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Analisando esta maneira de organização, e que de certo modo considerado
“consenso antecipado e imposto”, e que, apesar de ser aplicável naquela época
para além de ser estranho nas organizações do processo de ensino e
aprendizagem, não se compadece com o princípio de que as organizações são
instáveis e imprevisíveis, pelo seu grau demasiadamente elevado de ambiguidade,
complexidade e incerteza dos seus objetivos considerados pouco claros e em
conflito, pois, as tecnologias são também consideradas ambíguas e incertas (LIMA,
2001, p.29).
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emanadas pelo ministério de educação no País, formar os alunos com qualidade,
capaz de contribuir de forma positiva para o desenvolvimento do capital humano.
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O projeto educacional deve parar de ser considerada a escola como um lugar
de produção de mão de obra dócil, de corpos submissos. Para Guarany e Cardoso
(2021), as políticas desenvolvidas no campo do currículo e da formação docente
visam a produzir sujeitos autogovernáveis.
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(SHIROMA; MORAIS; EVANGELISTA, 2004) que sustentado pelo princípio
educativo do neoliberalismo, almeja a formação do cidadão para o mercado
de trabalho, com habilidades, competência, rentabilidade e, especialmente, com a
militarização das escolas, disciplinados, dóceis, cumpridores das tarefas
estabelecidas pela hierarquia. Descredibilizando esta classse docente.
Cada sociedade tem seu regime de verdade, sua “política geral” de verdade,
isto é, os tipos de discursos que ela acolhe e faz funcionar como
verdadeiros; os mecanismos e instâncias que permitem distinguir os
enunciados verdadeiros dos falsos, a maneira como se sanciona uns e
outros; as técnicas e os procedimentos que são valorizados para a obtenção
da verdade, o estatuto daqueles que têm o encargo de dizer o que funciona
como verdadeiro (FOUCAULT, 2015, p.52)
Quantas vezes ouvimos que nossa dependência económica é devida à nossa
educação sem qualidade, criando uma relação de causalidade invertida e
viabilizando conclusões espúrias? (MACEDO; RANNIERY, 2017,p.21)
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Para isso, precisamos afirmar uma postura ética-estética-política que nos
desloque a pensar outras composições curriculares e formativas, para além do que
está posto pelas políticas educacionais vigentes. Segundo Dias (2012), distinguir
formar e capacitar, a fim de estabelecer uma escolha que não se fecha em dar forma
ao futuro professor, mas que se abre para modos de vida não conformados à lógica
do capital. É, portanto, assumir um compromisso, um combate coletivo, em bando,
em matilha contra a precarização da educação, da docência. Inventar outras formas
de existir, para não sucumbir, que seja ética-estética-política.
“Ao preço de longas pesquisas e de longas lutas, alcançar a via por onde
marcharam os nossos grandes poetas, para perceber com que leveza e
beleza eles marcharam e com que inaptidão e grandiloquência os outros
seguiram”. (NIETZSCHE,2003, p. 76)
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Parece-nos um convite a compor a marcha, a se juntar ao bando, a recusar o
silêncio repressivo, para fazer ressoar as muitas vozes de professores (as) que
dizem não às tentativas de redução do conhecimento, da docência, da vida. Assim,
contagiados pelos escritos de Nietzsche sobre a educação, apostando na ousadia
dos filósofos da diferença, Deleuze e Guattari (2011), para pensar a educação de
outro modo e, pensando com as ideias de Paulo Freire, na perspectiva de não se
adaptar à realidade, mas inserir-se nela, fazendo intervenções, dizemos não à
resolução N 02/2019 e a qualquer política/projeto que insere a educação no campo
mercadológico, e ao que representam de retrocesso na luta por uma educação de
qualidade.
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desde a assistência de aulas até a leccionação. Apesar dos esforços empreendidos
pelo setor no sentido de melhorar a qualidade de ensino no país, parece haver,
ainda, grandes problemas em relação à qualidade da educação: formação de
professores, as condições físicas das salas de aula, turmas numerosas – elevado
rácio aluno/professor. Há necessidade de “estudar e aplicar mecanismos mais
adequados para melhorar a qualidade dos professores formados (AGENDA 2025,
2003, p.137).
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realmente dominar os conhecimentos adquiridos. Só assim se pode ser inundado
pela paixão “detectivesca” indispensável à verdadeira fruição da Matemática.
Aprender Matemática sem forte intervenção da sua faceta investigativa é como
tentar aprender a andar de bicicleta vendo outras pessoas andarem e recebendo
informações sobre como conseguem. Isso não funciona, pois para verdadeiramente
aprender é preciso montar a bicicleta e andar cometendo erros e aprendendo com
eles (BRAUMANN, 2002). Neste contexto, afirmamos que os educandos sejam
chamados a conhecer os conhecimentos e não a memorizar os conteúdos narrados
pelo educador.
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A concepção “bancaria” insiste em manter ocultas certas razões que explicam
a maneira como atuam os homens no mundo e, para isto, mistifica a realidade. Uma
concepção de educação “problematizadora”, comprometida com a libertação, se
empenha na desmistificação. Por isto a primeira nega o diálogo, enquanto a
segunda tem nele o selo do ato cognescente, desvelador da realidade. A primeira
“assistencializa”; a segunda, criticiza. A primeira, na medida em que serve à
dominação inibe a criatividade e, ainda que não podendo matar a intencionalidade
da consciência como um desprender-se ao mundo, a “domestica”, nega os homens
a sua vocação ontológica e histórica de humanizar-se. A segunda, na medida em
que, servindo à libertação, se funda na criatividade e estimula a reflexão e a ação
verdadeira dos homens sobre a realidade, responde à sua vocação, como seres que
não podem autenticar-se fora da busca da transformação criadora (FREIRE,1968).
É através deste que se opera a superação de que resulta um termo novo: não
mais educador do educando, não mais educando do educador, mas educador-
educando com educando-educador. Desta maneira, o educador já não é o que
apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando
que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo
em que crescem juntos e em que os “argumentos de autoridade” já não valem. Em
que, para ser, funcionalmente, autoridade necessita de estar com as liberdades e
não contra elas. (FREIRE, 1968)
Considerações Finais
Os postulados das políticas educacionais, para além de serem vistos como
algo universal, precisam também de assumir os compromissos ligados a realidade
do País, visto que uma política deve ser considerada como uma cultura, uma cultura
não deve ser imposta, mas sim, ela deve caracterizar a sociedade que vive nela,
assim como o currículo prescrito ainda estão muito longe de se concretizarem na
prática, visto que, este deve ser desenhado, partindo da socialização e auscultação
da base ao topo e não como uma imposição da classe capitalista, que deve ser
seguido de forma vertical, excluindo e silenciando cada vez mais os “sem voz”. Há
vezes em que os limites estabelecidos devem ser ultrapassados. Os muros,
necessários para legitimar a escola, perigam ficar altos e encastelá-la em sua
especificidade (MACEDO; RANNIERY, 2017, p.24)
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A pesquisa mostra que, a educação é base de desenvolvimento de uma
nação, e ela não deve ser vista por parte dos governantes, como sendo uma forma
de opressão ou “mercadoria”
Sobre as mudanças que estão a ocorrer com a implantação da política dos
currículos, de entre as várias sugestões apresentadas, realçar que, a melhoria na
socialização dos processos educativos e, em especial, das reformas curriculares, a
revisão dos programas de formação de professores, tanto inicial como continuada,
apostando-os pela condução de aulas investigativas, através da realidade local,
preparando-os para praticarem, com competência, a diferenciação do ensino; a
busca constante de parcerias, nacionais e estrangeiras (com clausulas que não
possam por em causa os conhecimentos locais), para melhorar as condições de
funcionamento dos estabelecimentos de ensino, o aprimoramento dos modelos e
práticas de gestão e administração escolar, conferindo gradualmente uma maior
autonomia, liberdade e dialogicidade dos professores, alunos e todos intervenientes
do processo de ensino e aprendizagem a sua utilização para a melhoria do desenho
e implantação das políticas educacionais, poderá ser um bom passo para alcançar
um processo educativo próximo ou igual ao que se deseja.
REFERÊNCIAS:
AGENDA 2025. Visão e Estratégias da Nação. Maputo, Comité de Conselheiros,
2003.
BRAUMANN, C. Divagações sobre investigação matemática e o seu papel na
aprendizagem da matemática. In J. P. Ponte, C. Costa, A. I. Rosendo, E. Maia, N.
Figueiredo, & A. F
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DIAS, R. O. Formação inventiva como possibilidade de deslocamentos. In: _____
Formação inventiva de professores: Rio de Janeiro: Lamparina, 2012. p.25-41
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