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O PROCESSO PEDAGOGICO DA PESQUISA CIENTIFICA NO ENSINO FUNDAMENTAL Daniela Vieira Costa Menezes" RESUMO A pesquisa faz parte dos processos humanos. Porém, ao longo do tempo passou a exigir uma organizagdo prépria que, na tradi¢ao cientifica, constitui e legitima o conhecimento formal. Na escola, a pesquisa, como process, encontra contornos pedagégicos que possibilitam a estruturagao de uma nova relagao entre professores alunos, na superacao de uma aprendizagem desprovida de sentido, que ignora a complexidade das relagées entre individuos sociais. Buscando os pressupostos tedricos em diversos autores, o presente artigo apresenta 0 potencial pedagégico — cientfico, ambiental e social — do processo de pesquisa, pensando na formagao das criangas e jovens atendidos no ensino fundamental. Através de uma preparaco, visando formago continuada para o ensino pela pesquisa, na Rede Municipal de Ensino de Nove Hamburgo/RS, as reflexes aqui presentes exploram caminhos conceituais que fundamentam a construgéo de uma metodologia de ensino que propée a insergaéo da pesquisa cientifica no ensino fundamental, ressignificando o curriculo dessa etapa de ensino, Para tanto, antes da insercao da metodologia cientifica no cotidiano escolar, & preciso ajustar as concepgdes pedagégicas que valorizem o protagonismo do aluno, através do protagonismo do professor. Palavras-chave: Pesquisa Cientifica; Metodologia de Ensino; Aprendizagem. ndlada em Pedagogia. Eepecialista em Formagio Continuada, TIC Aplicada & Educagéo e Educagio Ambiental. Mestands om Ambiente ¢ Sustentabildage. Professora da Rede Municipal de Encino de Novo HamburgolRS, darielamenezes@novehamburgo ‘.govby. Alva como assessora de Cincias na SMEDINH e fol Formagora Regional do PNAIC-UFRGS 2017/2018 Saberes emFoco RevistadaSMEDNH v.2n.1 out. 2019 269 Daniela Vieira Costa Menezes 270 INTRODUGAO A qualificagao do processo de ensino-aprendizagem desafia a formagao continuada de professores, desde os da educagao infantil até aos do ensino superior. Para tanto, novas estratégias didatico-metodolégicas s4o exigidas, visando a (re) construgao de aprendizagens entre a vida escolar e extraescolar. Dentre elas, temos uma metodologia de ensino constituida a partir da insergao da pesquisa cientifica no cotidiano escolar, em que o professor deixa de ser aquele que “transmite” um contetdo para se tornar um “orientador”, que acompanha seus alunos em suas descobertas, Para que o trabalho com pesquisa cientifica em sala de aula promova aprendizagens significativas e contextualizadas, o professor precisa (re)construir conceitos pedagégicos, ajustando as exigéncias da legislacdo as necessidades e desejos de seus alunos. © presente artigo visa, portanto, apresentar algumas reflexées e discussdes pertinentes a integragao da pratica de pesquisa cientifica no cotidiano do ensino fundamental. Para a qualificagao do trabalho pedagdgico do professor, visando uma pratica pedagégica significativa, é preciso que a formagao continuada seja constituida de momentos que interliguem a dindmica escolar — com seus tempos e espagos — e as possibilidades didatico-metodolégicas do professor, expressas em uma intencionalidade pedagégica, que contemplem o potencial de desenvolvimento cognitivo dos alunos. Uma metodologia de ensino pela pesquisa exige diferentes formas de pensar, organizar e avaliar 0 trabalho pedagégico do professor. Pautada nos principios da interdisciplinaridade, da agdo colaborativa e do protagonismo discente, a organizagao de objetivos e selecao dos contetidos, a partir de um tema central e/ou de um problema de pesquisa, esta fundamentada nos documentos oficiais, mas ainda gera muitas duvidas diante dos tempos e espacos escolares, pois é uma pratica que esta em desenvolvimento teérico. Existem estratégias adotadas em diferentes locais do mundo, com maior ou menor sucesso. Entretanto, tal metodologia se sustenta na relagao entre a legislagao, a organizacao dos contetidos de uma rede de ensino e a contextualizagao dos contetidos de acordo com a faixa etdria atendida e suas especificidades. Dessa forma, trata-se de uma op¢ao didatico-metodolégica que exige o protagonismo dos envolvidos para promover uma aprendizagem significativa para todos. E preciso que o professor da educagaéo basica consiga: refletir e dialogar sobre os fundamentos de uma metodologia de ensino pela pesquisa; instrumentalizar-se para a organizagao do trabalho pedagégico, visando o ensino-aprendizagem pela pesquisa; interligar praticas variadas (suas e de seus colegas), potencializando seu valor pedagégico; e reconhecer a necessidade do seu protagonismo para uma vivéncia significativa diante de uma metodologia de ensino (e aprendizagem) pela pesquisa. Saberes emFoco RevistadaSMEDNH v.2n.1 out. 2019 O proceso pedagégico da pesquisa cientifica no Ensino Fundamental ORGANIZANDO A CONVERSA SOBRE ENSINO PELA PESQUISA O presente artigo surge a partir de reflexes presentes na constituigao da formacao continuada para o Ensino pela Pesquisa, oferecida pelo Setor Técnico-Pedagégico, da Secretaria Municipal de Educagéo de Novo Hamburgo — SMED NH, ao longo do ano letivo de 2018. O trabalho foi inicialmente realizado pela assessoria pedagégica® pensando no componente curricular Articulagao de Saberes, vigente na Rede Municipal de Ensino de Novo Hamburgo - RME/NH, desde 2015, mas a reflexéo avangou para os demais componentes curriculares dos anos finais do ensino fundamental e para o ensino globalizado, realizado pelos anos iniciais do ensino fundamental Como parte do planejamento para a formacao continuada em 2018, a assessoria realizou uma revisdo bibliografica sobre a tematica, em busca de qualificar a discusséo diante do grupo de professores responsaveis pelo componente curricular Articulagao de Saberes. Em um questionario on-line, preenchido pelos professors responsaveis por tal componente curricular, foram coletadas algumas impressdes que direcionaram 0 trabalho realizado. Desde 0 inicio do processo, 0 grupo responsavel chegou ao consenso, através de diferentes momentos de troca com toda a equipe da SMED NH, que a RME/NH tinha uma caminhada na Iniciagao Cientifica, consolidada pela realizagao anual da Feira de Iniciagao Cientifica e Tecnolégica - FEMICTEC, desde 2013. Entretanto, as primeiras impressées colhidas apontaram, informalmente, que era preciso investir conceitualmente no potencial da metodologia cientifica, para o desenvolvimento de aprendizagens significativas e contextualizadas para além da Iniciagao Cientifica, sem minimizar 0 que jd estava consolidado. Diante disso, 0 grupo se propés a iniciar a organizagao das bases conceituais para aprofundar o potencial da presenga da pesquisa cientifica, enquanto metodologia de ensino, nos diferentes momentos do ensino fundamental. Para tanto, a diversidade de formagées e experiéncias pedagégicas com a pesquisa dos participantes do grupo; as experiéncias iniciadas na formagao continuada para o componente curricular Articulagao de Saberes; as demandas das escolas da RME/NH; e experiéncias na formagao continuada sobre o Ensino pela Pesquisa, sobretudo no Ambito dos anos iniciais do ensino fundamental, contribuiram para as reflexes aqui expressas, que nao pretendem esgotar a discussao. O presente texto 6, portanto, um recorte desse trabalho realizado na SMED NH, apresentando algumas reflexes teéricas, que revisitam autores presentes na histéria do pensamento pedagégico. A partir de leituras, resgate de experiéncias e trocas com colegas professores, pretende-se iniciar um desenho metodolégico do ensino pela pesquisa, visando contribuir para o avango qualificado de tal pratica nas escolas da RME/NH. para a Arbculacio de Saberes fo realzada pelas assessoras: Prof Adana Comélus, ProP Dania Menezes e Prot Joseane Matias, coordenadas pelo Prof. Carlos Bach, Saberes emFoco RevistadaSMEDNH v.2n.1 out. 2019 2m Daniela Vieira Costa Menezes PRESSUPOSTOS TEORICOS DO ENSINO PELA PESQUISA Historicamente, a humanidade pautou a construgéo do pensamento cientifico a partir da hiperespecializagao, em que minimizamos a complexidade das relagdes existentes na realidade, através da fragmentagao do conhecimento. O pensamento cientifico evoluiu ao longo do século XX, com o surgimento de diversas ciéncias. Tal movimento permitiu 0 avango tecnolégico e modificagdes no modo de vida humano, inserindo no cotidiano das sociedades, as explicagées cientificas para os fenémenos naturais e sociais observados nas realidades culturais. Entretanto, a evolugéo do pensamento cientifico também dificultou a compreensao da complexidade da realidade, na qual estamos inseridos. Vivemos na era da informacao, em que cultivamos conhecimentos fragmentados para fins técnicos e perdemos os conhecimentos contextualizados que nos levam a aprendizagem significativa. Nesse contexto, esta estruturada a organizagdo curricular vigente, na qual dividimos em areas do conhecimento os componentes curriculares de onde partem 08 contetidos abordados no cotidiano da sala de aula, dos diferentes niveis do Ensino Fundamental. A insergéo da pesquisa cientifica no contexto escolar comega com tal limitagao. Dessa forma: Devems, pois, pensar o problema do ensino, considerando, por um lado, os efeitos cada vez mais graves da compartimentagao dos saberes e da incapacidade de articuléos, uns aos ‘outros, por outro lado, considerando que a aptidao para contextualizar e integrar & uma qualidade fundamental da mente humana, que deve ser desenvolvida e ndo atrofiada (MORIN, 2002, p. 16). Temos 0 desafio de promover a interdisciplinaridade em nosso cotidiano docente. Para tanto, é preciso refletir sobre o potencial de um tratamento interdisciplinar do curriculo escolar, iniciando um percurso que pretende conectar os contetidos abordados a um contexto maior. Tal abordagem visa relacionar uma PARTE ao TODO, de forma interdependente. Durante 0 periodo escolar, o aluno precisa construir cognitivamente conhecimentos que levaram muito tempo para serem estruturados pela humanidade. Precisamos refletir sobre a organizagao do processo da pesquisa — e da ciéncia — ao longo do tempo e sua relagao com a aprendizagem. ‘A humanidade habita o Planeta Terra hé mais de 200 mil anos. Nesse tempo, foi preciso desenvolver diferentes técnicas para a garantia dos elementos necessarios para a nossa sobrevivéncia, a partir da adaptagao da nossa espécie aos diferentes ambientes naturais. Muito antes da pesquisa existir formalmente, 0 ser humano ja se utilizava do seu diferencial cognitivo para, inicialmente, sobreviver e, posteriormente, consolidar sua hegemonia, Através da observagao sistematica, percepao dos padrées, confronto das percepgées, registro das conclusées e divulgagao das descobertas, nossos antepassados constituiram formas de viver no mundo. A exploragao do potencial cognitive humano, depende de aprendermos com as descobertas e produgdes dos que nos antecederam para nos desafiarmos continuamente. A cada geragao humana, novas demandas surgiam e, com elas, novas aprendizagens 272 Saberes emFoco RevistadaSMEDNH v.2n.1 out. 2019 O proceso pedagégico da pesquisa cientifica no Ensino Fundamental A pesquisa e aprendizagem sao processos diferentes, mas que surgiram de forma interligada, O desenvolvimento da escrita permitiu a evolugéo do pensamento cientifico, que estruturou as bases da pesquisa formal que conhecemos atualmente. Muitas pessoas, em diferentes espacgos e tempos, participaram da construgdo das diferentes ciéncias conhecidas. Partindo de uma visdo integrada do mundo e da realidade, a humanidade criou ramificagdes para o pensamento cientifico, disciplinarizando o saber, Tal movimento possibilitou o desenvolvimento de intimeros conhecimentos, expressos em diferentes matrizes tecnolégicas, ja incorporados ao imagindrio sociocultural do mundo ocidental. Aescola seguiti um caminho paralelo a evolugao do pensamento cientifico. Embora a pedagogia seja uma ciéncia, e a docéncia exija formacao continuada diversificada, o professor, em geral, dificilmente se posiciona como um cientista da educagdo. A pesquisa cientifica e a aprendizagem se encontram na universidade, responsavel pela formagao inicial dos profissionais e pela produgao do conhecimento. Porém, na Educagao Basica, a pesquisa — formal e informal — atende a demanda de qualificagao do ensino, proposta pela legislagao vigente. Para embasar a discussao, levando a questao ao contexto do processo educativo, abaixo encontra-se um importante item do Parecer CNE/CEB n°7/2010: Também se diz que os conhecimentos produzidos nos diversos componentes curriculares, para adentrarem a escola so recontextualizados de acordo com a légica que preside as instituigdes escolares. Uma vez que as escolas sao instituigdes destinadas @ formacao das criangas, jovens e adultos, os conhecimentos escolares dos diferentes componentes, além do processo de didatizagao que sofrem, passam a trazer embutido um sentido moral e politico, Assim, a historia da escola esta indissoluvelmente ligada ao exercicio da cidadania; a ciéncia que a escola ensina esta impregnada de valores que buscam promover determinadas condutas, alitudes e determinados interesses, como por exemplo, a valorizacéo e preservacao do meio ambiente, os cuidados com a satide, entre outros. Esse mesmo processo ocorre com os demais componentes curriculares e areas de conhecimento, porque devem se submeter as abordagens préprias aos estagios de desenvolvimento dos alunos, ao periodo de duracao dos cursos, aos horarios e condigdes em que se desenvolve 6 trabalho escolar e, sobretudo, aos propésitos mais gerais de formacao dos educandos. acesso ao conhecimento escolar tem, portanto, dupla funcdo: desenvolver habilidades intelectuais e criar atitudes e comportamentos necessarios para a vida em sociedade inicio da escolarizagao formal deve apresentar a crianga um “percurso que ligaria a indagagao sobre a condigao humana a indagagao sobre o mundo.” (MORIN, 2002, p. 76). Porém, Nossas escolas so construidas segundo 0 modelo das linhas de montagem. Escolas s4o fabricas organizadas para a produgéo de unidades biopsicolégicas méveis, portadoras de conhecimentos e habilidades. Esses conhecimentos e habilidades sao definidos exteriormente por agéncias governamentais a que se conferiu autoridade para isso. Os modelos estabelecidos por tais agéncias sao obrigatérios, e tam a forga de leis. Unidades biopsicolégicas moveis que, ao final do processo, nao estejam de acordo com tais modelos sao descartadas. E a sua igualdade que atesta a qualidade do proceso. (ALVES, 2012, p. 38) Como resultado do processo educacional formal, temos uma populago que desarticula 0 que foi estudado, em sala de aula, com os conhecimentos necessarios Saberes emFoco RevistadaSMEDNH v.2n.1 out. 2019 273 Daniela Vieira Costa Menezes para a vida social cotidiana, expressos na ndo-aprendizagem e/ou na aprendizagem descontextualizada, Tal premissa se sustenta nas palavras de Alves (2012, p. 63) Aceitemos um fato simples: um programa cumprido, dado pelo professor do principio ao, fim, 6 86 cumprido formalmente. Programa cumprido no é programa aprendido — mesmo, que os alunos tenham passado nos exames. [...] Esse é 0 destino de toda ciéncia que nao @ aprendida a partir da experiéncia: 0 esquecimento, Portanto, estamos diante da necessidade de novas praticas didatico- metodolégicas, que permitam uma aprendizagem mais significativa e contextualizada no seio do espago escolar, Um impasse pedagogico ¢ evidente: “Nao se pode reformar a instituigao, sem uma prévia reforma das mentes, mas nao se pode reformar as mentes sem uma prévia reforma das instituigées’ (MORIN, 2002, p. 99). Entretanto, “[...] é preciso comecar, e 0 comego s6 pode ser desviante e marginal’ (MORIN, 2002, p. 101) Para Morin (2002), ensinar é uma missdo, que deve ser realizada com a contextualizagao dos problemas de forma multidimensional, oferecendo aos alunos subsidios para o enfrentamento dos desafios da complexidade; onde eles partem em uma descoberta da histéria incerta e aleatoria, do universo, da vida e da humanidade. Por isso, os professores tornam-se profissionais que precisam “estar intelectualmente rearmados, comegar a pensar a complexidade, enfrentar os desafios [...] e tentar pensar os problemas da humanidade na era planetaria’ (MORIN, 2002, p. 104). E preciso pensar em uma nova forma de ser e estar na escola, partindo do principio de que “todo conhecimento € uma reconstrugao/tradugao feita por uma mente/cérebro, em uma cultura e época determinadas” (MORIN, 2002, p. 96), podemos concluir que nao existe aprendizagem significativa e contextualizada deslocada da realidade do aprendiz. Alves (2012, p. 57) construiu o seu ideal de escola, desejando ‘[...] uma escola em que o ponto de referéncia nao seja 0 programa oficial a ser cumprido (inutilmente!), mas 0 corpo da crianga que vive, admira, encanta-se, espanta-se, pergunta, enfia o dedo, prova com a boca, erra, machuca-se, brinca’ Do ponto de vista cognitivo da pedagogia, a pesquisa permite a reconstrugao do conhecimento através das diferentes fontes obtidas. Dessa forma, o questionamento da realidade e a formulagao de problemas, caracteriza a pesquisa cientifica, no ensino fundamental, como resolutiva, apresentando-se como uma estratégia metodolégica que vise a superaco da repeticao sem significado, presente historicamente no processo pedagaégico. Xavier, Brito ¢ Casimiro (2018), apresentam a pesquisa no Ensino Fundamental como um proceso de construgao de um conhecimento “novo” (de um determinado assunto), a partir do conhecimento de mundo. Para tanto, o aluno deve ser sujeito do proceso e o professor o seu mediador. Nesse sentido, a apropriagao do conhecimento pela pesquisa passa por uma caminhada que envolve compreensao, interpretagao e nova compreensao. Dessa forma, encontramos bases conceituais para a pesquisa como uma atividade pedagégica em tedricos muito presentes no pensamento pedagdgico atual. Os autores citados, apresentam contribuigdes de alguns desses pesquisadores, organizadas no quadro a seguir. 274 Saberes emFoco RevistadaSMEDNH v.2n.1 out. 2019 O proceso pedagégico da pesquisa cientifica no Ensino Fundamental Quadro 1: Contribuigdes de teéricos Teérico Reflexes para o ensino (e aprendizagem) pela pesquisa (Conhecimenio como ativdade dirigida que no tem fm em si mesmo (votado para a experiencia), Método Gentoo como um “contnuurm” experimental DEWEY /Beporenlas om desenvolimento, uso do exporencas passadasrecenamento de lexperiéncias futures, (Crianga como ser dindmico que iterage com o ambiente em busca de adaptagao de suas PIAGET —_|estruturas mentais. 0 fazoro 0 comproender se intor-telaconam pola rfloxzo. Processo cientco expresso no esquema assiilacao-acomodaco-equlbrecao, (0 suelo interage com 0 meio para aquisigao do conhecimento mediado pela inguagem. Desa forma, 0 desenvolvimento do pensamento passa pela linguagem © pela vida sociocultural. Na. Zona de Desenvolvimanta Prosmal (ZPD), a8 alvdades préviae possbiltam novas construgtes a partir da mediagao do professor. © professor como erientador, no processo de mediacdo, afua na ZPD dos alunos provecando-os para novas aprendizagons, Diferenciando 0 ensino e a tansmissdo, a escola se apresenla como um espage paral construcbes prépras do aluno, apart de suas curiosidades. A curiosidade Ingénua” deve’ se expressar como curiosidade “epistemolégica’, onde a FREIRE —_|experiéncia faz a mediapso entre a apo e a reflexio aa a aprencizagem. |Aposquisa se exprassa no carter problematzador da educaeao, que permite a superacdo| {do sonso comum através do desenvolvimento do pensamenio crltco, promavendo a transformacso da realidade Fonte: organizado pela autora a partir de Xavier, Brito e Casimiro (2018). vycorsky A integracao das reflexdes proporcionada pelos autores presentes no quadro, esto indiretamente relacionadas a uma metodologia que posiciona o aluno como protagonista de sua aprendizagem, centralizando 0 processo pedagégico na relacao professor-aluno. Tais autores nao expressam uma defesa de uma metodologia de ensino pela pesquisa, mas apresentam pressupostos importantes que nos ajudam a construir uma metodologia de ensino pautada no protagonismo do aluno. Porém, tal protagonismo nao pode ser uma condi¢ao preexistente para a constituigao da pesquisa escolar; cabe ao professor, no exercicio de suas atribuigdes, auxiliar seus alunos na constituigao de um protagonismo autoral, no cotidiano das relagdes escolares. Dessa forma, também 6 exigido 0 protagonismo do professor, sobretudo como o estruturador de proposiges didaticas a partir dessa proposi¢éo metodoldgica Para Morin (2002), 0 ponto central da escola deve ser o “Ensinar a Viver’, Para ele, aprende-se a viver em escolas onde cada aluno pode se expressar plenamente em suas relagdes com o outro, Para esse autor, ensinar a viver é ensinar a religar os saberes a vida. Tal premissa s6 é possivel através da autonomia, com a qual cada um se organiza para enfrentar as questées complexas da vida. Para tanto, o professor deve entender “que ensinar a viver necesita nao s6 dos conhecimentos, mas também da transformagao, em seu proprio ser mental’ (MORIN, 2002, p. 47) Freire (2002) aponta que ensinar exige curiosidade e ressalta a importancia das perguntas na transigdo entre a curiosidade ingénua e a curiosidade epistemolégica. Dessa forma: Estimular a pergunta, a reflexao critica sobre a propria pergunta, o que se pretende com esta ou com aquela pergunta em lugar da passividade em face das explicagdes discursivas do professor, espécies de resposta a perguntas que ndo foram feitas. Isto nao significa realmente que devamos reduzir a atividade docente em nome da defesa da curiosidade necessaria, a puro vai-e-vem de perguntas e respostas, que burocraticamente se esterilizam. A dialogicidade nao nega a validade de momentos explicativos, narrativos em que 0 professor expe ou fala do objeto. O fundamental é que professor e alunos saibam Saberes emFoco RevistadaSMEDNH v.2n.1 out. 2019 275 Daniela Vieira Costa Menezes que a postura deles, do professor e dos alunos, ¢ dialégica, aberta, curiosa, indagadora ndo apassivada, enquanto fala ou enquanto ouve. O que importa é que professor e alunos se assumam epistemologicamente curiosos (FREIRE, 2002, p. 96). © ato de questionar é inerente ao ser humano, foi a construgdo de questionamentos ao que estava estabelecido que moveu a humanidade. Muitos pensadores, através de seus questionamentos, contribuiram para organizagao do pensamento aceito atualmente. Se, lembrando Pedro Demo, a aprendizagem é um ato reconstrutivo, os questionamentos séo caminhos que nos conduzem a reconstrugdo individual das verdades estabelecidas pela humanidade. O processo da pesquisa deve pressupor, portanto, a existéncia de uma pergunta e seguir passos preestabelecidos, para juntar informagées e elaborar respostas, Para tanto, a pesquisa deve envolver o interesse consensual, tempos possiveis, disponibilidade dos envolvidos, senso critico constituido e critérios objetivos. As escolas, como espagos sociais, precisam se reconstituir como espagos sustentaveis social e ambientalmente, oferecendo as suas comunidades os elementos necessarios para a formagdo de um novo paradigma, que valorize a vida integrada e a acdo humana equilibrada e responsavel diante de toda a manifestagao da natureza O trabalho realizado, dentro dos muros da escola, sé cumprira sua fungao, se estiver articulado com a vida que pulsa do lado de fora, transbordando-se para fora dos muros da escola, invadindo o convivio familiar e a comunidade escolar. A educagao precisa ter uma relagao direta com a vida em sociedade, sendo esta uma complexa rede que envolve as diversas dimensées da vida humana. A humanidade reproduz as dindmicas existentes entre seus membros nas relagdes que cada um, e os grupos sociais, estabelecem com as manifestagées da natureza, No momento em que os valores, as percepgées e os sentidos humanos sao transformados pelo processo educativo contextualizado e significativo, as aprendizagens se expressam em atitudes e posturas cotidianas transformadoras. PESQUISA OU ENSINO, PESQUISA E ENSINO? Considerando que “a educagao deve favorecer a aptidao natural da mente para colocar e resolver problemas e, correlativamente, estimular o pleno emprego da inteligéncia geral" (MORIN, 2002, p. 22), a valorizagao da curiosidade infantil, através da aptidao interrogativa precisa ser instigada e encorajada pela escola. Os alunos serao colocados na posi¢éo em que poderdo observar, organizar, refletir e elaborar solugdes para os problemas fundamentais da nossa condig4o e da nossa época, pois: Uma das tarefas mais importantes da pratica educativo-critica é propiciar as condigdes em que os ‘educandos em suas relagdes uns com os outros e todos com o professor ou a professora ensaiam a experiéncia profunda de assumir-se, Assumir-se como ser social e histérico, como ser pensante, ‘comunicante, transformador, criador e realizador de sonhos (FREIRE, 2002, p. 46). Além disso, parte-se da premissa de que, “quem pensa certo esté cansado de saber que as palavras a que falta a corporeidade do exemplo pouco ou quase nada 276 Saberes emFoco RevistadaSMEDNH v.2n.1 out. 2019 O proceso pedagégico da pesquisa cientifica no Ensino Fundamental valem, Pensar certo é fazer certo.” (FREIRE, 2002, p. 38). Dessa forma, o professor nao pode se eximir de sua posigdo de educador, em um movimento que observe ativamente todo o processo. Assim, todo trabalho pedagégico é colocado como objeto de pesquisa do professor/educador. Por tudo isso, uma metodologia de ensino-aprendizagem que centralize a ago pedagégica na relacao professor-aluno, com intencionalidade pedagégica, deve investir na pesquisa. Seguindo Freire (2002, p. 32): Nao existe ensino sem pesquisa e nao existe pesquisa sem ensino. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda nao conhego e comunicar ou anunciar a novidade. A pesquisa escolar precisa ser entendida como um processo predominantemente colaborativo cujas aprendizagens dependem do confronto de questionamentos e ideias para a construgao coletiva de respostas autorais. Nesse sentido, o professor precisa assumir, dentre suas responsabilidades, 0 investimento pedagdgico necessério para a transformagao da sala de aula em um ambiente participativo e reflexivo. Todo 0 processo de pesquisa escolar deve, portanto, ser coletivo, desde a organizagao do projeto, das estratégias de coletas de dados e das linguagens utilizadas na culminancia do proceso. Apesar da aprendizagem ser um processo individual, por se efetivar como uma transformagao cognitiva de cada sujeito, é na interagdo que as estruturas cognitivas sao desestabilizadas, visando a reconstrugdo muitua de conhecimentos. Para tanto, 0 saber mediado pela pesquisa necesita de uma cultura auténoma, com espagos que permitam a colaboragao participativa dos envolvidos, A escola é um ambiente homogeneizante, com pouco espaco para a voz dos alunos ou dos professores. A tradigdo didatica da escola ocidental pressupée a transmissao de conhecimentos padronizados, exigindo um processo cognitive que privilegia a memorizagao em detrimento da reflexao. Apesar de esforgos metodolégicos para a reconfiguragao da légica tradicional, a constituigéo de uma didatica que estabelega novas relagées entre professores e alunos passou por um movimento de transig4o, entre a centralidade do proceso educative no professor ou no aluno, ao longo da histéria da educagao brasileira. Inimeros argumentos teéricos foram construidos para justificar cada polaridade; diversas politicas governamentais milagrosas foram implementadas em vao; muita confusdo ainda se apresenta com novos modismos a cada periodo, alimentando uma visdo dicotémica das possibilidades didatico-metodolégicas. Entretanto, a realidade da educagao brasileira exige uma transformagao nos processos didaticos. E preciso reunir esforgos para a organizagao de uma concep¢ao didatico-metodolégica convergente entre as polaridades. Ao invés de alimentarmos relagdes verticais — seja do professor para 0 aluno ou do aluno para o professor —podemos estabelecer como ideal, a construgao de metodologias que privilegiem a interagdo entre professores e alunos, em uma relagao horizontalmente organizada. Aprendizagem € decorrente do estimulo “ao pensamento critico; ao desenvolvimento de capacidades de interagéo, negociagao de informagées e resolugéo de problemas; ao desenvolvimento da capacidade de autorregulagéo Saberes emFoco RevistadaSMEDNH v.2n.1 out. 2019 27 Daniela Vieira Costa Menezes do proceso de ensino-aprendizagem” (TORRES; IRALA, 2015, p. 61), deixando os alunos corresponsaveis por sua aprendizagem (assimilar conceitos e construir conhecimentos com autonomia). Assim, o papel do professor como mediador é o de criar condigdes (motivacao, espagos e contextos) para que os alunos interajam entre si e com diversos materiais. O professor "deve criar situagées de aprendizagem em que possam ocorrer trocas significativas entre os alunos e entre estes ¢ o professor (TORRES; IRALA, 2015, p. 65) Dessa forma, o protagonismo do professor, na organizagao pedagégica, é fundamental para o sucesso de uma metodologia que permita o protagonismo do aluno, Os interesses dos alunos sdo diversos. Porém, em cada etapa escolar surgem tematicas que vao se repetindo ano a ano. Para que um projeto de pesquisa cientifica seja realmente um espaco de construgao de aprendizagens significativas, ¢ preciso integrar as motivagées dos alunos, diante de questionamentos préprios, com contetidos selecionados pelo professor, visando ao cumprimento do plano de estudos. Para tanto, cada professor deve iniciar uma reflexo sobre o potencial da sala de aula, como um espago seguro para questionamentos diversos, a partir da observagao sistematica da realidade. Em uma proposta de relagao horizontal entre professores ¢ alunos, todos precisam ser desafiados a construirem questionamentos coletivos, agregando motivagées préprias ao grupo e/ou aos individuos que o constitui. Existem diversas estratégias para a mobilizagao de curiosidades em sala de aula, cada professor enquanto orientador deve buscar aquela que for mais adequada ao perfil da turma, Para provocar algumas reflexes, devem ser disponibilizados diferentes materiais, que podem impulsionar os questionamentos iniciais, que se transformarao em tematicas pertinentes de projetos de pesquisa cientifica, nas escolas de ensino fundamental As tematicas devem ser construidas a partir do tratamento interdisciplinar do curriculo, que exige a analise dos contetidos e objetivos da etapa escolar, diante das necessidades impostas pelas turmas. Dessa forma, podem surgir tanto de uma proposi¢ao do professor quanto da expressao da curiosidade dos alunos. Porém, a integragao dos saberes da linguagem, nogdes légico-matematicas, ciéncias socio-histéricas e ciéncias naturais, dependem da organizagao do trabalho pedagégico do professor. Todo processo comega na reconstrugao permanente da relagao professor aluno, seguindo o principio da horizontalidade. Historicamente, 0 ensino esteve centrado no professor e a aprendizagem centrada no aluno. Na pesquisa escolar, os trés processos ~ ensino, aprendizagem e pesquisa - apresentam-se integrados, apesar de suas diferengas. Nessa perspectiva, temos: © Ensino: Exige © protagonismo do professor através da andlise da realidade escolar, selegao de contetidos e proposigées didaticas que visem a superagao das limitagdes pedagégicas percebidas © Aprendizagem: Resultado do processo educativo, no qual a autoria é valorizada, ‘em uma dinamica reconstrutiva do saber que se integra a ética e a estética. * Pesquisa: Exige o protagonismo do aluno ao identificar situacées, levantar hipéteses, analisar dados, elaborar questionamentos, realizar leituras e observages, para a produgao de conhecimento, mediados e organizados pelo professor. 278 Saberes emFoco RevistadaSMEDNH v.2n.1 out. 2019 O proceso pedagégico da pesquisa cientifica no Ensino Fundamental Necessério pontuar que a metodologia cientifica exige algumas etapas que a caracteriza, Embora 0 ato de pesquisar seja independe da presenga de um projeto de pesquisa vigente, dentro da intencionalidade pedagégica de um ano letivo, a construgao de projetos de pesquisa é uma forma de sistematizar aprendizagens e dar visibilidade ao processo desenvolvido pelos alunos e conduzido pelo professor. Quadro 2: etapas da Pesquisa Cientifica Escolar ETAPAS POSSIBILIDADES DIDATICO-METODOLOGICAS. Equilibrio entre as curiosidades dos Alunos € a selega0 de conteldos do) Pro Professor. ee \Valorizacao do registro do aluno, respeltando sua evolucdo, a partir dal Pes|Eserita do Projeto | estrutura do metodo cientifico. qu ta Tratamento didatico para escrita de frases intorrogativas, valorizando | Construgao de hipdteses e conhecimentos prévios. Escolha da Tematica Questdes Iniciais ‘Selegao de materiais, uso de diferentes géneros textuals para leltura reflexiva, be Pesquisa Bibliografica |e vercicios de interpretacdo € Valorizacao do registro. val om ‘Ages que valorizem a interagao com ambientes fisicos e sociais, integrand) © |Coleta de Dados | conhecimentos e pessoas, sem esquecer do registro. in| Ofganizagdo das | Anélise coletiva dos registros individuais, articulando informagées. Produgées| fic | Aprendizagens atisticas com informagbes cientificas. aga resentacéo ‘elebracao, diant mal uo'Final ‘Apresentagao do processo vivido polos alunos. Celebragéo, diante das| aprendizagens construidas. Fonte: produzido pela autora, 2018. Diante da metodologia cientifica, a construgao do Projeto de Pesquisa Escolar, para a Iniciagao Cientifica, deve contemplar as etapas apresentadas no quadro acima Cada etapa, j4 consolidada pelo método cientifico universitario, exige adaptagdes que mantenham a estrutura do proceso. A adogao da pesquisa, como metodologia de ensino (e de aprendizagem), exige a construgao de estratégias pedagégicas que coloquem a aprendizagem significativa e contextualizada na centralidade da aco. Ou seja, a questao nao é fazer pesquisa para aprender, mas aprender enquanto se faz pesquisa. Portanto, todo projeto de pesquisa escolar deve englobar os seguintes elementos combinados: superagao da hierarquia e fragmentagdo do conhecimento; integragao de saberes, articulados com interesses dos sujeitos; interagao entre os alunos € 08 objetos de conhecimento. Todos processos potencializados pela atuagao intencional do professor como orientador e mediador, articulando saberes e pessoas. CONSIDERAGOES FINAIS A pesquisa, como forma de reconstrugéo do conhecimento, deve ir além dos discursos vigentes, tornando os alunos os sujeitos das agées. No contexto escolar, a pesquisa deve ser uma pratica cotidiana, com técnicas adaptadas ao processo de ensinar e aprender. Para tanto, o movimento de escrever-ler-reescrever necessério para a consolidagao da alfabetizagdo em diferentes niveis (linguistico, matematico, cientifico, Saberes emFoco RevistadaSMEDNH v.2n.1 out. 2019 279 Daniela Vieira Costa Menezes cultural, espacial, ecolégica...), objetivo central do ensino fundamental, contribui para a constituigéo dos discursos dos alunos enquanto sujeitos, colocando-o como autor de sua aprendizagem e 0 professor como autor de sua pratica pedagdgica. Dessa forma, 0 ato de pesquisar envolve agdes em que os alunos devem criar hipéteses, experimentar, refletir, escrever/reescrever e autocorrigir. Deve partir de temas relevantes a realidade do entorno escolar, usar diferentes fontes (confidveis) e visar um produto final, (re)construido coletivamente. A pesquisa deve ser cheia de ludicidade, valorizando as caracteristicas das infancias e das adolescéncias que povoam o ensino fundamental. Tal processo, imerso em intencionalidade pedagdgica, deve valorizara curiosidade, a sensibilidade, a percep¢ao agugada, o prazer de aprender e a autoconfianga. Nesse contexto, € preciso que o professor reinvente seu caminho docente, para atender as urgentes demandas de seus alunos. REFERENCIAS ALVES, R. A Escola com que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir Campinas: Papirus, 2012 FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessarios a pratica educativa. Sao Paulo: Paz e Terra, 2002 MORIN, E. A Cabeca Bem-Feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002, TORRES, P.; IRALA, E. Aprendizagem Colaborativa: Teoria e Pratica. In: TORRES, P. (org.). Metodologia para a produg&o do conhecimento: da concepgao a pratica. Curitiba SENAR-PR, 2015. XAVIER, G. BRITO, A.; CASIMIRO, K. A Pesquisa no Ensino Fundamental: fonte para construgao do conhecimento, Educagéo Publica: CECIERMJ, v. 18, n. 16, set. 2009. ISSN 1984-6290. Disponivel em: . Acesso em: 12 abr. 2018 280 Saberes emFoco RevistadaSMEDNH v.2n.1 out. 2019

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