Você está na página 1de 10

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DO TRABALHO DA 2ª VARA DO

TRABALHO DE GOIANA - PE.

PROCESSO – 0000393-46.2022.5.06.0232

BRUNO GONÇALVES DA SILVA, já qualificado nos autos do


processo em epígrafe, que move em desfavor da FCA FIAT
CHRYSLER AUTOMOVEIS BRASIL LTDA, vem através do advogado que
vos escreve com poderes atribuídos por meio da procuração de
Id. 0657efe, respeitosamente a presença V. Ex. ª apresentar
com fulcro no art. 895, inc. I, da CLT, Recurso Ordinário
nos termos das razões e fundamentos que passa a tecer.

Requer, assim, que depois de preenchidas as formalidades


legais ínsitas ao presente recurso, V. Ex. ª, determine a
remessa do presente processo ao Egrégio Tribunal Regional do
Trabalho.

DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL

Sendo o apelo protocolizado nesta data, encontra-se


tempestiva a presente medida.

Sabe-se que é desnecessário o recolhimento de depósito


prévio recursal pela parte recorrente, o que se depreende da
leitura da Instrução Normativa nº. 03/93 do C. Tribunal
Superior do Trabalho e do art. 899, da CLT.

Outrossim, a parte Autora/Recorrente foi declarada


beneficiária da Justiça Gratuita pelo Juízo sentenciante,
conforme se depreende da r. sentença de mérito.
Observe-se a jurisprudência pátria, nesse
particular:

EXIGÊNCIA DE DEPÓSITO RECURSAL POR PARTE DO


RECLAMANTE. IMPOSSIBILIDADE - O depósito
recursal não tem natureza jurídica de taxa
de recurso, mas de garantia do juízo recursal
(Instrução Normativa nº 03/93 do TST), ou
seja, objetiva garantir o cumprimento da
condenação. A medida é voltada
exclusivamente para atender o interesse do
trabalhador que, embora tendo de aguardar o
julgamento do recurso interposto, terá a
certeza de que ao menos parte do valor da
condenação imposta encontra-se reservado
para a execução da sentença. Ademais, embora
o -caput- do art. 899 da CLT não declare
expressamente que o depósito recursal é
exigido apenas do recorrente empregador, tal
conclusão é facilmente extraída dos
parágrafos §§ 4º e 5º do mencionado
dispositivo legal, quando estabelecem que o
depósito far-se-á na conta vinculada do
trabalhador, que deverá ser aberta em seu
nome, se ainda não a tiver.Recurso de revista
conhecido e provido. (TST - RR:
6330058220005105555 633005-
82.2000.5.10.5555, Relator: Rider de Brito,
Data de Julgamento: 17/12/2003, 5ª Turma,
Data de Publicação: DJ 26/03/2004.)
O patrono que subscreve o presente Recurso Ordinário
detém legitimidade para tanto, conforme o poder outorgado
através da procuração já anexa aos autos.

Estão presentes, portanto, todos os requisitos de


admissibilidade e conhecimento deste recurso, já que
tempestivo, preparado e subscrito por advogados devidamente
habilitados.

Assim, uma vez demonstrado o preenchimento dos


pressupostos de admissibilidade indispensáveis ao
conhecimento do presente Recurso Ordinário, requer, o
recorrente, após o cumprimento da formalidade disposta no
art. 900, da CLT, o seu imediato encaminhamento ao Tribunal
Regional do Trabalho da Sexta Região, competente para a sua
apreciação e julgamento.

Termos em que,

Pede deferimento.

Igarassu, 05 de maio de 2023.

Dr. MURILLO MAGDO DA SILVA CORREIA REGO

OAB/PE 49.676
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 6ª REGIÃO

DAS RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO

RECORRENTE: BRUNO GONÇALVES DA SILVA

RECORRIDO: FCA FIAT CHRYSLER AUTOMOVEIS BRASIL LTDA

PROCEDÊNCIA 2º VARA DO TRABALHO DE GOIANA – PE (PROCESSO –


0000393-46.2022.5.06.0232)

Da síntese dos fatos

Trata-se a presente demanda, de ação visando reparação


civil pelas moléstias desenvolvidas pelo obreiro no decorrer
do contrato de trabalho. Durante a instrução processual,
houve a realização de perícia. Porém, não foi realizado nas
dependências da Ré.

Toda via enfatizo que discorda das conclusões do


presente laudo pelas razões fáticas que passa a tecer. O
obreiro durante a maior parte do pacto laboral realizou as
atividades que demandavam demasiado esforço físico
repetitivo e posturas ergonômicas inadequadas e prejudiciais
à saúde do trabalhador, não obstante a extensão habitual da
jornada de trabalho pela prestação diária de horas extras,
o que prolongava à exposição do autor as condições
prejudiciais à saúde. Imprescindível se faz destacar que
conforme já aludido na inicial e comprovado mediante a
análise dos cartões de ponto, o reclamante realizava horas
extras diariamente. Utilizando com amostragem o período de
(01/04/2018 a 30/04/2018) id d0b24e4m, fls.187 percebe-se
que o reclamante laborou 3 sábados seguidos (lembrando que
a reclamada em sua defesa alega a existência de acordo
coletivo, o que comprova que o autor laborava habitualmente
em dias destinados a folga/descanso), além das horas extras
realizadas diária e habitualmente de segunda a sexta feira.

O obreiro diariamente estava exposto a esforço


repetitivo, agravado por várias horas de exposição ao longo
do horário de trabalho e das horas extras corriqueiras e
recorrentes. Dito isto, gostaria de indagar com as devidas
vênias ao insigne juízo e ao nobre expert, se considerando
as alegações do reclamante em sua exordial, juntamente como
acervo probatório documental colacionado aos autos (exames
diversos e específicos), se para uma prestação jurisdicional
mais equânime, não seria mais propício uma visita e perícia
no local/ambiente do o obreiro? Local onde poderiam ser
observadas todas as intempéries que o labor oferecia ao
obreiro e as condições ergonômicas. Local onde também
poderiam ser observadas condições impostas aos obreiros pela
ré como empilhadeiras com defeitos (inclusive com fotos
anexadas nos autos), trepidações, bancos quebrados, pneus
carecas, falta de EPI’s, esforço repetitivo e movimentação
de altas cargas de peso. Bem como identificar as
irregularidades existentes e entrevistar paradigmas na mesma
função sobre a condição dos equipamentos e etc...
Concomitante a isto temos o histórico de ré em não oferecer
o mínimo necessário aos obreiros e de ser responsabilizada
pelas moléstias que acometem/acometeram alguns de seus
colaboradores, ligadas diretamente as atividades exercidas
diariamente nas suas dependências. A exemplo dos processos
anteriores e já usados como prova empresta na exordial, a
reclamada desobedecia ao regramento contido no art. 157 da
CLT, uma vez que não atendia e não cumpria as normas de
segurança e medicina do trabalho. O laudo pericial do
processo de n. 0000804-91.2019.5.06.0233, concluiu que o
trabalhador ARMANDO BEZERRA DA SILVA, desempenhava
atividades cujo oferecia risco ergométrico, face a postura
inadequada. Interessante que, o paradigma informado sofre da
mesma moléstia (lombalgia). Já no processo de n. 0000378-
82.2019.5.06.0232 o expert concluiu que o trabalhador
ALEXANDRE JOSE ALVES também foi vítima de acidente de
trabalho, em decorrência do não atendimento das normas de
medicina e segurança do trabalho. No processo de n. 0000729-
86.2018.5.06.0233 temos outro caso de doença profissional,
dessa vez, síndrome do manguito rotador. Restou comprovado
naquele processo que a Ré obrigava que o Sr. SAULO OLIVEIRA
CAVALCANTI a instalar peças fora da especificação, o que
conforme laudo médico pericial corroborou para o
acometimento da sua doença em grau moderado (50%). Assim,
entendo ter demonstrado que Ré é recorrente em descumprir as
determinações prevista no art. 157 da CLT. Ademais
considerando que o nobre expert também valida no laudo
impugnado (fls. 727, 728 e 729 do PDF), que apesar de se
tratar de doença multifatorial, “As lesões podem surgir por
diversos fatores, como levantamento de cargas com técnica
ruim, postura incorreta, vibrações prolongadas, duração do
ciclo de trabalho (considerando por óbvio as condições de
trabalho) e tempo de exposição aos fatores de risco”. Queira
o nobre expert informar quais os riscos ocupacionais e ou
fatores de risco que o reclamante esteve exposto quando do
labor na reclamada?

Neste sentido, trago aos autos ementa que reflete o


entendimento do C. TST, considerando evidentemente cada caso
concreto, mas que traduz o fenômeno do cerceamento de defesa,
quando dada as circunstâncias das doenças tratadas nos autos
e que a ausência de perícia para apurar as circunstâncias e
condições de trabalho do autor, prejudica o direito do
reclamante de provar os danos sofridos e o nexo
causal/concausal.

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO ANTES DA LEI


Nº 13.015/2014. PRELIMINAR DE NULIDADE POR
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE REALIZAÇÃO DE
PERÍCIA NO LOCAL DE TRABALHO. O Tribunal
Regional entendeu que o exame realizado pelo
Perito Médico do Trabalho na reclamante foi
suficiente para estabelecer no laudo
pericial a ausência de nexo de causalidade
entre as enfermidades que acometeram a
autora e as tarefas desempenhadas por ela na
reclamada, que resultaram em incapacidade
laboral parcial e temporária. A reclamante
se insurge contra o diagnóstico do laudo
pericial ao argumento de que para dirimir a
controvérsia acerca da existência do nexo de
causalidade entre as doenças e as tarefas
laborais desempenhadas seria imprescindível
a averiguação do ambiente de trabalho para
se aferir in loco a existência de riscos
ergonômicos inerentes à atividade exercida,
pelo que o indeferimento da produção de nova
prova técnica considerando a vistoria no
local de trabalho cerceou o seu direito de
defesa . Considerando a natureza das doenças
tratadas nos autos (tendinite calcificada do
ombro , tendinopatia supraespinhal ,
sinovites e tenossinovites) e a atividade
fabril incontroversamente desempenhada,
verifico que a constatação da ausência de
nexo de causalidade entre as patologias e o
trabalho sem a realização de perícia no
ambiente laboral, prescindindo da análise
das reais condições ergonômicas em que
determinadas tarefas eram executadas,
prejudica o direito da reclamante de provar
o liame entre os danos sofridos e o trabalho
desempenhado. Nesse contexto, o
indeferimento do pedido de realização de
perícia com avaliação do local de trabalho
configura cerceamento de defesa, violando o
art. 5º, LV, da CRFB/1988. Precedente desta
Turma no mesmo sentido. Recurso de revista
conhecido e provido.

(TST - RR: 11341820105200006, Relator: Maria


Helena Mallmann, Data de Julgamento:
22/10/2018, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 26/10/2018)

Gostaria também de atualizar a r. turma da condição


atual do Sr. BRUNO GONCALVES DA SILVA, o mesmo continua
afastado de suas atividades laborais até hoje, sem previsão
nenhuma de recuperação ou de um retorno as suas atividades.
Diferente do posto no item 2.2 de documento pericial. E que
o nobre Expert terminou por ater-se somente aos problemas de
coluna do reclamante, então valendo ressaltar as sequelas de
artrose acrômio-cravicular e tendinopatia em seu ombro
esquerdo, bem como tendinopatia dos glúteos e problemas no
joelho.

Valioso de ressaltar que em seu afastamento ao ser


submetido a perícia médica pelo sindicato laboral, foi
expedido CAT reconhecendo o acidente do trabalho ocorrido
com o obreiro. Logo, entendo que no presente, foi cerceado
o direito de defesa do obreiro.

Das razões do recurso

Cerceamento do direito de defesa

Conforme dito por mim a pouco, o caso sob judice é


passível de anulação, em virtude do cerceamento do direito
de defesa do reclamante. No que tange, ao indeferimento do
juiz, ao meu pleito de ser realizado perícia médica no
ambiente de trabalho do obreiro. Violando o art. 5º, LV, da
CRFB/1988. Desta forma, venho pedir ao E. tribunal, a
devolução do processo a vara de origem, com a determinação
de apurar o nexo de causalidade das moléstias do trabalhador
com seu trabalho, devendo ser a perícia em discussão,
realizada nas dependências da Ré. De resto, com a devolução
do processo a vara de origem, e após realizado a perícia no
local de trabalho, que seja novamente apreciado o mérito do
processo pelo julgador de 1º grau.

DO PEDIDO RECURSAL

A recorrente roga, de logo, a esta Egrégia Corte, que


conheça do presente recurso, dando provimento e determinando
o retorno dos autos a vara de origem, para realizado a
perícia no local de trabalho, resultado em nova apreciação
do mérito do processo.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Igarassu, 05 de maio de 2023.

Dr. MURILLO MAGDO DA SILVA CORREIA REGO

OAB/PE 49.676

Você também pode gostar