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Avaliação Dissertativa I – GEO 130

Alessandro Amaral de Andrade Junior, N° 103755;

Kleyton Torres Viana Rodrigues, N° 67015;

Mateus Malta Valente, N° 109314;

Samuel Xavier, N° 109295.

1 - À luz dos textos explorados e discussões realizadas em sala de aula, desenvolva uma
análise acerca do conceito de população, fazendo também considerações sobre o
significado de uma geografia da população para os tempos atuais.

De acordo com Freitas (2014, p. 8), Damiani entende que o conceito de população é a
“base e sujeito de toda a atividade humana, que se depara com sua complexidade e com a ampla
teia de relações econômicas, sociais e políticas que os estudos populacionais podem
apresentar”.

Para discutir sobre esse processo complexo, Damiani propõe (2002, p. 9) “que não
devemos iniciar uma análise pela população, mas começar o estudo por elementos mais simples,
validando uma crítica e criando categorias mais reais, onde conseguimos analisar todos os
processos do fenômeno tratado, compreendendo assim, os conhecimentos de população”.
Então, Damiani propõe que iniciamos o estudo da mesma, associando o homem como produtor
de toda e qualquer atividade humana, utilizando-se da análise de certas categorias que são
definidas pela compreensão do determinado contexto histórico (Freitas, 2014, p.9).

Para exemplificar de maneira mais simples, se analisarmos os processos de


desenvolvimento econômico e social, do século XX, juntamente aos conflitos socias e militares,
compreendemos a formatação populacional de vários países da Europa nos dias de hoje. Assim
como no Brasil, estes processos podem ser exemplificados na compreensão da grande
concentração populacional da cidade de São Paulo, advindo dos modelos de desenvolvimento
adotados desde o Brasil colonial.

Dessa forma, a Geografia da População não é somente o estudo sobre a distribuição no


globo terrestre. Se utilizarmos somente os dados demográficos, não levando em conta toda a
diversidade do espaço e diferenciação populacional, caímos em uma superficialidade do estudo,
generalizando toda heterogeneidade da população (Damiani, 2002). Freitas faz uma associação
entre Damiani com Adrian Bailey, que também sentiu uma necessidade de reformular a área de
estudo da Geografia da População, trazendo novos conceitos como aids, neoliberalismo,
problemas ambientais, entre outros.

Consequentemente, nessa nova forma de pensar sobre a área de estudo da Geografia da


População, criou-se uma necessidade de dramatização dos números, onde conseguimos
alcançar uma nova visão, buscando sempre tomar o problema pela raiz (Damiani, 2002).

2 - Caracterize e analise as concepções de população nas perspectivas malthusiana,


marxista e neomalthusiana.

Com objetivo de equacionar a relação entre crescimento populacional e recursos


naturais, diversos pensadores criaram teorias de como deveriam comportar a população. Uma
dessas teorias foi a Malthusiana. Esta teoria foi criada por Thomas Malthus no século XVIII,
primeiramente publicada em 1798, no livro “Ensaio de População”, com uma segunda edição
reelaborada e ampliada cinco anos depois. Ele foi o primeiro escritor a apresentar e desenvolver
uma teoria populacional compreendendo as condições econômicas da época.

Para compreender a teoria de Malthus é necessário compreender primeiramente o


contexto histórico que ele viveu. Continuando neste período a Inglaterra passou por um
processo de Industrialismo, onde houve uma substituição da manufatura por maquinofatura,
expulsando diversos trabalhadores dos seus empregos, criando assim, uma grande massa de
desempregados e uma movimentação de trabalhadores de um lugar para outro.

Verificando essa dinâmica populacional da época, Malthus faz uma discussão


aprofundada no conceito de população. Ele concluiu que “a miséria era um obstáculo positivo,
que atuou ao longo de toda a história humana, para reequilibrar a desproporção natural entre a
multiplicação dos homens – o crescimento populacional - e a produção dos meios de
subsistência - produção de alimentos.” (Damiani. 2002. p.13). Como fundamento para esta
teoria, ele utilizou uma lei natural, onde o crescimento populacional ocorreria em ritmo
geométrico e os meios de subsistência em ritmo aritmético. Para Malthus, o crescimento
populacional excedia a capacidade da terra de abastecer a mesma.

Para que não houvesse falta de recursos, Malthus acreditava que qualquer tipo de
assistencialismo realizado pelo Estado com o objetivo de amenizar a miséria era desnecessária,
ele aceitava apenas a ampliação de oferta dos meios de subsistência (Mendonça, 2014).
Ele não pensou que a miséria era derivada do sistema econômico e social, mas sim do
crescimento da população, criando uma ideologia perversa que culpava somente este
crescimento.

Em contraponto a crítica de Malthus, Marx atribui o crescimento populacional por uma


dialética, tentando compreender que a falta de recursos e o aumento do crescimento da
população era consequência dos processos da Revolução Industrial.

Para que houvesse possibilidade de equilibrar o crescimento econômico juntamente com


a população, ele propõe uma mudança do modelo capitalista, defendida por Malthus, para uma
organização socialista. Em consequência, toda a população excludente teria acesso à renda,
valendo-se que o sistema capitalista, composto entre os donos dos meios de produção e os
proletariados, se daria um pretexto de exploração. Entretanto para Marx, uma sociedade mais
igualitária acarretaria em uma redução das taxas de natalidade, contraponto o pensamento
malthusiano. Nessa perspectiva, a acumulação de capital dada a essa realidade é resultante da
superpopulação que regulamenta o salário e a exploração.

Após essas duas teorias, no século XX, posteriormente a 2ª Guerra Mundial, verificou-
se por estudos realizados pela ONU a existência de uma grande desigualdade no aumento
populacional e econômicos entre os países. Com este embasamento, definiu-se uma separação
entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Neste contexto surgem então, uma teoria que
incorporou e reformulou ideias do Malthusianismo, chamada Teoria Neomalthusiana.

Quem irá trazer estas ideias é William Vogt, com o seu livro “O caminho da
sobrevivência”. Vogt reformulou a ideia de crescimento populacional de Malthus, levando em
consideração as novas adversidades sociais e econômicas advindas do pós-guerra, que se
equivale ao entendimento desses problemas, a partir da comparação entre a quantidade de
população e as possibilidades de abastecimento e recursos vitais (Amélia, 2002, p.20).

A principal ideia do neomalthusianismo foi penalizar países subdesenvolvidos pela


degradação de recursos ambientais não renováveis e pela produção de pobreza. Como solução
destes problemas, incentivaram o controle populacional por métodos de natalidade e ausência
de apoio governamental, dirigindo principalmente para países subdesenvolvidos. Segundo
Vogt, a pobreza e o crescimento populacional gerariam miséria e degradação do meio ambiente.
Com estas concepções, governos de países desenvolvidos culparam os
subdesenvolvidos e também apoiaram medidas socioeconômicas, como por exemplo,
empréstimos internacionais realizados somente com a adoção de controle de natalidade.

Com a progressão da história, verificamos que as teorias populacionais se apresentaram


como formas de entender a dinâmica da população, propondo diversas formas de crescimento.
A Teoria de Malthus rapidamente foi descartada pelas novas técnicas de manejo e uso do solo,
mas foi novamente reelaborada por neomalthusianos para tentar explicar a nova sociedade.
Onde novamente ignorou os sistemas socioeconômicos de desenvolvimento dos países e
criticou apenas o aumento da população. Apesar de simplista, a teoria de Marx, tentou
compreender pela raiz os problemas socias e econômicos para o controle da população.

REFERÊNCIAS

DAMIANI, A. População e geografia. São Paulo: Contexto. 2002.

DANTAS, Eugênia M.; MORAIS, Ione, R. D.; FERNANDES, Maria J. C. Geografia da


População. 2. ed. Natal. EDUFRN, 2011.

FREITAS, Patrícia P. Geografia da população: novas abordagens e possibilidades de


estudo. In: Congresso Brasileiro de Geógrafos, 7. 2014. Vitória.

MENDONÇA, M. G. DE. Josué de Castro e o combate ao neomalthusianismo. História


Econômica & História de Empresas, v. 17, n. 2, 17 mar. 2015.

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