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Seminário Humanidade e Transcendência
Seminário Humanidade e Transcendência
Os símbolos da ausência:
Ele vai desenvolvendo as habilidades no momento em que sua necessidade vai aumentando,
seja em relação ao momento da caça, ao momento da reprodução... Toda a sabedoria para
sobrevivência vem através da sua adaptabilidade física aquele meio em que eles estão
inseridos.
Cita-se o exemplo da vespa caçadora: ela vai caçar uma aranha, e a captura com uma picada
que a paralisa, logo após ela arrasta a caça para o ninho, ali ela deposita os ovos e morre,
tempos depois quando as larvas nascem elas se alimentam com carne fresca da aranha que
está imóvel. E assim irá continuar ... e sem que ninguém ensine nada nem diga qual o melhor
tempo a se fazer institivamente essa cena irá se repetir.
Ainda que o tempo avance, as técnicas de sobrevivência usada pelos animais serão sempre as
mesmas.
Cada copo produz sempre a mesma coisa e a comparação se faz ao animal nesse momento,
nosso corpo é o nosso animal. A programação biológica é completa e semelhante a todos nós,
ele não possui aberturas para que coisas novas sejam inventadas.
Um Recém-nascido do ponto de vista genético já está 100% definido, acontece que diferente
dos animais nosso corpo não nos dita as regras, o meio em que vivemos e nossas diferentes
experiências interferem em nossas escolhas, gostos e ações.
A nossa vida cotidiana se baseia numa permanente negação dos imperativos imediatos do
corpo. Os impulsos sexuais, gostos alimentares, horário de acordar e dormir, nada disso
obedece ao nosso instinto biológico, o corpo se transformou em uma entidade da natureza em
criação da cultura.
Cultura idealizada e criada pelos homens, entra em cena quando o corpo deixa de dar as
ordens.
É jogada em questão o porquê da criação dessa cultura, porque o abandono dos corpos?
E todas as coisas criadas pelos humanos que despertam, sensações, desejos, o que faz dela
fundamental?
Querem definir os homens como seres racionais, mas a cultura mostra que somos feitos a
partir de desejos.
Desejos esses que são criados a partir da ausência e privação: ninguém deseja o que já se tem,
mas sim o que se perdeu, ou que não foi alcançado ainda, o que sente saudade.
A partir desses desejos projetados pela cultura criada pelo homem, começam a desencadear
outros rituais, costumes e situações, que geram sentimento de impotência em que os objetos
do seu amor só existe por meio da magia da imaginação, poder milagroso da palavra... a partir
daí cria-se o amor, desejo, imaginação e símbolos.
Portanto símbolos são pontos de desejos, mas aquele desejo vindo do que não se tem, das
coisas ausentes, saudade de coisas que não nasceram.
Esses símbolos são a base da religião que é uma teia de símbolos, rede de desejo, confissão da
espera.
A religião rege diversos símbolos, como: altares, santuários, comidas, perfumes, lugares,
capelas, templos, amuletos, colares, livros e também gestos, como rezas, cânticos, celebrações
e etc...
A pergunta que cabe é: porque a religião que seguimos irá definir algo? Se o mundo antes
mesmo de nossa existência e criação de todas as coisas já existia de maneira eficaz, antes do
toque do homem.
Coisas e gestos se tornam religiosos quando os homens se apropriam e batizam como tais, a
religião surge com o poder que o homem adquiri de dar poder a algo.
A religião traz falas e experiências, agregado de uma rede de símbolos que são os objetos,
tempo e espaços. E com os símbolos o homem destrói o medo e alcança a glória.
E essa religião se tornou tão importante, que ainda que a ciência comprove que existem
algumas inverdades nas falas, o humano não acredita e isso acaba se tornando uma afronta a
marca emocional/existencial da experiência do sagrado. É sugere que a religião tem o poder,
amor e a dignidade do imaginário, ela se constrói a partir disso.
Os símbolos e objetos acabam concretizando em matéria aquilo que é dito no invisível. Para a
religião o que importa são os objetos que ajudam a construir a fantasia e a imaginação. Os
símbolos eles acabam respondendo a necessidade de resposta de viver num mundo que faz
sentido. Os homens precisam se alimentar deles, pois sem eles não haveria ordem, nem
sentido para a vida, nem vontade de viver, logo os símbolos dão sentido à vida do homem.