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NUCAP Espiritualidade e Missão do Catequista

Núcleo de Catequese Paulinas

Espiritualidade e
Missão do Catequista

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Espiritualidade e Missão do Catequista

Leituras Complementares

Do catecumenato à
inspiração catecumenal

Autor
Pe. Antonio Francisco Lelo

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Introdução
A espiritualidade do catequista se insere na espiritualidade batismal, com os elemen-
tos próprios da sua missão de ser educador da fé na comunidade eclesial. Está a serviço da
iniciação à vida cristã para que, ao formar novos discípulos missionários, encontre o sentido
do seu chamado. Por isto há que recuperar a inspiração catecumenal da catequese para o
catequista fortalecer a própria identidade cristã.

“A primeira fase da Cateque-


se se estende, aproximadamente, do
século I ao século V. No tempo dos
Apóstolos, a vivência fraterna na co-
munidade, celebrada principalmen-
te na Eucaristia, representava a ma-
neira mais alta de traduzir na vida a
mensagem de Cristo Ressuscitado”.1

“Era na comunidade que se vivia a doutrina dos Apóstolos, seu ensinamento recebido
do próprio Cristo que, pouco a pouco, foi sendo formulado nos “Símbolos da Fé” (fórmulas
condensadas, como o Credo). Nas doxologias (aclamações litúrgicas como as que encon-
tramos, por exemplo, em Ef 1,3-14; Rm 1,8; Rm 16,27; 1Cor 1,2-3), e nas orações.

Aos poucos se foi formando uma Catequese prolongada e organizada, que tinha como
objetivo levar os convertidos à iniciação na vida cristã. Criou-se assim o catecumenato com
seus vários graus, que preparava os candidatos à vivência na comunidade cristã, através
da escuta da Palavra, das celebrações e do testemunho. Muitas das obras notáveis em
Catequese dos Padres da Igreja surgiram no contexto do catecumenato.

A Catequese introduzia progressivamente na participação da vida cristã dentro da


comunidade. Animada pela fé, sustentada pela esperança, exercida através da caridade
fraterna, a própria vida da comunidade fazia parte do conteúdo da Catequese. Esta, por
sua vez, era o instrumento a serviço de uma entrada consciente na comunidade de fé e da

1 1Cor 11,17-29

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perseverança nela. Catequese e comunidade caminhavam juntas”.2

Historicamente, na formação de nosso catolicismo, “a transmissão da fé se fazia, prin-


cipalmente, por meio da piedade popular”.3 “A fé encontrava expressão nas devoções aos
santos, nas peregrinações, nas penitências. Grande importância passaram a ter as orações
decoradas. O Batismo de crianças se tornou a prática comum, desligando-se da sua rela-
ção com a Crisma e a Eucaristia. A Bíblia era proclamada nos sermões, encenada ao longo
das procissões e festas”.4

Entretanto, essa evangelização formou o vigoroso substrato da fé popular. Partindo


dele, poderemos evangelizar, iniciando as pessoas no mistério de Cristo e da Igreja. Ainda
mais se considerarmos que “hoje o mundo tornou-se diferente, exigindo novos processos
para a transmissão da fé e para o discipulado missionário”.5

É chegada a hora de reformularmos a iniciação cristã, atualmente tão marcada pela


fragmentação dos seus três sacramentos. Finalmente, compreender que são os três em
conjunto que configuram a pessoa em Cristo, juntamente com a catequese que promove a

Precisamos de uma iniciação que ajude os fiéis a reco-


brarem o valor do nome “cristão” como sendo a mais alta
dignidade que alcançamos neste mundo. Por isso, a Igreja
se volta para o modelo de iniciação vigente nos cinco pri-
meiros séculos, quando era minoria na sociedade, sofria
perseguições, sendo que, para alguém pertencer a ela, era
preciso demonstrar convicção de fé, porque isso implicava
riscos. O processo de formação “acontecia em um clima de
espiritualidade, oração, celebrações e ritos, enfim, num cli-
ma mistagógico” que favorecia chegar à identidade cristã.
(Id., ib., n. 70.)

2 CNBB. Catequese Renovada. Orientações e conteúdo, São Paulo, Paulinas 1983, nn. 4-7.
3 Id. Iniciação à Vida Cristã: itinerário para formar discípulos missionários. Brasília, Ed. CNBB
2017, n. 73.
4 Id., ib., n. 44
5 Id., ib., n. 46.

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conversão pelo anúncio da Palavra de Deus.6 Somos convidados a enxergar mais ampla-
mente os horizontes da iniciação cristã, e não a vê-la apenas como coisa de criança ligada
unicamente aos três sacramentos sem uma evangelização adequada.

Onde encontraremos esse método? No Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA).


Esse ritual recuperou o modo como a Igreja dos primeiros cinco séculos iniciava aqueles
que se aproximavam dela. Vamos ter presente que o ambiente era também plural, gregos,
romanos, judeus... os que abraçavam a fé sofriam perseguições e, por isso, sua adesão
devia ser muito convicta e provada. É tudo o que precisamos hoje.

A Igreja resgatou esse ritual para compreender a iniciação cristã de maneira mais
ampla e completa, capaz de formar a identidade de fé do cristão. O RICA se dirige aos
adultos que não foram batizados; porém, “dá uma visão inspiradora de uma catequese que
realmente envolve a pessoa no seguimento de Jesus Cristo, a serviço do Reino, expresso
na vivência dos sacramentos do Batismo, da Crisma e da Eucaristia”.7

Segundo este ritual, a iniciação cristã dos adultos compreende quatro tempos e as ce-
lebrações de passagem. Do modo como se entrelaçam os ritos com as catequeses nestes
tempos, podemos identificar algumas características. A essa ação chamaremos de inspira-
ção catecumenal, que no fundo é uma pedagogia, uma maneira de ir conduzindo a pessoa
até sua transformação no mistério de Cristo. Os bispos retomam essa inspiração catecu-
menal dos primeiros séculos do Cristianismo como uma “dinâmica, uma pedagogia, uma
mística, que nos convida a entrar sempre mais no mistério do amor de Deus”.8

“A ênfase deve ser colocada mais no ‘espírito ca-


tecumenal’ do que em um esquema formal”. (Id.,
ib., n. 74.)

Por isso, o Diretório Nacional de Catequese, n. 45-


50, recomenda que, possivelmente, os elementos
dessa pedagogia do Batismo de adultos estejam
presentes em toda forma de catequese.9

6 Cf. Id., ib., n. 124.


7 Id., ib., n. 119.
8 Id., ib., n. 56.
9 (Cf. NUCAP. Paróquia, casa da iniciação à vida cristã. A partir do documento da CNBB n. 107. São

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Consideração final
A espiritualidade do catequista aprofunda e desenvolve a graça batismal, confirmató-
ria e eucarística. Portanto, quanto mais você refletir e vivenciar o método com inspiração
catecumenal, tanto mais estará estendendo as raízes de sua fé e de seu compromisso com
a missão que lhe foi conferida.

Sugerimos ainda:
O texto “Ceia, memória, comunhão, festa
e esperança… Uma leitura da primeira
carta aos Coríntios 11,17-34”

Paulo, Paulinas 2017, pp. 10-12)

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Referência Bibliografica

NUCAP. Metodologia da iniciação à vida cristã. Formação do catequista. São Paulo, Pauli-
nas, 2016.

LELO, Antonio Francisco. Catequese com estilo catecumenal. São Paulo, Paulinas, 2006.

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