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1.

Direitos sociais
Direitos sociais são todos os direitos fundamentais e garantias básicas que devem ser
compartilhados por todos os seres humanos em sociedade, independente de
orientação sexual, gênero, etnia, religião, classe econômica, etc.

1.1. Conceito
O direito social busca resolver as questões sociais, ou seja, todas as situações que
representam as desigualdades da sociedade. Também é essencial para que as pessoas
tenham o mínimo de qualidade de vida e dignidade.

A maioria dos direitos sociais foram conquistados ao longo do tempo graças a


reivindicações e lutas dos movimentos sociais, que visam a garantia da igualdade,
liberdade e dignidade entre todos os seres humanos. As principais conquistas dos
direitos sociais foram observadas no século XIX e XX, após o desenvolvimento da
Revolução Industrial.

Os direitos sociais estão previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos


(1948), criada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, e no Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966), que consistem em
acordos que servem de base para a formulação da Constituição de diversos países.

O que é Direito

Direito pode se referir à ciência do direito ou ao conjunto de normas jurídicas vigentes


em um país (direito objetivo). É ainda uma regalia, um privilégio, uma prerrogativa.

1.2. Declaração Universal dos Direitos Humanos

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é um documento criado para


estabelecer medidas que garantam direitos básicos para uma vida digna. O objetivo da
Declaração é que os direitos humanos sejam assegurados a todos os cidadãos do
mundo.

Ela é formada por ideais que devem orientar o comportamento de todos os cidadãos,
as ações dos governos e a formação de leis de proteção aos direitos humanos. Sua
criação representa ideais de liberdade de pensamento e de expressão e igualdade
perante a lei.

A publicação da Declaração é considerada uma das mais importantes referências da


proteção dos direitos humanos em nível mundial porque serve de orientação para a
conduta dos cidadãos e dos governantes.

O que diz na Declaração Universal dos Direitos Humanos?


O documento é formado por uma parte inicial (preâmbulo) e por trinta artigos.
O preâmbulo reúne as motivações da criação da Declaração, principalmente a
proteção da dignidade e dos direitos humanos, como um dos pilares de justiça e paz
mundial.
Nos artigos estão definidas as determinações de proteção aos direitos humanos, tais
como: vida, liberdade, segurança, educação, igualdade e liberdade de expressão.

Principais direitos previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos:

• Todos seres humanos são livres e iguais em direitos e dignidade.


• Capacidade e liberdade para viver sem discriminação.
• Direito à vida, liberdade e segurança.
• Nenhuma pessoa deve ser escravizada.
• Ninguém deve ser torturado ou receber tratamento cruel.
• Direito de reconhecimento como pessoa.
• Igualdade perante a lei.
• Direito de acesso à justiça quando direitos forem violados.
• Ninguém deve ser preso arbitrariamente.
• Todas as pessoas têm direito a julgamento justo.
• Direito à presunção de inocência até que a culpa seja provada
• Proteção à vida privada e familiar.
• Liberdade de movimentação e de deixar e voltar a qualquer país.
• Direito de procurar asilo em outros países.
• Direito de ter uma nacionalidade.
• Direito ao casamento e à família.
• Proteção da propriedade.
• Liberdade de fé e prática religiosa.
• Liberdade de expressão e de opinião.
• Liberdade para participação em associações.
• Acesso ao governo e ao serviço público do seu país.
• Direito à segurança e proteção do Estado.
• Direito ao trabalho e proteção ao desemprego.
• Direito ao descanso e ao lazer.
• Padrão de vida que garanta saúde e bem-estar à família.
• Direito à educação, gratuita nos anos fundamentais.
• Acesso às artes, cultura e ciências.
• Direito de viver em uma sociedade justa e livre.
• Cumprimento de deveres com a comunidade, de acordo com os princípios das
Nações Unidas.
• Proteção dos direitos determinados na Declaração.

Direitos humanos

Os direitos humanos englobam todos os direitos básicos que devem ser garantidos aos
cidadãos para possibilitar que possam usufruir de dignidade e cidadania.
Isso significa que o conceito dos direitos humanos envolve os direitos e as liberdades
básicas necessárias para garantir uma vida digna aos indivíduos.
Estes direitos devem ser assegurados a todas as pessoas, independentemente de
qualquer distinção, como etnia, nacionalidade, gênero, religião ou orientação sexual.

1.3. Declaração Universal dos Direitos da Criança

Declaração dos Direitos da Criança, às vezes conhecida como a Declaração de Genebra


dos Direitos da Criança, é um documento internacional que promove os direitos da
criança, elaborado por Eglantyne Jebb e adotado pela Liga das Nações em 1924, e
aprovado em uma forma estendida pelas Nações Unidas.

Foi proclamada pela Resolução 1386 (XIV) da Assembleia Geral das Nações Unidas, de
20 de novembro de 1959.

Em 1924, a International Save the Children Union publicou o texto da primeira


declaração internacional de direitos da criança, tendo sido adotada pela Liga das
Nações em 1924.

As Organização das Nações Unidas (ONU), sucessora da Liga das Nações, decidiu
adotar e expandir o texto da declaração, sendo ratificada pela Assembleia Geral da
ONU em 20 de novembro de 1959. Essa data marca o Dia Mundial da Criança. A
declaração foi sucedida pela Convenção internacional sobre os direitos da criança,
ratificada em 1989 pela ONU.

1.4. Carta Social Europeia


A Carta Social Europeia (CSE) é um tratado internacional que tem como objetivo
promover e proteger os direitos sociais na Europa. Foi adotada pelo Conselho da
Europa em 1961 e é composta por um preâmbulo e 19 capítulos que estabelecem um
conjunto de direitos sociais a serem garantidos pelos Estados membros.
Ela reconhece que os direitos sociais são fundamentais para a dignidade humana e
para a realização pessoal e coletiva, e que os Estados têm a obrigação de garantir a sua
realização efetiva para todos os cidadãos. Entre os direitos sociais previstos na Carta
estão o direito ao trabalho, à proteção social, à saúde, à educação, à formação
profissional, à habitação, ao lazer, à proteção da família, à igualdade de oportunidades
e de tratamento, entre outros.

Além de estabelecer esses direitos, a CSE também prevê mecanismos de


monitorização e controlo da sua implementação pelos Estados membros. Por exemplo,
os Estados signatários devem apresentar relatórios regulares sobre a implementação
da Carta, que são avaliados por um comitê de peritos independentes do Conselho da
Europa. Além disso, ela permite que indivíduos ou organizações apresentem queixas
ao Comitê Europeu de Direitos Sociais caso acreditem que seus direitos não estão
sendo respeitados.
A CSE foi revista em diversas ocasiões, a última em 1996, para refletir as mudanças
sociais e econômicas ocorridas na Europa. Atualmente, 34 Estados membros do
Conselho da Europa são signatários, incluindo Portugal.

É um importante instrumento de proteção dos direitos sociais na Europa,


complementando outros instrumentos internacionais, como a Declaração Universal
dos Direitos Humanos e a Convenção Internacional sobre os Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais. Ao promover e proteger os direitos sociais, a Carta Social Europeia
contribui para a realização da igualdade, justiça e dignidade para todos os cidadãos, e
é importante para Portugal porque ajuda a proteger e promover os direitos sociais dos
cidadãos, pressiona o governo a melhorar seus programas sociais e políticas públicas e
contribui para a promoção da igualdade e justiça social no país.

1.5. Constituição da República Portuguesa

Constituição

A Constituição é a lei fundamental que regula os direitos e garantias dos cidadãos e


define a organização política de um Estado. É, assim, a estrutura jurídica basilar de um
determinado país - embora haja países que não têm Constituição, assentando as suas
estruturas em normas jurídicas organizadas de outras maneiras. Há ainda diferenças
entre as constituições dos diversos países, que variam na sua extensão e abrangência,
ora tendo maior precisão e desenvolvimento, ora deixando mais matéria para as leis
ordinárias.

Na medida em que os preceitos constitucionais são a referência de todo o sistema


político de um Estado, as leis ordinárias são-lhes subordinadas e não podem
contradizê-los nem alterá-los. A conformidade das leis ordinárias à Constituição é
salvaguardada por órgãos competentes (no caso português, na atualidade, pelo
Tribunal Constitucional) e a revisão do diploma fundamental tem que obedecer a
determinadas formalidades, definidas na própria Constituição.

Constituição portuguesa de 1976

A Constituição da República Portuguesa de 1976 é a atual constituição portuguesa. Foi


redigida pela Assembleia Constituinte eleita na sequência das primeiras eleições gerais
livres no país em 25 de Abril de 1975, 1.º aniversário da Revolução dos Cravos. Os seus
deputados deram os trabalhos por concluídos em 2 de Abril de 1976, data da sua
aprovação, tendo a Constituição entrado em vigor a 25 de Abril de 1976. Na sua
origem, a Constituição tinha um forte pendor socializante, arrefecido, porém nas
sucessivas revisões constitucionais que adequaram Portugal aos princípios da
economia de mercado vigentes na União Europeia.

Até ao momento, a Constituição de 1976 é a mais longa constituição portuguesa que


alguma vez entrou em vigor, tendo mais de 32 000 palavras (na versão atual). Estando
há mais de 40 anos em vigor e tendo recebido 7 revisões constitucionais (em 1982,
1989, 1992, 1997, 2001, 2004 e 2005), a Constituição de 1976 já sofreu mais revisões
constitucionais do que a Carta Constitucional de 1826, a constituição portuguesa que
mais tempo esteve em vigor: durante 72 anos (a qual, com cerca de 7000 palavras na
versão original, recebeu somente 4 revisões).

1.6. Tipos de direitos sociais - de caráter universal (Direito ao


trabalho, à educação, à segurança social, à proteção na doença,
à habitação, ao ambiente, etc.), direitos sociais das instituições
(Direitos da família, dos grupos religiosos, da escola, etc.),
direitos sociais de certas classes (Direitos dos trabalhadores, da
mulher, da criança, dos deficientes, dos idosos, das minorias
étnicas, etc.)

1.7. O exercício dos direitos sociais


Cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais estabelecidos na
Constituição de um país, por parte dos seus respectivos cidadãos (indivíduos que
compõem determinada nação).

A cidadania também pode ser definida como a condição do cidadão, indivíduo que vive
de acordo com um conjunto de estatutos pertencentes a uma comunidade
politicamente e socialmente articulada.

Uma boa cidadania implica que os direitos e deveres estão interligados, e o respeito e
cumprimento de ambos contribuem para uma sociedade mais equilibrada e justa.

2. As funções sociais do Estado


As funções sociais do Estado Português são definidas na Constituição Portuguesa e
incluem:

1- Promoção do bem-estar e qualidade de vida da população


O Estado tem a responsabilidade de promover políticas públicas que visem o bem-
estar e qualidade de vida da população, através da promoção do acesso aos serviços
de saúde, educação, cultura, segurança social e habitação, bem como da criação de
condições favoráveis ao desenvolvimento económico e à geração de emprego.

2- Proteção dos direitos fundamentais dos cidadãos


O Estado tem a responsabilidade de proteger e garantir os direitos fundamentais dos
cidadãos, como o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à dignidade, à privacidade,
entre outros.
3- Regulação e fiscalização de atividades económicas
O Estado tem a responsabilidade de regulamentar e fiscalizar as atividades
económicas, com o objetivo de garantir a proteção dos interesses dos consumidores e
do ambiente, bem como de promover a concorrência e a eficiência do mercado.

4- Promoção da coesão social e territorial


O Estado tem a responsabilidade de promover a coesão social e territorial, através da
promoção da igualdade de oportunidades, da valorização do património cultural e da
diversidade cultural, bem como da promoção do desenvolvimento regional e local.

5- Garantia da segurança e da defesa nacional


O Estado tem a responsabilidade de garantir a segurança e a defesa nacional, através
da promoção da paz e da estabilidade interna, da prevenção e combate à
criminalidade, do reforço das forças de segurança, e da defesa do território nacional.

5. Limitações ao exercício dos direitos sociais

As limitações ao exercício dos direitos sociais são variadas e podem ser influenciadas
por fatores políticos, econômicos, culturais e sociais. Algumas das principais limitações
são:

1- Disponibilidade de recursos
Os direitos sociais exigem recursos financeiros, tecnológicos e humanos para sua
realização, e a falta desses recursos pode limitar o seu exercício. Por exemplo, a falta
de recursos financeiros pode levar à falta de investimento em infraestrutura de saúde,
educação e moradia, limitando o acesso desses serviços à população.
2- Desigualdades sociais
A desigualdade social pode limitar o acesso aos direitos sociais, especialmente para
grupos marginalizados e vulneráveis, como pessoas de baixa renda, mulheres, crianças,
idosos, pessoas com deficiência e minorias étnicas. Esses grupos podem enfrentar
barreiras para o acesso aos serviços e recursos necessários para a realização dos seus
direitos.
3- Discriminação
A discriminação com base em características como raça, gênero, orientação sexual,
idade, deficiência, entre outras, pode limitar o exercício dos direitos sociais. Por
exemplo, mulheres podem ser impedidas de acessar serviços de saúde reprodutiva por
causa de leis restritivas ou políticas públicas que não levam em consideração as suas
necessidades. Pessoas com deficiência podem ser impedidas de acessar edifícios
públicos ou transporte por causa da falta de adaptações.
4- Barreiras culturais
Barreiras culturais, como crenças e valores arraigados, podem limitar o exercício dos
direitos sociais. Por exemplo, em algumas culturas, as mulheres podem ser
desencorajadas de buscar educação ou emprego fora do lar, limitando o seu acesso a
esses direitos.
5- Falta de informação e conscientização
A falta de informação e conscientização sobre os direitos sociais pode limitar o seu
exercício. Muitas pessoas não conhecem seus direitos ou não sabem como acessá-los,
o que pode levar a subutilização dos serviços disponíveis.
6- Falta de participação e representação
A falta de participação e representação política pode limitar o exercício dos direitos
sociais. Quando certos grupos não são representados adequadamente nos processos
políticos, as suas necessidades e direitos podem ser negligenciados.
Em resumo, as limitações ao exercício dos direitos sociais são variadas e podem ser
influenciadas por fatores políticos, econômicos, culturais e sociais. Para garantir a
realização plena dos direitos sociais, é necessário levar em consideração as
perspectivas e necessidades de todos os grupos sociais.

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