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APRIMORAMENTO EM TRANSTORNOS ALIMENTARES PARA NUTRICIONISTAS

16°TURMA – MÓDULO I - 2021

Resumo do livro `Fazendo as pazes com o corpo` da Daiana Garbin (2017)

Aluna: Sara Vasconcelos Canuto

Daiana relata no livro a sua história com o corpo e como mudou e está mudando isso ao longo
de anos. A sua percepção de corpo e a forma dele vem desde a infância e desde muito pequena ela
tem a percepção de ter um corpo diferente, não se sentia bem com collant no balé, se sentindo
inferior e se comparando. Fazendo uma retrospectiva, ela relata o quanto sua percepção de corpo
era deturpada, pois mesmo quando estava muito magra na adolescência, não se sentia feliz e
confortável com o próprio corpo. Nessa época, em que ainda morava no Sul e com seus pais, boa
parte dos métodos para tentar emagrecer eram escondidos.

Um relato interessante que vem das atitudes alimentares é sobre a cultura no Sul, quando não
se tem uma boa regulação de fome e saciedade. A saciedade para ela desde a infância pela sua
memória e lembranças é de mesa farta e comer até ficar cheia, a barriga doer e abrir o botão da
calça. Não comer é uma desfeita. Quando ela fala disso, está relatando crenças que ela absorveu por
família e cultura ainda na sua primeira infância. A comida é vista como uma recompensa e conforto
e por isso comia quando estava triste, ansiosa, insegura, agitada, tudo era um motivo para exageros,
pois a comida lhe trazia conforto e felicidade.

Jovem adulta Daiana saiu do Sul e foi em busca de crescimento profissional e com isso sua
relação com a comida e com o corpo foi piorando cada vez mais. Não estar perto dos pais, a
instabilidade profissional e financeira, a pressão de ser jornalista e de aparecer em vídeo na TV
foram fatores que contribuíram para o quadro. Inclusive em um momento do livro, Daiana relata
dificuldade nos relacionamentos por não lidar bem com o seu corpo, ter uma baixa autoestima e
com isso tinha prejuízos na sua vida sexual.

No livro Daiana relata incontáveis momentos em que tentou emagrecer, uso de medicamentos,
horas de jejum, treinos exagerados para gastar mais calorias, momentos de purgação, exageros e
compulsão, medo de comer perto do outro, culpa ao comer qualquer tipo de alimento que ela
considerasse não saudável, falta de controle ao comer e outros diversos aspectos que caracterizam
o comer transtornado.

No jornalismo, Daiana aparecia em vídeos e relata que usava apenas blusa com manga, tinha
um ângulo especifico que gostava de gravar, pois achava que a emagrecia. Muitas vezes era sofrido
estar ali e a pressão constante pela aparência perfeita e por estar magra a consumiam. Teve até um
momento em que foi chamada por pessoas acima dela na televisão para que ela perdesse peso e
melhorasse sua imagem.

Um momento crucial na construção de sua história, foi o seu relacionamento com Tiago
Leifer, seu namorado, noivo e atualmente marido. Um dos poucos que sabiam de fato o que se
passava na sua cabeça em relação ao corpo e sua imagem. Ele ao pedi-la em casamento, disse que
apenas se casaria se ela cuidasse de sua saúde mental e parace com dietas e medidas loucas, que ela
era linda e maravilhosa como era. Desde então Daiana mudou o seu pensamento e deixou de lado
atitudes drásticas e procurou ajuda profissional para lidar com tudo que sentia e pensava sobre seu
corpo e seus hábitos.

A grande virada para falar sobre tudo isso que vinha percebendo sobre seu comportamento e
seu corpo foi pedir demissão e criar o seu canal no Youtube, como uma forma de extravasar isso e
se libertar de diversos padrões e paradigmas. Daiana relata o quão difícil foi se afastar da televisão,
pedir demissão e iniciar seu novo projeto, mas ao mesmo tempo via ali a oportunidade de levar
ajuda e uma mensagem para outras pessoas. Com o crescimento do canal e toda a repercussão,
recebeu diversos relatos de mulheres que abordavam situações similares e ela trouxe diversos deles
em seu livro.

Outro aspecto importante do livro é a sua colocação sobre como as redes sociais e como ela
geram um impacto na comparação, na cultura da magreza, em como aquela blogueira consegue
fazer tudo isso e ainda ter o corpo perfeito. Pensamos `Talvez seja apenas falta de vergonha na cara,
foco, força e fé.`, mas Daiana deixa claro que essa tortura mental que fazemos está completamente
errada e que pos trás de tudo aquilo há indústria de diversos setores que apenas querem que fiquemos
mais infelizes, inseguras e insatisfeitas com nossos corpos. Em busca desse padrão de beleza e
magreza, Daiana coloca que entre 1 e 5% da população tem esse padrão dentro do ideal`.

Daiana reforça a importância do acompanhamento multidisciplinar quando falamos do Comer


Transtornado e dos Transtornos Alimentares, pensando em psicólogo, psiquiatra, profissional de
educação física e o papel do nutricionista nesse tratamento. A nutricionista. Marcela Salim Kotait,
aborda no livro que em cada época da nossa sociedade, tivemos tendências de corpos diferentes e
cada um representava algo. Por exemplo, bem antigamente as curvas excessivas representavam
abundância, enquanto lá pelos anos de 1920 com a entrada da mulher no mercado de trabalho as
mulheres eram mais magras e com uma aparência masculinizada. Já nos anos 40 e 50 a Marilyn
Moroe passa a ser a referencia com seu corpo voluptuoso, em 1960 um padrão magro e andrógeno
característico da Twiggy e entre os anos 80, 90 e 2000 os corpos de modelo, sendo a ultima
referência as modelos da Victoria Secrets, entre elas a Gisele Bündchen. Agora em sua ultima fase,
as mulheres buscam o padrão fitness, onde a busca incessante vai além da alimentação, mas
observamos também uma doutrina voltadas para atividades físicas, suplementação, dietas de todos
os tipos e corpos com baixíssimo percentual de gordura. O pior disso tudo é a associação de que o
corpo perfeito traz felicidade, o que não é verdade.

Daiana deixa claro que essa construção de amor próprio e de reconhecimento da beleza e das
nossas qualidades e a reconstrução da relação com a comida leva tempo e precisa de suporte
profissional.

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