autor dela (remetente).
– Responde a todos: a mensagem é enviada tanto para o autor como para as outras pessoas que estavam na lista de cópias.
– Encaminhar: envia a mensagem selecionada para outra pessoa.

Clientes de E-mail
Um cliente de e-mail é essencialmente um programa de computador que permite compor, enviar e receber e-mails a partir de um ser-
vidor de e-mail, o que exige cadastrar uma conta de e-mail e uma senha para seu correto funcionamento. Há diversos clientes de e-mails
no mercado que, além de manipular e-mails, podem oferecer recursos diversos.
– Outlook: cliente de e-mails nativo do sistema operacional Microsoft Windows. A versão Express é uma versão mais simplificada e
que, em geral, vem por padrão no sistema operacional Windows. Já a versão Microsoft Outlook é uma versão que vem no pacote Microsoft
Office possui mais recursos, incluindo, além de funções de e-mail, recursos de calendário.
– Mozilla Thunderbird: é um cliente de e-mails e notícias Open Source e gratuito criado pela Mozilla Foundation (mesma criadora do
Mozilla Firefox).

Webmails
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que não necessita de instalação no computador do usuário, já que funciona como uma
página de internet, bastando o usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha
mobilidade já que não necessita estar na máquina em que um cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail. A desvantagem da
utilização de webmails em comparação aos clientes de e-mail é o fato de necessitarem de conexão de Internet para leitura dos e-mails,
enquanto nos clientes de e-mail basta a conexão para “baixar” os e-mails, sendo que a posterior leitura pode ser realizada desconectada
da Internet.

Exemplos de servidores de webmail do mercado são:


– Gmail
– Yahoo!Mail
– Microsoft Outlook: versão on-line do Outlook. Anteriormente era conhecido como Hotmail, porém mudou de nome quando a Mi-
crosoft integrou suas diversas tecnologias.

23 https://support.microsoft.com/pt-br/office/ler-e-enviar-emails-na-vers%C3%A3o-light-do-outlook-582a8fdc-152c-4b61-85fa-ba5ddf07050b
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

24

Diferença entre webmail e correio eletrônico


O webmail (Yahoo ou Gmail) você acessa através de seu navegador (Firefox ou Google Chrome) e só pode ler conectado na internet.
Já o correio eletrônico (Thunderbird ou Outlook) você acessa com uma conexão de internet e pode baixar seus e-mails, mas depois pode
ler na hora que quiser sem precisar estar conectado na internet.

INTERNET: NAVEGAÇÃO NA INTERNET, CONCEITOS DE URL, LINKS, SITES, BUSCA E IMPRESSÃO DE PÁGINAS

Internet
A Internet é uma rede mundial de computadores interligados através de linhas de telefone, linhas de comunicação privadas, cabos
submarinos, canais de satélite, etc25. Ela nasceu em 1969, nos Estados Unidos. Interligava originalmente laboratórios de pesquisa e se cha-
mava ARPAnet (ARPA: Advanced Research Projects Agency). Com o passar do tempo, e com o sucesso que a rede foi tendo, o número de
adesões foi crescendo continuamente. Como nesta época, o computador era extremamente difícil de lidar, somente algumas instituições
possuíam internet.
No entanto, com a elaboração de softwares e interfaces cada vez mais fáceis de manipular, as pessoas foram se encorajando a partici-
par da rede. O grande atrativo da internet era a possibilidade de se trocar e compartilhar ideias, estudos e informações com outras pessoas
que, muitas vezes nem se conhecia pessoalmente.

Conectando-se à Internet
Para se conectar à Internet, é necessário que se ligue a uma rede que está conectada à Internet. Essa rede é de um provedor de acesso
à internet. Assim, para se conectar você liga o seu computador à rede do provedor de acesso à Internet; isto é feito por meio de um con-
junto como modem, roteadores e redes de acesso (linha telefônica, cabo, fibra-ótica, wireless, etc.).

World Wide Web


A web nasceu em 1991, no laboratório CERN, na Suíça. Seu criador, Tim Berners-Lee, concebeu-a unicamente como uma linguagem
que serviria para interligar computadores do laboratório e outras instituições de pesquisa, e exibir documentos científicos de forma sim-
ples e fácil de acessar.
Hoje é o segmento que mais cresce. A chave do sucesso da World Wide Web é o hipertexto. Os textos e imagens são interligados por
meio de palavras-chave, tornando a navegação simples e agradável.

24 https://www.dialhost.com.br/ajuda/abrir-uma-nova-janela-para-escrever-novo-email
25 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20Avan%E7ado.pdf
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Protocolo de comunicação HTTP


Transmissão e fundamentalmente por um conjunto de proto- É o protocolo responsável pelo tratamento de pedidos e res-
colos encabeçados pelo TCP/IP. Para que os computadores de uma postas entre clientes e servidor na World Wide Web. Os endereços
rede possam trocar informações entre si é necessário que todos os web sempre iniciam com http:// (http significa Hypertext Transfer
computadores adotem as mesmas regras para o envio e o recebi- Protocol, Protocolo de transferência hipertexto).
mento de informações. Este conjunto de regras é conhecido como
Protocolo de Comunicação. No protocolo de comunicação estão de- Hipertexto
finidas todas as regras necessárias para que o computador de desti- São textos ou figuras que possuem endereços vinculados a
no, “entenda” as informações no formato que foram enviadas pelo eles. Essa é a maneira mais comum de navegar pela web.
computador de origem.
Existem diversos protocolos, atualmente a grande maioria das Navegadores
redes utiliza o protocolo TCP/IP já que este é utilizado também na Um navegador de internet é um programa que mostra informa-
Internet. ções da internet na tela do computador do usuário.
O protocolo TCP/IP acabou se tornando um padrão, inclusive Além de também serem conhecidos como browser ou web
para redes locais, como a maioria das redes corporativas hoje tem browser, eles funcionam em computadores, notebooks, dispositi-
acesso Internet, usar TCP/IP resolve a rede local e também o acesso vos móveis, aparelhos portáteis, videogames e televisores conec-
externo. tados à internet.
Um navegador de internet condiciona a estrutura de um site
TCP / IP e exibe qualquer tipo de conteúdo na tela da máquina usada pelo
Sigla de Transmission Control Protocol/Internet Protocol (Pro- internauta.
tocolo de Controle de Transmissão/Protocolo Internet). Esse conteúdo pode ser um texto, uma imagem, um vídeo, um
Embora sejam dois protocolos, o TCP e o IP, o TCP/IP aparece jogo eletrônico, uma animação, um aplicativo ou mesmo servidor.
nas literaturas como sendo: Ou seja, o navegador é o meio que permite o acesso a qualquer
- O protocolo principal da Internet; página ou site na rede.
- O protocolo padrão da Internet; Para funcionar, um navegador de internet se comunica com
- O protocolo principal da família de protocolos que dá suporte servidores hospedados na internet usando diversos tipos de pro-
ao funcionamento da Internet e seus serviços. tocolos de rede. Um dos mais conhecidos é o protocolo HTTP, que
transfere dados binários na comunicação entre a máquina, o nave-
Considerando ainda o protocolo TCP/IP, pode-se dizer que: gador e os servidores.
A parte TCP é responsável pelos serviços e a parte IP é respon-
sável pelo roteamento (estabelece a rota ou caminho para o trans- Funcionalidades de um Navegador de Internet
porte dos pacotes). A principal funcionalidade dos navegadores é mostrar para o
usuário uma tela de exibição através de uma janela do navegador.
Domínio Ele decodifica informações solicitadas pelo usuário, através de
Se não fosse o conceito de domínio quando fossemos acessar códigos-fonte, e as carrega no navegador usado pelo internauta.
um determinado endereço na web teríamos que digitar o seu en- Ou seja, entender a mensagem enviada pelo usuário, solicitada
dereço IP. Por exemplo: para acessar o site do Google ao invés de através do endereço eletrônico, e traduzir essa informação na tela
você digitar www.google.com você teria que digitar um número IP do computador. É assim que o usuário consegue acessar qualquer
– 74.125.234.180. site na internet.
É através do protocolo DNS (Domain Name System), que é pos- O recurso mais comum que o navegador traduz é o HTML, uma
sível associar um endereço de um site a um número IP na rede. linguagem de marcação para criar páginas na web e para ser inter-
O formato mais comum de um endereço na Internet é algo como pretado pelos navegadores.
http://www.empresa.com.br, em que: Eles também podem reconhecer arquivos em formato PDF,
www: (World Wide Web): convenção que indica que o ende- imagens e outros tipos de dados.
reço pertence à web. Essas ferramentas traduzem esses tipos de solicitações por
empresa: nome da empresa ou instituição que mantém o ser- meio das URLs, ou seja, os endereços eletrônicos que digitamos na
viço. parte superior dos navegadores para entrarmos numa determinada
com: indica que é comercial. página.
br: indica que o endereço é no Brasil.
Abaixo estão outros recursos de um navegador de internet:
URL – Barra de Endereço: é o espaço em branco que fica localiza-
Um URL (de Uniform Resource Locator), em português, Locali- do no topo de qualquer navegador. É ali que o usuário deve digitar
zador-Padrão de Recursos, é o endereço de um recurso (um arqui- a URL (ou domínio ou endereço eletrônico) para acessar qualquer
vo, uma impressora etc.), disponível em uma rede; seja a Internet, página na web.
ou uma rede corporativa, uma intranet. – Botões de Início, Voltar e Avançar: botões clicáveis básicos
Uma URL tem a seguinte estrutura: protocolo://máquina/ca- que levam o usuário, respectivamente, ao começo de abertura do
minho/recurso. navegador, à página visitada antes ou à página visitada seguinte.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Favoritos: é a aba que armazena as URLs de preferência do – Suporte aprimorado para HTML5 e CSS3, o que permite uma
usuário. Com um único simples, o usuário pode guardar esses en- navegação plena para que o internauta possa usufruir dos recursos
dereços nesse espaço, sendo que não existe uma quantidade limite implementados nos sites mais modernos.
de links. É muito útil para quando você quer acessar as páginas mais – Com a possibilidade de adicionar complementos, o navega-
recorrentes da sua rotina diária de tarefas. dor já não é apenas um programa para acessar sites. Dessa forma, é
– Atualizar: botão básico que recarrega a página aberta naque- possível instalar pequenos aplicativos que melhoram a navegação e
le momento, atualizando o conteúdo nela mostrado. Serve para oferecem funcionalidades adicionais.
mostrar possíveis edições, correções e até melhorias de estrutura – One Box: recurso já conhecido entre os usuários do Google
no visual de um site. Em alguns casos, é necessário limpar o cache Chrome, agora está na versão mais recente do Internet Explorer.
para mostrar as atualizações. Através dele, é possível realizar buscas apenas informando a pala-
– Histórico: opção que mostra o histórico de navegação do vra-chave digitando-a na barra de endereços.
usuário usando determinado navegador. É muito útil para recupe-
rar links, páginas perdidas ou revisitar domínios antigos. Pode ser Microsoft Edge
apagado, caso o usuário queira. Da Microsoft, o Edge é a evolução natural do antigo Explorer26.
– Gerenciador de Downloads: permite administrar os downlo- O navegador vem integrado com o Windows 10. Ele pode receber
ads em determinado momento. É possível ativar, cancelar e pausar aprimoramentos com novos recursos na própria loja do aplicativo.
por tempo indeterminado. É um maior controle na usabilidade do Além disso, a ferramenta otimiza a experiência do usuário con-
navegador de internet. vertendo sites complexos em páginas mais amigáveis para leitura.
– Extensões: já é padrão dos navegadores de internet terem
um mecanismo próprio de extensões com mais funcionalidades.
Com alguns cliques, é possível instalar temas visuais, plug-ins com
novos recursos (relógio, notícias, galeria de imagens, ícones, entre
outros.
– Central de Ajuda: espaço para verificar a versão instalada do
navegador e artigos (geralmente em inglês, embora também exis-
tam em português) de como realizar tarefas ou ações específicas
no navegador.
Outras características do Edge são:
Firefox, Internet Explorer, Google Chrome, Safari e Opera são – Experiência de navegação com alto desempenho.
alguns dos navegadores mais utilizados atualmente. Também co- – Função HUB permite organizar e gerenciar projetos de qual-
nhecidos como web browsers ou, simplesmente, browsers, os na- quer lugar conectado à internet.
vegadores são uma espécie de ponte entre o usuário e o conteúdo – Funciona com a assistente de navegação Cortana.
virtual da Internet. – Disponível em desktops e mobile com Windows 10.
– Não é compatível com sistemas operacionais mais antigos.
Internet Explorer
Lançado em 1995, vem junto com o Windows, está sendo Firefox
substituído pelo Microsoft Edge, mas ainda está disponível como Um dos navegadores de internet mais populares, o Firefox é
segundo navegador, pois ainda existem usuários que necessitam de conhecido por ser flexível e ter um desempenho acima da média.
algumas tecnologias que estão no Internet Explorer e não foram
atualizadas no Edge.

Já foi o mais navegador mais utilizado do mundo, mas hoje per- Desenvolvido pela Fundação Mozilla, é distribuído gratuita-
deu a posição para o Google Chrome e o Mozilla Firefox. mente para usuários dos principais sistemas operacionais. Ou seja,
mesmo que o usuário possua uma versão defasada do sistema ins-
talado no PC, ele poderá ser instalado.

Principais recursos do Internet Explorer:


– Transformar a página num aplicativo na área de trabalho,
permitindo que o usuário defina sites como se fossem aplicativos
instalados no PC. Através dessa configuração, ao invés de apenas Algumas características de destaque do Firefox são:
manter os sites nos favoritos, eles ficarão acessíveis mais facilmente – Velocidade e desempenho para uma navegação eficiente.
através de ícones. – Não exige um hardware poderoso para rodar.
– Gerenciador de downloads integrado.
– Mais estabilidade e segurança. 26 https://bit.ly/2WITu4N
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101
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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Grande quantidade de extensões para adicionar novos recur- – Disponível em desktop e mobile.
sos.
– Interface simplificada facilita o entendimento do usuário. Safari
– Atualizações frequentes para melhorias de segurança e pri- O Safari é o navegador oficial dos dispositivos da Apple. Pela
vacidade. sua otimização focada nos aparelhos da gigante de tecnologia, ele
– Disponível em desktop e mobile. é um dos navegadores de internet mais leves, rápidos, seguros e
confiáveis para usar.
Google Chorme
É possível instalar o Google Chrome nas principais versões do
sistema operacional Windows e também no Linux e Mac.
O Chrome é o navegador de internet mais usado no mundo.
É, também, um dos que têm melhor suporte a extensões, maior
compatibilidade com uma diversidade de dispositivos e é bastante
convidativo à navegação simplificada.

O Safari também se destaca em:


– Sincronização de dados e informações em qualquer disposi-
tivo Apple (iOS).
– Tem uma tecnologia anti-rastreio capaz de impedir o direcio-
namento de anúncios com base no comportamento do usuário.
Principais recursos do Google Chrome: – Modo de navegação privada não guarda os dados das páginas
– Desempenho ultra veloz, desde que a máquina tenha recur- visitadas, inclusive histórico e preenchimento automático de cam-
sos RAM suficientes. pos de informação.
– Gigantesca quantidade de extensões para adicionar novas – Compatível também com sistemas operacionais que não seja
funcionalidades. da Apple (Windows e Linux).
– Estável e ocupa o mínimo espaço da tela para mostrar conte- – Disponível em desktops e mobile.
údos otimizados.
– Segurança avançada com encriptação por Certificado SSL (HT- Intranet
TPS). A intranet é uma rede de computadores privada que assenta
– Disponível em desktop e mobile. sobre a suíte de protocolos da Internet, porém, de uso exclusivo de
um determinado local, como, por exemplo, a rede de uma empresa,
Opera que só pode ser acessada pelos seus utilizadores ou colaboradores
Um dos primeiros navegadores existentes, o Opera segue evo- internos27.
luindo como um dos melhores navegadores de internet. Pelo fato, a sua aplicação a todos os conceitos emprega-se à
Ele entrega uma interface limpa, intuitiva e agradável de usar. intranet, como, por exemplo, o paradigma de cliente-servidor. Para
Além disso, a ferramenta também é leve e não prejudica a qualida- tal, a gama de endereços IP reservada para esse tipo de aplicação
de da experiência do usuário. situa-se entre 192.168.0.0 até 192.168.255.255.
Dentro de uma empresa, todos os departamentos possuem
alguma informação que pode ser trocada com os demais setores,
podendo cada sessão ter uma forma direta de se comunicar com as
demais, o que se assemelha muito com a conexão LAN (Local Area
Network), que, porém, não emprega restrições de acesso.
A intranet é um dos principais veículos de comunicação em cor-
porações. Por ela, o fluxo de dados (centralização de documentos,
formulários, notícias da empresa, etc.) é constante, pretendendo
reduzir os custos e ganhar velocidade na divulgação e distribuição
Outros pontos de destaques do Opera são: de informações.
– Alto desempenho com baixo consumo de recursos e de ener- Apesar do seu uso interno, acessando aos dados corporativos,
gia. a intranet permite que computadores localizados numa filial, se co-
– Recurso Turbo Opera filtra o tráfego recebido, aumentando a nectados à internet com uma senha, acessem conteúdos que este-
velocidade de conexões de baixo desempenho. jam na sua matriz. Ela cria um canal de comunicação direto entre
– Poupa a quantidade de dados usados em conexões móveis a empresa e os seus funcionários/colaboradores, tendo um ganho
(3G ou 4G). significativo em termos de segurança.
– Impede armazenamento de dados sigilosos, sobretudo em
páginas bancárias e de vendas on-line.
– Quantidade moderada de plug-ins para implementar novas 27 https://centraldefavoritos.com.br/2018/01/11/conceitos-basicos-ferramen-
funções, além de um bloqueador de publicidade integrado. tas-aplicativos-e-procedimentos-de-internet-e-intranet-parte-2/
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4. (PREFEITURA DE TAUBATÉ/SP - AUDITOR PLENO - INSTITU-


QUESTÕES TO EXCELÊNCIA/2019) Utilizando o Microsoft Word 2016 para for-
matar o texto em um documento como colunas. Qual das alternati-
vas contém o caminho certo para realizar essa ação?
(A) Selecione o texto - Guia Inserir - Opção Colunas.
1. (PREFEITURA DE BRASÍLIA DE MINAS/MG - ENGENHEIRO (B) Selecionar o texto - Guia Layout - Opção Colunas.
AMBIENTAL - COTEC/2020) Sobre organização e gerenciamento (C) Selecione o texto - Guia Página Inicial - Opção Colunas.
de informações, arquivos, pastas e programas, analise as seguintes (D) Nenhuma das alternativas.
afirmações e assinale V para as verdadeiras e F para as falsas.
( ) - Arquivos ocultos são arquivos que normalmente são re- 5. (PREFEITURA DE TIBAGI/PR - AGENTE DE DEFESA CIVIL - FA-
lacionados ao sistema. Eles ficam ocultos, pois alterações podem FIPA/2019) O Microsoft Word Pt-Br versão 2016 possui guias que
danificar o Sistema Operacional. facilitam e organizam a utilização do Software. Por padrão, as guias
( ) - Existem vários tipos de arquivos, como arquivos de textos, que vêm disponíveis no programa são exatamente essas apresenta-
arquivos de som, imagem, planilhas, sendo que o arquivo .rtf só é das abaixo, com exceção da:
aberto com o WordPad. (A) Exibir.
( ) - Nas versões Vista, 7, 8 e 10 do Windows, é possível usar (B) Layout.
criptografia para proteger todos os arquivos que estejam armazena- (C) Design.
dos na unidade em que o Windows esteja instalado. (D) Corrigir.
( ) - O Windows Explorer é um gerenciador de informações,
arquivos, pastas e programas do sistema operacional Windows da 6. (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP - MÉDICO - INSTITUTO EX-
Microsoft. CELÊNCIA/2018) Tendo por base o programa Microsoft Excel na sua
( ) - São bibliotecas padrão do Windows: Programas, Documen- configuração padrão e versão mais recente, responda: Qual opera-
tos, Imagens, Músicas, Vídeos. dor aritmético é utilizado quando for preciso inserir uma potencia-
ção?
A sequência CORRETA das afirmações é: (A) !
(A) F, V, V, F, F. (B) $
(B) V, F, V, V, F. (C) *
(C) V, F, F, V, V. (D) @
(D) F, V, F, F, V. (E) ^
(E) V, V, F, V, F.
7. (TJ/DFT - ESTÁGIO - CIEE/2019) O PowerPoint permite, ao
2. (PREFEITURA DE PORTÃO/RS - ASSISTENTE SOCIAL - OBJETI- preparar uma apresentação, inserir efeitos de transições entre os
VA/2019) Em relação ao sistema operacional Windows 10, analisar slides. Analise os passos para adicionar a transição de slides.
os itens abaixo: ( ) Selecionar Opções de Efeito para escolher a direção e a na-
I. Possibilita o gerenciamento do tempo de tela. tureza da transição
II. Disponibiliza somente uma atualização de segurança por ( ) Selecionar a guia Transições e escolher uma transição; sele-
ano. cionar uma transição para ver uma visualização.
III. Possibilita a conexão de contas da Microsoft entre usuários. ( ) Escolher o slide no qual se deseja adicionar uma transição.
IV. Possui recursos de segurança integrados, incluindo firewall ( ) Selecionar a Visualização para ver como a transição é exi-
e proteção de internet para ajudar a proteger contra vírus, malware bida.
e ransomware.
A sequência está correta em
Estão CORRETOS: (A) 3, 2, 1, 4.
(A) Somente os itens I, II e III. (B) 1, 2, 3 ,4.
(B) Somente os itens I, III e IV. (C) 3, 4, 1, 2.
(C) Somente os itens II, III e IV (D) 1, 4, 2, 3.
(D) Todos os itens.
8. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE ADMI-
3. (PREFEITURA DE PORTO XAVIER/RS - TÉCNICO EM ENFER- NISTRATIVO - COTEC/2020) Em observação aos conceitos e compo-
MAGEM - FUNDATEC/2018) A tecla de atalho Ctrl+A, no sistema nentes de e-mail, faça a relação da denominação de item, presente
operacional Microsoft Windows 10, possui a função de: na 1.ª coluna, com a sua definição, na 2.ª coluna.
(A) Selecionar tudo. Item
(B) Imprimir. 1- Spam
(C) Renomear uma pasta. 2- IMAP
(D) Finalizar o programa. 3- Cabeçalho
(E) Colocar em negrito. 4- Gmail

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Definição
( ) Protocolo de gerenciamento de correio eletrônico.
( ) Um serviço gratuito de webmail.
( ) Mensagens de e-mail não desejadas e enviadas em massa para múltiplas pessoas.
( ) Uma das duas seções principais das mensagens de e-mail.

A alternativa CORRETA para a correspondência entre colunas é:


(A) 1, 2, 3, 4.
(B) 3, 1, 2, 4.
(C) 2, 1, 4, 3.
(D) 2, 4, 1, 3.
(E) 1, 3, 4, 2.

9. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - COTEC/2020) Os termos internet e World Wide Web
(WWW) são frequentemente usados como sinônimos na linguagem corrente, e não são porque
(A) a internet é uma coleção de documentos interligados (páginas web) e outros recursos, enquanto a WWW é um serviço de acesso
a um computador.
(B) a internet é um conjunto de serviços que permitem a conexão de vários computadores, enquanto WWW é um serviço especial de
acesso ao Google.
(C) a internet é uma rede mundial de computadores especial, enquanto a WWW é apenas um dos muitos serviços que funcionam
dentro da internet.
(D) a internet possibilita uma comunicação entre vários computadores, enquanto a WWW, o acesso a um endereço eletrônico.
(E) a internet é uma coleção de endereços eletrônicos, enquanto a WWW é uma rede mundial de computadores com acesso especial
ao Google.

10. (CRN - 3ª REGIÃO (SP E MS) - OPERADOR DE CALL CENTER - IADES/2019) A navegação na internet e intranet ocorre de diversas
formas, e uma delas é por meio de navegadores. Quanto às funções dos navegadores, assinale a alternativa correta.
(A) Na internet, a navegação privada ou anônima do navegador Firefox se assemelha funcionalmente à do Chrome.
(B) O acesso à internet com a rede off-line é uma das vantagens do navegador Firefox.
(C) A função Atualizar recupera as informações perdidas quando uma página é fechada incorretamente.
(D) A navegação privada do navegador Chrome só funciona na intranet.
(E) Os cookies, em regra, não são salvos pelos navegadores quando estão em uma rede da internet.

11. (PREFEITURA DE TAUBATÉ/SP - AUDITOR PLENO - INSTITUTO EXCELÊNCIA/2019) Utilizando o Microsoft Word 2016 para formatar
o texto em um documento como colunas. Qual das alternativas contém o caminho certo para realizar essa ação?
(A) Selecione o texto - Guia Inserir - Opção Colunas.
(B) Selecionar o texto - Guia Layout - Opção Colunas.
(C) Selecione o texto - Guia Página Inicial - Opção Colunas.
(D) Nenhuma das alternativas.

12. (TJ/DFT - ESTÁGIO - CIEE/2019) O PowerPoint permite, ao preparar uma apresentação, inserir efeitos de transições entre os slides.
Analise os passos para adicionar a transição de slides.
( ) Selecionar Opções de Efeito para escolher a direção e a natureza da transição
( ) Selecionar a guia Transições e escolher uma transição; selecionar uma transição para ver uma visualização.
( ) Escolher o slide no qual se deseja adicionar uma transição.
( ) Selecionar a Visualização para ver como a transição é exibida.

A sequência está correta em


(A) 3, 2, 1, 4.
(B) 1, 2, 3 ,4.
(C) 3, 4, 1, 2.
(D) 1, 4, 2, 3.

13. (PREFEITURA DE VILA VELHA/ES - PSICÓLOGO - IBADE/2020) O programa utilizado para criação/edição e exibição de slides é:
(A) Excel.
(B) Word.
(C) Photoshop.
(D) Power Point.
(E) Media Player.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

14. (CÂMARA DE MONTES CLAROS/MG - AGENTE DO LEGISLATIVO - COTEC/2020) Dado o recorte de tabela a seguir, as fórmulas
necessárias para se obter a quantidade de alunos aprovados, conforme exposto na célula B16 e a média de notas da Prova 1, disposta na
célula B13, estão na alternativa:

(A) B16=CONT.APROVADO (F2:F11) e B13=MÉDIA (B2:B11).


(B) B16=SOMA (APROVADO) e B13=MÉDIA (B2:B11).
(C) B16=CONT.APROVADO (F2:F11) e B13=MED (B13).
(D) B16=CONT.SE (F2:F11;”APROVADO”) e B13=MÉDIA (B2:B11).
(E) B16=SOMA (F2:F11) –(F4+F5+F6+F7) e B13=MED(B13).

15. (TJ/RN - TÉCNICO DE SUPORTE SÊNIOR - COMPERVE/2020) Um técnico de suporte recebeu uma planilha elaborada no Microsoft
Excel, com os quantitativos de equipamentos em 3 setores diferentes e o valor unitário em reais de cada equipamento, conforme imagem
abaixo.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

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GABARITO
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1 B ______________________________________________________
2 B ______________________________________________________
3 A
______________________________________________________
4 B
5 D ______________________________________________________
6 E ______________________________________________________
7 A
______________________________________________________
8 D
______________________________________________________
9 C
10 A ______________________________________________________
11 B ______________________________________________________
12 A
______________________________________________________
13 D
14 D ______________________________________________________
15 B ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS
ESPECÍFICOS
Agente de Desenvolvimento Infantil

Lavar a planta das mãos, atrás e entre os dedos, ensaboando


HIGIENE E CUIDADOS COM A CRIANÇA com sabão e enxaguando com água corrente, é de suma importân-
cia para mantê-las limpas.

Se existe algo que devemos estimular desde cedo as nossas 2. Cortar e limpar regularmente as unhas
crianças, é o hábito da higiene pessoal. Cuidar das unhas não é apenas uma questão de estética. O es-
Segundo a definição, higiene é um conjunto de conhecimentos paço entre a unha e a pele é um lugar muito oportuno para o acú-
e técnicas para evitar doenças infecciosas usando desinfecção, es- mulo de sujeiras e bactérias.
terilização e outros métodos de limpeza com o objetivo de conser- Portanto, é fundamental que a criança aprenda desde cedo à
var e fortalecer a saúde. importância de limpar as unhas, mantendo-as corretamente apara-
A importância da higienização deve-se começar na infância, das, além de evitar o mau hábito de roer as unhas.
pois é nesse momento que os hábitos de higiene são adquiridos e
permanecem na vida adulta, e cabe aos pais, serem incentivadores 3. Tomar banho todos os dias
nessa tarefa de educação e conscientização. Como transpiramos ao longo do dia, é necessário que tome-
Logo nos primeiros anos, as escolas fazem esse trabalho de en- mos banho pelo menos uma vez ao dia e não poderia ser diferente
sinar e informar, porém reforçar os hábitos para que façam dentro com as crianças, ainda mais elas, que passam o dia brincando ou
e fora de casa é muito importante para a saúde da crianças. fazendo alguma atividade que demandam esforço.
Esses hábitos devem ser mostrados, porém de nada adianta Esta não é apenas uma questão de estética. O banho evita o
pedir para que seu filho faça se você mesmo não o ensina através acúmulo de micro-organismos capazes de provocar doenças.
de demonstrações e através do exemplo.
Acompanha-los nesse processo, escovando os dentes junto 4. Troca de fraldas
com ele antes de dormir ou mesmo lavar as mãos com você antes - Todo material necessário para a troca deve estar à mão para
das refeições é muito mais educativo que simplesmente pedir para que não se deixe a criança sozinha na bancada.
que faça toda vez que precisar. - Lave a pele com água e sabão;
O mais incrível, é que ao longo desse processo de educação, - Enxágue e seque bem para evitar assaduras;
você perceberá que esses hábitos de higiene ficarão incutidos em - Coloque a fralda limpa;
seu filho, e ele o fará antes que você a peça para fazer. - Evite que a criança manipule a fralda suja ou a pele com fezes.
Mas antes que isso aconteça, você terá que lembra-los cons-
tantemente. Ao trocar a criança:
Portanto, ter paciência, saber lidar com a situação e estabele- - Retire o excesso de fezes e/ou urina com algodão úmido ou
cer um diálogo constante com o seu filho, o ajudará à adquirir os lenço umedecido, passando sempre no sentido da genitália para o
hábitos de higiene com muito mais rapidez. ânus, evitando o contato das fezes com a genitália;
Lembre-se sempre de estimular os hábitos de higiene e saúde Se a criança apresentar assaduras, aplique a pomada de óxido
em seu filho, pois a boa saúde contribuirá para o desenvolvimento de zinco enviada pela mãe ou uma infusão de camomila. Caso haja
e aprendizado dele. prescrição médica para aplicação de outras pomadas ou medica-
mentos, siga as instruções médicas.
Sobre os diferentes tipos de higiene
A seguir os principais tipos de higienes que temos que ter aten- Após a troca de cada criança, é fundamental que o PDI:
ção com as crianças: - Lave bem as mãos;
- Limpe o local onde lavou a criança e o trocador onde ela esta-
1. Lavar as mãos antes e depois das refeições, assim como va antes de ser trocada.
depois de usar o banheiro
Talvez este seja um dos mais importantes hábitos a ser ensina- Esses cuidados evitam que outras crianças ou a própria pessoa
do ao seu filho, pois segundo estudos, a mão é a principal porta de se contamine, adquirindo, por exemplo, uma parasitose;
entrada para infecções e doenças. - Descarte das fraldas - Descarte a fralda suja em saco plástico
fechado, acondicionado em recipiente para lixo, com tampa acio-
nada por pedal, exclusivo para este fim;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O lixo com as fraldas descartáveis deve ser retirado antes que - A escova deve ser bem lavada com água corrente e mantida
fique cheio, para evitar o mau cheiro e para que possa ser fechado em lugar limpo e arejado, em porta-escovas de dente individualiza-
e transportado com facilidade e segurança para a área externa de dos, de modo seco para evitar o crescimento de fungos.
lixo; - Escovar os dentes ao acordar, depois das refeições e antes
de dormir
5. Uso do penico ou vaso sanitário pelas crianças
- Deve ocorrer sempre acompanhado pelo PDI. A saúde bucal é outro hábito ao qual as crianças devem se ha-
- Observe se o penico ou o vaso sanitário está limpo; bituar desde pequenas. Assegurar que elas lavem os dentes, pelo
- Evite que a criança entre em contato com fezes e/ou urina; menos três vezes ao dia é o essencial!
- Limpe a criança com papel higiênico, passando sempre no Proporcionar que a criança tenha uma escova e uma pasta de
sentido da genitália para o ânus, evitando o contato das fezes com dente adequada à sua idade é o dever e obrigação de todo pai e
a genitália; mãe, além, é claro, de fazer visitas ao dentista, pelo menos uma
- Quando ocorrer o uso do penico, o conteúdo (fezes e/ou uri- vez ao ano.
na) deve ser desprezado no vaso sanitário. As fezes que restaram A falta de higiene bucal pode acarretar em cáries, pode provo-
podem ser retiradas com papel toalha ou higiênico. Encaminhe o car fortes dores e infeções à criança.
penico para higienização, conforme descrito mais adiante;
- Acione a descarga com o vaso tampado; 7. Manter o nariz limpo
- Lave bem as suas mãos e as da criança. Manter a limpeza nasal é muito importante para evitar do-
enças. Lavar o nariz com frequência é um hábito que traz tantas
6. Dentes vantagens à saúde que deveria ser uma regra tão comum quanto
- A rotina de higiene bucal é muito importante. Antes mesmo escovar os dentes todos os dias.
que tenha dentes, pode-se iniciar a limpeza da boca do bebê por Lavar o nariz com soro fisiológico não só ajuda a limpá-lo de
volta dos 4 meses de idade para que comece a se acostumar com impurezas e secreção como combate mal-estar, doenças respirató-
esta prática de higiene bucal. rias, de ouvido e de garganta.

Proceda da seguinte maneira: 8. Lavar os alimentos antes de comê-los


- Utilize gaze ou pedaço de fralda (exclusiva para esse fim) em- O cuidado na higienização dos alimentos é um procedimento
bebida em água filtrada; de extrema importância, pois alimentos manipulados de forma ina-
- Limpar todas as partes da gengiva e da língua. dequada podem ser grandes transmissores de doenças.
Caso esses alimentos não sejam higienizados de forma corre-
Quando a criança já tiver os dentes da frente (anteriores), a ta, estamos deixando nossas crianças suscetíveis a microrganismos
limpeza com gaze ou fralda poderá continuar da mesma forma, lim- que podem causar sérios danos á saúde deles.
pando também todas as faces dos dentes. Ensiná-los a lavar e a cuidar da higiene dos alimentos também
É fundamental higienizar os dentes depois das refeições e an- é um dever que temos e passar adiante é nossa obrigação.
tes de dormir para remover e evitar a nova formação da placa de
bactérias que provoca a cárie. 9. Manter o ambiente limpo e organizado
Quando a criança tiver os dentes do fundo (posteriores), ini- Manter o ambiente limpo é muito importante para que se pre-
cia-se a limpeza com escova de dente (de cabeça pequena e cerdas serve o bem-estar e a saúde do seu filho.
macias) e pasta de dente sem flúor. Apesar dos benefícios do flúor Muitas das doenças respiratórias se disseminam com maior fa-
na prevenção da cárie dentária, a ingestão diária de pasta de dente cilidade em ambientes de pouca higienização.
com flúor pela criança em idade precoce, que ainda não consegue Exigir que seu filho guarde seus brinquedos e os mantenha lim-
controlar a deglutição, pode causar uma má formação dos dentes po é algo que deve ser exercitado. Fazer ele participar desse pro-
permanentes, chamada de fluorose dentária. cesso, o fará perceber a importância, e no futuro se tornará uma
Pode-se também realizar a escovação dos dentes das crianças pessoa mais organizada e limpa.
pequenas somente com água limpa, pois a escova removerá e evi-
tará a formação da placa de bactérias. Algumas dicas de higiene e saúde...
É importante que: - Que a troca de escova de dente é recomendável sempre que
- Cada criança tenha a sua própria escova de dente; as cerdas estão desalinhadas?
- A escovação seja feita em todas as faces dos dentes, com mo- - O momento da refeição é importante para a criação de há-
vimentos circulares sempre da gengiva em direção ao dente; bitos saudáveis, entre eles o de comer sentado à mesinha ou à ca-
deirinha.
Recomenda-se usar a pasta de dente com flúor em pequena - Durante a refeição, cada criança deve comer somente de seu
quantidade a partir dos 5 anos de idade, quando a criança já conse- prato, utilizando talheres e copos individuais e previamente higie-
gue cuspir, e os dentes permanentes anteriores já estão formados. nizados.
A escova deve ser trocada assim que for verificado o desgaste - Os alimentos devem ser servidos em temperatura adequada
das cerdas, comprometendo a qualidade da escovação. para a criança. A prática de o adulto soprar o alimento deve ser
- Na face de mastigação do dente, o movimento mais indicado abolida, por conta da vasta disseminação de micro-organismos.
é o vaivém; Caso seja necessário, incentive a própria criança a soprar sua comi-
- A língua seja escovada para retirar a placa que nela também da. O ideal é ensinar à criança a esperar um pouquinho até que o
se forma; alimento esteja na temperatura ideal para ser ingerida.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Nunca adiar a troca de fraldas, que deverá ser realizada de deiras, atividades de higiene, práticas de repouso e atividades em
acordo com a necessidade individual da criança e nunca em horá- áreas externas. Nesses momentos, o cuidar, o educar e o brincar
rios predeterminados. devem estar integrados.
- Higienizar as partes íntimas das crianças da frente para trás
com algodão umedecido em água e, quando houver necessidade, Adaptação
lavá-las com sabão. O período de adaptação das crianças pequenas nas unidades
- Os lenços de papel umedecidos são uma opção, porém con- escolares requer cuidados específicos.
tém conservantes que podem provocar assaduras. Partimos do princípio que a criança precisa ser cuidada com
- A higiene oral deve fazer parte da rotina. Vale à pena buscar afeto e respeitada em suas diversas necessidades; é preciso enten-
parcerias com os serviços de saúde para obter esclarecimentos so- der que esse período de separação entre a mãe e sua criança pode
bre o método adequado a cada grupamento. gerar sofrimentos e dificuldades no estabelecimento dessas rela-
- Banho - O banho é um ato de afeto, que deve ser feito com ções para ambas. É preciso tempo para acomodação.
calma. É um momento precioso, onde um adulto interage individu- O Planejamento de rotina com horários flexíveis é fundamen-
almente com uma criança. Este momento deve ser de muita con- tal, especialmente na primeira semana, podendo se estender até
versa, de olho no olho, de brincadeiras com a água: uma quinzena, dependendo de como está o processo de adaptação
* Antes de começar o banho, deixe todos os objetos à mão; em cada turma, e com cada criança individualmente.
* Não utilize esponjas; É um período de extrema importância para que a criança e a
* Dê preferência ao sabonete líquido; família se familiarizem com o contexto escolar e também para a
* Deve-se ter sempre uma mão segurando a criança; formação de vínculos afetivos que venham a possibilitar um bom
* Sempre verifique a temperatura da água do banho com a relacionamento.
face interna do antebraço, para evitar queimaduras nas crianças. Nesse período, permitir a presença de um dos familiares da
* Não use talco, pois pode provocar alergias e sufocamento. criança na escola, pode em alguns casos se fazer necessário, para
* Banheira é a principal causa de afogamento em crianças pe- que tanto a criança como a família fortaleçam o vínculo e a segu-
quenas. rança na escola. Normalmente uma semana é suficiente para essa
permanência de um familiar junto à criança, sendo seu tempo gra-
NUNCA DEIXE A CRIANÇA SOZINHA, NEM POR “UM SEGUN- dualmente reduzido, à medida em que aumenta o tempo de per-
DO”! ACIDENTES OCORREM RAPIDAMENTE! manência da criança na escola, até ficar mais tranquilamente em
período integral, se for o caso.
* O banho de chuveiro para as crianças maiores deve ser pro- Também é importante garantir para as crianças que precisa-
rem, o direito de trazer um objeto querido de casa para ajudá-las
tegido por material antiderrapante que deve ser mantido sempre
na adaptação à escola: uma boneca, um brinquedo, uma chupeta,
limpo, para evitar o acúmulo de germes.
um travesseiro.
Ao final, enxugar bem entre os dedos dos pés e das mãos, as-
Caso a criança tenha um irmãozinho maior que já está na es-
sim como as dobrinhas, evitando as assaduras.
cola há mais tempo, procure criar condições para que este ajude o
Por fim, lembre-se que para criarmos hábitos de higiene nas
irmão menor em sua adaptação à escola.
crianças, a principal motivação está na definição de rotinas.1
Nunca deixe crianças inseguras, assustadas, chorando ou apá-
ticas, sem atenção e carinho; se necessário, gestores e outros fun-
CUIDADOS COM A CRIANÇA cionários podem e devem prestar auxílio à professora e às crianças
em um momento mais crítico, como por exemplo, de choro cole-
Tempos de Cuidar, Educar e Brincar tivo, buscando acalmá-los e reestabelecendo a tranquilidade de
Quando pensamos no atendimento, nas necessidades e nos todas as crianças.
cuidados com crianças pequenas nas instituições de educação in- No caso das crianças menores de 3 anos, procurar manter a
fantil, definir medidas de higiene e proteção é indispensável, toda- rotina que a criança tem em casa, especialmente quanto aos rituais
via não é suficiente. para dormir, comer ou usar o banheiro.
Para cuidar de crianças pequenas é preciso compreender o Para as crianças maiores de 3 anos, é importante conversar so-
ritmo vital e as emoções da criança, seus gestos, expressões e pa- bre seus sentimentos, sobre a rotina, contar o que vai acontecer
lavras de modo a atender suas necessidades; e do mesmo modo com elas, ajudá-las a expressarem seus sentimentos e valorizálas
oferecer-lhes carinho, conforto, bem-estar e oportunidades de vi- enquanto pessoa, promovendo sua autoconfiança para lidar com
venciar diversas experiências nos ambientes da instituição. Nessa essa situação.
perspectiva, o adulto precisa estar com os bebês, observar, acolher Diferentes são as reações e as questões que cada criança apre-
e desafiar. senta nesse período. Acreditamos que uma conversa aberta e fran-
Como destaca Barbosa (2010), crianças pequenas precisam de ca com a família é o melhor caminho para superar as dificuldades
tempo, longos tempos para brincar, para comer, para dormir, tem- do período de adaptação.
po para explorar o mundo, para observar, relacionar-se e para criar.
Nesse sentido, o tempo é um importante elemento para definição Uso de chupeta
da especificidade do trabalho com bebês. Geralmente bebês e crianças pequenas chegam à creche fa-
Para promover a qualidade de vida, a aprendizagem e o de- zendo uso de chupeta.
senvolvimento das crianças pequenas, é preciso ter muita atenção Para algumas ela é importante na hora do sono, para outras
à organização dos tempos e das relações das crianças na Educação quando acordam também. Para determinadas crianças, no momen-
Infantil, desde a acolhida até os momentos das refeições, brinca- to do choro, a chupeta faz com que parem imediatamente, acal-
1 Fonte: www.blog.educapais.com/www.prefeitura.sp.gov.br mando-as.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Como lidar com a criança? Cuidados corporais básicos


Ao entender que a chupeta é um objeto de apego e fundamen- Lavar o rosto, secar as mãos e as primeiras tentativas de esco-
tal para a adaptação na creche, busque os momentos mais ade- var os dentes fazem parte dos cuidados corporais básicos que cola-
quados para sugerir aos pequenos que ela não seja usada, como boram para que a criança se sinta bem com ela mesma. Revela-se
durante as refeições, na hora do parque e das atividades, explican- no rosto da criança um indiscutível prazer quando toma um banho
do que ela atrapalha os movimentos e a fala. Nesses momentos sem pressa e tem seu cabelo penteado por um adulto. Além disso,
de ausência da chupeta, sempre oferecer um aconchego especial, dizer a ela o quanto está bonita, enfatiza o valor desses cuidados
como o colo ou uma canção, para quem se mostrar mais sensível. minuciosos.
Quando o combinado é não usar a chupeta, algumas crianças
podem não lidar bem com o fato, mesmo com você oferecendo Banho
atenção e outros objetos de apego. Nesses casos de resistência, de- O banho é um ato de afeto que deve ser feito com calma. É um
volva a chupeta para que elas não se sintam desamparadas. momento precioso, onde um adulto interage individualmente com
uma criança. Esse momento deve ser de muita conversa, de olho no
Alimentação olho, de brincadeiras com a água.
A situação de alimentação é foco de muitas aprendizagens em Uma atitude que demonstra o nosso respeito pela criança é
que o cuidar e o educar acontecem de modo inseparável. O ato de sempre pedirmos licença para tocarmos seu corpo, explicando o
alimentar tem como objetivos, além de oferecer nutrientes para objetivo de cada gesto.
manutenção da vida e da saúde, proporcionar conforto ao saciar a Toda criança deve ter seus utensílios de higiene pessoal sepa-
fome, prazer ao estimular o paladar e contribuir para a socialização rados e identificados e devem ser de uso individual.
ao revesti-lo de rituais (sentar-se à mesa, comer com o grupo, usar Alguns aspectos devem ser observados no planejamento do
o local destinado a esse fim). Desse modo: banho para que seja realizado com segurança e conforto:
-os bebês podem realizar as refeições junto às demais turmas. -providenciar e organizar todo o material do banho;
Esse é um momento precioso de interação com as crianças maiores; -lavar as mãos antes de dar o banho na criança e após a reali-
-o respeito às preferências e às necessidades das crianças indi- zação desse procedimento;
ca que nunca devem ser forçadas a comer, embora possam ser aju- -ligar a ducha e examinar a temperatura da água com o dorso
dadas por meio da oferta de alimentos atraentes, bem preparados, da mão;
oferecidos em ambientes afetivos, tranquilos e agradáveis; -encher a cuba e examinar, novamente, a temperatura da água
-o adulto deve ajudar as que recusam alimentos ou que apre- com o dorso da mão;
sentem dificuldades para se alimentar sozinhas; -retirar a roupa da criança e colocá-la na cuba;
-os alimentos devem ser servidos em temperatura adequada -caso tenha defecado antes do banho, fazer a higienização
para a criança. A prática de o adulto soprar o alimento deve ser aboli- com o papel higiênico/lenço umedecido, conforme as instruções
da, a fim de evitar disseminação de microrganismos. Caso seja neces- dos procedimentos de troca de fraldas, antes de colocá-la na cuba;
sário, incentive as próprias crianças maiores a soprar sua comida; -começar a higienização da cabeça (cabelos) e depois do corpo,
-as crianças têm maior necessidade de beber água que o adul- parte de trás das orelhas, pescoço e axilas – locais em que se acu-
to, uma vez que têm maior percentual de água corporal. Portanto, mulam detritos;
devemos sempre oferecer água para elas, criando recursos para -lavar os braços e as pernas da criança, atentando-se para os
que as maiores se sirvam com autonomia, incentivando-as sempre, dedos dos pés e das mãos;
pois, no meio das brincadeiras, dificilmente elas se lembram de pa- -lavar o umbigo e, finalmente, a região inguinal, limpando-a
rar para beber água; cuidadosamente e detalhadamente, principalmente nas meninas;
-é preciso planejar e organizar as refeições de modo a favore- -após o banho, enrolar a criança em uma toalha seca;
cer a participação e a autonomia das crianças, permitindo que as -enxugar a cabeça com movimentos suaves, evitando-se esfre-
crianças pequenas façam as primeiras tentativas de se alimentarem gar;
sozinhas, e que os maiores se sirvam, escolham o que preferem
-enxugar bem as dobras e orelhas com a toalha;
comer e possam gradativamente adequar a quantidade necessária;
-passar pomada preventiva contra assadura e colocar uma
-aleitamento materno: se a mãe tiver disponibilidade pode-
nova fralda descartável;
rá comparecer à instituição para amamentar o bebê. Esta deverá
-após enxugar a criança, trocá-la com roupas limpas e secas;
acolher, disponibilizar um local destinado para esse fim e combinar
com a mãe uma rotina de alimentação do bebê. Caso não seja pos-
No banho de chuveiro para as crianças maiores o chão deve
sível, deverá ordenhar o leite que será oferecido conforme orienta-
ser protegido por material antiderrapante que deve ser mantido
ções da Sociedade Brasileira de Pediatria;
-as mamadeiras nunca devem ser oferecidas às crianças deita- sempre limpo, para evitar o acúmulo de germes.
das (nos berços ou colchonetes) ou andando pelo ambiente. Ofe-
recer sempre no colo e, para aquelas que já as seguram sozinhas, Troca de Fraldas
oferecer um apoio no qual fiquem confortáveis, semissentadas e Nunca adiar a troca de fralda, que deverá ser realizada de acor-
sob as vistas da professora. do com a necessidade individual da criança e nunca em horários
predeterminados.
Higiene Não deixar jamais a criança sozinha sobre o trocador, mesmo
Para cuidar é preciso, antes de tudo, estar comprometido com que por segundos, para evitar quedas.
o outro, com sua singularidade, ser solidário com suas necessida- Interagir com a criança durante a troca, explicando a ela o que
des. Para isso, é preciso a construção de um vínculo entre quem está fazendo e possibilitando que participe do cuidado com o seu
cuida e quem é cuidado. corpo, de acordo com seu desenvolvimento.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Organizar o momento da troca: Criança com dentição:


-certificar-se de que todos os materiais estão preparados; -usar escova macia com a cabeça pequena em todos os dentes;
-lavar as mãos antes de limpar o bebê e após a realização desse -usar creme dental infantil com flúor a partir do nascimento do
procedimento; primeiro molar decíduo (de quinze a dezoito meses);
-levar a criança ao fraldário e colocá-la em posição de troca -estimular a criança a cuspir a espuma da escovação;
(decúbito dorsal); -usar uma quantidade mínima (“sujar” a escova com quantida-
-retirar a fralda da criança e começar a limpeza com papel hi- de de pasta semelhante a um grão de arroz);
giênico /lenço umedecido para não sujar a água, sempre de cima -identificar todas as escovas com o nome do usuário;
para baixo, principalmente nas meninas, para evitar que as fezes -após o uso, bater a escova na pia para eliminar o excesso de
entrem em contato com a região genital; água, enxugá-la com papel toalha e acondicioná-la individualmen-
-após a limpeza, fechar a fralda suja com as próprias tiras ade- te, preferencialmente com protetor de cerdas.
sivas e jogar em lixo apropriado;
-colocar o bebê na cuba e lavar as partes íntimas com água e Higiene Nasal
sabão; Entre todas as formas de cuidado corporal que oferecemos à
-secar bem a pele do bebê com uma toalha macia, usar poma- criança pequena, essa é provavelmente a mais difícil de fazer com
da preventiva contra assaduras. sensibilidade. É necessário atenção ao fazer a higiene nasal da
criança, não fazê-lo de maneira áspera, pois a pele da narina é sen-
O local de troca e armazenamento de fraldas sujas precisa ser sível e geralmente fica irritada com muita facilidade.
mantido bem arejado para evitar que os cheiros característicos do Um passo a ser dado em direção ao autocuidado consiste em
xixi e do cocô incomodem a todos. orientar as crianças maiores a aprender a assoar seu próprio nariz,
O lixo onde são descartadas as fraldas contendo dejetos preci- uma habilidade bastante complexa para dominar.
sa ser tampado e trocado com frequência. O papel usado na higiene nasal deve ser descartado logo após
o uso em local apropriado.
Desfralde
A prática do uso do banheiro geralmente inicia-se no fim do Sono e Repouso
segundo ano de vida e pode durar até os quatro anos dependendo O atendimento às necessidades de sono e repouso, nas dife-
da criança. rentes etapas da vida da criança, tem um importante papel na saú-
Esse processo se dá de modo individual e deve ser feito em de em geral e no sistema nervoso em particular. As necessidades
parceria com a família, com a mesma abordagem, para que a crian- e o ritmo de sono variam de indivíduo para indivíduo, mas sofrem
ça não fique confusa. influências do clima, da idade, do estado de saúde e se estabelecem
A criança precisa ter algumas habilidades para começar a ficar também em relação às demandas da vida social.
sem as fraldas, como, por exemplo, ficar sentada sozinha, andar Em um espaço coletivo, prever momentos para descanso en-
com segurança, expressar-se para conseguir ir ao banheiro e tirar tre períodos de atividades — o que nem sempre significa dormir
suas roupas. — pode ser importante para crianças que necessitam descansar
É importante familiarizar a criança com o vaso sanitário, expli- ou de maior privacidade. Os horários de sono e repouso não são
cando-lhe quando e como usá lo. No início, é importante oferecer definidos a priori, mas dependem de cada caso ou de cada tipo de
o banheiro constantemente, aumentando gradativamente os inter- atendimento. A frequência em instituições de educação infantil
valos de tempo. acaba regulando e criando uma rotina. Mas é importante que haja
O adulto tem a responsabilidade de assegurar, pelo seu conta- flexibilidade de horários e a existência de ambientes para sono ou
to com os pais, que a criança não seja colocada sob pressão. Esse para atividades mais repousantes, pois as necessidades das crian-
treinamento deve ocorrer de forma gradativa e suave, sem causar ças são diferentes.
traumas psicológicos.
Para esse momento acontecer com qualidade, alguns cuidados
Higiene Bucal devem ser providenciados antes dos bebês e crianças pequenas
O ensino da técnica de higiene bucal às crianças deve ser um dormirem, como:
processo gradativo, estabelecido em parceria com os pais, com aju- -é importante utilizar alguns marcadores de rotina para que
da da professora. as crianças consigam ter uma previsibilidade do que vai acontecer;
As crianças precisam aprender a manusear a escova e fazer uma música adequada, a leitura de um livro ou a narração de uma
movimentos corretos para higienizar os dentes, a boca e a língua. história pode auxiliar as crianças a se desligarem das demais ativi-
Até os seis anos necessitam de supervisão dos adultos para realizar dades e estímulos;
a escovação de forma eficaz e estabelecer uma rotina. -os momentos de sono ou descanso podem ser precedidos por
brincadeiras mais tranquilas ou atividades de relaxamento que con-
Criança sem dentição: tribuam para a diminuição da agitação;
-higienizar as mãos conforme procedimento já descrito; -os colchões devem ser dispostos com certa distância uns dos
-enrolar uma gaze ou fralda de boca limpa no dedo indicador outros de modo a evitar o contato direto entre as crianças;
direito ou esquerdo, molhando-se em água filtrada ou fervida; -os bebês não devem dormir em bebê conforto;
-limpar a gengiva da criança, abordando a pele superior e infe- -deixar o ambiente aconchegante, livre de fontes diretas de luz
rior, a língua, e o céu da boca, isto é, toda cavidade bucal, após as e ruídos externos. A luminosidade deve permitir escurecer um pou-
principais refeições. co a sala, mas não ficar demasiadamente escuro para que a criança
diferencie o sono noturno do diurno;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

-a ventilação na sala deve estar organizada de modo a promo- salgadinhos, biscoitos recheados e refrigerantes, alimentos ricos
ver a circulação do ar, sendo também necessário verificar se é pre- em açúcar, sódio, aromatizantes e corantes, que predispõem as
ciso colocar umidificadores ou recipientes com água nos dias secos; crianças ao desenvolvimento de alergias alimentares, obesidade e
-preparar a criança: tirando-lhe os sapatos, acessórios de cabe- severos distúrbios de digestão e até de compulsão alimentar.
lo, objetos ou roupas que apertam e, se necessário, fazendo a troca E o problema não está somente no baixo valor nutricional des-
de roupas e fraldas; ses alimentos: as crianças, seguindo o modelo dos pais, perdem o
-conversar com as crianças, desejando-lhes bom sono; contato com o alimento in natura, fonte de vida, o que significa
-colocar o bebê de barriga para cima com a cabeça virada para também uma perda simbólica de contato com a natureza, da qual
o lado para evitar acidentes no caso de regurgitar ou vomitar du- são parte integrante. Isso tem impactos até mesmo no desenvolvi-
rante o sono; mento da identidade, da consciência ecológica e consumo susten-
-um ambiente tranquilo e seguro, com pessoas e objetos co- tável!
nhecidos e o contato físico (carinhos nos cabelos ou nas costas, Assim, pais que criam para seus filhos uma rotina alimentar
massagens) são fundamentais para transmitir segurança e bem-es- que inclui frutas, legumes, verduras (e, não menos importante,
tar. Para as crianças que ainda necessitam de “objetos de transição” água!), consumindo-os na companhia deles, têm mais facilidade
é importante que tenham em mãos um objeto pessoal, tal como: a em introduzir esses alimentos e naturalizá-los aos olhos delas. Ser
chupeta para as crianças que fazem uso, o bichinho, o paninho ou o exemplo é essencial para educar as crianças e apresentá-las à im-
outro objeto que possa deixar a criança mais tranquila; portância de comer bem.
-pensar em atividades para as crianças que dormem pouco ou
não querem mais dormir; Crie o ambiente ideal para as refeições
• Durante o primeiro ano de vida as crianças vão regulando Em casa, é importante definir o horário das refeições e garantir
suas necessidades de sono. Alguns dormem logo que são coloca- que os filhos comam bem nas três principais refeições do dia —
dos no colchonete, outros ficam balbuciando, outros ainda gostam café da manhã, almoço e jantar. Para isso, é primordial que estejam
de ser embalados ou acalentados com toques e canções de ninar. ao lado das crianças, fazendo as refeições juntos e à mesa, tantas
Esses rituais ajudam a controlar as ansiedades e a agitação, muitas vezes quantas forem possíveis, e buscando evitar distrações como
vezes desencadeadas pelo próprio cansaço. TV, smartphones ou tablets.
• A organização do berçário com vários cantos estruturados Faça com que o ambiente seja alegre, convidativo, aconche-
com colchonetes e almofadas, que promovem a livre movimenta- gante e tranquilo, pois este é também um bom momento para in-
ção e exploração dos bebês e sua interação com objetos e com- vestir no relacionamento familiar e aproveitar a proximidade para
panheiros, possibilita maior liberdade de ação e ao mesmo tempo conversar com seus filhos, reforçar os aprendizados do dia, contar
períodos de relaxamento e acolhimento. Às vezes, algumas crian- histórias e se divertirem juntos também!
ças, dependendo do clima e do número de horas de sono à noite, Não se esqueça: o momento de comer será também o momen-
precisam de um breve cochilo na instituição. to de assimilar as emoções e experiências do dia e da hora em que
as refeições são feitas. Por isso, tornar a vivência da alimentação
nutritiva em todos os sentidos será a base para uma boa saúde —
física, mental, afetiva, familiar e socioemocional.
AUXÍLIO E ORIENTAÇÃO QUANTO À ALIMENTAÇÃO DA
Convide as crianças a participar do preparo da comida
CRIANÇA
A educação alimentar pode começar durante o preparo das
refeições, ou até mesmo antes. Convide seus filhos para estar na
cozinha enquanto você prepara as refeições e use este momento
Nunca é demais reforçar que a família tem um papel funda- para mostrar como são feitos cada um dos pratos e deixar que as
mental na formação do ser. Na primeira infância, em especial, a crianças coloquem a mão na massa também. Aproveite para apre-
presença e influência dos pais no desenvolvimento da criança — no sentar as várias cores, texturas e outras características dos alimen-
acompanhamento escolar, na interação lúdica e na alimentação, tos usados.
entre tantas outras — serão responsáveis colaborar na construção Sem dúvida, além de aprendizado, será uma hora de diversão.
da trajetória de uma existência. E quando os pratos forem servidos, as crianças terão muito mais
Quando o assunto é construir padrões saudáveis de alimenta- prazer em comer o que ajudaram a preparar.
ção para os filhos, muitas são as dificuldades alegadas pelas famí- Vale também levar seus filhos com você para a feira ou super-
lias contemporâneas. A falta de tempo e até de intimidade com a mercado, transformando a oportunidade em uma aula divertida so-
cozinha e o universo nutricional estão no topo delas. Certo é que a bre a origem de cada alimento (legumes, tubérculos, frutas, verdu-
educação alimentar das crianças requer tempo, atenção, paciência, ras, cereais, entre outros). Diferencie, aos olhos deles, um alimento
persistência — e criatividade! natural de um alimento industrializado. Um bom exemplo é o suco:
Os pais devem se preocupar diariamente em dar o exemplo muitas crianças sequer sabem que o bebem na caixinha veio (ou
para seus filhos, em todos os âmbitos. Considerando que a alimen- não) de uma fruta, que cresceu em uma determinada árvore, em
tação também é um aspecto do comportamento que deve ser for- um determinado lugar.
mado, não se deve subestimar o poder do exemplo. A criança ob-
serva desde muito cedo todas as atitudes dos pais e daqueles com Se tiver a chance, não hesite ainda em proporcionar a eles um
quem convive mais de perto, e tende a imitá-las. contato mais próxima com a natureza. Uma horta, uma chácara,
Por falta de tempo, muitos pais cedem às facilidades do mun- uma fazenda, tanto faz. O importante é dar a eles a sensação do
do contemporâneo e expõem seus filhos, cada vez mais cedo, aos verde, a maravilha do contato com a vida em sua essência divina.
enlatados, congelados e ao fast-food. Reinam os sucos de pozinho,
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Invente cardápios variados e pratos divertidos principalmente nas carnes (aves, bovino, suíno, pescado e outros
A criança pode ter preferência por alguns alimentos, o que é animais); ovos; leite e seus derivados, como queijo, requeijão, io-
perfeitamente natural. Por isso, oferecer os alimentos preferidos gurte e outros produtos. As proteínas de origem vegetal são en-
junto a outros que a criança não conhece ou rejeita, pode facilitar a contradas nos diversos tipos de feijões, soja, lentilha e grão-de-bi-
aceitação de novos sabores. co. Todas as proteínas são chamadas de nutrientes construtores,
Reinventar receitas e a forma de oferecer e apresentar o mes- pois são responsáveis pela formação dos músculos e tecidos (como
mo alimento também contribuem para uma evolução na alimen- pele, olhos, nervos, glândulas e outras estruturas); além de regula-
tação infantil. Legumes podem ser oferecidos como recheio em rem outras funções importantes no nosso corpo.
omeletes ou panquecas. Você pode até mesmo transformar cada As gorduras animais (presentes em todo tipo de carne) e os
alimento ou prato em um personagem, nomeá-lo e inventar uma óleos vegetais (soja, milho, girassol, canola e outros) são os nutrien-
história para ele. Sempre que a criança consumi-lo, a carga lúdica tes mais calóricos. Por isso, devemos consumir com moderação os
associada àquele alimento será acionada, e comer será algo bem alimentos que nos fornecem as gorduras. Entretanto, elas são im-
mais espontâneo e divertido. portantes, pois mesmo em pequena quantidade, fornecem ácidos
A educação alimentar é um aprendizado que deve começar em graxos indispensáveis à manutenção da saúde, além de facilitarem
casa, onde as crianças deverão receber o exemplo e a oferta diver- a utilização de vitaminas importantes pelo corpo.
sificada para uma alimentação consciente e saudável.2 Os micronutrientes exercem outras funções no organismo, tão
importantes quanto as que são realizadas pelos macronutrientes,
conforme já visto.
As vitaminas (A, D, E, K, C e todas as vitaminas chamadas do
complexo B) e minerais (cálcio, ferro, potássio, fósforo e outros)
NOÇÕES BÁSICAS DE NUTRIÇÃO INFANTIL
estão presentes nas frutas, verduras e legumes. Tanto as vitaminas
quanto os minerais, são essenciais na digestão, na circulação san-
guínea e no funcionamento intestinal, além de fortalecerem o sis-
ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO tema imunológico, responsável pela defesa do nosso corpo contra
Para entendermos melhor essa diferença, vamos começar com invasores como vírus, bactérias e parasitas.
o significado da palavra alimentação: A alimentação é um ato vo- Hortaliças é o nome técnico dado às verduras e aos legumes,
luntário e consciente. Ela depende totalmente da vontade do indi- que são plantas ou parte de plantas que servem para consumo hu-
víduo e é o homem quem escolhe o alimento para o seu consumo. mano.
A alimentação está relacionada com as práticas alimentares, Chama-se “verdura” quando a parte comestível do vegetal são
que envolvem opções e decisões quanto à quantidade; o tipo de as folhas, flores, botões ou hastes, como acelga, agrião, aipo, alfa-
alimento que comemos; quais os que consideramos comestíveis ou ce, almeirão, brócolis, chicória, couve, couve-flor, escarola, espina-
aceitáveis para nosso padrão de consumo; a forma como adquiri- fre, mostarda, repolho, rúcula, salsa e salsão.
mos, conservamos e preparamos os alimentos; além dos horários, Chama-se “legume” quando as partes comestíveis do vegetal
do local e com quem realizamos nossas refeições. são os frutos, sementes ou as partes que se desenvolvem na terra,
Agora que já entendemos o que é alimentação, vamos explicar como cenoura, beterraba, abobrinha, abóbora, pepino e cebola.
o que é nutrição. A nutrição é um ato involuntário, uma etapa sobre Como você pode ver, os alimentos fornecem nutrientes muito
a qual o indivíduo não tem controle. Começa quando o alimento é importantes para nossa saúde. Somente uma alimentação adequa-
levado à boca. da em termos quantitativos e qualitativos pode fornecer esses nu-
A partir desse momento, o sistema digestório entra em ação, trientes. Por outro lado, o consumo inadequado de alimentos pode
ou seja, a boca, o estômago, o intestino e outros órgãos desse siste- trazer danos para a saúde das pessoas. Por exemplo, o excesso de
ma começam a trabalhar em processos que vão desde a trituração alimentos pode causar a obesidade e a deficiência pode causar a
dos alimentos até a absorção dos nutrientes, que são os compo- desnutrição, como você poderá ver nas próximas unidades.
nentes dos alimentos que consumimos e são muito importantes O consumo de alimentos com alta quantidade de gordura, açú-
para a nossa saúde. car e sal (seja por quantidades erradas adicionadas no preparo dos
Os nutrientes são componentes dos alimentos que consumi- alimentos ou pela frequência de consumo de produtos industriali-
mos e estão divididos em macronutrientes (carboidratos, proteínas zados que tenham alto teor de sal), pode causar muitos problemas
e gorduras) e micronutrientes (vitaminas e minerais). Apenas os à saúde, como obesidade, diabetes, cárie dental, hipertensão (pres-
macronutrientes são responsáveis pelo fornecimento de energia, são alta), alterações ortopédicas (relativa aos ossos), aumento dos
que às vezes é indicada como “caloria” do alimento. níveis de colesterol e triglicerídeos e doenças cardíacas.
Os carboidratos estão presentes nos pães, cereais, biscoitos, Com isso, só confirmamos a ideia de que uma alimentação sau-
frutas, massas, tubérculos e raízes. Além desses alimentos, os car- dável deve ser estimulada em todos os lugares, principalmente na
boidratos também estão presentes em produtos como: açúcar re- escola. E para que isso aconteça, você poderá colaborar incenti-
finado, chocolates, doces em geral, mas não são considerados tão vando o consumo de frutas, verduras e legumes, por exemplo, e
saudáveis quanto aqueles que estão presentes em cereais, frutas, diminuindo a oferta de alimentos ricos em açúcar, gordura e sal.
massas, etc. A Obesidade é o acumulo excessivo de gordura corporal, sendo
A principal função do carboidrato é fornecer energia para o normalmente causada pelo consumo exagerado de comida e falta
corpo humano, sendo, na sua maioria, transformado em glicose. de atividade física.
As proteínas são nutrientes que podem ser de origem animal e A desnutrição é uma doença causada por alimentação inade-
de origem vegetal. As proteínas de origem animal são encontradas quada e insuficiente, com baixa quantidade de energia e proteína;
2 Fonte: www.colegiojesusmariajose.org.br também pode ser causada por má-absorção, anorexia ou falta de
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

apetite. Pode ter influência de fatores sociais, e nesse caso, acome- rivados deles. Os ovolactovegetarianos não consomem carne, mas
te principalmente indivíduos de classe social mais desfavorecida. consomem ovos e leite, e os lacto-vegetarianos, incluem apenas o
Também pode estar relacionada a problemas psiquiátricos ou a al- leite e derivados.
guma outra doença. O conhecimento científico que você encontra em alguns jor-
nais e revistas, por exemplo, também influencia na escolha dos
Significados da Alimentação alimentos, pois por meio dessas informações as pessoas passam a
Como explicamos anteriormente, a alimentação não se resume conhecer quais alimentos são considerados saudáveis e como eles
aos nutrientes. O ato de comer é influenciado por diversos fatores podem ser utilizados da melhor forma.
como os valores culturais, sociais, afetivos e sensoriais. Contudo, não basta ter acesso a esses conhecimentos para
Dessa forma, as pessoas, diferentemente dos animais, ao se mudar o hábito alimentar, pois normalmente as pessoas levam em
alimentarem, não buscam exclusivamente preencher suas necessi- consideração os prazeres propiciados pela comida, além dos vários
dades de energia e nutrientes, mas querem alimentos com cheiro, fatores que interferem na formação do costume alimentar.
sabor, cor e textura. Além disso, o conhecimento científico, as re- O significado da alimentação também muda de acordo com a
ligiões e a condição econômica do indivíduo também influenciam condição econômica da pessoa. Para a população de baixa renda,
nos hábitos alimentares. em geral, os alimentos são classificados entre os alimentos “fortes”
Algumas religiões, por exemplo, costumam criar proibições e os “fracos”.
para o consumo de alguns alimentos, que são considerados cultu- Os alimentos fortes são aqueles que sustentam, como o arroz,
ralmente nocivos. As grandes religiões sempre se preocuparam, em feijão e carne, enquanto que os fracos são as frutas, verduras e le-
seus livros sagrados, em estabelecer proibições, mostrando o que gumes, que servem somente para “tapear a fome”.
os fiéis podem ou não comer. Quando essas pessoas dividem os alimentos em fortes e fracos,
Essas proibições são chamadas de tabus alimentares, que são elas não se baseiam no valor nutritivo dos alimentos, mas sim na
crenças e superstições relacionadas ao consumo de alguns alimen- capacidade que eles têm de matar a fome, como é o caso dos ali-
tos ou à combinação deles, que seriam prejudiciais à saúde. Muitos mentos fortes, que dão a sensação de “barriga cheia”, pois são mais
folcloristas chamam estes tabus de faz mal. Você já deve ter co- gordurosos e mais difíceis para digerir. Normalmente, eles sabem
nhecido alguma pessoa que não come carne de porco ou que não que as frutas, verduras e legumes são ricos em vitaminas e mine-
misture manga e leite, não é? rais, mas seu consumo deixa a “sensação” de fome.
Várias religiões proíbem o consumo de certos tipos de carnes. Porém, isso torna a alimentação repetitiva e pobre em vita-
Por exemplo, o judeu e o muçulmano não comem carne de porco. minas e minerais, o que pode prejudicar a saúde dessas pessoas,
A proibição do consumo de alguns animais pode ser também principalmente das crianças.
pelo fato dele ser criado em casa, como bicho de estimação. Já em Lembre-se que uma alimentação saudável deve ser variada,
outros locais, alguns tipos de carne são proibidas por não serem com preferência para o consumo dos alimentos dos vários grupos,
consideradas comida, não necessariamente porque tem o sabor ou como por exemplo, frutas, verduras e legumes, feijão e grãos in-
o aroma ruins. tegrais. Dê preferência também aos alimentos regionais ou locais.
Por exemplo, algumas culturas comem certos tipos de gafa- Sabe-se que as crianças se acostumam aos hábitos alimentares
nhotos, e em outras, comer gafanhoto é nojento. Outros insetos, da família. Por outro lado, em situações onde a alimentação não
como larvas, são associadas à comida estragada. Em alguns países é variada, elas poderão preferir alimentos como doces, bolachas,
do oriente, porém, é comum comer grilos, gafanhotos, lagartas e guloseimas e refrigerantes, pois esses alimentos são considerados
formigas. Em algumas regiões rurais do Brasil, costuma-se comer mais saborosos.
içá (a parte traseira de algumas formigas). Para os pais, muitas vezes dar esses alimentos para os seus fi-
O tabu alimentar também pode ser criado e mantido por razão lhos é uma forma de demostrar afeto. Porém, é importante lem-
de saúde. Na maioria das culturas, o alimento sempre foi relaciona- brar que o consumo excessivo desses alimentos pode causar danos
do à saúde e isso acontece não apenas porque o excesso ou a fal- à saúde, como obesidade, diabetes, pressão alta, entre outros.
ta de alimentos coloca em risco a sobrevivência dos homens, mas, E, por último, vamos falar do caráter social da alimentação,
também, pelas instruções dadas por alguns profissionais de saúde, presente desde o nascimento. Normalmente, nossas atitudes em
que influenciam o tipo de dieta, visto que alguns alimentos podem relação à comida são aprendidas cedo, desde a amamentação. O
piorar a saúde ou atrapalhar algum tratamento. leite materno é o primeiro alimento oferecido à criança e sua inges-
Por exemplo, comer carne de porco mal cozida pode levar à tão envolve o contato com a mãe. Com isso, desde o início da vida,
teníase ou comer alimentos ricos em sal pode piorar a saúde de a alimentação está ligada ao afeto e proteção quanto à presença
quem tem pressão alta. Já no cristianismo, a cerimônia mais sagra- feminina.
da ocorre em torno da ingestão do pão e do vinho, simbolizando o Por exemplo, o momento de afeto na alimentação pode ser
corpo e o sangue de Cristo. visto nos encontros familiares, que são momentos de conversação
e de troca de informações. A hora de comer é um momento de
Ser hinduísta é ser vegetariano. Com esses exemplos, quere-
socialização entre as pessoas. Todos se sentam à mesa para comer,
mos mostrar que é importante você descobrir se existe na sua es-
beber e celebrar o momento em que estão juntos. Esse processo é
cola alguma criança que siga algum tabu alimentar, a fim de criar
chamado comensalidade.
alternativas para os lanches que possuam algum alimento proibido
Vamos entender o que significa comensalidade. Comensalida-
para eles.
de é a prática de comer junto, dividindo a comida, mesmo que de
Os vegetarianos são aquelas pessoas que seguem uma dieta
forma desigual. A mesa, ao redor da qual ocorre a comensalidade,
baseada exclusivamente em alimentos de origem vegetal. Eles ex-
é um dos símbolos das trocas familiares. É o local onde se divide o
cluem da sua dieta carne, ovos e leite, assim como os produtos de-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

alimento e a alegria dos encontros, as opiniões sobre os aconteci- Além disso, a criança começa a buscar o seu próprio alimento
mentos do mundo, sem a preocupação de agradar, sem precisar e a mostrar recusa ou aceitação deste. Nesta fase é natural que a
disfarçar que se está bem. criança recuse um ou vários tipos de alimentos. É a fase do “Eu não
Porém, hoje as refeições costumam ser feitas com os colegas quero”, em que a criança, descobrindo suas próprias preferências,
de trabalho, amigos ou até desconhecidos que se sentam à mes- diz não a tudo o que ela pensa não ser bom para ela. Ou ainda,
ma mesa. No caso de desconhecidos, não existe uma socialização, distraída com essa ou aquela brincadeira, a criança simplesmente
mas pode surgir uma conversa, mesmo que seja apenas naquele esquece de comer.
momento. Essas novas descobertas costumam gerar ansiedade nas pes-
Como você pode ver, os alimentos possuem vários significados soas que cuidam da criança, pois elas não têm mais controle sobre
de acordo com a religião, cultura ou condição econômica. a alimentação dos pequeninos, o que pode gerar atitudes erradas.
Por exemplo, é muito comum os pais usarem certa “chantagem”
Ciclos de Vida (da Alimentação da Criança à Alimentação do alimentar com a criança, dizendo que se não comer espinafre não
Adulto) vai jogar bola, ou ainda que, se não comer chuchu, não vai comer
Na infância, a alimentação adequada é fundamental para ga- a sobremesa.
rantir o crescimento e o desenvolvimento normal da criança, man- É uma tática que muitas vezes dá certo, porém, a criança passa
tendo, assim, a saúde. Isso é muito importante, principalmente a associar o fato de comer um alimento que não gosta a um prêmio
entre os pré-escolares, pois eles se constituem em um dos grupos ou o não comer a um castigo, fazendo com que ela apenas coma
populacionais que mais necessitam de atendimento, em função de por obrigação e, assim, ela não cria um hábito alimentar sadio. A
estarem em intenso processo de crescimento e de serem vulnerá- falta de apetite também pode ser uma forma de chamar a atenção
veis às doenças. dos pais, o que é muito comum entre as crianças, mas que deve
É muito importante ter uma criança bem alimentada durante ter uma atenção especial, pois pode influenciar negativamente os
sua permanência em sala de aula, pois isso contribui para a melho- hábitos alimentares delas.
ra do desempenho escolar, além de reduzir a evasão e a repetência É nesta fase que a criança está desenvolvendo os seus sentidos
escolar. e diversificando os sabores, e, com isso, formando suas próprias
E para que isso ocorra, sua colaboração é de extrema importân- preferências. Suas escolhas alimentares são um dos principais fato-
cia, pois o objetivo do Programa Nacional de Alimentação Escolar res que influenciam na alimentação da criança, e essas preferências
(PNAE) é atender às necessidades nutricionais dos alunos durante surgem por meio de experiências repetidas no consumo de certos
o horário em que se encontram em sala de aula, contribuindo para alimentos e da relação com o ambiente social e familiar.
o crescimento, o desenvolvimento, a aprendizagem e o rendimen- Algumas maneiras utilizadas pela família para estimular o con-
to escolar dos estudantes, bem como para a formação de hábitos sumo de alguns alimentos como frutas, verduras e legumes, podem
alimentares saudáveis. aumentar a rejeição da criança pelo alimento. Por isso, não se deve
As práticas alimentares no primeiro ano de vida são muito im- forçar o consumo de nenhum alimento, ao contrário, deve ser ofe-
portantes na formação dos hábitos alimentares da criança. Nos pri- recido várias vezes, mas sem uma atitude rígida.
meiros seis meses, espera-se que a criança receba exclusivamente Você sabia que as crianças normalmente preferem os alimen-
o leite materno ou retarde o máximo possível o consumo de novos tos com maior densidade energética? Isto acontece porque estes
alimentos. alimentos saciam a fome mais rápida, e também garantem a quan-
A partir dos seis meses de vida, outros alimentos devem ser tidade de energia e nutrientes suficiente para atender suas neces-
acrescentados paulatinamente na alimentação da criança, pois só sidades.
o leite materno não satisfaz mais as necessidades de nutrientes da Por isso, adequar a alimentação da criança à dos pais não sig-
criança. Nessa etapa, são recomendadas duas papas de fruta e duas nifica dar a elas todos os alimentos que os adultos estão ingerindo
papas salgadas ao dia. O leite materno pode ser oferecido nos in- em casa. Evitar refrigerantes e substituí-los por suco natural é re-
tervalos das refeições principais. comendado. Não servir doces entre as refeições e introduzir uma
A partir de agora, vamos aprender as diversas fases que exis- grande variedade de verduras e legumes em suas refeições são cha-
tem desde o período pré-escolar até a idade adulta. ves da “boa alimentação”, hábito que, uma vez adquirido, segue
com o indivíduo por toda a sua vida.
Pré-escolar
A fase pré-escolar compreende crianças de 1 a 6 anos de ida- Escolar
de e caracteriza-se por redução na velocidade de ganho de peso A fase escolar inclui crianças com idade de 7 anos até o início
e altura, o que leva a uma redução do apetite. Isso significa que a da puberdade. No entanto, o escolar no âmbito educacional é a
criança continuará a crescer, só que com uma menor velocidade, criança de 6 a 14 anos de idade. Esta etapa caracteriza-se por um
quando comparado ao primeiro ano de vida. Nessa época da vida, lento e constante crescimento. Os dentes permanentes começam
as crianças necessitam de menos energia para garantir o cresci- a aparecer nesta fase.
mento normal. Desse modo, os bons hábitos de saúde, como a alimentação e
Nesse período, o apetite é irregular, apresentando variações a higiene, devem ser reforçados para evitar a ocorrência de proble-
de uma refeição para a outra. Por exemplo, a criança pode comer mas dentários, como, por exemplo, a cárie. Nesse período, a criança
muito no almoço e não ter vontade de se alimentar na hora do jan- é mais independente e, portanto, começa a demonstrar preferên-
tar. A diminuição do apetite pode estar associada a outros aspectos cias, aversões, apresentando senso crítico. Isso reflete diretamente
como a atenção desviada para outras atividades, por exemplo, an- nos hábitos alimentares, promovendo uma melhor aceitação de
dar e mexer em objetos espalhados pela casa. preparações alimentares diferentes e mais sofisticadas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

É nessa época da vida que ocorre um aumento da atividade das alterações que ocorrem no seu corpo, o adolescente começa
física por meio do uso de bicicletas, patins e outras brincadeiras, o a assumir mais responsabilidades e se torna mais independente, o
que aumenta o gasto de energia. Porém, é nessa fase também que que provoca mudanças no seu comportamento.
as crianças podem se tornar sedentárias com o uso de videogames, Todas essas transformações da adolescência influenciam o
computador e televisão. Por isso, é importante que a escola estimu- comportamento alimentar. Para compreendermos melhor o com-
le a prática de atividade física. portamento alimentar dos adolescentes, nós precisamos conside-
O apetite do escolar costuma ser muito maior que o do pré- rar que vários fatores interferem nessa fase da vida. Os principais
escolar, sendo também compatível com o estilo de vida da criança. fatores externos são: a família, as atitudes dos amigos, as regras e
Porém, a falta do café da manhã normalmente começa nessa valores sociais e culturais, as informações trazidas pela mídia, por
fase, provavelmente pela maior independência da criança. Este as- conhecimentos relativos à nutrição e até mesmo por “manias”.
pecto deve ser observado pelos familiares e pelos educadores, pois Já os fatores internos são formados pela imagem do seu pró-
pode prejudicar o desenvolvimento da criança, comprometendo o prio corpo, por valores e experiências pessoais, preferências ali-
seu rendimento escolar. Por isso, é importante que todas as crian-
mentares, pelas características psicológicas, pela autoestima, pe-
ças estejam bem alimentadas, principalmente no período escolar,
las condições de saúde e pelo desenvolvimento psicológico. Esses
para evitar que fiquem desatentas durante a aula. E para que isso
fatores estão ligados às condições sociais e econômicas, à dispo-
ocorra, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) deve
nibilidade de alimentos, à produção e à forma de distribuição de
estar funcionando corretamente. Caso você identifique algum pro-
alimentos, o que leva a um determinado estilo de vida, resultando
blema no desenvolvimento do programa, entre em contato com os
em hábitos alimentares individuais.
órgãos responsáveis.
Como vimos, os adolescentes são influenciados por vários fa-
Outro problema verificado é a diminuição na ingestão de leite,
tores na formação dos seus hábitos alimentares e, por isso, eles
o que pode prejudicar o fornecimento de cálcio necessário para a
se dividem em vários grupos, também de acordo com a motivação
formação dos ossos. Essa situação pode piorar durante o estirão da
adolescência, período em que se atinge o máximo da formação dos com a qual selecionam os alimentos.
ossos, principalmente nas meninas, nas quais o estirão ocorre entre Porém, é importante lembrar que há informação disponível
os 10 e 11 anos de idade. sobre nutrição e alimentação saudável para os adolescentes, mas
Próximo à adolescência, os meninos e as meninas podem co- eles têm dificuldade para aplicar esses conhecimentos, pois alguns
meçar a ganhar mais peso devido a um período de repleção ener- adolescentes também costumam associar os alimentos saudáveis
gética. Mas o que é repleção energética? É um processo que ocorre com atividades chatas, como ficar em casa com os pais. Assim, eles
quando o nosso corpo começa a poupar energia na forma de gor- preferem sair para barzinhos com os amigos, e ir ao shopping co-
dura, para depois gastar com o crescimento que ocorre na época do mer alimentos do tipo fast-food, que são consideradas atividades
estirão da adolescência. prazerosas.
Normalmente, esse fato ocorre entre as meninas nas idades de Além disso, os adolescentes tendem a viver o momento atual,
8 a 10 anos e, entre os meninos, de 11 a 13 anos, mas esse ganho não dando importância às consequências de seus hábitos alimen-
de peso não pode ser muito grande. Por isso, verifica-se que nesse tares, que podem ser prejudiciais a longo prazo. Algumas pesquisas
período algumas crianças ficam mais gordinhas e logo depois elas mostram que os adolescentes brasileiros possuem hábitos alimen-
crescem e ficam mais altas e mais magras. Resumindo, eles ganham tares inadequados, com baixo consumo de produtos lácteos, frutas,
peso inicialmente para crescer depois. verduras, legumes, e ingestão excessiva de açúcar e gordura.
Por esses motivos, as crianças e os pais devem ser orientados Entre os adolescentes, também é comum o consumo de ali-
de que esse ganho de peso faz parte do processo de crescimento, mentos do tipo junk food, ou seja, alimentos com alta quantidade
caso contrário podem achar que seus filhos estão “gordinhos” e re- de gordura (principalmente gordura saturada), açúcar, colesterol
comendarem então uma dieta, o que pode atrapalhar o crescimen- ou sal e com pouca ou nenhuma quantidade de vitaminas e mine-
to destas crianças. Sabe-se que, pior ainda do que isso, o excesso rais. E você sabe o que pode acontecer com adolescentes que se
de peso e, muitas vezes, a pressão dos pais, podem gerar ansiedade alimentam dessa forma?
nessas crianças e, assim, elas realmente passam a comer mais e se Quando essas preparações são consumidas de vez em quando
tornam obesas. e fazem parte de uma alimentação adequada, elas podem ser acei-
Com isso, o mais importante nessa fase é possuir uma alimen- táveis, mas, caso sejam consumidas com muita frequência, podem
tação saudável e o PNAE é uma das maneiras de promover a saúde ser prejudiciais.
e os hábitos alimentares saudáveis. Como você pode ver, sua ação Os adolescentes provavelmente estarão consumindo uma
é de extrema importância para a formação dos hábitos alimentares menor quantidade de proteína, cálcio, vitaminas e minerais e uma
da criança, pois, por meio da alimentação oferecida na escola, as maior quantidade de gordura e sal. Além desse hábito prejudicar
crianças podem aprender a se alimentar de forma adequada e me- o crescimento e desenvolvimento desses adolescentes, poderá au-
lhorar sua qualidade de vida. mentar o risco de desenvolverem obesidade, dislipidemias e ou-
tras doenças crônicas não transmissíveis, típicas, até pouco tempo
Adolescência atrás, da população adulta.
A adolescência é um período de várias mudanças, que aconte- Os adolescentes passam a maior parte do tempo fora de casa,
cem dos 12 aos 20 anos de idade, e quando ocorrem diversas alte- eles ficam mais na escola e com amigos. Os dois últimos também
rações no corpo e no comportamento. Algumas mudanças físicas influenciam na escolha dos alimentos e estabelecem o que é mais
que podem ser notadas são o crescimento das mamas nas meninas, aceito no grupo. Por isso, é importante que uma alimentação sau-
o surgimento de pelos e o amadurecimento das genitálias. Além dável seja estimulada na escola. Além do ambiente escolar, deve-se
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

lembrar que o grupo de amigos e o próprio modismo divulgado na Os Nutrientes


televisão, internet, jornais e revistas, podem exercer influência so- Um nutriente é uma substância usada pelo metabolismo de um
bre o hábito alimentar dos adolescentes. organismo que pode ser adquirido a partir do meio envolvente. Os
Outro ponto que influencia o comportamento dos adolescen- organismos não autotróficos adquirem os nutrientes geralmente
tes é a família. Como a família pode interferir nos hábitos alimenta- através da ingestão de alimentos. Os métodos para ingestão de nu-
res dos adolescentes? trientes variam, com os animais a possuírem um sistema digestivo
Normalmente, quando o relacionamento do adolescente com interno, enquanto que as plantas digerem os nutrientes externa-
a família é desarmônico, principalmente quando os pais são mui- mente. Os efeitos dos nutrientes dependem em grande parte da
to autoritários, eles utilizam o alimento para mostrar sua rebeldia quantidade da dose ingerida.
contra os seus pais. A rebeldia é demonstrada em práticas alimen- Os nutrientes orgânicos incluem carboidratos, gorduras, prote-
tares erradas, como recusar os alimentos saudáveis ou realizar die- ínas (ou outros elementos construtores, como os aminoácidos), e
tas malucas. Isso também pode ocorrer quando os pais não esta- vitaminas. Os compostos químicos inorgânicos incluem os minerais
belecem limites para os filhos. Por isso, é muito importante que os ou água. Os nutrientes são essenciais para o perfeito funcionamen-
pais coloquem limites, mas sem exagerar. to do organismo e todos os que não podem ser sintetizados pelo
Como você pode ver, a adolescência é uma fase da vida muito próprio organismo têm de ser obtidos de fontes externas. Os nu-
complexa e, por isso, vários fatores devem ser levados em conside- trientes necessários em grandes quantidades são denominados por
ração ao analisarmos a alimentação do adolescente. Dessa forma, “macronutrientes” e os necessários em pequenas quantidades por
algumas estratégias podem ser realizadas para estimular o consu- “micronutrientes”.
mo de alimentos saudáveis, como a sensibilização do adolescente a
partir de informações que mostrem os benefícios que uma alimen- Macronutrientes
tação saudável pode fornecer. “Macro” significa grande, por isso os macronutrientes são os
Isto pode ser realizado pelos alunos em feiras, como as feiras nutrientes mais necessários, conhecidos por proteínas, gorduras e
de ciências tradicionais, abordando os temas de alimentação e nu- carboidratos e exceptuando os alimentos com zero caloria, todos
trição; inclusão do tema alimentação saudável nas disciplinas e nos os outros possuem variações em quantidade destes mesmos nu-
eventos do calendário escolar como festa junina, gincanas e outros trientes. Apesar da popularidade de algumas dietas, que requerem
eventos; a adoção de uma alimentação saudável nas cantinas esco- que se reduza drasticamente a ingestão destes macronutrientes,
lares; realização de cursos de capacitação dos donos de cantinas e todos eles são de extrema importância para a sua saúde e devem
educadores em parceria com as faculdades de nutrição; adoção do ser incluídos na alimentação diária.
“dia da fruta” como início de um processo que estimule o consumo As proteínas são necessárias para a construção dos tecidos do
de frutas; entre outros. corpo incluindo dos músculos, órgãos, pele e também as partes
do sistema imunitário. O corpo pode usar as proteínas em excesso
Adultos para converter em energia ou em gordura.
A idade adulta inicia-se a partir de 18 anos de idade. Para a Os carboidratos incluem os açúcares, amido e fibras, com os
lei, é a fase onde a pessoa possui capacidade de executar algumas dois primeiros a serem fundamentais para o fornecimento de ener-
atividades como votar, contrair obrigações e ser responsabilizado gia que possibilita o funcionamento do corpo. Os carboidratos em
por seus atos, ou seja, é a idade caracterizada como de amadure- excesso são convertidos em gordura, gordura esta que forma as
cimento legal. membranas que envolvem todas as células do corpo, desde o nor-
Como os hábitos alimentares e de atividade física adquiridos mal funcionamento do cérebro, sistema nervoso ou hormonal.
na infância e na adolescência tendem a permanecer na vida adulta, Tal como as proteínas, a gordura extra pode ser utilizada pelo
é de fundamental importância que as crianças e os adolescentes corpo para produzir energia, ou, em casos de sedentarismo, para
sejam orientados a possuírem uma alimentação saudável, a fim de armazenamento de gorduras.
que esta possa ser mantida na vida adulta.
Entende-se que esse processo de orientação começa na escola, Micronutrientes
sendo o Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE, uma “Micro” significa pequeno, e é por isso que os micronutrien-
forma de auxiliar na formação de hábitos alimentares saudáveis. tes são todos aqueles que são necessários em quantidades mais
Nessa fase, é muito importante que os adultos continuem com uma pequenas. Estes incluem várias vitaminas, divididas em solúveis
alimentação saudável para evitar doenças no futuro. Além disso, o em água ou solúveis em gordura, dependendo do meio no qual se
adulto é responsável pela formação dos hábitos alimentares das dissolvem, e também minerais que devem ser incluídos numa ali-
crianças. É responsável pela compra e preparo dos alimentos em mentação saudável.
casa, transmitindo seus hábitos alimentares às crianças. Por isso, As vitaminas solúveis em água incluem vitamina C e o com-
é importante que a família seja orientada sobre o significado da plexo de vitaminas B, como vitamina B1, vitamina B2, vitamina B6,
alimentação saudável. vitamina B12 ou folatos, com todas elas a possuírem uma variedade
Com todas essas considerações, percebemos que a alimenta- de funções essenciais para a saúde. As vitaminas solúveis em gor-
ção saudável é muito importante em todas as fases da vida. Nunca dura incluem a vitamina A, vitamina D, vitamina E e vitamina K. As
é tarde para iniciar e colocar hábitos saudáveis de alimentação em vitaminas A e E são absorvidas unicamente através dos alimentos
prática. O ideal é que eles existam desde cedo, mas as mudanças ingeridos, enquanto que as vitaminas D e K podem ser sintetizadas
na saúde de indivíduos adultos que melhoram seus hábitos alimen- pelo próprio organismo.
tares, também são notáveis. Essa melhora pode ser uma forma de Apesar de ser extremamente difícil obter quantidades massi-
prevenir o surgimento de doenças que estão relacionadas a uma vas destas vitaminas através dos alimentos, o corpo pode apresen-
alimentação inadequada. tar níveis de toxicidade e graves problemas de saúde caso se ingira
de uma forma descontrolada suplementos vitamínicos em excesso.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os minerais incluem Cálcio, Fósforo, Ferro, Magnésio, Potássio, Sódio ou Zinco, entre outros. Os minerais são importantes para a
saúde dos dentes, dos ossos, músculos, equilíbrio hídrico do corpo e um conjunto de outras funções para o bom funcionamento do orga-
nismo.
Embora uma alimentação saudável e rica em fruta, legumes, frutos secos, vegetais, leguminosas, carne, peixe e produtos lácteos seja
uma excelente forma de garantir a ingestão de todos os micronutrientes que precisa, existem algumas pessoas que podem necessitar da
ajuda de suplementos dietéticos, como mulheres em risco de osteoporose ou pessoas com doenças de visão relacionadas com a idade.
Aconselha-se sempre o uso de suplementos dietéticos de acordo com as instruções da embalagem e sob aconselhamento médico.

Nutrientes e Organismo3
Todos os nutrientes são muito importantes para a manutenção do bom funcionamento do nosso organismo, por isso devemos man-
ter uma dieta balanceada.
Quando falamos em nutrição, podemos defini-la como processos que vão desde a ingestão dos alimentos até à sua absorção pelo
nosso organismo. Os seres humanos são seres heterotróficos e onívoros, ou seja, alimentam-se de outros organismos e mantêm uma
alimentação muito variada, composta de produtos de origem vegetal e animal.
É muito importante ter uma dieta balanceada, constituída por proteínas, vitaminas, sais minerais, água, carboidratos e lipídeos, que
são as fontes de energia e matéria-prima para o funcionamento das células.
O nosso organismo consegue produzir grande parte das substâncias de que necessita, a partir da transformação química dos nutrien-
tes que ingerimos com a alimentação. Mas existem outras substâncias nutritivas que não são produzidas pelo nosso organismo, sendo
necessário obtê-las prontas no alimento.
Essas substâncias são chamadas de nutrientes essenciais e, além das vitaminas, podemos citar alguns aminoácidos que o corpo não
consegue produzir, como isoleucina, leucina, valina, fenilalanina, metionina, treonina, triptofano e lisina, chamados de aminoácidos es-
senciais.

3 Texto adaptado disponível em http://www.brasilescola.com/


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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As proteínas que ingerimos na alimentação fornecem amino- Sendo assim para fazer o diagnóstico nutricional de um indiví-
ácidos às células, que os utilizam na fabricação de suas próprias duo é necessário associar vários indicadores do estado nutricional
proteínas. São substâncias que constituem as estruturas do nosso para aumentar a precisão diagnóstica. Na prática clínica devem ser
corpo e são chamadas também de nutrientes plásticos. utilizados indicadores clínicos, bioquímicos, antropométricos e die-
Os aminoácidos essenciais devem ser obtidos a partir da in- téticos.
gestão de alimentos ricos em proteínas, como carne, leite, queijos
e outros alimentos de origem animal. Mas sempre lembrando que Política Nacional de Alimentação e Nutrição
o consumo em excesso de produtos de origem animal pode causar Em 1999, através da Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, foi
alguns prejuízos ao organismo. implantada a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN),
As vitaminas são substâncias orgânicas consideradas como integrante da Política Nacional de Saúde, com o objetivo de contri-
nutrientes essenciais. São substâncias necessárias em pequenas buir para prevenção e controle dos riscos nutricionais e de Doenças
quantidades, mas que influenciam muito no bom funcionamento Crônicas não Transmissíveis - DCNT. Essa política foi atualizada pela
do nosso organismo. A maior parte das vitaminas auxilia as reações Portaria no 2.715, de 17 de novembro de 2011.
químicas catalisadas por enzimas e a sua falta causa sérios prejuízos A PNAN assegura o compromisso do Ministério da Saúde com
ao organismo. os problemas relacionados com a escassez alimentar e com a po-
Os sais minerais são nutrientes inorgânicos muito importantes breza, assim como com a desnutrição infantil e materna.
para o bom funcionamento do organismo de todos os seres vivos e Sendo assim, a política propõe respeitar, proteger, promover
a falta de alguns desses minerais pode prejudicar o metabolismo. e atender os direitos humanos à saúde e à alimentação. Esse do-
A água não é um nutriente, mas é fundamental para a vida. cumento é uma ação governamental, que prioriza a política gover-
Além de sua ingestão na forma líquida, há também a água ingeri- namental de combate à fome. São sete as diretrizes programáticas
da quando nos alimentamos, pois ela faz parte da composição da dessa política, que tem como fio condutor o direito humano à ali-
maioria dos alimentos. mentação e a segurança alimentar e nutricional, veremos a seguir.
Outros nutrientes orgânicos muito importantes para os orga-
nismos vivos são os carboidratos (também chamados de glicídios) e Estímulo a ações intersetoriais com vistas ao acesso universal
os lipídios. Esses nutrientes têm a função de fornecer energia para aos alimentos
as células e por isso podem ser chamados denutrientes energéticos. O setor de saúde deverá promover ampla articulação com ou-
tros setores governamentais, a sociedade civil e o setor produtivo,
Avaliação Nutricional4 onde a atuação esteja relacionada com determinantes que interfe-
A avaliação nutricional tem o objetivo identificar distúrbios e rem no acesso universal a alimentos de boa qualidade.
riscos nutricionais, e também a gravidade desses distúrbios, assim Essa ação consistirá em estabelecer os determinantes de uma
possibilitando traçar condutas nutricionais que permitem a recupe- alimentação e nutrição saudáveis, entre os quais os programas de-
ração ou manutenção adequada do estado de saúde. senvolvidos de maneira articulada com a produção de alimentos
Por ser um instrumento diagnóstico, a avaliação nutricional locais e regionais que não são do domínio direto do setor de saúde.
verifica por diversas maneiras as condições nutricionais do organis-
mo, determinadas pelos processos de ingestão, absorção, utilização Garantia de segurança e qualidade dos alimentos
e excreção de nutrientes. O redirecionamento e o fortalecimento das ações de vigilância
A avaliação nutricional determina o estado nutricional, que é re- sanitária serão focos de atenção especial na busca de garantia da
sultante do equilíbrio entre o consumo e a utilização dos nutrientes. segurança e da qualidade dos produtos e da prestação de serviços
O desequilíbrio entre consumo e necessidades nutricionais, em na área de alimentos.
decorrência de consumo insuficiente para atender as necessidades No âmbito do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, deve-
nutricionais, pode ter como consequência a instalação de doenças rá ser fortalecido o componente relativo a alimentos e serviços
carenciais. No caso do excesso de consumo, tem-se as doenças por de alimentação, mediante a revisão e/ou adequação das normas
excesso do consumo de algum ou mais nutrientes. técnicas e operacionais, enfatizando-se aquelas relacionadas com a
Entre os diversos métodos existentes para avaliação do estado prevenção de agravos à saúde.
nutricional, devem-se utilizar aqueles que melhor detectem o pro- Será buscada a modernização dos instrumentos de fiscaliza-
blema nutricional da população em estudo e/ou aqueles em que os ção, com adoção de medidas de controle e segurança na produção
pesquisadores tenham maior treinamento. e na prestação de serviços na área de alimentos, visando à preven-
Seja qual for o método escolhido para determinação do estado ção de doenças transmissíveis por alimentos e perdas econômicas
nutricional, sempre se deve respeitar de maneira criteriosa a técni- por deterioração, além de atualização das normas de racionaliza-
ca e o método para definição do diagnóstico nutricional. ção, coordenação e controle dos processos de vigilância sanitária,
A avaliação nutricional é uma ação desenvolvida pelo nutricio- de modo a possibilitar uma atuação ágil e constante em todos os
nista no seu processo de trabalho em uma unidade de saúde, no segmentos da cadeia alimentar, desde a produção, passando pela
domicílio, em ambulatório ou hospital. rotulagem - incluindo o rótulo que informa os valores nutricionais
Para a realização da avaliação é necessário raciocínio científico -, embalagem e reembalagem, armazenagem, transporte e comer-
e clínico, sempre com caráter investigativo, com o domínio desse cialização, até o consumo.
raciocínio juntamente com a habilidade do profissional pode-se Será promovida, igualmente, a atualização da legislação sa-
melhor associar os diferentes métodos e técnicas para determina- nitária nacional sobre alimentos, considerando-se os avanços da
ção do estado nutricional. biotecnologia, garantia de frequentes ajustes requeridos pelo in-
4 [ MUSSOI, Thiago Durand. Nutrição Curso Técnico. Rio de Janeiro: Guanabara tercâmbio de alimentos in natura ou industrializados entre o Brasil
Koogan, 2017.] e os demais países que dele participem.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No setor de articulação intersetorial, buscar-se-á, ainda, a A ação do Estado, nessas situações, deverá ser sempre asso-
compatibilização dos procedimentos de vigilância sanitária, desen- ciada a medidas que visem prover condições para que indivíduos,
volvidos pelo setor de saúde. as famílias e as comunidades recuperem a capacidade de produzir
A consolidação do processo de descentralização, em favor das ou adquirir sua própria alimentação. A vigilância do crescimento e
esferas estadual e municipal, da gestão das ações de vigilância sa- do desenvolvimento será adotada como eixo de apoio a todas as
nitária constituirá, igualmente, medida essencial na busca de ga- atividades de assistência à saúde da criança.
rantia de segurança e qualidade dos produtos. Considerando-se o
cenário de descentralização, deverá ser dada prioridade às ações Promoção de desenvolvimento de linhas de investigação
de vigilância sanitária dos alimentos por meio de incentivos finan- A implementação de todas as diretrizes dessa Política Nacional
ceiros específicos. de Alimentação e Nutrição contará com o suporte de linhas de in-
vestigação, desenvolvidas de acordo com as normas da Comissão
Monitoramento da situação alimentar e nutricional Nacional de Ética em Pesquisa Humana (Conep/MS), que esclare-
Para monitoramento da situação alimentar e nutricional, será çam aspectos peculiares e até gerais de alguns problemas, avaliem
ampliado e aperfeiçoado o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutri- a contribuição dos fatores causais envolvidos e indiquem as medi-
cional (Sisvan), de modo a agilizar seus procedimentos e estender das mais apropriadas para seu controle.
sua cobertura a todo o país. Neste sentido, as linhas de pesquisa a serem estabelecidas e
A consolidação desse Sistema deverá ser feita especialmente apoiadas deverão possibilitar o domínio do cenário de situações e
com o apoio de centros colaboradores em alimentação e nutrição e dos fatores que interessam para a definição e a execução de ações
de núcleos de trabalho existentes na quase totalidade dos estados de nutrição.
e em centenas de municípios brasileiros.
Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos em saú-
Promoção de práticas alimentares e estilos de vida saudáveis de e nutrição
A promoção de práticas alimentares saudáveis, que se inicia O desenvolvimento e a capacitação de recursos humanos cons-
com o incentivo ao aleitamento materno, está inserida no contexto tituem diretriz que irá perpassar todas as demais diretrizes defini-
de adoção de estilos de vida saudáveis, componente importante da das nessa política, configurando mecanismo privilegiado de articu-
promoção de saúde. lação intersetorial, de modo que o setor de saúde possa dispor de
Nesse sentido, será dada ênfase à socialização do conheci- pessoal em qualidade e quantidade, e onde o provimento, adequa-
mento sobre os alimentos e o processo de alimentação, bem como do e oportuno, é responsabilidade do governo.
acerca da prevenção de problemas nutricionais, desde a desnutri-
ção até a obesidade. Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN
As iniciativas voltadas para a adoção de práticas alimentares O Sisvan é um instrumento criado pelo Ministério da Saúde
saudáveis deverão integrar todas as medidas decorrentes das dire- com o objetivo de que seja útil na elaboração de ações de promo-
trizes definidas nessa política. Além das iniciativas inerentes a cada ção de saúde realizadas por profissionais da área e aos gestores do
medida específica que vier a ser adotada, deverá ser dada atenção Sistema Único de Saúde (SUS), visando aumentar a qualidade da
especial ao desenvolvimento de processo educativo permanente assistência à população.
acerca das questões atinentes à alimentação e à nutrição, bem O Sisvan busca valorizar a avaliação do estado nutricional
como à promoção de sistemáticas campanhas de comunicação so- como atitude essencial para o aperfeiçoamento da assistência e da
cial. promoção à saúde. Esse sistema de informação consiste na trans-
formação de dados em informações conclusivas, as quais são usa-
Prevenção e controle dos distúrbios e doenças nutricionais das para formulação ou reformulação de novas políticas públicas.
Considerando-se a ausência de uma divisão clara entre as Corroborando essas atuações, o Sisvan destina-se ao diagnós-
medidas institucionais específicas de nutrição e as intervenções tico da situação alimentar e nutricional da população brasileira,
convencionais de saúde, será necessária uma atuação baseada em contribuindo para o conhecimento da existência de problemas nu-
duas situações diferentes. tricionais e identificação das áreas e populações de maior risco de
Na primeira, prevalece um quadro de morbidade e mortalida- agravos nutricionais.
de, dominado pelo binômio formado por desnutrição e infecção. Além disso, outra prioridade desse sistema consiste em avaliar
Na segunda está o grupo em que predominam sobrepeso e obe- o estado nutricional de indivíduos com o objetivo de se obter um
sidade, diabetes melito, doenças cardiovasculares e algumas afec- diagnóstico breve dos possíveis desvios nutricionais, evitando-se
ções neoplásicas. que despontem maiores agravos à saúde.
No grupo das enfermidades crônicas não transmissíveis, as me-
didas estarão voltadas para promoção de saúde e para o controle Com isso, o Sistema foi criado sob três eixos principais, com o
dos desvios alimentares e nutricionais. Os problemas alimentares propósito de cumprir o seu papel como principal instrumento utili-
e nutricionais que cercam a desnutrição energético-proteica (DEP) zado por gestores públicos para a elaboração de políticas públicas
serão enfocados por meio de uma abordagem familiar. de alimentação e nutrição.
Assim, quanto ao binômio desnutrição-infecção serão enfatiza-
das ações voltadas para prevenção e manejo adequado das doen- Esses eixos atuam nas seguintes práticas:
ças infecciosas. A distribuição de alimentos e a educação alimentar - Elaboração de políticas públicas, estratégias, programas e
serão trabalhadas em conjunto com a prevenção e o controle de projetos sobre alimentação e nutrição;
diarreias, infecções respiratórias agudas e doenças imunoprevení- - Planejamento, acompanhamento e avaliação de programas
veis. sociais nas áreas alimentares e nutricionais;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Avaliação da operacionalização e eficácia das ações de go- para ampliar de forma gradativa, as capacidades motoras, cogniti-
verno. vos e sociais das crianças, promovendo deste modo, seu desenvol-
vimento integral.
A atuação do Sisvan parte da atenção básica à saúde e tem Segundo PIAGET (1994), o desenvolvimento da criança respei-
como meta monitorar o padrão alimentar e o estado nutricional ta certas fases, que a permitem avançar desde os conceitos básicos
dos indivíduos atendidos pelo SUS; sendo assim, utiliza como prin- aos mais complexos, de acordo com a sua etapa de evolução. São
cipal fonte de informações os dados coletados pelos Estabeleci- elas: Sensório-Motor (0 a 2 anos), Pré-Operatório (2 a 7 anos), Ope-
mentos Assistenciais de Saúde (EAS). ratório- Concreto (7 a 11 anos) e Operatório-Formal (11 anos em
diante).
No entanto, outras fontes de dados também podem ser utiliza- O primeiro período é o Sensório-Motor, geralmente ocorre
das pelos profissionais, tais como: entre zero aos dois anos de idade, aqui a criança explora o mun-
- Estudos e pesquisas populacionais; do através dos sentidos, interagindo com os objetos. As ações da
- Programas: Programa Agente Comunitário de Saúde (PACS) e criança desta etapa de desenvolvimento ocorrem por meio de re-
Programa Saúde da Família (PSF) flexos, ou seja, geralmente não são intencionais.
- Creches, escolas e outras entidades pertinentes; O segundo período é o Pré-Operatório, geralmente ocorre en-
- Outros bancos de dados do SUS (p. ex., Sistema de Informa- tre os dois aos sete anos de idade, este é o período em que a criança
ção sobre Mortalidade [SIM], Sistema de Informação sobre Nasci- inicia sua vida pré-escolar. Nesta fase aparece o desenvolvimento
dos Vivos [Sinasc], Sistema de Atenção Básica [SIAB]). da linguagem e da função simbólica, onde objetos são fantasiados
na imaginação da criança como sendo, por exemplo: animais, pes-
soas, etc. Também é a fase do egocentrismo, onde a criança quer
ser o centro das atenções. Nesta etapa a criança também começa
A IMPORTÂNCIA DO ESTÍMULO AO DESENVOLVIMENTO
a adquirir noções de espaço e de tempo, mostrando-se bastante
INFANTIL
curiosa.
O terceiro período é o Operatório-Concreto, geralmente ocor-
re entre os sete aos onze anos de idade, fase esta em que a crian-
Não faz muito tempo que a criança passou a ter valor significa- ça tem facilidade para lidar com a lógica e encontrar soluções por
tivo para a sociedade, bem como o desenvolvimento infantil passou meio do concreto, não conseguindo solucionar problemas abstra-
a ser tema de pesquisas de grandes estudiosos, que descobriram a tos. Etapa esta que marca a transição da infância para a puberdade.
grande importância dos estímulos para o desenvolvimento da in-
fantil. O quarto período é o Operatório-Formal, geralmente ocorre
Conforme aponta os estudos de Áries (1981), havia pouco es- entre os onze aos quinze anos de idade, onde a maioria das crianças
paço para o mundo infantil, uma vez que a criança não era consi- resolve seus problemas por meio da lógica, dependendo nesta fase
derada como um ser em desenvolvimento, com características e de ambiente estimulador, também desenvolve suas potencialida-
necessidades próprias, mas sim, como um adulto em miniatura, des conseguindo resolver operações mentais, podendo encontrar
adentrando na vida adulta tão logo pudessem ser capazes de ca- várias alternativas para resolver um problema.
minhar e expressar-se verbalmente. Aos sete anos de idade já co- De maneira geral, todos os indivíduos passam por essas quatro
meçava a auxiliar no trabalho que a família desenvolvia ajudando fases seguindo a mesma seqüência, o que varia de um indivíduo
no seu sustento, tornando a dimensão infantil tão ínfima quanto para outro, é o período de início e/ou término de cada uma, em
despercebida familiarmente. virtude do estímulo recebido no processo de vivencia e apropria-
Segundo o autor, o sentimento de amor materno não existia ção das mesmas. Este estímulo vai depender tanto do empenho da
como uma referência à afetividade, já que “… a passagem da crian- família, do contexto social, como da própria escola. Tendo a opor-
ça pela família e pela sociedade era muito breve e muito insignifi- tunidade de ser estimulada por meio de pessoas e ambientes, toda
cante para que tivesse tempo ou razão de forçar a memória e tocar criança tem possibilidade de se desenvolver.
a sensibilidade”… (ARIÉS, 1981, p. 10). Isto posto, era motivo para Cada fase pela qual a criança passa é fundamental para o seu
que o cuidado das crianças fosse realizados exclusivamente pelas desenvolvimento, por isso a importância de que ela tenha tempo
amas e parteiras, que agiam como protetoras dos bebês, lhes ofe- para curtir cada uma delas, usufruindo de estímulos adequados
recendo alimento e cuidados físicos, mas também, tempo suficien- podendo desenvolver sua personalidade e uma identidade própria.
te de atenção.
Se num primeiro momento o oferecimento de estímulos era “Cada idade tem, em si mesma, a identidade própria, que exige
com princípios de desenvolvimento físico e biológico, ofertados uma educação própria, uma realização própria, enquanto idade e
principalmente pelas “amas de leite”, com o advento da institu- não enquanto preparo para outra idade. Cada fase da idade tem
cionalização da educação da criança pequena, esse cenário pouco sua identidade própria, suas finalidades próprias, tem que ser vi-
mudou, haja vista que as primeiras creches “eram meros depósitos vida na totalidade dela mesma e não submetida a futuras vivên-
de crianças, pois não existia preocupação nenhuma com o desen- cias que muitas vezes não chegam”. (ARROYO, 1994 apud SCIAVO
volvimento integral das mesmas”. (HADDAD,1991). e RIBÓ, 2007, p.03).
A partir da década de 50, chega às creches o discurso propria- Por esta concepção, educar e ensinar uma criança exige do
mente psicológico, com preocupações em relação à integridade adulto o conhecimento das distintas fases do desenvolvimento in-
da criança, com seu ritmo e desenvolvimento, isto fez com que a fantil, para oferecer-lhes uma estimulação adequada, seja por meio
creche para além de um espaço de guarda das crianças pequenas, de brincadeiras, conversas, ensinamentos ou experiências diversi-
fosse também um ambiente educativo de promoção de estímulos ficadas.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Sendo a Educação Infantil, primeira etapa da Educação Bási- os seus sentidos, estão cumprindo o seu papel na prática pedagógi-
ca (LDB9394/96), é fundamental oferecer as crianças estímulos ca em todos os sentidos e conseqüentemente auxiliando no desen-
apropriados a seu pleno desenvolvimento cognitivo, sensorial, físi- volvimento da criança como um todo.
co, psicológico e emocional. Para desenvolver-se integralmente, a
criança precisa de um ambiente estimulador, onde tenha a possi- Fonte: LÜCKE, Neiva Cristiane Flores Sott. A importância do estímulo
bilidade de experimentar diferentes sensações, com oportunidade no desenvolvimento da criança. Revista Científica Multidisciplinar
para ouvir e ser ouvida, ver, sentir, explorar, rir, brincar, se divertir, Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 06, Vol. 12, pp. 33-44. Junho de
etc. 2019. ISSN: 2448-0959. Disponível em: https://www.nucleodoconhe-
A esse respeito, Curtiss (1988), considera o período pré-escolar cimento.com.br/educacao/desenvolvimento-da-crianca. Acesso em:
um período muito importante na formação da pessoa, pois nesta 16.jan.2023.
etapa ocorre a progressiva troca entre o “eu” e o meio social, atra-
vés de invenções, descobertas, perguntas, recreações, socializa-
ções e resistências. Quanto mais prazerosas, lúdicas e afetuosas fo-
AUXÍLIO NO DESENVOLVIMENTO DE BRINCADEIRAS E ATI-
rem às experiências da criança nestas trocas com o meio, melhores
VIDADES LÚDICAS E RECREATIVAS
serão seus progressos rumo ao aprendizado e o desenvolvimento
de sua inteligência.
Vários tipos de estímulos podem ser oferecidos à criança e de-
vem ser oferecidos simultaneamente, mas para uma melhor com- O lúdico é importante na educação infantil é através dele que
preensão, eles são apresentados e explicados por Schiavo e Ribó a criança vem a desenvolver habilidades para a aprendizagem se
(2007), separadamente: efetivar.
A educação lúdica sempre esteve presente em todas as épocas
Estímulos Afetivos: Estão ligados ao emocional da criança, aos entre os povos e estudiosos, sendo de grande importância no de-
seus sentimentos, desejos, anseios e interações. Estes estímulos se senvolvimento do ser humano na educação infantil e na sociedade.
oferecidos à criança fazem com que ela ganhe mais confiança em Os jogos e brinquedos sempre estiveram presentes no ser hu-
si mesma e nos demais, tendo maior facilidade para expressar seus mano desde a antiguidade, mas nos dias de hoje a visão sobre o lú-
sentimentos, também podendo compreender melhor o mundo a dico é diferente. Implicam-se o seu uso e em diferentes estratégias
sua volta, construindo valores, ganhando maior autonomia e mais em torno da pratica no cotidiano.
atitude. Para que o lúdico contribua na construção do conhecimento
faz-se necessário que o educador direcione toda a atividade esta-
Estímulos Físicos: Favorecem a capacidade física da criança, beleça os objetivos fazendo com que a brincadeira tenha um cará-
podendo desenvolver melhor habilidade, agilidade, lateralidade, ter pedagógico e não uma mera brincadeira, promovendo assim,
coordenação motora, provocando ações como: conhecimento do interação social e o desenvolvimento de habilidades intelectivas.
corpo, desenvolvimento do ritmo, equilíbrio, facilitando as relações
grupais. Contexto Histórico da Ludicidade
Estes estímulos beneficiam o desenvolvimento motor da crian- A história da humanidade a partir da Idade Média mostra que
ça, estimulam a criatividade, a livre expressão, etc., devendo estar os jogos, embora sempre presentes nas atividades sócio educacio-
presentes nas rotinas das crianças para favorecer seu desenvolvi- nais, não eram vistos como um recurso pedagógico capaz de pro-
mento. mover a aprendizagem, mas tendo como foco as atividades recre-
ativas
Estímulos Cognitivos: Estão ligados a aprendizagem, a aten- Ariés (1981) afirma que:
ção, ao raciocínio, a memória, a criatividade, a linguagem, a curiosi- Na Idade Média, os jogos eram basicamente destinados aos
dade, ao pensamento, a leitura, favorecendo o desenvolvimento da homens, visto que as mulheres e as crianças não eram considera-
inteligência, desafiando a criança a pensar aumentando seu acervo das cidadãos e, por conseguinte, estando sempre à margem, não
de informações. participavam de todas as atividades organizadas pela sociedade.
Porém, em algumas ocasiões nas quais eram realizadas as festas
Estímulos Sensoriais: Envolvem os sentidos: audição, visão, da comunidade, o jogo funcionava como um grande elemento de
tato, olfato, paladar, favorecendo o desenvolvimento das sensa- união entre as pessoas.
ções e da sensibilidade interna e externa da criança. Ariès, relata que apenas os homens tinham o privilegio de par-
ticipar dos jogos, pois nesse período as mulheres e as crianças não
A oferta interligada de todos estes estímulos proporciona os exerciam esse direito, por não serem considerados cidadãos. Na
instrumentos necessários para que a criança desenvolva e fortaleça Idade Média as crianças eram vista como adultos em miniaturas
sua personalidade, favorecendo o desenvolvimento de sua inte- e tinham que trabalhar, raramente os meninos eram inseridos nas
ligência e conseqüentemente refletindo na vida familiar, social e brincadeiras.
escolar. A criança quando estimulada se torna mais ativa, dinâmica, Apesar de todas essas restrições, nos momentos festivos os
criativa, emocionalmente equilibrada e saudável, e passa a realizar jogos eram considerados um instrumento de união e integração
melhor as atividades propostas, a encontrar soluções e a apresen- entre a comunidade.
tar uma boa socialização. No Renascimento, inicia-se o período no qual uma nova con-
Desta forma, quando a escola e o professor oportunizam estí- cepção de infância desponta e tem como características o desen-
mulos à criança que a permitam conhecer seu “eu”, o outro e seus volvimento da inteligência mediante o brincar, alterando a ideia
contextos e, não apenas o ler e o escrever, mas sim educando todos anterior de que o jogo era somente uma distração.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Sobre isto, Kishimoto (2002, p. 62) afirma que: Dalla Valle, (2010, p.22) relata que:
O renascimento vê a brincadeira como conduta livre que favo- independente do tempo historico; o ato de brincar possibilita
rece o desenvolvimento da inteligência e facilita o estudo. Por isso, uma ordenação da realidade, uma oportunidade de lidar com re-
foi adotada como instrumento de aprendizagem de conteúdos es- gras e manifestações culturais, além de lidar com outro, seus an-
colares. Para se contrapor aos processos verbalistas de ensino, à seios, experimentando sensações de perda e vitória.
palmatória vigente, o pedagogo deveria dar forma lúdica aos con- Dalla Valle, considera que a importância do brincar não depen-
teúdos. de do espaço e nem do tempo o qual está inserido, em qualquer
A autora confirma a informação de que durante o Renascimen- contexto desempenha muito bem seu papel de oportunizar a crian-
to o jogo serviu para divulgar princípios de moral, ética e conteúdos ça à compreensão de regras, de estar em grupo e poder absorver
de áreas como história e geografia, com base de que o lúdico era para sua vida manifestações culturais e emoções novas por meio
uma conduta livre que favorecia o desenvolvimento da inteligên- das brincadeiras infantis.
cia, facilitando o estudo. Iniciando um processo de entendimento É por isso que a proposta de incluir as atividades lúdicas na
por parte das sociedades, com relação a algumas especificidades educação infantil vem sendo discutida por muitos pensadores e
infantis, mudando a concepção de que as crianças eram adultas em educadores, que a formação do educador seja de total responsabi-
miniatura. lidade pela permanência do aluno na escola, para adquirir valores,
No Romantismo o jogo aparece como conduta típica e espon- melhorar os relacionamentos entre os colegas na sociedade que é
tânea da criança, que com sua consciência poética do mundo, reco- um direito de todos.
nhece a mesma como uma natureza boa, mais que um ser em de- O sentido real, verdadeiro, funcional da educação lúdica es-
senvolvimento com características próprias, embora passageiras, a tará garantindo se o educador estiver preparado para realizá-lo.
criança é vista como um ser que imita e brinca dotada de esponta- Nada será feito se ele não tiver um profundo conhecimento sobre
neidade e liberdade, semelhante à alma do poeta. os fundamentos essenciais da educação lúdica, condições suficien-
Froebel 1913, foi influenciado pelo grande movimento de seu tes para socializar o conhecimento e predisposição para levar isso
tempo em favor do jogo. Ao elaborar sua teoria da lei da conexão adiante (ALMEIDA, 2000, p.63)
interna, percebe que o jogo resulta em benefícios intelectuais, mo- Encontra-se nos dias de hoje, lugares que ainda não colocaram
rais e físicos e o constitui como elemento importante no desenvol- em seu cotidiano, atividades lúdicas para enriquecer as ferramen-
vimento integral da criança. tas para o processo de ensino e aprendizagem. A educação lúdica
Nesse contexto, o lúdico torna-se uma das formas adequadas sempre esteve presente em todas as épocas, é ainda desvalorizado
para a aprendizagem dos conteúdos escolares, em que o professor em algumas instituições. defasando o processo de construção de
deverá usá-lo como uma ferramenta fundamental na prática peda- conhecimento.
gógica.
O lúdico no contexto histórico do Brasil surgiu por meio de raí- Os Vários Olhares Sobre a Ludicidade
zes folclóricas nos quais diversos estudos clássicos apontam que as Existem muitos olhares, e muitos contares de pessoas que vi-
origens brasileiras são provenientes da mistura de três raças, ne- vem, pensam e escrevem sobre a ludicidade, nos possibilitando ter
gros, índios e portugueses durante o processo de sua colonização. ideias do papel e da importância deste termo tão discutido e utili-
Em virtude da ampla miscigenação étnica a partir do primeiro zado na educação infantil.
grupo de colonização, fica difícil precisar a contribuição especifica Evoluímos muito no discurso a cerca do brincar e reconhece-
de brancos, negros e índios nos jogos tradicionais infantis atuais no mos cada vez mais seu significado para a criança e suas possibilida-
Brasil. des nas áreas da educação, cultura e lazer. Abordaremos aqui três
É bastante conhecida a influencia portuguesa através de ver- Teorias: a Sociantropológica, Filosófica e Psicológica, como exem-
sos, advinhas e parlendas. plos desta vastidão de “olhares’ sobre a ludicidade”.
Sobre isso Kishimoto (2002, p.22), afirma que: Nesses “vários olhares sobre a ludicidade” percebe-se que
Desde os primórdios da colonização a criança brasileira vem não há uma concordância entre suas ideias, muito pelo contrário
sendo ninada com cantigas de origem portuguesas. E grande parte as dissonâncias foram fundamentais para que houvesse diferentes
dos jogos tradicionais popularizados no mundo inteiro como, jogo embasamentos teórico-metodológico que sustentaram suas obras.
o de saquinho (ossinho), amarelinha, bolinha de gude, jogo de bo- Nas teorias Socioantropológicas verifica-se o ato de brincar
tão, pião e outros, chegou ao Brasil, sem dúvida por intermédio dos como uma ação psicológico onde o brincar seria oposto a realidade.
primeiros portugueses. Posteriormente, no Brasil receberam novas Sobre isto Brougère afirma:
influencias aglutinando-se com outros elementos folclóricos como, Brincar é visto como um mecanismo psicológico que garante ao
o do povo negro e do índio. sujeito manter certa distância em relação ao real, fiel na concepção
Kishimoto relata que as brincadeiras e as cantigas que fazem de Freud, que vê no brincar o modelo do princípio de prazer oposto
parte da cultura brasileira, receberam fortes influencias dos portu- ao princípio da realidade. Brincar torna-se o arquétipo de toda ativi-
gueses, não descartando a contribuição de outras culturas de po- dade cultural que, como a arte, não se limita a uma relação simples
vos, como a do negro e do índio. como o real. (O Brincar e suas teorias, 2002, p.19)
Muitos pesquisadores denominam o século XXI como o século Essa concepção traduz a psciologização contemporânea do
da ludicidade. Peiodo que a diversão, lazer e entretenimento, apre- brincar, ou seja, tenta justificar a necessidade de um individuo de
sentam-se como condições muito pesquisadas pela sociedade. E se isolar das influências do mundo, durante uma brincadeira.
por tornar-se a dimensão lúdica alvo de tantas atenções e desejos, Ainda sobre esta concepção Brougère afirma:
faz-se necessário e fundamental resgatar sua essência, dedicando Concepções como essas apresentam o defeito de não levar em
estudos e pesquisas no sentido de evocar seu real significado. conta a dimensão social da atividade humana que o jogo, tanto
quanto outros comportamentos não podem descartar. Brincar não
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

é uma dinâmica interna do indivíduo, mas uma atividade dotada intenção: a criança de três a quatro anos dirá que ainda não sabe o
de uma significação social precisa que, como outras, necessitam de que esta desenhando, por que ainda não acabou.(O Brincar e suas
aprendizagem. (O Brincar e suas teorias, 2002, p.20) teorias, 2002, p.116)
A concepção socioantropológica, também garante que o pro- Esta concepção também busca justificar o porquê de que as
cesso de aprendizagem é que torna possível o ato de brincar, pois crianças têm facilidades em aprender a manusear certos objetos,
afirma que antes que a criança brinque ela tem que aprender a o qual os adultos encontram dificuldades. De acordo com Dantas,
brincar, reconhecendo assim certas características essenciais do Brincar com palavras, com letras, com o computador: manuseá-los
jogo como o aspecto fictício que possui alguns deles. A respeito dis- livremente, ludicamente, antes de dar a este manuseio um caráter
to, Brougère, afirma: instrumental.[...] as crianças aprendem informática mais depres-
Há, portanto, estruturas preexistentes que definem a ativida- sa do que os adultos brincam com o computador, antes de tentar
de lúdica em geral, e cada brincadeira em particular, e a criança “usa-lo para”. (O Brincar e suas teorias, 2002, p.116)
as aprende antes de utiliza-la em novos contextos, sozinha, ou em Nesta teoria reforça-se a ideia de que o brincar aproxima-se de
brincadeiras solitárias, ou então com outras crianças. (O Brincar e fazer arte, como afirma Heloysa Dantas.
suas teorias, 2002, p.22) Pela reiteração do termo brincar quero sublinhar o caráter capri-
Após essa rápida análise da teoria Socioantropológica perce- choso e gratuito destas atividades, em que o adulto propõe mas não
be-se que para ela o jogo é antes de tudo um lugar de construção impõe, convida mas não obriga, mantém a liberdade através da oferta
de uma cultura lúdica e que para o jogo existirtem que haver uma de possibilidades alternativas. (O Brincar e suas teorias, p. 117)
cultura pré-existente a ele. Dentro desta concepção também estão envolvidos relações
É dentro do quadro do Romantismo que o jogo aparece como entre o jogo e o trabalho, sobre isso, Heloysa Dantas afirma que,
conduta típica e espontânea da criança. Nascendo neste período para Dewey o trabalho aparece como objetivação do pensamento,
as Teorias filosóficas onde podemos citar como um dos maiores como aquela atividade que pode adicionar ao prazer do processo o
contribuintes desta teoria o Filósofo Froebel reconhecido como o beneficio do produto. (O Brincar e suas teorias, p.118)
“psicólogo da infância”, ele acreditou na criança, enalteceu sua per- Esta concepção afirma que o jogo tem o fator decisivo para as-
feição, valorizou sua liberdade e desejou a expressão na natureza segurar o desenvolvimento natural da criança, pós relata que todos
infantil por meio de brincadeiras livres e espontâneas. os povos em todos os tempos contaram com os jogos como parte
importante da educação de crianças, especialmente de crianças pe-
Sobre isto Kishimoto afirma que Froebel: quenas.
Sustenta que a repreensão e a ausência de liberdade à criança
impedem a ação estimuladora da atividade espontânea, considera- Brinquedoteca: Um Espaço de Construção do Lúdico
As brinquedotecas no Brasil começaram a surgir nos anos 80.
da elemento essencial no desenvolvimento físico, intelectual e mo-
Como toda idéia nova, apesar do encantamento que desperta, tem
ral. (O Brincar e suas teorias, p.60)
que enfrentar dificuldades não somente para conseguir sobreviver
De acordo com a afirmação acima se percebe o quanto é im-
economicamente, mas também para se impor como instituição re-
portante para a criança que esta em fase de desenvolvimento a li-
conhecida e valorizada a nível educacional.
berdade de brincar, de experimentar, e de ter a oportunidade de A incorporação do jogo como recurso para desenvolver e edu-
criar e recriar, possibilitando-a desenvolver suas habilidades físicas, car a criança, especialmente da faixa pré-escolar, cresce paralela-
intelectuais e morais. mente à expansão de creches, estimulada por movimentos sociais
Sobre esta teoria e sobre a prática froebeliana há quem afirme de reivindicações populares.
que teria havido uma ruptura da prática à passagem a prática, pós Cunha (2009, p.13) afirma que:
haveria jardineiras comandando a cultura infantil a partir de orien- Dento do contexto social brasileiro, a oportunização do brincar
tações minuciosas, destinadas à aquisição de conteúdos escolares. assumiu, através da brinquedoteca, características próprias, volta-
E por fim, as Teorias Psicológicas, essa teoria comtempla a das para a necessidade de melhor atender as crianças e as famí-
concepção de que toda a atividade é lúdica desde que ela exerça lias brasileiras. Como consequência deste fato, seu papel dentro do
por si mesma (pela criança), sem que seja pressionada por outro campo da educação cresceu e hoje podemos afirmar, com seguran-
individuo. ça, que ela é um agente de mudança do ponto de vista educacional.
Segundo Dantas, Esta teoria é marcada pela dialética Wallonia- Cunha relata que, no Brasil as Brinquedotecas vêm ganhando
na, que afirma-se simultaneamente um estado atual e uma tendên- espaço no contexto educacional melhorando significativamente o
cia futura: as atividades surgem liberadas, livres, exercendo-se pelo aprendizado, com características específicas, como o brincar livre-
simples prazer que encontram em fazê-lo.( O Brincar e suas teorias, mente com finalidade educativa, atendendo as necessidades da
2002, p.113). comunidade escolar.
Como exemplo de uma ação que esta dentro desta concepção A mesma tem como objetivo proporcionar estímulos para que
é o ato do andar de um bebê, como afirma Heloysa Dantas: Em cer- a criança possa brincar livremente e por ser um local onde as crian-
to sentido, pode-se dizer que toda a motricidade infantil é lúdica, ças permanecem por algumas horas, é um espaço onde acontece
marcada por uma expressividade que supera de longe a instrumen- uma interação educacional. E as pessoas que trabalham na brin-
talidade. (O Brincar e suas teorias, 2002, p. 114) quedoteca são educadores preocupados com a felicidade e com o
O que compreende a revolução do brincar esta teoria afirma desenvolvimento emocional, social e intelectual das crianças.
que não somente durante a fase de se guando é um bebê que ocor- FROEBEL (1912, p.) concebe o brincar como “atividade livre e
espontânea, responsável pelo desenvolvimento físico, moral, cog-
re o mesmo padrão lúdico, mas se repete mais tarde em novos pa-
nitivo. E os dons e brinquedos como objetos que subsidiam as ati-
tamares do desenvolvimento. como afirma Heloysa Dantas, O gra-
vidades infantis.”
fismo é um bom exemplo de anterioridade do gesto em relação à
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

De acordo com Froebel, por meio da atividade livre, que as criatividade e a liberdade da mesma. E pelo fato de muitas vezes
brinquedotecas podem proporcionar, a criança desenvolve sua es- este brinquedo ter um alto custo, o adulto acaba fazendo muitas
trutura física e psíquica, permitindo que a mesma cresça livremen- recomendações restringindo o ato de brincar.
te. Já os brinquedos irão ajudar na realização das atividades que
serão aplicadas. E assim a criança aprende com aquilo que lhe é As Brincadeiras e as Novas Tecnologias
natural, o brincar. As brincadeiras despertam nas crianças várias ações ao concre-
Segundo Nylse Helena da Silva Cunha, Presidente da Associa- tizar as regras do jogo, seja ela qual for, as mesmas procuram se en-
ção Brasileira de Brinquedotecas (ABB): volver nessa brincadeira, e em relação ao lúdico os brinquedos e as
A Brinquedoteca é um espaço preparado para estimular a brincadeiras relacionam-se diretamente com a criança, porém, não
criança a brincar, possibilitando o acesso a uma grande variedade se confundem com o jogo, que aparece com significações opostas
de brinquedos, dentro de um ambiente especialmente lúdico. É um e contraditórias, visto que a brincadeira se destaca como uma ação
lugar onde tudo convida a explorar, a sentir, a experimentar. livre e sendo supervisionada pelo adulto.
De acordo com Cunha a brinquedoteca proporciona a criança Diante disto Pinto (2003, p.27) afirma que:
estímulos para que ela possa desenvolver suas capacidades, permi- Brinquedos e brincadeiras aparecem com significações opostas
tindo que mesma tenha acesso a brinquedos diversificados em um e contraditórias: a brincadeira é vista como uma ação livre, já o
ambiente apropriado e cheio de atrativos, onde ela possa explorar brinquedo expressa qualquer objeto que serve de suporte para as
e se desenvolver cognitivamente. brincadeiras livre ou fica atrelado ao ensino de conteúdos escolares.
Ressalta-se então, a importância da brinquedoteca no meio Para a autora esse elementos que constituem o brinquedo e
educacional como espaço que propicia diversos estímulos num mo- a brincadeira são definidas como regras preestabelecidas que exi-
mento tão decisivo como a infância, pois é nesta fase que ocorre gem certas habilidades das crianças. Entretanto, a brincadeira é
o desenvolvimento harmonioso e consciente do educando, o que uma ação que não exige um objeto-brinquedo para acontecer, é
permite ampliar suas habilidades e capacidades de forma global. jogando que a elas constroem conhecimentos que ajudará no seu
Pode-se dizer que a Brinquedoteca é um espaço que permite desempenho escolar.
na contemporaneidade, o resgate em vivenciar o lúdico esquecido Ao brincar a criança faz uma releitura do seu contexto sociocul-
pelas pessoas, e negado às crianças. Mas, acima de tudo como des- tural, em que a mesma amplia, modifica, cria e recria por meio dos
taca CUNHA (2001, p. 16), ela tem a função de «fazer as crianças papeis que irão representar.
felizes, este é o objetivo mais importante». Portanto, é fundamental a importância no que diz respeito a
Cunha afirma que, a Brinquedoteca proporciona à criança a utilização das brincadeiras e dos jogos no processo ensino peda-
felicidade do brincar de forma livre e muito significativa para o de- gógico, diante dos conteúdos que podem ser ensinados por inter-
senvolvimento físico e cognitivo da criança. médio de atividades lúdicas em que a criança fica em contato com
A principal implicação educacional da brinquedoteca é a valo- em diferentes atividades manipulando vários materiais, tais como
rização da atividade lúdica, que tem como consequência o respeito jogos educativos, os didáticos, os jogos de construção e os apoios
às necessidades afetivas da criança. de expressão.
Promovendo o respeito à criança, contribui para diminuir a Considerando esses fatores, o desenvolvimento da diversidade
opressão dos sistemas educacionais extremamente rígidos. de materiais obriga a necessidade de adequar os mesmos, quanto
Além de resgatar o direito à infância, a brinquedoteca tenta ao espaço da brincadeira contribui para o desenvolvimento cogni-
salvar a criatividade e a espontaneidade da criança tão ameaçada tivo, físico, emocional, social e moral, sem que se perca a caracte-
pela tecnologia educacional de massa. Nos últimos anos, a tecnolo- rística do brincar como ação livre, iniciada e mantida pela criança.
gia e a ciência obtiveram avanços significativos sob todos os âmbi- A importância do espaço lúdico na construção do conhecimen-
tos, refletidos na sociedade atual. Mas, no que tange à infância e o to é oportunizar a criança observar o mundo imaginado por ela, e
desenvolvimento da criança, houve progressos e regressos. quando ela vê esta realidade de maneira muito distorcida, procura-
O brincar, por exemplo, faz parte e interfere no desenvolvi- mos conversar com a mesma, esclarecendo as coisas, fazendo com
mento das crianças, e progressivamente, estudiosos da área da Psi- que a criança fique mais perto da nossa realidade.
cologia, da Pedagogia e outras ciências, reconheceram a relevância Esta é uma das formas de brincar mais saudáveis para o de-
do brincar para o desenvolvimento global das crianças. senvolvimento da criança, razão pelo qual o “faz-de-conta” infantil
Todavia, ocorreram regressos quanto ao espaço, tempo, obje- deve ser tratado e subsidiado com seriedade, atribuindo o papel re-
tos, condições de segurança, de liberdade e o convívio social que levante no ato de brincar e na constituição do pensamento infantil.
comprometeram as brincadeiras na fase infantil devido ao surgi- É brincando e jogando, que a criança revela seu estado cognitivo,
mento da modernidade e avanços tecnológicos. visual, auditivo, tátil, motor, modo de aprender e entrar em uma
Santos (2009, p.55) relata que: brinquedo industrializado é relação cognitiva com o mundo.
projetado pelo adulto para a criança, conforme concepção que o Para melhor compreensão é interessante o que Pinto (2003,
adulto possui, não cabendo a criança criar ou acrescentar nada e, p.65) nos diz:
em muitos momentos, devido ao alto custo do objeto, nem mesmo O espaço lúdico não precisa ficar restrito a quatro paredes, ao
brincar com liberdade. Quando o brinquedo é oferecido como pro- contrario, deve fluir por todo o ambiente, dentro e fora das classes.
va de status, para satisfazer a vaidade do adulto, as recomendações Um dos objetivos desse espaço é favorecer o encontro de crianças,
quanto ao uso são tantas, que restringem a atividade lúdica. para brincar, jogar, fazer amigos, propiciar a convivência alegre e
Segundo Santos muitos brinquedos tecnológicos, que geral- descontraída dos frequentadores.
mente vem com muitas funções que só um adulto consegue ma-
nipular, inibindo o desenvolvimento da criança, pois limitam a
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Seguindo o pensamento da autora, esse espaço a criança inte- toda a sua complexidade. Isto porque agora o sujeito está sozinho
rage com o meio físico, com outras crianças e com adultos, cons- frente ao processo de transmissão e produção/reprodução das in-
truindo assim, regras de convivência e competência, treina suas ha- formações.
bilidades e capacidades de ganhar ou perder, saber respeitar suas A base de informações maiores não virá dos professores, mas
diferenças dos outros, aprender a lutar por seus direitos, defender dos próprios computadores que poderão ser acionados nos lares,
seu espaço, mas respeitar o do amigo. Parecem coisas tão simples nas bibliotecas ou na própria escola. O professor se tornará então
e tão óbvias, mas são muito difíceis de fazer na prática. um orientador de formas de estudo mais adaptadas as necessida-
Essas atividades lúdicas têm objetivos diversos, usadas para di- des dos alunos. (Santos, Santa Marli. p.80.)
vertir, outras vezes para socializar, promover a união de grupos e, Cabe aos professores, se quiserem participar deste processo
num enfoque pedagógico serve como instrumento para transmitir de transformação social e uma constante reciclagem. Um professor
conhecimentos. É fato que nossa cultura e, talvez, mais ainda a das atualizado é aquele que tem olhos no futuro e a ação no presente,
crianças, absorveu a mídia e, de um modo privilegiado, a televisão. para não perder as possibilidades que o momento atual continua-
A televisão transformou a vida e a cultura da criança. Ela influen- mente lhe apresenta. (Santos, Santa Marli. p.80.)
ciou particularmente na cultura ludicidade.
Essa cultura lúdica não está fechada em torno de si mesma; ela As Contribuições do Lúdico na Construção do Conhecimento
integra elementos externos que influenciam a brincadeira: atitudes O brincar é uma atividade constante na vida de toda criança,
e capacidades, cultura e meio social. Ela está imersa na cultura ge- algo que lhe é natural e muito importante para o seu desenvolvi-
ral à qual a criança pertence. A cultura retira elementos do reper- mento. As brincadeiras, para a criança, constituem atividades pri-
tório de imagens que representa a sociedade no seu conjunto, é márias que trazem grandes benefícios do ponto de vista físico, inte-
preciso que se pense na importância da imitação na brincadeira. A lectual e social e a maneira como a mesma brinca reflete sua forma
mesma incorpora, também, elementos presentes na televisão, for- de pensar e agir.
necedora generosa de imagens variadas. Negrine (1994, p.19) afirma que:
Pelas ficções, pelas diversas imagens que mostra, a televisão as contribuições das atividades lúdicas no desenvolvimento in-
fornece às crianças conteúdo para suas brincadeiras. Elas se trans- tegral indicam que elas contribuem poderosamente no desenvolvi-
formam, por meio das brincadeiras, em personagens vistos na te- mento global da criança e que todas as dimensões estão intrinseca-
levisão. mente vinculadas: a inteligência, a afetividade, a motricidade e a
De qualquer modo, a televisão tornou-se uma fornecedora es- sociabilidade são inseparáveis, sendo a afetividade a que constitui
sencial, senão exclusiva, dos suportes de brincadeira, o que só pode a energia necessária para a progressão psíquica, moral, intelectual
reforçar sua presença junto à criança. e motriz da criança.
Numa sociedade que fragmenta os contextos culturais, a tele- Negrine relata que o lúdico é uma atividade de grande eficá-
visão oferece uma referência comum, um suporte de comunicação. cia na construção do desenvolvimento infantil, pois o brincar gera
A mesma não se opõe à brincadeira, mas alimenta-a, influencia-a, um espaço para pensar, e que por meio deste a criança avança no
estrutura-a na medida em que a brincadeira não nasceu do nada, raciocínio, desenvolve o pensamento, estabelece contatos sociais,
mas sim daquilo com o que a criança é confrontada, reciprocamen- compreende o meio, satisfaz desejos, desenvolve habilidades, co-
te, a brincadeira permite à criança apropriar-se de certos conteú- nhecimentos e criatividade. As interações que o brincar e o jogo
dos da televisão. oportunizam favorecem a superação do egocentrismo, que é natu-
A televisão tem influência sobre a imagem do brinquedo e so- ral em toda criança, desenvolvendo a solidariedade e a socialização.
bre seu uso e, é claro, estimula o consumo de alguns deles. Seja A capacidade de brincar possibilita às crianças um espaço para
diretamente por intermédio das emissões dos programas ou indi- resolução dos problemas que as rodeiam. A criança, por meio da
retamente através dos brinquedos que se adaptaram à sua lógica, brincadeira, reproduz o discurso externo e o internaliza, construin-
a televisão intervém muito profundamente na brincadeira da crian- do seu próprio pensamento.
ça, na sua cultura lúdica. De acordo com Vigotsky (1984, p.97):
Quando o aluno se volta para a sociedade atual, por meio da a brincadeira cria para as crianças uma “zona de desenvolvi-
informática, não está apenas frente a um novo instrumento de con- mento proximal” que não é outra coisa senão a distância entre o ní-
sumo ou brinquedo. O computador estrutura um novo recorte da vel de desenvolvimento real, determinado pela capacidade de resol-
realidade. Um recorte que possibilita ao usuário recriar uma parte ver independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento
da realidade. Este fato nunca antes tinha acontecido nas dimensões potencial, determinado através da resolução de um problema sob a
atuais. orientação de um adulto ou com a colaboração de um companheiro
mais capaz.
Pesquisas apontam que computador, videogames, filme e pro-
Vigotsky afirma que, por meio do brincar origina-se na criança
grama de TV com conteúdo adequado estimulam a seleção de in-
a zona de desenvolvimento proximal que se define por funções que
formação, a capacidade de dedução e a lógica.
ainda não amadureceram, mas que estão em processo de matura-
Entretanto, com o desenvolvimento das sociedades e das
ção, funções que estão presente nas crianças em estado embrio-
transformações tecnológicas tudo isso se altera. As produções
nário.
gradativamente se tornaram mais sofisticadas intelectualmente.
Por meio das atividades lúdicas, a criança reproduz muitas si-
O capitalismo criou um novo modelo de saber, onde a tecnologia
tuações vividas em seu cotidiano, as quais, pela imaginação e pelo
assume uma dinâmica cada vez maior.
faz-de-conta, são reelaboradas.
Com a criação da rede de computadores, e principalmente da
internet, não basta apenas o sujeito aprender a lidar com as infor-
mações mais gerais. É preciso aprofundá-las, decodificando-as em
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Esta representação do cotidiano se dá por meio da combinação Segundo Marzollo e Lloyd ( 1972, p.162): “a criatividade é ba-
entre experiências passadas e novas possibilidades de interpreta- sicamente uma atitude, que ocorrem facilmente entre as crianças
ções e reproduções do real, de acordo com suas afeições, neces- pequenas, mas que que precisa ser mantida e reforçada para não
sidades, desejos e paixões. Estas ações são fundamentais para a ser sacrificada no nosso mundo excessivamente lógico”. Assim,
atividade criadora do homem. brincando, a criança vai, pouco a pouco, organizando suas relações
Negrine (1994), em estudos realizados sobre aprendizagem e emocionais; isso vai dando a ela condições para desenvolver rela-
desenvolvimento infantil, afirma que “quando a criança chega à es- ções sociais, aprendendo a se conhecer melhor e a conhecer e a
cola, traz consigo toda uma pré-história, construída a partir de suas aceitar a existência dos outros.
vivências, grande parte delas através da atividade lúdica”. A criatividade também está situada no domínio cognitivo, mas
De acordo com Negrine é fundamental que os professores te- exerce um influencia mais forte sobre o domino afetivo, e tem rela-
nham conhecimento do saber que a criança construiu na interação ção com a expressão pessoal e a interpretação de emoções, pensa-
com o ambiente familiar e sociocultural, para formular sua propos- mentos e ideias: Moyles, 2002, p.82) considera que “é um processo
ta pedagógica. E por meio de investigações, brincadeiras o educa- mais importante do que qualquer produto especifico para a criança
dor consegue conhecer a realidade e o conhecimento prévio que pequena, como podemos constatar”. As crianças criam e recriam
cada criança traz consigo. constantemente ideias e imagens que lhes permitem representar
A criança por muito tempo foi considerada um adulto em mi- e entender a si mesmas e suas ideias sobre a realidade. As ativida-
niatura. Ela tem características próprias e para se tornar um adulto, des expressivas das crianças de quatro anos inicialmente vão re-
ela precisa percorrer todas as etapas de seu desenvolvimento físi- presentar aquilo que as impressionou em situações de vida real,
co, cognitivo, social e emocional. Seu primeiro apoio nesse desen- mas dentro de um ano ou dois as crianças rapidamente se tornam
volvimento é a família, posteriormente, esse grupo se amplia com mais imaginativas e criativas, na medida em que sua capacidade de
os colegas de brincadeiras e a escola. simbolizar aumenta.
A brincadeira lúdica vem ampliando sua importância, deixando Meek, (1985, p. 41) afirma que:
de ser um simples divertimento e tornando-se uma ponte entre a A criatividade e a imaginação estão enraizadas no brincar de
infância e a vida adulta.
todas as crianças pequenas e, portanto, são partes do repertório de
todas as crianças, não de minorias talentosas. Ela diz enfaticamen-
A Brincadeira Despertando a Criatividade
te que elas constituem a base da verdadeira educação.
O jogo simbólico ou de faz-de-conta, particularmente, é fer-
Poderíamos dizer que o brincar leva naturalmente à criativi-
ramenta para a criação da fantasia, necessária a leituras não con-
vencionais do mundo. Abre caminho para autonomia, a criativida- dade, porque em todos os níveis do brincar as crianças precisam
de, a exploração de significados e sentidos. Atua também sobra a usar habilidades e processos que proporcionam oportunidades de
capacidade da criança de imaginar e representar outras formas de ser criativo.
expressão.. . Para ser criativo é preciso ousar ser diferente, requer tempo e
Trata-se de oferecer à criança os brinquedos que, por sua for- imaginação, o que está disponível para a maioria das crianças, re-
ma, sentido e manipulação, criarão possibilidades de desenvolver o quer autoconfiança, algum conhecimento, receptividade, senso de
raciocínio através do jogo. absurdo e a capacidade de brincar. Tudo isso faz parte da infância
A brincadeira favorece o equilíbrio afetivo da criança e contri- e, muito disso precisa ser estimulado com mais vigor no contexto
bui para o processo de apropriação de signos sociais. Cria condições da escola e da educação.
para uma transformação significativa da consciência infantil, por
exigir das crianças formas mais complexa de relacionamentos com A Função do Brinquedo para o Desenvolvimento Integral do
o mundo. Isso ocorre em virtude das características da brincadeira. Ser Humano
Os objetos manipulados na brincadeira, especialmente, são Através do brinquedo, a criança inicia sua integração social;
usados de modo simbólico, como um substituto para os outros, aprende a conviver com os outros, a situar-se frente ao mundo que
por intermédio de gestos imitativos reprodutores das posturas, ex- a cerca, pois brincar não é perda de tempo, nem simplesmente uma
pressões e verbalizações que ocorrem no ambiente da criança. Na maneira de preencher o tempo, pois a criança que não tem a opor-
verdade, só o fato de colocarmos o material a disposição da criança tunidade para brincar é como um peixe fora da água. Portanto, o
permite que ela desenvolva sua atividade real. Com o material a brinquedo possibilita o desenvolvimento integral da criança, já que
criança age, e nessa idade toda a aprendizagem ocorre por meio se envolve afetivamente, convive socialmente e opera mentalmen-
da ação. te, tudo de uma maneira envolvente, em que ela desprende ener-
É através da apercepção criativa, mais do qualquer outra coisa, gia, imagina, constrói suas normas e cria alternativas para resolver
que o individuo sente que a vida é digna de ser vivida. imprevistos que surgem no ato de brincar.
Muitos indivíduos experimentaram suficientemente o viver Por essa razão, Callois apud Ferreira (199?) afirma que:
criativo para reconhecer, de maneira tantalizante, a forma não
O brinquedo não se constitui numa aprendizagem do trabalho.
criativa pela qual estão vivendo, como se estivessem presos à cria-
Ele não prepara um ofício definido, mas admite que pode introduzir
tividade de outrem, ou de uma máquina.
na vida em seu conjunto geral fazendo crescer as capacidades de
Viver de maneira criativa ou viver de maneira não criativa cons-
superar os obstáculos ou de enfrentar dificuldades.
tituem alternativas que podem ser nitidamente contrastadas.
A criatividade que estamos estudando relaciona-se com abor- Portanto, o brinquedo facilita a compreensão da realidade, é
dagem do individuo a realidade externa. Supondo-se uma capaci- muito mais um processo do que um produto, não é o fim de uma
dade cerebral razoável, inteligência suficiente para capacitar o in- atividade ou o resultado de uma experiência, por ser essencialmen-
divíduo a tornar-se uma pessoa ativa e a tomar parte na vida da te dinâmico. O brinquedo possibilita a emergência de comporta-
comunidade, tudo o que acontece é criativo. mentos espontâneos e improvisados, exigindo movimentação físi-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ca, emocional, além de provocar desafio mental. E neste contexto, Muitas vezes, fica difícil encontrarmos alguma brecha, na correria
a criança só ou com companheiros integra-se ou volta-se contra o do dia a dia dessas crianças, na qual elas possam, simplesmente, ter
ambiente em que está. espaço e tempo para brincar. Mas, afinal, por que o brincar é consi-
Por outro lado, o padrão do desempenho e normas cabe aos derado algo tão importante para o desenvolvimento das crianças?
participantes criar; há liberdade para tomar decisões. A direção que Segundo Vygotsky (1989) - o brincar cria a chamada zona de
o brinquedo segue é determinada pelas variáveis de personalidade desenvolvimento proximal, impulsionando a criança para além do
da criança, do grupo e do contexto social em que as mesmas vivem. estágio de desenvolvimento que ela já atingiu. Ao brincar, a crian-
O brinquedo é a essência da infância; é o veículo do crescimento, o ça se apresenta além do esperado para a sua idade e mais além
caminho que dá à criança condições para explorar o mundo, tanto do seu comportamento habitual. Para Vygotsky, o brincar também
quanto o adulto, possibilitando descobrir e entender seus senti- libera a criança das limitações do mundo real, permitindo que ela
mentos, as suas ideias e sua forma de reagir. Assim, uma criança, crie situações imaginárias. Ao mesmo tempo é uma ação simbóli-
ao se apropriar de uma boneca, poderá denominá-la de mãe ou de ca essencialmente social, que depende das expectativas e conven-
qualquer outra pessoa, dependendo do momento em que se passar ções presentes na cultura. Quando duas crianças brincam de ser
a brincadeira. Nesse instante, é liberada a criatividade, a imagina- um bebê e uma mãe, por exemplo, elas fazem uso da imaginação,
ção, o significado, a especificidade. mas, ao mesmo tempo, não podem se comportar de qualquer for-
ma; devem, sim, obedecer às regras do comportamento esperado
Ao término desse estudo conclui-se que o lúdico é uma forma para um bebê e uma mãe, dentro de sua cultura. Caso não o façam,
facilitadora de aprendizado. Com ele a criança desenvolve aspec- correm o risco de não serem compreendidas pelo companheiro de
tos afetivos, cognitivos, motores e sociais., podendo assim interagir brincadeira.
com o meio em que vive de forma dinâmica e prazerosa. O jogo, a Brincar com outras crianças é muito diferente de brincar so-
brincadeira e o brinquedo não podem ser ignorados nas fases ini- mente com adultos. O brinquedo entre pares possui maior varieda-
ciais da vida da criança e, infelizmente, é o que acontece quando de de estratégias de improviso, envolve mais negociações e é mais
muito professores, em função de não terem acesso a informações criativo (Sawyer, 1997). Assim, ao brincar com seus companheiros,
mais precisas sobre o lúdico, acabam agindo de maneira tradicio- a criança aprende sobre a cultura em que vive, ao mesmo tempo
nal, deixando de utilizar esse elemento facilitador no processo de em que traz novidades para a brincadeira e ressignifica esses ele-
formação de um cidadão crítico e reflexivo. mentos culturais. Aprende, também, a negociar e a compartilhar
Precisamos incentivar os professores para trabalharem de for- objetos e significados com as outras crianças.
ma dinamizadora, criando atividades que possam chamar a aten- O brincar também permite que a criança tome certa distância
ção da criança no ambiente escolar, possibilitando a construção de daquilo que a faz sofrer, possibilitando-lhe explorar, reviver e ela-
ideias e conceitos que contribuam na sua vida como seres que vi- borar situações que muitas vezes são difíceis de enfrentar. Autores
vem, lutam e participam em uma sociedade que precisa lutar pelos clássicos da psicanálise, como Freud (1908) e Melanie Klein (1932,
direitos humanos. O bom êxito de toda atividade lúdica pedagógica 1955), ressaltam a importância do brincar como um meio de ex-
depende exclusivamente do adequado preparo e liderança do pro- pressão da criança, contexto no qual ela elabora seus conflitos e
fessor. demonstra seus sentimentos, ansiedades desejos e fantasias.
Brougére (2000) tem razão em afirmar que: Encontramo-nos Já Winnicott (1975), pediatra e psicanalista inglês, faz referên-
frente a uma brincadeira que sujeita a conteúdos definidos social- cia à dimensão de criação presente no brincar. Segundo esse autor,
mente, não é mais brincadeira, transformou-se em uma atividade é muito mais importante o uso que se faz de um objeto e o tipo de
controlada pela mestra que se utiliza na educação para manter os relação que se estabelece com ele do que propriamente o objeto
alunos interessados em sua proposta. usado. A ênfase está no significado da experiência para a criança.
Portanto, a realidade observada dessa prática na pesquisa Brincando, ela aprende a transformar e a usar os objetos, ao mes-
mostra que, com o passar do tempo, esta dificuldade também es- mo tempo em que os investe e os “colore” conforme sua subjetivi-
tará superada. Mas, na educação, o agora é mais importante que o dade e suas fantasias. Isso explica por que, muitas vezes, um urso
ontem, devendo servir de base para as decisões do amanhã e um de pelúcia velho e esfarrapado tem mais importância para uma
estudo detalhado de todas as questões permitirá mudanças grada- criança do que um brinquedo novo e repleto de recursos, como
tivas que não devem servir apenas para a escola em questão, mas luzes, cores, sons e movimento.
também para professores e administradores escolares que, assim, Dessa forma, percebe-se como o brincar é algo essencial para
oferecerão melhores condições de crescimento e aproveitamento o desenvolvimento infantil. Uma criança que não consegue brin-
na escola. Ao estabelecermos uma proposta de relações educativas car deve ser objeto de preocupação. Disponibilizar espaço e tempo
democráticas, voltadas para a participação societária, engajamo- para brincadeiras, portanto, significa contribuir para um desenvol-
-nos nas distintas estruturas de apresentação para o exercício da vimento saudável. É importante também que os adultos resgatem
cidadania. Afinal, educar o ser humano é prepará-lo para a vida, sua capacidade de brincar, tornando-se, assim, mais disponíveis
independente dos desafios que possamos encontrar.5 para as crianças enquanto parceiros e incentivadores de brincadei-
ras.6
Recreação e Lazer
Embora, atualmente, a importância do brincar para o desen- A importância das brincadeiras na educação
volvimento infantil seja amplamente reconhecida, é comum obser- Hoje, as questões referentes à infância têm sido objeto de no-
varmos crianças, por vezes muito pequenas, com uma rotina bas- tícias e debates porém, entre nós, parece ainda não estar claro o
tante atribulada, tomada por diversas atividades e compromissos. significado do termo.
5 Fonte: www.webartigos.com – Por Angela da Conceição Pena/Maria Augusta
Lima das Neves 6 Texto adaptado de Fernanda Martins Marques e Helenise Lopes Ebersol
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Apesar da dificuldade em conhecer as diferentes infâncias e Os gregos tiveram grandes contribuições no universo lúdico
como viviam as crianças nos distintos povos, o pouco que se sabe infantil. Entre eles, as crianças comumente se divertiam com brin-
sobre elas deve-se aos objetos que utilizavam e às atividades que quedos de cerâmica e com o aro, um arco que rolava pelo chão.
mais praticaram em suas vidas, ou seja, seus brinquedos e suas Em 400 a. C., Hipócrates, o “Pai da Medicina”, como era conhecido,
brincadeiras. já recomendava sua prática como um excelente exercício para as
Deve-se ressaltar, porém, que grande parte das brincadeiras pessoas de fraca constituição física. Sua popularização, entretanto,
teve origem nos costumes populares cujas práticas eram mais re- acabou ocorrendo somente no século XIX.
alizadas pelos adultos do que pelas próprias crianças, mostrando Dada a sua forma cúbica, os astrágalos dos carneiros (ossos do
assim o desconhecimento da infância. joelho), parecem ter sido os ancestrais dos dados. Na Grécia eram
Com o Concílio de Trento, os jogos e brincadeiras foram con- usados como uma forma de consulta aos deuses, por essa razão,
siderados pecaminosos pela Igreja Católica e banidos da cultura uma vez lançados ao ar e dependendo da posição em que caiam
popular, permanecendo sua realização entre os pequenos. No en- tinham um significado.
tanto, dadas as transformações pelas quais vêm passando a socie- Naquele país os dados confeccionados com ossos, conchas e
dade, eles tendem a desaparecer se nós educadores não fizermos varetas parecem ter sido usados pelo herói Palamedes para dis-
um movimento de resgate das atividades lúdicas ressaltando sua trair suas tropas durante a guerra de Tróia. Também na Odisséia
importância para o desenvolvimento da criança. de Homero há uma passagem em que os pretendentes da rainha
É importante salientar, que as brincadeiras infantis que ainda Penélope jogavam dados sobre peles de boi, diante do palácio real
persistem em todo o mundo são quase sempre jogos muito simples de Ítaca.
e divertidos. Não demandam objetos, desenvolvem muitas habili- Mas não só os mesopotâmios, egípcios e gregos nos deixaram
dades e, historicamente, se originaram de práticas culturais e reli- algumas brincadeiras como herança, os romanos, os chineses, os
giosas realizadas pelos adultos ao longo dos tempos. indígenas mesoamericanos e brasileiros também.
Quanto aos brinquedos, objetos feitos para brincar, muitos Os romanos, graças a algumas ruínas encontradas em várias
constituem o único registro da vida dos pequenos em algumas partes da Europa, tiveram importantes contribuições na área lú-
épocas, sabendo-se que, em sua grande maioria, chegaram até nós dica. As ruínas de Conímbriga, em Portugal, ou de Tarragona, na
Espanha, guardam importantes testemunhos da infância de nossos
após terem sido encontrados junto aos túmulos das crianças ou de
antepassados.
seus mestres.
No que diz respeito a Conímbriga, segundo Namora (2000) en-
Evidentemente que muitos desses objetos pertenceram aos
contramos nas suas coleções até o presente momento, um interes-
pequenos das classes mais abastadas da população, ou seja, da
sante e precioso conjunto de jogos e brinquedos que chegaram até
nobreza ou da aristocracia, sendo poucos registros daqueles per-
nós cuja origem remonta à antiguidade clássica. Dentre eles está o
tencentes às camadas populares ou aos filhos de escravos, até
Labirinto de Creta, conhecido também como Labirinto do Minotau-
mesmo porque viver a infância, do ponto de vista da importância
ro, usado para decorar os pisos dos quartos das crianças.
dos pequenos em várias sociedades, pode ter sido um privilégio de Flautas e apitos de ossos, dados e objetos miniaturizados do
poucos. mundo adulto faziam parte da cultura infantil romana.
De qualquer forma, as crianças, em diferentes momentos his- No Museu de Tarragona pode-se observar a existência de uma
tóricos e em diversos povos, deixaram-nos um legado importante, boneca de marfim, com braços e pernas articulados, que testemunha
seus brinquedos e brincadeiras, dando pistas aos estudiosos da ma- o papel que tal objeto representou na vida das crianças romanas.
neira como viviam. Historicamente é possível perceber que, entre os romanos,
Sabe-se, portanto, que muitos jogos e brincadeiras não se ori- não apenas as crianças possuíam atividades lúdicas, mas os jovens
ginaram entre as crianças, mas entre os adultos que nem sempre os e adultos também. Assim, os labirintos, o jogo de damas, o jogo do
utilizavam enquanto divertimento, mas como ritos religiosos carre- soldado e inúmeras outras atividades eram praticadas por aquele
gados de conteúdos simbólicos. povo.
Dentre eles podemos lembrar, por exemplo, do jogo Real de Tais exemplos mostram que algumas atividades lúdicas eram
Ur encontrado na Mesopotâmia, com peças de madrepérola e lápis comuns a todas as pessoas, não sendo, portanto reservadas apenas
lazuli e o Senet,muito comum entre os egípcios cujo tabuleiro era às crianças.
de ébano e as peças, os bailarinos, eram de ouro. Conta-se que a amarelinha pode ter sido criada pelos soldados
Este jogo tinha um significado religioso simbolizando a passa- romanos como forma de entreter as crianças pelos locais por onde
gem do mundo terrestre para a outra vida. passavam. Como as estradas eram pavimentadas com pedras, a su-
Muitos jogos de percurso que existem ainda hoje tiveram sua perfície tornava-se ideal para a prática da atividade, difundindo-se,
origem no Senet e foram se modificando. posteriormente, por toda a Europa.
Além do Senet, que parece ter sido um jogo de adultos, sabe- Sabe-se, ainda, que as crianças romanas jogavam bolinhas de
-se que na Antiguidade, também as crianças egípcias tinham vários gude, cuja origem não se pode precisar. Inicialmente, usavam no-
brinquedos. Era comum entre elas o uso de bolas coloridas de argila zes, pedras e grãos de cereais.
com pedras dentro para atrair a atenção. Possuíam, também, ani- É interessante notar, por exemplo, que no Líbano hoje, o jogo
mais de madeira com a cabeça articulada e os olhos de vidro, além de bolinhas de gude é realizado na época da Páscoa, quando são
de bonecas confeccionadas com diversos materiais, inclusive ouro. utilizados ovos no lugar das bolinhas sendo posteriormente ingeri-
Embora a presença de bonecas entre diversos grupos humanos dos pelas crianças e adultos.
parece estar mais ligada à religião, com o tempo elas acabaram por É importante salientar que embora, à primeira vista os roma-
representar a figura feminina, quer através da maternagem, quer nos parecem ter criado muitas atividades lúdicas, a história mos-
como mensageiras da moda. trou que a maioria delas não passou de atividades já conhecidas e
praticadas pelos egípcios e gregos.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Além dos romanos, os chineses também tiveram importantes Espetam penas no sabugo do milho, que atiram ao ar. Confec-
contribuições do ponto de vista lúdico. Da China parece ter vindo cionam petecas com base de palha de milho ou de couro. Divertem-
o jogo de palitos ou de varetas de bambu, cuja prática era comum -se em atividades lúdicas coletivas imitando os animais. Garantem
especialmente entre os adultos. Através dele os oráculos consulta- sua cultura.
vam as divindades. Muitas das brincadeiras realizadas pelas crianças, ainda hoje,
As pipas ou papagaios, como são chamados entre nós, também são produtos de diferentes culturas e deveriam ser preservadas.
tiveram sua origem no Oriente o os registros de seu uso antecedem Em sua pesquisa, a estudiosa Renata Meirelles (2007) inves-
ao nascimento de Cristo, quando um general chinês utilizou-os para tigou os brinquedos e brincadeiras que ainda persistem entre as
enviar mensagens à tropas sitiadas. crianças brasileiras. Estão entre elas as brincadeiras de roda, o pião
Mas não foram só os antigos que deixaram suas heranças cul- feito com diferentes materiais, inclusive com tampas dos frascos
turais mantidas através das práticas lúdicas infantis. Também os de detergente, a amarelinha também chamada de macaca, o cara-
indígenas Mesoamericanos e brasileiros tiveram importantes con- col, as brincadeiras de mão, os currupios, os brinquedos que repro-
tribuições nessa área. duzem o meio adulto feitos de materiais naturais ou de sucata, as
Entre os indígenas mexicanos (olmecas, astecas e maias) o jogo cinco marias, a cama de gato, as pernas de pau, o cavalo de pau, a
era mais do que uma diversão. Tinha um caráter religioso. O mais casinha, a bolinha de gude e o elástico.
conhecido e praticado era o jogo da pelota (bola) A bola feita de lá- No entanto, as transformações que vimos sofrendo produto de
tex, pesava entre 3 e 4 quilos. A quadra em forma de I representava um mundo globalizado, caracterizado pelo crescimento da urbani-
o universo, a bola o sol em sua viagem diária pelo céu e as regras do zação, da industrialização e aumento no consumo, têm ameaçado
jogo indicavam a luta do bem contra o mal. a infância, sua cultura e seu direito à brincadeira. A infância está
As crianças dessas civilizações aprendiam no convívio com os desaparecendo, porque as crianças estão se transformando em
adultos, o que nos leva a deduzir que as atividades dos pequenos adultas antes do tempo. A cultura, porque uma vez distantes do
confundiam-se com as dos mais velhos, uma vez que meninos e repertório infantil, muitas brincadeiras desaparecerão carregando
meninas tinham os tinham como modelos a serem seguidos. consigo saberes milenares. Quanto ao direito à brincadeira, ele só
Apesar da violência de algumas práticas lúdicas, sabe-se que, parece existir no papel, pois, na prática a realidade é bem outra.
entre aqueles indígenas, os pais tinham muito afeto e consideração Diante desse quadro surgem algumas questões que merecem
pelas suas crianças. ser analisadas Do que brincam, hoje, as crianças brasileiras? Como
Os indígenas brasileiros também nos deixaram um importante e onde realizam suas brincadeiras, quais os seus parceiros? Até que
legado no plano dos brinquedos e brincadeiras .Ao tratar do assun- ponto elas ainda possuem o direito à infância?
to, Altmann (1999) mostrou que a princípio a criança é seu próprio Uma investigação realizada por Dodge e Carneiro (2007) com
brinquedo. A exploração do seu corpo e do corpo materno torna- pais, de crianças entre 6 e 12 anos, dos diversos segmentos sociais,
ram-se interessantes brincadeiras. A observação da natureza e a em 77 municípios brasileiros das diversas regiões do país , obser-
utilização de folhas, troncos e sementes, acabam transformando-se vou-se que além de se modificarem, as atividades lúdicas realizadas
antigamente estão desaparecendo. As brincadeiras mais comuns,
em objetos-brinquedos dando asas à imaginação infantil.
ou seja, realizadas por seus filhos pelo menos três vezes na semana
Folhas e cascas de árvores servem como fôrma para os objetos
eram assistir TV, vídeos e DVDs, brincar com animal de estimação,
de barro, utilizados durante as brincadeiras.
cantar e ouvir música, desenhar, andar de bicicleta, patins, patine-
O barro, colhido pelas mães na beira dos rios, triturado, mo-
tes, carrinhos de rolimã, jogar bola, brincar de pega-pega, polícia-e-
delado e seco, recebe inúmeros adornos de sementes ou penas,
-ladrão, esconde-esconde, brincar de boneca, brincar com coleções
dando origem às mais diferentes figuras.
e ficar no computador.
Assim, mesmo que as bonecas indígenas não tenham sido
A TV e os demais equipamentos tecnológicos, vídeo-games,
transmitidas à cultura brasileira pela cultura europeia, elas surgem jogos de internet, vêm crescendo assustadoramente entre os pe-
como a representação da maternagem e são geralmente de barro, quenos. Enquanto os últimos ainda, constituem o universo de uma
apresentando seios fartos, nádegas grandes, tentando imitar mu- pequena camada da população, a primeira tem sido um movimento
lher grávida . universal. Isso não significa negar a sua existência, mas analisá-la de
Também é com o barro que as crianças xavantes, por exem- forma mais criteriosa de modo que não traga tantas consequências
plo, ainda hoje constroem suas casas. Primeiro espetam os paus funestas às nossas crianças.
no chão e como essa atividade é mais difícil de fazer, costumam a Quanto ao computador e os vídeos embora se constituam em
reaproveitar casas construídas pelas maiores que já as abandona- equipamentos reservados, no Brasil, ainda, a uma classe social mais
ram. Usam, ainda para a decoração os materiais encontrados na privilegiada, são aspirados pelas crianças e pais com condições eco-
natureza. nômicas inferiores. E isso nos parece uma viagem sem volta.
Além do barro, as crianças indígenas usam a madeira para con- Tais alterações, contudo, não ocorreram somente no plano das
feccionar seus brinquedos. É com os troncos de árvores que elas escolhas das brincadeiras, mas puderam ser observadas também
constroem o bodoque _ arma manejada por elas_ para abater ca- no que tange aos companheiros, aos espaços e aos tempos de brin-
ças, aves e lagartixas. car.
É, ainda, com madeira e barro que os indígenas confeccionam A atividade lúdica para ser aprendida necessita de parceiros,
piões que fazem girar eximiamente, num movimento ágil das mãos. pais, amigos, irmãos, professores... Eis a grande dificuldade.
Das cabaças surgem os chocalhos utilizados para espantar os Por um lado, a falta de disponibilidade de tempo dos pais e das
maus espíritos, transformando-se, também, em instrumentos de gerações mais velhas de estarem com seus filhos, facilita o desco-
festividades ou cerimônias religiosas. Com fios entrelaçados entre nhecimento de repertórios de brincadeiras. O brincar se aprende
os dedos das mãos, constroem inúmeras figuras dando asas à ima- num processo de imitação, portanto os pequenos só podem apren-
ginação, que é o caso da cama-de-gato. der com seus pares, sejam eles adultos ou crianças.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Por outro, como as famílias atualmente estão menores, há um O brincar, o jogo e o desenvolvimento social
grande número de crianças que brincam sozinhas e, por vezes, ape- Nos tempos atuais, as propostas de educação infantil divi-
nas com um animal de estimação. Logo, a falta de relacionamen- dem-se entre as que reproduzem a escola elementar com ênfase
to com os outros tanto dificulta a construção de um repertório de na alfabetização e números (escolarização) e as que introduzem a
brincadeiras quanto favorece ao empobrecimento cultural. brincadeira valorizando a socialização e a re-criação de experiên-
Outro obstáculo para o desenvolvimento do brincar e a preser- cias. No Brasil, grande parte dos sistemas pré-escolares tende para
vação da cultura da infância é questão do espaço físico. Por todas o ensino de letras e números excluindo elementos folclóricos da
as partes vive-se o problema da insegurança e isso tem afetado par- cultura brasileira como conteúdos de seu projeto pedagógico. As
ticularmente as crianças. raras propostas de socialização que surgem desde a implantação
Embora a maior parte dos pais entrevistados tivesse colocado dos primeiros jardins de infância acabam incorporando ideologias
que o local onde os pequenos mais brincam ainda é o quintal, so- hegemônicas presentes no contexto histórico-cultural. (OLIVEIRA,
bretudo em cidades do Norte, Nordeste e Centro Oeste, o espaço 2000)
comum, mencionado pelos pais das diferentes regiões brasileiras Pretende-se analisar o papel da cultura como elemento de-
para a prática das atividades lúdicas é a escola . terminante do modelo de escola que prevalece, na perspectiva da
Tal escolha não está associada à garantia da cultura, mas à nova sociologia da educação. Fatores de ordem social, econômica,
existência de uma segurança maior, a grande preocupação das fa- cultural e política são responsáveis pelo tipo de escola predomi-
mílias atualmente Outro entrave em relação à brincadeira é a falta nante. Desde tempos passados, a educação reflete a transmissão
de tempo das próprias crianças. O trabalho infantil e as atividades da cultura, o acervo de conhecimentos, competências, valores e
domésticas por um lado e o excesso de atividades extracurricula- símbolos.
res, por outro, têm se constituído em grandes impedimentos à re- Não se pode dizer que a escola transmite o patrimônio simbó-
alização do brincar. Especialmente as atividades extracurriculares lico unitário da cultura entendido na acepção de sociólogos e etnó-
têm sido impostas às crianças dada a grande ansiedade dos pais logos, como o conjunto de modos de vida característicos de cada
por conta de fornecer elementos para que os filhos entrem rapida- grupo humano, em certo período histórico (BORJAS, 1992, 45).
mente no mercado de trabalho. Embora participar de atividades ex- O repertório cultural de um país, repleto de contradições,
tracurriculares seja um privilégio das crianças de classes mais altas, constitui a base sob a qual a cultura escolar é selecionada. Ideolo-
os pais das classes baixas têm as mesmas preocupações, mas como gias hegemônicas, fruto de condições sociais, culturais e econômi-
dependem muitas vezes da mão de obra infantil para aumentar o cas tendem a pressionar a escola pela reprodução de valores nelas
orçamento familiar, não têm condições de oferecer outras ativida- incluídas moldando o tipo de instituição. Os conteúdos e atividades
des aos filhos. escolares que daí decorrem resultam no perfil da escola e, no caso
De qualquer forma as crianças estão privadas do brincar, da brasileiro, geram especialmente pré-escolas destinadas à clientela
cultura lúdica e de viver a sua infância. de 4 a 6 anos dentro do modelo escolarizado. As raízes desse pro-
Aí vem a última questão. Como ficam os profissionais da educa- cesso encontram-se no longo período de colonização portuguesa,
ção diante desta nova realidade? preservadas pelo irrisório investimento no campo da educação bá-
Recentemente vem sendo manchete dos jornais o fato de que sica.
as mazelas da educação são consequências do despreparo dos seus “Entretanto, sugere que, no início, a educação deve ser “so-
profissionais. Evidentemente que não será possível esgotar o deba- mente protetora, guardadora e não prescritiva, categórica, interfe-
te à questão. ridora” e que o desenvolvimento da humanidade requer a liberdade
Penso que nós profissionais da educação temos que engrossar de ação do ser humano, “a livre e espontânea representação do
cada vez mais, a luta pelo direito ao brincar na infância, o direito divino no homem”, “objeto de toda educação bem como o destino
de a criança viver essa etapa tão importante da sua vida e a escola do homem”. Entende que é destino da criança “viver de acordo com
foi apontada como o lócus onde a brincadeira pode se realizar com sua natureza, tratada corretamente, e deixada livre, para que use
segurança e também onde os pequenos dispõem de parceiros para todo seu poder”. A criança precisa aprender cedo como encontrar
isso. por si mesmo o centro de todos os seus poderes e membros, para
Falta a nós, professores, nos apropriarmos desse tipo de co- agarrar e pegar com suas próprias mãos, andar com seus próprios
nhecimento, aumentarmos nossos repertórios, observarmos e re- pés, encontrar e observar com seus próprios olhos. Ao elevar o ho-
gistrarmos os avanços proporcionados pelo brincar, utilizando-o mem à imagem de Deus, criador de todas as coisas, postula que a
não apenas como uma metodologia de trabalho, mas como uma criança deve possuir as mesmas qualidades e “ser produtiva e criati-
forma de possibilitar à criança a descoberta do mundo que a cerca va”. Dessa forma, para que o ser humano expresse a espiritualidade
e resgatar a cultura. de Deus, seria necessária “a liberdade para auto-atividade e auto-
Os países desenvolvidos estão atentos para isso. Por que o Bra- determinação da parte do homem, criado para ser livre à imagem
sil não pode perseguir esta meta? de Deus.” (FROEBEL, 1912, p.11)
Diante de todas as reflexões concordo com a educadora britâ- Para Froebel (1912) As concepções de homem e sociedade en-
nica Catty Nutbrown para quem “ Parar para ouvir um avião no céu, volvendo a liberdade do ser humano de autodeterminar-se, bus-
agachar-se para observar uma joaninha numa folha, sentar numa car o conhecimento para a humanidade desenvolver-se, definem a
rocha para ver as ondas se espatifarem contra o cais _ as crianças função da educação infantil que se reflete no brincar, considerado
têm sua própria agenda e noção de tempo. Conforme descobrem “a fase mais importante da infância” do desenvolvimento huma-
mais sobre o mundo e seu ligar nele, esforçam-se para não ser no neste período por ser a auto-ativa representação do interno a
apressadas pelos adultos. Precisamos ouvir suas vozes”. (Relatório representação de necessidades e impulsos internos, “a atividade
Global:2007,p.1)7 espiritual mais pura do homem neste estágio e, ao mesmo tempo,
7 PorMaria Ângela Barbato Carneiro típica da vida humana enquanto um todo - da vida natural interna
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

no homem e de todas as coisas”. Ela dá alegria, liberdade, conten- com suas vivências e experiências. Considerar os contextos familia-
tamento, descanso externo e interno, paz com o mundo... A criança res, sociais e culturais em que ela está inserida. E ainda, a maneira
que brinca sempre, com determinação auto-ativa, perseverando, desta se apresentar e se relacionar com o mundo a sua volta.
esquecendo sua fadiga física, pode certamente tornar-se um ho-
mem determinado, capaz de auto-sacrifício para a promoção do Essa escuta sensível e afetuosa, abre espaço e promove o pro-
seu bem e de outros. Como sempre falamos o brincar em qualquer tagonismo da criança. Possibilita que ela tenha voz e cria condições
tempo não é trivial, é altamente sério e de profunda significação. para ela se expressar espontaneamente em seu ambiente.
Considerado por Blow (1911), psicólogo da infância, Froebel Vejam bem, não se trata de corrigir ou ceder às vontades da
introduz o brincar para educar e desenvolver a criança. Sua teo- criança e sim, de observar e ouvir suas infinitas maneiras de se
ria metafísica pressupõe que o brincar permite o estabelecimento expressar. Seja por meio das brincadeiras, desenhos, atividades
de relações entre objetos culturais e a natureza, unificados pelo artísticas, o brincar livre, o brincar em grupo, brincar sozinha, opi-
mundo espiritual. Froebel concebe o brincar como atividade livre e nar sobre determinado tema. Estar com a criança em qualidade de
espontânea, responsável pelo desenvolvimento físico, moral, cog- presença e permitir que ela se perceba e manifeste suas emoções,
nitivo, e os dons ou brinquedos, objetos que subsidiam atividades sentimentos, conflitos e escolhas.
infantis. Entende, também, que a criança necessita de orientação
para seu desenvolvimento. Como fazer?
A perspicácia do educador leva-o a compreender que a edu- Escutar as crianças requer: disposição, observação, conexão,
cação é ato intencional, que requer orientação, materializados na distanciamento e, muitas vezes, silêncio. Vale ressaltar que essa es-
função da jardineira usar materiais para facilitar a construção do cuta é como um “pedir licença”, considerando os limites, o tempo,
conhecimento de pré-escolares. Entretanto, a aquisição do conhe- as possibilidades e as condições da criança falar ou não sobre si. Por
cimento, requer a auto-atividade, capaz de gerar auto-determina- isso, é importante estar ao alcance dela, promover um ambiente
ção que se processa especialmente pelo brincar. seguro e confiante, no qual ela possa recorrer caso precise.
Este movimento é um exercício diário e deve partir do respeito
O jogo e a educação infantil às maneiras e conteúdos expressos pela criança. Respeitando assim
Tentar definir o jogo não é tarefa fácil. Quando se pronúncia a sua subjetividade que faz desta criança um ator social, o que quer
palavra jogo cada um pode entendê-la de modo diferente. Pode-se dizer que ela é um sujeito de direitos. Afinal, o pequeno que é escu-
estar falando de jogos políticos, de adultos, crianças, animais ou tado, aprende a escutar; o que é respeitado, aprende a respeitar; o
amarelinha, xadrez, adivinhas, contar estórias, brincar de “mamãe que é que é acolhido, aprende a acolher; o que é estimulado a falar
e filhinha”, futebol, dominó, quebra-cabeça, construir barquinho, sobre si, aprende a narrar a sua própria história.
brincar na areia e uma infinidade de outros.
Tais jogos, embora recebam a mesma denominação, tem suas Fonte: LORENZO, Juliana D. A importância de escutar as crianças.2020.
especificidades. Por exemplo, no faz-de-conta, há padronizadas permi- Disponível em: : https://leiturinha.com.br/blog/escutar-as-criancas/.
tem a movimentação das peças. Brincar na areia, sentir o prazer de fa- Acesso em: 16.jan.2023.
zê-la escorrer pelas mãos, encher e esvaziar copinhos com areia requer
a satisfação da manipulação do objeto. Já a construção de um barqui-
nho exige não só a representação mental do objeto a ser construído,
mas também a habilidade manual para operacionalizá-lo. ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA (FÍSICO,
SOCIAL, COGNITIVO E AFETIVO)

ATENÇÃO À CRIANÇA: BRINCAR JUNTO COM ELA, ESCUTÁ- O processo de crescimento, maturação e desenvolvimento
-LA, DIALOGAR COM ELA – TOM DE VOZ, MODOS DE FALAR humano interfere direta- mente nas relações afetivas, sociais e
COM A CRIANÇA motoras dos jovens; consequentemente, é necessário adequar os
estímulos ambientais em função desses fatores. Primeiramente, é
necessário esclarecer que o crescimento inclui aspectos biológicos
Que as crianças se manifestam o tempo todo, nós já sabemos. quantitativos (dimensionais), relacionados com a hipertrofia e a hi-
Porém, este tema se amplia e os olhares se voltam para a maneira perplasia celular, enquanto a maturação pode ser definida como
e situações em que os adultos se dedicam a ouvir tais manifesta- um fenômeno biológico qualitativo, relacionando-se com o amadu-
ções. E acredite, escutar as crianças vai muito além de emprestar recimento das funções de diferentes órgãos e sistemas.
os ouvidos. Por sua vez, o desenvolvimento é entendido como uma inte-
Quando falamos em escuta infantil é fundamental conside- ração entre as características biológicas individuais (crescimento e
rarmos as diferenças do modo de ser de cada criança. Com suas maturação) com o meio ambiente ao qual o sujeito é exposto du-
preferências, particularidades e temperamentos. Falamos então, rante a vida. Crescimento, maturação e desenvolvimento humano
em múltiplas infâncias, assim, contemplamos a diversidade deste são processos altamente relacionados que ocorrem continuamente
universo chamado infância. durante todo o ciclo de vida. Desse modo, as aquisições motoras de
crianças e adolescentes não podem ser compreendidas de forma
Além da escuta infantil exclusivamente biológica ou ambiental; uma abordagem biocultu-
A escuta infantil, ou melhor, a escuta das múltiplas infâncias, ral é essencial, reconhecendo a interação entre fatores biológicos
vai muito além do diálogo em que um fala e o outro escuta. Consis- e socio- culturais presentes na vida do ser humano. Sendo assim,
te em reconhecer e se conectar com a realidade daquela criança, o presente texto tem como objetivo abordar as relações entre o
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

desenvolvimento biológico e a experiência ambiental durante a in- mais refinadas, possibilitando a execução de movimentos de com-
fância e a adolescência e suas implicações para o processo de aqui- plexidade crescente.com o processamento cognitivo, em situações
sição de habilidades e capacidades motoras inerentes ao esporte. que exijam certo grau de percepção e decisão referente à solução
Crescimento, maturação e desenvolvimento do nascimento motora adequada, obviamente, condizente com a capacidade indi-
aos três anos de idade A partir do nascimento, inicia-se uma com- vidual da criança. Nessa fase, as curvas de crescimento em estatura
plexa relação entre o bebê e o ambiente que o cerca. As estruturas e peso corporal mantêm-se relativamente estáveis em ambos os
neurológicas já estão razoavelmente bem formadas, principalmen- gêneros, com ganhos anuais médios em torno de 7 cm e 2.5 kg, res-
te o cérebro e as funções sensoriais exteroceptivas (visão, audição, pectivamente. Esse ritmo lento de crescimento (Figura 2) é impor-
tato, paladar e olfato), possibilitando um complexo interacional do tante para a aquisição e retenção de um amplo acervo motor. Além
bebê com seu entorno. Como decorrência do amplo repertório fun- disso, tanto na infância como na adolescência, as forças mecâni-
cional para interação com o ambiente, as relações afetivas e sociais, cas gravitacionais (impacto) e as contrações musculares inerentes
principalmente com os pais, devem ser fortemente estabelecidas. à atividade física/ esportiva contribuem para um desenvolvimento
Assim, fica claro que, desde o nascimento, o bebê já é capaz de saudável do sistema esquelético, proporcionando uma maior den-
sentir e começar a formar as primeiras impressões perceptuais e sidade mineral óssea, sem influenciar seu crescimento longitudinal.
afetivas com o ambiente que o cerca, que serão fundamentais para Tanto o ritmo de crescimento como a estatura final estão vin-
seu futuro desenvolvimento. culados principalmente a fatores genéticos e nutricionaise, respei-
A atividade motora do recém-nascido é bem ativa, mas desor- tando-se os limites fisiológicos e estruturais da criança, não há risco
denada e sem finalidade objetiva, movimentando de modo assimé- da atividade física prejudicar o crescimento. Considerando a com-
trico tanto os membros superiores como os inferiores (pedalagem). posição corporal, crianças e adolescentes ativos tendem a apre-
Alguns reflexos são próprios desta idade e ocorrem em praticamen- sentar menores índices de gordura corporal, fato positivo inclusive
te todos os bebês, sendo inibidos nos meses subsequentes devido para o controle do sobrepeso e obesidade, principalmente quando
principalmente ao amadurecimento do cerebelo e do córtex fron- associado a aspectos nutricionais adequados. Já em relação à quan-
tal, iniciando-se assim o surgimento de movimentos voluntários e tidade de massa muscular, a atividade física não exerce influência
melhor organizados, como a locomoção, manipulação de objetos e marcante na infância, pois a quantidade de hormônios esteroides
controle postural. Por isso, é fundamental que o bebê seja exposto é baixa. Como consequência, as atividades direcionadas às crian-
a estímulos motores adequados ao seu nível de desenvolvimento. ças devem proporcionar maior ênfase em aspectos coordenativos
Esse conjunto de relações com o mundo deixa clara a interfe- e cognitivos (tomada de decisão), ao invés da preocupação com o
rência que o ambiente exerce no desenvolvimento humano, sendo treinamento de capacidades como força e resistência. Consideran-
fundamental para a estruturação e a organização do sistema nervo- do a individualidade da criança em função de seu ritmo de desen-
so no que se refere aos aspectos emocionais, cognitivos e motores. volvimento biológico e de experiências ambientais, é importante a
Assim, o potencial de futuras aquisições começa a ser estruturado iniciação esportiva. Idealmente, essa participação deveria ocorrer
desde o nascimento, e muito do que vai ocorrer no futuro está di- em atividades prazerosas e diversificadas, possibilitando a prática
retamente ligado a essas interações iniciais entre o ambiente e o de várias habilidades motoras, com implicações também para o de-
desenvolvimento biológico. senvolvimento cognitivo e social.
Conforme exposto na Figura 1, a curva neural apresenta uma Crescimento, maturação e desenvolvimento dos cinco aos dez
evolução (dimensional e funcional) extremamente rápida no início anos de idade Entre os 5 e 10 anos de idade ocorre uma grande
da vida, de modo que por volta dos três anos de idade o cérebro e evolução na coordenação e controle motor, facilitando a aprendi-
as estruturas relacionadas já atingiram aproximadamente 70% do zagem de habilidades motoras cada vez mais complexas. Durante
seu tamanho na idade adulta. Essa elevada taxa de evolução bioló- esse período, a criança tem condições de entender as regras do
gica possibilita uma rápida aquisição da capacidade de organização esporte e participar em programas estruturados de treinamento,
e controle de movimentos, principalmente quando acompanhada sendo ainda aconselhável uma grande diversificação dos movimen-
de experiências motoras adequadas. Em tese, uma experiência am- tos. A adoção de jogos reduzidos, com regras simples e voltadas
biental adequada favorece o surgimento de uma boa competência para a realização de diversas habilidades, é bastante válida. Nesta
motora, a qual, por sua vez, tende a aumentar a prática de ativi- fase assistimos a um aumento relativamente constante da força,
dade física, desenvolvendo assim um sistema de retroalimentação. velocidade e resistência, especialmente quando ocorrem estímu-
Em contrapartida, a falta de experiências motoras adequadas nessa los ambientais adequados. Assim, desde que adequado com as
fase pode comprometer o desenvolvimento posterior da criança, possibilidades da criança, é importante que sejam oferecidos es-
não somente em termos motores como também cognitivos, afeti- tímulos para a evolução dessas capacidades, preferencialmente
vos e sociais. Portanto, essa etapa pode ser considerada importan- em situações que privilegiem o desenvolvimento da coordenação
te tanto para a geração de futuros atletas como para a formação e a integração cognição- ação. Assim como nas fases anteriores,
de cidadãos que utilizam o esporte/atividade física apenas como as diferenças no desempenho motor entre meninos e meninas é
ferramenta de educação, integração social, lazer, entretenimento pequena ou inexistente, desde que ambos tenham oportunidade
e promoção da saúde. de prática motora. Todavia, deve haver uma atenção especial com
Crescimento, maturação e desenvolvimento dos três aos cinco as meninas, pois muitas vezes, por questões culturais, elas não têm
anos de idade Entre os 3 e os 5 anos de idade, os sistemas sen- o mesmo acesso ao movimento dos meninos, fato que pode preju-
soriais devem continuar a ser estimulados através de uma ampla dicar a aquisição de habilidades motoras neste período crítico do
gama de experiências, com ênfase nos mecanismos propriocep- Crescimento, maturação e desenvolvimento .
tivos, proporcionando à criança diferentes modos de integração Na realidade, diversos pesquisadores têm destacado a existên-
sensório-motora (exteroceptiva e proprioceptiva). As habilidades cia de períodos críticos durante a infância para a aquisição de habi-
motoras fundamentais adquiridas na etapa anterior são cada vez lidades motoras, devido principalmente ao rápido desenvolvimen-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

to neurológico e maior plasticidade neural. A argumentação central racterísticas individuais, exige-se uma avaliação do estágio de ma-
desta visão é a de que a experiência durante a infância altera a turação biológica. Para isso podem ser utilizadas medidas que per-
arquitetura dos circuitos neurais devido à sua maior plasticidade, mitem estimar a idade biológica. Entre os procedimentos utilizados
fazendo com que certos padrões de conexão (sinapses) tornem-se para a estimativa da idade biológica podem ser citados:
mais estáveis e, consequentemente, fortalecidos. a) maturação sexual – idade de aparecimento das característi-
Todavia, a aquisição motora depende tanto de fatores neuro- cas sexuais secundárias;
fisiológicos como de fatores psicológicos como a atenção, motiva- b)maturação morfológica – acompanhamento da curva de
ção, autoconfiança, e ainda de aspectos socio- culturais associados crescimento da estatura;
à experiência, estilos de ensino, entre outros. Portanto, os períodos c) maturação dental – idade de erupção de dentes temporários
críticos de aquisição de habilidades motoras parecem ser depen- e permanentes; e
dentes de uma complexa interação de vários fatores, não sendo d) maturação esquelética – idade de ossificação e fusões epi-
possível estabelecer uma relação causal com nenhuma variável iso- fisiais.
lada. Empiricamente, diversos estudos corroboram a existência de
períodos críticos ao demonstrarem uma forte relação entre a coor- A maturação dental e esquelética são mais fidedignas do que
denação motora na infância e nos anos de vida posteriores, além a sexual e a morfológica; entretanto, devido a sua complexidade,
de maiores índices de prática de atividade física em indivíduos fisi- custo relativamente elevado e dificuldade de aplicação em larga
camente ativos desde a infância, ou seja, parece que os primeiros escala, têm sido pouco utilizadas na área esportiva. Por esse mo-
anos de vida compõem um período crítico tanto para a aquisição de tivo, serão abordadas apenas a maturação sexual e a morfológica.
habilidades motoras quanto para a adesão à prática de atividades Existe uma relação razoavelmente linear entre o desenvolvimento
físicas. De fato, é desejável que até aproximadamente os 10 anos dos caracteres sexuais secundários (no caso masculino, o surgimen-
de idade, a criança tenha um amplo domínio das habilidades moto- to da pilosidade pubiana e o aumento dos genitais) e o estágio de
ras fundamentais. maturação biológica em que o jovem se encontra. Na prática, isso
Crescimento, maturação e desenvolvimento durante a puber- significa que um adolescente precoce para o desenvolvimento das
dade Durante a puberdade (aproximadamente dos 11 aos 16 anos características sexuais secundárias, também será precoce em sua
de idade), ocorrem diversas alterações morfológicas e funcionais curva de crescimento de estatura, ou seja, quanto mais adiantado
que interferem diretamente no envolvimento e na capacidade de o desenvolvimento genital, mais adiantado e próximo da estatura
desempenho esportivo. A puberdade é um período dinâmico do adulta o sujeito estará, e vice-versa. Assim, os meninos precoces
desenvolvimento marcado por rápidas alterações no tamanho e na tendem a atingir a estatura adulta mais cedo e, em contrapartida,
composição corporal. Um dos principais fenômenos da puberdade tendem a apresentar valores médios de estatura adulta inferiores
é o pico de crescimento em estatura, acompanhado da maturação a meninos tardios. A partir da relação entre a curva de crescimento
biológica (amadurecimento) dos órgãos sexuais e das funções mus- e o desenvolvimento de genitais, propôs a classificação em cinco
culares (metabólicas), além de importantes alterações na compo- estágios indicativos da maturação biológica, conforme exposto nas
sição corporal, as quais apresentam importantes diferenças entre Figuras 3 e 4. Normalmente, os meninos atingem a fase de pico de
os gêneros. crescimento em estatura e de ganho de massa muscular no estágio
Gênero masculino Nos meninos, o pico de crescimento em es- 4, logo, nessa fase deve ser Crescimento, maturação e desenvolvi-
tatura ocorre aproximadamente aos 14 anos de idade, com grandes mento iniciado o treinamento visando diretamente um amplo de-
variações individuais, sendo normal sua ocorrência entre os 12 e senvolvimento das capacidades de força, velocidade e resistência.
os 16 anos de idade. Aproximadamente seis meses após o pico de Antes disso, principalmente até o estágio 2, o treinamento deve
crescimento em estatura, ocorre o pico de ganho de massa muscu- ter uma grande ênfase na coordenação motora. Apesar da valida-
lar, diretamente associado à elevação do hormônio testosterona. de e importância do acompanhamento da maturação biológica por
Esse ganho de massa e o amadureci- mento das funções muscula- meio do desenvolvimento de pilosidade pubiana e genitais, con-
res proporcionam um aumento na capacidade metabólica, que por vém ressaltar que a maturação sexual é um processo contínuo e,
sua vez tende a aumentar os índices de força, velocidade e resistên- portanto apresenta limitações quando é avaliada como uma vari-
cia, especialmente se houverem estímulos motores adequados. Em ável discreta, dividida em estágios de 1 a 5. Além disso, numa pe-
geral, os jovens que apresentam maturação biológica precoce (an- quena parcela da população, nem sempre a idade biológica e os
tes dos 13 anos de idade), possuem maior capacidade metabólica e estágios de maturação sexual ocorrem em períodos iguais. Sendo
tamanho corporal em comparação aos seus pares de mesma idade assim, outros indicadores do processo de maturação biológica de-
cronológica com ritmo maturacional normal (por volta dos 13-14 vem ser utilizados neste processo, como o acompanhamento da
anos) ou tardio (após os 14 anos). Vale destacar a transitoriedade curva de crescimento.
desse fenômeno biológico, ligado ao ritmo de crescimento e ma-
turação individual. Porém, especialmente em situações de esporte DESENVOLVIMENTO DAS DIMENSÕES COGNITIVAS, AFE-
competitivo, alguns jovens podem ter desvantagem significativa TIVAS, SOCIAIS E CULTURAIS
enquanto estiverem em estágios de maturação biológica menos Pretende-se através destas pesquisas, estudos e reflexões bus-
adiantada do que seus colegas de mesma faixa etária. Portanto, car novos rumos para alguns problemas educacionais da atualidade
sem a avaliação da maturação biológica, não será possível interpre- como violência escolar, indisciplina, falta de estímulo para aprendi-
tar adequadamente se o desempenho apresentado pelo indivíduo zagem, qualificação profissional, evasão e fracasso escolar.
reflete a sua real capacidade ou se, por outro lado, está sofrendo O tema escolhido para ser examinado, traz inúmeros questio-
uma interferência transitória do processo de maturação biológica. namentosque estão além das fronteiras da sala de aula, invade os
Como tal, nesta fase de desenvolvimento, além de se justificar a lares e tem sua essência em cada indivíduo.
necessidade de adequar as solicitações motoras em função das ca-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nas relações humanas existem trocas de experiências e senti- A escola tem papel fundamental na recuperação da saúde da
mentos. Assim é a escola, uma troca de experiências e de sentimen- Terra e de seus habitantes, é ela que acolhe uma geração de crian-
tos entre aluno e família. ças órfãs, no seu sentido mais literal. As famílias têm delegado a
Num primeiro momento, para compreensões posteriores, educação e o afeto de seus filhos à escola, que consequentemente
analisaremos alguns fatores de uma sociedade com princípios não está preparada para assumir tantos compromissos.
pós-modernos, ainda enraizada na modernidade, observa-se um Em outro momento pensaremos a criança como indivíduo,
novo comportamento e uma nova tendência para a humanidade quais seus sentimentos, quais seus desejos, medos, anseios. Cita-
e para o planeta. Esta surgindo uma transformação social que não remos alguns famosos teóricos do desenvolvimento da cognição e
deixa para trás o passado, mas sim o modifica em outra realidade. da afetividade infantil: Piaget, Wallon e Vygotsky. Passaremos por
A sociedade deve estar aberta às novas mudanças e a escola é o todas as fases, tanto cognitivas, quanto afetivas para encontrarmos
referencial que introduzirá os paradigmas dessa nova era social. explicações e talvez soluções que possam auxiliar na aprendizagem
Por isso, a educação na atualidade está em pauta de discursos de e na estrutura humana através do afeto e consequentemente na
educadores e sujeitos preocupados com o futuro da humanidade. auto-estima que compreende a felicidade. “A auto-estima é o que
O mundo está cada vez mais interligado e graças às novas tec- rege a qualidade de vida, resultado de escolhas comportamentais
nologias a distância não impede as relações humanas com as mais mais satisfatórias, competentes e cidadãs.” (TIBA, 2007, p. 199).
distintas culturas.
Para interagir nessa sociedade, não é necessário apenas sabe- HISTÓRIA DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
res práticos, como línguas, informática, ou capacidades de se rea- Para melhor compreender as relações humanas e o desenvol-
daptar, reciclar e aprender, mas é preciso, acima de tudo, perceber vimento cognitivo e afetivo da criança, buscou-se informações so-
que não estamos sós, que o mundo é formado de pessoas e cada bre a evolução histórico, social e cultural da infância, sendo assim
pessoa tem suas particularidades num mundo de todos. É preciso uma possível analise e compreensão de algumas problemáticas da
respeitar cada ser na sua individualidade, na sua diversidade, na atualidade.
sua cultura, na sua opção sexual e religiosa. O sujeito não é mais A criança, ao longo dos séculos tem sido observada com mais
uma parte de si mesmo, mas um conjunto do todo, pode ser ao atenção, por parte de estudiosos, sociedade, família e escola. Tra-
mesmo tempo racional e irracional, subjetivo e objetivo, amar e çando sua história de evolução percebem-se grandes mudanças na
odiar. É complexo e simples, ambíguo, mas essa é a verdadeira face sociedade, voltadas para a infância. Até o século XIX as crianças não
do ser humano. (MORIN, 2002) tinham tanta importância para a família e a sociedade. Eram vistas
Em um breve histórico das possíveis visões porvindouras se- por estas, como adultos em miniatura.
gue-se ousando em acreditar que a escola é a introdutora de outras Em 1741 Lord Chesterfield escrevia a seu filho: “Esta é a ulti-
visões, confiado na busca incessante por um mundo melhor. Esse é ma carta que escreverei a você como um menino pequeno, pois
o verdadeiro sentido da educação, transformar a sociedade, adap- amanha será o dia de seu nono aniversário, de forma que a partir
tar o sujeito a esta, buscar soluções para as crises tanto existenciais de então eu o tratarei como um jovem. Você precisa começar uma
quanto não existenciais. forma diferente de vida, uma forma diferente de estudos. Precisa
Estamos diante do grande dilema da educação: como atingir abandonar a frivolidade. Os brinquedos e jogos infantis devem ser
os ideais da sociedade, da família e do sujeito, através da escola, abandonados, e sua mente deve voltar-se para assuntos sérios”.
se quem faz a escola são os próprios sujeitos? Como saber se o que (LEITE, 1972, p. 33 a 34)
desejamos para o planeta é o que realmente este planeta precisa? A criança não era percebida como um ser em desenvolvimento
Estamos fartos de notícias catastróficas sobre as barbáries hu- e com características próprias de uma fase peculiar, mas sim como
manas, falta de respeito mútuo, insensibilidade, corrupção, ganân- propriedade dos adultos, sem vontades próprias, sonhos, desejos,
cia, onde moral e valores não fazem parte da linguagem e não tem medos e qualquer outro tipo de sentimentos. Não havia um inte-
significado algum. Esse tipo de comportamento é resultado de uma resse por essa fase do desenvolvimento humano, tendo esta pouca
sociedade mal estruturada, com algumas lacunas. São essas falhas importância.
que motivam a pesquisa, a reflexão e a busca por um mundo me- Para fortalecer ainda mais a idéia de que a criança era um adul-
lhor. São elas que desafiam os limites do nosso corpo e da nossa to em miniatura:
mente em busca do melhor. É com elas que vamos ficar daqui por As crianças foram tratadas como adultos em miniatura: na
diante. sua maneira de vestir-se, na participação ativa em reuniões, festa
A fragilização da estrutura humana vem se agravando de gera- e danças. Os adultos se relacionavam com as crianças sem discri-
ção em geração, deixando para trás uma época em que o ser hu- minação, falavam vulgaridades, realizavam brincadeiras grosseiras,
mano era reconhecido e valorizado pelas suas atitudes e não pelas todos os tipos de assuntos eram discutidos na sua frente, inclusive
suas aquisições. O sentimento de frustração é diante da impossi- a participação em jogos sexuais. Isto ocorria porque não acredita-
bilidade de adquirir algo para representar e incluir-se em um ideal vam na possibilidade da existência de uma inocência pueril, ou na
desejado. Esse sentimento transforma valores morais e éticos, de- diferença de características entre adultos e crianças. (ROCHA, 2008,
sestrutura famílias e indivíduos. p. 55)
As grandes preocupações planetárias precisam de ações go- As famílias eram numerosas, conviviam em uma mesma casa
vernamentais, mas teriam pouca eficiência se cada habitante do pais, filhos, primos, tios, avós. As crianças não recebiam carinho
planeta não fizesse o que ele pode fazer. Para tanto, é preciso que e atenção individual, não tinham mimos ou privilégios diante dos
a educação hoje seja um projeto racional cujo objetivo ultrapassa adultos.
a felicidade e a realização pessoal porque precisamos de toda uma A situação da criança até o século XIX, demonstra uma fase di-
geração para recuperar a saúde da Terra – que foi tirada principal- fícil do desenvolvimento infantil. A história relata dramáticas situa-
mente nas gerações dos nossos pais e avós. (TIBA, 2007, p. 29 a 30) ções de descuido nesta primeira fase da vida. Mortes, trabalho for-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

çado e escravo, abandono, descuido, violência e outras como relata experiências adquiridas e transformando-as em ações que emitem
LEITE, 1972, p. 21: “[...] o trabalho infantil chegava a durar de doze a sua personalidade. A sociedade saudável depende de sujeitos
a dezesseis horas por dia”. Outro exemplo de falta de interesse, com idéias e ações saudáveis.
tanto político, quanto social pela infância, é o abandono de crianças A grande preocupação hoje está na falta de cidadania e de éti-
pelos próprios pais por falta de condições mínimas para educá-los ca. Na cidadania já deveria estar embutida a ética, mas tamanha é a
ou fornecer condições básicas de sobrevivência. Sendo que muitas ausência da ética que é preciso reafirmar sua importância. Existem
crianças morriam em virtude das precárias condições sociais, como falhas na formação do cidadão que é egoísta, “metido a esperti-
falta de higiene, excesso de trabalho e alimentação insuficiente ou nho” que quer sempre tirar vantagens sobre os outros, é corrupto
sem valor nutritivo. delinquente, usuário de drogas, sente-se superior a outros menos
Muitas trabalhavam em fábricas, com carga horária superior a desenvolvidos ou de outra classe social. (TIBA, 2007, p. 268)
12 horas, apenas em troca de pão. Tais falhas serão evitadas se a escola formar um elo com a fa-
A contínua projeção de esperanças e temores do mundo adul- mília. É claro que família e escola não assumem sozinhas todas as
to no da criança não se limitava a questões de roupa ou educação brechas sociais. Mas estas são as principais fontes de inspiração e
formal, mas se exprimia também de muitas outras formas, - e uma indução para a mente humana.
delas era a ausência de livros escritos para divertir e distrair crian-
ças [...]. Até o fim do século XVIII, a leitura de lazer para crianças AFETIVIDADE
limitava-se à Bíblia e a tratados religiosos. (LEITE, 1972, p. 34) A psicologia vem influenciando a educação através de algumas
teorias, especialmente as relacionadas ao desenvolvimento cogniti-
A infância, por muito tempo foi esquecida, desvalorizada como vo e afetivo. É com base na psicologia que buscamos algumas com-
parte integrante da formação do ser humano. Esta era considerada preensões e soluções para as problemáticas educativas.
apenas como passagem para a vida adulta. Essa fase não era vista Quando há uma relação entre indivíduos, surgem vários senti-
como uma etapa com características próprias do desenvolvimento. mentos: amor, medo da perda, ciúmes, saudade, raiva, inveja; essa
Os avanços na forma de olhar a infância surgem com a modernida- mistura de sentimentos gera a afetividade. Um indivíduo saudável
de, após o século XVIII, e no Brasil mais tarde ainda, em torno do mentalmente, sabe organizar e lidar com todos esses sentimentos
século XIX. de forma tranquila e equilibrada. A qualidade de vida inclui a saúde
A modernidade traz progressos na medicina, na tecnologia, ci- mental, cuidar-se e cuidar do próximo é como fonte de prazer, por
ência, que transformam a estrutura familiar e social e consequente-
isso que a afetividade tem grande importância no desenvolvimen-
mente um novo olhar diante da infância e adolescência.
to humano, pois é diretamente através dela que nos comunicamos
com as nossas emoções.
Em todas as sociedades e em todos os tempos a infância apare-
É na família que a criança aprende a lidar com os sentimentos,
ce como fase de preparação para a vida adulta. Apesar desta apre-
pois o grupo familiar está unido pelo amor e nele também aconte-
sentar características bem diferentes em cada sociedade, todas
cem discussões, momentos de raiva, de tristeza, de perdão de en-
buscam a superação da fragilização humana.
tendimento. A criança vivencia o ódio e o amor e aprende a perdo-
ar e amar, preparando-se para conviver adequadamente em uma
Assim, a história da infância aponta muitos questionamentos
sobre como nos relacionamos atualmente com as crianças. Rela- sociedade, de forma sociável. Os adolescentes também necessitam
cionamentos que demonstram sentimentos de amor e afeto entre de pessoas que lhes ensinem a conviver com esses sentimentos.
pais e filhos. Sentimentos que não existiam em séculos passados A afetividade já se inicia nos primeiros anos de vida, e os qua-
em nossa sociedade Ocidental, explicitados através de infanticí- tro primeiros anos da criança são particularmente fundamentais
dios, abandonos e alto índice de mortalidade infantil, aceitos com para a estruturação das funções cerebrais. Um bebê que passa dei-
naturalidade. tado, sem estimulação física e mental, certamente apresentará sé-
Após alguns séculos de descaso com a infância, aos poucos vai rias anomalias em sua evolução. As aptidões emocionais devem ser
surgindo um novo olhar sobre esta fase da vida, que alicerça a es- aprendidas e aprimoradas desde cedo, basta ensiná-las.
trutura humana. As autoridades governamentais, teóricos e pensa- Num certo sentido, temos dois cérebros, duas mentes e dois ti-
dores, trazem esperança para uma infância feliz, saudável e agradá- pos diferentes de inteligência: racional e emocional. Nosso desem-
vel, onde ser criança é sinônimo de alegria e despreocupação. Não penho na vida é determinado pelas duas, não é apenas o quociente
é por nada que a infância, hoje, dura mais tempo. Antigamente, aos de inteligência, mas a inteligência emocional também conta. Na
7 ou 8 anos, a criança assumia responsabilidades de adulto. Atual- verdade o intelecto não pode dar o melhor de si sem a inteligência
mente, a infância estende-se até os 12 anos. emocional. (GOLEMAN, 1995, p. 42)
A infância esta protegida por leis que asseguram uma melhor Os pais são os primeiros e mais importantes professores do cé-
qualidade de vida e que impedem que este período deixe marcas rebro. A carência emocional nos primeiros anos de vida da criança,
desastrosas na estrutura humana. Os vários segmentos sociais, trás consequências desastrosas para o desenvolvimento cognitivo,
tanto públicos, quanto privados, destinam interesse na garantia da apresentando déficits na aprendizagem, transtornos de comporta-
qualidade, validade e eficiência dos serviços prestados aos peque- mento, atitudes de violência, falta de atenção, desinteresse e fra-
ninos. Conclui-se, portanto, que as crianças estão amparadas pela cassos escolares.
sociedade, mas resta saber se cada membro desta sociedade, na O índice de violência e indisciplina nas escolas tem aumentado
sua individualidade, apresenta uma consciência da preservação do constantemente nos últimos anos, fator que preocupa tanto autori-
bem estar das crianças. Se cada família, cada escola, demonstrar dades educacionais, quanto professores, diretores e familiares. Ob-
através de seus atos, a dedicação, o respeito e a admiração pelo serva-se certa insensibilidade, falta de humanidade e desrespeito
princípio da estruturação humana, que seguirá carregando todas as nas atitudes e ações que muitas crianças e adolescentes apresen-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tam, tanto na escola, quanto fora desta. A impressão que temos é A afetividade, do ponto de vista popular, é uma explosão de
que a humanidade está doente, que o ser humano não consegue sentimentos que dão força, vontade, interesse, ou que trazem o
controlar mais suas emoções. desprazer, a apatia, a falta de interesse em buscar uma nova adap-
Os céticos se perguntam por que é necessário ensinar as crian- tação ou aceitação de nova mudança. Nesse sentido os sentimen-
ças a lidar com as suas emoções. Perguntam: “As emoções não tos interferem diretamente na construção da inteligência e no de-
ocorrem naturalmente às crianças?” A resposta e “não”, não mais. senvolvimento da aprendizagem.
Muitos cientistas acreditam que as emoções humanas evo- A concretização da afetividade na sala de aula acontece quan-
luíram principalmente como um mecanismo de sobrevivência. O do o professor olha o aluno como indivíduo único, com suas carac-
medo nos protege do mal e nos diz para evitarmos o perigo. A raiva terísticas próprias, reconhecendo suas capacidades e limitações. O
nos ajudar a superar barreiras para conseguirmos o que queremos. professor deve considerar a história de vida de cada aluno, dando
Ficamos felizes na companhia dos outros. Ao buscarmos contato oportunidade para interagir e conviver conforme seus conceitos
com seres humanos encontramos proteção dentro de um grupo, de vida. Sendo assim, estará melhorando a vivência e as relações
bem como oportunidade de nos associar com companheiros é asse- sociais.
gurar a sobrevivência da espécie. (SHAPIRO, 1998, p. 19)
Educar as emoções é tão importante quanto ir para a escola, O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
aprender a ler, escrever, calcular e conviver com outras pessoas de “A afetividade e o desenvolvimento da inteligência estão indis-
forma sociável. Mas como devemos educar nossos sentimentos? sociadas e integradas, no desenvolvimento psicológico, não sendo
Pergunta que explode em nossa mente toda vez que nos depara- possível ter duas psicologias, uma da afetividade e outra da inteli-
mos com situações que exigem muito mais do que teorias. Quantas gência para explicar o comportamento.” (PIAGET, apud ARANTES,
vezes já nos encontramos em posições que determinam atitudes 2003, p.56).
rápidas, sem nos deixar consultar nossos conceitos e ideais. Apenas O desenvolvimento cognitivo é interno e contínuo, acontece
uma palavra ou uma atitude mudam um cenário. É nessa fração de desde os primeiros dias até o fim de nossas vidas. O pensamento
segundos que demonstramos nosso grau de inteligência emocional. do bebê vai se desenvolvendo de acordo com suas estruturas, par-
Alem da família, a escola também é responsável pela formação tindo do motor para o lógico e abstrato. Para que este desenvolvi-
integral do aluno: mento aconteça de forma natural e saudável é preciso que a crian-
Na área educacional o trajeto também não foi e não e muito ça seja estimulada constantemente através de percepções táteis,
diferente. É comum, ainda hoje, no âmbito escolar, o uso de uma auditivas, visuais, motoras e afetivas. “A qualidade do pensamento
concepção teórica que leva os educadores a dividirem a criança em ou das emoções, vai sendo elaborado à medida que o homem tem
duas metades: a cognitiva e a afetiva. Esse dualismo é um dos maio- controle sobre si mesmo, sendo capaz de controlar os impulsos e as
res mitos presentes na maioria das propostas educacionais da atua- emoções.” (VYGOTSKY apud ARANTES, 2003, p. 21).
lidade. A crença nessa oposição faz com se considere o pensamen- As fases de desenvolvimento cognitivo segundo Piaget:
to calculista, frio e desprovido de sentimentos, apropriado para a Sensório motor ou prático (0 – 2 anos): a criança conhece o
instrução de matérias escolares clássicas. Acredita-se que apenas o mundo através das ações que ela exerce sobre determinados ob-
pensamento leve o sujeito a atitudes racionais e inteligentes, cujo jetos e observa a reação destes. As ações são reflexos ou manipu-
expoente máximo é o pensamento cientifico e lógico-matemático. lações.
Já os sentimentos, vistos como “coisas do coração”, não levam ao Pré-operatório ou intuitivo (2 – 6 anos): aparecimento da lin-
conhecimento e podem provocar atitudes irracionais. Produzem guagem que representa imagens e objetos. O pensamento é intui-
fragilidade de segundo plano, próprias da privacidade “inata” de tivo e egocêntrico.
cada um. Seguindo essa crença, as instituições educacionais cami- Operatório-concreto (7 – 11 anos): ainda necessita do concreto
nharam para a ênfase da razão, priorizando tudo o que se relaciona para fazer a abstração de seu pensamento.
ao mérito intelectual. (VASCONCELOS, 2004, p. 617) Operacional-formal ou abstrato (11 anos): A operação se reali-
A aprendizagem está intimamente ligada à afetividade, pois, za através da linguagem. O raciocínio acontece com o levantamen-
sem afetividade, não há motivação e sem motivação, não há co- to de hipóteses e possíveis soluções.
nhecimento. Piaget defende que o desenvolvimento cognitivo acontece
“A afetividade não se restringe às emoções e aos sentimentos, através de estruturas pré-definidas e tem seu ponto máximo por
mas engloba também as tendências e a vontade.” (PIAGET apud volta dos 15 anos, sendo que, até então a criança ou adolescente já
ARANTES, 2003, p.57) definiu o seu grau de erudição.
Alguns pressupostos teóricos sobre a afetividade, segundo Pia-
Segundo Piaget, o conhecimento está na interação do sujeito
get:
com o objeto. É na medida em que o sujeito interage que vai pro-
- inteligência e afetividade são diferentes em natureza, mas
duzindo sua capacidade de conhecer e vai produzindo também o
indissociáveis na conduta concreta da criança, o que significa que
próprio conhecimento. Mesmo que haja diferenças nas vivencias
não há conduta unicamente afetiva, bem como não existe conduta
das pessoas, ele sustentou o fato de que o caminho do desenvol-
unicamente cognitiva;
vimento é sempre o mesmo, é uma sequência necessária. O meio
- a afetividade interfere constantemente no funcionamento da
pode acelerar, retardar, ou impedir a sequência do desenvolvimen-
inteligência, estimulando-o perturbando-o, acelerando-o ou retar-
to e a aquisição do conhecimento. (apud FRANCO, 1993)
dando-o;
- a afetividade não modifica as estruturas da inteligência, sen- Segundo Vygotsky (1991), a aprendizagem e o desenvolvi-
do somente o elemento energético das condutas. (ARANTES, 2003, mento estão inter-relacionados desde o nascimento. O indivíduo
P. 57) se apropria das formas culturais que já existem e, a partir de en-
tão, internaliza e elabora novos conceitos que haverão de dar-lhe
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

possibilidades de um desenvolvimento cada vez mais complexo. É ticos separados no nascimento foram mais conservadores, dizen-
na problematização que se estabelece uma facilitação a internaliza- do que o ambiente pode causar uma diferença de até 20 pontos.
ção, isto sempre na interação com outros sujeitos e o meio. (MEYERHOFF, MICHAEL)
Para que esta interação se efetive, criou o que ele chamou de A entrada da criança na escola traz muitas mudanças emocio-
ZDP - (Zona de Desenvolvimento Proximal), ou seja: distância entre nais, pois esta necessita se separar da família e fazer novas ami-
o nível de desenvolvimento real, determinado pela capacidade de zades, adaptando-se a outros ambientes. Neste momento, tanto a
resolver um problema sem ajuda, e o nível de desenvolvimento po- família quanto a escola devem ter consciência da situação e esta-
tencial, determinado através de resolução de um problema sob a rem preparadas para auxiliar a criança, amenizando os sintomas do
orientação de um adulto ou em colaboração com outro companhei- afastamento familiar.
ro. Quer dizer, é através das informações adquiridas, que a pes- O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E A AFETIVIDADE
soa tem a potencialidade de aprender, mas ainda não completou o Existe uma visão cultural dualista, onde separa as emoções da
processo, conhecimentos fora de seu alcance atual, mas potencial- razão, tendo como base a separação do corpo de da mente. Mas,
mente atingíveis. estudos mais recentes mostram que razão e emoção estão intima-
Vygotsky acredita que a possibilidade de desenvolvimento cog- mente ligadas e dependentes.
nitivo perdura para o resto da vida. Tanto um adulto, quanto uma O comportamento é o reflexo dos pensamentos, e este tem re-
criança tem as mesmas condições e possibilidades de aprendiza- lação íntima com o afeto. Um depende do outro e suas qualidades
gem, e esta acontece através do meio social e cultural, na interação dependem da aprendizagem adquirida no decorrer da vida.
com outros sujeitos. Quem separa desde o começo o pensamento do afeto fecha
para sempre a possibilidade de explicar as causas do pensamento,
Tanto Piaget como Vygotsky, acreditam que a inteligência é a porque uma análise determinista pressupõe descobrir seus moti-
capacidade de aprender sempre e renovar o conhecimento com vos, as necessidades e interesses, os impulsos e tendências que
base em novos conceitos, superando as novas situações. regem o movimento do pensamento em um ou outro sentido. De
A gênese da inteligência para Wallon é genética e organica- igual modo, quem separa o pensamento do afeto, nega de antemão
mente social.O desenvolvimento da criança é descontínuo, contra- a possibilidade de estudar a influencia inversa do pensamento no
ditório e conflituoso, demarcado pela contextualização ambiental, plano afetivo, volitivo da vida psíquica, porque uma análise deter-
social e familiar que a criança está inserida. minista desta última inclui tanto atribuir ao pensamento um poder
mágico capaz de fazer depender o comportamento humano único
Fases do desenvolvimento humano: e exclusivamente de um sistema interno do indivíduo, como trans-
Impulsivo-emocional: ocorre no primeiro ano de vida, a afeti- formar o pensamento em um apêndice inútil do comportamento,
vidade orienta o bebê quanto as suas ações frente às pessoas. Sen- em uma sombra sua desnecessária e impotente. (VYGOTSKY apud
sório-motor e projetivo: vai até os três anos de idade, é a fase onde ARANTES, 2003, P. 18)
a criança aprende a manipular os objetos e a expressar usando a Em nossas escolas ainda é comum à divisão de afeto e aprendi-
linguagem e gestos. Personalismo: dos três anos aos 6 anos, nesta zagem cognitiva. Uma criança pode não aprender porque está com
fase a criança desenvolve a consciência de si perante as mediações problemas cognitivos ou afetivos. Separar as emoções da razão é
sociais. Categorial: o progresso intelectual dirige a criança para a um mito. Acreditar que só o pensamento racional tem valor torna
aprendizagem do mundo que o cerca. Predominância funcional: este pensamento frio e calculista. Apenas o pensamento lógico-ma-
nesta fase ocorre uma reorganização da personalidade devido às temático torna o sujeito aprendente e inteligente. O pensamento
alterações hormonais e transformações físicas, onde são trazidas á emotivo torna a pessoa frágil, seguindo as próprias emoções.
tona questões morais e existenciais. Para que o aluno possa aprender de forma qualitativa e signi-
Deve-se ter cuidado para que as etapas de desenvolvimento ficativa é necessário que as estruturas e organizações internas pos-
cognitivo não rotulem as individualidades de cada criança, pois sam absorver novos conhecimentos a partir de outros já assimila-
cada ser tem suas próprias características e individualidades que dos, relacionando-os de forma substancial, além disso, é necessário
apresentam um ritmo único para o desenvolvimento. Cada fase que o aluno queira aprender novos conhecimentos. A aprendiza-
de desenvolvimento depende de múltiplos fatores, tanto sociais, gem e o interesse por novos conhecimentos dependem do contex-
emocionais, físicos, quantos outros que interferem na passagem de to interno, relativo à individualidade de cada aluno e as condições
uma fase para outra. externas no meio que este está inserido. É neste contexto que o
Existe um grande debate sobre até que ponto a inteligência é professor aparece como facilitador e mediador, transmitindo e
herdada. Parece claro que não nascemos com um nível pré-defini- proporcionando ao aluno condições de aprendizagem que será in-
do de inteligência e que muitos fatores ambientais podem afetar o fluenciado pela afetividade nas relações entre professor e aluno. A
nível da inteligência de uma criança durante o seu desenvolvimen- falta de afetividade não irá determinar o grau de inteligência cog-
to. Hoje, alguns psicólogos cognitivos acreditam que embora os li- nitiva do indivíduo, mas pode sim, retardar seu desenvolvimento.
mites externos da inteligência possam ser fixados no nascimento, Para alcançar esse objetivo, não podemos recorrer a métodos
o ambiente em que uma criança vive pode fazer uma diferença de antigos, mas desenvolver uma metodologia imaginativa que não li-
até 40 pontos no seu QI (quociente de inteligência, o número que mite o novo a mesma coisa de sempre. E necessário partir da idéia
indica o nível da inteligência de uma pessoa e é avaliado em testes de que toda a aprendizagem é um processo dinâmico e, como tal,
especiais). Este valor é espantoso se considerarmos que é a mesma requer uma construção, e essa, por sua vez, requer algum tempo.
distância entre o limite de retardamento mental (80 pontos de QI) Nesse processo devem ser tecidas as relações entre aspectos cogni-
e o valor médio de um formando da faculdade (120 pontos). Ou- tivos e afetivos, entre fenômenos científicos e cotidianos, entre os
tros psicólogos que conduziram estudos clássicos de gêmeos idên- aspectos considerados pertencentes à vida pública e os considera-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

dos exclusivos da vida privada, para reunir o que já havia sido arbi- não grita, nos ajuda, querido, bem humorado). Isso demonstra que
trariamente separado e que provoca cisões, também arbitrárias, no a metodologia de ensino e os conteúdos não têm tanta importância
psiquismo dos estudantes. (ARANTES, 2003, p.143) para as crianças, mas sim, a atitude do professor em sala de aula.
Desejamos preparar os nossos alunos para uma vida em so- As intervenções feitas pelo professor, em sala de aula, como forma
ciedade e esquecemos de prepará-los para uma vida privada, onde de reforçar a aprendizagem, são avaliadas pelos alunos, onde estes
conviverão consigo mesmos. Essa separação entre a mente e a ra- figuram como o professor inferiu o momento e o motivo da inter-
zão, deixou uma herança que ainda é tida como verdadeira e que venção. Essas intervenções são absorvidas pelos alunos de forma
precisa ser desmistificada para que possamos abrir novos caminhos afetiva e pessoal, onde podem ajudar no seu desenvolvimento ou
rumo à formação integral de nossos alunos. atrasá-lo, podem interferir na relação entre professor e aluno, in-
Toda aprendizagem está envolvida de inúmeros significados fluenciando diretamente o processo de aprendizagem.
e sentimentos. O objeto da aprendizagem tem significado relativo A afetividade não se restringe apenas ao carinho, toque físico,
para cada individuo, sendo que cada ser emprega em sua apren- e palavras de incentivo. O respeito, a oportunidade de crescimen-
dizagem toda história de vida e todas as emoções e sentimentos to, a valorização individual, a imposição de limites, e a aceitação
que o objeto desperta em seu interior. Portanto, tanto o aspecto pessoal são demonstrações de afeto com a criança. Mas não é só a
cognitivo quanto o afetivo fazem parte da aprendizagem. relação verbal e sinestésica que demonstram importância ao sujei-
to escolar, valorizando seus interesses e ideais. A escola, como um
A AFETIVIDADE NA ESCOLA todo, deve estar preparada para receber o aluno, com condições
Na atualidade a escola ainda apresenta o pensamento dualista, mínimas de estrutura física e organização curricular. Sabe-se, que
valorizando o pensamento lógico e desprezando as emoções e sen- o insucesso escolar, acontece quando o aluno não tem motivação
timentos. Em vista disto, muitas crianças e adolescentes sentem-se para a aprendizagem. Duas questões são sugeridas como forma de
deixados de lado ou tratados com preconceito por exporem suas amenizar o fato em questão: o professor deve ser mediador e o
emoções ou pensarem de forma emotiva. currículo escolar deve estar adequado aos interesses gerais do pú-
Passamos em média 20 anos de nossas vidas sendo educados blico atendido na instituição escolar. O professor mediador, deve
pela escola e saímos dela sem nos conhecermos. A escola deveria investigar o interesse do aluno, buscando alternativas para moti-
ter como objetivo central, formar cidadãos mais felizes e mental- vá-lo diante dos conteúdos a serem oferecidos. Deve estar atento
mente saudáveis. A educação deveria ser centrada no individuo e a todos os alunos, para conhecer cada um nas suas limitações e
na sua formação, não nas informações repassadas a este. capacidades, e assim oferecer atividades adequadas, a fim de não
frustrar suas expectativas de aprendizagem. O currículo adequado
Definitivamente, os alunos e as alunas aprendem tudo aquilo à instituição escolar, deve ser construído observando os interesses
que acreditamos prepará-los para a vida pública, mas não compete do local onde a escola esta inserida, proporcionando assim, a apro-
ao sistema educativo prepará-los para que tenham uma boa for- ximação da escola com a sociedade, criando afinidade e interesses
mação cognitiva, mas não fazemos nada para que também tenham comuns.
uma boa formação emocional; desenvolvemos o seu pensamento
para que possam entender o científico, mas não tentamos fazê-los A AFETIVIDADE NA FAMÍLIA
compreender o cotidiano. Preparamos os estudantes para o públi- As sensações obtidas pelo bebê, desde o nascimento, são
co, o cognitivo e o científico, mantendo-os na ignorância quanto ao transmitidas principalmente pela mãe, onde o recém nascido re-
privado, ao emocional e ao cotidiano, isto é, eles são mantidos na cebe e interpreta essas emoções construindo o seu caráter psi-
ignorância em relação aos conhecimentos tradicionalmente con- cológico. O afeto adquirido na família, na primeira infância, serve
siderados pertencentes ao universo feminino. (ARANTES, 2003, P. de aparato para as relações humanas posteriores. O ser humano
134) aprende da convivência com outras pessoas e através da transmis-
Um problema preocupante que as instituições escolares en- são de valores culturais a agir, pensar, falar e sentir. Sendo assim,
frentam hoje é a dificuldade na aprendizagem. Esse problema não o aprendizado das emoções inicia-se ainda nas primeiras horas de
está sozinho, traz consigo inúmeros outros que se entrelaçam e vida da criança e se prolonga por toda sua existência.
formam uma teia de dependências produzindo o fracasso escolar. As famílias da atualidade estão cada vez mais distantesdos
Muitas vezes o fracasso escolar é oriundo da forma como as princípios de formação éticos, morais e afetivos, importando-se
crianças e adolescentes são tratadas na escola, em casa e no meio muito mais com valores econômicos, em vista de um modelo de
social. sociedade baseado na teoria do consumo. Essas famílias trabalham
Sabe-se que a educação regular é, atualmente, uma máquina para conseguir acompanhar as rápidas e constantes mudanças eco-
de excluir os diferentes. Mais do que isso, as práticas educativas nômicas.
adotadas em nossas escolas são em realidade fabricantes dessa Não é mais possível um único membro da família prover com
nova categoria de crianças, as excluídas do sistema regular de en- sustento básico para seus integrantes, é necessária a colaboração
sino. (...) Tais crianças se tornam fracassadas escolares pelo modo de outros membros familiares para garantir uma vida familiar dig-
como a escola aborda, ataca, nega e desqualifica o degrau, a di- na. Em vista disto, as crianças, são as maiores prejudicadas, pois
ferença social, o desencontro de linguagens entre as crianças de são afastadas do seio familiar desde cedo, aprendendo a convier
extração pobre, de um lado, e a escola comprometida com outras com outras pessoas e outros conceitos de mundo. Esse afastamen-
extrações sociais, de outro. (ARANTES, 2003, P.49) to traz um distanciamento entre o grupo familiar, criando-se algu-
As relações interpessoais exigem trocas de afetos. Nas rela- mas divergências quanto aos direitos e deveres familiares. A família
ções, professor e aluno, por mais profissionais que sejam, também muitas vezes, encaminha a criança para uma instituição escolar cui-
existem trocas de afetos. O professor é avaliado pelo aluno, com dar (creches, escolinhas, escola regular), pois não dispõe de tempo
adjetivos que demonstram afetividade (o professor é bonzinho, para ficar com a criança, sendo que necessita trabalhar. Nesta situ-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ação, muitas famílias acreditam que a escola compromete-se com A SOCIEDADE EM COLABORAÇÃO COM A FAMILIA
todos os aspectos educacionais e afetivos para o desenvolvimento Antes da sociedade industrial, como já vimos anteriormente, a
da criança. Mas a escola ainda não apresenta condições para assu- criança aprendia através da convivência com adultos, ajudando no
mir tais compromissos de forma integral, assim sendo, nem a esco- trabalho. Nesta forma coletiva de aprendizagem, a família não de-
la e nem a família apresentam condições ideais para a formação de terminava a socialização da criança, esta se dava através das obser-
sujeitos que saibam relacionar-se adequadamente no meio social. vações e do próprio fazer. Com o fortalecimento do capitalismo, a
A família é a base mais importante para o desenvolvimento organização familiar foi se modificando, a educação e a socialização
integral e saudável da criança. É nela, que o indivíduo vai adquirir das crianças passam a ser responsabilidades da escola e da família.
o princípio de toda a sua formação. Uma família não precisa ser O capitalismo transformou as relações sociais da família com
necessariamente tradicional (mãe, pai e filhos), para que os seus as crianças. Hoje, a família é a primeira e principal responsável pela
integrantes sejam felizes e empreguem uma educação saudável, educação das crianças. Na sua ausência, o Poder Público, ou seja, a
preparando as crianças para uma vida social harmoniosa. A mãe, sociedade direciona a formação da criança ou adolescente.
tem papel importante na educação das emoções, é através dela A adolescência e a infância têm grande relevância em nossa
que o bebê tem os primeiros contatos de troca de afeto. A ausência sociedade, são amparadas por leis especificas e políticas públicas
da mãe e a sua não substituição pode acarretar problemas diversos que auxiliam na melhor qualidade de vida e na formação integral
na criança, como: trauma, choque, angustia, neuroses, obsessão, do sujeito.
que reduzem a capacidade de adaptação ao meio social. Se a au- A grande importância para esta fase da vida tem fator decisivo
sência da mãe for substituída brevemente, os sintomas podem de- em termos sociais, já que é na infância e adolescência que cons-
saparecer ou diminuírem. As consequências das carências afetivas truímos a personalidade humana dos sujeitos que, futuramente
pela falta da figura materna, tornam-se mais graves à medida que farão parte de uma sociedade, como agentes transformadores e
a criança for mais jovem, pois o traumatismo afetivo atinge várias atuantes.
outras áreas (psicomotor, intelectual e físico). Pesquisas mostram Tudo se relaciona determinando as características da socie-
que crianças que tiveram uma ausência materna muito cedo, não dade. O sujeito que está inserido nela, pode transformá-la, e esta
conseguem relacionar-se afetivamente, mesmo quando subme- pode transformar o sujeito. A escola e a família devem funcionar
tidas a cuidados afetuosos individuais, tornando-se indiferentes, como filtros desta troca, deixando passar somente o que é conside-
agressivas, destruidoras, hostis, deprimidas e tristes. A carência rado saudável, para a formação das crianças e adolescentes.
afetiva materna não só produz choque imediato, mas deterioração É fácil imaginar como uma criança aprende a sentir e a rea-
progressiva. Independente de outras condições de ordem física e gir diante de tantas incertezas e variações que vivencia. Ao mesmo
mental, a problemática emocional deve ser considerada fator de- tempo em que instiga para o crescimento intelectual, cria insegu-
cisivo na adaptação e rendimento do escolar, podendo trazer sé- rança e assusta. Essa ambiguidade comportamental gera anseios e
rias consequências ao desenvolvimento e progresso educacional, expectativas, que muitas vezes atrapalha o desenvolvimento cog-
devendo a escola oferecer condições de estabilidade emocional e, nitivo da criança ou do adolescente. Repetência, desatenção, falta
através do diagnostico precoce, dos encaminhamentos adequados, de concentração, desinteresse pela aquisição do novo, abandono
da programação adequada das atividades escolares e da prepara- escolar, violência, são comuns em nossas escolas. Suas raízes, mui-
ção dos professores, atender a esses casos prontamente, traba- tas vezes, estão na própria estrutura social.
lhando conjuntamente com os pais. (NOVAES, 1986) Ainda que tenham sido por muito tempo portadores dos mais
representativos valores de sua sociedade, os professores duvidam
A escola, juntamente com o grupo familiar, deve buscar os hoje de seu direito. Valorizar o trabalho em uma sociedade em que
mesmos objetivos, visando sempre à formação integral do sujei- se habitua a conviver com 10% de desempregados é uma boa ação?
to escolar. É necessário que a família responsabilize-se também, Em uma caricatura recente, jovens perguntavam-se se a escola,
pela educação das crianças, pois a escola sozinha não apresenta mais do que prepará-los para os exames, não deveria formá-los
condições estruturais e pedagógicas necessárias para cumprir com para o “inquérito”, a fórmula que se usa no direito francês para
tantas responsabilidades, (currículo, saúde física e mental, ética, designar a abertura de uma instrução judicial...[...]. (PERRENOUD,
moral, valores, cultura, assistência social etc). 2000, p.153) Na escola, o aluno aprende o respeito, a aceitação,
Art. 4º - É dever da família, da comunidade, da sociedade em a cidadania e, na medida do possível, vivência essas experiências,
geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a convivendo com colegas de diferentes, culturas. Aceitando as dife-
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, renças físicas e mentais, através da inclusão social. Mas, além dos
à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à muros escolares, encontra preconceito racial, social e cultural. Falta
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comu- de ética, moral, cidadania, humanismo. Se o individuo está prepa-
nitária. (ECA, 1990, P. 12) rado para enfrentar essa ambiguidade social, saberá viver plena-
Entende-se que todos somos responsáveis pela formação inte- mente.
gral e global da criança e do adolescente, mas a família é a primeira
que deve responsabilizar-se pelos indivíduos menores, sendo que
GESTÃO ESCOLAR EM BUSCA DE SOLUÇÕES
na sua ausência, a comunidade, a sociedade e o Poder Público assu-
Algumas escolas preocupam-se somente com a qualidade das
mem as responsabilidades que deveriam ser da família.
informações que irão passar aos alunos. Não estão dando atenção
Muitas famílias, às vezes, por falta de informação ou por des-
aos interesses, sonhos, frustrações, desejos, anseios dos educan-
cuido, não cumprem com seu papel, no que é assegurado como di-
dos. Isso transforma a instituição escolar em um espaço sem senti-
reito da criança e do adolescente e prejudicam a formação holística
do, onde a aprendizagem dos conteúdos oferecidos se modifica em
do individuo. Sendo assim, a escola, deve estar atenta e preparada
para intervir nesta família a fim de auxiliá-la na superação de suas algo sem significado, sem proveito.
dificuldades.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A escola deve fazer o papel de mediadora entre o sujeito, a fa- fessor como facilitador da aprendizagem, ou ainda como mediador
mília e a sociedade, aproximando as realidades e quebrando para- do conhecimento. Aqui a proposta é discutir referências teóricas e
digmas de uma educação conceitual e de informações, para trans- metodológicas que possam revelar uma concepção não linear da
formar-se em uma educação integral, onde valoriza o ser humano relação em foco, bem como criticar as concepções de professor fa-
como um todo: mente, corpo e alma. cilitador e professor mediador.
Muitas escolas confundem a parceria com a família, em um A mediação no campo educacional é geralmente considerada
relacionamento de cobranças, onde a escola transfere algumas res- como o produto de uma relação entre dois termos distintos que,
ponsabilidades para a família e com isso a família transfere outras por meio dela podem ser homogeneizados. Essa homogeneização
responsabilidades para a escola. Esta relação transforma-se em um elimina a diferença entre eles e, por conseguinte, a possibilidade
jogo de empurra-empurra, e ninguém assume suas reais funções. de conflito entre ambos. Portanto, quando se compreende a me-
A escola não deve ser só um local de aprendizagem, mas deve diação como o resultado, como um produto, a necessária relação
ser uma extensão da família, onde deve haver continuidade da vida entre dois termos se reduz à sua soma, o que resulta na sua anula-
afetiva e a busca pela formação de indivíduos sadios. Segundo De- ção mútua, levando-os ao equilíbrio. Essa ideia concebe a mediação
lors, a educação deve preparar os indivíduos para conhecerem-se a como o resultado da aproximação entre dois termos que, embora
si e aos outros, através de uma noção de mundo. distintos no início, quando totalmente separados, tendem a igua-
Para podermos compreender a crescente complexidade dos lar-se à medida que se aproximam um do outro.
fenômenos mundiais, e dominar o sentimento de incerteza que Em estudos desse contexto discute-se o conceito de mediação
suscita, precisamos, antes, adquirir um conjunto de conhecimentos local, indicando que mediar implica solucionar conflitos por meio
e, em seguida, aprender a relativizar os fatos e a revelar sentido de ações educativas. Assim, a mediação restringe-se a uma ação
critico perante o fluxo de informações. A educação manifesta aqui, pragmática, circunscrita a uma situação de conflito. Este entendi-
mais do que nunca, o seu caráter insubstituível na formação da ca- mento da mediação não é muito distante daquele em que ela é
pacidade de julgar. Facilita uma compreensão verdadeira dos acon- compreendida na situação da sala de aula.
tecimentos, para lá da visão simplificadora ou deformada transmiti- A mediação na sala de aula é também pragmática, pois preten-
da, muitas vezes, pelos meios de comunicação social e o ideal seria de que o aluno aprenda de modo imediato. Nos dois casos, em que
que ajudasse cada um a tornar-se cidadão deste mundo turbulento mediar é agir de modo pragmático, todo conflito pode ser “solucio-
e em mudança, que nasce cada dia perante nossos olhos. (DELORS, nado”, e o aluno pode “aprender”.
1998, P.47) Para compreendermos a mediação na sala de aula, é preciso,
A escola deve repensar seu currículo para que seja capaz de ca- em primeiro lugar, estabelecermos que o estudante está sempre
minhar junto com as mudanças tecnológicas, sociais, políticas, am- no plano do imediato, e o professor está, ou deveria estar, no pla-
bientais, financeiras. Sendo assim, poderá transformar a educação no do mediato. Assim, entre eles se estabelece uma mediação que
oferecida em conhecimento. visa, como já o dissemos, a superação do imediato no mediato. Em
Devemos cultivar, como utopia orientadora, o propósito de outras palavras, o estudante deve superar a sua compreensão ime-
encaminhar o mundo para uma maior compreensão mútua, mais diata e ascender a outra que é mediata. E isso só pode ocorrer pela
sentido de responsabilidade e mais solidariedade, na aceitação das ação do professor que medeia com o aluno, estabelecendo com
nossas diferenças espirituais e culturais. A educação, permitindo ele uma tensão que implica negar o seu cotidiano. Por outro lado,
o acesso de todos ao conhecimento, tem um papel bem concreto o aluno tentará trazer o professor para o cotidiano vivido por ele,
a desempenhar no cumprimento desta tarefa universal: ajudar a aluno, negando, assim, o conhecimento veiculado pelo professor.
compreender o mundo e o outro, a fim de que cada um se compre- Nessa luta de contrários – professor e aluno, conhecimento siste-
enda melhor a si mesmo. (DELORS, 1998, P.50) matizado pela humanidade e experiência cotidiana – é que se dá a
A afetividade aparece como forma de compreensão humana mediação; e ela ocorre nos dois sentidos, tanto do professor para o
em busca de um mundo mais justo e solidário, concretizado através aluno quanto do a É uma luta de contrários.
da educação. A gestão escolar deve estar preparada para assumir Esse modo de compreender a mediação não aceita a ideia do
os desafios de uma educação humanitária. professor mediador do conhecimento, tampouco a noção de pro-
A proposta apresentada busca reorganizar a escola no tempo, fessor facilitador da aprendizagem.
e no espaço por meio de um currículo com conteúdos não frag-
mentados e que sejam contextualizados com as vivencias morais, Essas duas acepções são equivocadas, porque, em primeiro
culturais e étnicas, valorizando as emoções e os sentimentos de lugar, o professor não é o único mediador, pois o aluno também
cada indivíduo. medeia, e, em segundo lugar, a mediação não se estabelece com o
Fonte: conhecimento e sim entre o aluno e o professor. Trata-se de uma
https://www.webartigos.com/artigos/a-afetividade-e-o-desenvolvi- automediação no segundo sentido atribuído por Mészáros; ou seja,
mento-cognitivo-na-educacao-pos-moderna/13509#ixzz54XyTWIC6 a mediação entre o homem e os outros homens: aluno para o pro-
fessor. Em outros termos, a mediação, na escola, é um processo
que ocorre a sala de aula e promove a superação do imediato no
Processos de Ensino-Aprendizagem mediato por meio de uma tensão dialética entre pólos opostos.
Quando entendida na perspectiva do senso comum, a relação A relação entre o homem e a natureza é ‘automediadora’
ensino-aprendizagem é linear; assim, quando há ensino, deve ne- num duplo sentido. Primeiro, porque é a natureza que propicia a
cessariamente haver aprendizagem. mediação entre si mesma e o homem; segundo, porque a própria
Ao inverso, quando não houve aprendizagem, não houve en- atividade mediadora é apenas um atributo do homem, localizado
sino. Desse modo, o ensino é subordinado à aprendizagem. Essa numa parte específica da natureza. Assim,na atividade produtiva,
subordinação é expressa em concepções que compreendem o pro- sob o primeiro desses dois aspectos ontológicos a natureza faz a
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mediação entre si mesma e a natureza; e, sob o segundo aspecto ocupar-se em compatibilizar a seleção do conhecimento a ser ensi-
ontológico - em virtude do fato de ser a atividade produtiva ine- nado com a possibilidade de aprendizagem dos alunos. Nos dias de
rentemente social - o homem faz a mediação ente si mesmo e os hoje, é bastante comum que a seleção seja abrangente; e isso pode
demais homens. (Mészáros, 1981, p.77-78) levar os professores a apresentarem aos seus alunos informações
Sendo a mediação na sala de aula uma automediação, não po- supérfluas, que, quando confundidas com conhecimento, não lhes
demos abrir mão da relação direta entre professor e aluno. Desse permitem fazer as sínteses necessárias para a superação do cotidia-
modo, não podemos substituí-la por falsos mediadores, como por no, produzindo neles uma “erudição balofa” que pode ao contrário
exemplo, a exibição de filmes quando a temática não corresponde encerrá-los na vida cotidiana. Esse equívoco ocorre, por exemplo,
àquela tratada pelo professor, ou a execução aleatório de ativida- quando o professor de História, ao abordar a Revolução francesa,
des de ensino. Os professores que se utilizam com frequência des- preocupa-se com detalhes da vida privada de Maria Antonieta ou
ses recursos nutrem a esperança de que essas práticas sejam capa- com a moda ditada por Luís XV. Ainda exemplificando, o mesmo
zes de estabelecer mediações que eles, os professores, talvez não pode ocorrer com o professor de Literatura que expõe aos alunos
se sintam seguros para desenvolver. Alguns professores precisam os períodos literários e seus principais expoentes sem apresentar
ser lembrados de que sala de aula não é sala de cinema nem oficina as relações entre os autores, bem como entre os períodos literá-
de terapia ocupacional. rios, ocultando assim a historicidade inerente à literatura.
Os professores que se utilizam desses artifícios o fazem mui- A erudição balofa pode também estar presente nas disciplinas
tas vezes no intuito de facilitar a aprendizagem; porém, sendo a ligadas às ciências naturais; ela tem levado os professores a acredi-
relação entre o ensino e a aprendizagem uma luta de contrários, tar que quanto maior a quantidade de informações mais os alunos
não há como facilitá-la. Ao inverso, o professor deve dificultar a sabem.
vida cotidiana do aluno inserindo nela o conhecimento, e, dessa A segunda atividade desenvolvida pelo professor é a organiza-
forma, negando-a. Pois, na vida cotidiana não há conhecimento e ção, ou seja, diante da seleção feita a partir de um tema é preciso
sim experiência. Desse modo, não há como facilitar o que é difícil. organizar esta seleção para apresentá-la aos alunos. Desde o mo-
Aprender é difícil. mento em que fazemos a seleção já não podemos falar mais em te-
será sempre necessário que ela [criança] se fatigue a fim de mas; devemos preocupar-nos com os conceitos que os constituem.
aprender e que se obrigue a privações e limitações de movimento Agora o que o professor deve fazer é organizar os conceitos e as
físico isto é que se submeta a um tirocínio psicofísico. Deve-se con- relações entre eles. Esse processo, de acordo com Lefebvre (1983),
vencer a muita gente que o estudo é também um trabalho e muito implica dois movimentos: a retrospecção e a prospecção.
fatigante com um tirocínio particular próprio, não só muscular-ner- A retrospecção permite que o estudante compreenda o pro-
voso mas intelectual: é um processo de adaptação, é um hábito ad- cesso de formação e desenvolvimento do conceito abordado e a
quirido com esforço, aborrecimento e mesmo sofrimento. (Gramsci, prospecção possibilita o entendimento do estado atual do conceito
1985, p. 89) Como assinala Gramsci, a aprendizagem depende do a partir das relações que o conceito estudado estabelece com ou-
esforço pessoal de cada estudante. É claro que o professor sem- tros, tanto com aqueles que o corroboram quanto com os que a ele
pre poderá intervir, de modo direto, neste processo, auxiliando se opõem. A prospecção do conceito permite o estabelecimento
o aluno. Ele deve esforçar-se para que os estudantes aprendam, de relações interdisciplinares, a que temos chamado de interdisci-
mas não pode minimizar nem esconder as dificuldades inerentes plinaridade conceitual para distingui-la daquela que é corrente na
à aprendizagem. Quando se compreende a relação ensino-apren- escola, a interdisciplinaridade temática. Não podemos ensinar por
dizagem na sala de aula como mediação, o ensino e aprendizagem meio do tema, devemos fazê-lo por meio do conceito. Evitamos o
são opostos entre si e se relacionam por meio de uma tensão dialé- uso da expressão conteúdo de ensino em virtude da sua impreci-
tica. Desse modo, esses termos, apesar de negarem-se mutuamen- são. Quando a organização do ensino é baseada nos processos de
te, se completam, mas, como já o dissemos, essa unidade não se retrospecção e prospecção de conceitos, o fundamental são as re-
estabelece de modo linear. lações que se estabelecem nos dois processos. No primeiro, elas
Neste artigo, conceituaremos primeiro o ensino e, pela sua ne- dizem respeito ao desenvolvimento do conceito, à oposição entre
gação, conceituaremos aprendizagem. Sabemos da dificuldade de a sua origem e o estado atual, no segundo, elas tratam dos vínculos
conceituar esses dois termos, pois de modo geral os estudiosos da entre conceitos. Assim, podemos afirmar que ensinar é fazer rela-
área de educação e os professores, talvez por influência das peda- ções. Por isso, ensinar é tão difícil quanto aprender.
gogias contemporâneas, não o fazem; pois preocupam-se quase ex- A terceira tarefa do professor é transmitir aos alunos aqui-
clusivamente com o “como ensinar”, ou mais precisamente como lo que foi previamente selecionado e organizado. Dessa forma,
facilitar a aprendizagem dos alunos. a transmissão é a única etapa do processo de ensino que ocorre
A ideia principal que informa o nosso conceito de ensino é a efetivamente na sala de aula. Em que pese o preconceito sobre a
de que ele expressa a relação que o professor estabelece com o palavra transmissão, não abrimos mão dela, porque é isso o que o
conhecimento produzido e sistematizado pela humanidade. Assim, professor faz na sala de aula. É na transmissão do conhecimento
o ensino constitui-se de três atividades distintas a serem desenvol- que ocorrem as mediações entre professores e alunos.
vidas pelo professor. Se o ensino é a relação que o professor estabelece com o co-
A primeira consiste em, diante de um tema, selecionar o que nhecimento, a aprendizagem ao contrário é a relação que o estu-
deve ser apresentado aos alunos; por exemplo, no tema “Revolu- dante estabelece com o conhecimento e, portanto, é nela que a
ção Francesa”, próprio da História, selecionar o que é mais impor- mediação se efetiva: pela superação do imediato no mediato.
tante ensinar aos alunos da 5ª série (nomenclatura brasileira). Já Não é possível discutir a aprendizagem como fizemos com o
o professor do 1º ano do Ensino Médio deve defrontar-se com a ensino, porque ela é de cunho singular e, dessa forma, ocorre de
mesma pergunta; a mesma situação se coloca ao professor univer- modo diverso em cada estudante. A discussão da aprendizagem
sitário encarregado de abordá-lo. Dessa forma, o docente deve pre- na perspectiva deste texto, ou seja, em oposição ao ensino, ainda
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

deve ser elaborada e, certamente, não poderá sê-lo pela psicologia, Mais tarde Comenius atribuiu seu caráter pedagógico ao defi-
mas sim pela filosofia. A única possibilidade, ainda que remota no ni-la como a arte de ensinar.
âmbito da psicologia, estaria no desenvolvimento do pensamento Nos dias atuais, a definição de didática ganhou contornos mais
de Vigotski, desde que compreendido numa perspectiva filosófica, amplos e deve ser compreendida enquanto um campo de estudo
pois a psicologia como ciência tem por objeto o comportamento, e que discute as questões que envolvem os processos de ensino.
aprender não é o mesmo que comportar-se, em que pese o esforço Nessa perspectiva a didática pode ser definida como um ramo da
das pedagogias contemporâneas em desenvolver esta associação. ciência pedagógica voltada para a formação do aluno em função de
Do nosso ponto de vista, o que a psicologia, no seu estado atual, finalidades educativas e que tem como objeto de estudo os proces-
pode fazer é controlar a aprendizagem, o que é diferente de com- sos de ensino e aprendizageme as relações que se estabelecem en-
preendê-la. tre o ato de ensinar (professor) e o ato de aprender (aluno). Nesta
Quando a relação ensino-aprendizagem é tomada na perspec- perspectiva a didática passa a abordar o ensino ou a arte de ensinar
tiva da mediação no seu sentido original, ao mesmo tempo em que como um trabalho de mediação de ações pré-definidas destinadas
não há uma relação direta entre ensino e aprendizagem, não há à aprendizagem, criando condições e estratégias que assegurem a
também uma desvinculação desses dois processos. Ou seja, para construção do conhecimento.
haver aprendizagem, necessariamente deve haver ensino. Nesse contexto, a Didática enquanto campo de estudo visa
Porém, eles não ocorrem de modo simultâneo. Dessa forma, propor princípios, formas e diretrizes que são comuns ao ensino de
o professor pode desenvolver o ensino – selecionar, organizar e todas as áreas de conhecimento. Não se restringe a uma prática de
transmitir o conhecimento – e o aluno pode não aprender. ensino, mas se propõe a compreender a relação que se estabelece
Para que o aluno aprenda, ele precisa desenvolver sua síntese entre três elementos: professor, aluno e a matéria a ser ensinada.
singular do conhecimento transmitido, e isso se dá pelo confron- Ao investigar as relações entre o ensino e a aprendizagem media-
to, por meio da negação mútua, desse conhecimento com a vida das por um ato didático, procura compreender também as relações
cotidiana do aluno. Como cada aluno tem um cotidiano, e o co- que o aluno estabelece com os objetos do conhecimento. Para isso
nhecimento é aprendido por meio da síntese já explicitada, o co- privilegia a análise das condições de ensino e suas relações com os
nhecimento não pode ser aprendido igualmente por todos os alu- objetivos, conteúdos, métodos e procedimentos de ensino.
nos, embora aquele transmitido pelo professor seja único. Assim, Entretanto, postular que o campo de estudo da Didática é res-
a relação ensino-aprendizagem na perspectiva aqui apresentada ponsável por produzir conhecimentos sobre modos de transmissão
expressa o vínculo dialético entre unidade e diversidade. Por isso, de conteúdos curriculares através de métodos e conhecimentos
o conhecimento transmitido pelo professor pode ser uno e aquele não deve reduzir a Didática a visão de estudo meramente tecnicis-
aprendido pelo aluno pode ser diverso. A unidade e a diversidade ta. Ao contrário, a produção de conhecimentos sobre as técnicas
são opostos que se completam, ou e é próprio do humano. de ensino oriundos desse campo de estudo tem por objetivo tornar
a pratica docente reflexiva, para que a ação do professor não seja
A organização didática do processo de ensino-aprendizagem uma mera reprodução de estratégias presentes em livros didáticos
Passa por três momentos importantes: o planejamento, a ou manuais de ensino. Não basta ao professor reproduzir pressu-
execução e a avaliação. Como processo, esses momentos sempre postos teóricos ou programas disciplinares pré-estabelecidos, as
se apresentam inacabados, incompletos, imperfeitos, flexíveis e informações acumuladas na prática ao longo do processo ensino-
abertos a novas reformulações e contribuições dos professores e -aprendizagem devem despertar a capacidade crítica capaz de pro-
dos próprios alunos, com a finalidade de aperfeiçoá-los de manei- porcionar questionamentos e reflexões sobre essas informações a
ra continua e permanente à luz das teorias mais contemporâneas. fim de garantir uma transformação na prática. Como um processo
Como processo, esses momentos também se apresentam interliga- em constante transformação, a formação do educador exige esta
dos uns ao outros, sendo difícil identificarem onde termina um para interligação entre a teoria e a prática como forma de desenvolvi-
dar lugar ao outro e vice-versa. Há execução e avaliação enquanto mento da capacidade crítica profissional.8
se planeja; há planejamento e avaliação enquanto se executa; há
planejamento e execução enquanto se avalia. No texto pretende- Plano de Ensino e Plano de Aula
mos estudar o Planejamento, deixando claro que separar o planeja- Anastasiou e Alves (2009) explicam que durante muito tempo
mento dos demais momentos da organização didática do processo, as ações dos professores eram organizadas a partir dos planos de
apenas responde a uma questão metodológica para seu melhor ensino que “tinham como centro do pensar docente o ato de en-
tratamento. sinar; portanto, a ação docente era o foco do plano” (2009, p. 64).
Atualmente as propostas ressaltam a importância da construção de
No universo da educação, especialmente no ambiente escolar um processo de parceria em sala de aula com o aluno deslocando
a palavra didática está presente de forma imperativa, afinal são o foco da ação docente e do ensino para a aprendizagem, ou seja,
componentes fundamentais do cotidiano escolar os materiais didá- o protagonista para a ser o aluno conforme defendem as teorias
ticos, livros didáticos, projetos didáticos e a própria didática como construtivistas e sociointeracionistas.
um instrumento qualificador do trabalho do professor em sala de
Dentro desse contexto, o planejamento assume tamanha im-
aula. Afinal, a partir do significado atribuído à didática no campo
portância a ponto de se constituir como objeto de teorização e se
educacional, é comum ouvir que o professor x ou y é um bom pro-
desenvolve a partir da ação do professor que envolve: “decidir a
fessor porque tem didática.
cerca dos objetivos a ser alcançados pelos alunos, conteúdo pro-
Para as teorias da educação, porém, a didática é mais do que
gramático adequado para o alcance dos objetivos, estratégias e
um termo utilizado para representar a dicotomia entre o bom e o
recursos que vai adotar para facilitar a aprendizagem, critérios de
mal professor ou para designar os materiais utilizados no ambiente
avaliação, etc.” (GIL, 2012, p. 34).
escolar. Termo de origem grega (didaktiké), a didática foi instituída
no século XVI como ciência reguladora doensino. 8 Fonte: www.infoescola.com
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O plano de ensino ou programa da disciplina deve conter os estruturado em seções (ou módulos) detalhando os assuntos gerais
dados de identificação da disciplina, ementa, objetivos, conteúdo e específicos que serão abordados ao longo da disciplina contem-
programático, metodologia, avaliação e bibliografia básica e com- plados dentro da ementa.
plementar da disciplina. - Avaliação – É importante que o professor deixe claro no plano
Entretanto, Gandim (1994), Barros (2007?), Gil (2012), Anasta- de ensino como ocorrerá a avaliação (preferencialmente formativa,
siou e Alaves (2009) afirmam que não há um modelo fixo a ser se- sistemática e periódica), indicando claramente os critérios usados,
guido. Devem apresentar uma sequência coerente e os elementos pesos, formas de avaliação, entre outras informações pertinentes
necessários para o processo de ensino e de aprendizagem. para que o professor tenha esse instrumento para tomada de de-
Será o plano de ensino que norteará o trabalho docente e fa- cisão e o aluno saiba como será avaliado. A avaliação compreende
cilitará o desenvolvimento da disciplina pelos alunos. Além disso, todos os instrumentos e mecanismos que o professor verificará se
ao elaborar o plano de ensino, o professor deve se questionar: O os objetivos estão sendo atingidos ao longo da disciplina. Dessa
que eu quero que meu aluno aprenda? Para isso, o plano de ensino forma, deve ser uma avaliação processual e registrada constante-
deve ser norteado pelo perfil do aluno que o curso vai formar e mente acerca da aprendizagem do aluno com base nas metodo-
também de acordo com as concepções do projeto pedagógico de logias propostas que podem verificadas por meio da aplicação de
um curso. exercícios, provas, atividades individuais e/ou grupais, pesquisas
É importante destacar que o plano é um tipo de planejamento de campo e observação periódicas registrada em diários de classe.
que busca a previsão mais global para as atividades de uma de-
terminada disciplina durante o período do curso (período letivo ou O plano de ensino poderá ser alterado ao longo do período
semestral) e que pode sofrer mudanças ao longo do período letivo conforme transcorrer o processo de ensino e aprendizagem. O
por diversos fatores internos e externos. mesmo difere do plano de aula que será um roteiro para o pro-
Para sua elaboração, os professores precisam considerar o co- fessor ministrar cada uma das aulas elencadas no plano de ensino.
nhecimento do mundo, o perfil dos alunos e o projeto pedagógico O plano de aula é um instrumento que sistematiza todos os co-
da instituição, para então tratar de seus elementos que constituem nhecimentos, atividades e procedimentos que se pretende realizar
o plano de ensino.Dessa forma, o plano de ensino inicia com um numa determinada aula, tendo em vista o que se espera alcançar
cabeçalho para identificar a instituição, curso, disciplina, código da como objetivos junto aos alunos segundo Libâneo (1993).
disciplina, carga horária, dia e horário da aula, nome e contato do O plano de aula trata de um detalhamento do plano de curso/
professor. Logo em seguida, devem vir os seguintes itens: ensino, devido à sistematização que faz das unidades deste plano,
- Ementa da disciplina – A ementa deve ser composta por um criando uma situação didática concreta de aula. Gil (2012, p. 39)
parágrafo que declare quais os tópicos que farão parte do conteú- explica que “o que difere o plano de ensino do plano de aula é a
do da disciplina limitando sua abrangência dentro da carga horária especificidade com conteúdos pormenorizados e objetivos mais
ministrada. Deve ser escrita de forma sucinta e objetiva e deve es- operacionais”.
tar de acordo com o projeto político pedagógico do curso. O pro- Para elaborar o plano de aula, é necessário que seja construído
fessor não pode alterar a ementa e uma disciplina sem antes ser o plano de ensino levando em consideração as suas fases: “prepa-
aprovada pelo Núcleo Docente Estruturante (NDE) de cada curso. ração e apresentação de objetivos, conteúdos e tarefas; desen-
- Objetivos da disciplina – De acordo com Gil (2012, p. 37) “re- volvimento da matéria nova; consolidação (fixação de exercícios,
presentam o elemento central do plano e de onde derivam os de- recapitulação, sistematização); aplicação e avaliação” (LIBÂNEO,
mais elementos”. Deve ser redigido em forma de tópicos devem 1993, p.241). Além disso, o controle do tempo ajuda o professor a
ser escolhidos entre dois e cinco objetivos para se atingir a ementa. se orientar sobre quais etapas ele poderá se detiver mais.
Podem ser divididos em objetivo geral e específico. Iniciam com Com base no plano de ensino, o professor ao preparar suas au-
verbos escritos na voz ativa e são parágrafos curtos apenas indi- las, vai organizar um cronograma separando o conteúdo programá-
cando a ação (não colocar a metodologia). Os objetivos englobam tico em módulos para cada aula contemplando atividades e leituras
o que os alunos deverão conhecer, compreender, analisar e avaliar para serem feitas e discutidas em aula ou em casa. Para cada aula,
ao longo da disciplina. Por isso devem ser construídos em forma de é necessário ter um plano de aula para facilitar a sistematização das
frases que iniciam com verbos indicando a ação. atividades e atingir os objetivos propostos.
O plano de aula segundo Libâneo (1993) é um instrumento que
Podem ser divididos em objetivo geral e específicos. Exemplos sistematiza todos os conhecimentos, atividades e procedimentos
de verbos usados nos objetivos: Conhecer, apontar, criar, identi- que se pretende realizar numa determinada aula, tendo em vista o
ficar, descrever, classificar, definir, reconhecer, compreender, que se espera alcançar como objetivos junto aos alunos.
concluir, demonstrar, determinar, diferenciar, discutir, deduzir, Ele é um detalhamento do plano de curso, devido à sistemati-
localizar, aplicar, desenvolver, empregar, estruturar, operar, orga- zação que faz das unidades deste plano, criando uma situação di-
nizar, praticar, selecionar, traçar, analisar, comparar, criticar, deba- dática concreta de aula. Para seu melhor aproveitamento, “os pro-
ter, diferenciar, discriminar, investigar, provar, sintetizar, compor, fessores devem levar em consideração as suas fases: preparação e
construir, documentar, especificar, esquematizar, formular, pro- apresentação de objetivos, conteúdos e tarefas; desenvolvimento
por, reunir, voltar, avaliar, argumentar, contratar, decidir, escolher, da matéria nova; consolidação (fixação de exercícios, recapitula-
estimar, julgar, medir, selecionar. ção, sistematização); aplicação; avaliação” (LIBÂNEO, 1993, p.241).
- Conteúdo programático – o conteúdo programático deve ser Além disso, o controle do tempo ajuda o professor a se orientar
a descrição dos conteúdos elencados na ementa. É importante es- sobre quais etapas ele poderá se deter mais.
clarecer que o conteúdo programático difere do eixo temático pois Um plano de aula deve conter as seguintes etapas:
o conteúdo programático cobre a totalidade da disciplina e o eixo 1 – O tema abordado: o assunto, o conteúdo a ser trabalhado;
temático se aplica a uma parte ou capítulo do conteúdo. Deve estar
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

2 – Os objetivos gerais a serem alcançados: o que os alunos relação que se constrói em torno do ensino e da aprendizagem.
irão conseguir atingir com esse trabalho; com o estudo desse tema. Isso significa que, mesmo um aluno considerado inteligente pode
Os objetivos específicos: relacionados a cada uma das etapas de apresentar dificuldades se a relação que estabelece com a matéria,
desenvolvimento do trabalho; a partir do professor e de sua didática não for bem construída.
3 – As etapas previstas: mais precisamente uma previsão de
tempo, onde o professor organiza tudo que for trabalhado em pe- Fonte
quenas etapas; Texto adaptado de Bessa, V. da H. Teorias da Aprendizagem
4 – A metodologia que o professor usará: a forma como irá
trabalhar, os recursos didáticos que auxiliarão a promover o apren-
dizado e a circulação do conhecimento no plano da sala de aula;
5 – A avaliação: a forma como o professor irá avaliar, se em CUIDADOS FÍSICOS COM A CRIANÇA
prova escrita, participação do aluno, trabalhos, pesquisas, tarefas
de casa, etc.
6 – A bibliografia: todo o material que o professor utilizou para
fazer o seu planejamento. É importante tê-los em mãos, pois caso Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em
os alunos precisem ou apresentem interesse, terá como passar as tópicos anteriores.
informações. Cada um desses aspectos irá depender das intenções
do professor, sendo que este poderá fazer combinados prévios com
os alunos, sobre cada um deles.
NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS
Educação e aprendizagem
Mas, o que a história das práticas pedagógicas, a formação do
professor e a didática têm a ver com aprendizagem? Essa é uma Primeiros-socorros são procedimentos de emergência que de-
pergunta muito comum, principalmente nos cursos de Licencia- vem ser aplicados a uma pessoa em perigo de morte, visando man-
tura. Acontece que para podermos viabilizar a aprendizagem dos ter os sinais vitais e evitando o agravamento, até que ela receba
alunos por meio de qualquer uma das teorias, devemos antes com- atendimento definitivo.
preender historicamente os usos que essa teoria teve. Mais que Definimos ainda como o primeiro atendimento realizado a
isso, devemos também saber o que nós desejamos com o uso de uma pessoa que sofreu algum trauma, lesão ou mau súbito.
tal teoria como suporte na sala de aula. Para tanto, devemos dispor Ou ainda como as primeiras providências tomadas no local do
de conhecimentos como os da Didática, que nos auxiliam a plane- acidente. É um atendimento inicial e temporário, até a chegada da
jar nossas aulas, traçando nossos objetivos e métodos a partir de equipe de socorristas.
qualquer teoria. O atendimento a vítima pode ser realizado por qualquer pes-
Dessa maneira, como professores, podemos dispor de diferen- soa, desde que treinada para realizar as técnicas preconizadas ao
tes recursos teóricos, metodologias e conhecimentos gerais que atendimento emergencial.
facilitam tanto o trabalho do professor, como a aprendizagem do Qualquer pessoa que for realizar o atendimento pré-hospita-
aluno, que pode experimentar o conteúdo a ser aprendido de ma- lar, mais conhecido como primeiros-socorros, deve antes de tudo,
neiras diferentes. atentar para a sua segurança. No impulso de ajudar as vítimas,
não justifica a realização de atitudes inconsequentes, que acabam
É claro que ao falarmos de aprendizagem e do ato de aprender transformando o socorrista em uma nova vítima.
não podemos deixar de fora a responsabilidade de pais e professo- Para que a vítima seja atendida com qualidade, questões como
res. Os pais, no que diz respeito à aprendizagem escolar da criança, seriedade e respeito devem sempre acompanhar o socorrista. Evite
devem auxiliar na resolução de atividades, no acompanhamento que a vítima seja exposta desnecessariamente e mantenha em si-
das atividades realizadas pela criança e na estimulação para que gilo informações pessoais que ela revele durante seu atendimento.
a criança seja capaz de superar suas dificuldades. O professor, por Um fator importante no atendimento em primeiros-socorros é
sua vez, precisa ter claro seus objetivos, conteúdos e métodos para o tempo, e este não pode ser desprezado em hipótese alguma, pois
o desenvolvimento de uma aula clara e organizada, o que facilita a este tempo perdido poderá ser o diferencial entre a vida ou morte
compreensão da matéria pelos alunos, em especial quando falamos do paciente.
da Educação Infantil. Além disso, o professor, para garantir uma
boa aprendizagem, pode também lançar mão de atividades que en- Sinais Vitais
volvam os conhecimentos prévios dos alunos e a revisão da matéria Os vitais são indicadores das funções vitais e podem orientar
para uma melhor compreensão e fixação dos conteúdos apresenta- o diagnóstico inicial e acompanhar a evolução do quadro clínico
dos. Já a escola, precisa manter o currículo das disciplinas atualiza- de uma vítima. São considerados também como os sinais emitidos
do, bem como a organização e acessibilidade para os alunos, dando pelo nosso corpo de que suas funções vitais estão normais e que
atenção aos que possuem necessidades educativas especiais. qualquer alteração indica uma anormalidade.
Os sinais vitais são: pulso, respiração, pressão arterial e tem-
Concluímos, assim, que o processo de aprender não está rela- peratura.
cionado apenas com as “capacidades” intelectuais de cada apren-
diz, mas, de uma forma mais ampla, o processo de aprender en-
volve, para além das nossas habilidades cognitivas, as relações
estabelecidas entre professores e alunos e, consequentemente, a
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Pulso É medida por meio do termômetro clínico e possui uma gradu-


É a ondulação exercida pela expansão das artérias seguida por ação que varia de 34ºC a 42ºC, sendo que raramente o ser humano
uma contração do coração. Nada mais é que a pressão exercida sobrevive com sua temperatura acima ou abaixo destes parâme-
pelo sangue contra a parede arterial em cada batimento cardíaco. tros.
O pulso pode ser percebido sempre que uma artéria é com- Variações de 0,3ºC a 0,6ºC da temperatura são consideradas
primida contra um osso. Os locais mais comuns para obtenção do normais e pode se elevar em situações como:
pulso são nas artérias carótida, radial, femoral e braquial. – Infecção.
Pode ainda ser verificado através da ausculta cardíaca com o – Medo.
auxílio de um estetoscópio e denominamos pulso apical. Na verifi- – Ansiedade.
cação do pulso deve-se observar a sua frequência, ritmo e volume.
São causas da diminuição da temperatura corporal:
Respiração – Exposição ao frio.
A respiração refere-se à entrada de oxigênio na inspiração e a – Estado de choque.
eliminação de dióxido de carbono através da expiração. – Hemorragias.
É a sucessão rítmica de movimentos de expansão e de retração
pulmonar com a finalidade de efetuar trocas gasosas entre a cor- São empregados termos específicos para definir alterações nos
rente sanguínea e o ar nos pulmões. valores anormais da temperatura, são eles:
Para avaliar a respiração devemos verificar seu caráter, se ela é – Afebril: temperatura corporal normal.
superficial ou profunda, seu ritmo que pode ser regular e irregular – Hipotermia: temperatura corporal abaixo do normal.
e por último sua frequência, ou seja, a quantidade de movimentos – Hipertermia: temperatura corporal acima do normal.9
respiratórios por minuto.
Outros fatores podem alterar os valores normais da respiração Toda pessoa que for realizar o atendimento pré hospitalar
como exercícios físicos, medicamentos, fatores emocionais, por- (APH), mais conhecido como primeiros socorros, deve antes de
tanto, é importante que o socorrista saiba reconhecer estas alte- tudo, atentar para a sua própria segurança. O impulso de ajudar a
rações. outras pessoas, não justifica a tomada de atitudes inconsequentes,
São empregados termos específicos para definir as alterações que acabem transformando-o em mais uma vítima.
dos padrões respiratórios, tais como: A seriedade e o respeito são premissas básicas para um bom
- Eupneia: respiração normal, com movimentos regulares, sem atendimento de APH (primeiros socorros). Para tanto, evite que a
dificuldades; vítima seja exposta desnecessariamente e mantenha o devido sigilo
- Apneia: é a ausência dos movimentos respiratórios; sobre as informações pessoais que ela lhe revele durante o atendi-
- Dispneia: dificuldade na execução dos movimentos respira- mento.
tórios; Quando se está lidando com vidas, o tempo é um fator que não
- Bradipneia: diminuição da frequência respiratória; deve ser desprezado em hipótese alguma. A demora na prestação
- Taquipneia: aumento da frequência respiratória. do atendimento pode definir a vida ou a morte da vítima, assim
como procedimentos inadequados. Importante lembrar que um ser
Pressão arterial humano pode passar até três semanas sem comida, uma semana
É a força exercida pelo sangue contra a parede interna das ar- sem água, porém, pouco provável, que sobreviva mais que cinco
térias quando esse é impulsionado pela contração cardíaca. Pode minutos sem oxigênio.
variar de acordo com a idade do paciente, devido ao aumento da
atividade física, situações que levam ao stress e ao medo e por al- Alguns conceitos aplicados aos primeiros socorros
terações cardíacas. Primeiros Socorros: São os cuidados imediatos prestados a
A pressão arterial é influenciada pela força dos batimentos car- uma pessoa, fora do ambiente hospitalar, cujo estado físico, psíqui-
díacos e pelo volume circulante. co e ou emocional coloquem em perigo sua vida ou sua saúde, com
A contração cardíaca é denominada sístole e o relaxamento do o objetivo de manter suas funções vitais e evitar o agravamento de
coração é denominado diástole. A pressão sistólica é a pressão má- suas condições (estabilização), até que receba assistência médica
xima do coração, enquanto a pressão diastólica é a pressão mínima especializada.
do coração. Prestador de socorro: Pessoa leiga, mas com o mínimo de co-
São empregados termos específicos para definir alterações nos nhecimento capaz de prestar atendimento à uma vítima até a che-
valores anormais da pressão arterial, são eles: gada do socorro especializado.
- Hipertensão: aumento dos níveis da pressão arterial; Socorrista: Titulação utilizada dentro de algumas instituições,
- Hipotensão: redução dos níveis da pressão arterial; sendo de caráter funcional ou operacional, tais como: Corpo de
- Normotenso: são os parâmetros normais da pressão arterial. Bombeiros, Cruz Vermelha Brasileira, Brigadas de Incêndio, etc.
Manutenção da Vida: Ações desenvolvidas com o objetivo de
Temperatura garantir a vida da vítima, sobrepondo à “qualidade de vida”.
É o nível de calor que chega a um determinado corpo, ou seja, Qualidade de Vida: Ações desenvolvidas para reduzir as seque-
é a diferença entre o calor perdido e o calor produzido pelo orga- las que possam surgir durante e após o atendimento.
nismo. É influenciada por meios físicos e químicos e seu controle é Urgência: Estado que necessita de encaminhamento rápido ao
realizado por meio da estimulação do sistema nervoso central. hospital. O tempo gasto entre o momento em que a vítima é en-
A temperatura corporal reflete o balanceamento entre o calor contrada e o seu encaminhamento deve ser o mais curto possível.
produzido e o calor perdido pelo corpo e pode ser verificada nas Exemplos: hemorragias de classe II, III e IV, etc.
regiões axilar, oral e retal. 9 Fonte: www.portaleducacao.com.br
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Emergência: Estado grave, que necessita atendimento médico, - Converse com a vítima. Informe a ela que você possui treina-
embora não seja necessariamente urgente. Exemplos: contusões mento em primeiros socorros, que irá respeitar o direito dela de
leves, entorses, hemorragia classe I, etc. recusar o atendimento, mas que está pronto para auxiliá-la no que
Acidente: Fato do qual resultam pessoas feridas e/ou mortas for necessário;
que necessitam de atendimento. - Arrole testemunhas de que o atendimento foi recusado por
Incidente: Fato ou evento desastroso do qual não resultam parte da vítima.
pessoas mortas ou feridas, mas que pode oferecer risco futuro.
Sinal: É a informação obtida a partir da observação da vítima. No caso de crianças, a recusa do atendimento pode ser feita
Sintoma: É informação a partir de uma relato da vítima. pelo pai, pela mãe ou pelo responsável legal. Se a criança é retirada
Aspectos legais do socorro do local do acidente antes da chegada do socorro especializado, o
- Artigo 5º e 196 Constituição; prestador de socorro deverá, se possível, arrolar testemunhas que
- Artigo 135 do Código Penal Brasileiro; comprovem o fato.
- Resolução nº 218/97 do Conselho Nacional de Saúde; O consentimento para o atendimento de primeiros socorros
pode ser:
CONSTITUIÇÃO: DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E - formal, quando a vítima verbaliza ou sinaliza que concorda
COLETIVOS com o atendimento, após o prestador de socorro ter se identifica-
do como tal e ter informado à vítima que possui treinamento em
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual- primeiros socorros;
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re- - implícito, quando a vítima está inconsciente, confusa ou gra-
sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à vemente ferida a ponto de não poder verbalizar ou sinalizar con-
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: sentindo com o atendimento. Nesse caso, a legislação cita que a
vítima daria o consentimento, caso tivesse condições de expressar
DA SAÚDE o seu desejo de receber o atendimento de primeiros socorros.
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti- O consentimento implícito pode ser adotado também no caso
do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do de acidentes envolvendo menores desacompanhados dos pais ou
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá- responsáveis legais. Do mesmo modo, a legislação cita que o con-
rio às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. sentimento seria dado pelos pais ou responsáveis, caso estivessem
presentes no local.
CÓDIGO PENAL: OMISSÃO DE SOCORROS
As fases do socorro:
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo 1º Avaliação da cena: a primeira atitude a ser tomada no lo-
sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa cal do acidente é avaliar os riscos que possam colocar em perigo a
inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou pessoa prestadora dos primeiros socorros. Se houver algum perigo
não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: em potencial, deve-se aguardar a chegada do socorro especializa-
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. do. Nesta fase, verifica-se também a provável causa do acidente, o
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omis- número de vítimas e a provável gravidade delas e todas as outras
são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta informações que possam ser úteis para a notificação do acidente,
a morte. bem como a utilização dos equipamentos de proteção individual
(EPI - luvas, mascaras, óculos, capote, etc) e solicitação de auxílio
Direitos da pessoa que estiver sendo atendida a serviços especializados como: Corpo de Bombeiros (193), SAMU
O prestador de socorro deve ter em mente que a vítima possui (192), Polícia Militar (190), polícia Civil (147), Defesa Civil (363
o direito de recusar o atendimento. No caso de adultos, esse direito 1350), CEB (0800610196), Cruz Vermelha, etc.
existe quando eles estiverem conscientes e com clareza de pensa- Nesta fase o prestador de socorro deve atentar-se para:
mento. Isto pode ocorrer por diversos motivos, tais como: crenças
religiosas ou falta de confiança no prestador de socorro que for re- Avaliar a situação:
alizar o atendimento. Nestes casos, a vítima não pode ser forçada a - Inteirar-se do ocorrido com tranquilidade e rapidez;
receber os primeiros socorros, devendo assim certificar-se de que - Verificar os riscos para si próprio, para a vítima e terceiros;
o socorro especializado foi solicitado e continuar monitorando a - Criar um rápido plano de ação para administrar os recursos
vítima, enquanto tenta ganhar a sua confiança através do diálogo. materiais e humanos visando garantir a eficiência do atendimento.
Caso a vítima esteja impedida de falar em decorrência do aci- Manter a segurança da área:
dente, como um trauma na boca por exemplo, mas demonstre - Proteger a vítima do perigo mantendo a segurança da cena;
através de sinais que não aceita o atendimento, fazendo uma nega- - Não tentar fazer sozinho mais do que o possível.
tiva com a cabeça ou empurrando a mão do prestador de socorro,
deve-se proceder da seguinte maneira: Chamar por socorro especializado:Assegurar-se que a ajuda es-
- Não discuta com a vítima; pecializada foi providenciada e está a caminho.
- Não questione suas razões, principalmente se elas forem ba-
seadas em crenças religiosas; 2º Avaliação Inicial: fase de identificação e correção imediata
- Não toque na vítima, isso poderá ser considerado como viola- dos problemas que ameaçam a vida a curto prazo, sendo eles:
ção dos seus direitos; - Vias aéreas - Estão desobstruídas? Existe lesão da cervical?
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Respiração - Está adequada? - apalpe a artéria braquial;


- Circulação - Existe pulso palpável? Há hemorragias graves? - bombeie o manguito até cessar o pulso;
- Nível de Consciência - AVDI. - coloque o estetoscópio encima do local do pulso braquial;
- libere o ar vagarosamente até ouvir o 1º som de “korotkoff”;
Pelo histórico do acidente deve-se observar indícios que pos- - observe no mostrador os mmHg no momento do 1º som (sís-
sam ajudar ao prestador de socorro classificar a vítima como clínica tole);
ou traumática. - continue esvaziando até para o som de “korotkoff”;
Vítima Clínica: apresenta sinais e sintomas de disfunções com - observe no mostrador os mmHg no último som (diástole);
natureza fisiológica, como doenças, etc. - continue esvaziando totalmente o manguito;
Vítima de Trauma: apresenta sinais e sintomas de natureza - anote os valores da PA e a hora, ex: 130x80 mmHg 10:55 h.
traumática, como possíveis fraturas. Devemos nesses casos atentar
para a imobilização e estabilização da região suspeita de lesão. 4º Avaliação Física Detalhada: nesta fase examina-se da cabeça
aos pés da vítima, procurando identificar lesões.
3º Avaliação Dirigida: Esta fase visa obter os componentes ne- Durante a inspeção dos membros inferiores e superiores deve-
cessários para que se possa tomar a decisão correta sobre os cuida- -se avaliar o Pulso, Perfusão, Sensibilidade e a Motricidade (PPSM)
dos que devem ser aplicados na vítima. 5º Estabilização e Transporte: nesta fase finaliza-se o exame da
- Entrevista rápida - SAMPLE; vítima, avalia-se a região dorsal, previne-se o estado de choque e
- Exame rápido; prepara-se para o transporte.
- Aferição dos Sinais vitais - TPRPA.
6º Avaliação Continuada: nesta fase, verificam-se periodica-
SAMPLE: mente os sinais vitais e mantém-se uma constante observação do
S - sinais e sintomas; aspecto geral da vítima.
A - alergias; Reavaliar vítimas - Críticas e Instáveis a cada 3 minutos;
M - medicações;
P - passado médico; Reavaliar vítimas - Potencialmente Instáveis e Estáveis a cada
L - líquidos e alimentos; 10 minutos.
E - eventos relacionados com o trauma ou doença. Críticas: PCR e parada respiratória.
Instáveis: hemorragias III e IV, estado de choque, queimaduras, etc.
O que o prestador de socorro deve observar ao avaliar o pulso
e a respiração. Potencialmente Instáveis: hemorragias II, fraturas, luxações,
queimaduras, etc.
Pulso: Estáveis: hemorragias I, entorses, contusões, cãibras, disten-
Frequência: É aferida em batimentos por minuto, podendo ser
sões, etc.
normal, lenta ou rápida.
Ritmo: É verificado através do intervalo entre um batimento e
Remoção do acidentado: A remoção da vítima, do local do aci-
outro. Pode ser regular ou irregular.
dente para o hospital, é tarefa que requer da pessoa prestadora de
Intensidade: É avaliada através da força da pulsação. Pode ser
primeiros socorros o máximo de cuidado e correto desempenho.
cheio (quando o pulso é forte) ou fino (quando o pulso é fraco).
Antes da remoção:
- Tente controlar a hemorragia;
Respiração:
Frequência: É aferida em respirações por minuto, podendo ser: - Inicie a respiração de socorro;
normal, lenta ou rápida. - Execute a massagem cardíaca externa;
Ritmo: É verificado através do intervalo entre uma respiração e - Imobilize as fraturas;
outra, podendo ser regular ou irregular. - Evite o estado de choque, se necessário.
Profundidade: Deve-se verificar se a respiração é profunda ou
superficial. Para o transporte da vítima, podemos utilizar: maca ou padio-
la, ambulância, helicóptero ou recursos improvisados (Meios de
Fortuna):
Sinais Vitais - Ajuda de pessoas;
(TPRPA) Pulso Respiração - Maca;
Temperatura - Cadeira;
Adulto 60 a 100 bpm - Tábua;
Fria Adulto 12 a 20 ipm - Cobertor;
Criança 80 a
Normal Criança 20 a 30 ipm - Porta ou outro material disponível.
120 bpm
Quente Bebê 30 a 60 ipm
Bebê 100 a 160 bpm
Como proceder
Pressão Arterial Vítima consciente e podendo andar: Remova a vítima apoian-
VN <130mmHg sistólica e <80mmHg diastólica do-a em seus ombros.
- estenda o braço da vítima com a mão em supinação; Vítima consciente não podendo andar:
- enrole o manguito vazio no ponto médio do braço; - Transporte a vítima utilizando dos recursos aqui demonstra-
- feche a válvula perto da pêra; dos, em casos de:
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Fratura, luxações e entorses de pé; Vítima consciente ou inconsciente: Como remover a vítima,
- Contusão, distensão muscular e ferimentos dos membros in- utilizando-se de cobertor ou material semelhante:
feriores;
- Picada de animais peçonhentos: cobra, escorpião e outros.

Como remover vítima de acidentados suspeitos de fraturas de


coluna e pelve:
- Utilize uma superfície dura - porta ou tábua (maca improvi-
sada);
- Solicite ajuda de pelo menos cinco pessoas para transferir o
acidentado do local encontrado até a maca;
- Movimente o acidentado como um bloco, isto é, deslocando
todo o corpo ao mesmo tempo, evitando mexer separadamente a
Vítima inconsciente: cabeça, o pescoço, o tronco, os braços e as pernas.
- Como levantar a vítima do chão sem auxílio de outra pessoa:
Pegada de rede:

- Como levantar a vítima do chão com a ajuda de uma ou mais Pegada Cavaleiro:
pessoas.

Como remover acidentado grave não suspeito de fratura de


coluna vertebral ou pelve, em decúbito dorsal: Utilize macas impro-
visadas como: portas, cobertores, cordas, roupas, etc.;

Importante:
- Evite paradas e freadas bruscas do veículo, durante o trans-
porte;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Previna-se contra o aparecimento de danos irreparáveis ao Choque Hipovolêmico: Diminuição do volume sanguíneo. Pos-
acidentado, movendo-o o menos possível sui as seguintes causas:
- Solicite, sempre que possível, a assistência de um médico na Perdas sanguíneas - hemorragias internas e externas;
remoção de acidentado grave; Perdas de plasma - queimaduras e peritonites;
- Não interrompa, em hipótese alguma, a respiração de socorro Perdas de fluídos e eletrólitos - vômitos e diarreias.
e a compressão cardíaca externa ao transportar o acidentado. Choque Anafilático: Decorrente de severa reação alérgica.
Ocorrem as seguintes reações:
Hemorragias: Pele: urticária, edema e cianose dos lábios;
É a perda de sangue provocada pelo rompimento de um vaso Sistema respiratório: dificuldade de respirar e edema da árvore
sanguíneo, podendo ser arterial, venosa ou capilar. respiratória;
Toda hemorragia deve ser controlada imediatamente. A he- Sistema circulatório: dilatação dos vasos sanguíneos, queda da
morragia abundante e não controlada pode causar a morte de 3 a PA, pulso fino e fraco, palidez.
5 minutos. Como se manifesta
Classificação quanto ao volume de sangue perdido: - Pele fria e úmida;
Classe I perda de até 15% do volume sanguíneo (adulto de 70 - Sudorese (transpiração abundante) na testa e nas palmas das
kg = até 750 ml de sangue), apresenta discreta taquicardia; mãos;
Classe II perda de 15 a 30% do volume sanguíneo (adulto de 70 - Palidez;
kg = até 750 a 1.500 ml de sangue), apresenta taquicardia, taquip- - Sensação de frio, chegando às vezes a ter tremores;
neia, queda da PA e ansiedade; - Náusea e vômitos;
Classe III perda de 30 a 40% do volume sanguíneo (adulto de 70 - Respiração curta, rápida e irregular;
kg = 2 litros, de sangue), apresenta taquicardia, taquipneia, queda - Perturbação visual com dilatação da pupila, perda do brilho
da PA e ansiedade, insuficiente perfusão; dos olhos;
Classe IV perda de mais de 40% do volume sanguíneo (adulto - Queda gradual da PA;
de 70 kg = acima de 2 litros, de sangue), apresenta acentuado au- - Pulso fraco e rápido;
mento da FC e respiratória, queda intensa da PA. - Enchimento capilar lento;
- Inconsciência total ou parcial.
Como proceder (técnicas de hemostasia):
- Mantenha a região que sangra em posição mais elevada que Como proceder
o resto do corpo; - Realize uma rápida inspeção na vítima;
- Use uma compressa ou um pano limpo sobre o ferimento, - Combata, evite ou contorne a causa do estado de choque, se
pressionando-o com firmeza, a fim de estancar o sangramento; possível;
- Comprima com os dedos ou com a mão os pontos de pressão, - Mantenha a vítima deitada e em repouso;
onde os vasos são mais superficiais, caso continue o sangramento; - Controle toda e qualquer hemorragia externa;
- Dobre o joelho - se o ferimento for na perna; o cotovelo - se - Verifique se as vias aéreas estão permeáveis, retire da boca,
no antebraço, tendo o cuidado de colocar por dentro da parte do- se necessário, secreção, dentadura ou qualquer outro objeto;
brada, bem junto da articulação, um chumaço de pano, algodão ou - Inicie a respiração de socorro boca a boca, em caso de parada
papel; respiratória;
- Evite o estado de choque; - Execute a compressão cardíaca externa associada à respira-
- Remova imediatamente a vítima para o hospital mais próxi- ção de socorro boca a boca, se a vítima apresentar ausência de pul-
mo. so e dilatação das pupilas (midríase);
- Afrouxe a vestimenta da vítima;
Desmaio e estado de choque: É o conjunto de manifestações - Vire a cabeça da vítima para o lado, caso ocorra vômito;
que resultam de um desequilíbrio entre o volume de sangue cir- - Eleve os membros inferiores cerca de 30 cm, exceto nos casos
culante e a capacidade do sistema vascular, causados geralmente de choque cardiogênicos (infarto agudo do miocárdio, arritmias e
por: choque elétrico, hemorragia aguda, queimadura extensa, fe- cardiopatias) pela dificuldade de trabalho do coração;
rimento grave, envenenamento, exposição a extremos de calor e - Procure aquecer a vítima;
frio, fratura, emoção violenta, distúrbios circulatórios, dor aguda e - Avalie o status neurológico (ECG);
infecção grave. - Remova imediatamente a vítima para o hospital mais próxi-
mo.
Tipos de estado de choque:
Choque Cardiogênico: Incapacidade do coração de bombear Queimaduras, Insolação e Intermação
sangue para o resto do corpo. Possui as seguintes causas: infarto Queimaduras: São lesões dos tecidos produzidas por substân-
agudo do miocárdio, arritmias, cardiopatias. cia corrosiva ou irritante, pela ação do calor ou frio e de emanação
Choque Neurogênico: Dilatação dos vasos sanguíneos em fun- radioativa. A gravidade de uma queimadura não se mede somente
ção de uma lesão medular. Geralmente é provocado por traumatis- pelo grau da lesão (superficial ou profunda), mas também pela ex-
mos que afetam a coluna cervical (TRM e/ou TCE). tensão ou localização da área atingida.
Choque Séptico: Ocorre devido a incapacidade do organismo
em reagir a uma infecção provocada por bactérias ou vírus que Classificação das Queimaduras
penetram na corrente sanguínea liberando grande quantidade de 1º Grau: lesão das camadas superficiais da pele com:
toxinas. - Eritema (vermelhidão);
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Dor local suportável; Importante: Nas queimaduras por soda cáustica, devemos lim-
- Inchaço. par as áreas atingidas com uma toalha ou pano antes da lavagem,
pois o contato destas substâncias com a água cria uma reação quí-
2º Grau: Lesão das camadas mais profundas da pele com: mica que produz enorme quantidade de calor.
- Eritema (vermelhidão);
- Formação de Flictenas (bolhas); Insolação: É uma perturbação decorrente da exposição direta e
- Inchaço; prolongada do organismo aos raios solares.
- Dor e ardência locais, de intensidades variadas.
Como se manifesta
3º Grau: Lesão de todas as camadas da pele, comprometendo - Pele seca, quente e avermelhada;
os tecidos mais profundos, podendo ainda alcançar músculos e os- - Pulso rápido e forte;
sos. Estas queimaduras se apresentam: - Dor de cabeça acentuada;
- Secas, esbranquiçadas ou de aspecto carbonizadas, - Sede intensa;
- Pouca ou nenhuma dor local; - Temperatura do corpo elevada;
- Pele branca escura ou carbonizada; - Dificuldade respiratória;
- Não ocorrem bolhas. - Inconsciência.

Queimaduras de 1º, 2º e 3º grau podem apresentar-se no mes- Como proceder


mo acidentado. O risco de morte (gravidade do caso) não está no - Remova a vítima para um lugar fresco e arejado;
grau da queimadura, e sim na extensão da superfície atingida e ou - Afrouxe as vestes da vítima;
da localidade da lesão. Quanto maior a área queimada, maior a gra- - Mantenha o acidentado em repouso e recostado;
vidade do caso. - Aplique compressas geladas ou banho frio, se possível;
- Procure o hospital mais próximo.
Avaliação da Área Queimada
Use a “regra dos nove” correspondente a superfície corporal: Intermação: Perturbação do organismo causada por excessivo
Genitália 1% calor em locais úmidos e não arejados, dificultando a regulação tér-
Cabeça 9% mica do organismo.
Membros superiores 18%
Membros inferiores 36% Como se manifesta
Tórax e abdômen (anterior) 18% - Dor de cabeça e náuseas;
Tórax e região lombar (posterior) 18% - Palidez acentuada;
Considere: - Sudorese (transpiração excessiva);
Pequeno queimado - menos de 10% da área corpórea; - Pulso rápido e fraco;
Grande queimado - Mais de 10% da área corpórea; - Temperatura corporal ligeiramente febril;
- Inconsciência.
Importante: Área corpórea para crianças:
Cabeça 18% Como proceder
Membros superiores 18% - Remova a vítima para um lugar fresco e arejado;
Membros inferiores 28% - Afrouxe as vestes da vítima;
Tórax e abdômen (anterior) 18% - Mantenha o acidentado deitado com a cabeça mais baixa que
Tórax e região lombar (posterior) 13% o resto do corpo.
Nádegas 5%
Asfixia e Afogamento
Como proceder Asfixia: Dificuldade ou parada respiratória, podendo ser pro-
- Afastar a vítima da origem da queimadura; vocada por: choque elétrico, afogamento, deficiência de oxigênio
- Retire as vestes, se a peça for de fácil remoção. Caso contrá- atmosférico, Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho (OVA-
rio, abafe o fogo envolvendo-a em cobertor, colcha ou casaco; CE), etc. A falta de oxigênio pode provocar sequelas dentro de 3 a 5
- Lave a região afetada com água fria e abundante (1ºgrau); minutos, caso não haja atendimento conveniente.
- Não esfregue a região atingida, evitando o rompimento das
bolhas; Como se manifesta
- Aplique compressas úmidas e frias utilizando panos limpos; - Atitudes que caracterizem dificuldade na respiração;
- Faça um curativo protetor com bandagens úmidas; - Ausência de movimentos respiratórios;
- Mantenha o curativo e as compressas úmidas com soro fisio- - Inconsciência;
lógico; - Cianose (lábios, língua e unhas arroxeadas);
- Não aplique unguentos, graxas, óleos, pasta de dente, marga- - Midríase (pupilas dilatadas);
rina, etc. sobre a área queimada; - Respiração ruidosa;
- Mantenha a vítima em repouso e evite o estado de choque; - Fluxo aéreo diminuído ou ausente.
- Procure um médico.
Como proceder
- Encoraje ou estimule a vítima a tossir;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Caso a vítima esteja consciente, aplique 5 manobras de Hei- - Coloque a vítima deitada em decúbito dorsal, quando fora
mlich. d’água;
- Caso esteja inconsciente, aplique duas insulflações e observe - Insista na respiração de socorro se necessário, o mais rápido
sinais da passagem do ar (expansão de tórax); caso não haja, in- possível;
tercale 5 Heimlich com a inspeção das vias aéreas para observar a - Execute a compressão cardíaca externa se a vítima apresentar
expulsão do corpo estranho, e 2 insuflações, percebendo a parada ausência de pulso e midríase (pupilas dilatadas);
respiratória e notando sinais da passagem do ar, mantenha 1 insu- - Friccione vigorosamente os braços e as pernas da vítima, es-
flação a cada 5 segundos (12 ipm) até a retomada da respiração ou timulando a circulação;
chegada do socorro especializado. - Aqueça a vítima;
- Para lactentes conscientes, aplique 5 compressões do tórax - Remova a vítima para o hospital mais próximo.
intercalado de 5 tapotagens (como no desenho) e inspeção das vias
aéreas; Ressuscitação Cárdio Pulmonar (Rcp):
- Para lactentes inconsciente, aplique duas insulflações (so- Conjunto de medidas emergenciais que permitem salvar uma
mente o ar que se encontra nas bochechas) e observe sinais da vida pela falência ou insuficiência do sistema respiratório ou car-
passagem do ar (expansão de tórax). Caso não haja, intercale 5 diovascular. Sem oxigênio as células do cérebro morrem em 10
Heimlich (como no desenho) com a inspeção das vias aéreas para minutos. As lesões começam após 04 minutos a partir da parada
observar a expulsão do corpo estranho, e 2 insuflações, se perceber respiratória.
a parada respiratória e notar sinais da passagem do ar, mantenha 1
insuflação a cada 3 segundos (20 ipm) até a retomada da respiração Causas da parada cardiorrespiratória (pcr):
ou chegada do socorro especializado. - Asfixia;
- Intoxicações;
- Traumatismos;
- Afogamento;
- Eletrocussão (choque elétrico);
- Estado de choque;
- Doenças.

Como Se Manifesta
- Perda de consciência;
- Ausência de movimentos respiratórios;
- Ausência de pulso;
- Cianose (pele, língua, lóbulo da orelha e bases da unhas ar-
roxeadas);
- Midríase (pupilas dilatadas e sem foto reatividade).

Como proceder

Nova Regra de Ressuscitação (18/10/2010)


De acordo com as novas diretrizes de ressuscitação cardiopul-
- Em caso de parada cardiorrespiratória (ausência de pulso), monar, divulgadas, a massagem cardíaca sem a respiração boca
executar a reanimação cárdio pulmonar (RCP); a boca é tão eficaz quanto os dois procedimentos em sequência,
- Procure o hospital mais próximo. quando realizada por leigos. Segundo a AHA (American Heart As-
sociation), órgão americano que divulgou as novas normas, as
Afogamento: Asfixia provocada pela imersão em meio líquido. chances de sucesso de uma pessoa que faz a massagem cardíaca
Geralmente ocorre por câimbra, mau jeito, onda mais forte, inun- corretamente são praticamente as mesmas de quem opta pela do-
dação ou enchente e por quem se lança na água sem saber nadar. bradinha, além de contar com a vantagem de se ganhar tempo –
Como se manifesta essencial no processo.
- Agitação;
- Dificuldade respiratória; Pela nova norma, a respiração deve ainda ser padrão para os
- Inconsciência; profissionais de saúde, que sabem fazê-la com a qualidade e agili-
- Parada respiratória; dade adequada. Se a vítima da parada cardíaca não receber nenhu-
- Parada cardíaca. ma ajuda em até oito minutos, a chance de ela sobreviver não passa
de 15%. Já ao receber a massagem, a chance aumenta para quase
Como proceder 50% até a chegada da equipe de socorro, que assumirá o trabalho
- Tente retirar a vítima da água utilizando material disponível - 1º. Antes de ajudar o desacordado, tenha certeza de que o lu-
(corda, boia, remo, etc.) gar é seguro para você e para fazer o atendimento. Caso contrário,
- Em último caso e se souber nadar muito bem, aproxime-se serão duas vítimas.
da vítima pelas costas, segure-a e mantenha-a com a cabeça fora - 2º. Avalie o nível de consciência da vítima, vendo se está acor-
d’água (cuidado com o afogamento duplo); dada e perguntando se está bem.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- 3º. Ver se a pessoa tem algum sinal de vida, se está respiran- - Respirador
do. Para isso, recline a cabeça dela, levantando levemente o queixo - Atadura elástica - Gaze esterilizada
“Ambu”
para cima. Chegue próximo ao rosto e sinta se há respiração, mes-
mo que espaçada. Se não houver, comece a massagem cardíaca. - Cobertor térmico - Lenço Triangular - Sabão
- 4º. Conhecida no termo médico como compressão torácica, - Luva de
a massagem cardíaca deve ser realizada no meio do peito (entre os - Colar cervical - Soro fisiológico
procedimentos
dois mamilos), com o movimento das mãos entrelaçadas (uma em
- Compressas limpas - Máscaras - Talas variadas
cima da outra) sob braços retos, que devem fazer ao menos cem
movimentos de compressão por minuto, de forma rápida e forte. - Curativos
- Micropole - Telefones úteis
protetores
Os movimentos servem para retomar a circulação do sangue - Cânulas de Guedel - Maca rígida ou KED - Tesoura
e, consequentemente de oxigênio, para o coração e o cérebro, in-
terrompida quando o coração para. Não espere mais de dez segun- - Válvula para
- Esfignomanômetro - Óculos de proteção
dos para começar a compressão e a faça até o resgate chegar, sem RCP
qualquer interrupção. Como demanda esforço físico, tente revezar
com outra pessoa, de forma coordenada, se puder. Lesões nos ossos e articulações
O cardiologista explica que a mudança se deu com o intuito de Lesões na espinha (coluna)
facilitar o processo e impedir que pessoas desistam de fazê-lo pelo Providências: Cuidado no atendimento e no transporte (imo-
receio de encostar sua boca na boca de desconhecidos. Algumas bilização correta)
pesquisas nos Estados Unidos mostraram que o número de ressus-
citações havia diminuído muito em cidades onde o número era alto, Fraturas: O primeiro socorro consiste apenas em impedir o
por causa do medo de contrair doenças pela boca. deslocamento das partes fraturadas, evitando maiores danos.
- Fechadas
Respiração de Socorro Método de Silvester (Modificado) - Expostas
Este método é aplicado nos casos em que não se pode em- Não faça: não desloque ou arraste a vítima até que a região
pregar o método boca a boca (traumatismos graves de face, en- suspeita de fratura tenha sido imobilizada, a menos que haja emi-
venenamento por cianureto, ácido sulfúrico, ácido clorídrico, soda nente perigo (explosões ou trânsito).
cáustica, fenol e outras substâncias cáusticas). O método silvestre
permite não só o restabelecimento dos movimentos respiratórios Luxações ou deslocamentos das juntas (braço, ombro)
como os do coração. - Tipoia
Entorses e distensões
Como proceder - Trate como se fosse fraturas.
- Desobstrua a boca e a garganta da vítima, fazendo tração da - Aplique gelo e compressas frias no local.
língua e retirando corpos estranhos e secreção;
- Coloque a vítima em decúbito dorsal; Contusões
- Providencias: repouso do local (imobilização), compressas
- Eleve o tórax da vítima com auxílio de um travesseiro, cober- frias.
tor dobrado, casaco ou pilha de jornal, inclinando sua cabeça para
trás, provocando a hiperextensão do pescoço; Qualquer vitima que estiver inconsciente pode ter sofrido pan-
- Ajoelhe-se, coloque a cabeça da vítima entre suas pernas e cada na cabeça (concussão cerebral).
com os braços paralelos ao corpo;
- Segure os punhos da vítima, trazendo seus braços para trás e Ferimentos
para junto de suas pernas (rente ao solo); A - leves ou superficiais
- Volte com os braços da vítima para frente (rente ao solo), cru- Procedimentos: Faca limpeza do local com soro fisiológico ou
zando-os sobre o peito (parte inferior do externo 2 cm do processo água corrente, curativo com mercúrio cromo ou iodo e cubra o feri-
xifóide); mento com gaze ou pano limpo, encaminhando a vitima ao pronto
- Pressione o tórax da vítima 05 vezes seguidas; Socorro ou UBS. Não tente retirar farpas, vidros ou partículas de
- Volte os braços da vítima para a posição inicial e reinicie o metal do ferimento.
método.
B - ferimentos extensos ou profundos
Equipamentos para socorros de urgência (sugestão):
Prepare sua caixa de primeiros socorros antes de precisar dela. 1 - ferimentos abdominais abertos
Amanhã, uma vida poderá depender de você. Procedimentos: evite mexer em vísceras expostas, cubra com
compressa úmida e fixe-a com faixa, removendo a vitima com cui-
dado a um pronto-socorro mais próximo.
- Algodão - Esparadrapo - Papel e caneta
- Pinças 2 - ferimentos profundos no tórax
- Ataduras - Estetoscópio Procedimentos - cubra o ferimento com gaze ou pano limpo,
hemostáticas
evitando entrada de ar para o interior do tórax, durante a inspira-
ção.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Aperte moderadamente um cinto ou faixa em torno do tórax coração, podem ser atingidos, causando a morte. As feridas podem
para não prejudicar a respiração da vitima. ser ainda punctiformes (espetadela de prego), lineares (navalha),
irregulares (ferida do couro cabeludo, por queda). Não se deve es-
3 - ferimentos na cabeça quecer que um pequeno ferimento produzido nos dedos ou na mão
Procedimentos: afrouxe suas roupas, mantenha a vitima dei- pode acarretar paralisias definitivas em virtude de serem aí muitos
tada em decúbito dorsal, agasalhada, faca compressas para conter superficiais os tendões e os nervos. Além disso, as feridas podem
hemorragias, removendo-a ao PS mais próximo. contaminar-se facilmente, dando lugar a uma infecção purulenta,
com febre e formação de íngua. As feridas poluídas de terra, frag-
C - Ferimentos Perfurantes: São lesões causadas por acidente mentos de roupa etc., estão sujeitas a infecção, inclusive tetânica.
com vidros metais, etc. Numa emergência, deve-se proteger uma ferida com um curativo
qualquer e procurar sustar a hemorragia.
1 - farpas - Prenda-as com uma atadura sobre uma gaze. Ferida Venenosa: É aquela produzida por um agente vulne-
2 - atadura - Nos dedos, mãos, antebraço ou perna, cotovelo rante envenenado (mordedura de cobras, picada de escorpião,
ou joelho - Como fazer. flechas), que inocula veneno ou peçonha nos tecidos, acarretando
3 - bandagem - Serve para manter um curativo, uma imobili- reação inflamatória local ou envenenamento frequentemente mor-
zação de fratura ou conter provisoriamente uma parte do corpo tal do indivíduo. O tratamento resume-se em colocar um garrote
lesada. acima da lesão, extrair o veneno por sucção, retirar o ferrão no caso
de inseto, aplicar soro antivenenoso quando indicado, soltar o gar-
Cuidados: rote aos poucos e fazer um curativo local com antisséptico e gaze
- a região deve estar limpa; esterilizada.
- os músculos relaxados;
- começar das extremidades dos membros lesados para o cen- Esmagamento: É uma lesão grave, que afeta os membros.
tro; Ocorre nos desastres de trem, atropelamentos por veículos pesa-
dos, desmoronamentos etc. O membro atingido sofre verdadeiro
Importante: qualquer enfaixamento ou bandagem que provo- trituramento, com fratura exposta, hemorragia e estado de choque
que dor ou arroxeamento na região deve ser afrouxado imediata- da vítima, que necessitará de socorro imediato para não sucumbir
mente. por anemia aguda ou choque.
Quando o movimento tem de ser destacado do corpo, a ope-
Torniquetes: São utilizados somente para controlar hemorra- ração recebe o nome de amputação traumática. Há também os pe-
gias nos casos em que a vítima teve o braço ou a perna amputada quenos esmagamentos, afetando dedos, mão, e cuja repercussão
ou esmagadas. sobre o estado geral é bem menor. Resistindo a vítima à anemia
aguda e ao choque, poderá estar ainda sujeita à infecção, especial-
Procura-se diminuir os ferimentos do ferido e, sobretudo, im- mente gangrenosa e tetânica.
pedir a sua morte imediata. Evidentemente, o primeiro socorro,
que pode ser feito mesmo por uma pessoa leiga, servirá para que Choque: É um estado depressivo decorrente de um traumatis-
o acidentado aguarde a chegada do médico, ou seja, transportado mo violento, hemorragia acentuada ou queimadura generalizada.
para o hospital mais próximo. Para que alguém se torne útil num Pode também ocorrer em pequenos ferimentos, como os que pe-
socorro urgente, deve ter algumas noções sobre a natureza da le- netram o tórax. Caracteriza-se pelos seguintes sintomas: palidez da
são e como proceder no caso. face, com lábios arroxeados ou descorados, se há hemorragia; pele
Natureza da Lesão: Inicialmente, cumpre saber que se dá o fria, principalmente nas mãos e nos pés; suores frios e viscosos na
nome de traumatismo a toda lesão produzida no indivíduo por um face e no tronco; prostração acentuada e voz fraca; falta de ar, res-
agente mecânico (martelo, faca, projétil), físico (eletricidade, calor, piração rápida e ansiedade; pulso fraco e rápido; sede, sobretudo
irradiação atômica), químico (ácido fênico, potassa cáustica) ou, se há hemorragia; consciência presente, embora diminuída. Como
ainda, biológico (picada de animal venenoso). De acordo com essa primeiro socorro, precisa-se deitar o paciente em posição horizon-
classificação, devem-se considerar alguns tipos de lesões (e suas tal e, havendo hemorragia, elevar os membros e estancar o sangue,
consequências imediatas) a requerer socorro urgente. aquecendo-se o corpo moderadamente, por meio de cobertores.
Hemorragia: É a perda sanguínea através de um ferimento ou
Contusão: É o traumatismo produzido por uma lesão, que tan- pelos orifícios naturais, como as narinas. Quando a hemorragia ul-
to poderá traduzir-se por uma mancha escura (equimose) como por trapassa 500g no adulto, ocorre a anemia aguda, cujos sintomas se
um tumor de sangue (hematoma); este, quando se localiza na cabe- assemelham aos do choque (palidez, sede, escurecimento da vista,
ça, é denominado, vulgarmente, ‘galo’. As contusões são dolorosas pulso fraco, descoramento dos lábios, falta de ar e desmaios). A
e não se acompanham de solução de continuidade da pele. A parte hemorragia venosa caracteriza-se por sangue escuro, jato lento e
contundida deve ficar em repouso sob a ação da bolsa de gelo nas contínuo (combate-se pela compressão local e não pelo garrote).
primeiras horas e do banho de luz nos dias subsequentes. A hemorragia arterial se distingue pelo sangue vermelho rutilante
em jato forte e intermitente (combate-se pela compressão local,
Ferida: É o traumatismo produzido por um corte sobre a su- quando pequena, e pelo garrote, quando grande). O paciente, em
perfície do corpo. Corte ou ferida pode ser superficial, afetando caso de anemia aguda, deve ser tratado como no caso do choca-
apenas a epiderme (escoriação ou arranhadura), ou profundo, pro- do, requerendo ainda transfusões de sangue, quando sob cuidados
vocando hemorragia às vezes mortal. Sendo o ferimento produzido médicos.
por um punhal, canivete ou projétil, os órgãos profundos, como o
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Queimadura: É toda lesão produzida pelo calor sobre a super- o dedo protegido por um lenço e vigiar a respiração. Não se deve
fície do corpo, em graus maiores ou menores de extensão (quei- esquecer que o choque pode também ocorrer, merecendo os de-
madura localizada ou generalizada) ou de profundidade (1º, 2º, e vidos cuidados;
3º graus). Consideram-se ainda queimaduras as lesões produzidas - fratura da coluna: ocorre, em geral, nas quedas, atropela-
por substância cáustica (ácido fênico), pela eletricidade (queimadu- mentos e nos mergulhos em local raso, sendo tanto mais grave o
ra elétrica), pela explosão atômica e pelo frio. As diversas formas prognóstico quanto mais alta a fratura; suspeita-se desta fratura,
de calor (chama, explosão, vapor das caldeiras, líquidos ferventes) quando o paciente, depois de acidentado, apresenta-se com os
são, na verdade, as causas principais das queimaduras. São parti- membros inferiores paralisados e dormentes; as fraturas do pesco-
cularmente graves nas crianças e na forma generalizada. Assim, a ço são quase sempre fatais. Faz-se necessário um cuidado especial
mortalidade é de 9% nas queimaduras da cabeça e membros su- no sentido de não praticar manobras que possam agravar a lesão
periores; 18% na face posterior ou anterior do tronco, e 18% nos da medula; coloca-se o paciente estendido no solo em posição ho-
membros inferiores. Como foi dito, classificam-se as queimaduras rizontal, com o ventre para cima; o choque também pode ocorrer
em três graus: 1º grau, ou eritema, em que a pele fica vermelha e numa fratura dessas.
com ardor (queimadura pelo sol); 2º grau ou flictema, com forma-
ção de bolhas, contendo um líquido gelatinoso e amarelado. Cos- Irradiação Atômica: As explosões atômicas determinam dois
tuma também ser dolorosa, podendo infectar-se quando se rompe tipos de lesões. A primeira, imediata, provocada pela ação calórica
a bolha; e do 3º grau, ou escara, em que se verifica a mortificação desenvolvida, e a segunda, de ação progressiva, determinada pela
da pele e tecidos subjacentes, transformando-se, mais tarde, numa radioatividade. Nos pacientes atingidos, o primeiro socorro deve
ulceração sangrante, que se transforma em grande cicatriz. ser o da sua remoção do local, combate ao choque e tratamento
Quando às queimaduras pequenas, basta untá-las com vaseli- das queimaduras quase sempre generalizadas. Não se pode ignorar
na ou pomadas antissépticas, mas, quando ocorrem as queimadu- o perigo que existe em lidar com tais enfermos, no que se refere à
ras extensas, o primeiro socorro deve dirigir-se para o estado geral radioatividade.
contra o choque, em geral iminente.
Retirada do Local: O paciente pode ficar preso às ferragens de
Distorção: Decorre de um movimento violento e exagerado de um veículo, escombros de um desabamento ou desacordado pela
uma articulação, como o tornozelo. Não deve ser confundida com fumaça de um incêndio. Sua remoção imediata é, então, necessária.
a luxação, em que a extremidade do osso se afasta de seu lugar. É Assim procedendo, evita-se a sua morte, o que justifica processo de
uma lesão benigna, embora muito dolorosa, acompanhando-se de remoção até certo ponto perigoso mas indispensável. O socorrista
inchação da junta e impossibilidade de movimento. A imobilização deve conduzir-se com prudência e serenidade, embora, em certas
deve ser primeiro socorro, podendo empregar-se também bolsa de ocasiões, a retirada do paciente deve ser a mais rápida possível. Em
gelo, nas primeiras horas. certas circunstâncias, será necessário recorrer ao Corpo de Bom-
beiros e a operários especializados, a fim de libertar a vítima.
Luxação: Caracteriza-se pela saída da extremidade óssea, que Enquanto se espeta esse socorro, deve-se tranquilizar a vítima,
forma uma articulação, mantendo-se fora do lugar em caráter per- procurando estancar a hemorragia, se a houver, e recorrer a medi-
manente. Em certos casos a luxação se repete a um simples movi- das que facilitem a respiração, já que em certas circunstâncias pode
mento (luxação reincidente). As luxações mais comuns são as da ser precário o teor de oxigênio da atmosfera local. Isso é muito im-
mandíbula e do ombro. O primeiro socorro consiste no repouso e portante para a sobrevivência do paciente.
imobilização da parte afetada.
Posição do Acidentado: O decúbito dorsal, com o corpo esten-
Fratura: É toda solução de continuidade súbita e violenta de dido horizontalmente, é a posição mais aconselhável. A posição
um osso. A fratura pode ser fechada quando não houver rompi- sentada favorece o desmaio e o choque, fato nem sempre do co-
mento da pele, ou aberta (fratura exposta) quando a pele sofre so- nhecimento do leigo. Quando a vítima está inconsciente, é preciso
lução de continuidade no local da lesão óssea. As fraturas são mais colocá-la de lado, ou apenas com a cabaça lateralizada, para que
comuns ao nível dos membros, podendo ser únicas ou múltiplas. Na possa respirar melhor e não sofra asfixia no decurso do vômito. Ha-
primeira infância, é frequente a fratura da clavícula. Como causas vendo fratura da mandíbula e lesões da boca, é preferível colocar
de fraturas citam-se, principalmente, as quedas e os atropelamen- o paciente em decúbito ventral. Somente os portadores de lesões
tos. Localizações principais: do tórax, dos membros superiores e da face, desde que não sofram
- fratura dos membros, as mais comuns, tornando-se mais gra- desmaios.
ves e de delicado tratamento quanto mais próximas do tronco; Identificação das Lesões: Estando o paciente em local adequa-
- fratura da bacia, em geral grave, acompanhando-se de cho- do, deve-se, imediatamente, identificar certas lesões mais sérias,
que e podendo acarretar lesões da bexiga e do reto, com hemor- como ferimentos que sangram, fratura do crânio, choque, anemia
ragia interna; aguda ou asfixia, capazes de vitimar o paciente, se algo de imediato
- fratura do crânio, das mais graves, por afetar o encéfalo, pro- não for feito. Eis a orientação que se deve dar ao diagnóstico dessas
tegido por aquele; as lesões cerebrais seriam responsáveis pelo lesões:
choque, paralisia dos membros, coma e morte do paciente. A fra- - hemorragia, que se denuncia nas próprias vestes pelas man-
tura do crânio é uma ocorrência mais comum nas grandes cidades, chas de sangue; basta, então, rasgar a fazenda no local suspeito,
devido aos acidentes automobilísticos, e apresenta maior índice de para que se localize o ferimento;
mortalidade em relação às demais. O primeiro socorro precisa vir - fratura do crânio, cujo diagnóstico deverá ser levantado quan-
através de aparelho respiratório, pois os pacientes podem sucum- do o indivíduo, vítima de um acidente, permanece desacordado e,
bir por asfixia. Deve-se lateralizar a cabeça, limpar-lhe a boca com sobre tudo, se ele sangra pelo ouvido ou pelo nariz;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- fratura de membros, posta em evidência pela deformação Imobilizar as fraturas: O primeiro socorro essencial de um fra-
local, dificuldade de movimentos e dor ao menor toque da lesão; turado é a sua imobilização por qualquer meio; podem-se improvi-
- fratura da coluna vertebral, quando o paciente apresenta pa- sar talas com ripas de madeira, pedaço de papelão, ou, no caso de
ralisia de ambos os membros inferiores que permanecem dormen- membro inferior, calha de zinco; nas fraturas de membros superior,
tes, indolores mas sem movimentos; as tipoias são mais aconselháveis. Quando o paciente é fraturado
- choque e anemia aguda, com o paciente pálido, pulso fraco, de coluna, a imobilização deve cingir-se ao repouso completo numa
sede intensa, vista escura, suores frios e ansiedade com falta de ar; posição adequada, de preferência o decúbito dorsal com extensão
- luxação, tornando-se o membro incapaz de movimentos, do- do corpo.
loroso e deformado ao nível da junta; Vigiar a respiração: É muito importante nos traumatizados
- distorção, com dificuldade de movimento na articulação afe- observar a respiração, principalmente quando eles se encontram
tada, apresentando-se este bastante dolorosa e inchada; inconscientes. A respiração barulhenta, entrecortada ou impercep-
- queimadura, fácil de diagnóstico pela maneira que se pro- tível deve despertar no observador a suspeita de dificuldade res-
duziu; resta verificar a sua extensão e gravidade, o que pode ser piratória, com a possibilidade de asfixia. Começa-se por limpar a
orientado pela queimadura das peças do vestuário que ficam car- boca do paciente de qualquer secreção, sangue ou matéria vomita-
bonizadas em contato com o tegumento; no caso de queimadura da, o que se pode fazer entreabrindo a boca da vítima e colocando
generalizada, suspeitar, logo, de um estado de choque e não esque- uma rolha entre a arcada dentária a fim de, com o dedo envolvido
cer da alta gravidade nas crianças; em um lenço, proceder a limpeza. Em complemento, ao terminar a
limpeza, lateriza-se a cabeça, fecha-se a boca do paciente seguran-
- asfixia, que pode ocorrer nos traumatismos do tórax, de crâ- do-lhe a cabeça um pouco para trás. Isso permitirá que a respira-
nio, queimaduras generalizadas e traumatismo da face. Identifica- ção se faça melhor. Havendo parada respiratória, é preciso iniciar,
-se esta condição pela coloração arroxeada da face (cianose), a difi- imediatamente, a respiração artificial boca a boca ou por compres-
culdade de respirar e de consciência que logo se instala. são ritmada da base do tórax (16 vezes por minuto). Não se deve
esquecer que a ventilação do local com ar puro se torna muito im-
Medidas de Emergência portante para qualquer paciente chocado, anemiado ou asfíxico. Os
Após a identificação de uma das lesões já focalizadas, pode-se fraturados da mandíbula, com lesões da língua e da boca, deverão
seguir a seguinte orientação: ser colocados em decúbito ventral com a cabeça leterizada, para
Estancar a hemorragia (Hemostásia): Quando a hemorragia é que a respiração se torne possível.
pequena ou venenosa, é preferível fazer uma compressão sobre o
ferimento, utilizando-se um pedaço de gaze, um lenço bem limpo Remoção de corpos estranhos: Os ferimentos que se apresen-
ou pedaço de algodão; sobre este curativo passa-se uma gaze ou tam inoculados de fragmentos de roupa, pedaços de madeira etc.,
uma tira de pano. Quando, todavia, a hemorragia é abundante ou podem ser lavados com água fervida se o socorro médico vai tar-
arterial, começa por improvisar um garrote (tubo de borracha, gra- dar; no caso, porém, de o corpo estranho estar representado por
vata ou cinto) que será colocado uns quatro dedos transversos aci- uma faca ou haste metálica, que se encontra encravada profunda-
ma do ferimento, apertando-se até que a hemorragia cesse. mente, é preferível não retirá-lo, pois poderá ocorrer hemorragia
Caso o socorro médico demore, cada meia hora afrouxa-se o mortal. No caso de empalação, deve-se serrar a haste pela sua base
garrote por alguns segundos, apertando-o novamente; na hemor- e transportar o paciente para o hospital, a fim de que lá seja remo-
ragia pelas narinas basta comprimir com o dedo, externamente, a vido o corpo estranho.
asa do nariz; finalmente, em caso de hemorragia pós-parto ou pós- Quando o corpo estranho estiver prejudicando a respiração,
-aborto, deve-se colocar a paciente numa posição de declive, man- como no caso dos traumatismos da boca e nariz, cumpre fazer tudo
tendo-se o quadril e os membros inferiores em nível mais elevado. para removê-lo de modo a favorecer a respiração. Não se deve es-
Em casos excepcionais, o ferimento pode estar localizado numa quecer que os pequenos corpos estranhos (espinhos de roseira,
região difícil de se colocar um garrote; procede-se, então, pelo mé- farpas de madeira, espinhos de ouriço-do-mar) podem servir de
todo da compressão ao nível da ferida; pode-se, inclusive, utilizar o veículo para o bacilo de tétano, o que poderá ser fatal.
dedo ou a mão, num caso de extrema hemorragia. Socorro ao queimado: Faz-se necessário considerar as quei-
maduras limitadas e as generalizadas. No primeiro caso, o socorro
Combater o choque e a anemia aguda: Começa-se por colo- urgente consistirá em proteger a superfície queimada com gaze ou
car o paciente, sem travesseiros ou qualquer suporte sob a cabeça, um pano limpo; no segundo caso, o choque deve ser a primeira
mantendo ou membros inferiores em nível mais elevado; remo- preocupação. Deve-se pensar nele mesmo antes que se instale, cui-
vem-se todas as peças do vestuário que se encontram molhadas, dando logo de colocar o paciente em repouso absoluto, protegê-lo
para que não se agrave o resfriamento do enfermo; cobre-se, em contra o resfriamento, fazê-lo ingerir bebidas quentes e tranquilizá-
seguida, o seu corpo com cobertores ou roupas de que se dispõe -lo. Nesse último caso, o tratamento local ocupa um segundo plano.
no momento, a fim de aquecê-lo. A vítima pode ingerir chá ou café Eis um resumo do tratamento local das queimaduras:
quente se estiver consciente e sem vômitos; ao mesmo tempo, - queimadura do 1º grau: protege-se a superfície queimada
deve-se tranquilizá-la, prometendo-lhe um socorro médico ime- com vaselina esterilizada ou pomada analgésica;
diato e dizendo-lhe da vantagem de ficar imóvel mesmo no caso - queimadura do 2º grau: evitar a ruptura das bolhas, fazendo
dos queimados, observa-se um resfriamento das extremidades do um curativo com gaze esterilizada em que se pode estender uma
paciente, havendo necessidade de usar cobertores sobre o mesmo. leve camada de pomada antisséptica ou com antibiótico; a seguir, o
Não convém esquecer-se, também, a sobreposição de cobertores curativo precisa ser resguardado com algodão; quando a superfície
do leito; embora o aquecimento do enfermo possa tornar-se peri- queimada se acha suja com fragmentos queimados etc., torna-se
goso, se provocar sudorese. necessária uma limpeza com sabão líquido ou água morna fervi-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

da, utilizando-se, para isto, uma compressa de gaze; enxuga-se em rentemente grave, enquanto estiver perdendo sangue, enquanto
seguida a superfície queimada, fazendo-se um curativo com poma- respirando mal, enfim, enquanto duas condições não pareçam sa-
da acima referida; no caso de queimaduras poluídas com resíduos tisfatórias.
queimados, haverá necessidade de um antibiótico e de soro anti- O transporte pode por si só causar a morte de um paciente
tetânico. traumatizado. Tomando em consideração essas observações, de-
vem-se verificar as condições gerais do enfermo, o veículo a ser
A renovação do curativo só deve ser feita cinco a sete dias de- utilizado, o tempo necessário ao transporte. Havendo meios de
pois, a não ser que haja inflamação, febre e dor; para retirá-lo basta comunicação, será útil pedir instruções ao hospital mais próximo.
umedecer com soro fisiológico morno ou água morna fervida; Estabelecida a necessidade do transporte, torna-se necessário ob-
- queimadura do 3º grau: o tratamento é igual a queimadura servar os seguintes detalhes:
do 2º grau; o problema principal é a limpeza da superfície quei- - remoção do paciente para o veículo, o que deverá ser fei-
mada, quando esta se encontra poluída por resíduos carbonizados; to evitando aumentar as lesões existentes, sobretudo no caso de
neste caso, pode-se empregar sabão líquido e água ou soro fisioló- fratura de coluna e de membros; em casos especiais, o transporte
gico mornos; pode ser feito por meio de veículos a motor, padiolas e, mais excep-
- recomendações especiais: as queimaduras do rosto e partes cionalmente por avião;
genitais devem receber curativos de vaselina esterilizada; as quei- - veículo utilizado: deve atender, em primeiro lugar, ao confor-
maduras de 30% do corpo, sobretudo do tronco, e, principalmente, to do paciente; os caminhões ou caminhonetes prestam-se melhor
na criança, estão sujeitas ao choque e mesmo à morte do paciente; a esse mister;
exigem, portanto, um tratamento no hospital, de preferência em - caminho a percorrer: é desnecessário encarecer a importân-
serviços especializados. As complicações mais terríveis das queima- cia do repouso dos traumatizados, evitando abalos durante o trans-
duras são: inicialmente, o choque; posteriormente, as infecções, porte; pode ser necessário sustá-lo, caso as condições do enfermo
inclusive tetânica, a toxemia com graves distúrbios gerais, e, final- se agravem;
mente, as cicatrizes viciosas que deformam o corpo do paciente e - acompanhante: a vítima deve ser acompanhada por pessoa
provocam aderências. esclarecida que lhe possa ser útil durante a viagem;
- observação: o transporte em avião constitui um dos melho-
Socorro aos contaminados por raiva: Os indivíduos com feri- res pela ausência de trepidação e maior rapidez; todavia, a altitude
mentos produzidos por animais com hidrofobia (cão, gato, morce- pode ser nociva para pacientes gravemente traumatizados de tó-
go etc.) devem Ter seus ferimentos tratados de maneiro já referida rax, sobretudo se estiverem escarrando sangue ou com falta de ar
no item de feridas; há, todavia, um cuidado especial na maneira de
identificar a raiva no animal agressor, como também de orientar
i paciente, sem perda de tempo, para que faça o tratamento an-
tirrábico imediato; a rapidez do mesmo será tanto mais imperiosa IMPORTÂNCIA DO AMBIENTE SEGURO, PROTEGIDO E AFE-
quanto maior o número de lesões produzidas e quanto mais próxi- TUOSO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
mos da cabeça tais ferimentos.
Socorro ao asfixiado: Em certos tipos de traumatismo como
aqueles que atingem a cabeça, a boca, o pescoço, o tórax; os que A escola é o lugar das interações, lugar das descobertas, lugar
são produzidos por queimaduras no decurso de um incêndio; os do desenvolvimento das aprendizagens. Para isso, é importante
que ocorrem no mar, nos soterramentos etc. poderá haver dificul- que os espaços sejam organizados de maneira desafiante às crian-
dade respiratória e o paciente corre mais risco de morrer pela asfi- ças no campo da cognição, social e, sobretudo motor. Para isso,
xia do que pelas lesões traumáticas. precisamos que os espaços sejam aconchegantes, instáveis, adap-
Nesse caso, a identificação da dificuldade respiratória pela res- tando-se a mudanças rapidamente, ou seja, permeáveis à ação da
piração barulhenta nos indivíduos inconscientes, pela falta de ar de criança. O espaço de educação infantil precisa ser um espaço sujei-
que se queixam os conscientes, ou ainda, pela cianose acentuada to à constante modificação proposta pelas próprias crianças e pelos
do rosto e dos lábios, servirá de guia para o socorro à vítima. A professores de acordo com as funções pretendidas. As crianças pe-
norma principal é favorecer a passagem do ar através da boca e das quenas vivenciam de maneira muito intensa os espaços da escola,
narinas; colocar, inicialmente, o paciente em decúbito ventral, com se fortalecem na dialética do espaço, na relação mútua entre elas e
cabeça baixa, desobstruir a boca e as narinas, manter o seu pescoço o local que brincam, os objetos, os móveis, a decoração, a alma do
em linha reta, mediante a projeção do queixo para trás, o que se lugar e até mesmo o tamanho desse espaço. Criança precisa de es-
poderá fazer tracionando a mandíbula com os dedos, como se fora paço. Toda essa estrutura é fundamental na busca pela perspectiva
para manter fechada a boca do socorrido; se houver vômitos, vira- lúdica que qualquer espaço de desenvolvimento infantil deve ter.
-se a cabeça da vítima para o lado até que cessem, limpando-lhe a Esse espaço deve ser um espelho, um espelho que reflete o meio
boca em seguida. Não se deve esquecer de colocar o paciente em social que a criança está inserida e ao mesmo tempo trazer novida-
ambiente de ventilação adequada e ar puro. A parada respiratória des, novos conceitos de aprendizagem para que a criança desenvol-
requer imediata respiração artificial, contínua e incessante, num va outras maneiras de ver o mesmo mundo. Gandini (1990, p.150)
ritmo de 16 vezes por minuto, até que chegue o socorro médico, diz que o espaço reflete a cultura das pessoas que nele vivem de
não importando que atinja uma hora ou mais. muitas formas e, em um exame cuidadoso, revela até mesmo as
Transporte do paciente: Algumas vezes é indispensável trans- camadas distintas dessa influência cultural. Conforme destacamos,
portar a vítima utilizando meios improvisados, a fim de que se a criança traz suas vivências do meio social em que está se desen-
beneficie de um socorro médico adequado; em princípio, o leigo volvendo, é de lá que traz suas experiências, lá também deixa suas
não deverá fazer o transporte de qualquer paciente em estado apa- próprias marcas em sua forma de relacionar-se com o mundo. En-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tretanto, é a família sua primeira e principal referência básica de • Procuramos tornar acolhedor o espaço que usamos para re-
relação entre os sujeitos, apesar de todas as relações que ocorrem ceber e conversar com as famílias;
em todos os níveis sociais, mas para que seja de fato inclusivo, o • Procuramos garantir o acesso seguro das crianças à creche;
espaço das crianças deve dar prioridade e deve fazer referência à • Lutamos para melhorar as condições de segurança no trânsi-
história da criança e seu contexto e através disto promover a troca to nas proximidades da creche.
de saberes entre as crianças. Na escola as crianças se desenvolvem,
constroem amizades. É o lugar do afeto, espaço de convivência Fonte: DUARTE, Rosana Ramos. UM OLHAR SENSÍVEL À CRIANÇA.
onde aprendemos respeito, um lugar rico em diversidades, para Rio de Janeiro, 2016. Curso de Especialização em Educação Infantil:
que a criança cresça e melhor aprenda cabe aos educadores e a co- Perspectivas de Trabalho em Creches e Pré-Escolas. Pontifícia Universi-
munidade escolar organizar o espaço de desenvolvimento infantil dade Católica DO RIO DE JANEIRO. 38f. Disponível em::: https://www.
pensando no lado afetivo, valorizando o acolhimento as 19 crian- maxwell.vrac.puc-rio.br/32844/32844.PDF. Acesso em: 16.jan.2023
ças, buscando estimular sua curiosidade e interesse. Seguindo essa
lógica, aderindo à ideia exposta no Referencial Curricular Nacional
para Educação Infantil (RCNEI), é preciso levar em conta que:
Na área externa, há que se criar espaços lúdicos que sejam CONHECIMENTO DA ORGANIZAÇÃO E DA CONSERVAÇÃO
alternativos e permitam que as crianças corram, balancem, subam, DOS MATERNAIS E DO AMBIENTE DA CRECHE E DA PRÉ-
desçam e escalem ambientes diferenciados, pendurem-se, escorre- -ESCOLA
guem, rolem, joguem bola, brinquem com água e areia, escondam-
-se etc. (BRASIL, 1998a, p.69).
Conforme já pontuamos, criança também precisa de espaço A contribuição dos conteúdos disciplinas para o ensino deve
para desenvolver-se com qualidade. Ainda pensando na infraestru- ser vista da seguinte forma: Ao invés de haver a transmissão direta
tura e organização dos espaços, vemos os Parâmetros Básicos de e objetiva dos conteúdos específicos (Ex.: matemática, biologia, fí-
Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil que recomen- sica, química, etc.) como ponto de partida, deve-se fazer um inicial
dam: questionamento da contribuição da disciplina em foco para a for-
[...] que a área mínima para todas as salas para crianças de mação do aluno, enquanto um indivíduo que vive em sociedade.
0 a 6 anos contemple 1,50 m2 por criança atendida considerando Essa perspectiva considera que, não se sabe qual indivíduo está
a importância da organização dos ambientes educativos e a quali- se formando, e não se imagina se esse vai se tornar um matemá-
dade do trabalho. Recomenda-se que a metragem das salas seja a tico, físico, químico, biólogo, artista etc. (BLOOM, 1983), (TYLER,
mesma, independentemente da faixa etária, possibilitando altera- 1949). Portanto, essa é a essência do conteúdo flexível e contextu-
ções nos agrupamentos, de acordo com a demanda da comunidade alizado, principalmente no que se refere ao ritmo de aprendizagem
(BRASIL, 2006, p.27). dos alunos.10
O espaço criado para a criança deve então se organizar de
acordo com faixa etária, quantidade de crianças, e essa organiza- Os recursos didáticos são as ferramentas utilizadas pelo pro-
ção deve estar sendo propondo desafios cognitivos e motores que fessor para facilitar o processo ensino-aprendizagem, eles podem
a farão avançar no desenvolvimento de suas potencialidades. O ser os mais simples como o pincel, apagador ou os mais sofistica-
espaço deve estar povoado de objetos que retratem a cultura e o dos como o computador, data show, câmera digital. A teoria da co-
meio social em que a criança está inserida. Para CAMPOS (2009, p. municação os define como o canal através do qual se transmitem
17), pensando em práticas educativas que respeitem a qualidade as atividades docentes, são o sustento material das mensagens no
do espaço voltado para o desenvolvimento infantil, ela pontua os contexto de sala de aula, qualquer objeto pode ser um recurso des-
seguintes critérios de organização para sua creche: de que estabeleça uma relação de interação recíproca com o aluno
•Arrumamos com capricho e criatividade os lugares onde as na construção do conhecimento, ou seja, é o meio para se chegar
crianças passam o dia ; a um fim.
• Nossas salas são claras, limpas e ventiladas; A capacidade que os recursos têm de despertar e estimular os
• Não deixamos objetos e móveis quebrados nos espaços onde mecanismos sensoriais, principalmente os audiovisuais, faz com o
as crianças ficam; • Mantemos fora do alcance das crianças produ- aluno desenvolva sua criatividade tornando-se ativamente partici-
tos potencialmente perigosos; pante de construções cognitivas. A utilização de recursos consiste
• As crianças têm lugares agradáveis para se recostar e desen- em uma mudança que abrange desde o próprio uso como também
volver atividades calmas; • As crianças têm direito a lugares ade- a postura do professor em abandonar práticas tradicionais que não
quados para seu descanso e sono; se enquadram nos novos padrões educacionais.
• Nossa creche demonstra seu respeito às crianças pela forma
como está arrumada e conservada; • Nossa creche sempre tem tra- Função dos recursos didáticos
balhos realizados pelas crianças em exposição; Os recursos didáticos têm como função aumentar o alcance das
• Quando fazemos reformas na creche nossa primeira preocu- mensagens, ou seja, fazer com que o maior número de alunos pos-
pação é melhorar os espaços usados pelas crianças; sa assimilar o conhecimento. Dessa forma, quanto maior a diversi-
• Quando fazemos reformas tentamos adequar a altura das ja- dade de recursos, melhor é a aprendizagem, pois se os estudantes
nelas, os equipamentos e os espaços de circulação às necessidades não conseguem entender com um método, o uso de um segundo
de visão e locomoção das crianças; método pode melhorar o entendimento e fixar a mensagem para
• Nossa equipe procura desenvolver relações de trabalho cor- quem já compreendeu. No mundo globalizado, já não é possível se
diais e afetivas; caminhar sem o uso das novas tecnologias de informação e comu-
10 Fonte: www.portaleducacao.com.br
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

nicação, a comunidade escolar já percebe a importância das tecno- tidade, a percepção de si como agente educacional e como sujeito
logias como ferramenta didático-pedagógica na educação, e como que aprende. Em outras palavras, a assimilação do sentimento de
instrumento de mudanças no processo de ensino e aprendizagem. pertencimento ao ambiente educacional.
O espaço escolar deve ser visto como um espaço de constan- Claro que não é tarefa fácil transitar no universo pedagógico
tes mudanças, onde o aluno possa, de forma participativa, interagir que, tradicionalmente, é domínio do professor. Não se pretende
positivamente na construção do conhecimento. Dentre os recur- que o funcionário assuma o espaço da sala de aula, nem mesmo
sos tecnológicos mais avançados, está o computador com todas as como seu substituto eventual. Mas é preciso romper com as amar-
suas potencialidades, inclusive a internet que é uma fonte diversi- ras socioculturais que, historicamente, prendem o funcionário es-
ficada de pesquisa de conteúdo, uma fonte de atividades variadas colar no plano da invisibilidade, em que práticas que podem tanto
e interessantes multimídias, imagens, software, sons, textos, etc. educar quanto deseducar são vistas, e até percebidas, mas não le-
Sendo o professor uma peça importante no processo pedagógico vadas em conta.
como orientador e mediador, por meio de um roteiro bem definido Trazer à luz, de forma consciente, as ações educativas que
dos temas abordados, fornecendo pistas, questionando posições e você, funcionário(a) de escola, desempenha durante sua rotina de
estratégias, promovendo perspectivas de análise mais crítica por trabalho é, pois, o marco zero na percepção de si como educador.
parte dos usuários. É de suma importância que ele tenha clareza E, ao assim proceder, você certamente irá despertar no outro essa
de qual é objetivo do uso do computador como ferramenta peda- mesma percepção.
gógica. Considerando que a aprendizagem (especialmente no início da
escolarização) acontece, em boa parte, pela imitação de modelos,
Possibilidades e limitações da utilização dos recursos de exemplos, a contradição entre o que se ensina e o que se pra-
Na minha prática, os recursos didáticos são ferramentas indis- tica, ainda hoje existente, deve dar lugar a ações conscientes, de
pensáveis para dinamizar todo o trabalho que é desenvolvido den- caráter formativo. Pois, como já nos ensinou Paulo Freire em seu li-
tro e fora da sala de aula. Se formos pensar na diversidade de re- vro Pedagogia da autonomia, “as palavras ensinadas a que faltam a
cursos que a tecnologia disponibiliza, a escola pública ainda é muito corporeidade do exemplo valem pouco ou quase nada”. É a
pobre e deficitária, mais precisamos utilizar tudo que temos a nossa máxima freireana do pensar certo: pensar certo é fazer certo!
disposição para criarmos ambientes favoráveis de aprendizagem. O discurso impregnado no fazer educativo, que afirma ser o
Quando o professor entra na sala de aula, ele já está com os aluno o centro do processo ensino-aprendizagem, não encontra
recursos básicos da profissão que são livro, quadro, pincel e apa- respaldo nas práticas educacionais vigentes. Muitas vezes, a falta
gador, é necessário agora que isso mude, não podemos mais con- de estrutura adequada ou de tempo suficiente para o planejamen-
tinuar nessa mesmice que perdura há séculos. Realizar atividades to das atividades docentes e a ausência de apoio técnico especiali-
pedagógicas dinâmicas e mais atraentes é papel do profissional da zado no manuseio e na implementação dos recursos didáticos con-
era tecnológica, sabemos que as escolas apresentam algumas limi- tribuem para certo abandono ou subutilização dos equipamentos
tações quando o assunto é recurso, mas o que nos é disponível tem existentes.
que ser utilizado de forma eficaz e prazerosa, porque eles podem Dessa forma, o professor, por deter o conhecimento do con-
contribuir para o desenvolvimento do educando preparando-o para teúdo que irá ensinar, por superestimar a capacidade de abstração
o exercício da cidadania e para o mercado de trabalho. Ensinar com dos alunos ou por considerar trabalhosa a administração de uma
as novas tecnologias só será proveitoso se mudarmos nossos para- atividade com recursos diferentes do livro e do quadro de giz, den-
digmas tradicionais, que mantêm distantes professores e alunos. 11 tre outros motivos, dispensa o uso de materiais que poderiam enri-
quecer e mediar a construção do saber, optando por aulas apenas
Gestão e organização dos equipamentos didáticos: expositivas ou com poucos recursos.
O emprego dos recursos, materiais ou equipamentos didáticos, Já a otimização do uso dos equipamentos existentes na escola,
como sua própria experiência profissional indica, é historicamente ainda que escassos, colabora sensivelmente para o processo forma-
planejado, elaborado e implementado pelo professor. Contudo, as tivo do estudante. A utilização de um simples cartaz pode contribuir
práticas educacionais cotidianas permitem constatar a necessidade qualitativamente para o alcance dos objetivos da aula. Igualmente,
urgente de um novo olhar sobre os suportes didáticos. a TV e o vídeo, quando bem utilizados, podem colaborar para a as-
Em tempos de gestão democrática, de educação para a inclu- similação e sedimentação dos conteúdos curriculares, tornando as
são, escolar e social, sugere-se a participação de todos, em todas aulas mais atrativas e prazerosas. O que dizer, então, das possibili-
as instâncias e em todos os espaços da escola. Inclui-se aí a efeti- dades de construção do próprio material didático? Isso mesmo! A
va participação dos funcionários nas instâncias pedagógicas, como produção de materiais que atendam às demandas específicas de
gestores e educadores que reúnem as habilidades necessárias ao cada escola, de cada turma ou mesmo de cada estudante é uma
desenvolvimento de ações que envolvam o apoio didático às aulas prática não só possível como muito utilizada em boa parte das es-
planejadas pela equipe docente. Falamos não somente do técnico colas de todo o Brasil.
em multimeios didáticos, como também de você, técnico em meio O funcionário da educação não pode ficar alheio a essas reali-
ambiente e manutenção da infraestrutura escolar. dades. Ele não é professor, não é docente, mas é educador e ges-
E para que você desempenhe tais atividades com competência tor escolar e precisa se conscientizar dos processos pedagógicos e
e profissionalismo, é fundamental o desenvolvimento de algumas integrar-se neles. O professor será tanto melhor e a aprendizagem
habilidades básicas, como também o exercício da soma do conheci- dos alunos será mais completa, quanto mais os funcionários partici-
mento prévio acumulado com o conhecimento teórico, que levam à parem do projeto pedagógico da escola, quanto mais eles se envol-
autonomia e à capacidade de gestão. Porém, a característica essen- verem no cuidado do meio ambiente e da infraestrutura da escola
cial e que precede às outras é, sem dúvida, a constituição da iden- como sujeitos educativos.
11 Fonte: Revista Mundo Jovem – Texto adaptado de Josenilson Vieira dos Anjos
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Dessa forma, o professor, por deter o conhecimento do con- cesso de transmissão oral, a memorização era o único recurso de
teúdo que irá ensinar, por superestimar a capacidade de abstração aprendizagem que os alunos possuíam para guardar as informa-
dos alunos ou por considerar trabalhosa a administração de uma ções recebidas.
atividade com recursos diferentes do livro e do quadro de giz, den- Para essa tarefa, era destacado um membro do grupo, geralmen-
tre outros motivos, dispensa o uso de materiais que poderiam enri- te, aquele que teve maior facilidade em reter os ensinamentos recebi-
quecer e mediar a construção do saber, optando por aulas apenas dos que, explorando ao máximo os recursos de sua memória de longo
expositivas ou com poucos recursos. prazo, transmitia-os por meio de dramatizações, personalizações e di-
Já a otimização do uso dos equipamentos existentes na escola, versos outros artifícios narrativos. A aplicação desses recursos, em si,
ainda que escassos, colabora sensivelmente para o processo forma- já demonstra uma preocupação, antiga, com a facilitação do processo
tivo do estudante. A utilização de um simples cartaz pode contribuir ensino-aprendizagem, uma vez que era preciso garantir a atenção das
qualitativamente para o alcance dos objetivos da aula. Igualmente, crianças e dos jovens e estimular seus circuitos de memória.
a TV e o vídeo, quando bem utilizados, podem colaborar para a as- A ludicidade é outro aspecto evidente nas técnicas utilizadas,
similação e sedimentação dos conteúdos curriculares, tornando as uma vez que as dramatizações e as personalizações visavam, tam-
aulas mais atrativas e prazerosas. O que dizer, então, das possibili- bém, a proporcionar prazer aos aprendizes.
dades de construção do próprio material didático? Isso mesmo! A Mais adiante, ainda antes do surgimento das escolas, os pri-
produção de materiais que atendam às demandas específicas de meiros brinquedos inventados tinham função educativa. Em geral,
cada escola, de cada turma ou mesmo de cada estudante é uma eram representações das atividades humanas cotidianas (criação
prática não só possível como muito utilizada em boa parte das es- de animais, proteção, cuidados com a prole...), também objetivan-
colas de todo o Brasil. do preparar as crianças para suas tarefas futuras, na fase adulta,
O funcionário da educação não pode ficar alheio a essas reali- como a subsistência e proteção de si e de seu grupo. Assim, os me-
dades. Ele não é professor, não é docente, mas é educador e ges- ninos de antigamente “brincavam” de tocar o rebanho, com peque-
tor escolar e precisa se conscientizar dos processos pedagógicos e nas ferramentas, adaptadas à sua estatura.
integrar-se neles. O professor será tanto melhor e a aprendizagem As primeiras bonecas também surgiram – feitas de pele de ani-
dos alunos será mais completa, quanto mais os funcionários partici- mais, dentre outros materiais – com o intuito de desenvolver, nas
parem do projeto pedagógico da escola, quanto mais eles se envol- meninas, as habilidades necessárias aos cuidados com os filhos. Aqui,
verem no cuidado do meio ambiente e da infraestrutura da escola também é clara a preocupação de nossos antepassados com o aspecto
como sujeitos educativos. lúdico das formas de ensinar, pois, desde os primórdios, já se sabia que
A esta nova identidade, além da intenção educativa, serão aprender com prazer significa aprender mais e melhor.
agregados os conhecimentos específicos necessários à constitui- Esses são apenas alguns exemplos de como os seres humanos,
ção do perfil técnico, gestor e educador que, neste Módulo, se desde o princípio de sua existência, lançam mão de diferentes técnicas
aterão aos aspectos relacionados ao planejamento e emprego dos e recursos que auxiliam e melhoram sua qualidade de vida, até mesmo
equipamentos didáticos. Essas atividades não podem, por óbvio, na educação. É, portanto, uma característica humana buscar e cons-
prescindir do cunho pedagógico, inerente ao fazer educativo, cuja truir estratégias e ferramentas facilitadoras de seu cotidiano.
bagagem você já acumulou ao estudar e praticar os módulos peda- A partir desse conhecimento histórico e das definições sobre
gógicos deste curso. didática, estudadas na Unidade I, esperamos que o conceito de
materiais e de equipamentos didáticos, trabalhados doravante, se
Materiais e equipamentos didáticos, o que são? torne mais claro.
Há milhares de anos, nossos antepassados já usavam objetos
que facilitavam suas atividades diárias. Achados arqueológicos in- Os materiais e equipamentos didáticos
dicam que os primeiros objetos usados pelo homem eram simples, Também conhecidos como “recursos” ou “tecnologias educa-
feitos à mão, utilizando pedras. Acredita-se que eles eram usados cionais”, os materiais e equipamentos didáticos são todo e qual-
como martelos, projéteis, objetos para cortar e raspar e, depois, quer recurso utilizado em um procedimento de ensino, visando à
pontas de lança. Tudo pensado para sua sobrevivência no planeta. estimulação do aluno e à sua aproximação do conteúdo.
No começo, os materiais eram usados da maneira como eram Nesse contexto, os mapas e os globos são materiais didáticos
encontrados na natureza (galhos de árvores, pedras brutas) e, com utilizados para a facilitação da aprendizagem. Da mesma forma,
o passar do tempo, foram cada vez mais se modificando, até atingi- quando a professora usa palitos de picolé e canudinhos de refri-
rem níveis mais altos de sofisticação. Basta lembrar que, primitiva- gerante para ensinar matemática ou quando projeta um filme so-
mente, a contagem dos objetos era feita com pedrinhas, gravetos, bre a colonização do Brasil ou, ainda, quando planta sementes de
desenhos no chão; hoje, milhares de anos depois, tem-se o compu- girassol e feijão no ambiente escolar para ensinar o processo de
tador, que não só quantifica como realiza operações extremamente germinação.
complexas em uma velocidade impressionante. São inúmeros e variados os materiais e equipamentos didáticos
Em relação à educação, não foi diferente. Os primeiros gru- existentes nas escolas brasileiras, sem contar que podemos criar ou
pamentos humanos a fixarem-se na terra, cultivando-a e criando aproveitar recursos empregados para outros fins. Geralmente, es-
animais, preocuparam-se com a transmissão do conhecimento aos ses materiais são classificados como recursos visuais, auditivos ou
mais jovens, tendo em vista prepará-los para a sobrevivência e de- audiovisuais, ou seja, recursos que podem estimular o estudante
fesa da comunidade. Nesse período, além dos processos de imita- por meio da percepção visual, auditiva ou ambas, simultaneamen-
ção e participação por parte dos mais novos, a exposição oral era te, como você poderá verificar no quadro a seguir. Muitos deles
a ferramenta educacional utilizada pelos mais velhos, tanto para foram criados exclusivamente para fins pedagógicos, isto é, foram
transmitir o aprendizado das tarefas do dia-a-dia quanto para es- pensados para serem didáticos, para mediarem a construção do co-
timular o cultivo dos valores que constituíam o grupo. Nesse pro- nhecimento que ocorre no ambiente escolar.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A utilização desses recursos impõe a observância de alguns critérios para uma escolha mais eficiente, por parte do professor, como:
a) adequação aos objetivos, conteúdo e grau de desenvolvimento, interesse e necessidades dos alunos;
b) adequação às habilidades que se quer desenvolver (cognitivas, afetivas ou psicomotoras);
c) simplicidade, baixo custo e manipulação acessível; e
d) qualidade e atração (devem despertar a curiosidade).

Por isso, quanto mais você conhecer a proposta pedagógica da escola e estiver próximo do planejamento dos colegas professores,
mais você poderá ajudá-los na disponibilização, na manutenção e na conservação dos materiais.

Principais recursos didáticos utilizados na educação brasileira


Historicamente, no Brasil, as sucessivas reformas educacionais incluem materiais didáticos inovadores, como exigências de novas
filosofias e/ou metodologias de ensino, que agregam aos conceitos didáticos e pedagógicos a reformulação da prática docente. Em geral,
tal reformulação prevê a adoção de novas técnicas, às quais se relacionam novos materiais e equipamentos.
Mas o que se tem, na verdade, são tentativas, de cima para baixo e muitas vezes frustradas, de se modernizar os processos, sem levar
em conta todos os elementos envolvidos. Talvez esse tenha sido um dos principais fatores que colaboram para a subutilização dos recur-
sos disponíveis nas escolas, na comunidade, na natureza. A produção de materiais e equipamentos didáticos deriva mais dos interesses
dos fabricantes e dos fornecedores do que da necessidade dos educadores e dos educandos.
É, de certa forma, até compreensível que tal coisa aconteça, pois já vivemos a experiência cotidiana, em que a imposição impera em
lugar das práticas democráticas e dialógicas. Dessa maneira, os resultados tendem a atingir padrões aquém das expectativas.
Em relação à educação, a contextualização não apenas do currículo, mas sobretudo das estratégias a serem adotadas, é cada vez
mais necessária, tendo em vista o respeito às diferenças socioculturais e às demandas específicas de cada grupo que ocupa o espaço
educacional.
Outro aspecto importante, confirmado pelas práticas escolares, é que a introdução de um recurso didático, por mais desenvolvido
tecnologicamente, seja em qualquer época, não tem apresentado resultados instantâneos e automáticos nem no ensino, nem na apren-
dizagem. Nesse sentido, apenas uma aplicação sistemática, ordenada, com ações bem planejadas, objetivos bem definidos e respeito ao
contexto educacional local pode promover, a médio prazo, as mudanças que os materiais e equipamentos didáticos têm em potencial.
Há de se levar em conta a participação dos diversos segmentos da comunidade escolar na construção das propostas pedagógicas,
bem como na seleção das ferramentas adequadas às intervenções. Nesse caso, vale lembrar o papel fundamental que você, funcionário(a)
de escola, deve exercer, a partir não somente da vivência como educador, mas também dos conhecimentos específicos adquiridos, que
lhe conferem habilidades de técnico e gestor, nesses processos.
Esses conhecimentos novos devem garantir sua efetiva participação, sobretudo no planejamento, no uso, na manutenção e na con-
servação dos equipamentos didáticos adequados para cada fim, a partir do planejamento das atividades pedagógicas elaborado pelos
professores, se possível em conjunto com você e os outros técnicos da escola.
Para tanto, um conhecimento um pouco mais aprofundado sobre os materiais e equipamentos didáticos atualmente em uso nas
nossas escolas é essencial. Veja, no quadro a seguir, a lista de recursos didáticos mais conhecida no Brasil:

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Esses materiais ou equipamentos são mais conhecidos por que permitem o desenvolvimento de atividades diversificadas e
serem mais universais, ou seja, podem ser utilizados em todos os simultâneas, como, por exemplo, ambientes para jogos, artes, fa-
componentes curriculares e em todas as modalidades do ensino, z-de-conta, leitura etc.
além de terem um custo relativamente baixo. Alguns deles serão Pesquisas indicam que ambientes divididos são mais indicados
estudados mais detalhadamente. para estruturar espaços para crianças pequenas ao invés de gran-
Mas há, ainda, materiais específicos para etapas e modalida- des áreas livres. Os pequenos interagem melhor em grupos quando
des de ensino específicas, como é o caso dos equipamentos para estão em espaços menores e mais aconchegantes de onde podem
creches e pré-escolas, para as diferentes idades e matérias do en- visualizar o adulto. Os elementos que dividem o espaço são varia-
sino fundamental e médio, para a educação profissional e para os dos, podendo ser prateleiras baixas, pequenas casinhas, caixas,
portadores de necessidades educacionais especiais. 12 biombos baixos dos mais diversos tipos etc. Esse tipo de organiza-
ção favorece à criança ficar sozinha, se assim o desejar.
Organização do espaço e seleção dos materiais Na área externa, há que se criar espaços lúdicos que sejam al-
A organização dos espaços e dos materiais se constitui em um ternativos e permitam que as crianças corram, balancem, subam,
instrumento fundamental para a prática educativa com crianças desçam e escalem ambientes diferenciados, pendurem-se, escorre-
pequenas. Isso implica que, para cada trabalho realizado com as guem, rolem, joguem bola, brinquem com água e areia, escondam
crianças, deve-se planejar a forma mais adequada de organizar o se etc.
mobiliário dentro da sala, assim como introduzir materiais especí-
ficos para a montagem de ambientes novos, ligados aos projetos Os recursos materiais
em curso. Além disso, a aprendizagem transcende o espaço da sala, Recursos materiais entendidos como mobiliário, espelhos,
toma conta da área externa e de outros espaços da instituição e brinquedos, livros, lápis, papéis, tintas, pincéis, tesouras, cola, mas-
fora dela. A pracinha, o supermercado, a feira, o circo, o zoológico, sa de modelar, argila, jogos os mais diversos, blocos para constru-
a biblioteca, a padaria etc. são mais do que locais para simples pas- ções, material de sucata, roupas e panos para brincar etc. devem
seio, podendo enriquecer e potencializar as aprendizagens. ter presença obrigatória nas instituições de educação infantil de
Espaço físico e recursos materiais forma cuidadosamente planejada.
A estruturação do espaço, a forma como os materiais estão Os materiais constituem um instrumento importante para o
organizados, a qualidade e adequação dos mesmos são elementos desenvolvimento da tarefa educativa, uma vez que são um meio
essenciais de um projeto educativo. Espaço físico, materiais, brin- que auxilia a ação das crianças. Se de um lado, possuem qualida-
quedos, instrumentos sonoros e mobiliários não devem ser vistos des físicas que permitem a construção de um conhecimento mais
como elementos passivos, mas como componentes ativos do pro- direto e baseado na experiência imediata, por outro lado, possuem
cesso educacional que refletem a concepção de educação assu- qualidades outras que serão conhecidas apenas pela intervenção
mida pela instituição. Constituem-se em poderosos auxiliares da dos adultos ou de parceiros mais experientes. As crianças exploram
aprendizagem. Sua presença desponta como um dos indicadores os objetos, conhecem suas propriedades e funções e, além disso,
importantes para a definição de práticas educativas de qualidade transformam-nos nas suas brincadeiras, atribuindo-lhes novos sig-
em instituição de educação infantil. No entanto, a melhoria da ação nificados.
educativa não depende exclusivamente da existência destes obje- Os brinquedos constituem-se, entre outros, em objetos privi-
tos, mas está condicionada ao uso que fazem deles os professores legiados da educação das crianças. São objetos que dão suporte ao
junto às crianças com as quais trabalham. Os professores preparam brincar e podem ser das mais diversas origens materiais, formas,
o ambiente para que a criança possa aprender de forma ativa na texturas, tamanho e cor. Podem ser comprados ou fabricados pelos
interação com outras crianças e com os adultos. professores e pelas próprias crianças; podem também ter vida cur-
ta, quando inventados e confeccionados pelas crianças em deter-
Versatilidade do espaço minada brincadeira e durar várias gerações, quando transmitidos
O espaço na instituição de educação infantil deve propiciar de pai para filho. Nessa perspectiva, as instituições devem integrá-
condições para que as crianças possam usufruí-lo em benefício do -los ao acervo de materiais existentes nas salas, prevendo critérios
seu desenvolvimento e aprendizagem. Para tanto, é preciso que o de escolha, seleção e aquisição de acordo com a faixa etária atendi-
espaço seja versátil e permeável à sua ação, sujeito às modificações da e os diferentes projetos desenvolvidos na instituição.
propostas pelas crianças e pelos professores em função das ações
desenvolvidas. Acessibilidade dos materiais
Deve ser pensado e rearranjado, considerando as diferentes Outro ponto importante a ser ressaltado diz respeito à dispo-
necessidades de cada faixa etária, assim como os diferentes proje- sição e organização dos materiais, uma vez que isso pode ser deci-
tos e atividades que estão sendo desenvolvidos. Particularmente, sivo no uso que as crianças venham a fazer deles. Os brinquedos
as crianças de zero a um ano de idade necessitam de um espaço e demais materiais precisam estar dispostos de forma acessível
especialmente preparado onde possam engatinhar livremente, às crianças, permitindo seu uso autônomo, sua visibilidade, bem
ensaiar os primeiros passos, brincar, interagir com outras crianças, como uma organização que possibilite identificar os critérios de or-
repousar quando sentirem necessidade etc. denação.
Os vários momentos do dia que demandam mais espaço livre É preciso que, em todas as salas, exista mobiliário adequado
para movimentação corporal ou ambientes para aconchego e/ou ao tamanho das crianças para que estas disponham permanen-
para maior concentração, ou ainda, atividades de cuidados impli- temente de materiais para seu uso espontâneo ou em atividades
cam, também, planejar, organizar e mudar constantemente o espa- dirigidas. Este uso frequente ocasiona, inevitavelmente, desgaste
ço. Nas salas, a forma de organização pode comportar ambientes em brinquedos, livros, canetas, pincéis, tesouras, jogos etc. Esta si-
12 Fonte: www.portal.mec.gov.br tuação comum não deve ser pretexto para que os adultos guardem
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

e tranquem os materiais em armários, dificultando seu uso pelas Fumigação: é a dispersão sob forma de partículas, de agentes
crianças. Usar, usufruir, cuidar e manter os materiais são aprendi- desinfectantes como gases, líquidos ou sólidos.
zagens importantes nessa faixa etária. A manutenção e reposição
destes materiais devem fazer parte da rotina das instituições e não Desinfecção: é o processo pelo qual se destroem particular-
acontecer de forma esporádica. mente os germes patogênicos e/ou se inativa sua toxina ou se inibe
o seu desenvolvimento. Os esporos não são necessariamente des-
Segurança do espaço e dos materiais truídos.
Para as crianças circularem com independência no espaço, é
necessário um bom planejamento que garanta as condições de se- Esterilização: é processo de destruição de todas as formas de
gurança necessárias. É imprescindível o uso de materiais resisten- vida microbiana (bactérias nas formas vegetativas e esporuladas,
tes, de boa qualidade e testados pelo mercado, como vidros e es- fungos e vírus) mediante a aplicação de agentes físicos e ou quími-
pelhos resistentes, materiais elétricos e hidráulicos de comprovada cos. Toda esterilização deve ser precedida de lavagem e enxagua-
eficácia e durabilidade. É necessária, também, proteção adequada dura do artigo para remoção de detritos.
em situações onde exista possibilidade de risco, como escadas, va-
randas, janelas, acesso ao exterior etc. Os brinquedos devem ser Esterilizantes: são meios físicos (calor, filtração, radiações, etc)
seguros (seguindo as normas do Inmetro), laváveis e necessitam capazes de matar os esporos e a forma vegetativa, isto é, destruir
estar em boas condições. Os brinquedos de parque devem estar todas as formas microscópicas de vida.
bem fixados em área gramada ou coberta com areia e não sobre
área cimentada. Esterilização: o conceito de esterilização é absoluto. O mate-
rial é esterilizado ou é contaminado, não existe meio termo.

Germicidas: são meios químicos utilizados para destruir todas


NOÇÕES BÁSICAS DE ASSEPSIA, DESINFECÇÃO E ESTERILI- as formas microscópicas de vida e são designados pelos sufixos
ZAÇÃO DO AMBIENTE “cida” ou “lise”, como por exemplo, bactericida, fungicida, virucida,
bacteriólise etc. Na rotina, os termos antissépticos, desinfetantes
e germicidas são empregados como sinônimos, fazendo que não
Assepsia: é o conjunto de medidas que utilizamos para impedir haja diferenças absolutas entre desinfetantes e antissépticos. En-
a penetração de microrganismos num ambiente que logicamente tretanto, caracterizamos como antisséptico quando a empregamos
não os tem, logo um ambiente asséptico é aquele que está livre de em tecidos vivo e desinfetante quando a utilizamos em objetos
infecção. inanimados. Sanitização, neologismo do inglês sanitization, em que
emprega sanitizer, tipo particular de desinfetante que reduz o nú-
Antissepsia: é o conjunto de medidas propostas para inibir o mero de bactérias contaminantes a níveis julgados seguros para as
crescimento de microrganismos ou removê-los de um determina- exigências de saúde pública.
do ambiente, podendo ou não destruí-los e para tal fim utilizamos
antissépticos ou desinfetantes. A descontaminação de tecidos vivos Antissépticos: Um antisséptico adequado deve exercer a ativi-
depende da coordenação de dois processos: degermação e antis- dade gemicida sobre a flora cutâneo-mucosa em presença de san-
sepsia. É a destruição de micro-organismos existentes nas cama- gue, soro, muco ou pus, sem irritar a pele ou as mucosas. Muitos
das superficiais ou profundas da pele, mediante a aplicação de um testes in vitro foram propostos para avaliar a ação de antissepticos,
agente germicida de baixa causticidade, hipoalergenico e passível mas a avaliação definitiva desses germicidas só pode feita median-
de ser aplicado em tecido vivo. Os detergentes sintéticos não-iô- te testes in vivo. Os agentes que melhor satisfazem as exigências
nicos praticamente são destituídos de ação germicida. Sabões e para aplicação em tecidos vivos são os iodos, a cloro-hexidina, o
detergentes sintéticos aniônicos exercem ação bactericida contra álcool e o hexaclorofeno.
microrganismos muito frágeis como o Pneumococo, porém, são
inativos para Stafilococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e ou- Para a desinfecção das mãos temos:
tras bactérias Gram negativas. Consequentemente, sabões e deter- - Soluções antissépticas com detergentes (degermantes) e se
gentes sintéticos (não iônicos e aniônicos) devem ser classificados destinam à degermação da pele, removendo detritos e impurezas
como degermantes, e não como antissépticos. e realizando anti-sepsia parcial. Como exemplos citam: Solução de-
tergente de PVPI a 10% (1% de iodo ativo); Solução detergente de
Degermação: Vem do inglês degermation, ou desinquimação, clorhexidina a 4 %, com 4% de álcool etílico.
e significa a diminuição do número de microrganismos patogêni- - Solução alcoólica para anti-sepsia das mãos: Solução de álcool
cos ou não, após a escovação da pele com água e sabão. É a re- iodado a 0,5 ou 1 % (álcool etílico a 70%, com ou sem 2 % de gliceri-
moção de detritos e impurezas depositados sobre a pele. Sabões e na); Álcool etílico a 70%, com ou sem 2% de glicerina.
detergentes sintéticos, graças a sua propriedade de umidificação,
penetração, emulsificação e dispersão, removem mecanicamente a Fervura: Foi um método correntemente usado na prática diá-
maior parte da flora microbiana existente nas camadas superficiais ria, mas não oferece uma esterilização completa, pois a tempera-
da pele, também chamada flora transitória, mas não conseguem tura máxima que pode atingir é 100°C ao nível do mar, e sabemos
remover aquela que coloniza as camadas mais profundas ou flora que os esporos, e alguns vírus, como o da hepatite, resistem a essa
residente. temperatura, alguns até por 45 h. Por outro lado, a temperatura de
ebulição varia com a altitude do lugar.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Cuidados na esterilização pela fervura: Devem-se eliminar as bolhas, pois estas protegem as bactérias - no interior da bolha impera o
calor seco, e a temperatura de fervura (100°C), este calor é insuficiente para a esterilização; Devem-se eliminar as substâncias gordurosas
e protéicas dos instrumentos, pois estas impedem o contacto direto do calor úmido com as bactérias.

HIGIENE AMBIENTAL, DE EQUIPAMENTOS E DE UTENSÍLIOS


A higiene ambiental, de equipamentos e de utensílios é o conjunto de ações preventivas que proporcionam um espaço agradável de
convivência de crianças e funcionários, garantindo um ambiente que estabeleça condições favoráveis à saúde, minimizando a possibili-
dade de doenças.
A higienização é a operação que engloba a limpeza e a desinfecção. É[ muito importante realizar a higienização, porque os microorga-
nismos se multiplicam em resíduos ou sujidades que permanecem nesses locais, contaminando-os e disseminando doenças.
A limpeza é a etapa mais importante do processo de higienização. Consiste em retirar a sujeira de um local (pisos, paredes, móveis,
equipamentos e outros objetos).
Deve ser feita sempre esfregando bem com água e sabão ou detergente, com posterior enxague e secagem.
Proceder à limpeza partindo sempre:
- Da área mais limpa para a área mais suja;
- Da área menos contaminada para a área mais contaminada;
- De cima para baixo (ação da gravidade);
- Remover a sujeira sempre num mesmo sentido e numa mesma direção

A desinfecção é o processo de destruição de microorganismos que causam doenças (vírus, bactérias e fungos), mediante a aplicação
de agentes físicos e químicos.
Pode ser realizada por:
- Fervura - quando objetos (por exemplo, as mamadeiras) são fervidos durante 5 minutos alcança-se um alto grau de desinfecção;

Proceder à limpeza partindo sempre:


- Da área mais limpa para a área mais suja;
- Da área menos contaminada para a área mais contaminada;
- De cima para baixo (ação da gravidade);
- Remover a sujeira sempre num mesmo sentido e numa mesma direção.
- Produtos químicos - utilizados para a desinfecção de utensílios. Para cada tipo de substância desinfetante existe uma indicação pró-
pria em termos de uso, diluição e exposição. Siga sempre as instruções do fabricante;
- Remoção mecânica com produtos químicos - para superfícies de mobiliários e de equipamentos, é aceitável desinfetar passando um
pano de limpeza embebido em desinfetante apropriado.

As instruções básicas para a desinfecção são as seguintes:


1. Limpar bem os objetos ou superfícies a serem desinfetados;
2. Submergir o objeto ou deixar o produto desinfetante em contato com a superfície, conforme recomendação do fabricante;
3. Enxaguar e deixar secar naturalmente.

Os produtos desinfetantes têm a finalidade de diminuir a carga microbiana e devem ser registrados no Ministério da Saúde com indi-
cação para este fim. Observe sempre as instruções do rótulo e siga-as rigorosamente:
Para a desinfecção, normalmente usa-se o cloro inorgânico (hipoclorito de sódio). Observe suas características:
- Possui ação bactericida (contra bactérias), tuberculicida (contra o bacilo da tuberculose) e fungicida (contra fungos);
- É um desinfetante de baixa toxidade oral, característica importante quando se considera que a criança frequentemente leva objetos
à boca;
- Deve ser aplicado em superfícies previamente limpas, pois não age na presença de matéria orgânica, exceto em concentrações
muito elevadas;

As instruções básicas para a desinfecção são as seguintes:


1. Limpar bem os objetos ou superfícies a serem desinfetados;
2. Submergir o objeto ou deixar o produto desinfetante em contato com a superfície, conforme recomendação do fabricante;
3. Enxaguar e deixar secar naturalmente.

Quando a limpeza for feita com detergente, há necessidade de sua total retirada, pois há interferência na ação do hipoclorito;
- O tempo de exposição para ter a ação germicida deve ser respeitado, lembrando que o hipoclorito possui ação corrosiva em metais,
quando excedido o tempo de exposição;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

As concentrações recomendadas para a desinfecção de alimentos, ambientes e diferentes tipos de materiais encontram-se na tabela
a seguir:

Para a desinfecção de alimentos, é permitido o uso da água sanitária a 2,0 - 2,5% (desinfetante de uso geral), composta por hipoclorito
de sódio, com indicação no rótulo para esta finalidade, conforme a Portaria SMS-G nº. 1210, de 02 de agosto de 2006. Em decorrência da
segurança do produto para a desinfecção de alimentos, o mesmo poderá ser aplicado para a desinfecção de mamadeiras.
Deve-se observar que os produtos alvejantes são contra-indicados para a desinfecção de alimentos e de mamadeiras, pois podem
apresentar na sua composição outras substâncias, como metais pesados, perfume, etc... que são prejudiciais à saúde
Fazendo-se a diluição como indicado, o custo da desinfecção torna-se baixo e, tomando-se os cuidados necessários na manipulação
do hipoclorito, evitam-se os riscos de intoxicação;
- Nunca imergir o pano usado na desinfecção dentro do balde. A solução de hipoclorito deve ser despejada sobre o pano ou borrifada
sobre a superfície;
- As embalagens dos produtos desinfetantes devem ser desprezadas após seu uso;
- Os funcionários que realizarem esta tarefa devem utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como discutido anterior-
mente;
- O processo de higienização do ambiente, dos equipamentos e dos utensílios deve ser registrado nos Procedimentos Operacionais
Padronizados (POPs), descrevendo o método utilizado, sua frequência, o responsável pelo procedimento, condições de uso, concentração
do produto utilizado e tempo de exposição. A periodicidade depende do tipo de objeto a ser limpo e da necessidade, basicamente como
descrito mais adiante;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- A organização também é importante para manter a higiene de um local. Todos os materiais usados na higienização (panos, vassou-
ras, baldes, etc.) devem ser mantidos em bom estado de conservação e guardados em locais próprios, separados de acordo com o tipo de
utilização. Ex: panos de chão separados dos panos de pia.

Condições gerais das edificações e instalações


A área externa do estabelecimento deve ser:
- Limpa e bem conservada;
- Sem acúmulo de lixo, caixas, garrafas e outros objetos em desuso que favorecem o aparecimento de insetos e roedores.

A área interna do estabelecimento deve proporcionar conforto e segurança. O material de revestimento deve facilitar a higienização
e a manutenção das instalações.
- Pisos, paredes, tetos, portas e janelas devem ser de material liso, resistente, impermeável e lavável, sempre em bom estado de
higiene e conservação;
- A ventilação deve proporcionar a renovação do ar e a ausência de umidade;
- As instalações elétricas devem ser embutidas ou, caso não seja possível, revestidas por tubulação de fácil limpeza;
- As luminárias devem estar protegidas contra explosões e quedas.

Limpeza e desinfecção dos ambientes, equipamentos e utensílios

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

PROCEDIMENTOS BÁSICOS PARA ATENDIMENTO AOS PAIS

Parceria com as famílias


As características da faixa etária das crianças atendidas, bem como as necessidades atuais de construção de uma sociedade mais de-
mocrática e pluralista apontam para a importância de uma atenção especial com a relação entre as instituições e as famílias.
Constata-se em muitas instituições que estas relações têm sido conflituosas, baseadas numa concepção equivocada de que as famílias
dificultam o processo de socialização e de aprendizagem das crianças. No caso das famílias de baixa renda, por serem consideradas como
portadoras de carências de toda ordem. No caso das famílias de maior poder aquisitivo, a crítica incide na relação afetiva estabelecida com
as crianças. Esta concepção traduz um preconceito que gera ações discriminatórias, impedindo o diálogo. Muitas instituições que agem
em função deste tipo de preconceito têm procurado implantar programas que visam a instruir as famílias, especialmente as mães, sobre
como educar e criar seus filhos dentro de um padrão preestabelecido e considerado adequado. Essa ação, em geral moralizadora, tem por
base o modelo de família idealizada e tem sido responsável muito mais por um afastamento das duas instituições do que por um trabalho
conjunto em prol da educação das crianças.
Visões mais atualizadas sobre a instituição familiar propõem que se rejeite a ideia de que exista um único modelo. Enfoques teóricos
mais recentes procuram entender a família como uma criação humana mutável, sujeita a determinações culturais e históricas que se
constitui tanto em espaço de solidariedade, afeto e segurança como em campo de conflitos, lutas e disputa.
A valorização e o conhecimento das características étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que compõem a nossa sociedade,
e a crítica às relações sociais discriminatórias e excludentes indicam que, novos caminhos devem ser trilhados na relação entre as institui-
ções de educação infantil e as famílias.

Respeito aos vários tipos de estruturas familiares


Constate-se que as famílias independente da classe social a qual pertencem se organizam das mais diversas maneiras. Além da fa-
mília nuclear que é constituída pelo pai, mãe e filhos, proliferam hoje as famílias mono parentais, nas quais apenas a mãe ou o pai está
presente. Existem, ainda, as famílias que se reconstituíram por meio de novos casamentos e possuem filhos advindos dessas relações. Há,
também, as famílias extensas, comuns na história brasileira, nas quais convivem na mesma casa várias gerações e/ou pessoas ligadas por
parentescos diversos. É possível ainda encontrar várias famílias coabitando em uma mesma casa. Enfim, parece não haver limites para os
arranjos familiares na atualidade.
As crianças têm direito de ser criadas e educadas no seio de suas famílias. O Estatuto da Criança e do Adolescente reafirma, em seus
termos, que a família é a primeira instituição social responsável pela efetivação dos direitos básicos das crianças. Cabe, portanto, às insti-
tuições estabelecerem um diálogo aberto com as famílias, considerando-as como parceiras e interlocutoras no processo educativo infantil.

Acolhimento das diferentes culturas, valores e crenças sobre educação de crianças


A pluralidade cultural, isto é, a diversidade de etnias, crenças, costumes, valores etc. que caracterizam a população brasileira marca,
também, as instituições de educação infantil.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O trabalho com a diversidade e o convívio com a diferença pos- Com as famílias de crianças maiores, a comunicação é de na-
sibilitam a ampliação de horizontes tanto para o professor quan- tureza diferente. As informações entre as famílias e a instituição
to para a criança. Isto porque permite a conscientização de que a podem ser mais esporádicas, ocorrendo somente à medida das
realidade de cada um é apenas parte de um universo maior que necessidades. As reuniões para discussão sobre o andamento dos
oferece múltiplas escolhas. Assumir um trabalho de acolhimento trabalhos com as crianças são sempre bem-vindas e se constituem
às diferentes expressões e manifestações das crianças e suas fa- em um direito dos pais.
mílias significa valorizar e respeitar a diversidade, não implicando
a adesão incondicional aos valores do outro. Cada família e suas No entanto, a participação das famílias não deve estar sujeita
crianças são portadoras de um vasto repertório que se constitui em a uma única possibilidade. As instituições de educação infantil pre-
material rico e farto para o exercício do diálogo, aprendizagem com cisam pensar em formas mais variadas de participação de modo a
a diferença, a não discriminação e as atitudes não preconceituosas. atender necessidades e interesses também diversificados.
Estas capacidades são necessárias para o desenvolvimento de Os pais, também, devem ter acesso à:
uma postura ética nas relações humanas. Nesse sentido, as institui- - filosofia e concepção de trabalho da instituição;
ções de educação infantil, por intermédio de seus profissionais, de- - informações relativas ao quadro de pessoal com as qualifica-
vem desenvolver a capacidade de ouvir, observar e aprender com ções e experiências;
as famílias. - informações relativas à estrutura e funcionamento da creche
Acolher as diferentes culturas não pode se limitar às comemo- ou da pré-escola;
rações festivas, a eventuais apresentações de danças típicas ou à - condutas em caso de emergência e problemas de saúde;
experimentação de pratos regionais. Estas iniciativas são interes- - informações quanto a participação das crianças e famílias em
santes e desejáveis, mas não são suficientes para lidar com a diver- eventos especiais.
sidade de valores e crenças.
Compreender o que acontece com as famílias, entender seus As orientações podem ser modificadas caso haja um trabalho
valores ligados a procedimentos disciplinares, a hábitos de higie- coletivo envolvendo as famílias e o coletivo de profissionais por
ne, a formas de se relacionar com as pessoas etc. pode auxiliar a meio de consultas e negociações permanentes.
construção conjunta de ações. De maneira geral, as instituições de As trocas recíprocas e o suporte mútuo devem ser a tônica do
educação devem servir de apoio real e efetivo às crianças e suas relacionamento. Os profissionais da instituição devem partilhar,
famílias, respondendo às suas demandas e necessidades. Evitar jul- com os pais, conhecimentos sobre desenvolvimento infantil e in-
gamentos moralistas, pessoais ou vinculados a preconceitos é con- formações relevantes sobre as crianças utilizando uma sistemática
dição para o estabelecimento de uma base para o diálogo. de comunicações regulares.
Estabelecimento de canais de comunicação Inclusão do conhecimento familiar no trabalho educativo
Existem oportunidades variadas de incluir as famílias no proje- É possível integrar o conhecimento das famílias nos projetos e de-
to institucional. Há experiências interessantes de criação de conse-
mais atividades pedagógicas. Não só as questões culturais e regionais
lhos e associações de pais que são canais abertos de participação
podem ser inseridas nas programações por meio da participação de
na gestão das unidades educacionais.
pais e demais familiares, mas também as questões afetivas e motiva-
A comunicação mais individualizada entre as famílias e as ins-
ções familiares podem fazer parte do cotidiano pedagógico. Por exem-
tituições de educação infantil deve ocorrer desde o início de forma
plo, a história da escolha do nome das crianças, as brincadeiras preferi-
planejada. Após os primeiros contatos, a comunicação entre as fa-
das dos pais na infância, as histórias de vida etc. podem tornar-se parte
mílias e os professores pode se tornar uma rotina mais informal,
integrante de projetos a serem trabalhados com as crianças.
mas bastante ativa. Entrar todos os dias até a sala onde sua criança
está trocar algumas palavras com o professor pode ser um fator de
tranquilidade para muitos pais. Quanto menor a criança, mais im- Acolhimento das famílias e das crianças na instituição
portante essa troca de informações. Este contato direto não deve
ser substituído por comunicações impessoais, escritas de maneira A entrada na instituição
burocrática. Oportunidades de encontros periódicos com os pais O ingresso das crianças nas instituições pode criar ansiedade
de um mesmo grupo por meio de reuniões, ou mesmo contatos tanto para elas e para seus pais como para os professores. As rea-
individuais fazem parte do cotidiano das instituições de educação ções podem variar muito, tanto em relação às manifestações emo-
infantil. cionais quanto ao tempo necessário para se efetivar o processo.
Em geral a troca de informações é diária com as famílias, prin- Algumas crianças podem apresentar comportamentos diferen-
cipalmente quando há cuidados especiais que a criança esteja ne- tes daqueles que normalmente revelam em seu ambiente familiar,
cessitando. Assim, para que o professor não fique sobrecarregado como alterações de apetite; retorno às fases anteriores do desen-
pela necessidade de dar atenção às famílias e crianças ao mesmo volvimento (voltar a urinar ou evacuar na roupa, por exemplo).
tempo, o planejamento deste momento — em conjunto com os Podem, também, adoecer; isolar-se dos demais e criar depen-
pais e a ajuda de outros funcionários — é fundamental para o rela- dência de um brinquedo, da chupeta ou de um paninho. As insti-
cionamento de todos os envolvidos. tuições de educação infantil devem ter flexibilidade diante dessas
É preciso combinar formas de comunicação para trocas espe- singularidades ajudando os pais e as crianças nestes momentos.
cíficas de informações, como uso de medicamentos, que precisam A entrevista de matrícula pode ser usada para apresentar in-
ser dados em doses precisas, de acordo com receita do médico, ou formações sobre o atendimento oferecido, os objetivos do traba-
eventos ligados à saúde e alimentação. Isso evita esquecimentos lho, a concepção de educação adotada. Esta é uma boa oportunida-
que podem ser prejudiciais para a saúde da criança e facilita a vida de também para que se conheça alguns hábitos das crianças e para
do professor e da família. que o professor estabeleça um primeiro contato com as famílias.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Quanto mais novo o bebê, maior a ligação entre mãe e filho. é inevitável e que a criança acabará se acostumando, vencida pelo
Assim, não é apenas a criança que passa pela adaptação, mas tam- esgotamento físico ou emocional, parando de chorar. Alguns acre-
bém a mãe. Dependendo da família e da criança, outros membros ditam que, se derem muita atenção e as pegarem no colo, as crian-
como o pai, irmãos, avós poderão estar envolvidos no processo de ças se tornarão manhosas, deixando-as chorar. Essa experiência
adaptação à instituição. A maneira como a família vê a entrada da deve ser evitada. Deve ser dada uma atenção especial às crianças,
criança na instituição de educação infantil tem uma influência mar- nesses momentos de choro, pegando no colo ou sugerindo-lhes ati-
cante nas reações e emoções da criança durante o processo inicial. vidades interessantes.
Acolher os pais com suas dúvidas, angústias e ansiedades, ofere- O professor pode planejar a melhor forma de organizar o am-
cendo apoio e tranquilidade, contribui para que a criança também biente nestes primeiros dias, levando em consideração os gostos e
se sinta menos insegura nos primeiros dias na instituição. Reconhe- preferências das crianças, repensando a rotina em função de sua
cer que os pais são as pessoas que mais conhecem as crianças e chegada e oferecendo-lhes atividades atrativas. Ambientes organi-
que entendem muito sobre como cuidá-las pode facilitar o relacio- zados com material de pintura, desenho e modelagem, brinquedos
namento. Antes de tudo, é preciso estabelecer uma relação de con- de casinha, baldes, pás, areia e água etc., são boas estratégias.
fiança com as famílias, deixando claro que o objetivo é a parceria de As orientações acima são válidas também para os primeiros
cuidados e educação visando ao bem-estar da criança. dias do ano ou do semestre, quando todas as crianças e funcioná-
Quando há um certo número de crianças para ingressar na ins- rios estão em período de adaptação.
tituição, pode-se fazer uma reunião com todos os pais novos para É necessário um período de planejamento da equipe para or-
que se conheçam e discutam conjuntamente suas dúvidas e preo- ganizar a entrada e a rotina das crianças.
cupações.
Passagem para a escola
Os primeiros dias Com a saída das crianças, as famílias enfrentam novamente
No primeiro dia da criança na instituição, a atenção do profes- grandes mudanças. A passagem da educação infantil para o ensino
sor deve estar voltada para ela de maneira especial. Este dia deve fundamental representa um marco significativo para a criança poden-
ser muito bem planejado para que a criança possa ser bem acolhi- do criar ansiedades e inseguranças. O professor de educação infantil
da. É recomendável receber poucas crianças por vez para que se deve considerar esse fato desde o início do ano, estando disponível e
possa atendê-las de forma individualizada. Com os bebês muito pe- atento para as questões e atitudes que as crianças possam manifestar.
quenos, o principal cuidado será preparar o seu lugar no ambiente, Tais preocupações podem ser aproveitadas para a realização de proje-
o seu berço, identificá-lo com o nome, providenciar os alimentos tos que envolvam visitas a escolas de ensino fundamental; entrevistas
que irá receber, e principalmente tranquilizar os pais. A permanên- com professores e alunos; programar um dia de permanência em uma
cia na instituição de alguns objetos de transição, como a chupeta, classe de primeira série. É interessante fazer um ritual de despedida,
a fralda que ele usa para cheirar, um mordedor, ou mesmo o bico marcando para as crianças este momento de passagem com um even-
da mamadeira a que ele está acostumado, ajudará neste processo. to significativo. Essas ações ajudam a desenvolver uma disposição po-
Pode-se mesmo solicitar que a mãe ou responsável pela criança ve- sitiva frente às futuras mudanças demonstrando que, apesar das per-
nha, alguns dias antes, ajudar a preparar o berço de seu bebê. das, há também crescimento.
Quando o atendimento é de período integral, é recomendável
que se estabeleça um processo gradual de inserção, ampliando o Acolhimento de famílias com necessidades especiais
tempo de permanência de maneira que a criança vá se familiarizan- Algumas famílias enfrentam problemas sérios ligados ao alco-
do aos poucos com o professor, com o espaço, com a rotina e com olismo, violência familiar ou problemas de saúde e desnutrição que
as outras crianças com as quais irá conviver. comprometem sua atuação junto às crianças.
É importante que se solicite, nos primeiros dias, e até quan- Apenas quando a sobrevivência física e mental está seriamen-
do se fizer necessário, a presença da mãe ou do pai ou de alguém te comprometida pela conduta familiar, ou quando a criança sofre
conhecido da criança para que ela possa enfrentar o ambiente es- agressão sexual, é possível pensar em uma ação mais enérgica para
tranho junto de alguém com quem se sinta segura. Quando tiver a interrupção imediata do comportamento agressor, admitindo-se,
estabelecido um vínculo afetivo com o professor e com as outras em casos extremos, o encaminhamento de crianças para institui-
crianças, é que ela poderá enfrentar bem a separação, sendo capaz ções especializadas longe do convívio familiar.
de se despedir da pessoa querida, com segurança e desprendimen- No geral, as famílias que porventura tiverem dificuldades em
to. cumprir qualquer uma de suas funções para com as crianças deve-
Este período exige muita habilidade, por isso, o professor ne- rão receber toda ajuda possível das instituições de educação infan-
cessita de apoio e acompanhamento, especialmente do diretor e til, da comunidade, do poder público, das instituições de apoio para
membros da equipe técnica uma vez que ele também está sofrendo que melhorem o desempenho junto às crianças.
um processo de adaptação. Os professores precisam ter claro qual
é o papel da mãe (ou de quem estiver acompanhando a criança) em Quando entramos em uma escola pela primeira vez, o nosso
seus primeiros dias na instituição. destino é certo: a secretaria escolar. É lá que vamos buscar as pri-
Os pais podem encontrar dificuldades de tempo para viver este
meiras informações. Mas, a secretaria escolar também é um setor
processo por não poderem se ausentar muitos dias no trabalho.
que possui muitas responsabilidades no cotidiano da instituição de
Neste caso, seria importante que pudessem estar presentes, ao
ensino.
menos no primeiro dia, e que depois pudessem ser substituídos por
É lá que são mantidos os registros, arquivos e documentos de
alguém da confiança da criança.
todos os envolvidos na escola: alunos, professores e funcionários.
O choro da criança, durante o processo de inserção, parece ser
Os trâmites administrativos para que a escola funcione também
o fator que mais provoca ansiedade tanto nos pais quanto nos pro-
são realizados pelos que trabalham na secretaria escolar.
fessores. Mas parece haver, também, uma crença de que o choro
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Por ser a porta de entrada da instituição de ensino e também coordenadora do Núcleo de Educação Infantil da Comunidade
o seu coração, a secretaria escolar precisa apresentar organização Educativa Cedac, em São Paulo. Sono, alimentação, problemas de
e ter profissionais que possam acolher quem ali chega precisando saúde e até o funcionamento do intestino e da bexiga são algumas
de alguma solução. questões que merecem atenção (leia os quadros desta reporta-
Mas, com tanto entra e sai e muito trabalho a ser feito, será gem).
que é possível manter a organização. Sim, é possível e, na verdade, De acordo com a pesquisa A Gestão da Educação Infantil no
essencial. Precisando de ideias? Veja aqui: Brasil, realizada em 2011 pela Fundação Victor Civita (FVC) em par-
ceria com a Fundação Carlos Chagas (FCC), ambas em São Paulo,
01 Tenha o necessário 83% dos gestores já discutem como se comunicar eficientemente
Não adianta querer organização sem ter aonde colocar ma- com as famílias nos encontros de formação continuada realizados
terial. Por isso, é fundamental que a secretaria escolar possua ar- com a equipe docente. Mesmo assim, é comum o equívoco de dei-
mários, prateleiras e alguns gaveteiros. Caixas organizadoras e ar- xar a responsabilidade da relação com os pais exclusivamente com
quivos são excelentes para guardar documentos, de acordo com a os professores. Diretor e coordenador pedagógico também podem
necessidade de acesso. O local também precisa de mesas e cadei- conversar diretamente com a família quando há mudanças recor-
ras, dispostos de forma a não atrapalhar a circulação. rentes no comportamento, conflitos ou situações delicadas. “Não
se trata de tirar a autoridade do professor, mas de ajudá-lo a en-
02 Setorize tender o momento pelo qual a criança está passando e a buscar
Cores e etiquetas são aliadas na setorização. É importante ado- soluções”, afirma Erisevelton Silva Lima, professor da Faculdade de
tar esse tipo de organização, pois fica bem mais fácil achar os do- Educação da Universidade de Brasília (UnB) e formador na Escola
cumentos quando estão arquivados por tipo (históricos, relatórios, de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação do Distrito Fe-
memorandos, certificados e outros papéis que possam ser requeri- deral (Eape).
dos por pais, professores ou gestores). Dentro de cada tipo, estude Nesse processo, a equipe gestora tem três funções básicas:
a melhor forma de arrumá-los: por data ou ordem alfabética. orientar os docentes sobre como transmitir e solicitar as informa-
ções, definir e formalizar os processos de comunicação e promover
03 Atenda bem ações que reforcem os laços com as famílias. Para Clélia Cortez, for-
O atendimento na secretaria deve ser cordial e prestativo. madora no Instituto Avisa Lá, em São Paulo, é preciso zelar para
Os funcionários precisam estar treinados para resolver os proble- que os valores da escola sejam preservados na abordagem com os
mas que aparecerem, além de saberem discernir o que deve ser familiares, pois algumas questões podem ser difíceis de lidar. Para
encaminhado à direção ou à coordenação pedagógica. Importante isso, é preciso reforçar, durante a formação em serviço, a importân-
também é atender ao telefone. Deixar tocar não é bom para quem cia de ouvir os pais sem rotular nem culpar as crianças. “Importante
liga e nem para quem está junto à secretaria, vendo o descaso dos é esclarecer que a troca de informações visa o planejamento de
funcionários com as ligações. intervenções que levarão ao bem-estar e ao desenvolvimento da
identidade e da autonomia”, explica Clélia.
04 Use a tecnologia
Se você parar para pensar, a secretaria tem mesmo muito tra-
O que a família deve comunicar à escola
balho. Para ajudar no dia a dia, nada melhor do que apostar na
Frequência no sono Oriente os pais a informar, na hora da en-
tecnologia. Diversos sistemas de gestão escolar podem auxiliar na
trada ou por meio da agenda, se a criança dormiu menos horas ou
organização e facilitar o trabalho, deixando os funcionários mais li-
vres para atendimentos. E, por falar em atendimento, eles também fora do horário de costume e a qualidade do sono - tranquilo? Agi-
têm espaço nos softwares. Pais podem acessar informações como tado? Uma noite bem ou maldormida ajuda no desenvolvimento
faltas, notas e horários através da plataforma, sem necessidade de cognitivo e influencia no humor dos pequenos durante o dia.
ir até a escola. Pedidos referentes à documentação também podem Ao saber desse tipo de detalhe, a escola tem elementos para
ser feitos online. Todo mundo sai ganhando. analisar eventuais mudanças no comportamento e adequar a roti-
na à necessidade da criança.
05 Conserve a organização da secretaria escolar
Organizar parte de uma cultura. Ao invés de perder tempo ten- Questões familiares Na primeira reunião de pais, peça que
do que arrumar o setor toda hora, ajude a equipe a manter a orga- acontecimentos de grande impacto - como a morte de parentes
nização. Algumas regras valem ouro nessa hora: se tirou do lugar, próximos ou separação conjugal - sejam comunicados o mais rápi-
coloque onde estava; alguém pediu emprestado; cobre a devolu- do possível à equipe gestora, de preferência em um encontro pes-
ção; se o papel não serve mais, descarte. soal com a presença também do professor. Em um ou outro caso,
os pequenos podem demonstrar irritabilidade, agressividade ou
Um bebê está irritado, chorando muito, e as professoras não falta de atenção.
sabem o que o incomoda. Ao levá-lo até a creche, a mãe não con-
tou que, na noite anterior, ele dormiu mal e teve sono irregular. Problemas de saúde Questões pontuais - gripe, mal-estar -
Sem saber o motivo pelo qual a criança está incomodada, o dia será devem ser comunicadas pessoalmente ao professor no horário de
difícil tanto para ela quanto para os educadores. Situações como entrada. Os medicamentos não podem ser ministrados na escola
essa são comuns em instituições em que não há uma cultura sólida sem prescrição médica e autorização dos responsáveis. Porém, o
de comunicação com os pais. mais importante é pedir aos pais que preencham, no ato de matrí-
Na fase em que os pequenos não falam nem se expressam ple- cula, uma ficha com dados sobre a saúde do filho, indicando se há
namente, o contato diário com as famílias é fundamental. “Qual- uso regular de algum medicamento, alergias etc. Isso permitirá pre-
quer alteração na rotina deve ser relatada”, explica Beatriz Telles,
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ver alternativas para as crianças que tenham sensibilidade a algum por meio de bilhete avulso quando um alimento novo for introduzi-
material - uma atividade que use bexiga de látex pode ganhar um do ou quando houver rejeição a determinado prato. A família tem o
substituto de plástico, por exemplo. direito de saber se está sendo oferecida uma dieta saudável ao filho
e se ele já está usando talheres, servindo-se sozinho etc.
Necessidades educacionais especiais (NEE) Os pais deverão
preencher um formulário específico e anexar a ele um laudo mé- Xixi e cocô Quando o bebê está saindo das fraldas, é impor-
dico. É com base nesse documento que serão planejadas as adap- tante dar devolutivas constantes sobre os momentos em que ele
tações pelo professor regular com a ajuda do profissional do Aten- demonstrou vontade de ir ao banheiro e do processo de aquisição
dimento Educacional Especializado (AEE). Esse controle permite da autonomia - se foi sozinho ou acompanhado. Assim, os adultos
oferecer à equipe docente a formação específica necessária para passam a dar atenção aos sinais de que o filho está pronto para a
lidar com as necessidades e providenciar materiais. retirada da fralda. As ações em casa e na creche podem ser coor-
denadas.
Registro das informações permite acompanhamento
Uma forma eficiente de alinhar a comunicação aos princípios Fonte: https://gestaoescolar.org.br/conteudo/154/comunicacao-com-
institucionais é formalizando-a. No Brasil, as conversas entre pro- -os-pais-na-educacao-infantil
fessor e pai ou mãe na porta da sala e no portão da escola são
habituais. Além de desejáveis, muitas vezes elas são eficientes e
resolvem o problema da troca de informação. No entanto, é o re- QUALIDADE NO ATENDIMENTO
gistro por escrito na agenda ou nas fichas de acompanhamento que Quando se fala em comunicação interna organizacional, auto-
permitirão traçar um histórico contínuo e completo do desenvolvi- maticamente relaciona ao profissional de Relações Públicas, pois
mento da criança. Para tanto, o diretor tem de garantir, na rotina ele é o responsável pelo relacionamento da empresa com os seus
dos professores, um horário para que eles façam as anotações do diversos públicos (internos, externos e misto).
dia e escrevam relatórios aos pais e ao coordenador pedagógico As organizações têm passado por diversas mudanças buscan-
- registrando, inclusive, o que foi tratado no bate-papo informal. do a modernização e a sobrevivência no mundo dos negócios. Os
maiores objetivos dessas transformações são: tornar a empresa
Ligiane Marcelino Weirich, diretora do CMEI Ruth Vilaça Cor- competitiva, flexível, capaz de responder as exigências do mercado,
reia Leite Cardoso, em Curitiba, destaca a importância de manter reduzindo custos operacionais e apresentando produtos competi-
as fichas atualizadas, considerando a aprendizagem, a saúde e a tivos e de qualidade.
situação familiar. “Em caso de doença ou mal-estar, os pais são A reestruturação das organizações gerou um público interno
contatados por telefone ou solicitamos a presença na escola. Con- de novo perfil. Hoje, os empregados são muito mais conscientes,
tamos para eles os sintomas que o filho teve durante o período em responsáveis, inseridos e atentos às cobranças das empresas em
que esteve conosco e orientamos a procurar o serviço de saúde. todos os setores. Diante desse novo modelo organizacional, é que
Pedimos para que nos deem um retorno com as orientações mé-
se propõe como atribuição do profissional de Relações Públicas ser
dicas para saber se é preciso providenciar algo na escola, se for o
o intermediador, o administrador dos relacionamentos institucio-
caso. Essas informações são inseridas no histórico da criança para
nais e de negócios da empresa com os seus públicos. Sendo assim,
atualizá-lo”, conta.
fica claro que esse profissional tem seu campo de ação na política
de relacionamento da organização.
Na Escola Santi, em São Paulo, tanto as conversas diárias como
A comunicação interna, portanto, deve ser entendida como
a comunicação por escrito e as reuniões fazem parte da rotina. Para
um feixe de propostas bem encadeadas, abrangentes, coisa sig-
reforçá-las, a direção instituiu uma roda de conversa a cada três
meses para tratar de temas específicos e estimular a troca de expe- nificativamente maior que um simples programa de comunicação
riência. “Ao discutir as dúvidas que surgem no âmbito familiar sobre impressa. Para que se desenvolva em toda sua plenitude, as empre-
o desenvolvimento dos pequenos e ouvir os relatos dos outros pais, sas estão a exigir profissionais de comunicação sistêmicos, abertos,
os adultos identificam melhor o que está dentro da normalidade e o treinados, com visões integradas e em permanente estado de aler-
que merece mais atenção nas atitudes dos filhos”, explica Adriana ta para as ameaças e oportunidades ditadas pelo meio ambiente.
Cury, diretora da Santi. Resultado: a família demonstra mais segu- Percebe-se com isso, a multivariedade das funções dos Rela-
rança e precisão ao comunicar mudanças na rotina da criança. ções Públicas: estratégica, política, institucional, mercadológica,
social, comunitária, cultural, etc.; atuando sempre para cumprir os
O que a escola deve informar à família objetivos da organização e definir suas políticas gerais de relacio-
Mudanças no comportamento Tudo que fuja das atitudes ha- namento.
bituais - dormir mais ou menos do que o normal na hora da soneca, Em vista do que foi dito sobre o profissional de Relações Públi-
fazer pirraça ou desentender-se com o amigo. Isso pode ser rela- cas, destaca-se como principal objetivo liderar o processo de comu-
tado pessoalmente ou por meio da agenda. Diante de ocorrências nicação total da empresa, tanto no nível do entendimento, como
mais graves, o melhor é marcar uma reunião. Os pais podem ajudar no nível de persuasão nos negócios.
a esclarecer as causas de possíveis incômodos e, ao ser informados,
ficarão atentos caso os fatos se repitam no âmbito familiar. Pronúncia correta das palavras
Proferir as palavras corretamente. Isso envolve:
Alimentação  Usar os sons corretos para vocalizar as palavras;
O cardápio mensal pode ser divulgado em uma tabela colada  Enfatizar a sílaba certa;
no caderno, em recados no mural e no blog institucional quando  Dar a devida atenção aos sinais diacríticos
houver. Vale falar pessoalmente no horário de entrada e saída ou
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Por que é importante? Maneiras de aprimorar


A pronúncia correta confere dignidade à mensagem que prega- Muitas pessoas que têm problemas de pronúncia não se dão
mos. Permite que os ouvintes se concentrem no teor da mensagem conta disso.
sem ser distraídos por erros de pronúncia. Em primeiro lugar, quando for designado a ler em público, con-
sulte num dicionário as palavras que não conhece. Se não tiver prá-
Fatores a considerar tica em usar o dicionário, procure em suas páginas iniciais, ou finais,
Não há um conjunto de regras de pronúncia que se aplique a a explicação sobre as abreviaturas, as siglas e os símbolos fonéticos
todos os idiomas. Muitos idiomas utilizam um alfabeto. Além do usados ou, se necessário, peça que alguém o ajude a entendê-los.
alfabeto latino, há também os alfabetos árabe, cirílico, grego e he- Em alguns casos, uma palavra pode ter pronúncias diferentes, de-
braico. No idioma chinês, a escrita não é feita por meio de um al- pendendo do contexto. Alguns dicionários indicam a pronúncia de
fabeto, mas por meio de caracteres que podem ser compostos de letras que têm sons variáveis bem como a sílaba tônica. Antes de
vários elementos. Esses caracteres geralmente representam uma fechar o dicionário, repita a palavra várias vezes em voz alta.
palavra ou parte de uma palavra. Embora os idiomas japonês e co- Uma segunda maneira de melhorar a pronúncia é ler para al-
reano usem caracteres chineses, estes podem ser pronunciados de guém que pronuncia bem as palavras e pedir-lhe que corrija seus
maneiras bem diferentes e nem sempre ter o mesmo significado. erros.
Nos idiomas alfabéticos, a pronúncia adequada exige que se Um terceiro modo de aprimorar a pronúncia é prestar atenção
use o som correto para cada letra ou combinação de letras. Quando aos bons oradores.
o idioma segue regras coerentes, como é o caso do espanhol, do
grego e do zulu, a tarefa não é tão difícil. Contudo, as palavras es- Pronúncia de números telefonicos
trangeiras incorporadas ao idioma às vezes mantêm uma pronúncia O número de telefone deve ser pronunciado algarismo por al-
parecida à original. Assim, determinadas letras, ou combinações de garismo.
letras, podem ser pronunciadas de diversas maneiras ou, às vezes, Deve-se dar uma pausa maior após o prefixo.
simplesmente não ser pronunciadas. Você talvez precise memo- Lê-se em caso de uma sequencia de números de tres em tres
rizar as exceções e então usá-las regularmente ao conversar. Em algarismos, com exceção de uma sequencia de quatro numeros jun-
chinês, a pronúncia correta exige a memorização de milhares de tos, onde damos uma pausa a cada dois algarismos.
caracteres. Em alguns idiomas, o significado de uma palavra muda O número “6” deve ser pronunciado como “meia” e o número
de acordo com a entonação. Se a pessoa não der a devida atenção “11”, que é outra exceção, deve ser pronunciado como “onze”.
a esse aspecto do idioma, poderá transmitir ideias erradas. Veja abaixo os exemplos
Se as palavras de um idioma forem compostas de sílabas, é im- 011.264.1003 – zero, onze – dois, meia, quatro – um, zero –
portante enfatizar a sílaba correta. Muitos idiomas que usam esse zero, tres
tipo de estrutura têm regras bem definidas sobre a posição da sí- 021.271.3343 – zero, dois, um – dois, sete, um – tres, tres –
laba tônica (aquela que soa mais forte). As palavras que fogem a quatro, tres
essas regras geralmente recebem um acento gráfico, o que torna 031.386.1198 – zero, tres, um – tres, oito, meia – onze – nove,
relativamente fácil pronunciá-las de maneira correta. Contudo, se
oito
houver muitas exceções às regras, o problema fica mais complica-
do. Nesse caso, exige bastante memorização para se pronunciar
Exceções
corretamente as palavras.
110 - cento e dez
Em alguns idiomas, é fundamental prestar bastante atenção
111 – cento e onze
aos sinais diacríticos que aparecem acima e abaixo de determina-
211 – duzentos e onze
das letras, como: è, é, ô, ñ, ō, ŭ, ü, č, ç.
118 – cento e dezoito
Na questão da pronúncia, é preciso evitar algumas armadilhas.
A precisão exagerada pode dar a impressão de afetação e até de 511 – quinhentos e onze
esnobismo. O mesmo acontece com as pronúncias em desuso. Tais 0001 – mil ao contrario
coisas apenas chamam atenção para o orador. Por outro lado, é
bom evitar o outro extremo e relaxar tanto no uso da linguagem Atendimento telefônico
quanto na pronúncia das palavras. Algumas dessas questões já fo- Na comunicação telefônica, é fundamental que o interlocutor
ram discutidas no estudo “Articulação clara”. se sinta acolhido e respeitado, sobretudo porque se trata da utili-
Em alguns idiomas, a pronúncia aceitável pode diferir de um zação de um canal de comunicação a distância. É preciso, portanto,
país para outro — até mesmo de uma região para outra no mesmo que o processo de comunicação ocorra da melhor maneira possível
país. Um estrangeiro talvez fale o idioma local com sotaque. Os di- para ambas as partes (emissor e receptor) e que as mensagens se-
cionários às vezes admitem mais de uma pronúncia para determi- jam sempre acolhidas e contextualizadas, de modo que todos pos-
nada palavra. Especialmente se a pessoa não teve muito acesso à sam receber bom atendimento ao telefone.
instrução escolar ou se a sua língua materna for outra, ela se bene- Alguns autores estabelecem as seguintes recomendações para
ficiará muito por ouvir com atenção os que falam bem o idioma lo- o atendimento telefônico:
cal e imitar sua pronúncia. Como Testemunhas de Jeová queremos • não deixar o cliente esperando por um tempo muito longo.
falar de uma maneira que dignifique a mensagem que pregamos e É melhor explicar o motivo de não poder atendê-lo e retornar a
que seja prontamente entendida pelas pessoas da localidade. ligação em seguida;
No dia-a-dia, é melhor usar palavras com as quais se está bem • o cliente não deve ser interrompido, e o funcionário tem de
familiarizado. Normalmente, a pronúncia não constitui problema se empenhar em explicar corretamente produtos e serviços;
numa conversa, mas ao ler em voz alta você poderá se deparar com • atender às necessidades do cliente; se ele desejar algo que o
palavras que não usa no cotidiano. atendente não possa fornecer, é importante oferecer alternativas;
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• agir com cortesia. Cumprimentar com um “bom-dia” ou “bo- • Estabelecer os encaminhamentos para a pessoa que liga:
a-tarde”, dizer o nome e o nome da empresa ou instituição são quem atende a chamada deve definir quando é que a pessoa deve
atitudes que tornam a conversa mais pessoal. Perguntar o nome voltar a ligar (dia e hora) ou quando é que a empresa ou instituição
do cliente e tratá-lo pelo nome transmitem a ideia de que ele é im- vai retornar a chamada.
portante para a empresa ou instituição. O atendente deve também
esperar que o seu interlocutor desligue o telefone. Isso garante que Todas estas recomendações envolvem as seguintes atitudes no
ele não interrompa o usuário ou o cliente. Se ele quiser comple- atendimento telefônico:
mentar alguma questão, terá tempo de retomar a conversa. • Receptividade - demonstrar paciência e disposição para
servir, como, por exemplo, responder às dúvidas mais comuns dos
No atendimento telefônico, a linguagem é o fator principal usuários como se as estivesse respondendo pela primeira vez. Da
para garantir a qualidade da comunicação. Portanto, é preciso que mesma forma é necessário evitar que interlocutor espere por res-
o atendente saiba ouvir o interlocutor e responda a suas deman- postas;
das de maneira cordial, simples, clara e objetiva. O uso correto da • Atenção – ouvir o interlocutor, evitando interrupções, di-
língua portuguesa e a qualidade da dicção também são fatores im- zer palavras como “compreendo”, “entendo” e, se necessário, ano-
portantes para assegurar uma boa comunicação telefônica. É fun- tar a mensagem do interlocutor);
damental que o atendente transmita a seu interlocutor segurança, • Empatia - para personalizar o atendimento, pode-se pro-
compromisso e credibilidade. nunciar o nome do usuário algumas vezes, mas, nunca, expressões
Além das recomendações anteriores, são citados, a seguir, como “meu bem”, “meu querido, entre outras);
procedimentos para a excelência no atendimento telefônico: • Concentração – sobretudo no que diz o interlocutor (evi-
• Identificar e utilizar o nome do interlocutor: ninguém gos- tar distrair-se com outras pessoas, colegas ou situações, desvian-
ta de falar com um interlocutor desconhecido, por isso, o atenden- do-se do tema da conversa, bem como evitar comer ou beber en-
te da chamada deve identificar-se assim que atender ao telefone. quanto se fala);
Por outro lado, deve perguntar com quem está falando e passar a • Comportamento ético na conversação – o que envolve
tratar o interlocutor pelo nome. Esse toque pessoal faz com que o também evitar promessas que não poderão ser cumpridas.
interlocutor se sinta importante;
• assumir a responsabilidade pela resposta: a pessoa que Atendimento e tratamento
atende ao telefone deve considerar o assunto como seu, ou seja, O atendimento está diretamente relacionado aos negócios de
comprometer-se e, assim, garantir ao interlocutor uma resposta uma organização, suas finalidades, produtos e serviços, de acordo
rápida. Por exemplo: não deve dizer “não sei”, mas “vou imediata- com suas normas e regras. O atendimento estabelece, dessa forma,
mente saber” ou “daremos uma resposta logo que seja possível”. uma relação entre o atendente, a organização e o cliente.
Se não for mesmo possível dar uma resposta ao assunto, o aten- A qualidade do atendimento, de modo geral, é determinada
dente deverá apresentar formas alternativas para o fazer, como: por indicadores percebidos pelo próprio usuário relativamente a:
fornecer o número do telefone direto de alguém capaz de resolver • competência – recursos humanos capacitados e recursos tec-
o problema rapidamente, indicar o e-mail ou numero da pessoa nológicos adequados;
responsável procurado. A pessoa que ligou deve ter a garantia de • confiabilidade – cumprimento de prazos e horários estabele-
que alguém confirmará a recepção do pedido ou chamada; cidos previamente;
• Não negar informações: nenhuma informação deve ser • credibilidade – honestidade no serviço proposto;
negada, mas há que se identificar o interlocutor antes de a for- • segurança – sigilo das informações pessoais;
necer, para confirmar a seriedade da chamada. Nessa situação, é • facilidade de acesso – tanto aos serviços como ao pessoal de
adequada a seguinte frase: vamos anotar esses dados e depois en- contato;
traremos em contato com o senhor • comunicação – clareza nas instruções de utilização dos ser-
• Não apressar a chamada: é importante dar tempo ao tem- viços.
po, ouvir calmamente o que o cliente/usuário tem a dizer e mostrar
que o diálogo está sendo acompanhado com atenção, dando fee- Fatores críticos de sucesso ao telefone:
dback, mas não interrompendo o raciocínio do interlocutor;
 A voz / respiração / ritmo do discurso
• Sorrir: um simples sorriso reflete-se na voz e demonstra
 A escolha das palavras
que o atendente é uma pessoa amável, solícita e interessada;
 A educação
• Ser sincero: qualquer falta de sinceridade pode ser catas-
trófica: as más palavras difundem-se mais rapidamente do que as
Ao telefone, a sua voz é você. A pessoa que está do outro lado
boas;
da linha não pode ver as suas expressões faciais e gestos, mas você
• Manter o cliente informado: como, nessa forma de comu-
transmite através da voz o sentimento que está alimentando ao
nicação, não se estabele o contato visual, é necessário que o aten-
dente, se tiver mesmo que desviar a atenção do telefone durante conversar com ela. As emoções positivas ou negativas, podem ser
alguns segundos, peça licença para interromper o diálogo e, depois, reveladas, tais como:
peça desculpa pela demora. Essa atitude é importante porque pou- • Interesse ou desinteresse,
cos segundos podem parecer uma eternidade para quem está do • Confiança ou desconfiança,
outro lado da linha; • Alerta ou cansaço,
• Ter as informações à mão: um atendente deve conservar • Calma ou agressividade,
a informação importante perto de si e ter sempre à mão as infor- • Alegria ou tristeza,
mações mais significativas de seu setor. Isso permite aumentar a • Descontração ou embaraço,
rapidez de resposta e demonstra o profissionalismo do atendente; • Entusiasmo ou desânimo.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O ritmo habitual da comunicação oral é de 180 palavras por 7 - Tenha carisma: seja uma pessoa empática e sorridente para
minuto; ao telefone deve-se reduzir para 120 palavras por minuto que o cliente se sinta valorizado pela empresa, gerando um clima
aproximadamente, tornando o discurso mais claro. confortável e harmônico. Para isso, use suas entonações com criati-
A fala muito rápida dificulta a compreensão da mensagem e vidade, de modo a transmitir emoções inteligentes e contagiantes.
pode não ser perceptível; a fala muito lenta pode o outro a julgar 8 - Controle o tempo: se precisar de um tempo, peça o cliente
que não existe entusiasmo da sua parte. para aguardar na linha, mas não demore uma eternidade, pois, o
cliente pode se sentir desprestigiado e desligar o telefone.
O tratamento é a maneira como o funcionário se dirige ao 9 - Atenda o telefone o mais rápido possível: o ideal é atender
cliente e interage com ele, orientando-o, conquistando sua simpa- o telefone no máximo até o terceiro toque, pois, é um ato que de-
tia. Está relacionada a: monstra afabilidade e empenho em tentar entregar para o cliente
• Presteza – demonstração do desejo de servir, valorizando a máxima eficiência.
prontamente a solicitação do usuário; 10 - Nunca cometa o erro de dizer “alô”: o ideal é dizer o nome
• Cortesia – manifestação de respeito ao usuário e de cor- da organização, o nome da própria pessoa seguido ainda, das tra-
dialidade; dicionais saudações (bom dia, boa tarde, etc.). Além disso, quando
• Flexibilidade – capacidade de lidar com situações não-pre- for encerrar a conversa lembre-se de ser amistoso, agradecendo e
vistas. reafirmando o que foi acordado.
11 - Seja pró ativo: se um cliente procurar por alguém que não
A comunicação entre as pessoas é algo multíplice, haja vista, está presente na sua empresa no momento da ligação, jamais peça
que transmitir uma mensagem para outra pessoa e fazê-la com- a ele para ligar mais tarde, pois, essa é uma função do atendente,
preender a essência da mesma é uma tarefa que envolve inúmeras ou seja, a de retornar a ligação quando essa pessoa estiver de volta
variáveis que transformam a comunicação humana em um desafio à organização.
constante para todos nós. 12 - Tenha sempre papel e caneta em mãos: a organização é
E essa complexidade aumenta quando não há uma comunica- um dos princípios para um bom atendimento telefônico, haja vista,
ção visual, como na comunicação por telefone, onde a voz é o único que é necessário anotar o nome da pessoa e os pontos principais
instrumento capaz de transmitir a mensagem de um emissor para que foram abordados.
um receptor. Sendo assim, inúmeras empresas cometem erros pri- 13 – Cumpra seus compromissos: um atendente que não tem
mários no atendimento telefônico, por se tratar de algo de difícil responsabilidade de cumprir aquilo que foi acordado demonstra
consecução. desleixo e incompetência, comprometendo assim, a imagem da
Abaixo 16 dicas para aprimorar o atendimento telefônico, de empresa. Sendo assim, se tiver que dar um recado, ou, retornar
modo a atingirmos a excelência, confira: uma ligação lembre-se de sua responsabilidade, evitando esque-
1 - Profissionalismo: utilize-se sempre de uma linguagem for- cimentos.
mal, privilegiando uma comunicação que transmita respeito e se- 14 – Tenha uma postura afetuosa e prestativa: ao atender o te-
riedade. Evite brincadeiras, gírias, intimidades, etc, pois assim fa- lefone, você deve demonstrar para o cliente uma postura de quem
zendo, você estará gerando uma imagem positiva de si mesmo por realmente busca ajudá-lo, ou seja, que se importa com os proble-
conta do profissionalismo demonstrado. mas do mesmo. Atitudes negativas como um tom de voz desinte-
2 - Tenha cuidado com os ruídos: algo que é extremamente ressado, melancólico e enfadado contribuem para a desmotivação
prejudicial ao cliente são as interferências, ou seja, tudo aquilo que do cliente, sendo assim, é necessário demonstrar interesse e inicia-
atrapalha a comunicação entre as partes (chieira, sons de aparelhos tiva para que a outra parte se sinta acolhida.
eletrônicos ligados, etc.). Sendo assim, é necessário manter a linha 15 – Não seja impaciente: busque ouvir o cliente atentamente,
“limpa” para que a comunicação seja eficiente, evitando desvios. sem interrompê-lo, pois, essa atitude contribui positivamente para
3 - Fale no tom certo: deve-se usar um tom de voz que seja a identificação dos problemas existentes e consequentemente para
minimamente compreensível, evitando desconforto para o cliente as possíveis soluções que os mesmos exigem.
que por várias vezes é obrigado a “implorar” para que o atendente 16 – Mantenha sua linha desocupada: você já tentou ligar para
fale mais alto. alguma empresa e teve que esperar um longo período de tempo
4 - Fale no ritmo certo: não seja ansioso para que você não para que a linha fosse desocupada? Pois é, é algo extremamente in-
cometa o erro de falar muito rapidamente, ou seja, procure encon- conveniente e constrangedor. Por esse motivo, busque não delon-
trar o meio termo (nem lento e nem rápido), de forma que o cliente gar as conversas e evite conversas pessoais, objetivando manter, na
entenda perfeitamente a mensagem, que deve ser transmitida com medida do possível, sua linha sempre disponível para que o cliente
não tenha que esperar muito tempo para ser atendido.
clareza e objetividade.
5 - Tenha boa dicção: use as palavras com coerência e coesão
Buscar a excelência constantemente na comunicação huma-
para que a mensagem tenha organização, evitando possíveis erros
na é um ato fundamental para todos nós, haja vista, que estamos
de interpretação por parte do cliente.
nos comunicando o tempo todo com outras pessoas. Infelizmente
6 - Tenha equilíbrio: se você estiver atendendo um cliente sem
algumas pessoas não levam esse importante ato a sério, compro-
educação, use a inteligência, ou seja, seja paciente, ouça-o aten-
metendo assim, a capacidade humana de transmitir uma simples
tamente, jamais seja hostil com o mesmo e tente acalmá-lo, pois
mensagem para outra pessoa. Sendo assim, devemos ficar atentos
assim, você estará mantendo sua imagem intacta, haja vista, que
para não repetirmos esses erros e consequentemente aumentar-
esses “dinossauros” não precisam ser atacados, pois, eles se ma- mos nossa capacidade de comunicação com nosso semelhante.
tam sozinhos.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Resoluções de situações conflitantes ou problemas quanto ao O (a) senhor (a) pode atender?” Se a pessoa puder atender ,
atendimento de ligações ou transferências complete a ligação, se não, diga que a outra ligação ainda está em
O agente de comunicação é o cartão de visita da empresa.. Por andamento e reafirme sua possibilidade em auxiliar.
isso é muito importante prestar atenção a todos os detalhes do seu
trabalho. Geralmente você é a primeira pessoa a manter contato Lembre-se :
com o público. Sua maneira de falar e agir vai contribuir muito para Você deve ser natural, mas não deve esquecer de certas forma-
a imagem que irão formar sobre sua empresa. Não esqueça: a pri- lidades como, por exemplo, dizer sempre “por favor” , “Queira des-
meira impressão é a que fica. culpar”, “Senhor”, “Senhora”. Isso facilita a comunicação e induz a
Alguns detalhes que podem passar despercebidos na rotina do outra pessoa a ter com você o mesmo tipo de tratamento.
seu trabalho: A conversa: existem expressões que nunca devem ser usadas,
- Voz: deve ser clara, num tom agradável e o mais natural pos- tais como girias, meias palavras, e palavras com conotação de inti-
sível. Assim você fala só uma vez e evita perda de tempo. midade. A conversa deve ser sempre mantida em nível profissional.
- Calma: Ás vezes pode não ser fácil mas é muito importante
que você mantenha a calma e a paciência . A pessoa que esta cha- Equipamento básico
mando merece ser atendida com toda a delicadeza. Não deve ser Além da sala, existem outras coisas necessárias para assegurar
apressada ou interrompida. Mesmo que ela seja um pouco grossei- o bom andamento do seu trabalho:
ra, você não deve responder no mesmo tom. Pelo contrário, pro- - Listas telefônicas atualizadas.
cure acalmá-la. - Relação dos ramais por nomes de funcionários (em ordem
- Interesse e iniciativa: Cada pessoa que chama merece aten- alfabética).
ção especial. E você, como toda boa telefonista, deve ser sempre - Relação dos números de telefones mais chamados.
simpática e demonstrar interesse em ajudar. - Tabela de tarifas telefônicas.
- Sigilo: Na sua profissão, às vezes é preciso saber de detalhes - Lápis e caneta
importantes sobre o assunto que será tratado. Esses detalhes são - Bloco para anotações
confidenciais e pertencem somente às pessoas envolvidas. Você - Livro de registro de defeitos.
deve ser discreta e manter tudo em segredo. A quebra de sigilo
nas ligações telefônicas é considerada uma falta grave, sujeita às O que você precisa saber:
penalidades legais. O seu equipamento telefônico não é apenas parte do seu ma-
terial de trabalho. É o que há de mais importante. Por isso você
O que dizer e como dizer deve saber como ele funciona. Tecnicamente, o equipamento que
Aqui seguem algumas sugestões de como atender as chama- você usa é chamado de CPCT - Central Privada de Comunicação Te-
das externas: lefônica, que permite você fazer ligações internas (de ramal para
- Ao atender uma chamada externa, você deve dizer o nome da ramal) e externas. Atualmente existem dois tipos: PABX e KS.
sua empresa seguido de bom dia, boa tarde ou boa noite. - PABX (Private Automatic Branch Exchange): neste sistema,
- Essa chamada externa vai solicitar um ramal ou pessoa. Você todas as ligações internas e a maioria das ligações para fora da em-
deve repetir esse número ou nome, para ter certeza de que enten- presa são feitas pelos usuários de ramais. Todas as ligações que
deu corretamente. Em seguida diga: “ Um momento, por favor,” e entram, passam pela telefonista.
transfira a ligação. - KS (Key System): todas as ligações, sejam elas de entrada, de
Ao transferir as ligações, forneça as informações que já possui; saída ou internas, são feitas sem passar pela telefonista
faça uso do seu vocabulário profissional; fale somente o necessário Informações básicas adicionais
e evite assuntos pessoais. - Ramal: são os terminais de onde saem e entram as ligações
Nunca faça a transferência ligeiramente, sem informar ao seu telefônicas. Eles se dividem em:
interlocutor o que vai fazer, para quem vai transferir a ligação, * Ramais privilegiados: são os ramais de onde se podem fazer
mantenha-o ciente dos passos desse atendimento. ligações para fora sem passar pela telefonista
Não se deve transferir uma ligação apenas para se livrar dela. * Ramais semi-privilegiados: nestes ramais é necessário o auxi-
Deve oferecer-se para auxiliar o interlocutor, colocar-se à disposi- lio da telefonista para ligar para fora.
ção dele, e se acontecer de não ser possível, transfira-o para quem * Ramais restritos: só fazem ligações internas.
realmente possa atendê-lo e resolver sua solicitação. Transferir o -Linha - Tronco: linha telefônica que liga a CPCT à central Tele-
cliente de um setor para outro, quando essa ligação já tiver sido fônica Pública.
transferida várias vezes não favorece a imagem da empresa. Nesse - Número-Chave ou Piloto: Número que acessa automatica-
caso, anote a situação e diga que irá retornar com as informações mente as linhas que estão em busca automática, devendo ser o
solicitadas. único número divulgado ao público.
- Se o ramal estiver ocupado quando você fizer a transferência, - Enlace: Meio pelo qual se efetuam as ligações entre ramais e
diga à pessoa que chamou: “O ramal está ocupado. Posso anotar linhas-tronco.
o recado e retornar a ligação.” É importante que você não deixe - Bloqueador de Interurbanos: Aparelho que impede a realiza-
uma linha ocupada com uma pessoa que está apenas esperando a ção de ligações interurbanas.
liberação de um ramal. Isso pode congestionar as linhas do equipa- - DDG: (Discagem Direta Gratuita), serviço interurbano fran-
mento, gerando perda de ligações. Mas caso essa pessoa insista em queado, cuja cobrança das ligações é feita no telefone chamado.
falar com o ramal ocupado, você deve interromper a outra ligação e - DDR : (Discagem direta a Ramal) , as chamadas externas vão
dizer: “Desculpe-me interromper sua ligação, mas há uma chamada direto para o ramal desejado, sem passar pela telefonista . Isto só é
urgente do (a) Sr.(a) Fulano(a) para este ramal. possível em algumas CPCTs do tipo PABX.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Pulso : Critério de medição de uma chamada por tempo, dis- Uma maneira eficaz de não cair na tentação de “brigar” ou
tância e horário. “discutir” com um cliente é estar consciente – sempre alerta -, de
- Consultores: empregados da Telems que dão orientação às forma que se evite SINTONIZAR na mesma frequência emocional do
empresas quanto ao melhor funcionamento dos sistemas de tele- Cliente, quando esta for negativa. Exemplos:
comunicações.
- Mantenedora: empresa habilitada para prestar serviço e dar
O Cliente está... Reaja de forma oposta
assistência às CPCTs.
- Serviço Noturno: direciona as chamadas recebidas nos horá- Falando alto, gritando. Fale baixo, pausadamente.
rios fora do expediente para determinados ramais. Só é possível em Irritado Mantenha a calma.
CPCTs do tipo PBX e PABX.
Desafiando Não aceite. Ignore o desafio.
Em casos onde você se depara com uma situação que repre- Diga-lhe que é possível
sente conflito ou problema, é necessário adequar a sua reação à resolver o problema sem a
cada circunstância. Abaixo alguns exemplos. Ameaçando
necessidade de uma ação
extrema.
1ª - Um cliente chega nervoso – o que fazer?
Diga-lhe que o compreende,
 Não interrompa a fala do Cliente. Deixe-o liberar a raiva.
que gostaria que ele lhe
 Acima de tudo, mantenha-se calmo. Ofendendo
desse uma oportunidade
 Por nenhuma hipótese, sintonize com o Cliente, em um
para ajudá-lo.
estado de nervosismo.
 Jamais diga ao Cliente: “Calma, o (a) senhor (a) está muito
nervoso (a), tente acalmar-se”. 6ª – Equilíbrio Emocional
 Use frases adequadas ao momento. Frases que ajudam Em uma época em que manter um excelente relacionamento
acalmar o Cliente, deixando claro que você está ali para ajudá-lo com o Cliente é um pré-requisito de sucesso, ter um alto coeficien-
te de IE (Inteligência Emocional) é muito importante para todos os
2ª – Diante de um Cliente mal-educado – o que fazer? profissionais, particularmente os que trabalham diretamente no
 O tratamento deverá ser sempre positivo, independente- atendimento a Clientes.
mente das circunstâncias.
 Não fique envolvido emocionalmente. Aprenda a enten- Você exercerá melhor sua Inteligência Emocional à medida que:
der que você não é o alvo.  For paciente e compreensivo com o Cliente.
 Reaja com mais cortesia, com suavidade, cuidando para  Tiver uma crescente capacidade de separar as questões
não parecer ironia. Quando você toma a iniciativa e age positiva- pessoais dos problemas da empresa.
mente, coloca uma pressão psicológica no Cliente, para que ele re-  Entender que o foco de “fúria” do Cliente não é você, mas,
aja de modo positivo. sim, a empresa. Que você só está ali como uma espécie de “para-
-raios”.
3ª – Diante de erros ou problemas causados pela empresa  Não fizer pré julgamentos dos clientes.
 ADMITA o erro, sem evasivas, o mais rápido possível.  Entender que cada cliente é diferente do outro.
 Diga que LAMENTA muito e que fará tudo que estiver ao  Entender que para você o problema apresentado pelo
seu alcance para que o problema seja resolvido. cliente é um entre dezenas de outros; para o cliente não, o proble-
 CORRIJA o erro imediatamente, ou diga quando vai cor- ma é único, é o problema dele.
rigir.  Entender que seu trabalho é este: atender o melhor pos-
 Diga QUEM e COMO vai corrigir o problema. sível.
 EXPLIQUE o que ocorreu, evitando justificar.  Entender que você e a empresa dependem do cliente, não
 Entretanto, se tiver uma boa justificativa, JUSTIFIQUE, ele de vocês.
mas com muita prudência. O Cliente não se interessa por “justifica-  Entender que da qualidade de sua REAÇÃO vai depender
tivas”. Este é um problema da empresa. o futuro da relação do cliente com a empresa.

4ª – O Cliente não está entendendo – o que fazer? POSTURA DE ATENDIMENTO - (Conduta/Bom senso/Cordia-
 Concentre-se para entender o que realmente o Cliente lidade)
quer ou, exatamente, o que ele não está entendendo e o porquê.
 Caso necessário, explique novamente, de outro jeito, até A FUGA DOS CLIENTES
que o Cliente entenda. As pesquisas revelam que 68% dos clientes das empresas fo-
 Alguma dificuldade maior? Peça Ajuda! Chame o gerente, gem delas por problemas relacionados à postura de atendimento.
o chefe, o encarregado, mas evite, na medida do possível, que o Numa escala decrescente de importância, podemos observar
Cliente saia sem entender ou concordar com a resolução. os seguintes percentuais:
 68% dos clientes fogem das empresas por problemas de
5ª – Discussão com o Cliente postura no atendimento;
Em uma discussão com o Cliente, com ou sem razão, você sem-  14% fogem por não terem suas reclamações atendidas;
pre perde!  9% fogem pelo preço;
 9% fogem por competição, mudança de endereço, morte.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A origem dos problemas está nos sistemas implantados nas um ambiente agradável. Este profissional é voltado completamente
organizações, muitas vezes obsoletos. Estes sistemas não definem para a interação com o cliente, estando sempre com as suas ante-
uma política clara de serviços, não definem o que é o próprio ser- nas ligadas neste, para perceber constantemente as suas necessi-
viço e qual é o seu produto. Sem isso, existe muita dificuldade em dades. Para este profissional, não basta apenas conhecer o produto
satisfazer plenamente o cliente. ou serviço, mas o mais importante é demonstrar interesse em rela-
Estas empresas que perdem 68% dos seus clientes, não contra- ção às necessidades dos clientes e atendê-las.
tam profissionais com características básicas para atender o públi- 02. Entender o lado HUMANO, conhecendo as necessidades
co, não treinam estes profissionais na postura adequada, não criam dos clientes, aguçando a capacidade de perceber o cliente. Para
um padrão de atendimento e este passa a ser realizado de acordo entender o lado humano, é necessário que este profissional tenha
com as características individuais e o bom senso de cada um. uma formação voltada para as pessoas e goste de lidar com gente.
A falta de noção clara da causa primária da perda de clientes Se espera que ele fique feliz em fazer o outro feliz, pois para este
faz com que as empresas demitam os funcionários “porque eles profissional, a felicidade de uma pessoa começa no mesmo instante
não sabem nem atender o cliente”. Parece até que o atendimento em que ela cessa a busca de sua própria felicidade para buscar a
é a tarefa mais simples da empresa e que menos merece preocu- felicidade do outro.
pação. Ao contrário, é a mais complexa e recheada de nuances que 03. Entender a necessidade de manter um ESTADO DE ESPÍ-
perpassam pela condição individual e por condições sistêmicas. RITO POSITIVO, cultivando pensamentos e sentimentos positivos,
Estas condições sistêmicas estão relacionadas a: para ter atitudes adequadas no momento do atendimento. Ele sabe
1. Falta de uma política clara de serviços; que é fundamental separar os problemas particulares do dia a dia
2. Indefinição do conceito de serviços; do trabalho e, para isso, cultiva o estado de espírito antes da chega-
da do cliente. O primeiro passo de cada dia, é iniciar o trabalho com
3. Falta de um perfil adequado para o profissional de atendi- a consciência de que o seu principal papel é o de ajudar os clientes
mento; a solucionarem suas necessidades. A postura é de realizar serviços
4. Falta de um padrão de atendimento; para o cliente.
5. Inexistência do follow up; Os requisitos para contratação deste profissional
6. Falta de treinamento e qualificação de pessoal. Para trabalhar com atendimento ao público, alguns requisitos
são essenciais ao atendente. São eles:
Nas condições individuais, podemos encontrar a contratação  Gostar de SERVIR, de fazer o outro feliz.
de pessoas com características opostas ao necessário para atender  Gostar de lidar com gente.
ao público, como: timidez, avareza, rebeldia...  Ser extrovertido.
 Ter humildade.
SERVIÇO E POSTURA DE ATENDIMENTO  Cultivar um estado de espírito positivo.
Observando estas duas condições principais que causam a vin-  Satisfazer as necessidades do cliente.
culação ou o afastamento do cliente da empresa, podemos separar  Cuidar da aparência.
a estrutura de uma empresa de serviços em dois itens: os serviços
e a postura de atendimento. Com estes requisitos, o sinal fica verde para o atendimento.
O SERVIÇO assume uma dimensão macro nas organizações e,
como tal, está diretamente relacionado ao próprio negócio. A POSTURA pode ser entendida como a junção de todos os as-
Nesta visão mais global, estão incluídas as políticas de serviços, pectos relacionados com a nossa expressão corporal na sua totali-
a sua própria definição e filosofia. Aqui, também são tratados os dade e nossa condição emocional.
aspectos gerais da organização que dão peso ao negócio, como: o Podemos destacar 03 pontos necessários para falarmos de
ambiente físico, as cores (pintura), os jardins. Este item, portan- POSTURA. São eles:
to, depende mais diretamente da empresa e está mais relacionado 01. Ter uma POSTURA DE ABERTURA: que se caracteriza por
com as condições sistêmicas. um posicionamento de humildade, mostrando-se sempre disponí-
Já a POSTURA DE ATENDIMENTO, que é o tratamento dispen- vel para atender e interagir prontamente com o cliente. Esta POS-
sado às pessoas, está mais relacionado com o funcionário em si, TURA DE ABERTURA do atendente suscita alguns sentimentos posi-
com as suas atitudes e o seu modo de agir com os clientes. Portan- tivos nos clientes, como por exemplo:
to, está ligado às condições individuais. a) postura do atendente de manter os ombros abertos e o
É necessário unir estes dois pontos e estabelecer nas políticas peito aberto, passa ao cliente um sentimento de receptividade e
das empresas, o treinamento, a definição de um padrão de aten- acolhimento;
dimento e de um perfil básico para o profissional de atendimento, b) deixar a cabeça meio curva e o corpo ligeiramente inclinado
como forma de avançar no próprio negócio. Dessa maneira, estes transmite ao cliente a humildade do atendente;
dois itens se tornam complementares e inter-relacionados, com de- c) o olhar nos olhos e o aperto de mão firme traduzem respeito
pendência recíproca para terem peso. e segurança;
Para conhecermos melhor a postura de atendimento, faz-se d) a fisionomia amistosa, alenta um sentimento de afetividade
necessário falar do Verdadeiro profissional do atendimento. e calorosidade.

Os três passos do verdadeiro profissional de atendimento: 02. Ter SINTONIA ENTRE FALA E EXPRESSÃO CORPORAL: que se
01. Entender o seu VERDADEIRO PAPEL, que é o de compre- caracteriza pela existência de uma unidade entre o que dizemos e o
ender e atender as necessidades dos clientes, fazer com que ele que expressamos no nosso corpo.
seja bem recebido, ajudá-lo a se sentir importante e proporcioná-lo
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Quando fazemos isso, nos sentimos mais harmônicos e con- Esta interação pode se caracterizar por um cumprimento ver-
fortáveis. Não precisamos fingir, mentir ou encobrir os nossos sen- bal, uma saudação, um aceno de cabeça ou apenas por um aceno
timentos e eles fluem livremente. Dessa forma, nos sentimos mais de mão. O objetivo com isso, é fazer o cliente sentir-se acolhido e
livres do stress, das doenças, dos medos. certo de estar recebendo toda a atenção necessária para satisfazer
os seus anseios.
03. As EXPRESSÕES FACIAIS: das quais podemos extrair dois as-
pectos: o expressivo, ligado aos estados emocionais que elas tradu- Alguns exemplos são:
zem e a identificação destes estados pelas pessoas; e a sua função 1. No hotel, a arrumadeira está no corredor com o carrinho de
social que diz em que condições ocorreu a expressão, seus efeitos limpeza e o hóspede sai do seu apartamento. Ela prontamente olha
sobre o observador e quem a expressa. para ele e diz com um sorriso: “bom dia!”.
Podemos concluir, entendendo que, qualquer comportamento 2. O caixa de uma loja que cumprimenta o cliente no momento
inclui posturas e é sempre fruto da interação complexa entre o or- do pagamento;
ganismo e o seu meio ambiente.
03. O frentista do posto de gasolina que se aproxima ao ver o
O olhar carro entrando no posto e faz uma sudação...
Os olhos transmitem o que está na nossa alma. Através do
olhar, podemos passar para as pessoas os nossos sentimentos mais A INVASÃO
profundos, pois ele reflete o nosso estado de espírito. Mas, interagir no RAIO DE AÇÃO não tem nada a ver com INVA-
Ao analisar a expressão do olhar, não vamos nos prender so- SÃO DE TERRITÓRIO.
mente a ele, mas a fisionomia como um todo para entendermos o Vamos entender melhor isso.
real sentido dos olhos. Todo ser humano sente necessidade de definir um TERRITÓ-
Um olhar brilhante transmite ao cliente a sensação de aco- RIO, que é um certo espaço entre si e os estranhos. Este território
lhimento, de interesse no atendimento das suas necessidades, de não se configura apenas em um espaço físico demarcado, mas prin-
vontade de ajudar. Ao contrário, um olhar apático, traduz fraqueza cipalmente num espaço pessoal e social, o que podemos traduzir
como a necessidade de privacidade, de respeito, de manter uma
e desinteresse, dando ao cliente, a impressão de desgosto e dissa-
distância ideal entre si e os outros de acordo com cada situação.
bor pelo atendimento.
Quando estes territórios são invadidos, ocorrem cortes na
privacidade, o que normalmente traz consequências negativas.
Mas, você deve estar se perguntando: O que causa este brilho
Podemos exemplificar estas invasões com algumas situações corri-
nos nossos olhos ? A resposta é simples:
queiras: uma piada muito picante contada na presença de pessoas
Gostar do que faz, gostar de prestar serviços ao outro, gostar
estranhas a um grupo social; ficar muito próximo do outro, quase
de ajudar o próximo.
se encostando nele; dar um tapinha nas costas...
Para atender ao público, é preciso que haja interesse e gosto, Nas situações de atendimento, são bastante comuns as inva-
pois só assim conseguimos repassar uma sensação agradável para sões de território pelos atendentes. Estas, na sua maioria, causam
o cliente. Gostar de atender o público significa gostar de atender mal-estar aos clientes, pois são traduzidas por eles como atitudes
as necessidades dos clientes, querer ver o cliente feliz e satisfeito. grosseiras e poucos sensíveis. Alguns são os exemplos destas atitu-
des e situações mais comuns:
Como o olhar revela a atitude da mente, ele pode transmitir:  Insistência para o cliente levar um item ou adquirir um
01. Interesse quando: bem;
 Brilha;  Seguir o cliente por toda a loja;
 Tem atenção;  O motorista de taxi que não pára de falar com o cliente
 Vem acompanhado de aceno de cabeça. passageiro;
 O garçom que fica de pé ao lado da mesa sugerindo pratos
02. Desinteresse quando: sem ser solicitado;
 É apático;  O funcionário que cumprimenta o cliente com dois beiji-
 É imóvel, rígido; nhos e tapinhas nas costas;
 Não tem expressão.  O funcionário que transfere a ligação ou desliga o telefone
sem avisar.
O olhar desbloqueia o atendimento, pois quebra o gelo. O olhar
nos olhos dá credibilidade e não há como dissimular com o olhar. Estas situações não cabem na postura do verdadeiro profissio-
nal do atendimento.
A aproximação - raio de ação
A APROXIMAÇÃO do cliente está relacionada ao conceito de O sorriso
RAIO DE AÇÃO, que significa interagir com o público, independente O SORRISO abre portas e é considerado uma linguagem uni-
deste ser cliente ou não. versal.
Esta interação ocorre dentro de um espaço físico de 3 metros Imagine que você tem um exame de saúde muito importante
de distância do público e de um tempo imediato, ou seja, pronta- para receber e está apreensivo com o resultado. Você chega à clí-
mente. nica e é recebido por uma recepcionista que apresenta um sorriso
Além do mais, deve ocorrer independentemente do funcioná- caloroso. Com certeza você se sentirá mais seguro e mais confiante,
rio estar ou não na sua área de trabalho. Estes requisitos para a diminuindo um pouco a tensão inicial. Neste caso, o sorriso foi in-
interação, a tornam mais eficaz. terpretado como um ato de apaziguamento.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O sorriso tem a capacidade de mudar o estado de espírito das Alguns cuidados são essenciais para tornar este item mais com-
pessoas e as pesquisas revelam que as pessoas sorridentes são ava- pleto. São eles:
liadas mais favoravelmente do que as não sorridentes. 01. Tomar um BANHO antes do trabalho diário: além da função
O sorriso é um tipo de linguagem corporal, um tipo de comu- higiênica, também é revigorante e espanta a preguiça;
nicação não-verbal . Como tal, expressa as emoções e geralmente 02. Cuidar sempre da HIGIENE PESSOAL: unhas limpas, cabelos
informa mais do que a linguagem falada e a escrita. Dessa forma, cortados e penteados, dentes cuidados, hálito agradável, axilas as-
podemos passar vários tipos de sentimentos e acarretar as mais seadas, barba feita;
diversas emoções no outro. 03. Roupas limpas e conservadas;
04. Sapatos limpos;
Ir ao encontro do cliente 05. Usar o CRACHÁ DE IDENTIFICAÇÃO, em local visível pelo
Ir ao encontro do cliente é um forte sinal de compromisso no cliente.
atendimento, por parte do atendente. Este item traduz a importân-
cia dada ao cliente no momento de atendimento, na qual o aten- Quando estes cuidados básicos não são tomados, o cliente se
dente faz tudo o que é possível para atender as suas necessidades, questiona : “ puxa, se ele não cuida nem dele, da sua aparência
pois ele compreende que satisfazê-las é fundamental. Indo ao en- pessoal, como é que vai cuidar de me prestar um bom serviço ? “
contro do cliente, o atendente demonstra o seu interesse para com A apresentação pessoal, a aparência, é um aspecto importante
ele. para criar uma relação de proximidade e confiança entre o cliente
e o atendente.
A primeira impressão
Você já deve ter ouvido milhares de vezes esta frase: A PRIMEI- Cumprimento caloroso
RA IMPRESSÃO É A QUE FICA. O que você sente quando alguém aperta a sua mão sem fir-
Você concorda com ela? meza ?
No mínimo seremos obrigados a dizer que será difícil a empre- Às vezes ouvimos as pessoas comentando que se conhece al-
sa ter uma segunda chance para tentar mudar a impressão inicial, guém, a sua integridade moral, pela qualidade do seu aperto de
se esta foi negativa, pois dificilmente o cliente irá voltar. mão.
É muito mais difícil e também mais caro, trazer de volta o clien- O aperto de mão “ frouxo “ transmite apatia, passividade, baixa
te perdido, aquele que foi mal atendido ou que não teve os seus energia, desinteresse, pouca interação, falta de compromisso com
desejos satisfeitos. o contato.
Estes clientes perdem a confiança na empresa e normalmen- Ao contrário, o cumprimento muito forte, do tipo que machuca
te os custos para resgatá-la, são altos. Alguns mecanismos que as a mão, ao invés de trazer uma mensagem positiva, causa um mal
empresas adotam são os contatos via telemarketing, mala-direta, estar, traduzindo hiperatividade, agressividade, invasão e desres-
visitas, mas nem sempre são eficazes. peito. O ideal é ter um cumprimento firme, que prenda toda a mão,
A maioria das empresas não têm noção da quantidade de clien- mas que a deixe livre, sem sufocá-la. Este aperto de mão demons-
tes perdidos durante a sua existência, pois elas não adotam meca- tra interesse pelo outro, firmeza, bom nível de energia, atividade e
nismos de identificação de reclamações e/ou insatisfações destes compromisso com o contato.
clientes. Assim, elas deixam escapar as armas que teriam para re- É importante lembrar que o cumprimento deve estar associa-
forçar os seus processos internos e o seu sistema de trabalho. do ao olhar nos olhos, a cabeça erguida, os ombros e o peito aber-
Quando as organizações atentam para essa importância, elas tos, totalizando uma sintonia entre fala e expressão corporal.
passam a aplicar instrumentos de medição. Não se esqueça: apesar de haver uma forma adequada de cum-
Mas, estes coletores de dados nem sempre traduzem a realida- primentar, esta jamais deverá ser mecânica e automática.
de, pois muitas vezes trazem perguntas vagas, subjetivas ou pedem
a opinião aberta sobre o assunto. Tom de voz
Dessa forma, fica difícil mensurar e acaba-se por não colher as A voz é carregada de magnetismo e como tal, traz uma onda
informações reais. de intensa vibração. O tom de voz e a maneira como dizemos as
A saída seria criar medidores que traduzissem com fatos e da- palavras, são mais importantes do que as próprias palavras.
dos, as verdadeiras opiniões do cliente sobre o serviço e o produto Podemos dizer ao cliente: “a sua televisão deveria sair hoje do
adquiridos da empresa. conserto, mas por falta de uma peça, ela só estará pronta na próxi-
ma semana “. De acordo com a maneira que dizemos e de acordo
Apresentação pessoal com o tom de voz que usamos, vamos perceber reações diferentes
Que imagem você acha que transmitimos ao cliente quando o do cliente.
atendemos com as unhas sujas, os cabelos despenteados, as rou- Se dizemos isso com simpatia, naturalmente nos desculpando
pas mal cuidadas... ? pela falha e assumindo uma postura de humildade, falando com
O atendente está na linha de frente e é responsável pelo conta- calma e num tom amistoso e agradável, percebemos que a reação
to, além de representar a empresa neste momento. Para transmitir do cliente será de compreensão.
confiabilidade, segurança, bons serviços e cuidado, se faz necessá- Por outro lado, se a mesma frase é dita de forma mecânica,
rio, também, ter uma boa apresentação pessoal. estudada, artificial, ríspida, fria e com arrogância, poderemos ter
um cliente reagindo com raiva, procurando o gerente, gritando...
As palavras são símbolos com significados próprios. A forma
como elas são utilizadas também traz o seu significado e com isso,
cada palavra tem a sua vibração especial.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Saber escutar Com este efeito, as atitudes batem e voltam, ou seja, se você
Você acha que existe diferença entre OUVIR e ESCUTAR? Se atende bem, o cliente se sente bem e trata o atendente com respei-
você respondeu que não, você errou. to. Se este atende mal, o cliente reage de forma negativa e hostil.
Escutar é muito mais do que ouvir, pois é captar o verdadeiro O cliente não está na esteira da linha de produção, merecendo ser
sentido, compreendendo e interpretando a essência, o conteúdo da tratado com diferenciação e apreço.
comunicação.
O ato de ESCUTAR está diretamente relacionado com a nossa Precisamos ter em atendimento, pessoas descontraídas, que
capacidade de perceber o outro. E, para percebermos o outro, o façam do ato de atender o seu verdadeiro sentido de vida, que é
cliente que está diante de nós, precisamos nos despojar das bar- SERVIR AO PRÓXIMO.
reiras que atrapalham e empobrecem o processo de comunicação.
São elas: Atitudes de apatia, frieza, desconsideração e hostilidade, re-
* os nossos PRECONCEITOS; tratam bem a falta de calor do atendente. Com estas atitudes, o
* as DISTRAÇÕES; atendente parece estar pedindo ao cliente que este se afaste, vá
* os JULGAMENTOS PRÉVIOS; embora, desapareça da sua frente, pois ele não é bem vindo. Assim,
* as ANTIPATIAS. o atendente esquece que a sua MISSÃO é SERVIR e fazer o cliente
FELIZ.
Para interagirmos e nos comunicarmos a contento, precisamos
compreender o TODO, captando os estímulos que vêm do outro, As gafes no atendimento
fazendo uma leitura completa da situação. Depois de conhecermos a postura correta de atendimento,
Precisamos querer escutar, assumindo uma postura de recep- também é importante sabermos quais são as formas erradas, para
tividade e simpatia, afinal, nós temos dois ouvidos e uma boca, o jamais praticá-las. Quem as pratica, com certeza não é um verda-
que nos sugere que é preciso escutar mais do que falar. deiro profissional de atendimento. Podemos dividi-las em duas par-
Quando não sabemos escutar o cliente - interrompendo-o, fa- tes, que são:
lando mais que ele, dividindo a atenção com outras situações - tira-
mos dele, a oportunidade de expressar os seus verdadeiros anseios Postura inadequada
e necessidades e corremos o risco de aborrecê-lo, pois não iremos A postura inadequada é abrangente, indo desde a postura físi-
conseguir atende-las. ca ao mais sutil comentário negativo sobre a empresa na presença
A mais poderosa forma de escutar é a empatia ( que vamos do cliente.
conhecer mais na frente ). Ela nos permite escutar de fato, os sen- Em relação à postura física, podemos destacar como inadequa-
timentos por trás do que está sendo dito, mas, para isso, é preciso do, o atendente:
que o atendente esteja sintonizado emocionalmente com o cliente. * se escorar nas paredes da loja ou debruçar a cabeça no seu
Esta sintonia se dá através do despojamento das barreiras que já birô por não estar com o cliente (esta atitude impede que ele inte-
falamos antes. raja no raio de ação);
* mascar chicletes ou fumar no momento do atendimento;
Agilidade * cuspir ou tirar meleca na frente do cliente (estas coisas só
Atender com agilidade significa ter rapidez sem perder a quali- devem ser feitas no banheiro);
dade do serviço prestado. * comer na frente do cliente (comum nas empresas que ofere-
A agilidade no atendimento transmite ao cliente a idéia de res- cem lanches ou têm cantina);
peito. Sendo ágil, o atendente reconhece a necessidade do cliente * gritar para pedir alguma coisa;
em relação à utilização adequada do seu tempo. * se coçar na frente do cliente;
Quando há agilidade, podemos destacar: * bocejar (revela falta de interesse no atendimento).
 o atendimento personalizado;
 a atenção ao assunto; Em relação aos itens mais sutis, podemos destacar:
 o saber escutar o cliente; * se achar íntimo do cliente a ponto de lhe pedir carona, por
 cuidar das solicitações e acompanhar o cliente durante exemplo;
todo o seu percurso na empresa. * receber presentes do cliente em troca de um bom serviço;
* fazer críticas a outros setores, pessoas, produtos ou serviços
O calor no atendimento na frente do cliente;
O atendimento caloroso evita dissabores e situações constran-
* desmerecer ou criticar o fabricante do produto que vende,
gedoras, além de ser a comunhão de todos os pontos estudados
o parceiro da empresa, denegrindo a sua imagem para o cliente;
sobre postura.
* falar mau das pessoas na sua ausência e na presença do clien-
O atendente escolhe a condição de atender o cliente e para
te;
isto, é preciso sempre lembrar que o cliente deseja se sentir im-
* usar o cliente como desabafo dos problemas pessoais;
portante e respeitado. Na situação de atendimento, o cliente busca
* reclamar na frente do cliente;
ser reconhecido e, transmitindo calorosidade nas atitudes, o aten-
* lamentar;
dente satisfaz as necessidades do cliente de estima e consideração.
Ao contrário, o atendimento áspero, transmite ao cliente a * colocar problemas salariais;
sensação de desagrado, descaso e desrespeito, além de retornar * “ lavar a roupa suja “ na frente do cliente.
ao atendente como um bumerangue. O EFEITO BUMERANGUE é
bastante comum em situações de atendimento, pois ele reflete o LEMBRE-SE: A ÉTICA DO TRABALHO É SERVIR AOS OUTROS E
nível de satisfação, ou não, do cliente em relação ao atendente. NÃO SE SERVIR DOS OUTROS.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Usar chavões O passado ficou para atrás, não podendo ser mudado e o fu-
O mau profissional utiliza-se de alguns chavões como forma de turo não nos cabe conhecer. Então, só nos resta o presente como
fugir à sua responsabilidade no atendimento ao cliente. Citamos fonte de atuação. Nele, podemos agir e transformar. O aqui e agora
aqui, os mais comuns: são os únicos momentos nos quais podemos interagir e precisamos
fazer isto da melhor forma.
PARE E REFLITA: VOCÊ GOSTARIA DE SER COMPARADO A ESTE
ATENDENTE? C ) a tarefa
* o senhor como cliente TEM QUE ENTENDER... Para finalizar, falamos da tarefa. A nossa tarefa mais impor-
* o senhor DEVERIA AGRADECER O QUE A EMPRESA FAZ PELO tante diante desta pessoa mais importante para nós, na hora mais
SENHOR... importante que é o aqui e o agora, é FAZER O CLIENTE FELIZ, aten-
* o CLIENTE É UM CHATO QUE SEMPRE QUER MAIS... dendo as suas necessidades.
* AÍ VEM ELE DE NOVO... Esta tríade se configura no fundamento dos Momentos da Ver-
dade e, para que estes sejam plenos, é necessário que os funcioná-
Estas frases geram um bloqueio mental, dificultando a libera- rios de linha de frente, ou seja, que atendem os clientes, tenham
ção do lado bom da pessoa que atende o cliente. poder de decisão. É necessário que os chefes concedam autonomia
Aqui, podemos ter o efeito bumerangue, que torna um círculo aos seus subordinados para atuarem com precisão nos Momentos
vicioso na postura inadequada, pois, o atendente usa os chavões da Verdade.
(pensa dessa forma em relação ao cliente e a situação de atendi-
mento ), o cliente se aborrece e descarrega no atendente, ou sim- Teleimagem
plesmente não volta mais. Através do telefone, o atendente transmite a TELEIMAGEM da
Para quebrar este ciclo, é preciso haver uma mudança radical empresa e dele mesmo.
no pensamento e postura do atendente. TELEIMAGEM, então, é a imagem que o cliente forma na sua
mente ( imagem mental ) sobre quem o está atendendo e , con-
Impressões finais do cliente sequentemente, sobre a empresa ( que é representada por este
Toda a postura e comportamento do atendente vai levar o atendente).
cliente a criar uma impressão sobre o atendimento e, consequen- Quando a TELEIMAGEM é positiva, a facilidade do cliente en-
temente, sobre a empresa. caminhar os seus negócios é maior, pois ele supõe que a empresa
Duas são as formas de impressões finais mais comuns do clien- é comprometida com o cliente. No entanto, se a imagem é nega-
te: tiva, vemos normalmente o cliente fugindo da empresa. Como no
1) MOMENTO DA VERDADE: através do contato direto (pesso- atendimento telefônico, o único meio de interação com o cliente, é
al) e/ou telefônico com o atendente; através da palavra e sendo a palavra o instrumento, faz-se necessá-
2) TELEIMAGEM: através do contato telefônico. Vamos conhe- rio usá-la de forma adequada para satisfazer as exigências do clien-
cê-las com mais detalhes. te. Dessa forma, classificamos 03 itens básicos ligados a palavra e as
atitudes, como fundamentais na formação da TELEIMAGEM.
Momentos da verdade
Segundo Karl Albrecht, Momento da Verdade é qualquer epi- São eles:
sódio no qual o cliente entra em contato com qualquer aspecto da 01. O tom de voz: é através dele que transmitimos interesse e
organização e obtem uma impressão da qualidade do seu serviço. atenção ao cliente. Ao usarmos um tom frio e distante, passamos
O funcionário tem poucos minutos para fixar na mente do ao cliente, a ideia de desatenção e desinteresse.
cliente a imagem da empresa e do próprio serviço prestado. Este é Ao contrário, se falamos com entusiasmo, de forma decidida e
o momento que separa o grande profissional dos demais. atenciosamente, satisfazemos as necessidades do cliente de sentir-
Este verdadeiro profissional trabalha em cada momento da -se assistido, valorizado, respeitado, importante.
verdade, considerando-o único e fundamental para definir a satis-
fação do cliente. Ele se fundamenta na chamada TRÍADE DO ATEN- 02. O uso de PALAVRAS ADEQUADAS: pois com elas o atenden-
DIMENTO OU TRIÂNGULO DO ATENDIMENTO, que é composto de te passa a ideia de respeito pelo cliente. Aqui fica expressamente
elementos básicos do processo de interação, que são: PROIBIDO o uso de termos como: amor, bem, benzinho, chuchu,
mulherzinha, queridinha, colega...
A ) a pessoa
A pessoa mais importante é aquela que está na sua frente. 03. As ATITUDES CORRETAS: dando ao cliente, a impressão de
Então, podemos entender que a pessoa mais importante é o cliente educação e respeito. São INCORRETAS as atitudes de transferir a li-
que está na frente e precisa de atenção. gação antes do cliente concluir o que iniciou a falar; passar a ligação
No Momento da Verdade, o atendente se relaciona diretamen- para a pessoa ou ramal errado ( mostrando com isso que não ouviu
te com o cliente, tentando atender a todas as suas necessidades. o que ele disse ); desligar sem cumprimento ou saudação; dividir a
Não existe outra forma de atender, a não ser pelo contato direto e, atenção com outras conversas; deixar o telefone tocar muitas vezes
portanto, a pessoa fundamental neste momento é o cliente. sem atender; dar risadas no telefone.

B ) a hora Aspectos psicológicos do atendente


A hora mais importante das nossas vidas é o agora, o presente, Nós falamos sobre a importância da postura de atendimento.
pois somente nele podemos atuar. Porém, a base dela está nos aspectos psicológicos do atendimento.
Vamos a eles.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Empatia as situações na sua totalidade, para entendermos melhor o que o


O termo empatia deriva da palavra grega EMPATHÉIA, que sig- cliente deseja. Vamos ilustrar com um exemplo real: certa vez, em
nifica entrar no sentimento. Portanto, EMPATIA é a capacidade de uma loja de carros, entra um senhor de aproximadamente 65 anos,
nos colocarmos no lugar do outro, procurando sempre entender usando um chapéu de palha, camiseta rasgada e calça amarrada
as suas necessidades, os seus anseios, os seus sentimentos. Dessa na cintura por um barbante. Ele entrou na sala do gerente, que
forma, é uma aptidão pessoal fundamental na relação atendente - imediatamente se levantou pedindo para ele se retirar, pois não
cliente. Para conseguirmos ser empáticos, precisamos nos despojar era permitido “pedir esmolas ali “. O senhor com muita paciência,
dos nossos preconceitos e preferências, evitando julgar o outro a retirou de um saco plástico que carregava, um “bolo“ de dinheiro e
partir de nossas referências e valores. disse: “eu quero comprar aquele carro ali”.
A empatia alimenta-se da autoconsciência, que significa estar- Este exemplo, apesar de extremo, é real e retrata claramente o
mos abertos para conhecermos as nossas emoções. Quanto mais que podemos fazer com o outro quando pré-julgamos as situações.
isto acontece, mais hábeis seremos na leitura dos sentimentos dos Precisamos ver o TODO e não só as partes, pois o todo é muito
outros. Quando não temos certeza dos nossos próprios sentimen- mais do que a soma das partes. Ele nos diz o que é e não é harmôni-
tos, dificilmente conseguimos ver os dos outros. co e com ele percebemos a essência dos fatos e situações.
E, a chave para perceber os sentimentos dos outros, está na Ainda falando em PERCEPÇÃO, devemos ter cuidado com a
capacidade de interpretar os canais não verbais de comunicação PERCEPÇÃO SELETIVA, que é uma distorção de percepção, na qual
do outro, que são: os gestos, o tom de voz, as expressões faciais... vemos, escutamos e sentimos apenas aquilo que nos interessa. Esta
Esta capacidade de empatizar-se com o outro, está ligada ao seleção age como um filtro, que deixa passar apenas o que convém.
envolvimento: sentir com o outro é envolver-se. Isto requer uma Esta filtragem está diretamente relacionada com a nossa condição
atitude muito sublime que se chama HUMILDADE. Sem ela é im- física-psíquica emocional. Como é isso? Vamos entender:
possível ser empático. a)Se estou com medo de passar em rua deserta e escura, a
Quando não somos humildes, vemos as pessoas de maneira sombra do galho de uma árvore pode me assustar, pois eu posso
deturpada, pois olhamos através dos óculos do orgulho e do egoís- percebê-lo como um braço com uma faca para me apunhalar;
mo, com os quais enxergamos apenas o nosso pequenino mundo. b) Se estou com muita fome, posso ter a sensação de um cheiro
O orgulho e o egoísmo são dois males que atacam a humanida- agradável de comida;
de, impedindo-a de ser feliz. c) Se fiz algo errado e sou repreendida, posso ouvir a parte
Com eles, não conseguimos sair do nosso mundinho , crian- mais amena da repreensão e reprimir a mais severa.
do uma couraça ao nosso redor para nos proteger. Com eles, nós Em alguns casos, a percepção seletiva age como mecanismo
achamos que somos tudo o que importa e esquecemos de olhar de defesa.
para o outro e perguntar como ele está, do que ele precisa, em que
podemos ajudar. O ESTADO INTERIOR
Esquecemos de perceber principalmente os seus sentimentos O ESTADO INTERIOR, como o próprio nome sugere, é a condi-
e necessidades. Com o orgulho e o egoísmo, nos tornamos vaidosos ção interna, o estado de espírito diante das situações.
e passamos a ver os outros de acordo com o que estes óculos regis- A atitude de quem atende o público está diretamente rela-
tram: os nossos preconceitos, nossos valores, nossos sentimentos... cionada ao seu estado interior. Ou seja, se o atendente mantém
Sendo orgulhosos e egoístas não sabemos AMAR, não sabemos um equilíbrio interno, sem tensões ou preocupações excessivas, as
repartir, não sabemos doar. suas atitudes serão mais positivas frente ao cliente.
Só queremos tudo para nós, só “amamos” a nós mesmos, só Dessa forma, o estado interior está ligado aos pensamentos e
lembramos de nós. É aqui que a empatia se deteriora, quando os sentimentos cultivados pelo atendente. E estes, dão suporte as ati-
nossos próprios sentimentos são tão fortes que não permitem har- tudes frente ao cliente.
monização com o outro e passam por cima de tudo. Se o estado de espírito supõe sentimentos e pensamentos ne-
OS EGOÍSTAS E ORGULHOSOS NÃO PODEM TRABALHAR COM gativos, relacionados ao orgulho, egoísmo e vaidade, as atitudes
O PÚBLICO, POIS ELES NÃO TÊM CAPACIDADE DE SE COLOCAR NO advindas deste estado, sofrerão as suas influências e serão:
LUGAR DO OUTRO E ENTENDER OS SEUS SENTIMENTOS E NECES- * Atitudes preconceituosas;
SIDADES. * Atitudes de exclusão e repulsa;
* Atitudes de fechamento;
Ao contrário dos egoístas, os empáticos são altruístas, pois as * Atitudes de rejeição.
raízes da moralidade estão na empatia. Para concluir, podemos
lembrar a frase de Saint-Exupéry no livro O Pequeno Príncipe: “Só É necessário haver um equilíbrio interno, uma estabilidade,
se vê bem com o coração; o essencial é invisível aos olhos“. Isto é para que o atendente consiga manter uma atitude positiva com os
empatia. clientes e as situações.

PERCEPÇÃO O ENVOLVIMENTO
PERCEPÇÃO é a capacidade que temos de compreender e cap- A demonstração de interesse, prestando atenção ao cliente e
tar as situações, o que exige sintonia e é fundamental no processo voltando-se inteiramente ao seu atendimento, é o caminho para o
de atendimento ao público. Para percebermos melhor, precisamos verdadeiro sentido de atender.
passar pelo “esvaziamento” de nós mesmos, ficando assim, mais Na área de serviços, o produto é o próprio serviço prestado,
próximos do outro. Mas, como é isso? Vamos ficar vazios? É isso que se traduz na INTERAÇÃO do funcionário com o cliente. Um ser-
mesmo. Vamos ficar vazios dos nossos preconceitos, das nossas an- viço é, então, um resultado psicológico e pessoal que depende de
tipatias, dos nossos medos, dos nossos bloqueios, vamos observar fatores relacionados com a interação com o outro. Quando o aten-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

dente tem um envolvimento baixo com o cliente, este percebe com No atendimento ao público, é fundamental haver autonomia
clareza a sua falta de compromisso. As preocupações excessivas, o do pessoal de linha de frente e é uma das condições básicas para o
trabalho estafante, as pressões exacerbadas, a falta de liderança, sucesso deste tipo de trabalho.
o nível de burocracia, são fatores que contribuem para uma inte- Mas, para ter autonomia se faz necessário um mínimo de po-
ração fraca com o cliente. Esta fraqueza de envolvimento não per- der para atuar de acordo com a situação e esse poder deve ser con-
mite captar a essência dos desejos do cliente, o que se traduz em quistado. O poder aos funcionários serve para agilizar o negócio.
insatisfação. Um exemplo simples disso é a divisão de atenção por Às vezes, a falta de autonomia se relaciona com fraca liderança do
parte do atendente. Quando este divide a atenção no atendimento chefe.
entre o cliente e os colegas ou outras situações, o cliente sente-se Para o cliente, a autonomia traduz a ideia de agilidade, desbu-
desrespeitado, diminuído e ressentido. A sua impressão sobre a rocratização, respeito, compromisso, organização.
empresa é de fraqueza e o Momento da Verdade é pobre. Com ela, o cliente não é jogado de um lado para o outro , não
Esta ação traz consequências negativas como: impossibilidade precisa passear pela empresa, ouvindo dos atendentes: “Esse as-
de escutar o cliente, falta de empatia, desrespeito com o seu tem- sunto eu não resolvo; é só com o fulano; procure outro setor...”
po, pouca agilidade, baixo compromisso com o atendimento. A autonomia na ponta, na linha de frente, demonstra que a
Às vezes, a própria empresa não oferece uma estrutura ade- empresa está totalmente voltada para o cliente, pois todo o siste-
quada para o atendimento ao público, obrigando o atendente a di- ma funciona para atendê-lo integralmente, e essa postura é vital,
vidir o seu trabalho entre atendimento pessoal e telefônico, quan- visto que a imagem transmitida pelo atendente é a imagem que
do normalmente há um fluxo grande de ambos no setor. Neste será gerada no cliente em relação à organização, dessa forma, ao
caso, o ideal seria separar os dois tipos de atendimento, evitando atender, o atendente precisa se lembrar que naquele cargo, ele re-
problemas desta espécie. presenta uma marca, uma instituição, um nome, e que todas as
Alguns exemplos comuns de divisão de atenção são: suas atitudes devem estar em conformidade com a proposta de
* atender pessoalmente e interromper com o telefone visão que essa organização possui, focando sempre em um atendi-
* atender o telefone e interromper com o contato direto mento efetivamente eficaz e de qualidade.
* sair para tomar café ou lanchar
* conversar com o colega do lado sobre o final de semana, fé-
rias, namorado, tudo isso no momento de atendimento ao cliente.
ACOMPANHAMENTO DE ENTRADA E SAÍDA DE CRIANÇAS
Estes exemplos, muitas vezes, soam ao cliente como um exibi-
cionismo funcional, o que não agrega valor ao trabalho. O cliente
deve ser poupado dele.
Controle e movimentação do aluno
Trânsito congestionado, filas duplas, excesso de veículos, pe-
Os desafios do profissional de atendimento
destres atravessando fora das faixas e, o pior, muitas crianças no
Mas, nem tudo é tão fácil no trabalho de atender. Algumas si-
tuações exigem um alto grau de maturidade do atendente e é nes- meio disso tudo. Parece familiar? Sim, não é? Afinal todos nós já
tes momentos que este profissional tem a grande oportunidade de passamos por isso ao levar um filho, sobrinho ou vizinho à escola.
mostrar o seu real valor. Aqui estão duas destas situações. E não importa se a rua é estreita ou é uma grande avenida. Os pro-
blemas continuam.
Encantando o cliente
Fazer apenas o que está definido pela empresa como sendo o Otimize a logística
seu padrão de atendimento, pode até satisfazer as necessidades do O controle da entrada e saída  de alunos deve começar já na
cliente, mas talvez não ultrapasse o normal. porta da escola. Um funcionário que fique com essa responsabi-
Encantar o cliente é exatamente aquele algo mais que faz a lidade é muito útil para evitar correrias e impedir que se formem
grande diferença no atendimento. grupinhos de alunos na porta, tanto na hora da entrada como na
da saída.
Atuação extra Para que o tráfego fique melhor, a utilização de sinais diferen-
A ATUAÇÃO EXTRA é uma forma de encantar o cliente que se ciados com o objetivo de prender a atenção dos motoristas e pe-
caracteriza por atitudes ou ações do atendente, não estabelecidas destres ajuda. Eles podem indicar as vagas disponíveis e os locais
nos procedimentos de trabalho. É produzir um serviço acima da ex- corretos para embarque e desembarque.
pectativa do cliente. Se a escola fica localizada em uma rua com tráfego intenso ou
em um local onde não haja opções para estacionar, verifique a pos-
Autonomia sibilidade de alternar o horário de entrada e saída das turmas.
Na verdade, a autonomia não deveria estar no encantamento
do cliente; ela deveria fazer parte da estrutura da empresa. Mas, Organize os carros
nem sempre a realidade é esta. Colocamos aqui porque o consumi- A disputa de um lugarzinho para estacionar é acirrada, tanto
dor brasileiro ainda se encanta ao encontrar numa loja, um balco- para pais como para os profissionais que fazem serviços de trans-
nista que pode resolver as suas queixas sem se dirigir ao gerente. porte. E não é difícil topar com os sem educação no trânsito e que
A AUTONOMIA está diretamente relacionada ao processo de insistem nas filas duplas, o que só piora o trânsito.
tomada de decisão. Onde existir uma situação na qual o funcionário A demora de alguns responsáveis no interior da escola também
precise decidir, deve haver autonomia. colabora com a desorganização. Ela não é saudável para a logística,
uma vez que reduz a rotatividade dos veículos, prejudicando o es-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

coamento da via. Aí você deve estar se perguntando: como a escola de três anos. Tal preocupação pode ser relacionada ao fato de que,
pode resolver isso? Simples. Agende qualquer atendimento para mais e mais, a educação infantil dirigida às crianças de zero a seis
horários que fujam à entrada e saída. anos ganha estatuto de direito, colocando-se como etapa inicial da
Para resolver a questão das vans e micro-ônibus que não têm educação básica que devem receber as crianças brasileiras, respei-
onde parar uma boa estratégia seria direcionar um dos portões da tando os preceitos constitucionais.
escola – caso ela tenha mais de um – somente para essa logística. Tanto creches quanto pré-escolas, como instituições educati-
vas, têm uma responsabilidade para com as crianças pequenas, seu
Esteja atento à segurança desenvolvimento e sua aprendizagem, o que reclama um trabalho
No caso dos pais não irem buscar as crianças, no início do ano intencional e de qualidade. Na intencionalidade do trabalho reside
eles devem autorizar por escrito a saída do aluno com determina- a preocupação com o planejamento. O que fazer com as crianças,
das pessoas: a babá, a avó, a tia. Somente dessa forma a escola principalmente as bem pequenas? Seria possível “fazer atividades”
terá controle sobre quem pode ter acesso àquela criança e poderá com crianças do berçário (turmas com até um ano de idade), além
informar aos responsáveis, caso algum desconhecido tente retirar de prever-lhes cuidados físicos (alimentação, higiene, sono etc.)?
o menor da instituição. Se o aluno já tiver idade para sair sozinho, a Se possível, que tipo de atividades prever? Como planejar?
autorização dos pais também deve ser feita por escrito. Essas seriam questões de simples forma ou de complexos fun-
No quesito segurança, é preciso que haja uma força-tarefa: os damentos? Pensar em planejamento seria apenas uma questão
funcionários devem estar alinhados e atentos a qualquer movimen- de como e do que fazer ou, além disso, principalmente, uma ques-
tação suspeita, incluindo o aparecimento de qualquer pessoa es- tão de para que e para quem fazer?
tranha. Por isso, para minimizar os riscos deve-se diminuir também
o fluxo de pessoas. E mais: quem não trabalha no local e precisa Certa vez fui convidada a conversar com as professoras de uma
entrar na instituição deve se identificar. determinada instituição de educação infantil sobre planejamento.
Sendo eu professora do curso de Pedagogia, pareceu-me, inicial-
Acompanhe entrada e saída de alunos mente, que as professoras gostariam que eu desse “a linha” do
O gestor deve fazer o possível para acompanhar a entrada e “como planejar” o trabalho com as crianças de zero a seis anos.
saída dos alunos. Dessa forma poderá perceber se os combinados Diante dessa desconfiança, comecei a conversa propondo que cada
estão funcionando e o que pode ser melhorado. uma colocasse no papel qual o problema que enfrentava com o
planejamento. Eu pretendia localizar as indagações, as incertezas
Envolva pais e alunos e as angústias vividas pelo grupo de professoras na sua prática de
Procure conversar com pais e alunos sobre mudanças e peça planejamento do trabalho pedagógico, pois em qualquer discussão
a colaboração de todos. É possível que tragam sugestões e ideias é imprescindível a localização da pergunta para podermos ir atrás
para melhorar o fluxo na porta da escola e o bom funcionamento das possíveis respostas. Na minha idéia, só poderia conversar com
da instituição. aquelas professoras, de forma significativa, se soubesse por onde
andavam suas perguntas sobre a questão do planejamento. Era
Use a tecnologia mesmo um problema? Por que? Qual a estrutura do planejamento?
Usar a tecnologia também pode ser uma grande sacada. Siste- Qual o jeito para planejar? De que forma sistematizar, ou como re-
mas de gestão auxiliam na organização das tarefas pedagógicas e gistrar no papel o planejamento? Como organizá-lo, se os objetivos
acadêmicas, trabalhando no controle de matrículas, pagamentos e que traçamos não dão conta da complexidade do processo? Como
ocorrências. registrar, no planejamento, a riqueza do cotidiano? Como captar o
Em um canal para os pais a escola pode disponibilizar infor- movimento? O trabalho é dinâmico, mas o planejamento é formal e
mações como notas, avaliações, comprovantes de frequência e isso não dá! Como delimitar pontos para trabalhar, num vasto uni-
manter atualizados os horários de saída do aluno. Alguns softwares verso de possibilidades? O que priorizar? Como colocar no planeja-
proporcionam até o envio de mensagens via e-mail ou SMS para mento do dia-a-dia o lúdico, o prazer, sem aquele “ranço” escolar?
avisar aos pais sobre atrasos e faltas. Essas perguntas compõem um quadro geral do que foi levan-
A entrada e saída de alunos é algo sério e demanda uma boa tado no encontro e podem bem servir de base para um ensaio so-
dose de atenção e cuidados. E na sua escola, como isso funciona? bre o planejamento na educação infantil, uma vez que, em certa
Conte-nos a sua experiência nesse assunto. medida, são muito representativas das questões comumente for-
muladas por educadores que atuam na educação infantil. Porém,
começo a discussão me reportando para uma questão de base, que
envolve fundamentos e que não aparece entre as perguntas mais
AUXÍLIO A ATIVIDADES PREVISTAS NO PLANEJAMENTO frequentes: o que é planejamento? Buscando dialogar com as pre-
ESCOLAR ocupações levantadas, prossigo afirmando que planejamento não
pode ser confundido com uma ficha preenchida formalmente com
uma lista do que se pretende fazer na sala de aula. O planejamento
PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL... educativo deve ser assumido no cotidiano como um processo de
MAIS QUE A ATIVIDADE. A CRIANÇA EM FOCO reflexão, pois, mais do que ser um papel preenchido, é atitude e
Luciana Esmeralda Ostetto envolve todas as ações e situações do educador no cotidiano do
seu trabalho pedagógico. Planejar é essa atitude de traçar, proje-
No âmbito da educação infantil tem crescido a preocupação tar, programar, elaborar um roteiro para empreender uma viagem
relacionada a “como planejar “ o trabalho educativo com as crian- de conhecimento, de interação, de experiências múltiplas e signi-
ças de zero a seis anos em geral, e em particular com as menores ficativas para com o grupo de crianças. Planejamento pedagógico
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

é atitude crítica do educador diante de seu trabalho docente. Por Planejamento baseado em listagem de atividades
isso não é uma fôrma! Ao contrário, é flexível e, como tal, permite Esse tipo de planejamento poderia ser considerado um dos
ao educador repensar, revisando, buscando novos significados para mais rudimentares, pois está baseado na preocupação do educador
sua prática pedagógica. em preencher o tempo de trabalho com o grupo de crianças, entre
O planejamento marca a intencionalidade do processo educa- um e outro momento da rotina (higiene, alimentação, sono etc). O
tivo, mas não pode ficar só na intenção, ou melhor, só na imagina- professor busca, então, organizar vários tipos de atividades para
ção, na concepção. Ninguém diria que não é necessário escrever o realizar durante cada dia da semana. Dessa forma, como seu plane-
planejamento. A intencionalidade traduz-se no traçar, programar, jamento é diário, vai listando possíveis atividades para as crianças
documentar a proposta de trabalho do educador. desenvolverem, como por exemplo:
Documentando o processo, o planejamento é instrumento Segunda-feira: Modelagem com massinha, quebra-cabeças,
orientador do trabalho docente. Mas como escrever? De que for- audição de histórias, preenchimento de exercícios em folha mime-
ma? Voltamos à questão inicial que é praticamente a questão cen- ografada.
tral presente entre as perguntas daquelas educadoras: a forma, o Terça-feira: recorte e colagem, jogos recreativos, música com
jeito! Seria esse o real problema envolvido no planejamento? Seria gestos, confecção de dobraduras
essa a dificuldade reclamada por tantos educadores? Poderíamos E assim sucessivamente, nos dias subsequentes e a cada sema-
indagar, para seguir adiante: por que a preocupação, tão forte entre na, repete-se a dinâmica de atividades. A prática pedagógica resu-
os educadores, sobre a forma do planejamento e sobre como estru- me-se, aqui, às chamadas atividades, ou a “hora da atividade”, uma
turá-lo? É impossível falarmos da forma de planejar sem colocar em vez que os outros momentos da rotina, mais ligados aos cuidados
evidência o conteúdo que lhe serve de base, sem fazer relação com das crianças, não são planejados, sendo mesmo secundarizados.
os seus fundamentos. Se olharmos a questão sob a ótica de seus Por isso dissemos no início que esse tipo de planejamento é rudi-
fundamentos (O que é um planejamento na educação infantil? Para mentar, pois não vem embasado em qualquer princípio educativo
que e para quem ele é elaborado?) não será difícil concluirmos que explícito. O que o define é a necessidade de ocupar as crianças du-
o problema da forma é um problema aparente. De outro modo: se rante o tempo em que permanecem na instituição. Nesse sentido,
os educadores têm claro o que, para que e para quem planejar, não quase não pode ser classificado como planejamento, uma vez que
vai importar como está traduzido no papel. Nesse caso, a forma a intencionalidade do educador não está marcadamente definida
não vai alterar o produto. O fundamental, como nos diz o professor considerando princípios educativos, muito embora exista por trás
José Fusari “não é decidir se o plano será redigido no formulário X dessa prática uma concepção, mesmo que implícita, de criança e
ou Y, mas assumir que a ação pedagógica necessita de um mínimo educação infantil. Poderíamos assinalar que a criança que aparece
de preparo”. Na verdade, penso até que a forma de escrever um
é uma criança passiva, sem particularidades ou necessidades espe-
planejamento, no dia-a-dia, deve ser muito pessoal e, principal-
cíficas, que espera pelo atendimento do adulto, sem nada a dizer
mente, funcional para o educador. Então, se ele necessita de tudo
ou expressar. Por outro lado, a instituição de educação infantil re-
explicadinho, passo por passo, para não “se perder” entre uma e
vela se como espaço de cuidados ou, como diria Khulmann Jr, como
outra ação do cotidiano, ele assim o faz. Se, ao contrário, para ele
um espaço de educação assistencialista, onde a educação oferecida
“se achar” necessita apenas listar tópicos, pode assim proceder. A
à criança é de baixa qualidade, mais moral que intelectual.
questão não é a forma, mas os princípios que sustentam uma ou
Podemos associar, aqui, uma prática da instituição como guar-
outra organização. Sem dúvida, a elaboração de um planejamento
da ou depósito de criança, enquanto os pais estão trabalhando. Ou
depende da visão de mundo, de criança, de educação, de processo
educativo que temos e que queremos: ao selecionar um conteúdo, seja, as atividades previstas estão planejadas de acordo com o tem-
uma atividade, uma música, na forma de encaminhar o trabalho. po e não com o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças.
Envolve escolha: o que incluir, o que deixar de fora, onde e Em termos de concepção de educação infantil, poderíamos perce-
quando realizar isso ou aquilo. E as escolhas, a meu ver, derivam ber tal perspectiva dentro da chamada “função guardiã” atribuída
sempre de crenças ou princípios. Como um processo reflexivo, no às primeiras instituições pré-escolares. Nos dias de hoje, esse tipo
processo de elaboração do planejamento o educador vai apren- de organização de planejamento, ou mais especificamente, essa
dendo e exercitando sua capacidade de perceber as necessidades preocupação dos educadores em preencher o tempo das crianças
do grupo de crianças, localizando manifestações de problemas e com atividades fica evidenciada, por exemplo, em cursos de forma-
indo em busca das causas. Vai aprendendo a caracterizar o proble- ção, em que os educadores, “cansados de cursos teóricos”, reivin-
ma para, aí sim, tomar decisões para superá-lo. O ato de planejar dicam sugestões de atividades, ideias, novidades para realizar com
pressupõe o olhar atento à realidade. Na perspectiva de ampliar as crianças.
a discussão, apresento a seguir um exercício de análise sobre as
formas mais comuns de planejamento encontradas na prática da
educação infantil. Como indiquei, os comentários e o próprio recor-
TRABALHO EM EQUIPE
te de caracterização de diferentes tendências no planejamento são
aqui elaborados como exercício de reflexão. Como reflexão, esse
exercício traz consigo marcas e ideias muitas vezes discutidas em
aulas e orientações de estágio no curso de Pedagogia, em cursos Bem como lidar com o público, lidar com a equipe interna de
de formação e em reuniões com educadores. Considerando, então, uma empresa também não é tarefa simples. Seres humanos são
conteúdo e forma, poderíamos apresentar as seguintes perspecti- complexos e possuem peculiaridades, diferentes personalidades,
vas: planejamento baseado em “listagem de atividades”, por “datas se comportam de maneiras distintas e até se comunicam de diver-
comemorativas”, baseado em “áreas de desenvolvimento”, basea- sos jeitos. Ainda assim, quanto mais uma equipe trabalha, pensa e
do em “áreas de conhecimento”, por “temas”. se move em prol dos objetivos de maneira homogênea e unânime,
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

maior a probabilidade do sucesso de uma empresa. Para tal, é pre- A população tem o direito de opinar sobre o trabalho realizado
ciso levar em consideração alguns pontos a serem desenvolvidos pelos servidores públicos, fóruns, enquetes, votações e reclama-
em equipe, confira. ções podem ser realizadas através dos sites governamentais oficias.
Estas informações se tornam relatórios que são enviados para os
Personalidade e relacionamento responsáveis diretores e presidentes de cada órgão, a fim de que
O modo como os relacionamentos se estabelecem no trabalho eles ou até mesmo seus superiores realizem as devidas alterações e
devem ser exclusivamente profissionais, mas isto não significa que mudanças cabíveis, como destituição de cargos, alterações hierár-
uma equipe não pode ser amigável ou ter qualquer tipo de pro- quicas, aberturas ou fechamentos de órgãos e ministérios.
ximidade amigável dentro dos padrões éticos de cada órgão, cor- Este recurso é um benefício democrático que apenas uma pe-
poração ou instituição. A realidade é que é fácil fazer amizade e quena parcela da população costuma se interessar, mas que pode
integrar-se com aqueles com quem possuímos mais afinidade, por fazer toda a diferença na vida da população que usufrui de serviços
questões de personalidade e interesses em comum, cujas raízes públicos como hospitais, creches, cartórios, entre outros. O servi-
costumam estar em aspectos de fora do próprio trabalho, o que dor, por sua vez, está sujeito à opinião pública tanto quanto um
não necessariamente seria capaz fomentar e incentivar o trabalho funcionário de uma empresa está sujeito a opinião de um clien-
em equipe em prol dos objetivos da empresa. te. Algumas profissões tem esse tipo de interação mais presente,
Personalidade é um aspecto da individualidade de cada pessoa como no caso de freelancers, prestadores de serviços, que traba-
responsáveis por caracterizar suas ações e reações, seu humor, sua lham diretamente com o cliente. Desse modo, a fim de proporcio-
forma de se falar, seu temperamento e questões ligadas à auto- nar o melhor serviço possível à população, os servidores precisam
estima, extroversão ou introversão. Existem muitos tipos de per- combinar forças para que, em conjunto, possam ouvir, aprender e
sonalidades em uma empresa; indivíduos mais tímidos e quietos, colocar em prática planos de ação capazes de fortalecer a equipe e
outros mais falantes e ativos; alguns mais sérios, reservados; outros proporcionar melhores serviços aos usuários.
mais engraçados e explosivos; são diversas as combinações, e nem
sempre a personalidade de um integrante da equipe é equivalente O órgão e a opinião pública
a de outro, um fato que pode explicar a origem de conflitos e de- A fim de aperfeiçoar o trabalho dos órgãos governamentais, a
savenças, que surgem quando questões pessoais são colocadas em opinião pública é de suma importância. Desde 1991, uma ação efe-
primeiro plano em detrimento ao objetivo comum de uma equipe. tiva foi implantada a fim de desburocratizar e melhorar a gestão pú-
Casa indivíduo possui características únicas e exclusivas capa- blica, o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização.
zes de enriquecer equipes e fortalece-la usando os pontos positivos Além de incentivar maior participação dos cidadãos nas decisões
e fortes de cada um em seu benefício. Um bom relacionamento em públicas, ele foi capaz de melhorar a transparência dos serviços re-
equipe, ainda que ele não seja de maneira íntima do lado de fora alizados através de relatórios disponíveis para toda a população.
do trabalho, pode incentivar e motivar colaboradores e trazer bons Um dos recursos utilizados para incentivar o avanço das me-
resultados para a empresa, fazendo com que ela se beneficie desta lhorias do serviço público é o Instrumento Padrão de Pesquisa de
relação. Satisfação (IPPS), uma pesquisa de opinião que coleta dados sobre
o índice de satisfação dos usuários com o serviço público. Este tipo
Eficácia no comportamento interpessoal de relação fomenta a democratização do país, o que é importante
As mesmas regras que se aplicam ao atendimento ao cliente, para ambas as partes, pois oferece conhecimento à população so-
podem ser aproveitadas para explicar como garantir a eficácia das bre o que o Estado e seus órgãos tem feito em prol dela e de que
relações interpessoais. Cada indivíduo tem competências singula- maneira ela tem se beneficiado do que os órgãos públicos de cada
res que se combinadas podem trazer sucesso. Enquanto isso é uma estado oferecem.
verdade, deve-se ter em mente que para realizar essa combinação
de forma eficaz é preciso saber se relacionar com as pessoas. Fatores positivos do relacionamento
O comportamento interpessoal é algo que deve ser exercitado Em questão de trabalho em equipe, alguns fatores positivos
pois nem sempre é natural para alguns (os mais introvertidos) e podem ser observados na relação em conjunto. O ato de comu-
muitas vezes precisa ser podado ou lapidado para outros (os mais nicar, dialogar e debater soluções diariamente com uma equipe
extrovertidos). Desenvolver a empatia, saber se colocar no ligar do ajuda a desenvolver habilidades interpessoais e comunicativas
outro é um dos comportamentos mais necessários para estabele- que serão úteis em todas as áreas da vida, além de proporcionar
cer boas relações interpessoais, bem como saber escutar o outro
aprendizagem àqueles que ainda não possuem suas habilidades co-
e promover a inclusão de todos durante rodas de conversas, dis-
municativas bem desenvolvidas com a ajuda de outros membros
cussões importantes e compartilhamento de opiniões e ideais, de
do grupo. Além disso, quando em conjunto se busca soluções para
forma respeitosa e humana.
um mesmo problema, com a combinação das diversas habilidades
e formações dos membros de um time, diferentes ideias e soluções
Servidor e opinião pública
surgem, inclusive em maior quantidade, o que pode agilizar a reso-
Muitas vezes a opinião pública sobre o funcionário público é
lução do problema.
estereotipada, pois parte do princípio do negativo, focando naquilo
Um dos fatores mais positivos do relacionamento em equipe
que se observa de longe sobre alguns funcionários do Estado que
ficam em evidência, como vereadores e deputados. Este tipo de é desenvolver respeito mútuo e cordialidade; investir apenas um
visão faz com que a população não se atente à outros tipos de fun- profissional de maneira isolada pode não ser suficiente para melho-
ções exercidas por servidores públicos que podem e devem ser ava- rar o desempenho de uma equipe inteira. Entender, porém, os pon-
liadas e observadas pelo povo com lentes renovadas. tos fortes e fracos de todo um grupo pode ser um guia em direção
aos objetivos de uma empresa. O senso de compromisso e com-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

prometimento também é outro fator positivo desenvolvido com o ser definida como a capacidade de colocar-se no lugar do outro,
relacionamento em equipe, melhorando o ambiente de trabalho, respeitando-o em suas escolhas, decisões e sentimentos. Para exer-
promovendo mais tolerância e harmonia. cer a empatia é necessário estabelecer diálogo, uma comunicação
franca e aberta em equipe é capaz de criar laços de empatia que
Comportamento receptivo e defensivo irão fortalecer o grupo. Respeito e consideração são atitudes neces-
Diante de um novo acontecimento, uma nova informação, ta- sárias para tratar bem o outro, além da escuta ativa e consciente.
refa ou serviço, indivíduos esboçam diferentes reações. Por vezes, Quando projetamos a personalidade de alguém em nós mesmos,
o inconsciente pode interpretar uma situação nova como um aler- aprendemos a valorizar a individualidade do outro e suas emoções,
ta de perigo e, assim, o indivíduo age em prol de sua autodefesa, bem como valorizamos e nos atentamos às nossas. A busca pela
chamamos este tipo de reação de comportamento defensivo. Este compreensão das emoções alheias deve ser realizada de maneira
comportamento parte de um olhar desconfiado em relação ao que profunda e racional, a fim de sentir o que o outro sentiria em sua
o outro diz ou à forma como ele age. Isto ocorre devido ao medo própria pele de maneira fiel e sem deixar de lado a razão.
ou à ansiedade de ser prejudicado diante de situações desconheci-
das, quando a mensagem recebida é distorcida em sua perspectiva. Compreensão mútua
Como um mecanismo a fim de preservar sua autoimagem positiva, Todo indivíduo possui uma origem, sua criação, as referências
sua compostura, sanidade e bem-estar físico ou mental, o indivíduo que tem da infância à vida adulta, o ambiente em que vive e as
age de maneira defensiva inconscientemente. Este comportamen- influencias que recebe a partir de sua convivência social moldam seu
to, no entanto, pode ser benéfico quando se trata de fato de ope- caráter, seus valores e o modo como este age e enxerga a vida. Di-
rações ou situações de risco, podendo proteger o indivíduo e sua ferenças são inevitáveis, elas fazem parte de um processo natural de
integridade física, mental, financeira, entre outras. construção social. As diferenças podem gerar conflitos e desavenças
Por outro lado, em outras personalidades existe o comporta- quando não há compreensão mútua por parte dos indivíduos.
mento receptivo. O indivíduo com comportamento receptivo ge- Compreensão mútua refere-se à compreensão fundamentada
ralmente analisa, percebe e aceita as possibilidades que os demais em respeito entre duas ou mais partes. Este tipo de relação se esta-
podem vir a descartar, por entender o potencial de algo novo em belece quando há respeito e entendimento entre pessoas, mesmo
sua vida. Este indivíduo costuma ser otimista e ter mente aberta a em meio à diferentes opiniões. Para compreender o outro, é neces-
mudanças, sem preconceitos contra alterações de percurso e novos sário desenvolver boa comunicação interpessoal. A maneira como
desafios. Este tipo de personalidade é movido pela curiosidade, o as relações se estabelecem no ambiente de trabalho são determi-
que o torna mais suscetível a correr riscos e se colocar em situações nantes para o progresso de uma equipe e de uma empresa inteira.
de perigo sem que ele perceba. Uma pessoa, porém, que abraça Compreensão mútua é um recurso humano da empatia capaz de
causas e aceita novas propostas e abordagens sem medo pode ser implementar bons relacionamentos em qualquer ambiente.
uma boa aliada para se trabalhar em equipe. Mas para isso, deve-
-se ter um senso crítico e analítico apurado, capaz de separar boas
oportunidades de armadilhas, boas ideias de ideias medíocres.
Geralmente estas personalidades entram em conflito dentro NOÇÕES DE ÉTICA E CIDADANIA
de uma equipe quando não são bem gerenciadas, o ideal neste caso
é ter um mediador que possa interferir e realizar a gestão da equi-
pe de maneira sábia. Assegurar às personalidades mais defensivas Ética constitui, de acordo com o entendimento do professor
sobre a assertividade de novas propostas, através de prospecções, João Maurício Aldeodato, além da doutrina do bom e do correto,
estatísticas e planos de ação, podem garantir que estes indivíduos da “melhor” conduta, a teoria do conhecimento e realização desse
fiquem mais tranquilos e ajam de maneira mais aberta e responsi- desiderato.
va. Expor os pontos negativos e planos alternativos de maneira ho- O postulado inicial aqui, continua o professor, é que não ape-
nesta também pode ajudar as personalidades mais receptivas a não nas aquilo que tradicionalmente faz parte da moral, mas também o
pularem de cabeça em uma ideia sem antes a analisarem com cau- que hoje se chamam o político e o jurídico pertencem ao significado
tela. Tudo depende da abordagem e de uma boa gestão de pessoas. do termo ética. Isso não implica dizer que normas morais, normas
de trato social, normas religiosas, normas jurídicas e políticas não
Empatia se distinguem, mas apenas vêm confirmar sua origem comum, os
Nem sempre é tarefa fácil identificar o que o outro está sen- limites imprecisos entre elas e, principalmente, sua função social
tindo, pensando ou prever a forma como ele irá reagir ou lidar com semelhante.
uma situação. Uma tarefa comum do dia-a-dia de trabalho de um Nos dias de hoje, muitos citam a palavra “ética”, mas, quando
professor, como por exemplo fazer uma atividade de dia dos pais perguntados, não conseguem explicá-la nem defini-la. Por isso, o
com os alunos, pode parecer algo banal de se realizar no ambiente objetivo deste tópico é colocar o conceito de Ética em crise com a
escolar; no, entanto, para um professor que perdeu o pai ou que intenção de torná-lo mais radical e profundo.
não tem contato com seu pai, esta tarefa pode ser desgastante, ár- Num primeiro momento, ética lembra-nos norma e responsabili-
dua e até mesmo difícil de realizar. Um gestor ou colega de trabalho dade. Dessa forma, falar de ética significa falar de liberdade, pois não
pode muitas vezes não enxergar essa realidade por não conhecer há sentido falar de norma ou de responsabilidade se não partirmos da
bem a realidade do professor em questão ou por ser incapaz de suposição de que o ser humano é realmente livre, ou pode sê-lo.
compreender uma realidade diferente da sua própria. A norma diz-nos como devemos agir. E, se devemos agir de
Para que este tipo de situação desconfortável, capaz de desmo- tal modo, é porque também podemos não agir deste modo. Isto é,
tivar equipes inteiras, é necessário ter em mente que a empatia é se devemos obedecer, é porque podemos desobedecer ou somos
a chave para construir boas relações interpessoais. A empatia pode capazes de desobedecer à norma.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Também não haveria sentido falar de responsabilidade, pala- Moral é o conjunto de regras que se impõem às pessoas por
vra que deriva de resposta, se o condicionamento ou o determi- um impulso que move o grupo, numa ação coletiva que tende a
nismo fosse tão completo a ponto de considerar a resposta como agir de determinada maneira. É a consolidação de práticas e cos-
mecânica ou automática. tumes, observadas no geral pelo receio de uma reprovação social
Se afirmarmos que o determinismo é total, não há o que falar (a pressão é externa). Partindo desse pressuposto, todo ser huma-
de Ética; pois a Ética refere-se às ações humanas, e, se elas são to- no é moral ao cumprir ou deixar de cumprir as regras sociais, sem
talmente determinadas de fora para dentro, não há espaço para a questionar.
liberdade, como autodeterminação e, consequentemente, não há Ética envolve reflexão, por isso não significa um conjunto qual-
espaço para a Ética. quer de normas, mas sim, um conjunto de juízos valorativos, assu-
O extremo oposto ao determinismo, representado por uma midos e manifestados na ação individual de cada um (a pressão é
concepção que acredita na liberdade total e absolutamente incon- interna).
dicionada, nega igualmente a ética, porque se resumiria apenas à Os gregos referiam-se ao “ethos” como uma força de raiz onto-
liberdade de pensamento, sem a possibilidade de se agir, na práti- lógica, manifestada no indivíduo determinando sua conduta. Havia
ca, de acordo com os pensamentos. um significado profundo, relacionado a um modo de ser remetido
Seria, então, uma liberdade abstrata, deixando que a liberdade ao princípio universal, pressupondo sempre que algo maior fala
real se resumisse a algo meramente interior. pelo humano, que é a expressão de algo anterior a ele.
Desta forma, vamos abordar a questão da ética de acordo com Dessa forma, a Ética grega, que também significa uma maneira
a concepção original da reflexão grega, que não é apenas teórica, de ser em sociedade, é um campo de reflexão que envolve inves-
mas que efetivamente se manifesta na conduta do ser humano li- tigação e questionamento a respeito da conduta humana que se
vre. determina a partir de princípios imutáveis.
Para a maioria das pessoas, Ética e Moral têm o mesmo signi- Essa incompreensão, predominante nos dias de hoje, é um
ficado, mas, numa análise mais rigorosa, podemos constatar que fator de confusão e prejuízo para o próprio homem, porque este,
são conceitos diferentes. São palavras que diferem na origem e só desviado da visão nítida dos imperativos éticos, passou a compre-
se aproximam no significado, porque as condutas morais acabam ender o dever-ser, face a si mesmo, ao seu semelhante e, também,
expressando um determinado tipo de postura ética. à natureza, como apenas questões a serem reguladas por normas
O termo mos, do latim, dá origem à palavra “moral”, relaciona- morais ou, com mais rigor, por normas legais, ambas estabelecidas
da aos costumes e hábitos, enquanto o termo ethos, do grego, dá por outros seres humanos, geralmente, de forma arbitrária.
origem à palavra “ética”, relacionada ao modo de ser ou à maneira Todos esses, que assim entendem, deixam de reconhecer que
pela qual alguém se expressa. Portanto, servem para nomear duas a verdadeira essência do homem continua sendo o dever-ser que
disciplinas distintas, embora a primeira seja subordinada à segun- se frustra diante da vontade. Assim, o que caracteriza a Ética é a
da. postura assumida pelo dever-ser autodeterminado por convicção,
Os autores divergem, alguns afirmam que a Ética nada mais é estabelecendo seus próprios limites para a atuação no mundo.
do que a disciplina que estabelece regras de conduta para a socie- www.sjt.com.br
dade por influência de fatores de ordem religiosa, política, econô- Em um primeiro momento, necessário se faz explicar o concei-
mica, enfim, ideológica. Dessa forma, o conceito tem sido usado em to de princípios em contraposição ao de valores. Aqueles perten-
códigos de conduta profissional ou partidária, compostos de alguns cem ao plano deontológico e estes ao axiológico. Galuppo, citando
elementos éticos que, na verdade, são conjuntos de normas que o pensamento defendido por Habermas expõe as quatro diferenças
determinado grupo se dispõe a adotar. existentes entre normas e valores. Vê-se: Normas e valores distin-
Negam-lhe, assim, qualquer fundamento ontológico. Ao se guem-se respectivamente, em primeiro lugar, por suas referências
tratar a Ética como Moral, e essa como Religião, perde, aos olhos ao agir obrigatório ou teleológico; em segundo lugar, pela codifica-
incrédulos dos homens da nossa época, o seu verdadeiro valor. ção respectivamente binária ou gradual de suas pretensões de vali-
Políticos, governantes, líderes religiosos e mesmo professores dade; em terceiro lugar, por sua obrigatoriedade respectivamente
empregam a palavra “ética”, nos seus discursos, para impressionar absoluta ou relativa; e, em quarto lugar, pelos critérios aos quais o
os ouvintes, tal o peso que ela contém. Usam-na indevidamente e conjunto de sistema de normas ou valores deve satisfazer (HABE-
deslocada do seu real significado. MAS, citado por GALUPPO, 2.002, p. 181).
A raiz da Ética é de natureza antropológica e tem como objeto Os valores dizem respeito às preferências de grupos sociais
o homem inserido concretamente na vida prática. Mas é, também, ou as experiências vivenciadas por estes, que, consequentemente,
ontológica porque tem como objeto o posicionamento do ser hu- variam de um para outro indivíduo, haja vista, se tratar de regras
mano, que exige reflexão, escolha e apreciação de valores. morais adotadas por indivíduos indistintamente.
A distinção entre Ética e Moral é mais nítida do que possa pa- Neste sentido, Galuppo prevê que: Pois é apenas porque são
recer à primeira vista, pois enquanto a Moral limita-se ao estudo concebidos como valores que os seres podem ser objetos de men-
dos costumes e da variante das relações humanas, a Ética, como suração por meio de preferibilidade, constitutiva do próprio con-
disciplina filosófica, dedica-se à revelação de valores, que norteiam ceito de valor, uma vez que o valor, conforme aponta Lalande,
o dever-ser dos humanos. pode ser entendido como o “caráter das coisas consistindo em que
Esses conceitos geralmente andam próximos e, por isso, têm elas são mais ou menos estimadas ou desejadas por um sujeito ou,
sido empregados com significados diferentes, nos mais diversos mais ordinariamente, por um grupo de sujeitos determinados”.(…)
contextos, mas interpretados pelo público no sentido comum. Os valores indicam muito mais o registro de uma preferibilidade
Portanto, é fundamental insistir na distinção entre Ética e Mo- em um grupo social do que um dever para esse mesmo grupo, o
ral, para que possamos organizar os nossos pensamentos. que implica a possibilidade de concebê-los de forma hierarquizada.
(GALUPPO, 1.999, p. 196).
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Chamon Junior (2.004) relata que os valores são aplicados com investigados e a polícia tem trabalhado com mais liberdade de atu-
o objetivo de se auferir finalidades específicas levando-se em conta ação em prol da moralidade e do interesse público, o que tem le-
o interesse de determinados grupos de indivíduos dentro da socie- vado os agentes públicos a refletir mais sobre seus atos antes de
dade. Assim, o conceito de “bom” sofre variações por possuir visão cometê-los.
parcial e pessoal, haja vista, o que é bom para um indivíduo pode Essa nova fase se deve principalmente à democracia implanta-
não ser para o outro. da como regime político com a Constituição de 1988.
Ao expor sobre a diversidade dos valores, intrínseca na socie- Etimologicamente, o termo democracia vem do grego de-
dade Dworkin, faz o seguinte questionamento: “quantas vezes nos mokratía, em que demo significa povo e kratía, poder. Logo, a defi-
dizem que culturas diferentes têm valores diferentes e que, em nição de democracia é “poder do povo”.
nosso caso, não passa de uma forma de imperialismo insistir que A democracia confere ao povo o poder de influenciar na ad-
só os nossos valores estão certos e que os valores diferentes estão ministração do Estado. Por meio do voto, o povo é que determina
errados?” (DWORKIN, 2.010, p. 151). quem vai ocupar os cargos de direção do Estado. Logo, insere-se
Na lição de Rodotá (2.010), o que se busca é reconstruir o nesse contexto a responsabilidade tanto do povo, que escolhe seus
sistema em sua integridade, reconhecendo a importância dos di- dirigentes, quanto dos escolhidos, que deverão prestar contas de
ferentes componentes formais e informais e não substituir uma vi- seus atos no poder.
são unilateral por outra visão que não seja menor. A realidade dos A ética tem papel fundamental em todo esse processo, regula-
comportamentos jurídicos não pode ser valorada, caso contrário, mentando e exigindo dos governantes o comportamento adequa-
estar-se-á sempre fortemente condicionada ao contexto em que do à função pública que lhe foi confiada por meio do voto, e confe-
estes valores se manifestam. rindo ao povo as noções e os valores necessários para o exercício
Dworkin, ao explicar o pluralismo moral e, por conseguinte, a de seus deveres e cobrança dos seus direitos.
colisão e a variação dos valores, cita o entendimento de Berlin. Vale E por meio dos valores éticos e morais – determinados pela
conferir: Nossos valores entram em conflito, insiste Berlin, de uma sociedade – que podemos perceber se os atos cometidos pelos
maneira mais profunda que esta, motivo pelo qual ele afirma que ocupantes de cargos públicos estão visando ao bem comum ou ao
o ideal de harmonia não é apenas inalcançável, mas incoerente, interesse público.
porque o fato de garantir ou proteger um valor implica, necessa-
riamente, abandonar, outros ou fazer concessões. Quer dizer, nos- Exercício da cidadania
sos valores colidem mesmo quando nos empenhamos em fazer o Todo cidadão tem direito a exercer a cidadania, isto é, seus
melhor possível. (BERLIN, citado por DWORKIN, 2.010, p. 153-154). direitos de cidadão; direitos esses que são garantidos constitucio-
Já os princípios, para se ter entendimento a respeito é preciso nalmente nos princípios fundamentais.
que se entenda antes de tudo o conceito de regra. Exercer os direitos de cidadão, na verdade, está vinculado a
A regra tem uma única dimensão: a da validade. Se for válida, exercer também os deveres de cidadão. Por exemplo, uma pessoa
a regra deverá ser aplicada integralmente, em sua inteireza, ou não que deixa de votar não pode cobrar nada do governante que está
ser aplicada. Esse aspecto da regra é também chamado de “tudo no poder, afinal ela se omitiu do dever de participar do processo de
ou nada”, ou a regra é totalmente aplicada, ou não. Não existem escolha dessa pessoa, e com essa atitude abriu mão também dos
diferentes graus de aplicação. seus direitos.
Ou seja, são normas válidas condizentes às expectações ge- Direitos e deveres andam juntos no que tange ao exercício da
rais da sociedade, havendo, portanto, a imposição de uma obriga- cidadania. Não se pode conceber um direito sem que antes este
ção, de um dever ser: Neste sentido, Galuppo (1.999) expõe que seja precedido de um dever a ser cumprido; é uma via de mão du-
os princípios jurídicos levando-se em conta o plano da justificação, pla, seus direitos aumentam na mesma proporção de seus deveres
são fundamentos formais normativos dos demais direitos, e, por perante a sociedade.
conseguinte, o seu ponto inicial. Constitucionalmente, os direitos garantidos, tanto individuais
O Brasil ainda caminha a passos lentos no que diz respeito à quanto coletivos, sociais ou políticos, são precedidos de responsa-
ética, principalmente no cenário político que se revela a cada dia, bilidades que o cidadão deve ter perante a sociedade. Por exemplo,
porém é inegável o fato de que realmente a moralidade tem avan- a Constituição garante o direito à propriedade privada, mas exige-
çado. -se que o proprietário seja responsável pelos tributos que o exercí-
Vários fatores contribuíram para a formação desse quadro ca- cio desse direito gera, como o pagamento do IPTU.
ótico. Entre eles os principais são os golpes de estados – Golpe de Exercer a cidadania por consequência é também ser probo,
1930 e Golpe de 1964. agir com ética assumindo a responsabilidade que advém de seus
Durante o período em que o país viveu uma ditadura militar e deveres enquanto cidadão inserido no convívio social. Fonte: Espa-
a democracia foi colocada de lado, tivemos a suspensão do ensino ço Heber Vieira
de filosofia e, consequentemente, de ética, nas escolas e universi- A política, que na antiguidade grega, representava a dimen-
dades. Aliados a isso tivemos os direitos políticos do cidadão sus- são vital da sociedade, encontra-se hoje restringida ao Estado e as
pensos, a liberdade de expressão caçada e o medo da repressão. ações por ele sintetizadas.
Como consequência dessa série de medidas arbitrárias e auto- A obrigação política moderna funda-se na teoria do “contrato
ritárias, nossos valores morais e sociais foram se perdendo, levando social”, uma complexa e contraditória relação estabelecida entre
a sociedade a uma “apatia” social, mantendo, assim, os valores que homens livres, que abdicam de parte de sua liberdade com o intuito
o Estado queria impor ao povo. de, segundo Rousseau, maximizá-la.
Nos dias atuais estamos presenciando uma “nova era” em nos- O contrato social expressa, dessa forma, uma tensão entre a
so país no que tange à aplicabilidade das leis e da ética no poder: vontade individual e a vontade geral; o interesse particular e o bem
os crimes de corrupção e de desvio de dinheiro estão sendo mais comum.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O liberalismo contribuiu, significativamente, para a formulação Segundo o mencionado autor, “cada grupo tende a identificar
de uma cidadania universal, baseada na concepção de que todos os o interesse nacional com o interesse do próprio grupo” e dificilmen-
indivíduos nascem livres e iguais, entretanto, reduziu-a a um mero te encontrar-se-á um representante que não represente interesses
status legal. A equação lógica do bem comum na sociedade moder- particulares (BOBBIO, 2000, p. 37).
na permanece sendo o resultado da soma dos interesses pessoais. Entretanto ressalta: “a característica de um governo democrá-
A diferente carga simbólica dos valores individuais ou de gru- tico não é a ausência de elites, mas a presença de muitas elites em
pos sociais tem acarretado excesso de sentido que, por sua vez, concorrência entre si para a conquista do voto popular” (BOBBIO,
transforma-se em paralisia de atividade cívica e apatia política. 2000, p. 39).
Tal situação fática é agravada com o avanço, cada vez mais cé- Assim, para se transformar o súdito em cidadão é necessário
lere, das tecnologias que tem marcado a sociedade hodiernamen- conceder-lhe educação para o exercício da prática democrática. O
te. Na maioria das vezes, tais tecnologias dispensam a interativida- desenvolvimento da democracia não pode ser medido pelo aumen-
de dos seus usuários, que recepcionam argumentos e informações to do número dos que têm o direito de participar nas decisões que
acrítica e passivamente. lhes dizem respeito, mas da qualidade dos espaços nos quais po-
A ausência de participação social legitima o governo em prol dem exercer este direito.
de interesses particulares de grupos específicos. A crise do contrato “[...] a participação eleitoral tem um grande valor educativo;
social moderno consiste na prevalência de processos de exclusão é através da discussão política que o operário, cujo trabalho é re-
de grupos majoritários em privilégio de interesses de uma minoria. petitivo e concentrado no horizonte limitado da fábrica, consegue
A figura estatal fortalecida e representante de interesses de grupos compreender a conexão existente eventos distantes e seu interesse
determinados deixa de espelhar os anseios da sociedade civil e tor- pessoal estabelecer relações com cidadãos diversos daqueles com
na-se fator de influência de sua desorganização. os quais mantém relações cotidianas, tornando-se assim membro
A democracia, entendida como contraposição a todas as for- consciente de uma comunidade.” (BOBBIO, 2000, p. 44).
mas de governo autocráticos, é caracterizada por um conjunto de Muito se tem difundido que o cidadão comum não detém co-
regras que estabelecem quem está autorizado a tomar as decisões nhecimentos específicos para decidir sobre os assuntos que lhe di-
coletivas e com quais procedimentos. zem respeito, entretanto, assevera o autor que “a democracia sus-
“Todo o grupo social está obrigado a tomar decisões vinculató- tenta-se sobre a hipótese de que todos podem decidir a respeito de
rias para todos os seus membros com o objetivo de prover a própria tudo” (BOBBIO, 2000, p. 46).
sobrevivência, tanto interna como externamente. Mas até as deci- “Rousseau, entretanto, também estava convencido de que
sões de grupos são tomadas por indivíduos (o grupo como tal não ‘uma verdadeira democracia jamais existiu nem existirá’, pois re-
decide). Por isso, para que uma decisão seja tomada como decisão quer muitas condições difíceis de serem reunidas. Em primeiro lu-
coletiva é preciso que seja tomada com base em regras (não impor- gar um Estado muito pequeno, ‘no qual ao povo seja fácil reunir-se
ta se escritas ou consuetudinárias) que estabeleçam quais são os e cada cidadão possa facilmente conhecer todos os demais’; em
indivíduos autorizados a tomar as decisões vinculatórias para todos segundo lugar, ‘uma grande simplicidade de costumes que impeça
os membros do grupo, e à base de quais procedimentos.” (BOBBIO, a multiplicação dos problemas e as discussões espinhosas’; além
2000, p. 30-31). do mais, ‘uma grande igualdade de condições e fortunas’; por fim,
Nessa formatação é preciso que aqueles que são chamados a ‘pouco ou nada de luxo’. [...]. É evidente que, se por democracia
decidir ou a eleger os que deverão decidir sejam colocados diante direta se entende literalmente a participação de todos os cidadãos
de alternativas reais e postos em condição de poder escolher entre emtodas as decisões a eles pertinentes, a proposta é insensata. Que
uma e outra. Assim, é necessário a garantia dos denominados direi- todos decidam sobre tudo em sociedades sempre mais complexas
tos de liberdade, de opinião, de expressão das próprias opiniões, de como são as modernas sociedades industriais é algo materialmente
reunião, de associação etc. impossível.” (BOBBIO, 2000, p. 53).
A doutrina democrática idealizou, nas palavras de Norberto Para que exista uma democracia basta o consenso da maioria.
Bobbio, “um Estado sem corpos intermediários”, entretanto sua Mas exatamente o consenso da maioria implica que exista uma mi-
consolidação se deu de forma diversa: noria que dissente.
“O que aconteceu nos Estados democráticos foi exatamente “[...] que valor tem o consenso onde o dissenso é proibido?,
o oposto: sujeitos politicamente relevantes tornaram-se sempre onde não existe opção entre consenso e dissenso, onde o consenso
mais os grupos, grandes organizações, associações da mais diversa é obrigatório e até mesmo premiado, e onde o dissenso não apenas
natureza, sindicatos das mais diversas profissões, partidos das mais é proibido mas também é punido?, é ainda consenso ou é pura e
diversas ideologias, e sempre menos indivíduos. Os grupos e não simples aceitação passiva do comando do mais forte?; se o consen-
os indivíduos são os protagonistas da vida política numa sociedade
so não é livre, que diferença existe entre o consenso e a obediência
democrática, na qual não existe mais um soberano, o povo ou a
ao superior tal qual prescrita por todos os ordenamentos hierárqui-
nação, composto por indivíduos que adquiriram o direito de parti-
cos?” (BOBBIO, 2000, p. 74-75).
cipar direta ou indiretamente do governo, na qual não existe mais o
Autores como Hannah Arendt e Jürgen Habermas procuraram
povo como unidade ideal (ou mística), mas apenas o povo dividido
recuperar a noção de política e de esfera pública. Hanna Arendt
de fato em grupos contrapostos ou concorrentes, com sua relativa
relaciona os conceitos de política, esfera pública e liberdade, defi-
autonomia diante do governo central (autonomia que os indivíduos
nindo a política como a ação plural entre os homens.
singulares perderam ou só tiveram num modelo ideal de governo
democrático sempre desmentido pelos fatos). O modelo ideal da Segundo Maria Francisca Pinheiro, para Arendt:“a igualdade
sociedade democrática era aquele de uma sociedade centrípeta. A na pluralidade é a base de constituição da esfera pública. A igual-
realidade que temos diante dos olhos é a de uma sociedade centrí- dade na esfera pública, que pressupõe as desigualdades individu-
fuga, que não tem apenas um centro de poder (a vontade geral de ais, só existe na condição de liberdade, que significa o ser humano
Rousseau), mas muitos [...]”. (BOBBIO, 2000, p. 35-36). estar isento da desigualdade presente no ato de comandar ou ser
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

comandado e mover-se em esfera destituída de relação de poder. A a base da sequência de Marshall, continuam inacessíveis à maioria
esfera pública é instancia independente do Estado e essencial para da população. A pirâmide dos direitos foi colocada de cabeça para
o exercício da democracia.” (COELHO, 2000, p. 62). baixo”. (CARVALHO, 2006, p. 219-220).
Para Habermas, segundo a mesma autora:“na atividade polí- Sabe-se que a construção da cidadania na Inglaterra é exceção
tica, a ação visando ao entendimento nem sempre é possível em e não a regra, uma vez que, no caso sob análise, industrialização
função da competição estratégica pelo poder. Nesse aspecto, há e a democracia desenvolveram-se concomitantemente. Embora se
discordância de Habermas com Arendt que distingue o poder das trate de situação específica, o modelo de Marshall é substrato te-
relações de dominação e o define como persuasão e acordo. [...]. órico importante para estudos comparativos do desenvolvimento
A ideia de democracia, apoiada no conceito de discurso, parte da das cidadanias em outras sociedades, como forma de se entender
imagem de sociedade descentrada a qual constitui arena para a e explicar as particularidades de cada caso, sob uma mesma base
percepção, a identificação e o tratamento de problemas de toda conceitual.
sociedade. [...]. A política é, portanto, um dos assuntos da esfera Íris Maria de Oliveira registra a fala da filósofa Marilena
pública, instância autônoma e formadora da opinião e da vontade Chauí:“a autora define a sociedade brasileira como autoritária e
dos indivíduos”. (COELHO, 2000, p. 63-64). violenta, identificando quatro características que justificam essa
O conflito e o dissenso são inerentes à política, por ser resul- caracterização: relações sociais hierárquicas; relações sociais e po-
tado da convivência entre os homens, que por sua vez são diferen- líticas fundadas em contatos pessoais; profundas desigualdades
tes em relação à etnia, classe social, ideologia, valores e crenças. sociais e econômicas, que reproduzem carências e privilégios; uma
“Contudo, é justamente por ser conflituosa (e contraditória), que a sociedade em que a lei não é percebida como expressão de uma
política permite a formação de contra poderes em busca de ganhos vontade social. [...]. Outra característica apontada por Chauí é a
para a comunidade e de ampliação da cidadania” (PEREIRA, 2008, polarização da sociedade brasileira entre carência e privilégio [...].
p. 91). Neste contexto, os direitos não se instituem e não há condições
“[...] a liberdade de dissentir necessita de uma sociedade plu- para a efetivação da cidadania e da democracia”. (OLIVEIRA, 2008,
ralista, uma sociedade pluralista permite uma maior distribuição p. 122-124).
do poder, uma maior distribuição do poder abre as portas para a A exclusão do discurso reivindicativo, através do roubo da fala,
democratização da sociedade civil e finalmente a democratização favoreceu a proliferação de práticas paternalistas/clientelistas, nas
da sociedade civil alarga e integra a democracia política”. (BOBBIO, quais o acesso a bens e serviços se dá a partir de “favores pessoais”,
2000, p. 76). e não como exercício de um direito. A escolha dos representantes,
Consoante Marshall, o desenvolvimento da cidadania “é es- por sua vez, na maioria das vezes, não é consequência da análise
timulado tanto pela luta para adquirir tais direitos quanto pelo apurada da capacidade do candidato, e sim de confiança particular
gozo dos mesmos, uma vez adquiridos”. (MARSHALL, 1967, p. 84). de obtenção de vantagem. O brasileiro não se sente representado
Segundo o autor, o uso do poder político é capaz de determinar na política. Os representantes eleitos furtam-se a defesa dos inte-
mudanças significativas, sem uma revolução violenta e sangrenta. resses gerais, para atender particulares, constituindo a classe dos
(MARSHALL, 1967, p. 85). políticos de profissão, que são aqueles que não vivem para a políti-
Desse modo, a política, segundo Potyara Amazoneida Pereira é ca, mas vivem dela. Surge daí uma atitude ambígua de insatisfação
“uma estratégia de ação, pensada, planejada e avaliada, guiada por e inatividade da sociedade.
uma racionalidade coletiva, na qual, tanto o Estado como a socieda- “O que a destruição do público opera em relação às classes do-
de, desempenham papéis ativos”. (PEREIRA, 2008, p. 96). Comple- minadas é a destruição de sua política, o roubo da fala, sua exclusão
menta a mencionada a autora, “[...] duas são as principais funções do discurso reivindicativo e, no limite, sua destruição como classe;
da política pública: a) concretizar direitos conquistados pela socie- seu retrocesso ao estado de mercadoria, que é o objetivo neolibe-
dade e incorporados nas leis; b) alocar e distribuir bens públicos.” ral.” (OLIVEIRA, 2000, p. 79).
(PEREIRA, 2008, p. 99). Não obstante consideráveis índices de alfabetização, pesquisas
Adverte, porém, Norbert Elias que:“Na vida social de hoje, so- mostram o alto grau de ignorância da sociedade brasileira em re-
mos incessantemente confrontados pela questão de se e como é lação aos seus direitos. A falta de consciência dos próprios direitos
possível criar uma ordem social que permita uma melhor harmoni- é acompanhada pela baixa consideração pelos direitos dos outros.
zação entre as necessidades e inclinações pessoais dos indivíduos, A visão de cidadania como comunidade também não se apresenta
de um lado, e, de outro, as exigências feitas a cada indivíduo pelo como enraizada. Há uma fraca percepção do reconhecimento de
trabalho cooperativo de muitos, pela manutenção e eficiência do que todos participam de valores e objetivos comuns em torno dos
todo social”. (ELIAS, 1994, p. 17). quais todos se congregam. Não existe ainda um senso de dever em
A formação da sociedade brasileira ocorreu de forma violenta, relação à coletividade e pelo grau de envolvimento na vida públi-
com a anulação da fala. A cronologia dos elementos da cidadania, ca (filiação em partidos, associações de moradores, pais e alunos,
descritos por Marshall (os direitos civis no século XVIII, os políti- filantrópicas). A participação política não aparece entre o senso co-
cos no século XIX e os sociais no século XX), sobreveio de forma mum dos brasileiros nem como direito nem tão pouco como dever.
invertida no Brasil:“Primeiro vieram os direitos sociais, implantados A apatia cívica dos brasileiros, aliado ao objetivo cego de cresci-
em períodos de supressão dos direitos políticos e de redução dos mento econômico, como fim em si mesmo, tem transformado os ci-
direitos civis por um ditador que se tornou popular. Depois vieram dadãos em meros “beneficiários passivos dos frutos de engenhosos
os direitos políticos, de maneira também bizarra. A maior expan- programas de desenvolvimento” (SEN, 2000, p. 71). Nas palavras de
são do direito do voto deu-se em outro período ditatorial, em que José Murilo de Carvalho, “formam-se o súdito e o consumidor sem
os órgãos de representação política foram transformados em peça que ao mesmo tempo surja o cidadão participante” (CARVALHO,
decorativa do regime. Finalmente ainda hoje muitos direitos civis, 2000, p. 112).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Afirma ainda José Murilo de Carvalho que a participação a nível Aos Tribunais de Contas compete verificar o cumprimento da
local é tida como a mais frágil, “embora seja onde ela tem rele- Lei de Responsabilidade Fiscal, que está erigida sobre alguns pila-
vância mais direta para o cotidiano cidadão”. (CARVALHO, 2000, p. res, dentre os quais o da transparência. Assim entendida, não só
125). Assim, a análise de tal situação agrava-se quando se parte a disponibilização de informações, mas, sobretudo a compreensão
para a verificação da realidade da sociedade nacional para as socie- dos dados divulgados por parte do cidadão mediano. O objetivo
dades locais, ou seja, os Municípios. mais nobre do princípio da transparência é permitir e estimular o
Uma vez conquistada a democracia política verifica-se que tal exercício do controle social, a mais eficaz das formas de controle da
esfera está incluída em outra mais ampla, qual seja, a esfera da conduta do gestor público.
sociedade como um todo. Em outras palavras, a democratização
do Estado, com a instituição de parlamentos, não implicou numa
democratização da sociedade. A maior parte das instituições sociais
– da família à escola, da empresa à gestão dos serviços públicos – NOÇÕES BÁSICAS DE RELAÇÕES HUMANAS
ainda não são governadas democraticamente.
Tal situação contribui para a legitimação e hegemonia das clas-
ses dominantes e sua permanência nos espaços de poder em todos Vale dizer que as Relações Humanas se referem às Relações
os níveis, retardando a realização de direitos e a construção de uma Interpessoais, Intrapessoais e Intergrupais.
cultura política baseada no direito, na ética, na cidadania, nas rela-
ções democráticas horizontais e na participação popular. Interpessoal: significa relativo a uma comunicação, ou uma relação,
A conscientização e participação cidadã são alternativas para que se estabelece entre duas ou mais pessoas. Implica uma relação so-
a conquista e efetivação de direitos tanto em nível da sociedade, cial, ou seja, um conjunto de normas comportamentais que orientam
quanto no interior do próprio Estado. Por Heidy Cristina Boaven- as interações entre membros de uma sociedade. Este tipo de relaciona-
tura Siqueira mento é marcado pelo contexto onde ele está inserido, podendo ser um
A ação estatal encontra-se norteada por diversos princípios contexto familiar, escolar, de trabalho ou de comunidade.
dentre os quais se destaca o da legalidade, que delimita o campo de
atuação possível do Estado e garante aos cidadãos a titularidade de Intrapessoal: o prefixo “intra” exprime a noção de “interior”.
direitos. No entanto, sendo o Estado um ser ético-político, a avalia- Assim, intrapessoal significaria relativo a comunicação conosco
ção da conduta de seus agentes não pode pautar-se, apenas, pelo próprios. Remete para a aptidão de uma pessoa de se relacionar
aspecto da legalidade. Revela-se imperiosa a verificação quanto a com os seus próprios sentimentos e emoções e é de elevada im-
obediência à preceitos éticos que estejam disseminados na própria portância porque vai determinar como cada pessoa age quando é
sociedade. A ética na condução da republica emerge como instru- confrontada com situações do dia a dia. Para ter um relacionamen-
mento eficaz de proteção dos direitos fundamentais, a exemplo da to intrapessoal saudável, um indivíduo deve exercitar áreas como a
liberdade e da igualdade. autoafirmação, automotivação, autodomínio e autoconhecimento.
A Administração Pública se constitui no instrumental de que
dispõe o Estado para implementar as prioridades do Governo. As- Intergrupal: relação desenvolvida entre distintos grupos (dife-
sim, merece atenção especial o estudo acerca das ações empreen- rentes departamentos, distintas empresas, etc.).
didas pelo gestor da coisa pública, sobretudo em relação ao grau de
aderência ao interesse público (efetividade). Deve haver compatibi- Relações Indivíduo/Organização13
lidade entre as prioridades de governo e o querer da coletividade. Antes vamos conceituar cada um separadamente:
Verifica-se grande dificuldade da sociedade em avaliar a con-
duta dos gestores públicos, notadamente em função da ausência Organização: é uma coletividade com uma fronteira relati-
de informações tempestivas, suficientes e confiáveis. Até mesmo o vamente identificável, uma ordem normativa (regras), níveis de
processo de escolha dos governantes nas democracias, através de autoridade (hierarquia), sistemas de comunicação e sistemas de
eleições seguras e livres, vem sendo objeto de ressalvas quanto a coordenação dos membros (procedimentos); essa coletividade
sua eficácia como mecanismo garantidor de que os escolhidos tra- existe em uma base relativamente contínua, está inserida em um
balharão em função dos melhores interesses da coletividade, uma ambiente e toma parte de atividades que normalmente se encon-
vez que os cidadãos não possuem todas as informações necessárias tram relacionadas a um conjunto de metas; as atividades acarretam
a uma escolha correta. O que reforça a importância do acesso às consequências para os membros da organização, para a própria or-
informações. ganização e para a sociedade[ HALL, R. H. Organizações: estruturas,
Dentro deste contexto torna-se imprescindível a existência de processos e resultados. Pearson, 2004.].
órgãos integrantes da estrutura estatal que componham uma ver-
dadeira rede de agências de accountability incumbidas de supervi- Simplificando:
sionar, controlar, aplicar sanções, e, sobretudo, prover o cidadão Uma organização é um sistema composto por uma coletivida-
das informações relativas a conduta do gestor público. de de recursos como pessoas, informações, conhecimento, insta-
No caso brasileiro, esta rede de agências de accountability en- lações, dinheiro, tempo, espaço, entre outros. As pessoas são os
globaria, dentre outros, o Ministério Público, o sistema de controle recursos mais importantes, pois são os recursos humanos que pro-
interno dos Poderes, o Poder Judiciário e os Tribunais de Contas. cessam os demais recursos buscando realizar objetivos.
Estes últimos foram, sobretudo a partir da edição da Lei de Res- 13 Lacombe, B. B. A Relação Indivíduo-Organização: é Possível não se Identifi-
ponsabilidade Fiscal, alçados à condição de grandes provedores de car com a Organização? In: Encontro de Estudos Organizacionais, Recife. Anais...
informações sobre a gestão pública. Recife: Observatório da Realidade Organizacional: PROPAD/UFPE: ANPAD, 2002.
1 CD.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A Administração é o processo de tomar decisões que faz com alcançar determinados objetivos. Na organização formal, as rotinas
que as organizações sejam capazes de utilizar corretamente seus de trabalho e os procedimentos são formalizados, de forma que os
recursos para atingir seus objetivos. funcionários saibam como exercer suas tarefas.

Indivíduo: os indivíduos são as pessoas. O modelo de gestão Organização Informal: diferente da organização formal, que é
por competências apresenta que as pessoas são indivíduos dotados criada para atingir os objetivos da empresa, a organização informal
de Conhecimentos, Habilidades e Atitudes. (CHÁ) não possui normas e regulamentos formais. A organização informal
nasce dos relacionamentos das pessoas que possuem interesses em
No entanto, sabemos que nem sempre a administração enxer- comum ou que compartilham valores semelhantes. A convivência
gou as pessoas desse modo... dos funcionários distribuídos nos diversos níveis hierárquicos reve-
lam amizades e diferenças entre as pessoas. A organização informal
Na Administração Científica, por exemplo, o homem era trata- serve para atender às necessidades sociais, de relacionamento das
do como uma extensão da máquina, o conceito de “homo econo- pessoas. Por exemplo: a turma do cafezinho, o pessoal do futebol
micus”, cuja ideia principal é a de que a motivação fundamental da de sábado, o pessoal do barzinho, etc.
pessoa no trabalho é a remuneração.
Assim, com a integração, o que as organizações têm a ganhar
Homem Médio e Homem de Primeira Classe: surge o estudo é o maior aproveitamento da energia humana de que dispõem. E,
da administração de operações fabris, no qual Taylor distingue o porque o processo de integração implica cessão de ambas as par-
homem médio do homem de primeira classe. tes, o problema que se apresenta é a compreensão das mudanças
Ao Homem de Primeira Classe deveria ser selecionado tarefa que a organização e o indivíduo terão que sofrer para alcançar a
que lhe fosse mais apropriada e incentivada financeiramente, pois maior energia no esforço produtivo.
este é altamente motivado e realiza seu trabalho sem desperdiçar No pressuposto do autor, Elton Mayo, as bases para o maior
tempo nem restringir sua produção. No entanto, um homem de aproveitamento da energia humana, vale dizer: para a eficiência,
primeira classe pode tornar-se ineficiente se lhe faltarem incenti- residem na própria incompatibilidade que há entre os objetivos or-
vos ou se sofrer pressão do grupo de trabalho para diminuir a pro- ganizacionais e interesses individuais.
dução.
Na burocracia apresentada por Weber, o que conta é o cargo A vivência em grupo (e os objetivos deste) impõe a organização
e não a pessoa, por isso devia-se evitar lidar com as emoções e as e a institucionalização do trabalho, que cria papéis e padrões espe-
irracionalidades humanas. As pessoas devem ser promovidas por rados de desempenho e comportamentos, estabelecendo uma teia
mérito, e não por ligações afetivas. A autoridade decorre do cargo de relações que podem ser de mando, de lealdade, de confiança, de
ocupado e não da pessoa. cooperação, servidão, e assim por diante, e posicionando as pesso-
as em relação a si próprias e em relação aos outros.
Foi só na Escola das Relações Humanas, com o estudo de Haw-
thorne que o indivíduo começou a ser visto como pessoa que age Nesse sentido, o exercício da atividade profissional não apenas
como membro de um grupo, trata-se de uma organização social. expressa a singularidade do indivíduo, resultado das suas escolhas,
mas também o posiciona no seu grupo social. A sua mobilidade ma-
Quando a administração trata bem os funcionários, o desem- nifesta o desenvolvimento de suas habilidades e a valorização de
sua atividade em relação ao seu grupo[ ARGYRIS, C. A integração
penho do grupo tende a ser positivo. A administração deve obser-
indivíduo-organização. São Paulo, Editora Atlas, jul. 1975.].
var o comportamento dos grupos, e tratar os funcionários de forma
coletiva, ao incentivar o trabalho em equipe.
Comportamento Intergrupal e Grupal[ OLIVEIRA, A. C. F. de.
Dessa forma, as pessoas são dotadas de conhecimentos, habili-
Comportamento intergrupal e grupal. Governo Federal, Ministério
dades e atitudes, que variam de pessoa para pessoa, de acordo com
da Educação.]
sua formação, experiências e oportunidades.
Conceituando Grupo
Portanto, o Movimento das Relações Humanas surge da crítica
Para Bowditch e Buono, um grupo consiste em duas ou mais
à Teoria da Administração Científica e à Teoria Clássica, porém o pessoas que são psicologicamente conscientes umas das outras e
modelo proposto não se contrapõe ao taylorismo. Combate o for- que interagem para atingir uma meta comum. Para esse autor, os
malismo na administração e desloca o foco da administração para passageiros de um avião não seriam considerados um grupo, po-
os grupos informais e suas inter-relações, oferecendo incentivos rém os participantes de uma excursão aérea seriam um grupo, pois
psicossociais, por entender que o ser humano não pode ser reduzi- preenchem as condições necessárias para sê-lo, tais como: consci-
do a esquemas simples e mecanicistas. ência mútua e interação para atingir uma meta comum.
Elton Mayo identificou dois tipos de organização, a formal e Os Diferentes Tipos de Grupos...
informal. Você já tentou caracterizar o seu grupo da escola, do bate-bola
Organização Formal: é a organização formalizada por meio de no fim de semana ou da balada na sexta-feira? No nosso dia-a-dia
normas e regulamentos escritos e detalhados, com desenho de fazemos parte de vários grupos, do grupo da família; dos amigos
cargos, ou seja, a especificação dos requisitos e atribuições relati- íntimos, dos colegas da escola e do trabalho, da igreja e de tantos
vas ao cargo, estes seguem uma estrutura hierárquica ou linha de outros grupos que fazem parte da nossa vida. Mas como diferenciar
comando, que atua organizando as pessoas e os recursos a fim de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

um grupo do outro? Quais os critérios para classificar um grupo e coisas, como preferir macarrão e não arroz, como seu melhor ami-
outro? Os estudiosos sobre comportamento em grupo definiram go, ou tomar Coca-Cola e não guaraná. Você deve estar se pergun-
os grupos em categorias distintas, as quais são as seguintes: grupos tando: quais os critérios para ser homogêneo ou heterogêneo?
primários e secundários; grupos formais e informais; grupos ho- É muito relativa essa classificação, pois quando falamos em ho-
mogêneos e heterogêneos, grupos interativos ou nominais; grupos mogeneidade ou heterogeneidade estamos pensando em uma ca-
permanentes e temporários. racterística especificamente e não na totalidade das características.
Para dizer se um grupo é homogêneo, precisamos primeiro deixar
Grupos Primários e Secundários claro qual a característica que está sendo observada. Um exemplo
Lembra do grupo da família e dos amigos mais íntimos, cita- disso pode ser o seu grupo da sala de aula, pois dizemos que um
dos anteriormente? São classificados como grupos primários, pois grupo é homogêneo observando a faixa etária, já que todos os alu-
estes são voltados para os relacionamentos interpessoais diretos, nos estão na faixa dos aos 0 anos. Mas esse mesmo grupo pode
enquanto os grupos secundários são voltados principalmente para ainda ser chamado de heterogêneo quanto ao gosto pelo esporte,
atividades ou metas definidas. Como exemplo dos grupos secun- pois o grupo é dividido: alguns alunos gostam de jogar futebol, já
dários, podemos pensar nos colegas da escola, com os quais nos outros, de jogar basquete, e um grupo menor adora nadar.
reunimos para realizar atividades escolares. Embora os grupos
primários sejam diferentes dos secundários, os primeiros podem Grupos Interativos ou Nominais
surgir do segundo. Um exemplo disso é um grupo de escola, ou Para Bowditch e Buono, os grupos interativos são aqueles nos
seja, o grupo do Cefet, do Curso Técnico em Comércio é um grupo quais os participantes se envolvem diretamente, com algum tipo
secundário, tendo em vista ter metas e estar voltado para realiza- de intercâmbio entre si. E os grupos nominais são aqueles cujos
ção de atividades. Desse grupo com objetivos definidos pode surgir membros interagem indiretamente entre si.
uma relação mais próxima entre alguns colegas de sala de aula, os Grupo em que há relação entre você, aluno, e o professor a
quais se reúnem todas as vezes em que é solicitada alguma ativida- distância constitui um grupo nominal, pois o contato é indireto, não
de em grupo. Ou seja, esse grupo surgiu com o objetivo de concluir existe contato presencial, a não ser através da figura do monitor
um curso, mas pode naturalmente criar laços de amizade os quais das aulas e, se existir, será apenas em alguns encontros. E grupos
irão além desse curso. Os colegas de sala podem se transformar em como o do seu ambiente de trabalho, no qual os colegas têm con-
grandes amigos e assim continuar por toda a vida. tato frequente e constante são grupos interativos.
Na verdade, é muito provável que isso tenha acontecido com
você ainda na sua infância, quando você era uma criança ou já ado- Grupos Permanentes e Temporários
lescente. Na escola, iniciamos com um grupo secundário e esponta- Sua família é um grupo permanente ou temporário? E seus
neamente vamos formando grupos menores, de acordo com a afi- amigos de infância? E aquele grupo que se reuniu apenas para aju-
nidade e identificação e, quando menos esperamos, esses simples dar no combate à dengue no seu bairro ou escola?
colegas de sala de aula passam a ser grandes amigos. De acordo com Bowditch e Buono (00), um grupo temporário é
aquele formado com uma tarefa ou problema específico em mente
Grupos Formais e Informais e cuja dispersão é algo esperado assim que o grupo concluir a tare-
Você, como aluno de uma determinada escola ou funcionário fa. Já os grupos permanentes são aqueles de quem se espera conti-
de uma empresa pertence a que tipo de grupo? Formal ou infor- nuidade ao longo de diversas tarefas e atividades. Então, podemos
mal? Você escolheu as pessoas com as quais estuda na mesma sala chegar à conclusão de que a sua família e seus amigos fazem parte
de aula que você? Se você trabalha, pode dizer com quem gostaria de grupos permanentes, e o grupo de combate ao dengue consti-
de trabalhar? Sabemos que existem alguns grupos com os quais tuem um grupo temporário.
nos sentimos muito bem, transmitem-nos paz, segurança e até nos
identificamos com as pessoas que o formam. Já em outros grupos Atributos Básicos dos Grupos
ocorrem conflitos e às vezes não temos identificação com ele, nem Os grupos de trabalho não são multidões desorganizadas. Eles
gostamos das pessoas que compõem o grupo. Então, como definir possuem uma estrutura que modela o comportamento de seus
esses grupos? membros e torna possível a explicação e a previsão de boa parte
Os grupos formais são aqueles que têm metas estabelecidas, dos indivíduos, bem como o desempenho do grupo em si. Quais
voltadas para objetivos, e que são explicitamente formados como são essas variáveis estruturais? Podemos citar entre elas os papéis,
parte da organização, tais como grupos de trabalho, departamen- as normas, o status, o tamanho do grupo e o seu grau de coesão.
tos, equipes de projeto. E os grupos informais são aqueles que sur- Para entender melhor a estrutura do grupo proposta por Ro-
gem com o passar do tempo, através da interação dos membros bbins vamos estudar sobre cada uma das variáveis citadas por ele.
da organização. Embora esses grupos não tenham quaisquer metas
formalmente definidas, eles têm metas implícitas, que são frequen- Papeis
temente recreativas e interpessoais. O que você está fazendo agora? Estudando? Este é o seu papel
no momento: você é um estudante. Mas ainda hoje você deverá
Grupos Homogêneos e Heterogêneos voltar a sua casa e assumir outros papéis como o de filho, irmão,
Você tem a mesma idade dos colegas da escola? Ou dos seus neto ou até mesmo pai, se você já tem filhos, e se é casado, o papel
amigos mais íntimos? Tem os mesmos gostos que eles? Provavel- de esposo e dono de casa. Perceba a quantidade de papéis que te-
mente você está na mesma faixa etária que os seus colegas de sala mos ao longo da nossa vida.
ou seus amigos, mas quanto às suas preferências em relação a eles, Para Bowditch e Buono, a definição de papel se refere aos dife-
até podem ter gostos em comum, assim como pensamentos e de- rentes comportamentos que as pessoas esperam de um indivíduo
sejos, mas vocês também têm suas diferenças, seja em pequenas ou de um grupo numa certa situação.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Vamos a um estudo de caso... O status também pode ser de um determinado grupo, como
Bill Patterson é gerente da fábrica da Electrical Industries, um exemplo, em uma empresa, o departamento de marketing pode
grande fabricante de equipamentos elétricos situado em Phoenix, ter mais status que o departamento de compras, pois o primeiro
no Estado do Arizona. Ele desempenha diversos papéis em seu tra- participa de todas as reuniões estratégicas e de planejamento da
balho: é funcionário da Eletrical Industries, membro da gerência empresa e tem poder de voz junto a diretoria.
de nível médio, engenheiro eletricista e o principal porta-voz da
empresa junto à comunidade. Fora do trabalho, Bill desempenha O Tamanho do Grupo
ainda outros papéis: marido, pai, católico, membro do Rotary Clu- Na visão de Robbins, o tamanho do grupo afeta o desempenho
be, jogador de tênis, sócio do Thunderbird Country Club e síndico deste, mas o efeito depende de quais variáveis dependentes você
do condomínio onde mora. Muitos desses papéis são compatíveis vai considerar. Na concepção do autor citado, os grupos menores
entre si; outros geram conflitos. Por exemplo, de que maneira sua são mais rápidos na realização das tarefas. Mas se a questão for re-
postura religiosa afeta suas decisões administrativas em assuntos solução de problemas, o mesmo autor afirma que grupos maiores
como demissões, artifícios de contabilidade ou informações para os conseguem melhores resultados.
órgãos governamentais? Uma recente oferta de promoções exige
que ele mude de cidade, embora sua família goste de morar em Coesão
Phoenix. Como conciliar as demandas de sua carreira profissional O conceito de coesão nos remete à ideia do grau de desejo que
com as demandas de seu papel como chefe de família? os membros de um grupo têm em permanecer juntos e à força de
seus compromissos para com o grupo e suas metas. Porém, como
Normas os grupos são muito diferentes, a coesão também pode ser maior
Você segue normas? Na sua escola ou no seu trabalho você ou menor em cada grupo, ou seja, a sintonia estabelecida entre
é obrigado a usar um fardamento? Caso utilize fardamento, esse seus componentes não é uniforme. E para isso, Robbins faz as se-
comportamento é decorrente de uma norma estabelecida pela or- guintes sugestões para aumentar a coesão:
ganização e você, como membro dela, deve seguir a norma. 1 - Reduzir o tamanho do grupo;
Para Robbins, todos os grupos estabelecem normas, ou seja, 2 - Estimular a concordância sobre os estímulos do grupo;
padrões aceitáveis de comportamento que são compartilhados por 3 - Aumentar o tempo que os membros do grupo passam jun-
todos os membros do grupo. As normas norteiam o comportamen- tos;
to dos componentes, indicando o que deve ou não ser feito em 4 - Aumentar o status do grupo e a dificuldade percebida para
grupo. a admissão nele;
5 - Estimular a competição com outros grupos;
Todas as normas são iguais quanto a sua importância? 6 - Dar recompensas ao grupo, em vez de recompensar seus
Bowditch e Buono afirma que nem todas as normas têm o mes- membros individualmente;
mo peso. Existem as normas centrais, ou seja, aquelas consideradas 7 - Isolar fisicamente o grupo.
como particularmente importantes para o grupo ou para a organi-
zação. E as normas periféricas, as quais não são tão importantes
para os membros do grupo. A distinção do que é uma norma cen-
tral ou periférica varia de grupo para grupo. E o desvio das normas BRASIL/MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. BASE NACIONAL CO-
periféricas não é punido tão severamente quanto o das normas que MUM CURRICULAR – A ETAPA DA EDUCAÇÃO INFANTIL
o grupo considera como centrais por natureza.
Imaginemos que no seu trabalho ou na sua escola o fardamen-
to seja obrigatório e quem não vier fardado seja punido com a proi- A Base Nacional Comum Curricular é um documento que de-
bição da sua entrada no ambiente escolar ou de trabalho. Podemos termina o conjunto de competências gerais que todos os alunos
considerar como uma norma central, pois a punição foi severa, devem desenvolver ao longo da Educação Básica — que inclui a
impediu o acesso à organização. Agora imagine que a norma de Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio.
uma loja de computadores diz aos seus funcionários que os que Esse conhecimento pretende assegurar uma formação humana
chegarem atrasados mais de duas vezes no mês serão punidos, não integral com foco na construção de uma sociedade inclusiva, justa
ganharão a cesta básica do mês. Esta é uma norma mais periférica e democrática. Para a primeira etapa da Educação Básica, a escola
e não central. deve garantir seis direitos de desenvolvimento e aprendizagem, de
forma que todas as crianças tenham oportunidades de aprender e
Status se desenvolver.
A posição social que é atribuída a uma pessoa ou a um grupo Após a aprovação da nova Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), em dezembro de 2017, começaram as discussões visando a
é o que chamamos status. O status de um gerente é diferente do
melhor forma de implementar as novas diretrizes da BNCC na Edu-
status de um assistente; o status de um médico também é diferen-
cação Infantil de todo o país.
te do de um auxiliar de enfermagem. O status pode advir tanto da
Nessa etapa da Educação Básica, a BNCC define direitos de
posição formal como das qualidades individuais. Pensando no caso
aprendizagem e os campos de experiências substituem as áreas
dos médicos, podemos presenciar enfermeiros com mais status
do conhecimento do Ensino Fundamental. Em cada campo existem
que médicos em uma equipe de saúde, quando é esperado que os
objetivos de aprendizado e desenvolvimento do aluno, em vez de
médicos tenham mais status pela posição que ocupam na hierar-
unidades temáticas, objetos de conhecimento e habilidades.
quia de um hospital.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

É responsabilidade das escolas garantir que seus alunos rece- A Lei não faz referência clara como essa expansão irá aconte-
berão, em sala de aula, as competências gerais estabelecidas pelo cer no ensino médio noturno. Apenas determina que os sistemas
documento. Dessa forma, o cenário educacional nacional se torna de ensino disporão sobre a oferta de educação de jovens e adultos
mais justo e igualitário para todas as crianças. e de ensino noturno regular, adequado às condições do educando,
O primeiro texto sugerido no projeto foi discutido e elaborado conforme o inciso VI do art. 4°.”
em conjunto com 116 especialistas em educação. A proposta foi O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais,
aberta à consulta pública até março de 2016, quando foi revisada. constituirá componente curricular obrigatório da educação básica,
Em maio do mesmo ano, a segunda versão do documento foi mas não especifica se atingirá os itinerários formativos do ensino
divulgada. Quase um ano depois, em abril de 2017, a terceira e úl- médio. É provável que não.
tima versão foi revelada e apresentada ao Conselho Nacional de Obriga a oferta de língua inglesa a partir do sexto ano do ensi-
Educação (CNE). no fundamental.
No mesmo ano, o CNE preparou audiências públicas em cinco A Lei dispõe que a integralização curricular poderá incluir, a
regionais. O objetivo era alcançar colaborações para a elaboração critério dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os
da norma instituidora da BNCC. No dia 15 de dezembro, o projeto temas transversais. Portanto, não necessitará de ser tratado para o
foi homologado e seguiu para a aprovação do Ministério da Educa- conjunto dos estudantes.
ção (MEC). A inclusão de novos componentes curriculares de caráter obri-
A resolução que orienta e institui a implementação da BNCC gatório na Base Nacional Comum Curricular dependerá de aprova-
na Educação Infantil e no Ensino Médio foi publicada no dia 22 de ção do CNE e de homologação pelo Ministro de Estado da Educa-
dezembro de 2017. ção.
A BNCC definirá direitos e objetivos de aprendizagem do ensi-
Qual é o prazo para implementação nas escolas? no médio, conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação,
Existe um comitê especial responsável por acompanhar a im- nas seguintes áreas do conhecimento:
plantação da nova base nas escolas públicas e privadas, que deverá I - linguagens e suas tecnologias;
ocorrer até o dia 31 de dezembro de 2020. II - matemática e suas tecnologias;
Até lá, o grupo de especialistas deve propor debates, discus- III - ciências da natureza e suas tecnologias;
sões acerca dos temas referentes aos desafios da implementação e IV - ciências humanas e sociais aplicadas.
nortear ações a serem tomadas pelo governo para a concretização
do novo currículo.14 A parte diversificada dos currículos, definida em cada sistema
de ensino, deverá estar harmonizada à BNCC e ser articulada a par-
A base curricular do ensino brasileiro tem passado por diversas tir do contexto histórico, econômico, social, ambiental e cultural.
mudanças, dentre elas, temos a lei a seguir. A BNCC referente ao ensino médio incluirá obrigatoriamente
estudos e práticas de educação física, arte, sociologia e filosofia.
Lei nº 13.415/2017 Portanto, não haverá a obrigatoriedade de disciplinas.
- Altera a LDB Obrigatoriedade apenas para o ensino da língua portuguesa e
- Altera o Fundeb da matemática nos três anos do ensino médio, assegurada às co-
- Altera a CLT munidades indígenas, também, a utilização das respectivas línguas
- Revoga a Lei 11.161/2005 maternas, e de língua inglesa.
- Institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, preferencial-
Ensino Médio em Tempo Integral. mente o espanhol, poderão ser ofertadas de acordo com a dispo-
nibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos sistemas de
ensino.
Quais as implicações? A carga horária destinada ao cumprimento da BNCC não po-
Implicações curriculares, com flexibilização e aligeiramento da derá ser superior a mil e oitocentas horas do total da carga horária
formação do ensino médio. Ou seja, próximo a 69% do total da carga horária.
- Altera o formato de financiamento público com privatização
- Atinge a formação docente Itinerários Formativos
- Impacta a docência da rede particular de ensino O currículo do ensino médio será composto pela BNCC e por iti-
- Não assegura novos recursos nerários formativos, que deverão ser organizados por meio da ofer-
ta de diferentes arranjos curriculares, conforme a relevância para
Implicações Curriculares o contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber:
Carga horária do ensino médio será ampliada de forma pro- I - linguagens e suas tecnologias;
gressiva (§ 1º, Art. 24 LDB – nova redação) para mil e quatrocentas II - matemática e suas tecnologias;
horas, devendo os sistemas de ensino oferecer, no prazo máximo III - ciências da natureza e suas tecnologias;
de cinco anos, pelo menos mil horas anuais de carga horária, a par- IV - ciências humanas e sociais aplicadas;
tir de 2 de março de 2017. V - formação técnica e profissional.
Ou seja, só existe prazo para se chegar às mil horas, ou seja,
uma hora em relação a carga horária atual. Poderá ser composto itinerário formativo integrado, que se
traduz na composição de componentes curriculares da BNCC e dos
itinerários formativos.
14 Fonte: www.educacaoinfantil.aix.com.br
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de vagas na COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA


rede, possibilitarão ao aluno concluinte do ensino médio cursar 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente cons-
mais um itinerário formativo de que trata o caput. truídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender
e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a
1. INTRODUÇÃO construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem
A Base Nacional Comum Curricular própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análi-
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento se crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas,
de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressi- elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar
vo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desen- soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das
volver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de diferentes áreas.
modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e cultu-
desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano rais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diver-
Nacional de Educação (PNE). Este documento normativo aplica-se sificadas da produção artístico-cultural.
exclusivamente à educação escolar, tal como a define o § 1º do Ar- 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-moto-
tigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei ra, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem
nº 9.394/1996),e está orientado pelos princípios éticos, políticos e como conhecimentos das linguagens artística, matemática e cientí-
estéticos que visam à formação humana integral e à construção de fica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias
uma sociedade justa, democrática e inclusiva, como fundamentado e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que le-
nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN) vem ao entendimento mútuo.
Referência nacional para a formulação dos currículos dos sis- 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informa-
temas e das redes escolares dos Estados, do Distrito Federal e dos ção e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética
Municípios e das propostas pedagógicas das instituições escolares, nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comu-
a BNCC integra a política nacional da Educação Básica e vai contri- nicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos,
buir para o alinhamento de outras políticas e ações, em âmbito fe- resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pes-
deral, estadual e municipal, referentes à formação de professores, soal e coletiva.
à avaliação, à elaboração de conteúdos educacionais e aos critérios 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e
para a oferta de infraestrutura adequada para o pleno desenvolvi- apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem
mento da educação. entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer esco-
Nesse sentido, espera-se que a BNCC ajude a superar a frag- lhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida,
mentação das políticas educacionais, enseje o fortalecimento do com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
regime de colaboração entre as três esferas de governo e seja bali- 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações con-
zadora da qualidade da educação. Assim, para além da garantia de fiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e
acesso e permanência na escola, é necessário que sistemas, redes decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos,
e escolas garantam um patamar comum de aprendizagens a todos a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito
os estudantes, tarefa para a qual a BNCC é instrumento fundamen- local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao
tal. cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
Ao longo da Educação Básica, as aprendizagens essenciais de- 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emo-
finidas na BNCC devem concorrer para assegurar aos estudantes cional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo
o desenvolvimento de dez competências gerais, que consubstan- suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para
ciam, no âmbito pedagógico, os direitos de aprendizagem e desen- lidar com elas.
volvimento. Na BNCC, competência é definida como a mobilização 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e
de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práti- a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao
cas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da
demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cida- diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, iden-
dania e do mundo do trabalho. tidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer
Ao definir essas competências, a BNCC reconhece que a “edu- natureza.
cação deve afirmar valores e estimular ações que contribuam para 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabi-
a transformação da sociedade, tornando-a mais humana, social- lidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões
mente justa e, também, voltada para a preservação da natureza” com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentá-
(BRASIL, 2013)3, mostrando-se também alinhada à Agenda 2030 veis e solidários
da Organização das Nações Unidas (ONU).
É imprescindível destacar que as competências gerais da Edu- Os marcos legais que embasam a BNCC
cação Básica, apresentadas a seguir, inter-relacionam-se e desdo- A Constituição Federal de 19885, em seu Artigo 205, reconhece
bram-se no tratamento didático proposto para as três etapas da a educação como direito fundamental compartilhado entre Estado,
Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino família e sociedade ao determinar que a educação, direito de todos
Médio), articulando-se na construção de conhecimentos, no desen- e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com
volvimento de habilidades e na formação de atitudes e valores, nos a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
termos da LDB. pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho (BRASIL, 1988).
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para atender a tais finalidades no âmbito da educação escolar, Art. 36. § 1º A organização das áreas de que trata o caput e das
a Carta Constitucional, no Artigo 210, já reconhece a necessidade respectivas competências e habilidades será feita de acordo com
de que sejam “fixados conteúdos mínimos para o ensino funda- critérios estabelecidos em cada sistema de ensino (BRASIL, 20178;
mental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito ênfases adicionadas).
aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais” (BRASIL, 1988). Trata-se, portanto, de maneiras diferentes e intercambiáveis
Com base nesses marcos constitucionais, a LDB, no Inciso IV de seu para designar algo comum, ou seja, aquilo que os estudantes de-
Artigo 9º, afirma que cabe à União estabelecer, em colaboração com vem aprender na Educação Básica, o que inclui tanto os saberes
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes quanto a capacidade de mobilizá-los e aplicá-los.
para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que
nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar Os fundamentos pedagógicos da BNCC
formação básica comum (BRASIL, 1996; ênfase adicionada).
Nesse artigo, a LDB deixa claros dois conceitos decisivos para Foco no desenvolvimento de competências
todo o desenvolvimento da questão curricular no Brasil. O primei- O conceito de competência, adotado pela BNCC, marca a dis-
ro, já antecipado pela Constituição, estabelece a relação entre o cussão pedagógica e social das últimas décadas e pode ser inferido
que é básico-comum e o que é diverso em matéria curricular: as no texto da LDB, especialmente quando se estabelecem as finali-
competências e diretrizes são comuns, os currículos são diversos. O dades gerais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio (Artigos
segundo se refere ao foco do currículo. Ao dizer que os conteúdos 32 e 35).
curriculares estão a serviço do desenvolvimento de competências, Além disso, desde as décadas finais do século XX e ao longo
a LDB orienta a definição das aprendizagens essenciais, e não ape- deste início do século XXI9, o foco no desenvolvimento de com-
nas dos conteúdos mínimos a ser ensinados. Essas são duas noções petências tem orientado a maioria dos Estados e Municípios bra-
fundantes da BNCC. sileiros e diferentes países na construção de seus currículos10. É
A relação entre o que é básico-comum e o que é diverso é esse também o enfoque adotado nas avaliações internacionais da
retomada no Artigo 26 da LDB, que determina que os currículos Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio (OCDE), que coordena o Programa Internacional de Avaliação de
devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada Alunos (Pisa, na sigla em inglês)11, e da Organização das Nações
sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em
parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais inglês), que instituiu o Laboratório Latino-americano de Avaliação
da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos (BRASIL, da Qualidade da Educação para a América Latina (LLECE, na sigla
1996; ênfase adicionada). em espanhol)12.
Essa orientação induziu à concepção do conhecimento curri- Ao adotar esse enfoque, a BNCC indica que as decisões peda-
cular contextualizado pela realidade local, social e individual da gógicas devem estar orientadas para o desenvolvimento de com-
escola e do seu alunado, que foi o norte das diretrizes curriculares petências.
traçadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) ao longo da Por meio da indicação clara do que os alunos devem “saber”
década de 1990, bem como de sua revisão nos anos 2000. (considerando a constituição de conhecimentos, habilidades, atitu-
Em 2010, o CNE promulgou novas DCN, ampliando e organi- des e valores) e, sobretudo, do que devem “saber fazer” (conside-
zando o conceito de contextualização como “a inclusão, a valoriza- rando a mobilização desses conhecimentos, habilidades, atitudes e
ção das diferenças e o atendimento à pluralidade e à diversidade valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do ple-
cultural resgatando e respeitando as várias manifestações de cada no exercício da cidadania e do mundo do trabalho), a explicitação das
comunidade”, conforme destaca o Parecer CNE/CEB nº 7/20106. competências oferece referências para o fortalecimento de ações
Em 2014, a Lei nº 13.005/20147 promulgou o Plano Nacio- que assegurem as aprendizagens essenciais definidas na BNCC.
nal de Educação (PNE), que reitera a necessidade de estabelecer
e implantar, mediante pactuação interfederativa [União, Estados, O compromisso com a educação integral
Distrito Federal e Municípios], diretrizes pedagógicas para a edu- A sociedade contemporânea impõe um olhar inovador e inclu-
cação básica e a base nacional comum dos currículos, com direitos sivo a questões centrais do processo educativo: o que aprender,
e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos(as) alunos(as) para que aprender, como ensinar, como promover redes de apren-
para cada ano do Ensino Fundamental e Médio, respeitadas as di- dizagem colaborativa e como avaliar o aprendizado.
versidades regional, estadual e local (BRASIL, 2014). No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto
Nesse sentido, consoante aos marcos legais anteriores, o PNE histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico-crítico,
afirma a importância de uma base nacional comum curricular para participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo
o Brasil, com o foco na aprendizagem como estratégia para fomen- e responsável requer muito mais do que o acúmulo de informa-
tar a qualidade da Educação Básica em todas as etapas e modalida- ções. Requer o desenvolvimento de competências para aprender
des (meta 7), referindo-se a direitos e objetivos de aprendizagem a aprender, saber lidar com a informação cada vez mais disponí-
e desenvolvimento. vel, atuar com discernimento e responsabilidade nos contextos das
Em 2017, com a alteração da LDB por força da Lei nº
culturas digitais, aplicar conhecimentos para resolver problemas,
13.415/2017, a legislação brasileira passa a utilizar, concomitante-
ter autonomia para tomar decisões, ser proativo para identificar os
mente, duas nomenclaturas para se referir às finalidades da edu-
dados de uma situação e buscar soluções, conviver e aprender com
cação:
as diferenças e as diversidades.
Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos
Nesse contexto, a BNCC afirma, de maneira explícita, o seu
e objetivos de aprendizagem do ensino médio, conforme diretrizes
compromisso com a educação integral13. Reconhece, assim, que a
do Conselho Nacional de Educação, nas seguintes áreas do conhe-
Educação Básica deve visar à formação e ao desenvolvimento hu-
cimento [...]
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

mano global, o que implica compreender a complexidade e a não Igualmente, requer o compromisso com os alunos com deficiência,
linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões reducio- reconhecendo a necessidade de práticas pedagógicas inclusivas e
nistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a de diferenciação curricular, conforme estabelecido na Lei Brasileira
dimensão afetiva. de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015)14.
Significa, ainda, assumir uma visão plural, singular e integral da
criança, do adolescente, do jovem e do adulto – considerando-os Base Nacional Comum Curricular e currículos
como sujeitos de aprendizagem – e promover uma educação volta- A BNCC e os currículos se identificam na comunhão de princí-
da ao seu acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno, pios e valores que, como já mencionado, orientam a LDB e as DCN.
nas suas singularidades e diversidades. Além disso, a escola, como Dessa maneira, reconhecem que a educação tem um compromisso
espaço de aprendizagem e de democracia inclusiva, deve se forta- com a formação e o desenvolvimento humano global, em suas di-
lecer na prática coercitiva de não discriminação, não preconceito e mensões intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica.
respeito às diferenças e diversidades. Além disso, BNCC e currículos têm papéis complementares
Independentemente da duração da jornada escolar, o conceito para assegurar as aprendizagens essenciais definidas para cada
de educação integral com o qual a BNCC está comprometida se re- etapa da Educação Básica, uma vez que tais aprendizagens só se
fere à construção intencional de processos educativos que promo- materializam mediante o conjunto de decisões que caracterizam o
vam aprendizagens sintonizadas com as necessidades, as possibili- currículo em ação. São essas decisões que vão adequar as propo-
dades e os interesses dos estudantes e, também, com os desafios sições da BNCC à realidade local, considerando a autonomia dos
da sociedade contemporânea. Isso supõe considerar as diferentes sistemas ou das redes de ensino e das instituições escolares, como
infâncias e juventudes, as diversas culturas juvenis e seu potencial também o contexto e as características dos alunos. Essas decisões,
de criar novas formas de existir. que resultam de um processo de envolvimento e participação das
Assim, a BNCC propõe a superação da fragmentação radical- famílias e da comunidade, referem-se, entre outras ações, a:
mente disciplinar do conhecimento, o estímulo à sua aplicação na • contextualizar os conteúdos dos componentes curricula-
vida real, a importância do contexto para dar sentido ao que se res, identificando estratégias para apresentá-los, representá-los,
aprende e o protagonismo do estudante em sua aprendizagem e na exemplificá-los, conectá-los e torná-los significativos, com base na
construção de seu projeto de vida. realidade do lugar e do tempo nos quais as aprendizagens estão
situadas;
O pacto interfederativo e a implementação da BNCC Base Na- • decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos com-
cional Comum Curricular: igualdade, diversidade e equidade ponentes curriculares e fortalecer a competência pedagógica das
No Brasil, um país caracterizado pela autonomia dos entes fe- equipes escolares para adotar estratégias mais dinâmicas, intera-
derados, acentuada diversidade cultural e profundas desigualdades tivas e colaborativas em relação à gestão do ensino e da apren-
sociais, os sistemas e redes de ensino devem construir currículos, dizagem; selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático-
e as escolas precisam elaborar propostas pedagógicas que conside- -pedagógicas diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados e a
rem as necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudan- conteúdos complementares, se necessário, para trabalhar com as
tes, assim como suas identidades linguísticas, étnicas e culturais. necessidades de diferentes grupos de alunos, suas famílias e cultu-
Nesse processo, a BNCC desempenha papel fundamental, pois ra de origem, suas comunidades, seus grupos de socialização etc.;
explicita as aprendizagens essenciais que todos os estudantes de- • conceber e pôr em prática situações e procedimentos para
vem desenvolver e expressa, portanto, a igualdade educacional motivar e engajar os alunos nas aprendizagens;
sobre a qual as singularidades devem ser consideradas e atendi- • construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa de
das. Essa igualdade deve valer também para as oportunidades de processo ou de resultado que levem em conta os contextos e as
ingresso e permanência em uma escola de Educação Básica, sem o condições de aprendizagem, tomando tais registros como referên-
que o direito de aprender não se concretiza. cia para melhorar o desempenho da escola, dos professores e dos
O Brasil, ao longo de sua história, naturalizou desigualdades alunos;
educacionais em relação ao acesso à escola, à permanência dos • selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos didáticos e tec-
estudantes e ao seu aprendizado. São amplamente conhecidas as nológicos para apoiar o processo de ensinar e aprender;
enormes desigualdades entre os grupos de estudantes definidos • criar e disponibilizar materiais de orientação para os profes-
por raça, sexo e condição socioeconômica de suas famílias. sores, bem como manter processos permanentes de formação do-
Diante desse quadro, as decisões curriculares e didático-pe- cente que possibilitem contínuo aperfeiçoamento dos processos de
dagógicas das Secretarias de Educação, o planejamento do traba- ensino e aprendizagem;
lho anual das instituições escolares e as rotinas e os eventos do • manter processos contínuos de aprendizagem sobre gestão
cotidiano escolar devem levar em consideração a necessidade de pedagógica e curricular para os demais educadores, no âmbito das
superação dessas desigualdades. Para isso, os sistemas e redes de escolas e sistemas de ensino.
ensino e as instituições escolares devem se planejar com um claro
foco na equidade, que pressupõe reconhecer que as necessidades Essas decisões precisam, igualmente, ser consideradas na or-
dos estudantes são diferentes. ganização de currículos e propostas adequados às diferentes moda-
De forma particular, um planejamento com foco na equidade lidades de ensino (Educação Especial, Educação de Jovens e Adul-
também exige um claro compromisso de reverter a situação de ex- tos, Educação do Campo, Educação Escolar Indígena,
clusão histórica que marginaliza grupos – como os povos indíge- Educação Escolar Quilombola, Educação a Distância), atenden-
nas originários e as populações das comunidades remanescentes do-se às orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais. No caso
de quilombos e demais afrodescendentes – e as pessoas que não da Educação Escolar Indígena, por exemplo, isso significa assegurar
puderam estudar ou completar sua escolaridade na idade própria. competências específicas com base nos princípios da coletividade,
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

reciprocidade, integralidade, espiritualidade e alteridade indíge- do, assim, do plano normativo propositivo para o plano da ação
na, a serem desenvolvidas a partir de suas culturas tradicionais e da gestão curricular que envolve todo o conjunto de decisões e
reconhecidas nos currículos dos sistemas de ensino e propostas ações definidoras do currículo e de sua dinâmica.
pedagógicas das instituições escolares. Significa também, em uma Embora a implementação seja prerrogativa dos sistemas e das
perspectiva intercultural, considerar seus projetos educativos, suas redes de ensino, a dimensão e a complexidade da tarefa vão exigir
cosmologias, suas lógicas, seus valores e princípios pedagógicos que União, Estados, Distrito Federal e Municípios somem esforços.
próprios (em consonância com a Constituição Federal, com as Dire- Nesse regime de colaboração, as responsabilidades dos entes
trizes Internacionais da OIT – Convenção 169 e com documentos da federados serão diferentes e complementares, e a União continua-
ONU e Unesco sobre os direitos indígenas) e suas referências espe- rá a exercer seu papel de coordenação do processo e de correção
cíficas, tais como: construir currículos interculturais, diferenciados das desigualdades.
e bilíngues, seus sistemas próprios de ensino e aprendizagem, tan- A primeira tarefa de responsabilidade direta da União será a
to dos conteúdos universais quanto dos conhecimentos indígenas, revisão da formação inicial e continuada dos professores para ali-
bem como o ensino da língua indígena como primeira língua15. nhá-las à BNCC. A ação nacional será crucial nessa iniciativa, já que
É também da alçada dos entes federados responsáveis pela se trata da esfera que responde pela regulação do ensino superior,
implementação da BNCC o reconhecimento da experiência curricu- nível no qual se prepara grande parte desses profissionais. Diante
lar existente em seu âmbito de atuação. Nas duas últimas décadas, das evidências sobre a relevância dos professores e demais mem-
mais da metade dos Estados e muitos Municípios vêm elaborando bros da equipe escolar para o sucesso dos alunos, essa é uma ação
currículos para seus respectivos sistemas de ensino, inclusive para fundamental para a implementação eficaz da BNCC.
atender às especificidades das diferentes modalidades. Muitas es-
colas públicas e particulares também acumularam experiências de Compete ainda à União, como anteriormente anunciado, pro-
desenvolvimento curricular e de criação de materiais de apoio ao mover e coordenar ações e políticas em âmbito federal, estadual
currículo, assim como instituições de ensino superior construíram e municipal, referentes à avaliação, à elaboração de materiais pe-
experiências de consultoria e de apoio técnico ao desenvolvimento dagógicos e aos critérios para a oferta de infraestrutura adequada
curricular. Inventariar e avaliar toda essa experiência pode contri- para o pleno desenvolvimento da educação.
buir para aprender com acertos e erros e incorporar práticas que Por se constituir em uma política nacional, a implementação da
propiciaram bons resultados. BNCC requer, ainda, o monitoramento pelo MEC em colaboração
Por fim, cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como às com os organismos nacionais da área – CNE, Consed e Undime. Em
escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e competência, um país com a dimensão e a desigualdade do Brasil, a permanên-
incorporar aos currículos e às propostas pedagógicas a abordagem cia e a sustentabilidade de um projeto como a BNCC dependem da
de temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala criação e do fortalecimento de instâncias técnico-pedagógicas nas
local, regional e global, preferencialmente de forma transversal e redes de ensino, priorizando aqueles com menores recursos, tanto
integradora. Entre esses temas, destacam-se: direitos da criança e técnicos quanto financeiros. Essa função deverá ser exercida pelo
do adolescente (Lei nº 8.069/199016), educação para o trânsito (Lei MEC, em parceria com o Consed e a Undime, respeitada a autono-
nº 9.503/199717), educação ambiental (Lei nº 9.795/1999, Parecer mia dos entes federados.
CNE/CP nº 14/2012 e Resolução CNE/CP nº 2/201218), educação A atuação do MEC, além do apoio técnico e financeiro, deve
alimentar e nutricional (Lei nº 11.947/200919), processo de enve- incluir também o fomento a inovações e a disseminação de casos
lhecimento, respeito e valorização do idoso (Lei nº 10.741/200320), de sucesso; o apoio a experiências curriculares inovadoras; a cria-
educação em direitos humanos (Decreto nº 7.037/2009, Parecer ção de oportunidades de acesso a conhecimentos e experiências
CNE/CP nº 8/2012 e Resolução CNE/CP nº 1/201221), educação de outros países; e, ainda, o fomento de estudos e pesquisas sobre
das relações étnico-raciais e ensino de história e cultura afro-bra- currículos e temas afins.
sileira, africana e indígena (Leis nº 10.639/2003 e 11.645/2008,
Parecer CNE/CP nº 3/2004 e Resolução CNE/CP nº 1/200422), A ETAPA DA EDUCAÇÃO INFANTIL
bem como saúde, vida familiar e social, educação para o consumo,
educação financeira e fiscal, trabalho, ciência e tecnologia e diver- A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular
sidade cultural (Parecer CNE/CEB nº 11/2010 e Resolução CNE/CEB A expressão educação “pré-escolar”, utilizada no Brasil até a
nº 7/201023). Na BNCC, essas temáticas são contempladas em ha- década de 1980, expressava o entendimento de que a Educação
bilidades dos componentes curriculares, cabendo aos sistemas de Infantil era uma etapa anterior, independente e preparatória para
ensino e escolas, de acordo com suas especificidades, tratá-las de a escolarização, que só teria seu começo no Ensino Fundamental.
forma contextualizada. Base Nacional Comum Curricular e regime Situava-se, portanto, fora da educação formal.
de colaboração Com a Constituição Federal de 1988, o atendimento em creche
Legitimada pelo pacto interfederativo, nos termos da Lei nº e pré-escola às crianças de zero a 6 anos de idade torna-se dever
13.005/ 2014, que promulgou o PNE, a BNCC depende do adequa- do Estado. Posteriormente, com a promulgação da LDB, em 1996, a
do funcionamento do regime de colaboração para alcançar seus Educação Infantil passa a ser parte integrante da Educação Básica,
objetivos. situando-se no mesmo patamar que o Ensino Fundamental e o En-
Sua formulação, sob coordenação do MEC, contou com a parti- sino Médio. E a partir da modificação introduzida na LDB em 2006,
cipação dos Estados do Distrito Federal e dos Municípios, depois de que antecipou o acesso ao Ensino Fundamental para os 6 anos de
ampla consulta à comunidade educacional e à sociedade, conforme idade, a Educação Infantil passa a atender a faixa etária de zero a
consta da apresentação do presente documento. 5 anos.
Com a homologação da BNCC, as redes de ensino e escolas Entretanto, embora reconhecida como direito de todas as
particulares terão diante de si a tarefa de construir currículos, com crianças e dever do Estado, a Educação Infantil passa a ser obriga-
base nas aprendizagens essenciais estabelecidas na BNCC, passan- tória para as crianças de 4 e 5 anos apenas com a Emenda Consti-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tucional nº 59/200926, que determina a obrigatoriedade da Educa- DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO NA EDU-
ção Básica dos 4 aos 17 anos. Essa extensão da obrigatoriedade é CAÇÃO INFANTIL
incluída na LDB em 2013, consagrando plenamente a obrigatorie- • Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e gran-
dade de matrícula de todas as crianças de 4 e 5 anos em instituições des grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conheci-
de Educação Infantil. mento de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às dife-
Com a inclusão da Educação Infantil na BNCC, mais um impor- renças entre as pessoas.
tante passo é dado nesse processo histórico de sua integração ao • Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes
conjunto da Educação Básica. espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos),
ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus
A Educação Infantil no contexto da Educação Básica conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências
Como primeira etapa da Educação Básica, a Educação Infantil emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e
é o início e o fundamento do processo educacional. A entrada na relacionais.
creche ou na pré-escola significa, na maioria das vezes, a primeira • Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto
separação das crianças dos seus vínculos afetivos familiares para se do planejamento da gestão da escola e das atividades propostas
incorporarem a uma situação de socialização estruturada. pelo educador quanto da realização das atividades da vida cotidia-
Nas últimas décadas, vem se consolidando, na Educação Infan- na, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e dos am-
til, a concepção que vincula educar e cuidar, entendendo o cuidado bientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhe-
como algo indissociável do processo educativo. Nesse contexto, as cimentos, decidindo e se posicionando.
creches e pré-escolas, ao acolher as vivências e os conhecimentos • Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores,
construídos pelas crianças no ambiente da família e no contexto palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias,
de sua comunidade, e articulá-los em suas propostas pedagógicas, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando
têm o objetivo de ampliar o universo de experiências, conhecimen- seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as ar-
tos e habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando no- tes, a escrita, a ciência e a tecnologia.
vas aprendizagens, atuando de maneira complementar à educação • Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas ne-
familiar – especialmente quando se trata da educação dos bebês e cessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descober-
das crianças bem pequenas, que envolve aprendizagens muito pró- tas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens.
ximas aos dois contextos (familiar e escolar), como a socialização, a • Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cul-
autonomia e a comunicação. tural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos de
Nessa direção, e para potencializar as aprendizagens e o de- pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, interações,
senvolvimento das crianças, a prática do diálogo e o compartilha- brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar e em
mento de responsabilidades entre a instituição de Educação Infantil seu contexto familiar e comunitário
e a família são essenciais. Além disso, a instituição precisa conhecer
e trabalhar com as culturas plurais, dialogando com a riqueza/di- Essa concepção de criança como ser que observa, questiona,
versidade cultural das famílias e da comunidade. levanta hipóteses, conclui, faz julgamentos e assimila valores e que
As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DC- constrói conhecimentos e se apropria do conhecimento sistemati-
NEI, Resolução CNE/CEB nº 5/2009)27, em seu Artigo 4º, definem zado por meio da ação e nas interações com o mundo físico e so-
a criança como sujeito histórico e de direitos, que, nas interações, cial não deve resultar no confinamento dessas aprendizagens a um
relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade processo de desenvolvimento natural ou espontâneo. Ao contrá-
pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, ob- rio, impõe a necessidade de imprimir intencionalidade educativa às
serva, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a práticas pedagógicas na Educação Infantil, tanto na creche quanto
natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2009). na pré-escola.
Ainda de acordo com as DCNEI, em seu Artigo 9º, os eixos es- Essa intencionalidade consiste na organização e proposição,
truturantes das práticas pedagógicas dessa etapa da Educação Bási-
pelo educador, de experiências que permitam às crianças conhecer
ca são as interações e a brincadeira, experiências nas quais as crian-
a si e ao outro e de conhecer e compreender as relações com a
ças podem construir e apropriar-se de conhecimentos por meio de
natureza, com a cultura e com a produção científica, que se tradu-
suas ações e interações com seus pares e com os adultos, o que
zem nas práticas de cuidados pessoais (alimentar-se, vestir-se, hi-
possibilita aprendizagens, desenvolvimento e socialização.
gienizar-se), nas brincadeiras, nas experimentações com materiais
A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da infân-
variados, na aproximação com a literatura e no encontro com as
cia, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para o de-
pessoas.
senvolvimento integral das crianças. Ao observar as interações e
a brincadeira entre as crianças e delas com os adultos, é possível Parte do trabalho do educador é refletir, selecionar, organizar,
identificar, por exemplo, a expressão dos afetos, a mediação das planejar, mediar e monitorar o conjunto das práticas e interações,
frustrações, a resolução de conflitos e a regulação das emoções. garantindo a pluralidade de situações que promovam o desenvolvi-
Tendo em vista os eixos estruturantes das práticas pedagógicas mento pleno das crianças.
e as competências gerais da Educação Básica propostas pela BNCC, Ainda, é preciso acompanhar tanto essas práticas quanto as
seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento asseguram, na aprendizagens das crianças, realizando a observação da trajetória
Educação Infantil, as condições para que as crianças aprendam em de cada criança e de todo o grupo – suas conquistas, avanços, pos-
situações nas quais possam desempenhar um papel ativo em am- sibilidades e aprendizagens. Por meio de diversos registros, feitos
bientes que as convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se provo- em diferentes momentos tanto pelos professores quanto pelas
cadas a resolvê-los, nas quais possam construir significados sobre crianças (como relatórios, portfólios, fotografias, desenhos e tex-
si, os outros e o mundo social e natural. tos), é possível evidenciar a progressão ocorrida durante o período
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

observado, sem intenção de seleção, promoção ou classificação de para que as crianças possam, sempre animadas pelo espírito lúdi-
crianças em “aptas” e “não aptas”, “prontas” ou “não prontas”, co e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo
“maduras” ou “imaturas”. Trata-se de reunir elementos para reor- repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o
ganizar tempos, espaços e situações que garantam os direitos de corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço
aprendizagem de todas as crianças. com o corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, es-
corregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar,
OS CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se etc.).
Considerando que, na Educação Infantil, as aprendizagens e o Traços, sons, cores e formas – Conviver com diferentes ma-
desenvolvimento das crianças têm como eixos estruturantes as in- nifestações artísticas, culturais e científicas, locais e universais, no
terações e a brincadeira, assegurando-lhes os direitos de conviver, cotidiano da instituição escolar, possibilita às crianças, por meio de
brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se, a organi- experiências diversificadas, vivenciar diversas formas de expressão
zação curricular da Educação Infantil na BNCC está estruturada em e linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem, colagem,
cinco campos de experiências, no âmbito dos quais são definidos fotografia etc.), a música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre
os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. Os campos de outras. Com base nessas experiências, elas se expressam por várias
experiências constituem um arranjo curricular que acolhe as situa- linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou culturais,
ções e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e exercitando a autoria (coletiva e individual) com sons, traços, ges-
seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte tos, danças, mímicas, encenações, canções, desenhos, modelagens,
do patrimônio cultural. manipulação de diversos materiais e de recursos tecnológicos. Es-
A definição e a denominação dos campos de experiências tam- sas experiências contribuem para que, desde muito pequenas, as
bém se baseiam no que dispõem as DCNEI em relação aos saberes e crianças desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento
conhecimentos fundamentais a ser propiciados às crianças e asso- de si mesmas, dos outros e da realidade que as cerca. Portanto, a
ciados às suas experiências. Considerando esses saberes e conheci- Educação Infantil precisa promover a participação das crianças em
mentos, os campos de experiências em que se organiza a BNCC são: tempos e espaços para a produção, manifestação e apreciação ar-
tística, de modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da
O eu, o outro e o nós – É na interação com os pares e com adul- criatividade e da expressão pessoal das crianças, permitindo que se
tos que as crianças vão constituindo um modo próprio de agir, sen- apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura e poten-
tir e pensar e vão descobrindo que existem outros modos de vida, cializem suas singularidades, ao ampliar repertórios e interpretar
pessoas diferentes, com outros pontos de vista. Conforme vivem suas experiências e vivências artísticas.
suas primeiras experiências sociais (na família, na instituição es- Escuta, fala, pensamento e imaginação – Desde o nascimento,
colar, na coletividade), constroem percepções e questionamentos as crianças participam de situações comunicativas cotidianas com
sobre si e sobre os outros, diferenciando-se e, simultaneamente, as pessoas com as quais interagem. As primeiras formas de intera-
identificando-se como seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo ção do bebê são os movimentos do seu corpo, o olhar, a postura
que participam de relações sociais e de cuidados pessoais, as crian- corporal, o sorriso, o choro e outros recursos vocais, que ganham
ças constroem sua autonomia e senso de autocuidado, de recipro- sentido com a interpretação do outro. Progressivamente, as crian-
cidade e de interdependência com o meio. Por sua vez, na Edu- ças vão ampliando e enriquecendo seu vocabulário e demais re-
cação Infantil, é preciso criar oportunidades para que as crianças cursos de expressão e de compreensão, apropriando-se da língua
entrem em contato com outros grupos sociais e culturais, outros materna – que se torna, pouco a pouco, seu veículo privilegiado de
modos de vida, diferentes atitudes, técnicas e rituais de cuidados interação. Na Educação Infantil, é importante promover experiên-
pessoais e do grupo, costumes, celebrações e narrativas. Nessas ex- cias nas quais as crianças possam falar e ouvir, potencializando sua
periências, elas podem ampliar o modo de perceber a si mesmas e participação na cultura oral, pois é na escuta de histórias, na par-
ao outro, valorizar sua identidade, respeitar os outros e reconhecer ticipação em conversas, nas descrições, nas narrativas elaboradas
as diferenças que nos constituem como seres humanos. individualmente ou em grupo e nas implicações com as múltiplas
Corpo, gestos e movimentos – Com o corpo (por meio dos sen- linguagens que a criança se constitui ativamente como sujeito sin-
tidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados gular e pertencente a um grupo social.
ou espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, o Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à cul-
espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem relações, expres- tura escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao observar
sam- -se, brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o os muitos textos que circulam no contexto familiar, comunitário e
outro, sobre o universo social e cultural, tornando-se, progressiva- escolar, ela vai construindo sua concepção de língua escrita, reco-
mente, conscientes dessa corporeidade. Por meio das diferentes nhecendo diferentes usos sociais da escrita, dos gêneros, suportes e
linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz portadores. Na Educação Infantil, a imersão na cultura escrita deve
de conta, elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento partir do que as crianças conhecem e das curiosidades que deixam
entre corpo, emoção e linguagem. As crianças conhecem e reco- transparecer. As experiências com a literatura infantil, propostas
nhecem as sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos e pelo educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem
movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, de- para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à ima-
senvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é seguro ginação e da ampliação do conhecimento de mundo. Além disso, o
e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na Educação contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis etc. propi-
Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o partí- cia a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários, a
cipe privilegiado das práticas pedagógicas de cuidado físico, orien- diferenciação entre ilustrações e escrita, a aprendizagem da dire-
tadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão. ção da escrita e as formas corretas de manipulação de livros. Nesse
Assim, a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas convívio com textos escritos, as crianças vão construindo hipóteses
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sobre a escrita que se revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que vão conhecendo letras, em escritas espontâneas,
não convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita como sistema de representação da língua.
Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações – As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimen-
sões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram se situar em diversos
espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.). Demonstram também curiosidade sobre o mundo
físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de ma-
teriais e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o mundo sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre as pessoas que
conhece; como vivem e em que trabalham essas pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade entre elas etc.). Além disso,
nessas experiências e em muitas outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com conhecimentos matemáticos (conta-
gem, ordenação, relações entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos, avaliação de distâncias,
reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam
a curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular
objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades
e indagações. Assim, a instituição escolar está criando oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico
e sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano.

OS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL


Na Educação Infantil, as aprendizagens essenciais compreendem tanto comportamentos, habilidades e conhecimentos quanto vivên-
cias que promovem aprendizagem e desenvolvimento nos diversos campos de experiências, sempre tomando as interações e a brincadei-
ra como eixos estruturantes. Essas aprendizagens, portanto, constituem-se como objetivos de aprendizagem e desenvolvimento.
Reconhecendo as especificidades dos diferentes grupos etários que constituem a etapa da Educação Infantil, os objetivos de aprendi-
zagem e desenvolvimento estão sequencialmente organizados em três grupos por faixa etária, que correspondem, aproximadamente, às
possibilidades de aprendizagem e às características do desenvolvimento das crianças, conforme indicado na figura a seguir. Todavia, esses
grupos não podem ser considerados de forma rígida, já que há diferenças de ritmo na aprendizagem e no desenvolvimento das crianças
que precisam ser consideradas na prática pedagógica.

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CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES”

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A TRANSIÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O ENSINO FUNDAMENTAL


A transição entre essas duas etapas da Educação Básica requer muita atenção, para que haja equilíbrio entre as mudanças introduzi-
das, garantindo integração e continuidade dos processos de aprendizagens das crianças, respeitando suas singularidades e as diferentes
relações que elas estabelecem com os conhecimentos, assim como a natureza das mediações de cada etapa. Torna-se necessário estabe-
lecer estratégias de acolhimento e adaptação tanto para as crianças quanto para os docentes, de modo que a nova etapa se construa com
base no que a criança sabe e é capaz de fazer, em uma perspectiva de continuidade de seu percurso educativo.
Para isso, as informações contidas em relatórios, portfólios ou outros registros que evidenciem os processos vivenciados pelas crian-
ças ao longo de sua trajetória na Educação Infantil podem contribuir para a compreensão da história de vida escolar de cada aluno do
Ensino Fundamental. Conversas ou visitas e troca de materiais entre os professores das escolas de Educação Infantil e de Ensino Funda-
mental – Anos Iniciais também são importantes para facilitar a inserção das crianças nessa nova etapa da vida escolar.
Além disso, para que as crianças superem com sucesso os desafios da transição, é indispensável um equilíbrio entre as mudanças
introduzidas, a continuidade das aprendizagens e o acolhimento afetivo, de modo que a nova etapa se construa com base no que os
educandos sabem e são capazes de fazer, evitando a fragmentação e a descontinuidade do trabalho pedagógico. Nessa direção, consi-
derando os direitos e os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, apresenta-se a síntese das aprendizagens esperadas em cada
campo de experiências. Essa síntese deve ser compreendida como elemento balizador e indicativo de objetivos a ser explorados em todo
o segmento da Educação Infantil, e que serão ampliados e aprofundados no Ensino Fundamental, e não como condição ou pré-requisito
para o acesso ao Ensino Fundamental.

SÍNTESE DAS APRENDIZAGENS

O eu, o outro e o nós


-Respeitar e expressar sentimentos e emoções.
-Atuar em grupo e demonstrar interesse em construir novas relações, respeitando a diversidade e solidarizando-se com os outros.
-Conhecer e respeitar regras de convívio social, manifestando respeito pelo outro.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Corpo, gestos e movimentos rem na passagem não somente entre as etapas da Educação Bási-
-Reconhecer a importância de ações e situações do cotidiano ca, mas também entre as duas fases do Ensino Fundamental: Anos
que contribuem para o cuidado de sua saúde e a manutenção de Iniciais e Anos Finais.
ambientes saudáveis. A BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, ao valorizar as
-Apresentar autonomia nas práticas de higiene, alimentação, situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a necessária arti-
vestir-se e no cuidado com seu bem-estar, valorizando o próprio culação com as experiências vivenciadas na Educação Infantil.
corpo. Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematiza-
-Utilizar o corpo intencionalmente (com criatividade, controle ção dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos,
e adequação) como instrumento de interação com o outro e com de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de
o meio. ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refu-
-Coordenar suas habilidades manuais. tá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção
de conhecimentos.
Traços, sons, cores e formas Nesse período da vida, as crianças estão vivendo mudanças im-
-Discriminar os diferentes tipos de sons e ritmos e interagir portantes em seu processo de desenvolvimento que repercutem
com a música, percebendo-a como forma de expressão individual em suas relações consigo mesmas, com os outros e com o mundo.
e coletiva. Como destacam as DCN, a maior desenvoltura e a maior auto-
-Expressar-se por meio das artes visuais, utilizando diferentes nomia nos movimentos e deslocamentos ampliam suas interações
materiais. com o espaço; a relação com múltiplas linguagens, incluindo os usos
-Relacionar-se com o outro empregando gestos, palavras, brin- sociais da escrita e da matemática, permite a participação no mun-
cadeiras, jogos, imitações, observações e expressão corporal. do letrado e a construção de novas aprendizagens, na escola e para
além dela; a afirmação de sua identidade em relação ao coletivo no
Escuta, fala, pensamento e imaginação qual se inserem resulta em formas mais ativas de se relacionarem
-Expressar ideias, desejos e sentimentos em distintas situações com esse coletivo e com as normas que regem as relações entre as
de interação, por diferentes meios. pessoas dentro e fora da escola, pelo reconhecimento de suas po-
-Argumentar e relatar fatos oralmente, em sequência temporal tencialidades e pelo acolhimento e pela valorização das diferenças.
e causal, organizando e adequando sua fala ao contexto em que é Ampliam-se também as experiências para o desenvolvimento
produzida. da oralidade e dos processos de percepção, compreensão e repre-
-Ouvir, compreender, contar, recontar e criar narrativas. sentação, elementos importantes para a apropriação do sistema de
-Conhecer diferentes gêneros e portadores textuais, demons- escrita alfabética e de outros sistemas de representação, como os
trando compreensão da função social da escrita e reconhecendo a signos matemáticos, os registros artísticos, midiáticos e científicos
leitura como fonte de prazer e informação. e as formas de representação do tempo e do espaço. Os alunos se
deparam com uma variedade de situações que envolvem conceitos
Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações e fazeres científicos, desenvolvendo observações, análises, argu-
-Identificar, nomear adequadamente e comparar as proprieda- mentações e potencializando descobertas.
des dos objetos, estabelecendo relações entre eles. As experiências das crianças em seu contexto familiar, social e
-Interagir com o meio ambiente e com fenômenos naturais ou cultural, suas memórias, seu pertencimento a um grupo e sua in-
artificiais, demonstrando curiosidade e cuidado com relação a eles. teração com as mais diversas tecnologias de informação e comu-
-Utilizar vocabulário relativo às noções de grandeza (maior, nicação são fontes que estimulam sua curiosidade e a formulação
menor, igual etc.), espaço (dentro e fora) e medidas (comprido, cur- de perguntas.
to, grosso, fino) como meio de comunicação de suas experiências. O estímulo ao pensamento criativo, lógico e crítico, por meio
-Utilizar unidades de medida (dia e noite; dias, semanas, meses da construção e do fortalecimento da capacidade de fazer pergun-
e ano) e noções de tempo (presente, passado e futuro; antes, agora tas e de avaliar respostas, de argumentar, de interagir com diversas
e depois), para responder a necessidades e questões do cotidiano. produções culturais, de fazer uso de tecnologias de informação e
-Identificar e registrar quantidades por meio de diferentes for- comunicação, possibilita aos alunos ampliar sua compreensão de si
mas de representação (contagens, desenhos, símbolos, escrita de mesmos, do mundo natural e social, das relações dos seres huma-
números, organização de gráficos básicos etc.). nos entre si e com a natureza.
As características dessa faixa etária demandam um trabalho no
A ETAPA DO ENSINO FUNDAMENTAL ambiente escolar que se organize em torno dos interesses manifes-
tos pelas crianças, de suas vivências mais imediatas para que, com
O Ensino Fundamental no contexto da Educação Básica base nessas vivências, elas possam, progressivamente, ampliar essa
O Ensino Fundamental, com nove anos de duração, é a etapa compreensão, o que se dá pela mobilização de operações cogniti-
mais longa da Educação Básica, atendendo estudantes entre 6 e 14 vas cada vez mais complexas e pela sensibilidade para apreender o
anos. mundo, expressar-se sobre ele e nele atuar.
Há, portanto, crianças e adolescentes que, ao longo desse pe- Nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, a ação peda-
ríodo, passam por uma série de mudanças relacionadas a aspectos gógica deve ter como foco a alfabetização, a fim de garantir am-
físicos, cognitivos, afetivos, sociais, emocionais, entre outros. Como plas oportunidades para que os alunos se apropriem do sistema
já indicado nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fun- de escrita alfabética de modo articulado ao desenvolvimento de
damental de Nove Anos (Resolução CNE/CEB nº 7/2010)28, essas outras habilidades de leitura e de escrita e ao seu envolvimento
mudanças impõem desafios à elaboração de currículos para essa em práticas diversificadas de letramentos. Como aponta o Parecer
etapa de escolarização, de modo a superar as rupturas que ocor- CNE/CEB nº 11/201029, “os conteúdos dos diversos componentes
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

curriculares [...], ao descortinarem às crianças o conhecimento do linguagem utilizada por eles. Isso requer dos educadores maior dis-
mundo por meio de novos olhares, lhes oferecem oportunidades posição para entender e dialogar com as formas próprias de expres-
de exercitar a leitura e a escrita de um modo mais significativo” são das culturas juvenis, cujos traços são mais visíveis, sobretudo,
(BRASIL, 2010). nas áreas urbanas mais densamente povoadas (BRASIL, 2010).”
Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, a progressão Há que se considerar, ainda, que a cultura digital tem promovi-
do conhecimento ocorre pela consolidação das aprendizagens an- do mudanças sociais significativas nas sociedades contemporâneas.
teriores e pela ampliação das práticas de linguagem e da experiên- Em decorrência do avanço e da multiplicação das tecnologias
cia estética e intercultural das crianças, considerando tanto seus de informação e comunicação e do crescente acesso a elas pela
interesses e suas expectativas quanto o que ainda precisam apren- maior disponibilidade de computadores, telefones celulares, ta-
der. Ampliam-se a autonomia intelectual, a compreensão de nor- blets e afins, os estudantes estão dinamicamente inseridos nessa
mas e os interesses pela vida social, o que lhes possibilita lidar com cultura, não somente como consumidores. Os jovens têm se enga-
sistemas mais amplos, que dizem respeito às relações dos sujeitos jado cada vez mais como protagonistas da cultura digital, envolven-
entre si, com a natureza, com a história, com a cultura, com as tec- do-se diretamente em novas formas de interação multimidiática e
nologias e com o ambiente. multimodal e de atuação social em rede, que se realizam de modo
Além desses aspectos relativos à aprendizagem e ao desenvolvi- cada vez mais ágil. Por sua vez, essa cultura também apresenta for-
mento, na elaboração dos currículos e das propostas pedagógicas de- te apelo emocional e induz ao imediatismo de respostas e à efeme-
vem ainda ser consideradas medidas para assegurar aos alunos um ridade das informações, privilegiando análises superficiais e o uso
percurso contínuo de aprendizagens entre as duas fases do Ensino de imagens e formas de expressão mais sintéticas, diferentes dos
Fundamental, de modo a promover uma maior integração entre elas. modos de dizer e argumentar característicos da vida escolar.
Afinal, essa transição se caracteriza por mudanças pedagógicas Todo esse quadro impõe à escola desafios ao cumprimento do
na estrutura educacional, decorrentes principalmente da diferencia- seu papel em relação à formação das novas gerações. É importante
ção dos componentes curriculares. Como bem destaca o Parecer CNE/ que a instituição escolar preserve seu compromisso de estimular
CEB nº 11/2010, “os alunos, ao mudarem do professor generalista dos a reflexão e a análise aprofundada e contribua para o desenvol-
anos iniciais para os professores especialistas dos diferentes compo- vimento, no estudante, de uma atitude crítica em relação ao con-
teúdo e à multiplicidade de ofertas midiáticas e digitais. Contudo,
nentes curriculares, costumam se ressentir diante das muitas exigên-
também é imprescindível que a escola compreenda e incorpore
cias que têm de atender, feitas pelo grande número de docentes dos
mais as novas linguagens e seus modos de funcionamento, desven-
anos finais” (BRASIL, 2010). Realizar as necessárias adaptações e arti-
dando possibilidades de comunicação (e também de manipulação),
culações, tanto no 5º quanto no 6º ano, para apoiar os alunos nesse
e que eduque para usos mais democráticos das tecnologias e para
processo de transição, pode evitar ruptura no processo de aprendiza-
uma participação mais consciente na cultura digital. Ao aproveitar
gem, garantindo-lhes maiores condições de sucesso
o potencial de comunicação do universo digital, a escola pode ins-
Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Finais, os estudantes se
tituir novos modos de promover a aprendizagem, a interação e o
deparam com desafios de maior complexidade, sobretudo devido à compartilhamento de significados entre professores e estudantes.
necessidade de se apropriarem das diferentes lógicas de organização Além disso, e tendo por base o compromisso da escola de pro-
dos conhecimentos relacionados às áreas. Tendo em vista essa maior piciar uma formação integral, balizada pelos direitos humanos e princí-
especialização, é importante, nos vários componentes curriculares, pios democráticos, é preciso considerar a necessidade de desnaturalizar
retomar e ressignificar as aprendizagens do Ensino Fundamental– qualquer forma de violência nas sociedades contemporâneas, incluindo
Anos Iniciais no contexto das diferentes áreas, visando ao aprofun- a violência simbólica de grupos sociais que impõem normas, valores e
damento e à ampliação de repertórios dos estudantes. conhecimentos tidos como universais e que não estabelecem diálogo
Nesse sentido, também é importante fortalecer a autonomia entre as diferentes culturas presentes na comunidade e na escola.
desses adolescentes, oferecendo-lhes condições e ferramentas Em todas as etapas de escolarização, mas de modo especial
para acessar e interagir criticamente com diferentes conhecimen- entre os estudantes dessa fase do Ensino Fundamental, esses fato-
tos e fontes de informação. res frequentemente dificultam a convivência cotidiana e a apren-
Os estudantes dessa fase inserem-se em uma faixa etária que dizagem, conduzindo ao desinteresse e à alienação e, não raro, à
corresponde à transição entre infância e adolescência, marcada por agressividade e ao fracasso escolar. Atenta a culturas distintas, não
intensas mudanças decorrentes de transformações biológicas, psi- uniformes nem contínuas dos estudantes dessa etapa, é necessário
cológicas, sociais e emocionais. Nesse período de vida, como bem que a escola dialogue com a diversidade de formação e vivências
aponta o Parecer CNE/CEB nº 11/2010, ampliam-se os vínculos so- para enfrentar com sucesso os desafios de seus propósitos educa-
ciais e os laços afetivos, as possibilidades intelectuais e a capacidade tivos. A compreensão dos estudantes como sujeitos com histórias
de raciocínios mais abstratos. Os estudantes tornam-se mais capazes e saberes construídos nas interações com outras pessoas, tanto do
de ver e avaliar os fatos pelo ponto de vista do outro, exercendo a ca- entorno social mais próximo quanto do universo da cultura midiáti-
pacidade de descentração, “importante na construção da autonomia ca e digital, fortalece o potencial da escola como espaço formador e
e na aquisição de valores morais e éticos” (BRASIL, 2010). orientador para a cidadania consciente, crítica e participativa.
As mudanças próprias dessa fase da vida implicam a com- Nessa direção, no Ensino Fundamental – Anos Finais, a escola
preensão do adolescente como sujeito em desenvolvimento, com pode contribuir para o delineamento do projeto de vida dos estu-
singularidades e formações identitárias e culturais próprias, que dantes, ao estabelecer uma articulação não somente com os an-
demandam práticas escolares diferenciadas, capazes de contem- seios desses jovens em relação ao seu futuro, como também com a
plar suas necessidades e diferentes modos de inserção social. Con- continuidade dos estudos no Ensino Médio. Esse processo de refle-
forme reconhecem as DCN, “é frequente, nessa etapa, observar xão sobre o que cada jovem quer ser no futuro, e de planejamento
forte adesão aos padrões de comportamento dos jovens da mesma de ações para construir esse futuro, pode representar mais uma
idade, o que é evidenciado pela forma de se vestir e também pela possibilidade de desenvolvimento pessoal e social.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A ÁREA DE LINGUAGENS 3. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-moto-


As atividades humanas realizam-se nas práticas sociais, media- ra, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, para
das por diferentes linguagens: verbal (oral ou visual-motora, como se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e senti-
Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e, contemporaneamen- mentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao
te, digital. Por meio dessas práticas, as pessoas interagem consigo diálogo, à resolução de conflitos e à cooperação.
mesmas e com os outros, constituindo-se como sujeitos sociais. 4. Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de vista
Nessas interações, estão imbricados conhecimentos, atitudes e va- que respeitem o outro e promovam os direitos humanos, a cons-
lores culturais, morais e éticos. ciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local,
Na BNCC, a área de Linguagens é composta pelos seguintes regional e global, atuando criticamente frente a questões do mun-
componentes curriculares: Língua Portuguesa, Arte, Educação Físi- do contemporâneo.
ca e, no Ensino Fundamental – Anos Finais, Língua Inglesa. A finali- 5. Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e res-
dade é possibilitar aos estudantes participar de práticas de lingua- peitar as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às
gem diversificadas, que lhes permitam ampliar suas capacidades mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da
expressivas em manifestações artísticas, corporais e linguísticas, humanidade, bem como participar de práticas diversificadas, indi-
como também seus conhecimentos sobre essas linguagens, em viduais e coletivas, da produção artístico-cultural, com respeito à
continuidade às experiências vividas na Educação Infantil. diversidade de saberes, identidades e culturas.
As linguagens, antes articuladas, passam a ter status próprios de 6. Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação
objetos de conhecimento escolar. O importante, assim, é que os es- e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas
tudantes se apropriem das especificidades de cada linguagem, sem diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar
perder a visão do todo no qual elas estão inseridas. Mais do que isso, por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimen-
é relevante que compreendam que as linguagens são dinâmicas, e tos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.
que todos participam desse processo de constante transformação.
No Ensino Fundamental – Anos Iniciais, os componentes curri- LÍNGUA PORTUGUESA
culares tematizam diversas práticas, considerando especialmente O componente Língua Portuguesa da BNCC dialoga com docu-
aquelas relativas às culturas infantis tradicionais e contemporâneas. mentos e orientações curriculares produzidos nas últimas décadas,
Nesse conjunto de práticas, nos dois primeiros anos desse segmento, buscando atualizá-los em relação às pesquisas recentes da área e às
o processo de alfabetização deve ser o foco da ação pedagógica. transformações das práticas de linguagem ocorridas neste século,
Afinal, aprender a ler e escrever oferece aos estudantes algo novo devidas em grande parte ao desenvolvimento das tecnologias digi-
e surpreendente: amplia suas possibilidades de construir conhecimen- tais da informação e comunicação (TDIC). Assume-se aqui a pers-
tos nos diferentes componentes, por sua inserção na cultura letrada, pectiva enunciativo-discursiva de linguagem, já assumida em outros
e de participar com maior autonomia e protagonismo na vida social. documentos, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), para
Por sua vez, no Ensino Fundamental – Anos Finais, as apren-
os quais a linguagem é “uma forma de ação interindividual orientada
dizagens, nos componentes curriculares dessa área, ampliam as
para uma finalidade específica; um processo de interlocução que se
práticas de linguagem conquistadas no Ensino Fundamental – Anos
realiza nas práticas sociais existentes numa sociedade, nos distintos
Iniciais, incluindo a aprendizagem de Língua Inglesa. Nesse seg-
momentos de sua história” (BRASIL, 1998, p. 20).
mento, a diversificação dos contextos permite o aprofundamento
Tal proposta assume a centralidade do texto como unidade de
de práticas de linguagem artísticas, corporais e linguísticas que se
trabalho e as perspectivas enunciativo-discursivas na abordagem,
constituem e constituem a vida social.
de forma a sempre relacionar os textos a seus contextos de pro-
É importante considerar, também, o aprofundamento da refle-
xão crítica sobre os conhecimentos dos componentes da área, dada dução e o desenvolvimento de habilidades ao uso significativo da
a maior capacidade de abstração dos estudantes. Essa dimensão linguagem em atividades de leitura, escuta e produção de textos
analítica é proposta não como fim, mas como meio para a com- em várias mídias e semioses.
preensão dos modos de se expressar e de participar no mundo, Ao mesmo tempo que se fundamenta em concepções e con-
constituindo práticas mais sistematizadas de formulação de ques- ceitos já disseminados em outros documentos e orientações cur-
tionamentos, seleção, organização, análise e apresentação de des- riculares e em contextos variados de formação de professores, já
cobertas e conclusões. relativamente conhecidos no ambiente escolar – tais como práticas
Considerando esses pressupostos, e em articulação com as com- de linguagem, discurso e gêneros discursivos/gêneros textuais, es-
petências gerais da Educação Básica, a área de Linguagens deve garan- feras/campos de circulação dos discursos –, considera as práticas
tir aos alunos o desenvolvimento de competências específicas. contemporâneas de linguagem, sem o que a participação nas esfe-
ras da vida pública, do trabalho e pessoal pode se dar de forma de-
COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LINGUAGENS PARA O ENSI- sigual. Na esteira do que foi proposto nos Parâmetros Curriculares
NO FUNDAMENTAL Nacionais, o texto ganha centralidade na definição dos conteúdos,
1. Compreender as linguagens como construção humana, his- habilidades e objetivos, considerado a partir de seu pertencimento
tórica, social e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo-as e a um gênero discursivo que circula em diferentes esferas/campos
valorizando-as como formas de significação da realidade e expres- sociais de atividade/comunicação/uso da linguagem. Os conheci-
são de subjetividades e identidades sociais e culturais. mentos sobre os gêneros, sobre os textos, sobre a língua, sobre a
2. Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem (artís- norma-padrão, sobre as diferentes linguagens (semioses) devem ser
ticas, corporais e linguísticas) em diferentes campos da atividade mobilizados em favor do desenvolvimento das capacidades de leitu-
humana para continuar aprendendo, ampliar suas possibilidades ra, produção e tratamento das linguagens, que, por sua vez, devem
de participação na vida social e colaborar para a construção de uma estar a serviço da ampliação das possibilidades de participação em
sociedade mais justa, democrática e inclusiva. práticas de diferentes esferas/ campos de atividades humanas.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Ao componente Língua Portuguesa cabe, então, proporcionar tirinha, crônica, conto, verbete de enciclopédia, artigo de divulgação
aos estudantes experiências que contribuam para a ampliação dos científica etc., próprios do letramento da letra e do impresso, mas de
letramentos, de forma a possibilitar a participação significativa e contemplar também os novos letramentos, essencialmente digitais.
crítica nas diversas práticas sociais permeadas/constituídas pela Como resultado de um trabalho de pesquisa sobre produções
oralidade, pela escrita e por outras linguagens. culturais, é possível, por exemplo, supor a produção de um ensaio e
As práticas de linguagem contemporâneas não só envolvem de um vídeo-minuto. No primeiro caso, um maior aprofundamento
novos gêneros e textos cada vez mais multissemióticos e multimi- teórico-conceitual sobre o objeto parece necessário, e certas habilida-
diáticos, como também novas formas de produzir, de configurar, de des analíticas estariam mais em evidência. No segundo caso, ainda que
disponibilizar, de replicar e de interagir. As novas ferramentas de um nível de análise possa/tenha que existir, as habilidades mobilizadas
edição de textos, áudios, fotos, vídeos tornam acessíveis a qualquer estariam mais ligadas à síntese e percepção das potencialidades e for-
um a produção e disponibilização de textos multissemióticos nas re- mas de construir sentido das diferentes linguagens. Ambas as habilida-
des sociais e outros ambientes da Web. Não só é possível acessar des são importantes. Compreender uma palestra é importante, assim
conteúdos variados em diferentes mídias, como também produzir e como ser capaz de atribuir diferentes sentidos a um gif ou meme. Da
publicar fotos, vídeos diversos, podcasts, infográficos, enciclopédias mesma forma que fazer uma comunicação oral adequada e saber pro-
colaborativas, revistas e livros digitais etc. Depois de ler um livro de li- duzir gifs e memes significativos também podem sê-lo.
teratura ou assistir a um filme, pode-se postar comentários em redes Uma parte considerável das crianças e jovens que estão na
escola hoje vai exercer profissões que ainda nem existem e se de-
sociais específicas, seguir diretores, autores, escritores, acompanhar
parar com problemas de diferentes ordens e que podem requerer
de perto seu trabalho; podemos produzir playlists, vlogs, vídeos-mi-
diferentes habilidades, um repertório de experiências e práticas e
nuto, escrever fanfics, produzir e-zines, nos tornar um booktuber,
o domínio de ferramentas que a vivência dessa diversificação pode
dentre outras muitas possibilidades. Em tese, a Web é democrática:
favorecer. O que pode parecer um gênero menor (no sentido de ser
todos podem acessá-la e alimentá-la continuamente. Mas se esse es- menos valorizado, relacionado a situações tidas como pouco sérias,
paço é livre e bastante familiar para crianças, adolescentes e jovens que envolvem paródias, chistes, remixes ou condensações e narra-
de hoje, por que a escola teria que, de alguma forma, considerá-lo? tivas paralelas), na verdade, pode favorecer o domínio de modos de
Ser familiarizado e usar não significa necessariamente levar significação nas diferentes linguagens, o que a análise ou produção
em conta as dimensões ética, estética e política desse uso, nem de uma foto convencional, por exemplo, pode não propiciar.
tampouco lidar de forma crítica com os conteúdos que circulam Essa consideração dos novos e multiletramentos; e das práticas
na Web. A contrapartida do fato de que todos podem postar qua- da cultura digital no currículo não contribui somente para que uma
se tudo é que os critérios editoriais e seleção do que é adequado, participação mais efetiva e crítica nas práticas contemporâneas de
bom, fidedigno não estão “garantidos” de início. Passamos a de- linguagem por parte dos estudantes possa ter lugar, mas permite
pender de curadores ou de uma curadoria própria, que supõe o também que se possa ter em mente mais do que um “usuário da lín-
desenvolvimento de diferentes habilidades. gua/das linguagens”, na direção do que alguns autores vão denomi-
A viralização de conteúdos/publicações fomenta fenômenos nar de designer: alguém que toma algo que já existe (inclusive textos
como o da pós-verdade, em que as opiniões importam mais do que escritos), mescla, remixa, transforma, redistribui, produzindo novos
os fatos em si. Nesse contexto, torna-se menos importante checar/ sentidos, processo que alguns autores associam à criatividade. Parte
verificar se algo aconteceu do que simplesmente acreditar que acon- do sentido de criatividade em circulação nos dias atuais (“economias
teceu (já que isso vai ao encontro da própria opinião ou perspectiva). criativas”, “cidades criativas” etc.) tem algum tipo de relação com es-
As fronteiras entre o público e o privado estão sendo recolocadas. ses fenômenos de reciclagem, mistura, apropriação e redistribuição.
Não se trata de querer impor a tradição a qualquer custo, mas de re- Dessa forma, a BNCC procura contemplar a cultura digital, dife-
fletir sobre as redefinições desses limites e de desenvolver habilida- rentes linguagens e diferentes letramentos, desde aqueles basica-
des para esse trato, inclusive refletindo sobre questões envolvendo mente lineares, com baixo nível de hipertextualidade, até aqueles
o excesso de exposição nas redes sociais. Em nome da liberdade de que envolvem a hipermídia.
expressão, não se pode dizer qualquer coisa em qualquer situação. Da mesma maneira, imbricada à questão dos multiletramen-
Se, potencialmente, a internet seria o lugar para a divergência e o tos, essa proposta considera, como uma de suas premissas, a diver-
sidade cultural. Sem aderir a um raciocínio classificatório reducio-
diferente circularem, na prática, a maioria das interações se dá em
nista, que desconsidera as hibridizações, apropriações e mesclas, é
diferentes bolhas, em que o outro é parecido e pensa de forma se-
importante contemplar o cânone, o marginal, o culto, o popular, a
melhante. Assim, compete à escola garantir o trato, cada vez mais
cultura de massa, a cultura das mídias, a cultura digital, as culturas
necessário, com a diversidade, com a diferença.
infantis e juvenis, de forma a garantir uma ampliação de repertório
Eis, então, a demanda que se coloca para a escola: contemplar
e uma interação e trato com o diferente.
de forma crítica essas novas práticas de linguagem e produções, não só
Ainda em relação à diversidade cultural, cabe dizer que se es-
na perspectiva de atender às muitas demandas sociais que convergem
tima que mais de 250 línguas são faladas no país – indígenas, de
para um uso qualificado e ético das TDIC – necessário para o mundo do
imigração, de sinais, crioulas e afro-brasileiras, além do português
trabalho, para estudar, para a vida cotidiana etc. –, mas de também fo-
e de suas variedades. Esse patrimônio cultural e linguístico é desco-
mentar o debate e outras demandas sociais que cercam essas práticas
nhecido por grande parte da população brasileira.
e usos. É preciso saber reconhecer os discursos de ódio, refletir sobre
No Brasil com a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, oficiali-
os limites entre liberdade de expressão e ataque a direitos, aprender a
zou-se também a Língua Brasileira de Sinais (Libras), tornando pos-
debater ideias, considerando posições e argumentos contrários.
sível, em âmbito nacional, realizar discussões relacionadas à neces-
Não se trata de deixar de privilegiar o escrito/impresso nem
sidade do respeito às particularidades linguísticas da comunidade
de deixar de considerar gêneros e práticas consagrados pela escola30,
surda e do uso dessa língua nos ambientes escolares.
tais como notícia, reportagem, entrevista, artigo de opinião, charge,
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Assim, é relevante no espaço escolar conhecer e valorizar as realidades nacionais e internacionais da diversidade linguística e analisar
diferentes situações e atitudes humanas implicadas nos usos linguísticos, como o preconceito linguístico. Por outro lado, existem muitas
línguas ameaçadas de extinção no país e no mundo, o que nos chama a atenção para a correlação entre repertórios culturais e linguísticos,
pois o desaparecimento de uma língua impacta significativamente a cultura.
Muitos representantes de comunidades de falantes de diferentes línguas, especialistas e pesquisadores vêm demandando o reco-
nhecimento de direitos linguísticos31. Por isso, já temos municípios brasileiros que cooficializaram línguas indígenas – tukano, baniwa,
nheengatu, akwe xerente, guarani, macuxi – e línguas de migração – talian, pomerano, hunsrickisch -, existem publicações e outras ações
expressas nessas línguas (livros, jornais, filmes, peças de teatro, programas de radiodifusão) e programas de educação bilíngue.
Considerando esse conjunto de princípios e pressupostos, os eixos de integração considerados na BNCC de Língua Portuguesa são
aqueles já consagrados nos documentos curriculares da Área, correspondentes às práticas de linguagem: oralidade, leitura/escuta, pro-
dução (escrita e multissemiótica) e análise linguística/semiótica (que envolve conhecimentos linguísticos – sobre o sistema de escrita, o
sistema da língua e a norma-padrão –, textuais, discursivos e sobre os modos de organização e os elementos de outras semioses). Cabe
ressaltar, reiterando o movimento metodológico de documentos curriculares anteriores, que estudos de natureza teórica e metalinguísti-
ca – sobre a língua, sobre a literatura, sobre a norma padrão e outras variedades da língua – não devem nesse nível de ensino ser tomados
como um fim em si mesmo, devendo estar envolvidos em práticas de reflexão que permitam aos estudantes ampliarem suas capacidades
de uso da língua/linguagens (em leitura e em produção) em práticas situadas de linguagem.
O Eixo Leitura compreende as práticas de linguagem que decorrem da interação ativa do leitor/ouvinte/espectador com os textos
escritos, orais e multissemióticos e de sua interpretação, sendo exemplos as leituras para: fruição estética de textos e obras literárias;
pesquisa e embasamento de trabalhos escolares e acadêmicos; realização de procedimentos; conhecimento, discussão e debate sobre
temas sociais relevantes; sustentar a reivindicação de algo no contexto de atuação da vida pública; ter mais conhecimento que permita o
desenvolvimento de projetos pessoais, dentre outras possibilidades.
Leitura no contexto da BNCC é tomada em um sentido mais amplo, dizendo respeito não somente ao texto escrito, mas também a
imagens estáticas (foto, pintura, desenho, esquema, gráfico, diagrama) ou em movimento (filmes, vídeos etc.) e ao som (música), que
acompanha e cossignifica em muitos gêneros digitais.
O tratamento das práticas leitoras compreende dimensões inter-relacionadas às práticas de uso e reflexão, tais como as apresentadas a seguir.

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Como já ressaltado, na perspectiva da BNCC, as habilidades não são desenvolvidas de forma genérica e descontextualizada, mas por
meio da leitura de textos pertencentes a gêneros que circulam nos diversos campos de atividade humana. Daí que, em cada campo que
será apresentado adiante, serão destacadas as habilidades de leitura, oralidade e escrita, de forma contextualizada pelas práticas, gêneros
e diferentes objetos do conhecimento em questão. A demanda cognitiva das atividades de leitura deve aumentar progressivamente desde
os anos iniciais do Ensino Fundamental até o Ensino Médio. Esta complexidade se expressa pela articulação:
• da diversidade dos gêneros textuais escolhidos e das práticas consideradas em cada campo;
• da complexidade textual que se concretiza pela temática, estruturação sintática, vocabulário, recursos estilísticos utilizados, orques-
tração de vozes e linguagens presentes no texto;
• do uso de habilidades de leitura que exigem processos mentais necessários e progressivamente mais demandantes, passando de
processos de recuperação de informação (identificação, reconhecimento, organização) a processos de compreensão (comparação, dis-
tinção, estabelecimento de relações e inferência) e de reflexão sobre o texto (justificação, análise, articulação, apreciação e valorações
estéticas, éticas, políticas e ideológicas);
• da consideração da cultura digital e das TDIC;

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• da consideração da diversidade cultural, de maneira a abranger produções e formas de expressão diversas, a literatura infantil e
juvenil, o cânone, o culto, o popular, a cultura de massa, a cultura das mídias, as culturas juvenis etc., de forma a garantir ampliação de
repertório, além de interação e trato com o diferente.

A participação dos estudantes em atividades de leitura com demandas crescentes possibilita uma ampliação de repertório de ex-
periências, práticas, gêneros e conhecimentos que podem ser acessados diante de novos textos, configurando-se como conhecimentos
prévios em novas situações de leitura.
Por conta dessa natureza repertorial, é possível tratar de gêneros do discurso sugeridos em outros anos que não os indicados. Embora
preveja certa progressão, a indicação no ano visa antes garantir uma distribuição adequada em termos de diversidades. Assim, se fizer
mais sentido que um gênero mencionado e/ou habilidades a ele relacionadas no 9º ano sejam trabalhados no 8º, isso não configura um
problema, desde que ao final do nível a diversidade indicada tenha sido contemplada.
Mesmo em relação à progressão das habilidades, seu desenvolvimento não se dá em curto espaço de tempo, podendo supor diferen-
tes graus e ir se complexificando durante vários anos.
Durante a leitura, as habilidades operam de forma articulada. Dado o desenvolvimento de uma autonomia de leitura em termos de
fluência e progressão, é difícil discretizar um grau ou mesmo uma habilidade, não existindo muitos pré-requisitos (a não ser em termos
de conhecimentos prévios), pois os caminhos para a construção dos sentidos são diversos. O interesse por um tema pode ser tão grande
que mobiliza para leituras mais desafiadoras, que, por mais que possam não contar com uma compreensão mais fina do texto, podem, em
função de relações estabelecidas com conhecimentos ou leituras anteriores, possibilitar entendimentos parciais que respondam aos inte-
resses/objetivos em pauta. O grau de envolvimento com uma personagem ou um universo ficcional, em função da leitura de livros e HQs
anteriores, da vivência com filmes e games relacionados, da participação em comunidades de fãs etc., pode ser tamanho que encoraje a
leitura de trechos de maior extensão e complexidade lexical ou sintática dos que os em geral lidos.
O Eixo da Produção de Textos compreende as práticas de linguagem relacionadas à interação e à autoria (individual ou coletiva) do texto
escrito, oral e multissemiótico, com diferentes finalidades e projetos enunciativos como, por exemplo, construir um álbum de personagens
famosas, de heróis/heroínas ou de vilões ou vilãs; produzir um almanaque que retrate as práticas culturais da comunidade; narrar fatos coti-
dianos, de forma crítica, lírica ou bem-humorada em uma crônica; comentar e indicar diferentes produções culturais por meio de resenhas ou
de playlists comentadas; descrever, avaliar e recomendar (ou não) um game em uma resenha, gameplay ou vlog; escrever verbetes de curio-
sidades científicas; sistematizar dados de um estudo em um relatório ou relato multimidiático de campo; divulgar conhecimentos específicos
por meio de um verbete de enciclopédia digital colaborativa; relatar fatos relevantes para a comunidade em notícias; cobrir acontecimentos
ou levantar dados relevantes para a comunidade em uma reportagem; expressar posição em uma carta de leitor ou artigo de opinião; denun-
ciar situações de desrespeito aos direitos por meio de fotorreportagem, fotodenúncia, poema, lambe-lambe, microrroteiro, dentre outros.
O tratamento das práticas de produção de textos compreende dimensões inter-relacionadas às práticas de uso e reflexão, tais como:

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Da mesma forma que na leitura, não se deve conceber que as habilidades de produção sejam desenvolvidas de forma genérica e des-
contextualizadas, mas por meio de situações efetivas de produção de textos pertencentes a gêneros que circulam nos diversos campos de
atividade humana. Os mesmos princípios de organização e progressão curricular valem aqui, resguardadas a mudança de papel assumido
frente às práticas discursivas em questão, com crescente aumento da informatividade e sustentação argumentativa, do uso de recursos
estilísticos e coesivos e da autonomia para planejar, produzir e revisar/editar as produções realizadas.
Aqui, também, a escrita de um texto argumentativo no 7º ano, em função da mobilização frente ao tema ou de outras circunstâncias,
pode envolver análise e uso de diferentes tipos de argumentos e movimentos argumentativos, que podem estar previstos para o 9º ano.
Da mesma forma, o manuseio de uma ferramenta ou a produção de um tipo de vídeo proposto para uma apresentação oral no 9º ano
pode se dar no 6º ou 7º anos, em função de um interesse que possa ter mobilizado os alunos para tanto. Nesse sentido, o manuseio de
diferentes ferramentas – de edição de texto, de vídeo, áudio etc. – requerido pela situação e proposto ao longo dos diferentes anos pode
se dar a qualquer momento, mas é preciso garantir a diversidade sugerida ao longo dos anos.
O Eixo da Oralidade compreende as práticas de linguagem que ocorrem em situação oral com ou sem contato face a face, como aula
dialogada, webconferência, mensagem gravada, spot de campanha, jingle, seminário, debate, programa de rádio, entrevista, declamação
de poemas (com ou sem efeitos sonoros), peça teatral, apresentação de cantigas e canções, playlist comentada de músicas, vlog de game,
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

contação de histórias, diferentes tipos de podcasts e vídeos, dentre outras. Envolve também a oralização de textos em situações social-
mente significativas e interações e discussões envolvendo temáticas e outras dimensões linguísticas do trabalho nos diferentes campos
de atuação. O tratamento das práticas orais compreende:

Se uma face do aprendizado da Língua Portuguesa decorre da efetiva atuação do estudante em práticas de linguagem que envolvem a
leitura/escuta e a produção de textos orais, escritos e multissemióticos, situadas em campos de atuação específicos, a outra face provém
da reflexão/análise sobre/da própria experiência de realização dessas práticas. Temos aí, portanto, o eixo da análise linguística/semiótica,
que envolve o conhecimento sobre a língua, sobre a norma-padrão e sobre as outras semioses, que se desenvolve transversalmente aos
dois eixos – leitura/escuta e produção oral, escrita e multissemiótica – e que envolve análise textual, gramatical, lexical, fonológica e das
materialidades das outras semioses.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O Eixo da Análise Linguística/Semiótica envolve os procedimentos e estratégias (meta)cognitivas de análise e avaliação consciente,
durante os processos de leitura e de produção de textos (orais, escritos e multissemióticos), das materialidades dos textos, responsáveis
por seus efeitos de sentido, seja no que se refere às formas de composição dos textos, determinadas pelos gêneros (orais, escritos e mul-
tissemióticos) e pela situação de produção, seja no que se refere aos estilos adotados nos textos, com forte impacto nos efeitos de senti-
do. Assim, no que diz respeito à linguagem verbal oral e escrita, as formas de composição dos textos dizem respeito à coesão, coerência
e organização da progressão temática dos textos, influenciadas pela organização típica (forma de composição) do gênero em questão. No
caso de textos orais, essa análise envolverá também os elementos próprios da fala – como ritmo, altura, intensidade, clareza de articu-
lação, variedade linguística adotada, estilização etc. –, assim como os elementos paralinguísticos e cinésicos – postura, expressão facial,
gestualidade etc. No que tange ao estilo, serão levadas em conta as escolhas de léxico e de variedade linguística ou estilização e alguns
mecanismos sintáticos e morfológicos, de acordo com a situação de produção, a forma e o estilo de gênero
Já no que diz respeito aos textos multissemióticos, a análise levará em conta as formas de composição e estilo de cada uma das lingua-
gens que os integram, tais como plano/ângulo/lado, figura/fundo, profundidade e foco, cor e intensidade nas imagens visuais estáticas,
acrescendo, nas imagens dinâmicas e performances, as características de montagem, ritmo, tipo de movimento, duração, distribuição no
espaço, sincronização com outras linguagens, complementaridade e interferência etc. ou tais como ritmo, andamento, melodia, harmo-
nia, timbres, instrumentos, sampleamento, na música.
Os conhecimentos grafofônicos, ortográficos, lexicais, morfológicos, sintáticos, textuais, discursivos, sociolinguísticos e semióticos
que operam nas análises linguísticas e semióticas necessárias à compreensão e à produção de linguagens estarão, concomitantemente,
sendo construídos durante o Ensino Fundamental. Assim, as práticas de leitura/escuta e de produção de textos orais, escritos e multis-
semióticos oportunizam situações de reflexão sobre a língua e as linguagens de uma forma geral, em que essas descrições, conceitos e
regras operam e nas quais serão concomitantemente construídos: comparação entre definições que permitam observar diferenças de
recortes e ênfases na formulação de conceitos e regras; comparação de diferentes formas de dizer “a mesma coisa” e análise dos efeitos
de sentido que essas formas podem trazer/ suscitar; exploração dos modos de significar dos diferentes sistemas semióticos etc.
Cabem também reflexões sobre os fenômenos da mudança linguística e da variação linguística, inerentes a qualquer sistema linguís-
tico, e que podem ser observados em quaisquer níveis de análise. Em especial, as variedades linguísticas devem ser objeto de reflexão e
o valor social atribuído às variedades de prestígio e às variedades estigmatizadas, que está relacionado a preconceitos sociais, deve ser
tematizado.
Esses conhecimentos linguísticos operam em todos os campos/esferas de atuação. Em função do privilégio social e cultural dado à
escrita, tendemos a tratar as outras linguagens como tratamos o linguístico – buscando a narrativa/relato/exposição, a relação com o
verbal –, os elementos presentes, suas formas de combinação, sem muitas vezes prestarmos atenção em outras características das outras
semioses que produzem sentido, como variações de graus de tons, ritmos, intensidades, volumes, ocupação no espaço (presente também
no escrito, mas tradicionalmente pouco explorado) etc. Por essa razão, em cada campo é destacado o que pode/deve ser trabalhado em
termos de semioses/modalidades, de forma articulada com as práticas de leitura/ escuta e produção, já mencionadas nos quadros dessas
práticas, para que a análise não se limite aos elementos dos diferentes sistemas e suas relações, mas seja relacionada a situações de uso.
O que seria comum em todas essas manifestações de linguagem é que elas sempre expressam algum conteúdo ou emoção – narram,
descrevem, subvertem, (re)criam, argumentam, produzem sensações etc. –, veiculam uma apreciação valorativa, organizando diferentes
elementos e/ou graus/intensidades desses diferentes elementos, dentre outras possibilidades. A questão que se coloca é como articular
essas dimensões na leitura e produção de textos, no que uma organização do tipo aqui proposto poderá ajudar.
A separação dessas práticas (de uso e de análise) se dá apenas para fins de organização curricular, já que em muitos casos (o que é
comum e desejável), essas práticas se interpenetram e se retroalimentam (quando se lê algo no processo de produção de um texto ou
quando alguém relê o próprio texto; quando, em uma apresentação oral, conta-se com apoio de slides que trazem imagens e texto escrito;
em um programa de rádio, que embora seja veiculado oralmente, parte-se de um roteiro escrito; quando roteirizamos um podcast; ou
quando, na leitura de um texto, pensa-se que a escolha daquele termo não foi gratuita; ou, ainda, na escrita de um texto, passa-se do uso
da 1ª pessoa do plural para a 3ª pessoa, após se pensar que isso poderá ajudar a conferir maior objetividade ao texto). Assim, para fins de
organização do quadro de habilidades do componente, foi considerada a prática principal (eixo), mas uma mesma habilidade incluída no
eixo Leitura pode também dizer respeito ao eixo Produção de textos e vice-versa.
O mesmo cabe às habilidades de análise linguística/semiótica, cuja maioria foi incluída de forma articulada às habilidades relativas
às práticas de uso – leitura/escuta e produção de textos. São apresentados em quadro referente a todos os campos os conhecimentos
linguísticos relacionados a ortografia, pontuação, conhecimentos gramaticais (morfológicos, sintáticos, semânticos), entre outros:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Como já destacado, os eixos apresentados relacionam-se com práticas de linguagem situadas. Em função disso, outra categoria or-
ganizadora do currículo que se articula com as práticas são os campos de atuação em que essas práticas se realizam. Assim, na BNCC, a
organização das práticas de linguagem (leitura de textos, produção de textos, oralidade e análise linguística/semiótica) por campos de
atuação aponta para a importância da contextualização do conhecimento escolar, para a ideia de que essas práticas derivam de situações
da vida social e, ao mesmo tempo, precisam ser situadas em contextos significativos para os estudantes.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

São cinco os campos de atuação considerados: Campo da vida cotidiana (somente anos iniciais), Campo artístico-literário, Campo das
práticas de estudo e pesquisa, Campo jornalístico-midiático e Campo de atuação na vida pública, sendo que esses dois últimos aparecem
fundidos nos anos iniciais do Ensino Fundamental, com a denominação Campo da vida pública:

A escolha por esses campos, de um conjunto maior, deu-se por se entender que eles contemplam dimensões formativas importantes
de uso da linguagem na escola e fora dela e criam condições para uma formação para a atuação em atividades do dia a dia, no espaço
familiar e escolar, uma formação que contempla a produção do conhecimento e a pesquisa; o exercício da cidadania, que envolve, por
exemplo, a condição de se inteirar dos fatos do mundo e opinar sobre eles, de poder propor pautas de discussão e soluções de problemas,
como forma de vislumbrar formas de atuação na vida pública; uma formação estética, vinculada à experiência de leitura e escrita do texto
literário e à compreensão e produção de textos artísticos multissemióticos.
Os campos de atuação considerados em cada segmento já contemplam um movimento de progressão que parte das práticas mais
cotidianas em que a circulação de gêneros orais e menos institucionalizados é maior (Campo da vida cotidiana), em direção a práticas e
gêneros mais institucionalizados, com predomínio da escrita e do oral público (demais campos). A seleção de gêneros, portadores e exem-
plares textuais propostos também organizam a progressão, como será detalhado mais adiante.
Os campos de atuação orientam a seleção de gêneros, práticas, atividades e procedimentos em cada um deles. Diferentes recortes
são possíveis quando se pensa em campos. As fronteiras entre eles são tênues, ou seja, reconhece-se que alguns gêneros incluídos em um
determinado campo estão também referenciados a outros, existindo trânsito entre esses campos. Práticas de leitura e produção escrita
ou oral do campo jornalístico-midiático se conectam com as de atuação na vida pública. Uma reportagem científica transita tanto pelo
campo jornalístico-midiático quanto pelo campo de divulgação científica; uma resenha crítica pode pertencer tanto ao campo jornalístico
quanto ao literário ou de investigação. Enfim, os exemplos são muitos. É preciso considerar, então, que os campos se interseccionam de
diferentes maneiras. Mas o mais importante a se ter em conta e que justifica sua presença como organizador do componente é que os
campos de atuação permitem considerar as práticas de linguagem – leitura e produção de textos orais e escritos – que neles têm lugar
em uma perspectiva situada, o que significa, nesse contexto, que o conhecimento metalinguístico e semiótico em jogo – conhecimento
sobre os gêneros, as configurações textuais e os demais níveis de análise linguística e semiótica – deve poder ser revertido para situações
significativas de uso e de análise para o uso.
Compreende-se, então, que a divisão por campos de atuação tem também, no componente Língua Portuguesa, uma função didática
de possibilitar a compreensão de que os textos circulam dinamicamente na prática escolar e na vida social, contribuindo para a necessária
organização dos saberes sobre a língua e as outras linguagens, nos tempos e espaços escolares.
A pesquisa, além de ser mais diretamente focada em um campo, perpassa todos os outros em ações de busca, seleção, validação, tra-
tamento e organização de informação envolvidas na curadoria de informação, podendo/devendo também estar presente no tratamento
metodológico dos conteúdos. A cultura digital perpassa todos os campos, fazendo surgir ou modificando gêneros e práticas.
Por essa razão, optou-se por um tratamento transversal da cultura digital, bem como das TDIC, articulado a outras dimensões nas
práticas em que aparecem. De igual forma, procurou-se contemplar formas de expressão das culturas juvenis, que estão mais evidentes
nos campos artístico-literário e jornalístico-midiático, e menos evidentes nos campos de atuação na vida pública e das práticas de estudo
e pesquisa, ainda que possam, nesse campo, ser objeto de pesquisa e ainda que seja possível pensar em um vídeo-minuto para apresentar
resultados de pesquisa, slides de apresentação que simulem um game ou em formatos de apresentação dados por um número mínimo de
imagens que condensam muitas ideias e relações, como acontece em muitas das formas de expressão das culturas juvenis.
Os direitos humanos também perpassam todos os campos de diferentes formas: seja no debate de ideias e organização de formas de
defesa dos direitos humanos (campo jornalístico-midiático e campo de atuação na vida pública), seja no exercício desses direitos – direito
à literatura e à arte, direito à informação e aos conhecimentos disponíveis.
Para cada campo de atuação, os objetos de conhecimento e as habilidades estão organizados a partir das práticas de linguagem e
distribuídos pelos nove anos em dois segmentos (Ensino Fundamental – Anos Iniciais e Ensino Fundamental – Anos Finais), dadas as es-
pecificidades de cada segmento.
As habilidades são apresentadas segundo a necessária continuidade das aprendizagens ao longo dos anos, crescendo progressi-
vamente em complexidade. Acrescente-se que, embora as habilidades estejam agrupadas nas diferentes práticas, essas fronteiras são
tênues, pois, no ensino, e também na vida social, estão intimamente interligadas.
Assim, as habilidades devem ser consideradas sob as perspectivas da continuidade das aprendizagens e da integração dos eixos orga-
nizadores e objetos de conhecimento ao longo dos anos de escolarização.
Por esses motivos, optou-se por apresentar os quadros de habilidades em seis blocos (1º ao 5º ano; 1º e 2º anos; 3º ao 5º ano; 6º ao
9º ano; 6º e 7º anos; e 8º e 9º anos), sem que isso represente qualquer tipo de normatização de organização em ciclos.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Cumpre destacar que os critérios de organização das habilida- LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS
des na BNCC (com a explicitação dos objetos de conhecimento aos INICIAIS: PRÁTICAS DE LINGUAGEM, OBJETOS DE CONHECIMEN-
quais se relacionam e do agrupamento desses objetos em práticas TO E HABILIDADES
de linguagem e campos de atuação) expressam um arranjo possível No Ensino Fundamental – Anos Iniciais, aprofundam-se as ex-
(dentre outros). Portanto, os agrupamentos propostos não devem periências com a língua oral e escrita já iniciadas na família e na
ser tomados como modelo obrigatório para o desenho dos currí- Educação Infantil.
culos. Assim, no Ensino Fundamental – Anos Iniciais, no eixo Oralida-
Considerando esses pressupostos, e em articulação com as de, aprofundam-se o conhecimento e o uso da língua oral, as ca-
competências gerais da Educação Básica e com as competências racterísticas de interações discursivas e as estratégias de fala e es-
específicas da área de Linguagens, o componente curricular de Lín- cuta em intercâmbios orais; no eixo Análise Linguística/Semiótica,
gua Portuguesa deve garantir aos estudantes o desenvolvimento sistematiza-se a alfabetização, particularmente nos dois primeiros
de competências específicas. Vale ainda destacar que tais compe- anos, e desenvolvem-se, ao longo dos três anos seguintes, a obser-
tências perpassam todos os componentes curriculares do Ensino vação das regularidades e a análise do funcionamento da língua e
Fundamental e são essenciais para a ampliação das possibilidades de outras linguagens e seus efeitos nos discursos; no eixo Leitura/
de participação dos estudantes em práticas de diferentes campos Escuta, amplia-se o letramento, por meio da progressiva incorpo-
de atividades humanas e de pleno exercício da cidadania. ração de estratégias de leitura em textos de nível de complexidade
crescente, assim como no eixo Produção de Textos, pela progressi-
COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA va incorporação de estratégias de produção de textos de diferentes
O ENSINO FUNDAMENTAL gêneros textuais.
1. Compreender a língua como fenômeno cultural, histórico, As diversas práticas letradas em que o aluno já se inseriu na sua
social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, re- vida social mais ampla, assim como na Educação Infantil, tais como
conhecendo-a como meio de construção de identidades de seus cantar cantigas e recitar parlendas e quadrinhas, ouvir e recontar
usuários e da comunidade a que pertencem. contos, seguir regras de jogos e receitas, jogar games, relatar ex-
2. Apropriar-se da linguagem escrita, reconhecendo-a como periências e experimentos, serão progressivamente intensificadas
forma de interação nos diferentes campos de atuação da vida social e complexificadas, na direção de gêneros secundários com textos
e utilizando-a para ampliar suas possibilidades de participar da cul- mais complexos.
tura letrada, de construir conhecimentos (inclusive escolares) e de Preserva-se, nesses eventos de letramento, mesmo em situa-
se envolver com maior autonomia e protagonismo na vida social. ção escolar, sua inserção na vida, como práticas situadas em even-
3. Ler, escutar e produzir textos orais, escritos e multissemió- tos motivados, embora se preserve também a análise de aspectos
ticos que circulam em diferentes campos de atuação e mídias, com desses enunciados orais e escritos que viabilizam a consciência e o
compreensão, autonomia, fluência e criticidade, de modo a se ex- aperfeiçoamento de práticas situadas.
pressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos,
e continuar aprendendo. O processo de alfabetização
4. Compreender o fenômeno da variação linguística, demons- Embora, desde que nasce e na Educação Infantil, a criança es-
trando atitude respeitosa diante de variedades linguísticas e rejei- teja cercada e participe de diferentes práticas letradas, é nos anos
tando preconceitos linguísticos. iniciais (1º e 2º anos) do Ensino Fundamental que se espera que ela
5. Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo de se alfabetize. Isso significa que a alfabetização deve ser o foco da
linguagem adequados à situação comunicativa, ao(s) interlocu- ação pedagógica.
tor(es) e ao gênero do discurso/gênero textual. Nesse processo, é preciso que os estudantes conheçam o alfa-
6. Analisar informações, argumentos e opiniões manifestados beto e a mecânica da escrita/leitura – processos que visam a que
em interações sociais e nos meios de comunicação, posicionando- alguém (se) torne alfabetizado, ou seja, consiga “codificar e deco-
-se ética e criticamente em relação a conteúdos discriminatórios dificar” os sons da língua (fonemas) em material gráfico (grafemas
que ferem direitos humanos e ambientais. ou letras), o que envolve o desenvolvimento de uma consciência
7. Reconhecer o texto como lugar de manifestação e negocia- fonológica (dos fonemas do português do Brasil e de sua organi-
ção de sentidos, valores e ideologias. zação em segmentos sonoros maiores como sílabas e palavras) e
8. Selecionar textos e livros para leitura integral, de acordo o conhecimento do alfabeto do português do Brasil em seus vá-
com objetivos, interesses e projetos pessoais (estudo, formação rios formatos (letras imprensa e cursiva, maiúsculas e minúsculas),
pessoal, entretenimento, pesquisa, trabalho etc.). além do estabelecimento de relações grafofônicas entre esses dois
9. Envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem sistemas de materialização da língua.
o desenvolvimento do senso estético para fruição, valorizando a li- Dominar o sistema de escrita do português do Brasil não é uma
teratura e outras manifestações artístico-culturais como formas de tarefa tão simples: trata-se de um processo de construção de habi-
acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e encantamento, reco- lidades e capacidades de análise e de transcodificação linguística.
nhecendo o potencial transformador e humanizador da experiência Um dos fatos que frequentemente se esquece é que estamos tra-
com a literatura. tando de uma nova forma ou modo (gráfico) de representar o por-
10.Mobilizar práticas da cultura digital, diferentes linguagens, tuguês do Brasil, ou seja, estamos tratando de uma língua com suas
mídias e ferramentas digitais para expandir as formas de produzir variedades de fala regionais, sociais, com seus alofones35, e não
sentidos (nos processos de compreensão e produção), aprender e de fonemas neutralizados e despidos de sua vida na língua falada
refletir sobre o mundo e realizar diferentes projetos autorais. local. De certa maneira, é o alfabeto que neutraliza essas variações
na escrita.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Assim, alfabetizar é trabalhar com a apropriação pelo aluno da Mencionamos a primeira relação ao dizer que a criança está
ortografia do português do Brasil escrito, compreendendo como se relacionando com as letras não propriamente os fonemas (entida-
dá este processo (longo) de construção de um conjunto de conheci- des abstratas da língua), mas fones e alofones de sua variedade
mentos sobre o funcionamento fonológico da língua pelo estudan- linguística (entidades concretas da fala).
te. Para isso, é preciso conhecer as relações fono-ortográficas, isto O segundo tipo de relações – as relações fono-ortográficas do
é, as relações entre sons (fonemas) do português oral do Brasil em português do Brasil – é complexo, pois, diferente do finlandês e do
suas variedades e as letras (grafemas) do português brasileiro escri- alemão, por exemplo, há muito pouca regularidade de representa-
to. Dito de outro modo, conhecer a “mecânica” ou o funcionamen- ção entre fonemas e grafemas no português do Brasil. No portu-
to da escrita alfabética para ler e escrever significa, principalmente, guês do Brasil, há uma letra para um som (regularidade biunívoca)
perceber as relações bastante complexas que se estabelecem entre apenas em poucos casos. Há, isso sim, várias letras para um som –
os sons da fala (fonemas) e as letras da escrita (grafemas), o que /s/ s, c, ç, x, ss, sc, z, xc; /j/ g, j; /z/ x, s, z e assim por diante –; vários
envolve consciência fonológica da linguagem: perceber seus sons, sons para uma letra: s - /s/ e /z/; z - /s/, /z/; x - /s/, /z/, /∫/, /ks/ e
como se separam e se juntam em novas palavras etc. Ocorre que assim por diante; e até nenhum som para uma letra – h, além de
essas relações não são tão simples quanto as cartilhas ou livros de vogais abertas, fechadas e nasalizadas (a/ã; e/é; o/ó/õ).
alfabetização fazem parecer. Não há uma regularidade nessas re- Dos 26 grafemas de nosso alfabeto, apenas sete – p, b, t, d36, f,
lações e elas são construídas por convenção. Não há, como diria v, k – apresentam uma relação regular direta entre fonema e grafe-
Saussure, “motivação” nessas relações, ou seja, diferente dos dese- ma e essas são justamente as consoantes bilabiais, linguodentais e
nhos, as letras da escrita não representam propriedades concretas labiodentais surdas e sonoras. Essas são as regulares diretas.
desses sons. Há, ainda, outros tipos de regularidades de representação: as
A humanidade levou milênios para estabelecer a relação en- regulares contextuais e as regulares morfológico-gramaticais, para
tre um grafismo e um som. Durante esse período, a representação as quais o aluno, ao longo de seu aprendizado, pode ir construindo
gráfica deixou de ser motivada pelos objetos e ocorreu um desloca- “regras”.
mento da representação do significado das palavras para a repre- As regulares contextuais têm uma escrita regular (regrada) pelo
sentação convencional de sons dessas palavras. No alfabeto ugarí- contexto fonológico da palavra; é o caso de: R/RR; S/SS; G+A,O,U/
tico, por exemplo, as consoantes, mais salientes sonoramente e em GU+E,I; C+A,O,U/QU+E,I; M+P,B/N+outras, por exemplo.
maior número, foram isoladas primeiro. As regulares morfológico-gramaticais, para serem construídas,
Pesquisas sobre a construção da língua escrita pela criança dependem de que o aluno já tenha algum conhecimento de gramá-
mostram que, nesse processo, é preciso: tica, pois as regras a serem construídas dependem desse conheci-
• diferenciar desenhos/grafismos (símbolos) de grafemas/le- mento, isto é, são definidas por aspectos ligados à categoria gra-
tras (signos); matical da palavra, envolvendo morfemas (derivação, composição),
• desenvolver a capacidade de reconhecimento global de pa- tais como: adjetivos de origem com S; substantivos derivados de
lavras (que chamamos de leitura “incidental”, como é o caso da lei- adjetivos com Z; coletivos em /au/ com L; substantivos terminados
tura de logomarcas em rótulos), que será depois responsável pela com o sufixo /ise/ com C (chatice, mesmice); formas verbais da 3ª
fluência na leitura; pessoa do singular do passado com U; formas verbais da 3ª pessoa
• construir o conhecimento do alfabeto da língua em questão; do plural do futuro com ÃO e todas as outras com M; flexões do
• perceber quais sons se deve representar na escrita e como; Imperfeito do Subjuntivo com SS; Infinitivo com R; derivações man-
• construir a relação fonema-grafema: a percepção de que as têm a letra do radical, dentre outras. Algumas dessas regularidades
letras estão representando certos sons da fala em contextos pre- são apresentadas por livros didáticos nos 3º a 5º anos e depois.
cisos; Todo o restante das relações é irregular. São definidas por
• perceber a sílaba em sua variedade como contexto fonológi- aspectos históricos da evolução da ortografia e nada, a não ser a
co desta representação; memória, assegura seu uso. Ou seja, dependem de memorização a
• até, finalmente, compreender o modo de relação entre fone- cada nova palavra para serem construídas. É, pois, de se supor que
mas e grafemas, em uma língua específica. o processo de construção dessas relações irregulares leve longo
tempo, se não a vida toda.
Esse processo básico (alfabetização) de construção do conhe- Por fim, temos a questão de como é muitas vezes erroneamen-
cimento das relações fonografêmicas em uma língua específica, te tratada a estrutura da sílaba do português do Brasil na alfabeti-
que pode se dar em dois anos, é, no entanto, complementado por zação. Normalmente, depois de apresentadas as vogais, as famílias
outro, bem mais longo, que podemos chamar de ortografização, silábicas são apresentadas sempre com sílabas simples consoante/
que complementará o conhecimento da ortografia do português do vogal (CV). Esse processo de apresentação dura cerca de um ano le-
Brasil. Na construção desses conhecimentos, há três relações que tivo e as sílabas não CV (somente V; CCV; CVC; CCVC; CVV) somente
são muito importantes: são apresentadas ao final do ano.
a) as relações entre a variedade de língua oral falada e a língua As sílabas deveriam ser apresentadas como o que são, isto é,
escrita (perspectiva sociolinguística); grupos de fonemas pronunciados em uma só emissão de voz, or-
b) os tipos de relações fono-ortográficas do português do Bra- ganizados em torno de um núcleo vocálico obrigatório, mas com
sil; e diversos arranjos consonantais/vocálicos em torno da vogal núcleo.
c) a estrutura da sílaba do português do Brasil (perspectiva fo- Em resumo, podemos definir as capacidades/habilidades envolvi-
nológica). das na alfabetização/ como sendo capacidades de (de)codificação,
que envolvem:
• Compreender diferenças entre escrita e outras formas gráfi-
cas (outros sistemas de representação);
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Dominar as convenções gráficas (letras maiúsculas e minús- cos – informativos e opinativos – e os publicitários são privilegia-
culas, cursiva e script); dos, com foco em estratégias linguístico-discursivas e semióticas
• Conhecer o alfabeto; voltadas para a argumentação e persuasão. Para além dos gêneros,
• Compreender a natureza alfabética do nosso sistema de es- são consideradas práticas contemporâneas de curtir, comentar, re-
crita; distribuir, publicar notícias, curar etc. e tematizadas questões po-
• Dominar as relações entre grafemas e fonemas; lêmicas envolvendo as dinâmicas das redes sociais e os interesses
• Saber decodificar palavras e textos escritos; que movem a esfera jornalística-midiática. A questão da confiabi-
• Saber ler, reconhecendo globalmente as palavras; lidade da informação, da proliferação de fake news, da manipula-
• Ampliar a sacada do olhar para porções maiores de texto que ção de fatos e opiniões tem destaque e muitas das habilidades se
meras palavras, desenvolvendo assim fluência e rapidez de leitura relacionam com a comparação e análise de notícias em diferentes
(fatiamento). fontes e mídias, com análise de sites e serviços checadores de notí-
cias e com o exercício da curadoria, estando previsto o uso de fer-
É preciso também ter em mente que este processo de ortogra- ramentas digitais de curadoria. A proliferação do discurso de ódio
fização em sua completude pode tomar até mais do que os anos também é tematizada em todos os anos e habilidades relativas ao
iniciais do Ensino Fundamental. trato e respeito com o diferente e com a participação ética e res-
Evidentemente, os processos de alfabetização e ortografização peitosa em discussões e debates de ideias são consideradas. Além
terão impacto nos textos em gêneros abordados nos anos iniciais. das habilidades de leitura e produção de textos já consagradas para
Em que pese a leitura e a produção compartilhadas com o docente o impresso são contempladas habilidades para o trato com o hiper-
e os colegas, ainda assim, os gêneros propostos para leitura/escu- texto e também com ferramentas de edição de textos, áudio e ví-
ta e produção oral, escrita e multissemiótica, nos primeiros anos deo e produções que podem prever postagem de novos conteúdos
iniciais, serão mais simples, tais como listas (de chamada, de ingre- locais que possam ser significativos para a escola ou comunidade
dientes, de compras), bilhetes, convites, fotolegenda, manchetes e ou apreciações e réplicas a publicações feitas por outros. Trata-se
lides, listas de regras da turma etc., pois favorecem um foco maior de promover uma formação que faça frente a fenômenos como o
na grafia, complexificando-se conforme se avança nos anos iniciais. da pós-verdade, o efeito bolha e proliferação de discursos de ódio,
Nesse sentido, ganha destaque o campo da vida cotidiana, em que que possa promover uma sensibilidade para com os fatos que afe-
circulam gêneros mais familiares aos alunos, como as cantigas de tam drasticamente a vida de pessoas e prever um trato ético com
roda, as receitas, as regras de jogo etc. Do mesmo modo, os co- o debate de ideias.
nhecimentos e a análise linguística e multissemiótica avançarão em Como já destacado, além dos gêneros jornalísticos, também
outros aspectos notacionais da escrita, como pontuação e acentua- são considerados nesse campo os publicitários, estando previs-
ção e introdução das classes morfológicas de palavras a partir do to o tratamento de diferentes peças publicitárias, envolvidas em
3º ano. campanhas, para além do anúncio publicitário e a propaganda im-
pressa, o que supõe habilidades para lidar com a multissemiose dos
LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS textos e com as várias mídias. Análise dos mecanismos e persuasão
FINAIS: PRÁTICAS DE LINGUAGEM, OBJETOS DE CONHECIMENTO ganham destaque, o que também pode ajudar a promover um con-
E HABILIDADES sumo consciente.
Nos Anos Finais do Ensino Fundamental, o adolescente/jovem No campo de atuação da vida pública ganham destaque os gê-
participa com maior criticidade de situações comunicativas diver- neros legais e normativos – abrindo-se espaço para aqueles que
sificadas, interagindo com um número de interlocutores cada vez regulam a convivência em sociedade, como regimentos (da escola,
mais amplo, inclusive no contexto escolar, no qual se amplia o nú- da sala de aula) e estatutos e códigos (Estatuto da Criança e do Ado-
mero de professores responsáveis por cada um dos componentes lescente e Código de Defesa do Consumidor, Código Nacional de
curriculares. Trânsito etc.), até os de ordem mais geral, como a Constituição e a
Essa mudança em relação aos anos iniciais favorece não só o Declaração dos Direitos Humanos, sempre tomados a partir de seus
aprofundamento de conhecimentos relativos às áreas, como tam- contextos de produção, o que contextualiza e confere significado a
bém o surgimento do desafio de aproximar esses múltiplos conhe- seus preceitos. Trata-se de promover uma consciência dos direitos,
cimentos. A continuidade da formação para a autonomia se fortale- uma valorização dos direitos humanos e a formação de uma ética
ce nessa etapa, na qual os jovens assumem maior protagonismo em da responsabilidade (o outro tem direito a uma vida digna tanto
práticas de linguagem realizadas dentro e fora da escola. quanto eu tenho).
No componente Língua Portuguesa, amplia-se o contato dos Ainda nesse campo, estão presentes gêneros reivindicatórios
estudantes com gêneros textuais relacionados a vários campos de e propositivos e habilidades ligadas a seu trato. A exploração de
atuação e a várias disciplinas, partindo-se de práticas de linguagem canais de participação, inclusive digitais, também é prevista. Aqui
já vivenciadas pelos jovens para a ampliação dessas práticas, em também a discussão e o debate de ideias e propostas assume um
direção a novas experiências. lugar de destaque.
Como consequência do trabalho realizado em etapas anterio- Assim, não se trata de promover o silenciamento de vozes dis-
res de escolarização, os adolescentes e jovens já conhecem e fazem sonantes, mas antes de explicitá-las, de convocá-las para o debate,
uso de gêneros que circulam nos campos das práticas artístico-lite- analisá-las, confrontá-las, de forma a propiciar uma autonomia de
rárias, de estudo e pesquisa, jornalístico-midiático, de atuação na pensamento, pautada pela ética, como convém a Estados demo-
vida pública e campo da vida pessoal, cidadãs, investigativas. cráticos. Nesse sentido, também são propostas análises linguísticas
Aprofunda-se, nessa etapa, o tratamento dos gêneros que e semióticas de textos vinculados a formas políticas não institucio-
circulam na esfera pública, nos campos jornalístico-midiático e de nalizadas, movimentos de várias naturezas, coletivos, produções
atuação na vida pública. No primeiro campo, os gêneros jornalísti- artísticas, intervenções urbanas etc.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No campo das práticas investigativas, há uma ênfase nos gê- sificados valores, comportamentos, crenças, desejos e conflitos, o
neros didático-expositivos, impressos ou digitais, do 6º ao 9º ano, que contribui para reconhecer e compreender modos distintos de
sendo a progressão dos conhecimentos marcada pela indicação do ser e estar no mundo e, pelo reconhecimento do que é diverso,
que se operacionaliza na leitura, escrita, oralidade. Nesse processo, compreender a si mesmo e desenvolver uma atitude de respeito e
procedimentos e gêneros de apoio à compreensão são propostos valorização do que é diferente.
em todos os anos. Outros gêneros, além daqueles cuja abordagem é sugerida na
Esses textos servirão de base para a reelaboração de conheci- BNCC, podem e devem ser incorporados aos currículos das escolas
mentos, a partir da elaboração de textos-síntese, como quadro-si- e, assim como já salientado, os gêneros podem ser contemplados
nópticos, esquemas, gráficos, infográficos, tabelas, resumos, entre em anos diferentes dos indicados.
outros, que permitem o processamento e a organização de conhe- Também, como já mencionado, nos Anos Finais do Ensino Fun-
cimentos em práticas de estudo e de dados levantados em diferen- damental, os conhecimentos sobre a língua, sobre as demais se-
tes fontes de pesquisa. Será dada ênfase especial a procedimentos mioses e sobre a norma-padrão se articulam aos demais eixos em
de busca, tratamento e análise de dados e informações e a formas que se organizam os objetivos de aprendizagem e desenvolvimen-
variadas de registro e socialização de estudos e pesquisas, que en- to de Língua Portuguesa. Dessa forma, as abordagens linguística,
volvem não só os gêneros já consagrados, como apresentação oral metalinguística e reflexiva ocorrem sempre a favor da prática de
e ensaio escolar, como também outros gêneros da cultura digital linguagem que está em evidência nos eixos de leitura, escrita ou
– relatos multimidiáticos, verbetes de enciclopédias colaborativas, oralidade.
vídeos-minuto etc. Os conhecimentos sobre a língua, as demais semioses e a nor-
Trata-se de fomentar uma formação que possibilite o trato crí- ma-padrão não devem ser tomados como uma lista de conteúdos
tico e criterioso das informações e dados. dissociados das práticas de linguagem, mas como propiciadores de
No âmbito do Campo artístico-literário, trata-se de possibilitar reflexão a respeito do funcionamento da língua no contexto dessas
o contato com as manifestações artísticas em geral, e, de forma práticas. A seleção de habilidades na BNCC está relacionada com
particular e especial, com a arte literária e de oferecer as condições aqueles conhecimentos fundamentais para que o estudante possa
para que se possa reconhecer, valorizar e fruir essas manifestações. apropriar-se do sistema linguístico que organiza o português bra-
Está em jogo a continuidade da formação do leitor literário, com sileiro.
especial destaque para o desenvolvimento da fruição, de modo a Alguns desses objetivos, sobretudo aqueles que dizem respeito
evidenciar a condição estética desse tipo de leitura e de escrita. à norma, são transversais a toda a base de Língua Portuguesa. O co-
Para que a função utilitária da literatura – e da arte em geral – pos- nhecimento da ortografia, da pontuação, da acentuação, por exem-
sa dar lugar à sua dimensão humanizadora, transformadora e mobi- plo, deve estar presente ao longo de toda escolaridade, abordados
lizadora, é preciso supor – e, portanto, garantir a formação de – um conforme o ano da escolaridade. Assume-se, na BNCC de Língua
leitor-fruidor, ou seja, de um sujeito que seja capaz de se implicar Portuguesa, uma perspectiva de progressão de conhecimentos que
na leitura dos textos, de “desvendar” suas múltiplas camadas de vai das regularidades às irregularidades e dos usos mais frequentes
sentido, de responder às suas demandas e de firmar pactos de lei- e simples aos menos habituais e mais complexos.
tura. Para tanto, as habilidades, no que tange à formação literária,
envolvem conhecimentos de gêneros narrativos e poéticos que po- ARTE
dem ser desenvolvidos em função dessa apreciação e que dizem No Ensino Fundamental, o componente curricular Arte está
respeito, no caso da narrativa literária, a seus elementos (espaço, centrado nas seguintes linguagens: as Artes visuais, a Dança, a
tempo, personagens); às escolhas que constituem o estilo nos tex- Música e o Teatro. Essas linguagens articulam saberes referentes
tos, na configuração do tempo e do espaço e na construção dos a produtos e fenômenos artísticos e envolvem as práticas de criar,
personagens; aos diferentes modos de se contar uma história (em ler, produzir, construir, exteriorizar e refletir sobre formas artís-
primeira ou terceira pessoa, por meio de um narrador personagem, ticas. A sensibilidade, a intuição, o pensamento, as emoções e as
com pleno ou parcial domínio dos acontecimentos); à polifonia pró- subjetividades se manifestam como formas de expressão no pro-
pria das narrativas, que oferecem níveis de complexidade a serem cesso de aprendizagem em Arte.
explorados em cada ano da escolaridade; ao fôlego dos textos. No O componente curricular contribui, ainda, para a interação crí-
caso da poesia, destacam-se, inicialmente, os efeitos de sentido tica dos alunos com a complexidade do mundo, além de favorecer
produzidos por recursos de diferentes naturezas, para depois se al- o respeito às diferenças e o diálogo intercultural, pluriétnico e plu-
cançar a dimensão imagética, constituída de processos metafóricos rilíngue, importantes para o exercício da cidadania. A Arte propicia
e metonímicos muito presentes na linguagem poética. a troca entre culturas e favorece o reconhecimento de semelhan-
Ressalta-se, ainda, a proposição de objetivos de aprendizagem ças e diferenças entre elas.
e desenvolvimento que concorrem para a capacidade dos estudan- Nesse sentido, as manifestações artísticas não podem ser redu-
tes de relacionarem textos, percebendo os efeitos de sentidos de-
zidas às produções legitimadas pelas instituições culturais e veicu-
correntes da intertextualidade temática e da polifonia resultante
ladas pela mídia, tampouco a prática artística pode ser vista como
da inserção – explícita ou não – de diferentes vozes nos textos. A
mera aquisição de códigos e técnicas. A aprendizagem de Arte
relação entre textos e vozes se expressa, também, nas práticas de
precisa alcançar a experiência e a vivência artísticas como prática
compartilhamento que promovem a escuta e a produção de textos,
social, permitindo que os alunos sejam protagonistas e criadores.
de diferentes gêneros e em diferentes mídias, que se prestam à ex-
A prática artística possibilita o compartilhamento de saberes
pressão das preferências e das apreciações do que foi lido/ouvido/
e de produções entre os alunos por meio de exposições, saraus,
assistido.
Por fim, destaque-se a relevância desse campo para o exercício espetáculos, performances, concertos, recitais, intervenções e ou-
da empatia e do diálogo, tendo em vista a potência da arte e da tras apresentações e eventos artísticos e culturais, na escola ou em
literatura como expedientes que permitem o contato com diver- outros locais. Os processos de criação precisam ser compreendidos
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

como tão relevantes quanto os eventuais produtos. Além disso, o A referência a essas dimensões busca facilitar o processo de
compartilhamento das ações artísticas produzidas pelos alunos, ensino e aprendizagem em Arte, integrando os conhecimentos do
em diálogo com seus professores, pode acontecer não apenas em componente curricular. Uma vez que os conhecimentos e as ex-
eventos específicos, mas ao longo do ano, sendo parte de um tra- periências artísticas são constituídos por materialidades verbais
balho em processo. e não verbais, sensíveis, corporais, visuais, plásticas e sonoras, é
A prática investigativa constitui o modo de produção e organi- importante levar em conta sua natureza vivencial, experiencial e
zação dos conhecimentos em Arte. É no percurso do fazer artístico que subjetiva.
os alunos criam, experimentam, desenvolvem e percebem uma poética
pessoal. Os conhecimentos, processos e técnicas produzidos e acumula- As Artes visuais são os processos e produtos artísticos e cultu-
dos ao longo do tempo em Artes visuais, Dança, Música e Teatro contri- rais, nos diversos tempos históricos e contextos sociais, que têm
buem para a contextualização dos saberes e das práticas artísticas. Eles a expressão visual como elemento de comunicação. Essas mani-
possibilitam compreender as relações entre tempos e contextos sociais festações resultam de explorações plurais e transformações de
dos sujeitos na sua interação com a arte e a cultura. materiais, de recursos tecnológicos e de apropriações da cultura
A BNCC propõe que a abordagem das linguagens articule seis cotidiana.
dimensões do conhecimento que, de forma indissociável e simul- As Artes visuais possibilitam aos alunos explorar múltiplas cul-
tânea, caracterizam a singularidade da experiência artística. Tais turas visuais, dialogar com as diferenças e conhecer outros espa-
dimensões perpassam os conhecimentos das Artes visuais, da Dan- ços e possibilidades inventivas e expressivas, de modo a ampliar
ça, da Música e do Teatro e as aprendizagens dos alunos em cada os limites escolares e criar novas formas de interação artística e
contexto social e cultural. Não se trata de eixos temáticos ou cate- de produção cultural, sejam elas concretas, sejam elas simbólicas.
gorias, mas de linhas maleáveis que se interpenetram, constituindo A Dança se constitui como prática artística pelo pensamento
a especificidade da construção do conhecimento em Arte na escola. e sentimento do corpo, mediante a articulação dos processos cog-
Não há nenhuma hierarquia entre essas dimensões, tampouco uma nitivos e das experiências sensíveis implicados no movimento dan-
ordem para se trabalhar com cada uma no campo pedagógico. çado. Os processos de investigação e produção artística da dança
As dimensões são: centram- -se naquilo que ocorre no e pelo corpo, discutindo e signi-
• Criação: refere-se ao fazer artístico, quando os sujeitos ficando relações entre corporeidade e produção estética.
criam, produzem e constroem. Trata-se de uma atitude intencional Ao articular os aspectos sensíveis, epistemológicos e formais
e investigativa que confere materialidade estética a sentimentos, do movimento dançado ao seu próprio contexto, os alunos proble-
ideias, desejos e representações em processos, acontecimentos e matizam e transformam percepções acerca do corpo e da dança,
produções artísticas individuais ou coletivas. Essa dimensão trata por meio de arranjos que permitem novas visões de si e do mundo.
do apreender o que está em jogo durante o fazer artístico, proces- Eles têm, assim, a oportunidade de repensar dualidades e bi-
so permeado por tomadas de decisão, entraves, desafios, conflitos, nômios (corpo versus mente, popular versus erudito, teoria versus
negociações e inquietações. prática), em favor de um conjunto híbrido e dinâmico de práticas.
• Crítica: refere-se às impressões que impulsionam os sujei- A Música é a expressão artística que se materializa por meio
tos em direção a novas compreensões do espaço em que vivem, dos sons, que ganham forma, sentido e significado no âmbito tanto
com base no estabelecimento de relações, por meio do estudo e da sensibilidade subjetiva quanto das interações sociais, como re-
da pesquisa, entre as diversas experiências e manifestações artísti- sultado de saberes e valores diversos estabelecidos no domínio de
cas e culturais vividas e conhecidas. Essa dimensão articula ação e cada cultura.
pensamento propositivos, envolvendo aspectos estéticos, políticos, A ampliação e a produção dos conhecimentos musicais passam
históricos, filosóficos, sociais, econômicos e culturais. pela percepção, experimentação, reprodução, manipulação e cria-
• Estesia: refere-se à experiência sensível dos sujeitos em re- ção de materiais sonoros diversos, dos mais próximos aos mais dis-
lação ao espaço, ao tempo, ao som, à ação, às imagens, ao próprio tantes da cultura musical dos alunos. Esse processo lhes possibilita
corpo e aos diferentes materiais. Essa dimensão articula a sensibi- vivenciar a música inter-relacionada à diversidade e desenvolver
lidade e a percepção, tomadas como forma de conhecer a si mes- saberes musicais fundamentais para sua inserção e participação
mo, o outro e o mundo. Nela, o corpo em sua totalidade (emoção, crítica e ativa na sociedade.
percepção, intuição, sensibilidade e intelecto) é o protagonista da O Teatro instaura a experiência artística multissensorial de en-
experiência. contro com o outro em performance. Nessa experiência, o corpo é
• Expressão: refere-se às possibilidades de exteriorizar e ma- lócus de criação ficcional de tempos, espaços e sujeitos distintos de
nifestar as criações subjetivas por meio de procedimentos artísticos, si próprios, por meio do verbal, não verbal e da ação física. Os pro-
tanto em âmbito individual quanto coletivo. Essa dimensão emerge da cessos de criação teatral passam por situações de criação coletiva
experiência artística com os elementos constitutivos de cada lingua- e colaborativa, por intermédio de jogos, improvisações, atuações
gem, dos seus vocabulários específicos e das suas materialidades. e encenações, caracterizados pela interação entre atuantes e es-
• Fruição: refere-se ao deleite, ao prazer, ao estranhamento pectadores.
e à abertura para se sensibilizar durante a participação em práti- O fazer teatral possibilita a intensa troca de experiências entre
cas artísticas e culturais. Essa dimensão implica disponibilidade dos os alunos e aprimora a percepção estética, a imaginação, a cons-
sujeitos para a relação continuada com produções artísticas e cul- ciência corporal, a intuição, a memória, a reflexão e a emoção.
turais oriundas das mais diversas épocas, lugares e grupos sociais. Ainda que, na BNCC, as linguagens artísticas das Artes visuais,
• Reflexão: refere-se ao processo de construir argumentos e da Dança, da Música e do Teatro sejam consideradas em suas espe-
ponderações sobre as fruições, as experiências e os processos cria- cificidades, as experiências e vivências dos sujeitos em sua relação
tivos, artísticos e culturais. É a atitude de perceber, analisar e in-
com a Arte não acontecem de forma compartimentada ou estan-
terpretar as manifestações artísticas e culturais, seja como criador,
que.
seja como leitor.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Assim, é importante que o componente curricular Arte leve em COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE ARTE PARA O ENSINO FUN-
conta o diálogo entre essas linguagens, o diálogo com a literatu- DAMENTAL
ra, além de possibilitar o contato e a reflexão acerca das formas 1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e
estéticas híbridas, tais como as artes circenses, o cinema e a per- produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos
formance. indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas
Atividades que facilitem um trânsito criativo, fluido e desfrag- sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte
mentado entre as linguagens artísticas podem construir uma rede como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferen-
de interlocução, inclusive, com a literatura e com outros compo- tes contextos e dialogar com as diversidades.
nentes curriculares. Temas, assuntos ou habilidades afins de dife- 2. Compreender as relações entre as linguagens da Arte e suas
rentes componentes podem compor projetos nos quais saberes se práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das
integrem, gerando experiências de aprendizagem amplas e com- novas tecnologias de informação e comunicação, pelo cinema e
plexas. pelo audiovisual, nas condições particulares de produção, na práti-
Em síntese, o componente Arte no Ensino Fundamental articu- ca de cada linguagem e nas suas articulações.
la manifestações culturais de tempos e espaços diversos, incluindo 3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e cultu-
o entorno artístico dos alunos e as produções artísticas e culturais rais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que
que lhes são contemporâneas. Do ponto de vista histórico, social e constituem a identidade brasileira –, sua tradição e manifestações
político, propicia a eles o entendimento dos costumes e dos valores contemporâneas, reelaborando--as nas criações em Arte.
constituintes das culturas, manifestados em seus processos e pro- 4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e
dutos artísticos, o que contribui para sua formação integral. a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no
Ao longo do Ensino Fundamental, os alunos devem expandir âmbito da Arte.
seu repertório e ampliar sua autonomia nas práticas artísticas, por 5. Mobilizar recursos tecnológicos como formas de registro,
meio da reflexão sensível, imaginativa e crítica sobre os conteúdos pesquisa e criação artística.
artísticos e seus elementos constitutivos e também sobre as expe- 6. Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e consumo,
riências de pesquisa, invenção e criação. compreendendo, de forma crítica e problematizadora, modos de
Para tanto, é preciso reconhecer a diversidade de saberes, ex- produção e de circulação da arte na sociedade.
periências e práticas artísticas como modos legítimos de pensar, de 7. Problematizar questões políticas, sociais, econômicas, cien-
experienciar e de fruir a Arte, o que coloca em evidência o caráter tíficas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produções,
social e político dessas práticas. intervenções e apresentações artísticas.
Na BNCC de Arte, cada uma das quatro linguagens do compo- 8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho
nente curricular – Artes visuais, Dança, Música e Teatro – constitui coletivo e colaborativo nas artes.
uma unidade temática que reúne objetos de conhecimento e habi- 9. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e interna-
lidades articulados às seis dimensões apresentadas anteriormen- cional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões
te. Além dessas, uma última unidade temática, Artes integradas, de mundo.
explora as relações e articulações entre as diferentes linguagens e
suas práticas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas ARTE NO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS INICIAIS: UNIDA-
tecnologias de informação e comunicação. DES TEMÁTICAS, OBJETOS DE CONHECIMENTO E HABILIDADES
Nessas unidades, as habilidades são organizadas em dois blo- Ao ingressar no Ensino Fundamental – Anos Iniciais, os alunos
cos (1º ao 5º ano e 6º ao 9º ano), com o intuito de permitir que os vivenciam a transição de uma orientação curricular estruturada por
sistemas e as redes de ensino, as escolas e os professores orga- campos de experiências da Educação Infantil, em que as interações,
nizem seus currículos e suas propostas pedagógicas com a devida os jogos e as brincadeiras norteiam o processo de aprendizagem e
adequação aos seus contextos. A progressão das aprendizagens desenvolvimento, para uma organização curricular estruturada por
não está proposta de forma linear, rígida ou cumulativa com re- áreas de conhecimento e componentes curriculares.
lação a cada linguagem ou objeto de conhecimento, mas propõe Nessa nova etapa da Educação Básica, o ensino de Arte deve
um movimento no qual cada nova experiência se relaciona com as assegurar aos alunos a possibilidade de se expressar criativamen-
anteriores e as posteriores na aprendizagem de Arte. te em seu fazer investigativo, por meio da ludicidade, propiciando
Cumpre destacar que os critérios de organização das habilida- uma experiência de continuidade em relação à Educação Infantil.
des na BNCC (com a explicitação dos objetos de conhecimento aos Dessa maneira, é importante que, nas quatro linguagens da
quais se relacionam e do agrupamento desses objetos em unidades Arte – integradas pelas seis dimensões do conhecimento artístico
temáticas) expressam um arranjo possível (dentre outros). Portan- –, as experiências e vivências artísticas estejam centradas nos inte-
to, os agrupamentos propostos não devem ser tomados como mo- resses das crianças e nas culturas infantis.
delo obrigatório para o desenho dos currículos. Tendo em vista o compromisso de assegurar aos alunos o de-
Considerando esses pressupostos, e em articulação com as senvolvimento das competências relacionadas à alfabetização e ao
competências gerais da Educação Básica e as competências especí- letramento, o componente Arte, ao possibilitar o acesso à leitura,
ficas da área de Linguagens, o componente curricular de Arte deve à criação e à produção nas diversas linguagens artísticas, contribui
garantir aos alunos o desenvolvimento de algumas competências para o desenvolvimento de habilidades relacionadas tanto à lingua-
específicas. gem verbal quanto às linguagens não verbais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ARTE NO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS: UNIDADES Cada prática corporal propicia ao sujeito o acesso a uma di-
TEMÁTICAS, OBJETOS DE CONHECIMENTO E HABILIDADES mensão de conhecimentos e de experiências aos quais ele não teria
No Ensino Fundamental – Anos Finais, é preciso assegurar aos de outro modo. A vivência da prática é uma forma de gerar um tipo
alunos a ampliação de suas interações com manifestações artísti- de conhecimento muito particular e insubstituível e, para que ela
cas e culturais nacionais e internacionais, de diferentes épocas e seja significativa, é preciso problematizar, desnaturalizar e eviden-
contextos. ciar a multiplicidade de sentidos e significados que os grupos sociais
Essas práticas podem ocupar os mais diversos espaços da es- conferem às diferentes manifestações da cultura corporal de movi-
cola, espraiando-se para o seu entorno e favorecendo as relações mento. Logo, as práticas corporais são textos culturais passíveis de
com a comunidade. leitura e produção.
Além disso, o diferencial dessa fase está na maior sistematiza- Esse modo de entender a Educação Física permite articulá-la à
ção dos conhecimentos e na proposição de experiências mais di- área de Linguagens, resguardadas as singularidades de cada um dos
versificadas em relação a cada linguagem, considerando as culturas seus componentes, conforme reafirmado nas Diretrizes Curricula-
juvenis. res Nacionais para o Ensino Fundamental de Nove Anos (Resolução
Desse modo, espera-se que o componente Arte contribua com CNE/CEB nº 7/2010)37.
o aprofundamento das aprendizagens nas diferentes linguagens – Na BNCC, cada uma das práticas corporais tematizadas com-
e no diálogo entre elas e com as outras áreas do conhecimento –, põe uma das seis unidades temáticas abordadas ao longo do Ensino
com vistas a possibilitar aos estudantes maior autonomia nas expe- Fundamental. Cabe destacar que a categorização apresentada não
riências e vivências artísticas. tem pretensões de universalidade, pois se trata de um entendimen-
to possível, entre outros, sobre as denominações das (e as fron-
EDUCAÇÃO FÍSICA teiras entre as) manifestações culturais tematizadas na Educação
A Educação Física é o componente curricular que tematiza as Física escolar.
práticas corporais em suas diversas formas de codificação e signi- A unidade temática Brincadeiras e jogos explora aquelas ati-
ficação social, entendidas como manifestações das possibilidades vidades voluntárias exercidas dentro de determinados limites de
expressivas dos sujeitos, produzidas por diversos grupos sociais no tempo e espaço, caracterizadas pela criação e alteração de regras,
decorrer da história. Nessa concepção, o movimento humano está pela obediência de cada participante ao que foi combinado coleti-
sempre inserido no âmbito da cultura e não se limita a um desloca- vamente, bem como pela apreciação do ato de brincar em si. Essas
mento espaço-temporal de um segmento corporal ou de um corpo práticas não possuem um conjunto estável de regras e, portanto,
todo. ainda que possam ser reconhecidos jogos similares em diferentes
épocas e partes do mundo, esses são recriados, constantemente,
Nas aulas, as práticas corporais devem ser abordadas como fe- pelos diversos grupos culturais. Mesmo assim, é possível reconhe-
nômeno cultural dinâmico, diversificado, pluridimensional, singular cer que um conjunto grande dessas brincadeiras e jogos é difun-
e contraditório. Desse modo, é possível assegurar aos alunos a (re) dido por meio de redes de sociabilidade informais, o que permite
construção de um conjunto de conhecimentos que permitam am- denominá-los populares.
pliar sua consciência a respeito de seus movimentos e dos recursos
para o cuidado de si e dos outros e desenvolver autonomia para É importante fazer uma distinção entre jogo como conteúdo
apropriação e utilização da cultura corporal de movimento em di- específico e jogo como ferramenta auxiliar de ensino. Não é raro
versas finalidades humanas, favorecendo sua participação de for- que, no campo educacional, jogos e brincadeiras sejam inventa-
ma confiante e autoral na sociedade. dos com o objetivo de provocar interações sociais específicas en-
É fundamental frisar que a Educação Física oferece uma série tre seus participantes ou para fixar determinados conhecimentos.
de possibilidades para enriquecer a experiência das crianças, jovens O jogo, nesse sentido, é entendido como meio para se aprender
e adultos na Educação Básica, permitindo o acesso a um vasto uni- outra coisa, como no jogo dos “10 passes” quando usado para ensi-
verso cultural. Esse universo compreende saberes corporais, expe- nar retenção coletiva da posse de bola, concepção não adotada na
riências estéticas, emotivas, lúdicas e agonistas, que se inscrevem, organização dos conhecimentos de Educação Física na BNCC. Neste
mas não se restringem, à racionalidade típica dos saberes cientí- documento, as brincadeiras e os jogos têm valor em si e precisam
ficos que, comumente, orienta as práticas pedagógicas na escola. ser organizados para ser estudados. São igualmente relevantes os
Experimentar e analisar as diferentes formas de expressão que não jogos e as brincadeiras presentes na memória dos povos indígenas
se alicerçam apenas nessa racionalidade é uma das potencialida- e das comunidades tradicionais, que trazem consigo formas de con-
des desse componente na Educação Básica. Para além da vivência, viver, oportunizando o reconhecimento de seus valores e formas
a experiência efetiva das práticas corporais oportuniza aos alunos de viver em diferentes contextos ambientais e socioculturais bra-
participar, de forma autônoma, em contextos de lazer e saúde. sileiros.
Há três elementos fundamentais comuns às práticas corporais: Por sua vez, a unidade temática Esportes reúne tanto as mani-
movimento corporal como elemento essencial; organização inter- festações mais formais dessa prática quanto as derivadas. O espor-
na (de maior ou menor grau), pautada por uma lógica específica; te como uma das práticas mais conhecidas da contemporaneidade,
e produto cultural vinculado com o lazer/entretenimento e/ ou o por sua grande presença nos meios de comunicação, caracteriza-se
cuidado com o corpo e a saúde. por ser orientado pela comparação de um determinado desem-
Portanto, entende-se que essas práticas corporais são aquelas penho entre indivíduos ou grupos (adversários), regido por um
realizadas fora das obrigações laborais, domésticas, higiênicas e re- conjunto de regras formais, institucionalizadas por organizações
ligiosas, nas quais os sujeitos se envolvem em função de propósitos (associações, federações e confederações esportivas), as quais de-
específicos, sem caráter instrumental. finem as normas de disputa e promovem o desenvolvimento das
modalidades em todos os níveis de competição. No entanto, es-
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sas características não possuem um único sentido ou somente um campo defendida pelos adversários (gol, cesta, touchdown etc.),
significado entre aqueles que o praticam, especialmente quando o protegendo, simultaneamente, o próprio alvo, meta ou setor do
esporte é realizado no contexto do lazer, da educação e da saúde. campo (basquetebol, frisbee, futebol, futsal, futebol americano,
Como toda prática social, o esporte é passível de recriação por handebol, hóquei sobre grama, polo aquático, rúgbi etc.).
quem se envolve com ele. • Combate: reúne modalidades caracterizadas como disputas
As práticas derivadas dos esportes mantêm, essencialmente, nas quais o oponente deve ser subjugado, com técnicas, táticas e
suas características formais de regulação das ações, mas adaptam estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de
as demais normas institucionais aos interesses dos participantes, um determinado espaço, por meio de combinações de ações de
às características do espaço, ao número de jogadores, ao material ataque e defesa (judô, boxe, esgrima, tae kwon do etc.).
disponível etc. Isso permite afirmar, por exemplo, que, em um jogo
de dois contra dois em uma cesta de basquetebol, os participantes Na unidade temática Ginásticas, são propostas práticas com
estão jogando basquetebol, mesmo não sendo obedecidos os 50 formas de organização e significados muito diferentes, o que leva à
artigos que integram o regulamento oficial da modalidade. necessidade de explicitar a classificação adotada:
Para a estruturação dessa unidade temática, é utilizado um (a) ginástica geral;
modelo de classificação baseado na lógica interna, tendo como (b) ginásticas de condicionamento físico; e
referência os critérios de cooperação, interação com o adversário, (c) ginásticas de conscientização corporal.
desempenho motor e objetivos táticos da ação. Esse modelo pos-
sibilita a distribuição das modalidades esportivas em categorias, A ginástica geral39, também conhecida como ginástica para
privilegiando as ações motoras intrínsecas, reunindo esportes que todos, reúne as práticas corporais que têm como elemento orga-
apresentam exigências motrizes semelhantes no desenvolvimento nizador a exploração das possibilidades acrobáticas e expressivas
de suas práticas. Assim, são apresentadas sete categorias de espor- do corpo, a interação social, o compartilhamento do aprendizado
tes (note-se que as modalidades citadas na descrição das catego- e a não competitividade. Podem ser constituídas de exercícios no
rias servem apenas para facilitar a compreensão do que caracteriza solo, no ar (saltos), em aparelhos (trapézio, corda, fita elástica), de
cada uma das categorias. Portanto, não são prescrições das modali- maneira individual ou coletiva, e combinam um conjunto bem va-
dades a ser obrigatoriamente tematizadas na escola): riado de piruetas, rolamentos, paradas de mão, pontes, pirâmides
• Marca: conjunto de modalidades que se caracterizam por humanas etc. Integram também essa prática os denominados jogos
comparar os resultados registrados em segundos, metros ou qui- de malabar ou malabarismo40.
los (patinação de velocidade, todas as provas do atletismo, remo, As ginásticas de condicionamento físico se caracterizam pela
ciclismo, levantamento de peso etc.). exercitação corporal orientada à melhoria do rendimento, à aquisi-
• Precisão: conjunto de modalidades que se caracterizam por ção e à manutenção da condição física individual ou à modificação
arremessar/lançar um objeto, procurando acertar um alvo espe- da composição corporal. Geralmente, são organizadas em sessões
cífico, estático ou em movimento, comparando-se o número de planejadas de movimentos repetidos, com frequência e intensida-
tentativas empreendidas, a pontuação estabelecida em cada ten- de definidas.
tativa (maior ou menor do que a do adversário) ou a proximidade Podem ser orientadas de acordo com uma população especí-
do objeto arremessado ao alvo (mais perto ou mais longe do que fica, como a ginástica para gestantes, ou atreladas a situações am-
o adversário conseguiu deixar), como nos seguintes casos: bocha, bientais determinadas, como a ginástica laboral.
curling, golfe, tiro com arco, tiro esportivo etc. As ginásticas de conscientização corporal41 reúnem práticas
• Técnico-combinatório: reúne modalidades nas quais o resul- que empregam movimentos suaves e lentos, tal como a recorrência
tado da ação motora comparado é a qualidade do movimento se- a posturas ou à conscientização de exercícios respiratórios, voltados
gundo padrões técnico-combinatórios (ginástica artística, ginástica para a obtenção de uma melhor percepção sobre o próprio corpo.
rítmica, nado sincronizado, patinação artística, saltos ornamentais Algumas dessas práticas que constituem esse grupo têm ori-
etc.). gem em práticas corporais milenares da cultura oriental.
• Rede/quadra dividida ou parede de rebote: reúne modalida- Por sua vez, a unidade temática Danças explora o conjunto das
des que se caracterizam por arremessar, lançar ou rebater a bola práticas corporais caracterizadas por movimentos rítmicos, orga-
em direção a setores da quadra adversária nos quais o rival seja nizados em passos e evoluções específicas, muitas vezes também
incapaz de devolvê-la da mesma forma ou que leve o adversário a integradas a coreografias. As danças podem ser realizadas de forma
cometer um erro dentro do período de tempo em que o objeto do individual, em duplas ou em grupos, sendo essas duas últimas as
jogo está em movimento. Alguns exemplos de esportes de rede são formas mais comuns. Diferentes de outras práticas corporais rítmi-
voleibol, vôlei de praia, tênis de campo, tênis de mesa, badminton e co-expressivas, elas se desenvolvem em codificações particulares,
peteca. Já os esportes de parede incluem pelota basca, raquetebol, historicamente constituídas, que permitem identificar movimentos
squash etc. e ritmos musicais peculiares associados a cada uma delas.
• Campo e taco: categoria que reúne as modalidades que se ca- A unidade temática Lutas42 focaliza as disputas corporais, nas
racterizam por rebater a bola lançada pelo adversário o mais longe quais os participantes empregam técnicas, táticas e estratégias
possível, para tentar percorrer o maior número de vezes as bases específicas para imobilizar, desequilibrar, atingir ou excluir o opo-
ou a maior distância possível entre as bases, enquanto os defen- nente de um determinado espaço, combinando ações de ataque
sores não recuperam o controle da bola, e, assim, somar pontos e defesa dirigidas ao corpo do adversário. Dessa forma, além das
(beisebol, críquete, softbol etc.). lutas presentes no contexto comunitário e regional, podem ser tra-
• Invasão ou territorial: conjunto de modalidades que se carac- tadas lutas brasileiras (capoeira, huka-huka, luta marajoara etc.),
terizam por comparar a capacidade de uma equipe introduzir ou bem como lutas de diversos países do mundo (judô, aikido, jiu-jítsu,
levar uma bola (ou outro objeto) a uma meta ou setor da quadra/ muay thai, boxe, chinese boxing, esgrima, kendo etc.).
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Por fim, na unidade temática Práticas corporais de aventura, (regras, códigos, rituais, sistemáticas de funcionamento, organiza-
exploram-se expressões e formas de experimentação corporal cen- ção, táticas etc.) a essas manifestações, assim como trocam entre si
tradas nas perícias e proezas provocadas pelas situações de impre- e com a sociedade as representações e os significados que lhes são
visibilidade que se apresentam quando o praticante interage com atribuídos. Por essa razão, a delimitação das habilidades privilegia
um ambiente desafiador. Algumas dessas práticas costumam rece- oito dimensões de conhecimento:
ber outras denominações, como esportes de risco, esportes alter- • Experimentação: refere-se à dimensão do conhecimento que
nativos e esportes extremos. Assim como as demais práticas, elas se origina pela vivência das práticas corporais, pelo envolvimento
são objeto também de diferentes classificações, conforme o crité- corporal na realização das mesmas. São conhecimentos que não
rio que se utilize. Neste documento, optou-se por diferenciá-las podem ser acessados sem passar pela vivência corporal, sem que
com base no ambiente de que necessitam para ser realizadas: na sejam efetivamente experimentados. Trata-se de uma possibilida-
natureza e urbanas. As práticas de aventura na natureza se carac- de única de apreender as manifestações culturais tematizadas pela
terizam por explorar as incertezas que o ambiente físico cria para o Educação Física e do estudante se perceber como sujeito “de carne
praticante na geração da vertigem e do risco controlado, como em e osso”. Faz parte dessa dimensão, além do imprescindível acesso
corrida orientada, corrida de aventura, corridas de mountain bike, à experiência, cuidar para que as sensações geradas no momento
rapel, tirolesa, arborismo etc. Já as práticas de aventura urbanas da realização de uma determinada vivência sejam positivas ou, pelo
exploram a “paisagem de cimento” para produzir essas condições menos, não sejam desagradáveis a ponto de gerar rejeição à prática
(vertigem e risco controlado) durante a prática de parkour, skate, em si.
patins, bike etc. • Uso e apropriação: refere-se ao conhecimento que possibili-
Em princípio, todas as práticas corporais podem ser objeto do ta ao estudante ter condições de realizar de forma autônoma uma
trabalho pedagógico em qualquer etapa e modalidade de ensino. determinada prática corporal. Trata-se do mesmo tipo de conheci-
Ainda assim, alguns critérios de progressão do conhecimen- mento gerado pela experimentação (saber fazer), mas dele se di-
to devem ser atendidos, tais como os elementos específicos das ferencia por possibilitar ao estudante a competência43 necessária
diferentes práticas corporais, as características dos sujeitos e os para potencializar o seu envolvimento com práticas corporais no
contextos de atuação, sinalizando tendências de organização dos lazer ou para a saúde. Diz respeito àquele rol de conhecimentos
conhecimentos. Na BNCC, as unidades temáticas de Brincadeiras que viabilizam a prática efetiva das manifestações da cultura cor-
e jogos, Danças e Lutas estão organizadas em objetos de conheci- poral de movimento não só durante as aulas, como também para
mento conforme a ocorrência social dessas práticas corporais, das além delas.
esferas sociais mais familiares (localidade e região) às menos fa- • Fruição: implica a apreciação estética das experiências sen-
miliares (esferas nacional e mundial). Em Ginásticas, a organização síveis geradas pelas vivências corporais, bem como das diferen-
dos objetos de conhecimento se dá com base na diversidade dessas tes práticas corporais oriundas das mais diversas épocas, lugares
práticas e nas suas características. Em Esportes, a abordagem recai e grupos. Essa dimensão está vinculada com a apropriação de um
sobre a sua tipologia (modelo de classificação), enquanto Práticas conjunto de conhecimentos que permita ao estudante desfrutar da
corporais de aventura se estrutura nas vertentes urbana e na na- realização de uma determinada prática corporal e/ou apreciar essa
tureza. e outras tantas quando realizadas por outros.
Ainda que não tenham sido apresentadas como uma das prá- • Reflexão sobre a ação: refere-se aos conhecimentos origina-
ticas corporais organizadoras da Educação Física na BNCC, é impor- dos na observação e na análise das próprias vivências corporais e
tante sublinhar a necessidade e a pertinência dos estudantes do daquelas realizadas por outros. Vai além da reflexão espontânea,
País terem a oportunidade de experimentar práticas corporais no gerada em toda experiência corporal. Trata-se de um ato intencio-
meio líquido, dado seu inegável valor para a segurança pessoal e nal, orientado a formular e empregar estratégias de observação e
seu potencial de fruição durante o lazer. Essa afirmação não se vin- análise para:
cula apenas à ideia de vivenciar e/ou aprender, por exemplo, os (a) resolver desafios peculiares à prática realizada;
esportes aquáticos (em especial, a natação em seus quatro estilos (b) apreender novas modalidades; e
competitivos), mas também à proposta de experimentar “ativida- (c) adequar as práticas aos interesses e às possibilidades pró-
des aquáticas”. São, portanto, práticas centradas na ambientação prios e aos das pessoas com quem compartilha a sua realização.
dos estudantes ao meio líquido que permitem aprender, entre ou-
tros movimentos básicos, o controle da respiração, a flutuação em • Construção de valores: vincula-se aos conhecimentos origi-
equilíbrio, a imersão e os deslocamentos na água. nados em discussões e vivências no contexto da tematização das
Ressalta-se que as práticas corporais na escola devem ser re- práticas corporais, que possibilitam a aprendizagem de valores e
construídas com base em sua função social e suas possibilidades normas voltadas ao exercício da cidadania em prol de uma socie-
materiais. Isso significa dizer que as mesmas podem ser transfor- dade democrática. A produção e partilha de atitudes, normas e
madas no interior da escola. Por exemplo, as práticas corporais de valores (positivos e negativos) são inerentes a qualquer processo
aventura devem ser adaptadas às condições da escola, ocorrendo de socialização. No entanto, essa dimensão está diretamente asso-
de maneira simulada, tomando-se como referência o cenário de ciada ao ato intencional de ensino e de aprendizagem e, portanto,
cada contexto escolar. demanda intervenção pedagógica orientada para tal fim. Por esse
É importante salientar que a organização das unidades temá- motivo, a BNCC se concentra mais especificamente na construção
ticas se baseia na compreensão de que o caráter lúdico está pre- de valores relativos ao respeito às diferenças e no combate aos
sente em todas as práticas corporais, ainda que essa não seja a preconceitos de qualquer natureza. Ainda assim, não se pretende
finalidade da Educação Física na escola. Ao brincar, dançar, jogar, propor o tratamento apenas desses valores, ou fazê-lo só em de-
praticar esportes, ginásticas ou atividades de aventura, para além terminadas etapas do componente, mas assegurar a superação de
da ludicidade, os estudantes se apropriam das lógicas intrínsecas estereótipos e preconceitos expressos nas práticas corporais.
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Análise: está associada aos conceitos necessários para en- COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA O
tender as características e o funcionamento das práticas corporais ENSINO FUNDAMENTAL
(saber sobre). Essa dimensão reúne conhecimentos como a clas- 1. Compreender a origem da cultura corporal de movimento e
sificação dos esportes, os sistemas táticos de uma modalidade, o seus vínculos com a organização da vida coletiva e individual.
efeito de determinado exercício físico no desenvolvimento de uma 2. Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e au-
capacidade física, entre outros. mentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais,
• Compreensão: está também associada ao conhecimento além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural
conceitual, mas, diferentemente da dimensão anterior, refere-se nesse campo.
ao esclarecimento do processo de inserção das práticas corpo- 3. Refletir, criticamente, sobre as relações entre a realização
rais no contexto sociocultural, reunindo saberes que possibilitam das práticas corporais e os processos de saúde/doença, inclusive no
compreender o lugar das práticas corporais no mundo. Em linhas contexto das atividades laborais.
gerais, essa dimensão está relacionada a temas que permitem aos 4. Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho, saú-
estudantes interpretar as manifestações da cultura corporal de mo- de, beleza e estética corporal, analisando, criticamente, os modelos
vimento em relação às dimensões éticas e estéticas, à época e à disseminados na mídia e discutir posturas consumistas e precon-
sociedade que as gerou e as modificou, às razões da sua produção ceituosas.
e transformação e à vinculação local, nacional e global. Por exem- 5. Identificar as formas de produção dos preconceitos, com-
plo, pelo estudo das condições que permitem o surgimento de uma preender seus efeitos e combater posicionamentos discriminató-
determinada prática corporal em uma dada região e época ou os rios em relação às práticas corporais e aos seus participantes.
motivos pelos quais os esportes praticados por homens têm uma 6. Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados
visibilidade e um tratamento midiático diferente dos esportes pra- atribuídos às diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos
ticados por mulheres. que delas participam.
• Protagonismo comunitário: refere-se às atitudes/ações e 7. Reconhecer as práticas corporais como elementos constitu-
conhecimentos necessários para os estudantes participarem de tivos da identidade cultural dos povos e grupos.
forma confiante e autoral em decisões e ações orientadas a demo- 8. Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para po-
cratizar o acesso das pessoas às práticas corporais, tomando como tencializar o envolvimento em contextos de lazer, ampliar as redes
referência valores favoráveis à convivência social. Contempla a de sociabilidade e a promoção da saúde.
reflexão sobre as possibilidades que eles e a comunidade têm (ou 9. Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito do
não) de acessar uma determinada prática no lugar em que moram, cidadão, propondo e produzindo alternativas para sua realização
os recursos disponíveis (públicos e privados) para tal, os agentes no contexto comunitário.
envolvidos nessa configuração, entre outros, bem como as iniciati- 10.Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brinca-
vas que se dirigem para ambientes além da sala de aula, orientadas deiras, jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais
a interferir no contexto em busca da materialização dos direitos de aventura, valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo.
sociais vinculados a esse universo.
EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS INI-
Vale ressaltar que não há nenhuma hierarquia entre essas di- CIAIS: UNIDADES TEMÁTICAS, OBJETOS DE CONHECIMENTO E HA-
mensões, tampouco uma ordem necessária para o desenvolvimen- BILIDADES
to do trabalho no âmbito didático. Cada uma delas exige diferentes Os alunos do Ensino Fundamental – Anos Iniciais possuem mo-
abordagens e graus de complexidade para que se tornem relevan- dos próprios de vida e múltiplas experiências pessoais e sociais, o
tes e significativas. que torna necessário reconhecer a existência de infâncias no plural
Considerando as características dos conhecimentos e das ex- e, consequentemente, a singularidade de qualquer processo esco-
periências próprias da Educação Física, é importante que cada di- lar e sua interdependência com as características da comunidade
mensão seja sempre abordada de modo integrado com as outras, local. É importante reconhecer, também, a necessária continuidade
levando-se em conta sua natureza vivencial, experiencial e subje- às experiências em torno do brincar, desenvolvidas na Educação
tiva. Infantil. As crianças possuem conhecimentos que precisam ser, por
Assim, não é possível operar como se as dimensões pudessem um lado, reconhecidos e problematizados nas vivências escolares
ser tratadas de forma isolada ou sobreposta. com vistas a proporcionar a compreensão do mundo e, por outro,
Cumpre destacar que os critérios de organização das habilida- ampliados de maneira a potencializar a inserção e o trânsito dessas
des na BNCC (com a explicitação dos objetos de conhecimento aos crianças nas várias esferas da vida social.
quais se relacionam e do agrupamento desses objetos em unidades Diante do compromisso com a formação estética, sensível e
temáticas) expressam um arranjo possível (dentre outros). ética, a Educação Física, aliada aos demais componentes curricu-
Portanto, os agrupamentos propostos não devem ser tomados lares, assume compromisso claro com a qualificação para a leitura,
como modelo obrigatório para o desenho dos currículos. a produção e a vivência das práticas corporais. Ao mesmo tempo,
Considerando esses pressupostos, e em articulação com as pode colaborar com os processos de letramento e alfabetização
competências gerais da Educação Básica e as competências especí- dos alunos, ao criar oportunidades e contextos para ler e produzir
ficas da área de Linguagens, o componente curricular de Educação textos que focalizem as distintas experiências e vivências nas práti-
Física deve garantir aos alunos o desenvolvimento de competências cas corporais tematizadas. Para tanto, os professores devem buscar
específicas. formas de trabalho pedagógico pautadas no diálogo, considerando
a impossibilidade de ações uniformes.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Além disso, para aumentar a flexibilidade na delimitação dos usos da língua inglesa no mundo contemporâneo. Nessa proposta,
currículos e propostas curriculares, tendo em vista a adequação às a língua inglesa não é mais aquela do “estrangeiro”, oriundo de paí-
realidades locais, as habilidades de Educação Física para o Ensino ses hegemônicos, cujos falantes servem de modelo a ser seguido,
Fundamental – Anos Iniciais estão sendo propostas na BNCC orga- nem tampouco trata-se de uma variante da língua inglesa. Nessa
nizadas em dois blocos (1º e 2º anos; 3º ao 5º ano) e se referem perspectiva, são acolhidos e legitimados os usos que dela fazem
aos seguintes objetos de conhecimento em cada unidade temática: falantes espalhados no mundo inteiro, com diferentes repertórios
linguísticos e culturais, o que possibilita, por exemplo, questionar a
EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FI- visão de que o único inglês “correto” – e a ser ensinado – é aquele
NAIS: UNIDADES TEMÁTICAS, OBJETOS DE CONHECIMENTO E HA- falado por estadunidenses ou britânicos.
BILIDADES Mais ainda, o tratamento do inglês como língua franca o des-
No Ensino Fundamental – Anos Finais, os estudantes se depa- vincula da noção de pertencimento a um determinado território e,
ram com diversos docentes, o que torna mais complexas as intera- consequentemente, a culturas típicas de comunidades específicas,
ções e a sistemática de estudos. Ainda assim, os alunos nessa fase legitimando os usos da língua inglesa em seus contextos locais. Esse
de escolarização têm maior capacidade de abstração e de acessar entendimento favorece uma educação linguística voltada para a in-
diferentes fontes de informação. Essas características permitem terculturalidade, isto é, para o reconhecimento das (e o respeito às)
aos estudantes maior aprofundamento nos estudos das práticas diferenças, e para a compreensão de como elas são produzidas nas
corporais na escola. diversas práticas sociais de linguagem, o que favorece a reflexão
Nesse contexto, e para aumentar a flexibilidade na delimitação crítica sobre diferentes modos de ver e de analisar o mundo, o(s)
dos currículos e propostas curriculares, tendo em vista a adequação outro(s) e a si mesmo.
às realidades locais, as habilidades de Educação Física para o Ensino A segunda implicação diz respeito à ampliação da visão de le-
Fundamental – Anos Finais, assim como no Ensino Fundamental – tramento, ou melhor, dos multiletramentos, concebida também
Anos Iniciais, estão sendo propostas na BNCC organizadas em dois nas práticas sociais do mundo digital – no qual saber a língua in-
blocos (6º e 7º anos; 8º e 9º anos) e se referem aos seguintes obje- glesa potencializa as possibilidades de participação e circulação
tos de conhecimento, em cada unidade temática. – que aproximam e entrelaçam diferentes semioses e linguagens
(verbal, visual, corporal, audiovisual), em um contínuo processo de
LÍNGUA INGLESA significação contextualizado, dialógico e ideológico. Concebendo a
Aprender a língua inglesa propicia a criação de novas formas língua como construção social, o sujeito “interpreta”, “reinventa”
de engajamento e participação dos alunos em um mundo social os sentidos de modo situado, criando novas formas de identificar e
cada vez mais globalizado e plural, em que as fronteiras entre paí- expressar ideias, sentimentos e valores. Nesse sentido, ao assumir
ses e interesses pessoais, locais, regionais, nacionais e transnacio- seu status de língua franca – uma língua que se materializa em usos
nais estão cada vez mais difusas e contraditórias. Assim, o estudo híbridos, marcada pela fluidez e que se abre para a invenção de
da língua inglesa pode possibilitar a todos o acesso aos saberes lin- novas formas de dizer, impulsionada por falantes pluri/multilíngues
guísticos necessários para engajamento e participação, contribuin- e suas características multiculturais –, a língua inglesa torna-se um
do para o agenciamento crítico dos estudantes e para o exercício bem simbólico para falantes do mundo todo.
da cidadania ativa, além de ampliar as possibilidades de interação Por fim, a terceira implicação diz respeito a abordagens de
e mobilidade, abrindo novos percursos de construção de conheci- ensino. Situar a língua inglesa em seu status de língua franca im-
mentos e de continuidade nos estudos. É esse caráter formativo plica compreender que determinadas crenças – como a de que há
que inscreve a aprendizagem de inglês em uma perspectiva de edu- um “inglês melhor” para se ensinar, ou um “nível de proficiência”
cação linguística, consciente e crítica, na qual as dimensões peda- específico a ser alcançado pelo aluno – precisam ser relativizadas.
gógicas e políticas estão intrinsecamente ligadas. Isso exige do professor uma atitude de acolhimento e legitimação
Ensinar inglês com essa finalidade tem, para o currículo, três de diferentes formas de expressão na língua, como o uso de ain’t
implicações importantes. A primeira é que esse caráter formativo para fazer a negação, e não apenas formas “padrão” como isn’t ou
obriga a rever as relações entre língua, território e cultura, na me- aren’t. Em outras palavras, não queremos tratar esses usos como
dida em que os falantes de inglês já não se encontram apenas nos uma exceção, uma curiosidade local da língua, que foge ao “pa-
países em que essa é a língua oficial. Esse fato provoca uma série drão” a ser seguido. Muito pelo contrário – é tratar usos locais do
de indagações, dentre elas, “Que inglês é esse que ensinamos na inglês e recursos linguísticos a eles relacionados na perspectiva de
escola?”. construção de um repertório linguístico, que deve ser analisado e
Alguns conceitos parecem já não atender as perspectivas de disponibilizado ao aluno para dele fazer uso observando sempre a
compreensão de uma língua que “viralizou” e se tornou “miscige- condição de inteligibilidade na interação linguística. Ou seja, o sta-
nada”, como é o caso do conceito de língua estrangeira, fortemen- tus de inglês como língua franca implica deslocá-la de um modelo
te criticado por seu viés eurocêntrico. Outras terminologias, mais ideal de falante, considerando a importância da cultura no ensino-
recentemente propostas, também provocam um intenso debate -aprendizagem da língua e buscando romper com aspectos relati-
no campo, tais como inglês como língua internacional, como língua vos à “correção”, “precisão” e “proficiência” linguística.
global, como língua adicional, como língua franca, dentre outras. Essas três implicações orientam os eixos organizadores pro-
Em que pese as diferenças entre uma terminologia e outra, suas postos para o componente Língua Inglesa, apresentados a seguir.
ênfases, pontos de contato e eventuais sobreposições, o tratamen- O eixo Oralidade envolve as práticas de linguagem em situa-
to dado ao componente na BNCC prioriza o foco da função social ções de uso oral da língua inglesa, com foco na compreensão (ou
e política do inglês e, nesse sentido, passa a tratá-la em seu status escuta) e na produção oral (ou fala), articuladas pela negociação
de língua franca. O conceito não é novo e tem sido recontextuali- na construção de significados partilhados pelos interlocutores e/
zado por teóricos do campo em estudos recentes que analisam os ou participantes envolvidos, com ou sem contato face a face. As-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sim, as práticas de linguagem oral presenciais, com contato face leituras, corroboram para o desenvolvimento da leitura crítica e
a face – tais como debates, entrevistas, conversas/diálogos, entre para a construção de um percurso criativo e autônomo de aprendi-
outras –, constituem gêneros orais nas quais as características dos zagem da língua.
textos, dos falantes envolvidos e seus “modos particulares de falar Do ponto de vista metodológico, a apresentação de situações
a língua”, que, por vezes, marcam suas identidades, devem ser con- de leitura organizadas em pré-leitura, leitura e pós-leitura deve ser
siderados. Itens lexicais e estruturas linguísticas utilizados, pronún- vista como potencializadora dessas aprendizagens de modo con-
cia, entonação e ritmo empregados, por exemplo, acrescidos de textualizado e significativo para os estudantes, na perspectiva de
estratégias de compreensão (compreensão global, específica e de- um (re) dimensionamento das práticas e competências leitoras já
talhada), de acomodação (resolução de conflitos) e de negociação existentes, especialmente em língua materna.
(solicitação de esclarecimentos e confirmações, uso de paráfrases As práticas de produção de textos propostas no eixo Escrita
e exemplificação) constituem aspectos relevantes na configuração consideram dois aspectos do ato de escrever. Por um lado, enfati-
e na exploração dessas práticas. Em outros contextos, nos quais as zam sua natureza processual e colaborativa. Esse processo envolve
práticas de uso oral acontecem sem o contato face a face – como movimentos ora coletivos, ora individuais, de planejamento-produ-
assistir a filmes e programações via web ou TV ou ouvir músicas ção-revisão, nos quais são tomadas e avaliadas as decisões sobre as
e mensagens publicitárias, entre outras –, a compreensão envol- maneiras de comunicar o que se deseja, tendo em mente aspectos
ve escuta e observação atentas de outros elementos, relacionados como o objetivo do texto, o suporte que lhe permitirá circulação
principalmente ao contexto e aos usos da linguagem, às temáticas social e seus possíveis leitores. Por outro lado, o ato de escrever
e a suas estruturas. é também concebido como prática social e reitera a finalidade da
Além disso, a oralidade também proporciona o desenvolvi- escrita condizente com essa prática, oportunizando aos alunos agir
mento de uma série de comportamentos e atitudes – como arris- com protagonismo.
car-se e se fazer compreender, dar voz e vez ao outro, entender Trata-se, portanto, de uma escrita autoral, que se inicia com
e acolher a perspectiva do outro, superar mal-entendidos e lidar textos que utilizam poucos recursos verbais (mensagens, tirinhas,
com a insegurança, por exemplo. Para o trabalho pedagógico, cabe fotolegendas, adivinhas, entre outros) e se desenvolve para tex-
ressaltar que diferentes recursos midiáticos verbo-visuais (cinema, tos mais elaborados (autobiografias, esquetes, notícias, relatos de
internet, televisão, entre outros) constituem insumos autênticos opinião, chat, fôlder, entre outros), nos quais recursos linguístico-
e significativos, imprescindíveis para a instauração de práticas de -discursivos variados podem ser trabalhados. Essas vivências con-
uso/interação oral em sala de aula e de exploração de campos em tribuem para o desenvolvimento de uma escrita autêntica, criativa
que tais práticas possam ser trabalhadas. e autônoma.
Nessas práticas, que articulam aspectos diversos das lingua- O eixo Conhecimentos linguísticos consolida-se pelas práticas
gens para além do verbal (tais como o visual, o sonoro, o gestual de uso, análise e reflexão sobre a língua, sempre de modo contex-
e o tátil), os estudantes terão oportunidades de vivência e reflexão tualizado, articulado e a serviço das práticas de oralidade, leitura
sobre os usos orais/ oralizados da língua inglesa. e escrita. O estudo do léxico e da gramática, envolvendo formas e
O eixo Leitura aborda práticas de linguagem decorrentes da tempos verbais, estruturas frasais e conectores discursivos, entre
interação do leitor com o texto escrito, especialmente sob o foco outros, tem como foco levar os alunos, de modo indutivo, a desco-
da construção de significados, com base na compreensão e inter- brir o funcionamento sistêmico do inglês. Para além da definição do
pretação dos gêneros escritos em língua inglesa, que circulam nos que é certo e do que é errado, essas descobertas devem propiciar
diversos campos e esferas da sociedade. reflexões sobre noções como “adequação”, “padrão”, “variação lin-
As práticas de leitura em inglês promovem, por exemplo, o de- guística” e “inteligibilidade”, levando o estudante a pensar sobre os
senvolvimento de estratégias de reconhecimento textual (o uso de usos da língua inglesa, questionando, por exemplo:
pistas verbais e não verbais para formulação de hipóteses e infe- “Essa forma de usar o inglês estaria ‘adequada’ na perspectiva
rências) e de investigação sobre as formas pelas quais os contextos de quem?
de produção favorecem processos de significação e reflexão críti- Quem define o que é o ‘correto’ na língua? Quem estaria incluí-
ca/problematização dos temas tratados. do nesses usos da linguagem? Quem estaria silenciado?” De modo
O trabalho com gêneros verbais e híbridos, potencializados contrastivo, devem também explorar relações de semelhança e di-
principalmente pelos meios digitais, possibilita vivenciar, de ma- ferença entre a língua inglesa, a língua portuguesa e outras línguas
neira significativa e situada, diferentes modos de leitura (ler para que porventura os alunos também conheçam. Para além de uma
ter uma ideia geral do texto, buscar informações específicas, com- comparação trivial, com vistas à mera curiosidade, o transitar por
preender detalhes etc.), bem como diferentes objetivos de leitura diferentes línguas pode se constituir um exercício metalinguístico
(ler para pesquisar, para revisar a própria escrita, em voz alta para frutífero, ao mesmo tempo em que dá visibilidade a outras línguas,
expor ideias e argumentos, para agir no mundo, posicionando-se que não apenas o inglês.
de forma crítica, entre outras). Além disso, as práticas leitoras em A proposição do eixo Dimensão intercultural nasce da com-
língua inglesa compreendem possibilidades variadas de contextos preensão de que as culturas, especialmente na sociedade contem-
de uso das linguagens para pesquisa e ampliação de conhecimen- porânea, estão em contínuo processo de interação e (re)constru-
tos de temáticas significativas para os estudantes, com trabalhos ção. Desse modo, diferentes grupos de pessoas, com interesses,
de natureza interdisciplinar ou fruição estética de gêneros como agendas e repertórios linguísticos e culturais diversos, vivenciam,
poemas, peças de teatro etc. em seus contatos e fluxos interacionais, processos de constituição
A vivência em leitura a partir de práticas situadas, envolvendo de identidades abertas e plurais. Este é o cenário do inglês como
o contato com gêneros escritos e multimodais variados, de impor- língua franca, e, nele, aprender inglês implica problematizar os dife-
tância para a vida escolar, social e cultural dos estudantes, bem rentes papéis da própria língua inglesa no mundo, seus valores, seu
como as perspectivas de análise e problematização a partir dessas alcance e seus efeitos nas relações entre diferentes pessoas e po-
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

vos, tanto na sociedade contemporânea quanto em uma perspec- LÍNGUA INGLESA NO ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS:
tiva histórica. Nesse sentido, o tratamento do inglês como língua UNIDADES TEMÁTICAS, OBJETOS DE CONHECIMENTO E HABILI-
franca impõe desafios e novas prioridades para o ensino, entre os DADES
quais o adensamento das reflexões sobre as relações entre língua, A BNCC de Língua Inglesa para o Ensino Fundamental – Anos
identidade e cultura, e o desenvolvimento da competência inter- Finais está organizada por eixos, unidades temáticas, objetos de co-
cultural. nhecimento e habilidades. As unidades temáticas, em sua grande
É imprescindível dizer que esses eixos, embora tratados de for- maioria, repetem-se e são ampliadas as habilidades a elas corres-
ma separada na explicitação da BNCC, estão intrinsecamente liga- pondentes. Para cada unidade temática, foram selecionados obje-
dos nas práticas sociais de usos da língua inglesa e devem ser assim tos de conhecimento e habilidades a ser enfatizados em cada ano
trabalhados nas situações de aprendizagem propostas no contexto de escolaridade (6º, 7º, 8º e 9º anos), servindo de referência para
escolar. a construção dos currículos e planejamentos de ensino, que devem
Em outras palavras, é a língua em uso, sempre híbrida, polifôni- ser complementados e/ou redimensionados conforme as especifi-
ca e multimodal que leva ao estudo de suas características especí- cidades dos contextos locais.
ficas, não devendo ser nenhum dos eixos, sobretudo o de Conheci- Tal opção de apresentação da BNCC permite, por exemplo, que
mentos linguísticos, tratado como pré-requisito para esse uso. determinadas habilidades possam ser trabalhadas em outros anos,
Cumpre destacar que os critérios de organização das habilida- se assim for conveniente e significativo para os estudantes, o que
des na BNCC (com a explicitação dos objetos de conhecimento aos também atende a uma perspectiva de currículo espiralado.
quais se relacionam e do agrupamento desses objetos em unidades
temáticas) expressam um arranjo possível (dentre outros). Portan- O conteúdo na íntegra encontra-se no endereço eletrôni-
to, os agrupamentos propostos não devem ser tomados como mo- co: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
delo obrigatório para o desenho dos currículos. EF_110518_versaofinal_site.pdf
Considerando esses pressupostos, e em articulação com as
competências gerais da Educação Básica e as competências espe-
cíficas da área de Linguagens, o componente curricular de Língua
Inglesa deve garantir aos alunos o desenvolvimento de competên- COMBATE AO BULLYING (LEI Nº 13.185/2015 – INSTITUI O
cias específicas. PROGRAMA DE COMBATE À INTIMIDAÇÃO SISTEMÁTICA)

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LÍNGUA INGLESA PARA O EN-


SINO FUNDAMENTAL Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões inten-
1. Identificar o lugar de si e o do outro em um mundo plurilín- cionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou
gue e multicultural, refletindo, criticamente, sobre como a apren- mais alunos contra um ou mais colegas. O termo bullying tem ori-
dizagem da língua inglesa contribui para a inserção dos sujeitos no gem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Mesmo
mundo globalizado, inclusive no que concerne ao mundo do tra- sem uma denominação em português, é entendido como ameaça,
balho. tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato.
2. Comunicar-se na língua inglesa, por meio do uso variado de “É uma das formas de violência que mais cresce no mundo”,
linguagens em mídias impressas ou digitais, reconhecendo-a como afirma Cléo Fante, educadora e autora do livro Fenômeno Bullying:
ferramenta de acesso ao conhecimento, de ampliação das perspec- Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz(224
tivas e de possibilidades para a compreensão dos valores e interes- págs., Ed. Verus, tel. (19) 4009-6868 ). Segundo a especialista, o
ses de outras culturas e para o exercício do protagonismo social. bullying pode ocorrer em qualquer contexto social, como escolas,
3. Identificar similaridades e diferenças entre a língua inglesa e universidades, famílias, vizinhança e locais de trabalho. O que, à
a língua materna/outras línguas, articulando-as a aspectos sociais, primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode
culturais e identitários, em uma relação intrínseca entre língua, cul- afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa.
tura e identidade. Além de um possível isolamento ou queda do rendimento
4. Elaborar repertórios linguístico-discursivos da língua inglesa, escolar, crianças e adolescentes que passam por humilhações ra-
usados em diferentes países e por grupos sociais distintos dentro cistas, difamatórias ou separatistas podesm apresentar doenças
de um mesmo país, de modo a reconhecer a diversidade linguística psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que influencie
como direito e valorizar os usos heterogêneos, híbridos e multimo- traços da personalidade. Em alguns casos extremos, o bullying che-
dais emergentes nas sociedades contemporâneas. ga a afetar o estado emocional do jovem de tal maneira que ele
5. Utilizar novas tecnologias, com novas linguagens e modos de opte por soluções trágicas, como o suicídio.
interação, para pesquisar, selecionar, compartilhar, posicionar-se e
produzir sentidos em práticas de letramento na língua inglesa, de Nem tudo é bullying.
forma ética, crítica e responsável. Discussões ou brigas pontuais não são bullying. Conflitos en-
6. Conhecer diferentes patrimônios culturais, materiais e ima- tre professor e aluno ou aluno e gestor também não são conside-
teriais, difundidos na língua inglesa, com vistas ao exercício da rados bullying. Para que seja bullying, é necessário que a agressão
fruição e da ampliação de perspectivas no contato com diferentes ocorra entre pares (colegas de classe ou de trabalho, por exemplo).
manifestações artístico-culturais. Todo bullying é uma agressão, mas nem toda a agressão é classifi-
cada como bullying
Para Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e profes-
sora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Cam-
pinas (Unicamp), para ser dada como bullying, a agressão física ou
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

moral deve apresentar quatro características: a intenção do autor Como identificar o alvo do bullying.
em ferir o alvo, a repetição da agressão, a presença de um pú- O alvo costuma ser uma criança ou um jovem com baixa au-
blico espectador e a concordância do alvo com relação à ofensa. toestima e retraído tanto na escola quanto no lar. ‘’Por essas ca-
‘’Quando o alvo supera o motivo da agressão, ele reage ou ignora, racterísticas, dificilmente consegue reagir’’, afirma o pediatra Lauro
desmotivando a ação do autor’’, explica a especialista. Monteiro Filho, fundador da Associação Brasileira Multiprofissional
de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia). Aí é que entra a
O bullying não é um fenômeno recente. questão da repetição no bullying, pois se o aluno procura ajuda, a
O bullying sempre existiu. No entanto, o primeiro a relacionar tendência é que a provocação cesse.
a palavra a um fenômeno foi Dan Olweus, professor da Universida- Além dos traços psicológicos, os alvos desse tipo de violência
de da Noruega, no fim da década de 1970. Ao estudar as tendências costumam apresentar particularidades físicas. As agressões podem
suicidas entre adolescentes, o pesquisador descobriu que a maioria ainda abordar aspectos culturais, étnicos e religiosos.
desses jovens tinha sofrido algum tipo de ameaça e que, portanto, “Também pode ocorrer com um novato ou com uma menina
o bullying era um mal a combater. bonita, que acaba sendo perseguida pelas colegas”, exemplifica
A popularidade do fenômeno cresceu com a influência dos Guilherme Schelb, procurador da República e autor do livro Vio-
meios eletrônicos, como a internet e as reportagens na televisão, lência e Criminalidade Infanto-Juvenil (164 págs., Thesaurus Editora
pois os apelidos pejorativos e as brincadeiras ofensivas foram to- tel. (61) 3344-3738).
mando proporções maiores. “O fato de ter consequências trágicas
- como mortes e suicídios - e a impunidade proporcionaram a ne- Consequências para o aluno que é alvo de bullying.
cessidade de se discutir de forma mais séria o tema”, aponta Gui- O aluno que sofre bullying, principalmente quando não pede
lherme Schelb, procurador da República e autor do livro Violência ajuda, enfrenta medo e vergonha de ir à escola. Pode querer aban-
e Criminalidade Infanto-Juvenil (164 págs., Thesaurus Editora tel. donar os estudos, não se achar bom para integrar o grupo e apre-
(61) 3344-3738). sentar baixo rendimento.
Sozinha, a escola não consegue resolver o problema, mas é Uma pesquisa da Associação Brasileira Multiprofissional de
normalmente nesse ambiente que se demonstram os primeiros si- Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia) revela que 41,6% das
nais de um praticante de bullying. “A tendência é que ele seja assim vítimas nunca procuraram ajuda ou falaram sobre o problema, nem
por toda a vida, a menos que seja tratado”, diz mesmo com os colegas.
As vítimas chegam a concordar com a agressão, de acordo com
O que leva o autor do bullying a praticá-lo. Luciene Tognetta, doutora em Psicologia Escolar e pesquisadora da
Querer ser mais popular, sentir-se poderoso e obter uma boa Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinhas
imagem de si mesmo. Isso tudo leva o autor do bullying a atingir o (Unicamp). O discurso deles segue no seguinte sentido: “Se sou
colega com repetidas humilhações ou depreciações. É uma pessoa gorda, por que vou dizer o contrário?”
que não aprendeu a transformar sua raiva em diálogo e para quem Aqueles que conseguem reagir podem alternar momentos de
o sofrimento do outro não é motivo para ele deixar de agir. Pelo ansiedade e agressividade. Para mostrar que não são covardes ou
contrário, sente-se satisfeito com a opressão do agredido, supondo quando percebem que seus agressores ficaram impunes, os alvos
ou antecipando quão dolorosa será aquela crueldade vivida pela podem escolher outras pessoas mais indefesas e passam a provo-
vítima. cá-las, tornando-se alvo e agressor ao mesmo tempo.

O espectador também participa do bullying. Bullying com agressão física e o bullying com agressão moral.
É comum pensar que há apenas dois envolvidos no conflito: o Ambas as agressões são graves e causam danos ao alvo do
autor e o alvo. Mas os especialistas alertam para esse terceiro per- bullying. Por ter consequências imediatas e facilmente visíveis, a
sonagem responsável pela continuidade do conflito. violência física muitas vezes é considerada mais grave do que um
O espectador típico é uma testemunha dos fatos, pois não sai xingamento ou uma fofoca.
em defesa da vítima nem se junta aos autores. Quando recebe uma ‘’A dificuldade que a escola encontra é justamente porque o
mensagem, não repassa. Essa atitude passiva pode ocorrer por professor também vê uma blusa rasgada ou um material furtado
medo de também ser alvo de ataques ou por falta de iniciativa para como algo concreto. Não percebe que uma exclusão, por exemplo,
tomar partido. é tão dolorida quanto ou até mais’’, explica Telma Vinha, doutora
Também são considerados espectadores os que atuam como em Psicologia Educacional e professora da Faculdade de Educação
plateia ativa ou como torcida, reforçando a agressão, rindo ou di- da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
zendo palavras de incentivo. Eles retransmitem imagens ou fofo- Os jovens também podem repetir esse mesmo raciocínio e a
cas. Geralmente, estão acostumados com a prática, encarando-a escola deve permanecer alerta aos comportamentos moralmente
como natural dentro do ambiente escolar. ‘’O espectador se fecha abusivos.
aos relacionamentos, se exclui porque acha que pode sofrer tam-
bém no futuro. Existe diferença entre o bullying praticado por meninos e por
Se for pela internet, por exemplo, ele ?apenas? repassa a in- meninas?
formação. Mas isso o torna um coautor’’, explica a pesquisadora De modo geral, sim. As ações dos meninos são mais expansi-
Cléo Fante, educadora e autora do livro Fenômeno Bullying: Como vas e agressivas, portanto, mais fáceis de identificar. Eles chutam,
Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz (224 págs., Ed. gritam, empurram, batem.
Verus, tel. (19) 4009-6868). Já no universo feminino o problema se apresenta de forma
mais velada. As manifestações entre elas podem ser fofocas, boa-
tos, olhares, sussurros, exclusão. “As garotas raramente dizem por
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

que fazem isso. Quem sofre não sabe o motivo e se sente culpada”, Mesmo não sendo entendida como bullying, trata-se de uma
explica a pesquisadora norte-americana Rachel Simmons, especia- situação que exige a reflexão sobre o convívio entre membros da
lista em bullying feminino. comunidade escolar. Quando as agressões ocorrem, o problema
Ela conta que as meninas agem dessa maneira porque a ex- está na escola como um todo. Em uma reunião com os educadores,
pectativa da sociedade é de que sejam boazinhas, dóceis e sempre pode-se descobrir se a violência está acontecendo com outras pes-
passivas. Para demonstrar qualquer sentimento contrário, elas uti- soas da equipe para intervir e restabelecer as noções de respeito.
lizam meios mais discretos, mas não menos prejudiciais. “É preciso Se for uma questão pontual, com um professor apenas, é ne-
reconhecer que as garotas também sentem raiva. A agressividade cessário refletir sobre a relação entre o docente e o aluno ou a clas-
é natural no ser humano, mas elas são forçadas a encontrar outros se. ‘’O jovem que faz esse tipo de coisa normalmente quer expor
meios - além dos físicos - para se expressar”, diz Rachel. uma relação com o professor que não está bem. Existem comuni-
dades na internet, por exemplo, que homenageiam os docentes.
O que fazer em sala de aula quando se identifica um caso de Então, se o aluno se sente respeitado pelo professor, qual o motivo
bullying? de agredi-lo?’’, questiona Adriana Ramos, pesquisadora da Univer-
Ao surgir uma situação em sala, a intervenção deve ser imediata. sidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora do curso
“Se algo ocorre e o professor se omite ou até mesmo dá uma risadinha de pós-graduação “As relações interpessoais na escola e a constru-
por causa de uma piada ou de um comentário, vai pelo caminho erra- ção da autonomia moral”, da Universidade de Franca (Unifran).
do. Ele deve ser o primeiro a mostrar respeito e dar o exemplo”, diz O professor é uma autoridade na sala de aula, mas essa autori-
Aramis Lopes Neto, presidente do Departamento Científico de Segu- dade só é legitimada com o reconhecimento dos alunos em uma re-
rança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria. lação de respeito mútua. ‘’O jovem está em processo de formação e
O professor pode identificar os atores do bullying: autores, es- o educador é o adulto do conflito e precisa reagir com dignidade’’,
pectadores e alvos. Claro que existem as brincadeiras entre colegas afirma Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e professo-
no ambiente escolar. Mas é necessário distinguir o limiar entre uma ra da Faculdade de Educação da Unicamp.
piada aceitável e uma agressão. “Isso não é tão difícil como parece.
Basta que o professor se coloque no lugar da vítima. O apelido é O que fazer para evitar o bullying?
engraçado? Mas como eu me sentiria se fosse chamado assim?”, A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância
orienta o pediatra Lauro Monteiro Filho. e Adolescência (Abrapia) sugere as seguintes atitudes para um am-
Veja os conselhos dos especialistas Cléo Fante e José Augusto biente saudável na escola:
Pedra, autores do livro Bullying Escolar (132 págs., Ed. Artmed, tel; - Conversar com os alunos e escutar atentamente reclamações
0800 703 3444): ou sugestões;
- Incentivar a solidariedade, a generosidade e o respeito às di- - Estimular os estudantes a informar os casos;
ferenças por meio de conversas, campanhas de incentivo à paz e à - Reconhecer e valorizar as atitudes da garotada no combate
tolerância, trabalhos didáticos, como atividades de cooperação e ao problema;
interpretação de diferentes papéis em um conflito; - Criar com os estudantes regras de disciplina para a classe em
- Desenvolver em sala de aula um ambiente favorável à comu- coerência com o regimento escolar;
nicação entre alunos; - Estimular lideranças positivas entre os alunos, prevenindo fu-
- Quando um estudante reclamar de algo ou denunciar o turos casos;
bullying, procurar imediatamente a direção da escola. - Interferir diretamente nos grupos, o quanto antes, para que-
brar a dinâmica do bullying.
O papel do professor em conflitos fora da sala de aula.
O professor é um exemplo fundamental de pessoa que não Todo ambiente escolar pode apresentar esse problema. “A es-
resolve conflitos com a violência. Não adianta, porém, pensar que cola que afirma não ter bullying ou não sabe o que é ou está negan-
o bullying só é problema dos educadores quando ocorre do portão do sua existência”, diz o pediatra Lauro Monteiro Filho, fundador
para dentro. É papel da escola construir uma comunidade na qual da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e
todas as relações são respeitosas. Adolescência (Abrapia). O primeiro passo é admitir que a escola é
‘’Deve-se conscientizar os pais e os alunos sobre os efeitos um local passível de bullying. É necessário também informar pro-
das agressões fora do ambiente escolar, como na internet, por fessores e alunos sobre o que é o problema e deixar claro que o
exemplo’’, explica Adriana Ramos, pesquisadora da Universidade estabelecimento não admitirá a prática.
Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora do curso de pós- “A escola não deve ser apenas um local de ensino formal, mas
-graduação ‘’As relações interpessoais na escola e a construção da também de formação cidadã, de direitos e deveres, amizade, coo-
autonomia moral’’, da Universidade de Franca (Unifran). peração e solidariedade. Agir contra o bullying é uma forma barata
‘’A intervenção da escola também precisa chegar ao especta- e eficiente de diminuir a violência entre estudantes e na socieda-
dor, o agente que aplaude a ação do autor é fundamental para a de”, afirma o pediatra.
ocorrência da agressão’’, complementa a especialista.
Como agir com os alunos envolvidos em um caso de bullying?
O professor também é alvo de bullying? O foco deve se voltar para a recuperação de valores essen-
Conceitualmente, não, pois, para ser considerada bullying, é ciais, como o respeito pelo que o alvo sentiu ao sofrer a violência.
necessário que a violência ocorra entre pares, como colegas de A escola não pode legitimar a atuação do autor da agressão nem
classe ou de trabalho. O professor pode, então, sofrer outros tipos humilhá-lo ou puni-lo com medidas não relacionadas ao mal causa-
de agressão, como injúria ou difamação ou até física, por parte de do, como proibi-lo de frequentar o intervalo.
um ou mais alunos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Já o alvo precisa ter a autoestima fortalecida e sentir que está O que fazer em casos extremos de bullying?
em um lugar seguro para falar sobre o ocorrido. “Às vezes, quando A primeira ação deve ser mostrar aos envolvidos que a escola
o aluno resolve conversar, não recebe a atenção necessária, pois não tolera determinado tipo de conduta e por quê. Nesse encon-
a escola não acha o problema grave e deixa passar”, alerta Ara- tro, deve-se abordar a questão da tolerância ao diferente e do res-
mis Lopes, presidente do Departamento Científico de Segurança da peito por todos, inclusive com os pais dos alunos envolvidos.
Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria. Mais agressões ou ações impulsivas entre os envolvidos podem
Ainda é preciso conscientizar o espectador do bullying, que en- ser evitadas com espaços para diálogo. Uma conversa individual
dossa a ação do autor. ‘’Trazer para a aula situações hipotéticas, com cada um funciona como um desabafo e é função do educador
como realizar atividades com trocas de papéis, são ações que aju- mostrar que ninguém está desamparado.
dam a conscientizar toda a turma. ‘’Os alunos e os pais têm a sensação de impotência e a esco-
A exibição de filmes que retratam o bullying, como ‘’As me- la não pode deixá-los abandonados. É mais fácil responsabilizar a
lhores coisas do mundo’’ (Brasil, 2010), da cineasta Laís Bodanzky, família, mas isso não contribui para a resolução de um conflito’’,
também ajudam no trabalho. A partir do momento em que a escola diz Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e professora
fala com quem assiste à violência, ele para de aplaudir e o autor da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas
perde sua fama’’, explica Adriana Ramos, pesquisadora da Universi- (Unicamp).
dade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora do curso de A especialista também aponta que a conversa em conjunto,
pós-graduação ‘’As relações interpessoais na escola e a construção com todos os envolvidos, não pode ser feita em tom de acusação.
da autonomia moral’’, da Universidade de Franca (Unifran). ‘’Deve-se pensar em maneiras de mostrar como o alvo do bullying
se sente com a agressão e chegar a um acordo em conjunto. E, de-
Bullying contra alunos com deficiência pois de alguns dias, vale perguntar novamente como está a relação
Conversar abertamente sobre a deficiência é uma ação que entre os envolvidos’’, explica Telma.
deve ser cotidiana na escola. O bullying contra esse público costu- É também essencial que o trabalho de conscientização seja
ma ser estimulado pela falta de conhecimento sobre as deficiên- feito também com os espectadores do bullying, aqueles que en-
cias, sejam elas físicas ou intelectuais, e, em boa parte, pelo pre- dossam a agressão e os que a assistem passivamente. Sem que a
conceito trazido de casa. plateia entenda quão nociva a violência pode ser, ela se repetirá
De acordo com a psicóloga Sônia Casarin, diretora do S.O.S. em outras ocasiões.
Down - Serviço de Orientação sobre Síndrome de Down, em São
Paulo, é normal os alunos reagirem negativamente diante de uma Bullying na Educação Infantil.
situação desconhecida. Cabe ao educador estabelecer limites para Se houver a intenção de ferir ou humilhar o colega repetidas
essas reações e buscar erradicá-las não pela imposição, mas por vezes caracteriza-se o bullying. Entre as crianças menores, é co-
meio da conscientização e do esclarecimento. mum que as brigas estejam relacionadas às disputas de território,
Não se trata de estabelecer vítimas e culpados quando o assun- de posse ou de atenção - o que não caracteriza o bullying. No en-
to é o bullying. Isso só reforça uma situação polarizada e não ajuda tanto, por exemplo, se uma criança apresentar alguma particulari-
em nada a resolução dos conflitos. Melhor do que apenas culpar dade, como não conseguir segurar o xixi, e os colegas a segregarem
um aluno e vitimar o outro é desatar os nós da tensão por meio por isso ou darem apelidos para ofendê-la constantemente, trata-
do diálogo. A violência começa em tirar do aluno com deficiência -se de um caso de bullying.
o direito de ser um participante do processo de aprendizagem. É “Estudos na Psicologia afirmam que, por volta dos dois anos de
tarefa dos educadores oferecer um ambiente propício para que to- idade, há uma primeira tomada de consciência de ‘quem eu sou’,
dos, especialmente os que têm deficiência, se desenvolvam. Com separada de outros objetos, como a mãe.
respeito e harmonia. E perto dos três anos, as crianças começam a se identificar
como um indivíduo diferente do outro, sendo possível que uma
Como deve ser uma conversa com os pais dos alunos envol- criança seja alvo ou vítima de bullying. Essa conduta, porém, será
vidos no bullying? mais frequentes num momento em que houver uma maior relação
É preciso mediar a conversa e evitar o tom de acusação de entre pares, mais cotidiana’’, explica Adriana Ramos, pesquisadora
ambos os lados. Esse tipo de abordagem não mostra como o outro da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora
se sente ao sofrer bullying. Deve ser sinalizado aos pais que alguns do curso de pós-graduação As relações interpessoais na escola e a
comentários simples, que julgam inofensivos e divertidos, são car- construção da autonomia moral”, da Universidade de Franca (Uni-
regados de ideias preconceituosas. fran).
‘’O ideal é que a questão da reparação da violência passe por
um acordo conjunto entre os envolvidos, no qual todos consigam Quais são as especificidades para lidar com o bullying na Edu-
enxergar em que ponto o alvo foi agredido para, assim, restaurar cação Infantil?
a relação de respeito’’ explica Telma Vinha, professora do Depar- Para evitar o bullying, é preciso que a escola valide os prin-
tamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação da cípios de respeito desde cedo. É comum que as crianças menores
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). briguem com o argumento de não gostar uma das outras, mas o
Muitas vezes, a escola trata de forma inadequada os casos re- educador precisa apontar que todos devem ser respeitados, inde-
latados por pais e alunos, responsabilizando a família pelo proble- pendentemente de se dar bem ou não com uma pessoa, para que
ma. É papel dos educadores sempre dialogar com os pais sobre os essa ideia não persista durante o desenvolvimento da criança.
conflitos - seja o filho alvo ou autor do bullying, pois ambos preci-
sam de ajuda e apoio psicológico.

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Bullying virtual ou cyberbullying Art. 2º Caracteriza-se a intimidação sistemática ( bullying )


É o bullying que ocorre em meios eletrônicos, com mensa- quando há violência física ou psicológica em atos de intimidação,
gens difamatórias ou ameaçadoras circulando por e-mails, sites, humilhação ou discriminação e, ainda:
blogs (os diários virtuais), redes sociais e celulares. É quase uma I - ataques físicos;
extensão do que os alunos dizem e fazem na escola, mas com o II - insultos pessoais;
agravante de que as pessoas envolvidas não estão cara a cara. III - comentários sistemáticos e apelidos pejorativos;
Dessa forma, o anonimato pode aumentar a crueldade dos IV - ameaças por quaisquer meios;
comentários e das ameaças e os efeitos podem ser tão graves ou V - grafites depreciativos;
piores. “O autor, assim como o alvo, tem dificuldade de sair de seu VI - expressões preconceituosas;
papel e retomar valores esquecidos ou formar novos”, explica Lu- VII - isolamento social consciente e premeditado;
ciene Tognetta, doutora em Psicologia Escolar e pesquisadora do VIII - pilhérias.
Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Educa- Parágrafo único. Há intimidação sistemática na rede mundial
ção da Universidade Estadual de Campinhas (Unicamp). de computadores ( cyberbullying ), quando se usarem os instru-
Esse tormento que é a agressão pela internet faz com que a mentos que lhe são próprios para depreciar, incitar a violência,
criança e o adolescente humilhados não se sintam mais seguros em adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de
lugar algum, em momento algum. Marcelo Coutinho, especialista constrangimento psicossocial.
no tema e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), diz que es- Art. 3º A intimidação sistemática ( bullying ) pode ser classifica-
ses estudantes não percebem as armadilhas dos relacionamentos da, conforme as ações praticadas, como:
digitais. “Para eles, é tudo real, como se fosse do jeito tradicional, I - verbal: insultar, xingar e apelidar pejorativamente;
tanto para fazer amigos como para comprar, aprender ou combinar II - moral: difamar, caluniar, disseminar rumores;
um passeio.” III - sexual: assediar, induzir e/ou abusar;
IV - social: ignorar, isolar e excluir;
Como lidar com o cyberbullying? V - psicológica: perseguir, amedrontar, aterrorizar, intimidar,
. Trabalhar com a ideia de que nem sempre se consegue apagar dominar, manipular, chantagear e infernizar;
aquilo que foi para a rede dá à turma a noção de como as piadas VI - físico: socar, chutar, bater;
ou as provocações não são inofensivas. ‘’O que chamam de brinca- VII - material: furtar, roubar, destruir pertences de outrem;
deira pode destruir a vida do outro. É também responsabilidade da VIII - virtual: depreciar, enviar mensagens intrusivas da intimi-
escola abrir espaço para discutir o fenômeno’’, afirma Telma Vinha, dade, enviar ou adulterar fotos e dados pessoais que resultem em
doutora em Psicologia Educacional e professora da Faculdade de sofrimento ou com o intuito de criar meios de constrangimento psi-
Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). cológico e social.
Caso o bullying ocorra, é preciso deixar evidente para crianças Art. 4º Constituem objetivos do Programa referido no caput
e adolescentes que eles podem confiar nos adultos que os cercam do art. 1º :
para contar sobre os casos sem medo de represálias, como a proi- I - prevenir e combater a prática da intimidação sistemática (
bição de redes sociais ou celulares, uma vez que terão a certeza bullying ) em toda a sociedade;
de que vão encontrar ajuda. ‘’Mas, muitas vezes, as crianças não II - capacitar docentes e equipes pedagógicas para a implemen-
recorrem aos adultos porque acham que o problema só vai piorar tação das ações de discussão, prevenção, orientação e solução do
com a intervenção punitiva’’, explica a especialista.15 problema;
III - implementar e disseminar campanhas de educação, cons-
cientização e informação;
LEI Nº 13.185, DE 6 DE NOVEMBRO DE 2015 IV - instituir práticas de conduta e orientação de pais, familia-
res e responsáveis diante da identificação de vítimas e agressores;
Institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática ( V - dar assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos
Bullying ). agressores;
VI - integrar os meios de comunicação de massa com as escolas
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- e a sociedade, como forma de identificação e conscientização do
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: problema e forma de preveni-lo e combatê-lo;
VII - promover a cidadania, a capacidade empática e o respeito
Art. 1º Fica instituído o Programa de Combate à Intimidação a terceiros, nos marcos de uma cultura de paz e tolerância mútua;
Sistemática ( Bullying ) em todo o território nacional. VIII - evitar, tanto quanto possível, a punição dos agressores,
§ 1º No contexto e para os fins desta Lei, considera-se intimi- privilegiando mecanismos e instrumentos alternativos que promo-
dação sistemática ( bullying ) todo ato de violência física ou psico- vam a efetiva responsabilização e a mudança de comportamento
lógica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, hostil;
praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com IX - promover medidas de conscientização, prevenção e com-
o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à bate a todos os tipos de violência, com ênfase nas práticas recor-
vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes rentes de intimidação sistemática ( bullying ), ou constrangimento
envolvidas. físico e psicológico, cometidas por alunos, professores e outros pro-
§ 2º O Programa instituído no caput poderá fundamentar as fissionais integrantes de escola e de comunidade escolar.
ações do Ministério da Educação e das Secretarias Estaduais e Mu- Art. 5º É dever do estabelecimento de ensino, dos clubes e das
nicipais de Educação, bem como de outros órgãos, aos quais a ma- agremiações recreativas assegurar medidas de conscientização,
téria diz respeito. prevenção, diagnose e combate à violência e à intimidação siste-
15 Fonte: www.novaescola.org.br
mática ( bullying ).
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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 6º Serão produzidos e publicados relatórios bimestrais das A instituição familiar é a base da sociedade, sendo indispensá-
ocorrências de intimidação sistemática ( bullying ) nos Estados e vel à organização social, conforme preceitua o art. 226 da CR/88.
Municípios para planejamento das ações. Não sendo regra, mas os adolescentes correm maior risco quando
Art. 7º Os entes federados poderão firmar convênios e esta- fazem parte de famílias desestruturadas ou violentas.
belecer parcerias para a implementação e a correta execução dos Cabe aos pais o dever de sustento, guarda e educação dos fi-
objetivos e diretrizes do Programa instituído por esta Lei. lhos, não constituindo motivo de escusa a falta ou a carência de
Art. 8º Esta Lei entra em vigor após decorridos 90 (noventa) recursos materiais, sob pena da perda ou a suspensão do pátrio
dias da data de sua publicação oficial. poder.
Caso a família natural, comunidade formada pelos pais ou
qualquer deles e seus descendentes, descumpra qualquer de suas
obrigações, a criança ou adolescente serão colocados em família
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – LEI FEDERAL substituta mediante guarda, tutela ou adoção.
Nº 8.069/90: ARTIGOS 1º AO 6º; 15 AO 18-B; 53 AO 59; 131 Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado
AO 137 no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta,
assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre
da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecen-
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei federal tes.
(8.069 promulgada em julho de 1990), que trata sobre os direitos Por tal razão que a responsabilidade dos pais é enorme no de-
das crianças e adolescentes em todo o Brasil. senvolvimento familiar e dos filhos, cujo objetivo é manter ao má-
Trata-se de um ramo do direito especializado, dividido em par- ximo a estabilidade emocional, econômica e social.
tes geral e especial, onde a primeira traça, como as demais codifica- A perda de valores sociais, ao longo do tempo, também são fa-
ções existentes, os princípios norteadores do Estatuto. Já a segunda tores que interferem diretamente no desenvolvimento das crianças
parte estrutura a política de atendimento, medidas, conselho tute- e adolescentes, visto que não permanecem exclusivamente inseri-
lar, acesso jurisdicional e apuração de atos infracionais. dos na entidade familiar.
A partir do Estatuto, crianças e adolescentes brasileiros, sem Por isso é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou
distinção de raça, cor ou classe social, passaram a ser reconhecidos violação dos direitos das crianças e dos adolescentes. Tanto que
como sujeitos de direitos e deveres, considerados como pessoas em cabe a sociedade, família e ao poder público proibir a venda e co-
desenvolvimento a quem se deve prioridade absoluta do Estado. mercialização à criança e ao adolescente de armas, munições e
O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos, explosivos, bebida alcoólicas, drogas, fotos de artifício, revistas de
proporcionando a eles um desenvolvimento físico, mental, moral e conteúdo adulto e bilhetes lotéricos ou equivalentes.
social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade e Cada município deverá haver, no mínimo, um Conselho Tutelar
da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade. composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local, re-
O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à gularmente eleitos e empossados, encarregado pela sociedade de
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.
respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para me-
O Conselho Tutelar é uma das entidades públicas competen-
ninos e meninas, e também aborda questões de políticas de aten-
tes a salvaguardar os direitos das crianças e dos adolescentes nas
dimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre
hipóteses em que haja desrespeito, inclusive com relação a seus
outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados
pais e responsáveis, bem como aos direitos e deveres previstos na
à Constituição da República de 1988.
legislação do ECA e na Constituição. São deveres dos Conselheiros
Para o Estatuto, considera-se criança a pessoa de até doze
Tutelares:
anos de idade incompletos, e adolescente aquela compreendida
1. Atender crianças e adolescentes e aplicar medidas de pro-
entre doze e dezoito anos. Entretanto, aplica-se o estatuto, excep-
cionalmente, às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade, teção.
em situações que serão aqui demonstradas. 2. Atender e aconselhar os pais ou responsável e aplicar medi-
Dispõe, ainda, que nenhuma criança ou adolescente será ob- das pertinentes previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente.
jeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, 3. Promover a execução de suas decisões, podendo requisitar
violência, crueldade e opressão, por qualquer pessoa que seja, de- serviços públicos e entrar na Justiça quando alguém, injustificada-
vendo ser punido qualquer ação ou omissão que atente aos seus mente, descumprir suas decisões.
direitos fundamentais. Ainda, no seu artigo 7º, disciplina que a 4. Levar ao conhecimento do Ministério Público fatos que o
criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, Estatuto tenha como infração administrativa ou penal.
mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam 5. Encaminhar à Justiça os casos que a ela são pertinentes.
o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condi- 6. Tomar providências para que sejam cumpridas as medidas
ções dignas de existência. sócio-educativas aplicadas pela Justiça a adolescentes infratores.
As medidas protetivas adotadas pelo ECA são para salvaguar- 7. Expedir notificações em casos de sua competência.
dar a família natural ou a família substituta, sendo está ultima pela 8. Requisitar certidões de nascimento e de óbito de crianças e
guarda, tutela ou adoção. A guarda obriga a prestação de assis- adolescentes, quando necessário.
tência material, moral e educacional, a tutela pressupõe todos os 9. Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da pro-
deveres da guarda e pode ser conferida a pessoa de até 21 anos posta orçamentaria para planos e programas de atendimento dos
incompletos, já a adoção atribui condição de filho, com mesmos direitos da criança e do adolescente.
direito e deveres, inclusive sucessórios.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

10. Entrar na Justiça, em nome das pessoas e das famílias, para 6) Internação por tempo indeterminado – medida mais extre-
que estas se defendam de programas de rádio e televisão que con- ma do Estatuto da Criança e do Adolescente devido à privação total
trariem princípios constitucionais bem como de propaganda de da liberdade. Aplicada em casos mais graves e em caráter excep-
produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao cional.
meio ambiente. Antes da sentença, a internação somente pode ser determina-
11. Levar ao Ministério Público casos que demandam ações ju- da pelo prazo máximo de 45 dias, mediante decisão fundamentada
diciais de perda ou suspensão do pátrio poder. baseada em fortes indícios de autoria e materialidade do ato infra-
12. Fiscalizar as entidades governamentais e não-governamen- cional.
tais que executem programas de proteção e socioeducativos. Nessa vertente, as entidades que desenvolvem programas de
internação têm a obrigação de:
Considerando que todos têm o dever de zelar pela dignidade 1) Observar os direitos e garantias de que são titulares os ado-
da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer trata- lescentes;
mento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constran- 2) Não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de
gedor, havendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra restrição na decisão de internação,
alguma criança ou adolescente, serão obrigatoriamente comunica- 3) Preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e
dos ao Conselho Tutelar para providências cabíveis. dignidade ao adolescente,
Ainda com toda proteção às crianças e aos adolescentes, a de- 4) Diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação
linquência é uma realidade social, principalmente nas grandes cida- dos vínculos familiares,
des, sem previsão de término, fazendo com que tenha tratamento 5) Oferecer instalações físicas em condições adequadas, e toda
diferenciado dos crimes praticados por agentes imputáveis. infraestrutura e cuidados médicos e educacionais, inclusive na área
Os crimes praticados por adolescentes entre 12 e 18 anos de lazer e atividades culturais e desportivas.
incompletos são denominados atos infracionais passíveis de apli- 6) Reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo
cação de medidas socioeducativas. Os dispositivos do Estatuto da de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade compe-
Criança e do Adolescente disciplinam situações nas quais tanto o tente.
responsável, quanto o menor devem ser instados a modificarem
atitudes, definindo sanções para os casos mais graves. Uma vez aplicada as medidas socioeducativas podem ser im-
Nas hipóteses do menor cometer ato infracional, cuja conduta plementadas até que sejam completados 18 anos de idade. Contu-
sempre estará descrita como crime ou contravenção penal para os do, o cumprimento pode chegar aos 21 anos de idade nos casos de
imputáveis, poderão sofrer sanções específicas aquelas descritas internação, nos termos do art. 121, §5º do ECA.
no estatuto como medidas socioeducativas. Assim como no sistema penal tradicional, as sanções previstas
Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, mas res- no Estatuto da Criança e do Adolescente apresentam preocupação
pondem pela prática de ato infracional cuja sanção será desde a com a reeducação e a ressocialização dos menores infratores.
adoção de medida protetiva de encaminhamento aos pais ou res- Antes de iniciado o procedimento de apuração do ato infra-
ponsável, orientação, apoio e acompanhamento, matricula e frequ- cional, o representante do Ministério Público poderá conceder o
ência em estabelecimento de ensino, inclusão em programa de au- perdão (remissão), como forma de exclusão do processo, se atendi-
xílio à família, encaminhamento a tratamento médico, psicológico do às circunstâncias e consequências do fato, contexto social, per-
ou psiquiátrico, abrigo, tratamento toxicológico e, até, colocação sonalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no
em família substituta. ato infracional.
Já o adolescente entre 12 e 18 anos incompletos (inimputáveis) Por fim, o Estatuto da Criança e do Adolescente institui medi-
que pratica algum ato infracional, além das medidas protetivas já das aplicáveis aos pais ou responsáveis de encaminhamento a pro-
descritas, a autoridade competente poderá aplicar medida socioe- grama de proteção a família, inclusão em programa de orientação
ducativa de acordo com a capacidade do ofensor, circunstâncias do a alcoólatras e toxicômanos, encaminhamento a tratamento psi-
fato e a gravidade da infração, são elas: cológico ou psiquiátrico, encaminhamento a cursos ou programas
1) Advertências – admoestação verbal, reduzida a termo e assi- de orientação, obrigação de matricular e acompanhar o aproveita-
nada pelos adolescentes e genitores sob os riscos do envolvimento mento escolar do menor, advertência, perda da guarda, destituição
em atos infracionais e sua reiteração, da tutela e até suspensão ou destituição do pátrio poder.
2) Obrigação de reparar o dano – caso o ato infracional seja O importante é observar que as crianças e os adolescentes não
passível de reparação patrimonial, compensando o prejuízo da ví- podem ser considerados autênticas propriedades de seus genito-
tima, res, visto que são titulas de direitos humanos como quaisquer pes-
3) Prestação de serviços à comunidade – tem por objetivo soas, dotados de direitos e deveres como demonstrado.
conscientizar o menor infrator sobre valores e solidariedade social, A implantação integral do ECA sofre grande resistência de par-
4) Liberdade assistida – medida de grande eficácia para o en- te da sociedade brasileira, que o considera excessivamente pater-
fretamento da prática de atos infracionais, na medida em que atua nalista em relação aos atos infracionais cometidos por crianças e
juntamente com a família e o controle por profissionais (psicólogos adolescentes, uma vez que os atos infracionais estão ficando cada
e assistentes sociais) do Juizado da Infância e Juventude, vez mais violentos e reiterados.
5) Semiliberdade – medida de média extremidade, uma vez Consideram, ainda, que o estatuto, que deveria proteger e
que exigem dos adolescentes infratores o trabalho e estudo duran- educar a criança e o adolescente, na prática, acaba deixando-os
te o dia, mas restringe sua liberdade no período noturno, mediante sem nenhum tipo de punição ou mesmo ressocialização, bem como
recolhimento em entidade especializada é utilizado por grupos criminosos para livrar-se de responsabilida-
des criminais fazendo com que adolescentes assumam a culpa.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Cabe ao Estado zelas para que as crianças e adolescentes se acompanhamento através de protocolo ou outro instrumento de
desenvolvam em condições sociais que favoreçam a integridade detecção de risco. Esse acompanhamento se dará em consulta pe-
física, liberdade e dignidade. Contudo, não se pode atribuir tal res- diátrica. Por meio de exames poderá ser detectado precocemente,
ponsabilidade apenas a uma suposta inaplicabilidade do estatuto por exemplo, o transtorno do espectro autista, o que permitirá um
da criança e do adolescente, uma vez que estes nada mais são do melhor acompanhamento no desenvolvimento futuro da criança.
que o produto da entidade familiar e da sociedade, as quais têm
importância fundamental no comportamento dos mesmos.16 Lei nº 13.440, de 8 de maio de 2017 – Aumento na penali-
zação de crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes
Últimas alterações no ECA Esta lei promoveu a inclusão de mais uma penalidade no artigo
244-A do ECA. A pena previa reclusão de quatro a dez anos e multa
As mais recentes: nos crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes. Agora
São quatro os pontos modificados no ECA durante a atual ad- o texto está acrescido de perda de bens e que os valores advindos
ministração: dessas práticas serão revertidos em favor do Fundo dos Direitos
- A instituição da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez da Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou
na Adolescência, na lei nº 13.798, de 3 de janeiro de 2019; Distrito Federal) em que foi cometido o crime.
- A criação do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas - na
lei nº 13.812, de 16 de março 2019; Lei nº 13.441, de 8 de maio de 2017 - Prevê a infiltração de
- A mudança na idade mínima para que uma criança ou adoles- agentes de polícia na internet com o fim de investigar crimes con-
cente possa viajar sem os pais ou responsáveis e sem autorização tra a dignidade sexual de criança e de adolescente
judicial, passando de 12 para 16 anos - na mesma lei nº 13.812; Esta lei prevê a infiltração policial virtual no combate aos cri-
- A mudança na lei sobre a reeleição dos conselheiros tutelares, mes contra a dignidade sexual de vulneráveis. A nova lei acrescen-
que agora podem ser reeleitos por vários mandatos consecutivos, tou ao ECA os artigos 190-A a 190-E e normatizou a investigação em
em vez de apenas uma vez - lei 13.824, de 9 de maio 2019. meio cibernético.

Lei nº 13.509/17, publicada em 22 de novembro de 2017 al- Revogação do artigo 248 que versava sobre trabalho domés-
tera o ECA ao estabelecer novos prazos e procedimentos para o tico de adolescentes
trâmite dos processos de adoção, além de prever novas hipóteses Foi revogado o artigo 248 do ECA que possibilitava a regula-
de destituição do poder familiar, de apadrinhamento afetivo e dis- rização da guarda de adolescentes para o serviço doméstico. A
ciplinar a entrega voluntária de crianças e adolescentes à adoção. Constituição Brasileira proíbe o trabalho infantil, mas este artigo
estabelecia prazo de cinco dias para que o responsável, ou novo
Lei Federal nº 13.431/2017 – Lei da Escuta Protegida guardião, apresentasse à Vara de Justiça de sua cidade ou comarca
Esta lei estabelece novas diretrizes para o atendimento de o adolescente trazido de outra localidade para prestação de serviço
crianças ou adolescentes vítimas ou testemunhas de violências, doméstico, o que, segundo os autores do projeto de lei que resul-
e que frequentemente são expostos a condutas profissionais não tou na revogação do artigo, abria espaço para a regularização do
qualificadas, sendo obrigados a relatar por várias vezes, ou para trabalho infantil ilegal.
pessoas diferentes, violências sofridas, revivendo desnecessaria-
mente seu drama. Lei 13.306 de 2016 publicada no dia 04 de julho, alterou o Es-
Denominada “Lei da Escuta Protegida”, essa lei tem como ob- tatuto da Criança e do Adolescente fixando em cinco anos a idade
jetivo a proteção de crianças e adolescentes após a revelação da máxima para o atendimento na educação infantil.17
violência sofrida, promovendo uma escuta única nos serviços de O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei federal
atendimento e criando um protocolo de atendimento a ser adota- (8.069 promulgada em julho de 1990), que trata sobre os direitos
do por todos os órgãos do Sistema de Garantia de Direitos. das crianças e adolescentes em todo o Brasil.
Trata-se de um ramo do direito especializado, dividido em par-
Lei 13.436, de 12 de abril de 2017 - Garantia do direito a acom- tes geral e especial, onde a primeira traça, como as demais codifica-
panhamento e orientação à mãe com relação à amamentação ções existentes, os princípios norteadores do Estatuto. Já a segunda
Esta lei introduziu no artigo 10 do ECA uma responsabilidade parte estrutura a política de atendimento, medidas, conselho tute-
adicional para os hospitais e demais estabelecimentos de atenção lar, acesso jurisdicional e apuração de atos infracionais.
à saúde de gestantes, públicos e particulares: daqui em diante eles Na presente Lei estão dispostos os procedimentos de adoção
estão obrigados a acompanhar a prática do processo de amamen- (Livro I, capítulo V), a aplicação de medidas socioeducativas (Livro
tação, prestando orientações quanto à técnica adequada, enquan- II, capítulo II), do Conselho Tutelar (Livro II, capítulo V), e também
to a mãe permanecer na unidade hospitalar. dos crimes cometidos contra crianças e adolescentes.
O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos,
Lei 13.438, de 26 de abril de 2017 – Protocolo de Avaliação de proporcionando a eles um desenvolvimento físico, mental, moral e
riscos para o desenvolvimento psíquico das crianças social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade e
Esta lei determina que o Sistema Único de Saúde (SUS) será da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade.
obrigado a adotar protocolo com padrões para a avaliação de riscos O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à
ao desenvolvimento psíquico de crianças de até 18 meses de ida- educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
de. A lei estabelece que crianças de até 18 meses de idade façam respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para me-
16 Fonte: www.ambito-juridico.com.br – Texto adaptado de Cláudia Mara de ninos e meninas, e também aborda questões de políticas de aten-
Almeida Rabelo Viegas / Cesar Leandro de Almeida Rabelo 17 Fonte: www.equipeagoraeupasso.com.br/www.g1.globo.com
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dimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qual-
outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados quer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
à Constituição da República de 1988. crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado,
por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
Dispõe a Lei 8.069/1990 que nenhuma criança ou adolescente Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins
será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, ex- sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos
ploração, violência, crueldade e opressão, por qualquer pessoa que e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e
seja, devendo ser punido qualquer ação ou omissão que atente aos do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
seus direitos fundamentais.
TÍTULO II
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
CAPÍTULO II
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE
outras providências.
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Na- respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de de-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: senvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais
garantidos na Constituição e nas leis.
TÍTULO I Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspec-
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES tos:
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitá-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao rios, ressalvadas as restrições legais;
adolescente. II - opinião e expressão;
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa III - crença e culto religioso;
até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
doze e dezoito anos de idade. V - participar da vida familiar e comunitária, sem discrimina-
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excep- ção;
cionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um VI - participar da vida política, na forma da lei;
anos de idade. VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da prote- integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente,
ção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autono-
por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de mia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do
social, em condições de liberdade e de dignidade. adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano,
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nasci- Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educa-
mento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou dos e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel
crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e apren- ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou
dizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família
moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores
a comunidade em que vivem.(incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela
geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a Lei nº 13.010, de 2014)
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: (Incluído
à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à pela Lei nº 13.010, de 2014)
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e co- I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva apli-
munitária. cada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer cir- a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
cunstâncias; b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de re- II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de
levância pública; tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: (Incluído
c) preferência na formulação e na execução das políticas so- pela Lei nº 13.010, de 2014)
ciais públicas; a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas rela- b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de
cionadas com a proteção à infância e à juventude. 2014)
c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os res- VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições
ponsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioedu- do adolescente trabalhador;
cativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de VII - atendimento no ensino fundamental, através de progra-
adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem mas suplementares de material didático-escolar, transporte, ali-
castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de mentação e assistência à saúde.
correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público
sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes me- subjetivo.
didas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: (In- § 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder pú-
cluído pela Lei nº 13.010, de 2014) blico ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autorida-
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de pro- de competente.
teção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) § 3º Compete ao poder público recensear os educandos no en-
sino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; responsável, pela frequência à escola.
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino funda-
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especiali- mental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
zado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgo-
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão apli- tados os recursos escolares;
cadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências III - elevados níveis de repetência.
legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e
novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, meto-
CAPÍTULO IV dologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório.
LAZER Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores
culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da crian-
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, vi- ça e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e
sando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o o acesso às fontes de cultura.
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, asseguran- Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, esti-
do-se-lhes: mularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para pro-
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es- gramações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância
cola; e a juventude.
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer TÍTULO V
às instâncias escolares superiores; DO CONSELHO TUTELAR
IV - direito de organização e participação em entidades estu-
dantis; CAPÍTULO I
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residên- DISPOSIÇÕES GERAIS
cia, garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que
frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica. Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo,
(Redação dada pela Lei nº 13.845, de 2019) não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumpri-
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência mento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
do processo pedagógico, bem como participar da definição das pro- Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrati-
postas educacionais. va do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar
Art. 53-A.É dever da instituição de ensino, clubes e agremia- como órgão integrante da administração pública local, composto
ções recreativas e de estabelecimentos congêneres assegurar me- de 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para manda-
didas de conscientização, prevenção e enfrentamento ao uso ou to de 4 (quatro) anos, permitida recondução por novos processos
dependência de drogas ilícitas.(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) de escolha.(Redação dada pela Lei nº 13.824, de 2019)
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar,
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os serão exigidos os seguintes requisitos:
que a ele não tiveram acesso na idade própria; I - reconhecida idoneidade moral;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao II - idade superior a vinte e um anos;
ensino médio; III - residir no município.
III - atendimento educacional especializado aos portadores de Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o
a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016) direito a: (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696, de
criação artística, segundo a capacidade de cada um; 2012)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser
(um terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído pela Lei nº revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo
12.696, de 2012) interesse.
III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e da CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ARTIGOS 205, 206; 208 A 214
do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao funciona-
mento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação continu-
ada dos conselheiros tutelares. (Redação dada pela Lei nº 12.696, Educação, Cultura e Desporto
de 2012)
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro consti- • Educação
tuirá serviço público relevante e estabelecerá presunção de idonei- A educação é tratada nos artigos 205 a 214, da Constituição.
dade moral. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012) Constituindo-se em um direito de todos e um dever do Estado e da
família, a educação visa ao desenvolvimento da pessoa, seu prepa-
CAPÍTULO II ro para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO
Organização dos Sistemas de Ensino
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: Prevê o Art. 211, da CF, que: A União, os Estados, o Distrito Fe-
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas deral e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus
nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a sistemas de ensino.
VII;
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as
medidas previstas no art. 129, I a VII; ENTE FEDERADO ÂMBITO DE ATUAÇÃO
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tan- (PRIORITÁRIA)
to: União Ensino superior e técnico
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação,
serviço social, previdência, trabalho e segurança; Estados e DF Ensino fundamental e médio
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de des- Municípios Educação infantil e ensino
cumprimento injustificado de suas deliberações. fundamental
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que cons-
titua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:Zf8RGtlp-
ou adolescente; QiwJ:https://www.grancursosonline.com.br/download-demonstrativo/
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua compe- download-aula-pdf-demo/codigo/47mLWGgdrdc%253D+&cd=3&hl=p-
tência; t-BR&ct=clnk&gl=br
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judi-
ciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente CAPÍTULO III
autor de ato infracional; DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
VII - expedir notificações;
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança SEÇÃO I
ou adolescente quando necessário; DA EDUCAÇÃO
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da pro-
posta orçamentária para planos e programas de atendimento dos
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da
direitos da criança e do adolescente;
família, será promovida e incentivada com a colaboração da socie-
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a viola-
dade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo
ção dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Federal;
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes prin-
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de
cípios:
perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibili-
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es-
dades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família
natural. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cola;
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profis- II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pen-
sionais, ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento samento, a arte e o saber;
de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes. (Incluído III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexis-
pela Lei nº 13.046, de 2014) tência de instituições públicas e privadas de ensino;
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conse- IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
lho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar, V - valorização dos profissionais da educação escolar, garanti-
comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando- dos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamen-
-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e as provi- te por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;
dências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
família. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência VII - garantia de padrão de qualidade.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da § 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os
educação escolar pública, nos termos de lei federal. Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de co-
IX - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo laboração, de forma a assegurar a universalização, a qualidade e a
da vida. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) equidade do ensino obrigatório. (Redação dada pela Emenda Cons-
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de traba- titucional nº 108, de 2020)
lhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a § 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao
fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos ensino regular.
de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e § 6º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
dos Municípios. exercerão ação redistributiva em relação a suas escolas. (Incluído
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado me- pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
diante a garantia de: § 7º O padrão mínimo de qualidade de que trata o § 1º deste
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 artigo considerará as condições adequadas de oferta e terá como
(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita referência o Custo Aluno Qualidade (CAQ), pactuados em regime
para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; de colaboração na forma disposta em lei complementar, confor-
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; me o parágrafo único do art. 23 desta Constituição. (Incluído pela
III - atendimento educacional especializado aos portadores de Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoi-
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 to, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por
(cinco) anos de idade; cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento
criação artística, segundo a capacidade de cada um; do ensino.
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela
do educando; União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da edu- Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito
cação básica, por meio de programas suplementares de material do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir.
didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. § 2º Para efeito do cumprimento do disposto no «caput» deste
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público artigo, serão considerados os sistemas de ensino federal, estadual e
subjetivo. municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder § 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade
Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, no que
autoridade competente. se refere a universalização, garantia de padrão de qualidade e
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no equidade, nos termos do plano nacional de educação.
ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais § 4º Os programas suplementares de alimentação e assistência
ou responsáveis, pela frequência à escola. à saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as se- recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos
guintes condições: orçamentários.
I - cumprimento das normas gerais da educação nacional; § 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de
II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público. financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fun- pelas empresas na forma da lei.
damental, de maneira a assegurar formação básica comum e res- § 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da
peito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. contribuição social do salário-educação serão distribuídas
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá proporcionalmente ao número de alunos matriculados na educação
disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino básica nas respectivas redes públicas de ensino.
fundamental. § 7º É vedado o uso dos recursos referidos no caput e nos §§ 5º
§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua e 6º deste artigo para pagamento de aposentadorias e de pensões.
portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de § 8º Na hipótese de extinção ou de substituição de impostos,
aprendizagem. serão redefinidos os percentuais referidos no caput deste artigo e
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios no inciso II do caput do art. 212-A, de modo que resultem recur-
organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. sos vinculados à manutenção e ao desenvolvimento do ensino, bem
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos como os recursos subvinculados aos fundos de que trata o art. 212-
Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e A desta Constituição, em aplicações equivalentes às anteriormente
exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, praticadas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e § 9º A lei disporá sobre normas de fiscalização, de avaliação
padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e de controle das despesas com educação nas esferas estadual,
e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; distrital e municipal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108,
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino de 2020)
fundamental e na educação infantil. Art. 212-A. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios des-
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente tinarão parte dos recursos a que se refere o caput do art. 212 des-
no ensino fundamental e médio. ta Constituição à manutenção e ao desenvolvimento do ensino na
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

educação básica e à remuneração condigna de seus profissionais, União, considerados para os fins deste inciso os valores previstos no
respeitadas as seguintes disposições: (Incluído pela Emenda Consti- inciso V do caput deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional
tucional nº 108, de 2020) nº 108, de 2020)
I - a distribuição dos recursos e de responsabilidades entre o IX - o disposto no caput do art. 160 desta Constituição aplica-se
Distrito Federal, os Estados e seus Municípios é assegurada median- aos recursos referidos nos incisos II e IV do caput deste artigo, e seu
te a instituição, no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de descumprimento pela autoridade competente importará em crime
um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de responsabilidade; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108,
de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), de natureza de 2020)
contábil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) X - a lei disporá, observadas as garantias estabelecidas nos inci-
II - os fundos referidos no inciso I do caput deste artigo serão sos I, II, III e IV do caput e no § 1º do art. 208 e as metas pertinentes
constituídos por 20% (vinte por cento) dos recursos a que se referem do plano nacional de educação, nos termos previstos no art. 214
os incisos I, II e III do caput do art. 155, o inciso II do caput do art. desta Constituição, sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº
157, os incisos II, III e IV do caput do art. 158 e as alíneas “a” e “b” 108, de 2020)
do inciso I e o inciso II do caput do art. 159 desta Constituição; (In- a) a organização dos fundos referidos no inciso I do caput deste
cluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) artigo e a distribuição proporcional de seus recursos, as diferenças
III - os recursos referidos no inciso II do caput deste artigo se- e as ponderações quanto ao valor anual por aluno entre etapas,
rão distribuídos entre cada Estado e seus Municípios, proporcional- modalidades, duração da jornada e tipos de estabelecimento de
mente ao número de alunos das diversas etapas e modalidades da ensino, observados as respectivas especificidades e os insumos ne-
educação básica presencial matriculados nas respectivas redes, nos cessários para a garantia de sua qualidade; (Incluído pela Emenda
âmbitos de atuação prioritária, conforme estabelecido nos §§ 2º e Constitucional nº 108, de 2020)
3º do art. 211 desta Constituição, observadas as ponderações refe- b) a forma de cálculo do VAAF decorrente do inciso III
ridas na alínea “a” do inciso X do caput e no § 2º deste artigo; (In- do caput deste artigo e do VAAT referido no inciso VI do caput deste
cluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
IV - a União complementará os recursos dos fundos a que se c) a forma de cálculo para distribuição prevista na alínea “c” do
refere o inciso II do caput deste artigo; (Incluído pela Emenda Cons- inciso V do caput deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional
titucional nº 108, de 2020) nº 108, de 2020)
V - a complementação da União será equivalente a, no mínimo, d) a transparência, o monitoramento, a fiscalização e o con-
23% (vinte e três por cento) do total de recursos a que se refere o in- trole interno, externo e social dos fundos referidos no inciso I
ciso II do caput deste artigo, distribuída da seguinte forma: (Incluído do caput deste artigo, assegurada a criação, a autonomia, a ma-
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) nutenção e a consolidação de conselhos de acompanhamento e
a) 10 (dez) pontos percentuais no âmbito de cada Estado e do controle social, admitida sua integração aos conselhos de educa-
Distrito Federal, sempre que o valor anual por aluno (VAAF), nos ção; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
termos do inciso III do caput deste artigo, não alcançar o mínimo e) o conteúdo e a periodicidade da avaliação, por parte do ór-
definido nacionalmente;  (Incluído pela Emenda Constitucional nº gão responsável, dos efeitos redistributivos, da melhoria dos indica-
108, de 2020) dores educacionais e da ampliação do atendimento; (Incluído pela
b) no mínimo, 10,5 (dez inteiros e cinco décimos) pontos per- Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
centuais em cada rede pública de ensino municipal, estadual ou dis- XI - proporção não inferior a 70% (setenta por cento) de cada
trital, sempre que o valor anual total por aluno (VAAT), referido no fundo referido no inciso I do caput deste artigo, excluídos os recur-
inciso VI do caput deste artigo, não alcançar o mínimo definido na- sos de que trata a alínea “c” do inciso V do caput deste artigo, será
cionalmente; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) destinada ao pagamento dos profissionais da educação básica em
c) 2,5 (dois inteiros e cinco décimos) pontos percentuais nas efetivo exercício, observado, em relação aos recursos previstos na
redes públicas que, cumpridas condicionalidades de melhoria de alínea “b” do inciso V do caput deste artigo, o percentual mínimo
gestão previstas em lei, alcançarem evolução de indicadores a se-
de 15% (quinze por cento) para despesas de capital; (Incluído pela
rem definidos, de atendimento e melhoria da aprendizagem com
Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
redução das desigualdades, nos termos do sistema nacional de ava-
XII - lei específica disporá sobre o piso salarial profissional na-
liação da educação básica; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
cional para os profissionais do magistério da educação básica públi-
108, de 2020)
ca; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
VI - o VAAT será calculado, na forma da lei de que trata o inciso
XIII - a utilização dos recursos a que se refere o § 5º do art. 212
X do caput deste artigo, com base nos recursos a que se refere o
desta Constituição para a complementação da União ao Fundeb,
inciso II do  caput  deste artigo, acrescidos de outras receitas e de
transferências vinculadas à educação, observado o disposto no § 1º referida no inciso V do caput deste artigo, é vedada. (Incluído pela
e consideradas as matrículas nos termos do inciso III do caput deste Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) § 1º O cálculo do VAAT, referido no inciso VI do caput deste
VII - os recursos de que tratam os incisos II e IV do caput deste artigo, deverá considerar, além dos recursos previstos no inciso II
artigo serão aplicados pelos Estados e pelos Municípios exclusiva- do caput deste artigo, pelo menos, as seguintes disponibilidades: (In-
mente nos respectivos âmbitos de atuação prioritária, conforme cluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
estabelecido nos §§ 2º e 3º do art. 211 desta Constituição; (Incluído I - receitas de Estados, do Distrito Federal e de Municípios vin-
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) culadas à manutenção e ao desenvolvimento do ensino não inte-
VIII - a vinculação de recursos à manutenção e ao desenvol- grantes dos fundos referidos no inciso I do caput deste artigo; (In-
vimento do ensino estabelecida no art. 212 desta Constituição su- cluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
portará, no máximo, 30% (trinta por cento) da complementação da
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II - cotas estaduais e municipais da arrecadação do salário-edu-


cação de que trata o § 6º do art. 212 desta Constituição; (Incluído QUESTÕES
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
III - complementação da União transferida a Estados, ao Dis-
trito Federal e a Municípios nos termos da alínea “a” do inciso V 1. COTEC - 2022 - Prefeitura de Paracatu - MG - Professor de
do caput deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, Educação Básica I (PEB I)- A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
de 2020) Nacional (LDB) n.º 9.394/1996 é a legislação que regulamenta o sis-
§ 2º Além das ponderações previstas na alínea «a» do inciso tema educacional brasileiro da Educação Básica ao Ensino Superior.
X do  caput  deste artigo, a lei definirá outras relativas ao nível A LDB, ao tratar da composição dos níveis escolares, estabelece que
socioeconômico dos educandos e aos indicadores de disponibilidade a educação básica se compõe de
de recursos vinculados à educação e de potencial de arrecadação (A) Educação Especial, Ensino Fundamental e Ensino Médio.
tributária de cada ente federado, bem como seus prazos de imple- (B) Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação Tecnológica.
mentação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) (C) Educação Inclusiva, Ensino Médio e Educação Tecnológica.
§ 3º Será destinada à educação infantil a proporção de 50% (D) Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.
(cinquenta por cento) dos recursos globais a que se refere a alínea (E) Educação Profissional e Tecnológica e Ensino Fundamental.
«b» do inciso V do caput deste artigo, nos termos da lei.” (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020) 2. CESPE / CEBRASPE - 2022 - Prefeitura de Joinville - SC - Pro-
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas pú- fessor - Educação Infantil - Conforme previsto na LDB, no que se
blicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais refere à primeira etapa da educação básica da educação infantil,
ou filantrópicas, definidas em lei, que: assinale a opção correta.
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus exce- (A) A Como parte da educação básica, a educação infantil deve
dentes financeiros em educação; contemplar entre as suas finalidades a alfabetização, prepa-
II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola rando, assim, a criança para sua inserção nos anos iniciais do
comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no ensino fundamental.
caso de encerramento de suas atividades. (B) Nessa etapa da educação básica, não se deve alfabetizar,
§ 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser pois seu currículo não tem a finalidade intencional educativa,
destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e médio, e sim cuidadora.
na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de (C) Promover o desenvolvimento integral refere-se à exigência
recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede de horário de 7 h de permanência na escola para que seja cui-
pública na localidade da residência do educando, ficando o Poder dada integralmente, em todos os seus aspectos físicos, emo-
Público obrigado a investir prioritariamente na expansão de sua cionais e intelectuais.
rede na localidade. (D) Essa etapa deve prever formas para garantir a continuidade
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo no processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças,
e fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por respeitando as especificidades etárias, sem antecipação de
instituições de educação profissional e tecnológica poderão receber conteúdos que serão trabalhados no ensino fundamental.
apoio financeiro do Poder Público. (Redação dada pela Emenda (E) Cuidar e educar são conceitos diferentes e ao inserir a edu-
Constitucional nº 85, de 2015) cação infantil na educação básica, retira-se a obrigatoriedade
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de do cuidado, e passa-se a ter a obrigação do ensino que requer
duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de um planejamento sistematizado e intencional..
educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos,
metas e estratégias de implementação para assegurar a manuten- 3. IESES - 2022 - SAP-SC - Pedagogo- A escola, como local de
ção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas aprendizagem e formação, necessita ambiente propício à criação,
e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos aberto à diversidade, solidariedade, lugar de acolhimento em que
das diferentes esferas federativas que conduzam a: todos possam se expressar sem medo em um contexto de direitos
I - erradicação do analfabetismo; humanos. A valorização das pessoas que irão gerir estes ambien-
II - universalização do atendimento escolar; tes é imprescindível e os sistemas de ensino devem garantir seus
III - melhoria da qualidade do ensino; direitos para a efetivação da escola como um ambiente com maior
IV - formação para o trabalho; bem-estar. Assinale a alternativa correta sobre algumas destas ga-
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País. rantias de valorização dos profissionais da educação mencionadas
VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos na LDB:
em educação como proporção do produto interno bruto. (A) Auxílio moradia e tratamento psicológico permanente e
gratuito.
(B) Condições adequadas de trabalho e salário corrigido pela
inflação.
(C) Ano sabático de sete em sete anos e estabilidade.
(D) Piso salarial profissional e aperfeiçoamento profissional
continuado.
(E) Décimo quarto salário e férias de sessenta dias..

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

4. CEV-URCA - 2021 - Prefeitura de Crato - CE - Professor de (E) Organizados por grupos de interesses iguais, já que as crian-
Educação Infantil- A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a ças devem estar juntas das que tem interesses semelhantes
educação infantil está alicerçada em seis direitos de aprendizagem aos seus para que consigam avançar em suas descobertas e ter
e desenvolvimento que buscam assegurar as condições “[...] para um bom rendimento escolar.
que as crianças aprendam em situações nas quais possam desem- 6. CESPE / CEBRASPE - 2021 - SEDUC-AL - Professor - Ensino
penhar um papel ativo em ambientes que as convidem a vivenciar Fundamental (Anos Iniciais)- Com relação ao currículo, à gestão da
desafios e a sentirem-se provocadas a resolvê-los, nas quais pos- aprendizagem e à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), julgue
sam construir significados sobre si, os outros e o mundo social e o item a seguir. A BNCC estabelece, para a educação infantil, uma
natural” estrutura curricular baseada em eixos de aprendizagem, sendo os
(BRASIL, 2018, p.37). principais eixos estruturantes o cuidar e o brincar.
( ) CERTO
Sobre esses direitos, podemos afirmar que as crianças têm di- ( ) ERRADO
reito de:
(A) Ter um bom ensino, pois o/a professor/a é formado/a para 7. CESPE / CEBRASPE - 2022 - Prefeitura de Joinville - SC - Au-
educar crianças em creches e pré-escolas, ou seja, ele/ela está xiliar de Educador- Para trabalhar hábitos saudáveis de higiene e
preparado com as melhores didáticas para ensinar às crianças alimentação, cinco professoras de uma escola de educação infantil
sobre o mundo físico e social; planejaram ações diferentes, conforme apresentadas a seguir.
(B) Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes I A professora Carina chamou cada criança individualmente e
espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adul- explicou sobre as boas práticas de higiene e alimentação como la-
tos), ampliando e diversificando seu acesso a produções cul- var as mãos, escovar os dentes, comer frutas etc.
turais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, II Durante a rotina diária, a professora Maria explica sobre há-
suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressi- bitos saudáveis de higiene e alimentação, depois cria situações para
vas, cognitivas, sociais e relacionais. que as crianças possam vivenciá-las sob supervisão de um adulto.
(C) Ter professores/as competentes que participem dos plane- III A professora Helena falou com toda a turma sobre a impor-
jamentos da gestão da escola e sigam as orientações de seus/ tância dos hábitos de higiene e alimentação e entregou desenhos
suas coordenadores/as pedagógicos/as, que são as pessoas para colorir com crianças lavando as mão, comendo frutas, toman-
mais indicadas a traçar os planos de aulas que os professores do banho etc.
ministrarão às crianças; IV A professora Ana exibiu um vídeo com profissionais (dentis-
(D) Ter bons livros para serem alfabetizados o mais breve pos- ta, médico, nutricionista etc.) falando sobre higiene e alimentação
sível com a finalidade de chegarem ao ensino fundamental len- saudável.
do e escrevendo corretamente e seguirem seus estudos sem V A professora Paula orientou os pais sobre higiene e alimen-
problemas de aprendizagem; tação porque ela sabe que esse tipo de aprendizagem é responsa-
(E) Exercitar gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, bilidade da família.
emoções, transformações, relacionamentos, histórias, objetos,
elementos da natureza, na escola por meio das diversas didá- Entre as situações apresentadas, a que exerce mais influência
ticas e do ensino direto e sistemático dos/as professores/as, para a construção de bons hábitos de higiene e alimentação junto
ampliando seus conhecimentos sobre o mundo físico e social. às crianças é aquela apresentada pela professora
(A) Carina.
5. CEV-URCA - 2021 - Prefeitura de Crato - CE - Professor de (B) Maria.
Educação Infantil- Segundo a BNCC (BRASIL, 2018, p.44), os objeti- (C) Helena.
vos de aprendizagem e desenvolvimento para a educação infantil (D) Ana.
deve ser: (E) Paula.
(A) Sequencialmente organizados em cinco (05) grupos por
faixa etária, que correspondem, aproximadamente, às possi- 8. INSTITUTO AOCP - 2020 - Prefeitura de Betim - MG - Auxiliar
bilidades de aprendizagem e às características do desenvolvi- Administrativo- A Lei n° 13.185/2015 apresenta em seu texto os
mento das crianças: berçário, Infantil I, Infantil II, Infantil III, objetivos do Programa. Com base no art. 4º, analise as assertivas e
Infantil IV e Infantil V; assinale a alternativa que aponta as corretas.
(B) Organizados em grupos da seguinte forma: bebês (zero a I. Serão produzidos e publicados relatórios bimestrais das ocor-
1 ano e 6 meses); crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a rências de intimidação sistemática (bullying) nos Estados e Municí-
3 anos e 11 meses) e crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 pios para planejamento das ações.
meses); II. Implementar e disseminar campanhas de educação, cons-
(C) Organizados por faixa etária de forma rígida, já que as crian- cientização e informação.
ças de cada grupo têm características e ritmos de aprendiza- III. É dever do estabelecimento de ensino, dos clubes e das
gem e desenvolvimento muito semelhantes, garantindo-se, agremiações recreativas assegurar medidas de conscientização,
assim, que todas as crianças sejam tratadas igualmente; prevenção, diagnose e combate à violência e à intimidação siste-
(D) Organizados por habilidades e competências e não por fai- mática (bullying).
xa etária, pois é importante que os bebês e as crianças peque- IV. Dar assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos
nas convivam com crianças de idades diferentes e com os que agressores.
têm características semelhantes às suas;

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a solução para o seu concurso!
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(A) Apenas I e III. (D) Em um grupo de alto desempenho, clareza de objetivos,


(B) Apenas II e III. coesão, organização e comunicação são os principais fatores
(C) Apenas III e IV. críticos de desempenho.
(D) Apenas II e IV. (E) A principal característica de uma equipe eficaz é a sinergia,
(E) I, II, III e IV. a capacidade de seus integrantes de trabalharem coletivamen-
te, produzindo um resultado maior que a simples soma de suas
9. VUNESP - 2019 - Prefeitura de Francisco Morato - SP - Au- contribuições individuais.
xiliar de Atendimento Educacional- No início do ano letivo, Paulo,
AAE numa das unidades educacionais de Francisco Morato, parti- 13. AMEOSC - 2021 - Prefeitura de Guarujá do Sul - SC - Pro-
cipou de um encontro profissional para debater a Lei Federal nº fessor de Educação Infantil- As experiências vividas no espaço de
13.185/2015, que institui o Programa de Combate à Intimidação Educação Infantil devem possibilitar o encontro de explicações pela
Sistemática (Bullying). Nessa oportunidade, aprendeu que, segun- criança sobre o que ocorre à sua volta e consigo mesma enquan-
do o art. 1º , § 1º , dessa lei, considera-se Bullying (ou intimidação to desenvolvem formas de sentir, pensar e solucionar problemas.
sistemática) “todo ato de violência física ou psicológica, intencional Nesse processo, é preciso considerar que:
e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por in- (A) É preciso transmitir à criança uma cultura considerada
divíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de pronta oferecendo condições para ela se apropriar de deter-
intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma minadas aprendizagens que lhe promovem o desenvolvimento
relação de de diversas formas.
(A) amor e ódio”. (B) As crianças necessitam envolver-se com diferentes lingua-
(B) prazer e sofrimento”. gens e valorizar o lúdico, as brincadeiras, as culturas infantis.
(C) razão mal colocada”. (C) É transcender a prática pedagógica centrada na criança e
(D) equilíbrio entre autoridade e subordinação”. trabalhar, sobretudo, a sensibilidade deste para uma aproxi-
(E) desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas”. mação real, compreendendo-a do ponto de vista do adulto, e
não do ponto de vista do criança.
10. VUNESP - 2019 - Prefeitura de Francisco Morato - SP - Auxi- (D) Evitar envolver as crianças com diferentes linguagens para
liar de Atendimento Educacional- De acordo com o art. 6º do ECA, que haja valorização do lúdico, das brincadeiras, das culturas
Lei Federal nº 8.069/1990, em sua interpretação: “levar-se-ão em infantis.
conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem co-
mum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição pe- 14. Instituto Consulplan - 2021 - Prefeitura de Colômbia - SP -
culiar da criança e do adolescente como pessoas Cuidador Educacional- Organizar o cotidiano das crianças da Educa-
(A) carentes”. ção Infantil pressupõe pensar que o estabelecimento de uma sequ-
(B) em desenvolvimento”. ência básica de atividades diárias é, antes de mais nada, o resultado
(C) em situação de risco”. da leitura que fazemos do nosso grupo de crianças, a partir, princi-
(D) vulneráveis socialmente”. palmente, de suas necessidades (...). (Barbosa; Horn, 2001, p. 67.)
(E) frágeis emocionalmente”. Acerca da organização do tempo e do espaço na Educação In-
fantil, é INCORRETO afirmar que:
11. VUNESP - 2019 - Prefeitura de Francisco Morato - SP - Auxi- (A) O modo como se organiza os materiais, os móveis e a forma
liar de Atendimento Educacional- Conforme o art. 4º da Lei Federal como crianças e adultos ocupam e interagem com este espaço,
nº 8.069/1990, que trata do Estatuto da Criança e do Adolescente, oculta a concepção pedagógica da instituição.
é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Po- (B) Qualquer professor tem, na realidade, uma concepção
der Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação, entre pedagógica explicitada no modo como planeja suas aulas, na
outros, do direito à alimentação. Desse modo, também as escolas maneira como se relaciona com as crianças, na forma como
devem servir alimentação nos horários determinados e de forma organiza seus espaços na sala de aula.
orientada, pois, além de promover o desenvolvimento saudável, (C) No que se refere à organização das atividades no tempo,
esse serviço é nas escolas de Educação Infantil são necessários momentos di-
(A) parte do processo educativo. ferenciados, organizados de acordo com as necessidades bioló-
(B) um modo de liberar os pais dessa responsabilidade. gicas, psicológicas, sociais e históricas das crianças.
(C) condição para que os educandos nunca sejam reprovados. (D) A organização do tempo nas creches e pré-escolas deve
(D) elemento necessário para garantir boa estatura aos alunos. considerar as necessidades relacionadas ao repouso, alimen-
(E) um dos meios de garantir que os alunos não tenham ne- tação higiene de cada criança, levando-se em conta sua faixa
nhuma doença. etária, suas características pessoais, sua cultura e estilo de vida
que traz de casa para a escola.
12. (UFES - Assistente em Administração) Em relação ao traba-
lho em equipe e às relações interpessoais, é INCORRETO afirmar: 15. CEV-URCA - 2021 - Prefeitura de Crato - CE - Professor de
(A) O desenvolvimento de equipes é um processo contínuo, po- Educação Infantil- Sobre a organização do tempo em creches e pré-
dendo ser necessário enfatizá-lo em determinados momentos. -escolas, é correto afirmar que:
(B) A coesão da equipe e a motivação de seus integrantes são (A) A divisão dos tempos nas instituições de educação infantil
duas forças estreitamente correlacionadas. consiste em uma decisão técnica de caráter neutro;
(C) A primeira condição para a eficácia no trabalho de um gru-
po é a comunicação.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(B) A ordem do tempo escolar tem sido determinada de for-


ma técnica e objetiva a partir daquilo que os/as professores/
ANOTAÇÕES
as entendem que é o melhor para se trabalhar com bebês e
crianças; ______________________________________________________
(C) As crianças, para uma adaptação satisfatória em creches e
pré-escolas, precisam de momentos fixos em sua rotina, bem ______________________________________________________
como tempos rígidos em sua duração para uma adaptação
apropriada; ______________________________________________________
(D) Cronometrar o tempo, ou seja, marcar a duração de tempo
para cada atividade está muito presente na literatura acadêmi- ______________________________________________________
ca brasileira atual porque faz-se necessário adaptar a criança a
______________________________________________________
uma rotina bem estruturada;
(E) Pesquisas apontam que a rotina em creches e préescolas ______________________________________________________
costuma ser arbitrária, autoritária e destinada à disciplinariza-
ção, não estando preocupada com a construção da noção de ______________________________________________________
tempo pela criança. Em geral, as crianças não participam ou
interagem na construção e nas transformações das rotinas. ______________________________________________________

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GABARITO ______________________________________________________

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1 D ______________________________________________________
2 D _____________________________________________________
3 D
_____________________________________________________
4 B
______________________________________________________
5 B
6 ERRADO ______________________________________________________
7 B ______________________________________________________
8 D
______________________________________________________
9 E
10 B ______________________________________________________

11 A ______________________________________________________
12 C
______________________________________________________
13 B
______________________________________________________
14 A
15 E ______________________________________________________

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