Você está na página 1de 9

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO

TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA


GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

Relatório de Fisexp I n° 4 – Colisões

Aluno:

Lucas Tavares de Azevedo

Professor:

JEFFERSON LUIZ DE LIMA MORAIS

Nova Friburgo
2022

Resumo:

O presente exposto procura verificar a veracidade do princípio de


conservação do momento linear, deduzido das leis de Issac Newton, por meio
de dois casos de colisão: elástica e totalmente inelástica. O experimento foi
realizado em ambiente “controlado” via utilização de um trilho de ar junto de
dois carros de trilho de massas diferentes. Com os dados obtidos, à priori pelo
experimento em laboratório e, à posteriori, por meio da equação do momento,
foram representadas tabelas e feitas análises estatísticas que verificam o
comportamento teórico do princípio de conservação do momento linear
(P.C.M.L).
Introdução:

A sinuca é uma derivação brasileira do jogo inglês “pool” onde, uma “bola
projétil”, por meio de tacadas dos jogadores, deve acertar outras bolas
pontuadas, a fim de encaçapar-las e somar pontos. Esse jogo datado de 1875
pode ser utilizado como exemplo para explicar o fenômeno das diferentes
colisões particulares lineares com base na equação do momento linear, sendo
esta:

Q=m. V (1)

Onde Q seria o momento linear resultante (kg.m/s), m a massa da partícula


(kg) e v a velocidade (m/s) que está se encontra durante a aferição do
momento. Agora, dado o princípio de conservação do momento linear
(P.C.M.L):

Q=Q' (2)

Onde Q é o momento antes da colisão e Q’ o momento pós colisão,


retornamos ao exemplo da sinuca. Imagine a partida em que, após uma
tacada, a “bola projétil” de sinuca de massa mA e velocidade vA descreva um
movimento linear em direção a outra bola de massa mB e velocidade vB= -vA,
ou seja, B está se movimentando de encontro a A. Sua situação física antes de
colidirem poderá ser representada por:

Figura 1: partículas/projéteis/ bolas de sinuca indo de encontro, cada uma com suas respectivas massas e
velocidades. Fonte: https://www.infoescola.com/mecanica/colisoes/

E após sua colisão teremos:


Figura 2: partículas/projéteis/ bolas de sinuca após encontro, cada uma com suas respectivas massas e velocidades.
Fonte: https://www.infoescola.com/mecanica/colisoes/

De forma que as velocidades vA e vB (componentes das velocidades das


bolas A e B antes do choque) serão diferentes de vA’ e vB’ (componentes das
velocidades das bolas A e B pós choque). Assim pode-se enunciar a seguinte
relação:

Q=m. V (1)

Q=Q ' (2)

' '
QA=Q A , QB=Q B

' '
QA +QB=Q A +Q B
'
ma .Va+ mb . Vb=ma . V a + mb . Vb ' (3)

Encontra-se o princípio de conservação do momento linear para uma


colisão.
Assim, temos como objetivo neste experimento verificar o comportamento
teórico do P.C.M.L, através de uma análise dos dados que procure corroborar,
por meio da utilização da equação (3) e a teoria das colisões estudadas, com
uma colisão elástica (Q=Q’ e K=K’), ou seja, há conservação dos momentos e
energias cinéticas, e a outra, inelástica (Q ¿Q’ e K≠K’) com momentos e
energias cinéticas dissipativas, juntamente de suas explicações acrescidas de
um conjunto de análises estatísticas que considere as margens de erro e
variação dos momentos e energia cinéticas totais, pois, mesmo que realizado
em laboratório (ou seja, um ambiente controlado), o experimento pode não ter
completa exatidão, pela existência de variáveis como resistência do ar,
paralaxe e desgaste dos aparelhos.

Procedimentos experimentais:
O experimento foi realizado em ambiente controlado via utilização de um
aparelho chamado “trilho de ar”, munido de dois carrinhos de trilho, que
flutuavam devido a saídas de ar no equipamento, removendo quase todo atrito.
Determinamos o carro 1 como o “carro projétil” de nosso experimento,
enquanto o carro 2 era o “carro alvo”, atentou-se por verificar os tipos de
colisão inelástica e elástica por meio deste experimento.

Figura 3: trilho de ar munido de um carro de trilho.


Fonte:https://cidepe.com.br/index.php/br/produtos-interna/trilho-de-ar-multicronometro-com-rolagem-12-
funcoes-2-sensores-e-unidade-de-fluxo/EQ238F

Em um primeiro momento, antes de simular qualquer cenário de colisão, fora


feita a nivelação do trilho a um ângulo de 180° com a horizontal, assim
garantindo o movimento do “carro projétil” unicamente estrito ao impulso dado
pelo estudante e que o “carro alvo” não se mova antes do impacto do “carro
projétil”. A nivelação é feita afrouxando ou atarraxando os “pés de apoio” do
trilho a mesa.

Em um segundo momento, inicia-se o experimento pela colisão elástica,


coloca-se na frente do carro 1 assim como na parte traseira carro 2, um suporte
com elásticos, após isso, pesa-se os carrinhos e anotam-se suas respectivas
massas. Posicionamos 1 na extremidade do trilho, deixando 2, em repouso (V2
= 0), entre os sensores do aparelho, logo após, propulsionamos 1, este se
choca com 2 e o empurra a frente, ambos seguem se movimentando
separadamente pós colisão.

Para a colisão inelástica, trocamos o suporte do carro 1 por outro, que tem
em sua extremidade um imã, além de acrescentarmos ao carro 2 um imã
também, em sua parte traseira. Esses imãs permitirão que ambos os carros se
associem, mantendo igual velocidade, em teoria, pós colisão. Novamente,
pesa-se os carrinhos e anotam-se suas respectivas massas, com isso,
propulsionamos 1, este se choca com 2 no repouso, eles se associam e ambos
seguem unidos em movimento pós colisão.
No intuito da verificação, basta aplicar a equação (3), considerando os dados
obtidos nas colisões, para encontrar os momentos totais e, para conferir a
energia cinética e as margens de erro, aplicamos as relações:

'
K= K

m1 v 12 +m2 v 22=m1 v 1 ' 2+m 2 v 2' 2 (4)

Q−Q '
× 100 % ≤ 12% (5)
Q

'
K ≥ K ' (6) e K > K (7)

sendo (4) o princípio de conservação da energia cinética (P.C.K).

Para confirmar verdadeiro o experimento, as equações (5) e (6) para a


colisão elástica deverão ser satisfeitas e para a colisão inelástica, ambas
equações (5) e (7) deverão ser satisfeitas.

Resultados e análise dos dados:

Com os dados de massa e velocidades iniciais e finais dos carros 1 e 2


indicados pelos sensores do trilho, aplicando a equação (3) e (4) pode-se
representar as seguintes tabelas e, com base nas relações (5), (6) e (7)
determinar se esses resultados correspondem ao P.C.M.L e se houve
manutenção do caráter elástico e inelástico das colisões, respectivamente:

Condição Carro Massa (kg) Velocidade (m/s) Momentum Total Energia Cinética (J)
(Kg.m/s)
Antes da 1 0,3 0,702
0,2106 0,074
colisão 2 0,2005 0
Depois da 1 0,3 0,145
0,2061 0,068
colisão 2 0,2005 0,811
Tabela 1: tabela de valores coletados para colisão elástica. Fonte: autoria.

Condição Carro Massa (kg) Velocidade (m/s) Momentum Total Energia Cinética (J)
(Kg.m/s)
Antes da 1 0,3 0,699
0,2097 0,073
colisão 2 0,1997 0
Depois da 1 0,3 0,386
0,1930 0,036
colisão 2 0,1997 0,387
Tabela 2: tabela de valores coletados para colisão inelástica. Fonte: autoria.

Q−Q '
Erro do momento para colisão elástica: × 100 %=¿ 2,1%
Q

Q−Q '
Erro do momento para colisão inelástica : ×100 %=¿ 7,9%
Q

O erro da colisão elástica é menor do que o erro da colisão inelástica,


indicando maior precisão nos dados para este tipo de choque, vale ressaltar
também a proximidade das v1’ e v2’ na colisão inelástica, basicamente
colaborando com a teoria, onde v1’=v2’=v’ (para inelástica).

Discussão:

Após a realização do experimento foi possível obter 20 valores (10 para cada
tipo de colisão) referentes as massas dos carros, velocidades antes e depois
das colisões, momentos e energias cinéticas, apresentados nas Tabelas de 1 e
2.

Utilizando-se da equação (3), referente ao P.C.M.L, foi calculado os


momentos totais e da equação (4) foram deduzidas as energias cinéticas totais.

Por exemplo, podemos apanhar os valores para o carro 1 e encontrar seus


momentos totais na colisão elástica:

Q=m. V (1)

Q=Q' (2)

QA=Q A' , QB=Q B '

QA +QB=Q A' +Q B'


'
ma .Va+ mb. Vb=ma . V a + mb . Vb ' (3)
0,3 ×0 ,702+0=0,3 ×0,145+0,2005 × 0 , 811

0,2 106=0,2061

Aplicando a relação (5), vemos que:

Q−Q '
× 100 % ≤ 12% (5)
Q

0,2106−0,2061
×100 ≤12 %
0,2106

2,136 % ≤ 12 %

Agora, utilizando (6):

'
K ≥ K (6)

0,074 ≥ 0,06 8

Vemos que a teoria para a conservação do momento linear se aplica a


colisão elástica feita no laboratório, pois os carros seguem separados pós
colisão, a margem de erro dos momentos encontra-se dentro dos 12%
esperados, garantindo o P.C.M.L, e ainda, a energia cinética antes da colisão é
maior do que pós colisão. Em suma, esta parte do experimento pôde ser
considerado um sucesso pois verifica as características teóricas de uma
colisão elástica.

Realizando as mesmas demonstrações para a colisão inelástica, vemos que


há concordância com a teoria também, pois ocorreu a união dos carros pós
colisão e seus momentos e energias cinéticas concordam com as relações (5)
e (7), confirmando as características teóricas deste tipo de colisão. Logo, esta
parte do experimento também foi um sucesso.

Conclusão:

Com base nas sessões “resultados e análise de dados” e “discussão”, o


aluno pôde definir que os dados, considerando a margem de erro experimental
esperada, pela relação (5), e as considerações das relações (6) e (7), que o
experimento foi um sucesso, sendo mais preciso na colisão elástica do que na
inelástica, por apresentar margem de erro menor. No demais, o experimento é
confirmadamente condizente e reforça a veracidade do P.C.M.L aplicado aos
dados.

Referências: 

 Young, Hugh; Freedman, Roger - Física I-Mecânica. 12ª Edição.


Pearson Education Limited, 2008. ISBN: 9788588639300
 RIBEIRO, Thyago. Colisões. In: INFOESCOLA (Brasil). Física:
Mecânica Clássica. Brasil: InfoEscola, maio 2013. Disponível em:
https://www.infoescola.com/mecanica/colisoes/. Acesso em: 27
dez. 2022.

Você também pode gostar