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TRABALHO
SUMÁRIO
Introdução ................................................................................................................................ 1
Avaliação e gestão de riscos ...................................................................................................... 1
O que é um Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST)? ............................... 3
O caminho para o SGSST.......................................................................................................... 4
A OIT e SGSST .......................................................................................................................... 5
SGSST para sistemas nacionais ................................................................................................ 7
SGSST e as organizações (empresas) ..................................................................................... 8
■ Auditorias .............................................................................................................................. 9
■ Participação dos trabalhadores.................................................................................................. 10
■ Empresas de pequena dimensão.............................................................................................. 11
O SGSST e os sectores de risco elevado
........................................................................................ 12
Produtos químicos e SGSST ..................................................................................................... 13
Controlo de Riscos Graves ...................................................................................................... 14
Nanotecnologias ...................................................................................................................... 15
Os sistemas de gestão são benéfi cos para a SST? .................................................................... 16
■ Pontos fortes de um SGSST ................................................................................................. 17
■ Limitações de um SGSST ..................................................................................................... 18
Cooperação técnica do BIT relativa aos sistemas de gestão da segurança
e saúde no trabalho.................................................................................................................. 20
Observações fi nais................................................................................................................... 21
Referências ............................................................................................................................. 22
Anexo 1 - Elementos essenciais de um sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho ..... 23
Introdução
A Segurança e saúde no trabalho (SST) é uma disciplina que trata da prevenção de acidentes
e de doenças profi ssionais bem como da protecção e promoção da saúde dos trabalhadores.
Tem como objectivo melhorar as condições e o ambiente de trabalho. A saúde no trabalho
abrange a promoção e a manutenção do mais alto grau de saúde física e mental e de bem-estar
social dos trabalhadores em todas as profi ssões. Neste contexto, a antecipação, a identifi -
cação, a avaliação e o controlo de riscos com origem no local de trabalho, ou daí decorren-
tes, que possam deteriorar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, são os princípios funda-
mentais do processo de avaliação e de gestão de riscos profi ssionais. O possível impacto nas
comunidades envolventes e no meio ambiente deve ser igualmente tomado em consideração.
Relativamente a todas as áreas da actividade humana, deve fazer-se um balanço entre as van-
tagens e os custos associados aos riscos. No caso da SST, esse balanço complexo recebe a in-
fl uência de muitos factores, tais como o rápido progresso científi co e tecnológico, um mundo
do trabalho muito diversifi cado e em alteração constante, incluindo os aspectos económicos.
O facto de que a aplicação dos princípios de SST implica a mobilização de todas as disci-
plinas sociais e científi cas, é uma medida clara da complexidade do seu campo de aplicação.
1
De acordo com o já referido, o objectivo essencial da SST é a gestão de riscos profi ssionais.
Para o concretizar, a detecção de perigos e a avaliação de riscos têm de ser consideradas de
modo a identifi car o que poderia afectar os trabalhadores e a propriedade, para que se possam
desenvolver e implementar medidas de prevenção e de protecção adequadas. O método
de avaliação de riscos que a seguir se indica, com 5 etapas, foi desenvolvido pelo Órgão
Executivo de Segurança e Saúde do Reino Unido como uma simples abordagem para avaliar
riscos, particularmente em empresas de pequena dimensão (PMEs), tendo sido aprovado a
nível mundial:
Quadro 1
A inserção de doenças profi ssionais nas listas nacionais tem, também, como base métodos
de avaliação de riscos, com o objectivo de identifi car e caracterizar doenças profi ssionais para
fi ns compensatórios. Esta listagem abrange desde as doenças respiratórias e dermatológicas,
perturbações músculo esqueléticas e cancro profi ssional, até às perturbações mentais e
comportamentais. A lista de doenças profi ssionais da OIT (revista em 2010) dá apoio aos
países na elaboração das suas próprias listas, na prevenção, no registo, na notifi cação e, se
aplicável, na compensação de doenças cuja causa tenha sido exposição no local de trabalho.
2
O que é um Sistema da Gestão de Segurança
e Saúde no Trabalho (SGSST)?
A noção de sistemas de gestão é muitas vezes utilizada nos processos de tomada de decisão
de empresas e, também, de uma forma inconsciente no dia-a-dia, quer seja na compra de
equipamento, no alargamento do negócio ou simplesmente na selecção de novo mobiliário.
A aplicação de Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST) baseia-se
em critérios relevantes de SST, em normas e em comportamentos. Tem como objectivo
proporcionar um método de avaliar e de melhorar comportamentos relativamente à prevenção
de incidentes e de acidentes no local de trabalho, através da gestão efectiva de riscos perigosos
e de riscos no local de trabalho. Trata-se de um método lógico e gradual de decidir o que é
necessário fazer, como fazer melhor, de acompanhar os progressos no sentido dos objectivos
estabelecidos, de avaliar a forma como é feito e de identifi car áreas a aperfeiçoar. É e deve ser
susceptível de ser adaptado a mudanças na operacionalidade da organização e a exigências
legislativas.
Um SGSST é uma ferramenta lógica, flexível, que pode ser adequada à dimensão e à actividade
da organização e centrar-se em perigos e riscos de carácter genérico e específico, associados à
referida actividade. A respectiva complexidade pode abranger desde as necessidades simples
de uma pequena empresa gerindo um único processo produtivo, no qual os perigos e os riscos
sejam de fácil identificação, a actividades de múltiplos riscos como o sector da construção civil
e obras públicas, a actividade mineira, a energia nuclear ou o fabrico de produtos químicos.
1
Diagrama de Karn G. Bulsuk:
(http://blog.bulsuk.com/2009/02/taking-first-step-with-pdca.html#axzz1GBg5Y7Fn)
3
A abordagem do SGSST assegura que:
■ Se assumam compromissos;
4
Nos últimos dez anos, o conceito de SGSST tem vindo a ser apresentado como um
modo efectivo de melhorar a implementação de SST no local de trabalho, assegurando
que as respectivas necessidades integrem os planeamentos empresariais e os processos de
desenvolvimento. Um número significativo de normas e de linhas orientadoras de SST
tem vindo, desde então, a ser desenvolvido por entidades profissionais, governamentais e
internacionais com responsabilidades ou interesses na área de SST. Muitos países formularam
estratégias nacionais de SST que integram, igualmente, a abordagem dos sistemas de gestão.
A nível internacional, a OIT publicou em 2001 “Sistemas de gestão da segurança e saúde no
trabalho: Directrizes práticas da OIT” (OIT-SST 2001), que, pela abordagem tripartida, se
tornou num modelo largamente utilizado para o desenvolvimento de normas nacionais nessa
área.
A OIT e SGSST
A abordagem de SGSST ganhou apoios na sequência da ampla adesão às normas ISO
da Organização Internacional para a Normalização (ISO) e do sucesso que tiveram,
nomeadamente as normas para a Qualidade (série ISO 9000) e, posteriormente, para o
Ambiente (série ISO 14000). Este modelo baseia-se em teorias sistémicas desenvolvidas em
primeiro lugar no âmbito das ciências naturais e sociais, mas tem também algumas semelhanças
com mecanismos de gestão empresarial. Há quatro elementos comuns às referidas teorias
gerais: actividades, desenvolvimento, resultados e retorno (feedback).
Na sequência da adopção das normas técnicas de gestão de qualidade (ISO 9000) e de gestão
do ambiente (ISO 14000) no início dos anos 90, foi discutida, num colóquio internacional
organizado pela ISO em 1996, a possibilidade de desenvolver uma norma ISO nos sistemas
de gestão de SST. Tornou-se rapidamente evidente que, sendo a protecção da saúde e da
vida de seres humanos o objectivo da segurança e saúde, deveria estar já consignada nas
legislações nacionais como uma obrigação para o empregador.
Neste contexto, foram também abordadas outras questões
relacionadas com ética, direitos e deveres e a participação
dos Parceiros Sociais. Daqui resultou a obrigatoriedade de
uma norma de gestão nesta área integrar os princípios das
normas de SST da OIT, nomeadamente na Convenção sobre
Segurança e Saúde no Trabalho, 1981 (N.º 155), não podendo
ser tratada do mesma forma que outras matérias ambientais
e de qualidade. Esta tornou-se numa questão fundamental de
debate e acordou-se que, com a sua estrutura tripartida e a sua
responsabilidade no estabelecimento de normas, a OIT era a
entidade mais adequada para desenvolver normas orientadoras
de SST a nível internacional. Uma tentativa de 1999 do Instituto
de Normalização Britânico (BSI) para desenvolver uma norma
de gestão de SST sob a influência da ISO, originou de novo uma
forte oposição internacional, tendo como resultado o adiamento
da proposta. O BSI desenvolveu mais tarde linhas orientadoras
de SGSST na forma de normas técnicas de carácter privado
(OHSAS) mas a ISO não o fez.
5
Ao fim de dois anos de desenvolvimento e de avaliação internacional, as “Directrizes práticas”
da OIT (OIT-SST 2001) foram finalmente adoptadas num e ncontro tripartido de peritos
realizado em Abril de 2001 e publicadas em Dezembro de 2001, na sequência da aprovação
do Conselho de Administração do Bureau Internacional do Trabalho (BIT). Em 2007, o
Conselho de Administração reafirmou o mandato da OIT em matéria de SST, pedindo
à OIN que se abstivesse de desenvolver uma norma internacional em SGSST. As Linhas
orientadoras OIT-SST de 2001 estabelecem um modelo único a nível internacional, compatível
com outras orientações e normas sistémicas de gestão. Reflectem a abordagem tripartida
da OIT e os princípios definidos nos seus instrumentos internacionais, designadamente na
Convenção sobre Segurança e Saúde no Trabalho, 1981 (N.º155). Essa orientação permite a
gestão sistemática de SST a nível nacional e organizacional. O diagrama seguinte sumariza
efectivamente as etapas de gestão definidas nas linhas orientadoras.
6
SGSST para sistemas nacionais
A segurança e saúde no trabalho é uma área complexa, que chama à intervenção de múltiplas
matérias e ao envolvimento de todos os interessados. As disposições institucionais necessárias
à transposição da política nacional de SST para execução reflectem, inevitavelmente, essa
complexidade. Em consequência, as respectivas infra-estruturas obrigam a mecanismos de
comunicação e de tomada de decisão muito mais lentos e, assim, a uma dificuldade natural
de adaptação continuada às alterações no mundo do trabalho a um ritmo adequado. Dado
que tanto os sistemas nacionais de SST, que regulamentam as necessidades de SST, como
as empresas que devem aplicar esses sistemas têm de acompanhar esse ritmo de mudança
continuado e rápido, a aplicação da abordagem de sistemas de gestão à operacionalidade dos
sistemas nacionais de SST pareceria ser um desenvolvimento lógico. Se a sua aplicação se
tornasse sistemática, essa abordagem traria coerência, coordenação, simplificação e rapidez,
muito necessárias aos processos de transposição de disposições regulamentares para medidas
eficazes de prevenção e de protecção e de avaliação da respectiva conformidade.
7
■ Um programa nacional de SST que defi na objectivos nacionais relevantes para SST num
período de tempo previamente determinado, estabelecendo prioridades e meios de acção
desenvolvidos através de uma análise da situação de SST, conforme estabelecido por um
Perfi l Nacional de SST
■ Um mecanismo para revisão dos resultados do programa nacional, com vista a avaliar o
progresso dos mesmos e a defi nir novos objectivos e actividades para o ciclo seguinte.
A Convenção n.º 187 sublinha a importância do diálogo social e da total participação de todos
os interessados nesta área, como requisito prévio para uma gestão bem sucedida do sistema
nacional de SST. A educação e a formação profi ssional a todos os níveis são, igualmente,
considerados factores essenciais para o sistema e a respectiva operacionalidade.
Os sistemas de inspecção do trabalho continuam a ser o principal elo ofi cial entre o sistema
nacional de SST e as organizações relativas a relações de trabalho e a SST. Com formação
profi ssional adequada, poderiam certamente representar um papel decisivo em assegurar
que os programas de SGSST, incluindo mecanismos de auditoria, estejam em conformidade
com a legislação e a regulamentação nacional.
e atempadas.
Auditorias
Um dos interesses fundamentais do SGSST é a capacidade de medir a efi cácia do sistema e
da sua melhoria ao longo do tempo. A qualidade dessas medidas depende muito da qualidade
do mecanismo de auditoria usado, interno ou externo, e da competência dos auditores. De
um modo geral, auditoria é a monitorização de um processo por uma pessoa ou equipa
competentes, que não estejam ligadas ao processo em questão. Deverá proceder-se a
auditorias periódicas para determinar se o sistema de gestão de SST e os seus elementos estão
bem implementados, se são adequados e efi cazes na protecção da segurança e da saúde dos
trabalhadores e na prevenção de acidentes de trabalho. Fornecem, igualmente, os meios para
avaliar a efi cácia do sistema ao longo do tempo.
Quando se planeiam melhorias, os resultados das auditorias deveriam ser sempre vistos em
paralelo com outros dados sobre o desempenho do sistema. Qualquer sistema de avaliação de
uma auditoria deveria providenciar referências para melhorias futuras em vez de realçar bons
resultados obtidos no passado. As conclusões da auditoria deveriam determinar se o SGSST
implementado é efi caz relativamente aos objectivos e à política de SST da organização e na
promoção da ampla participação dos trabalhadores; na resposta aos resultados da avaliação
da efi cácia da SST e a auditorias prévias; em dar à organização a possibilidade de cumprir
a legislação e a regulamentação nacionais relevantes e de atingir os objectivos fi xados de
melhoria contínua e de utilização de melhores práticas em SST. As auditorias requerem uma
boa comunicação dentro de uma organização, de modo a que, quando a auditoria está a ser
conduzida, as pessoas estejam prontas a fornecer a informação necessária sob a forma de
documentos/registos, entrevistas ou acesso ao local. Verifi ca-se também a necessidade de
bons métodos de comunicação quando os resultados da auditoria forem difundidos.
As empresas privadas de auditoria e de certifi cação podem facilmente entrar numa situação de
confl ito ao ajudarem a organização a implementar o seu SGSST e ao procederem de seguida à
sua monitorização. Algumas experiências com auditorias fi nanceiras têm mostrado que pode
ser difícil prestar serviços de auditoria realmente independentes caso haja um relacionamento
concreto com os auditores, ou quando os custos dos serviços se tornam o principal factor
condutor. Há que considerar cuidadosamente a selecção dos auditores e a defi nição de termos
de referência precisos para levar a efeito auditorias, no sentido de assegurar que o perfi l
específi co da organização seja tido em devida conta. Um sistema de auditoria realmente efi caz
é aquele em que os que vão ser auditados aguardam o seguimento do processo, esperando
por ideias novas e úteis para aperfeiçoamentos práticos. Se as auditorias são encaradas com
apreensão, é o sistema de auditorias que necessita de ser melhorado e não quem está a ser
auditado.
Um princípio fundamental do
SGSST consiste em estabelecer
responsabilidades para todos os
níveis da hierarquia, incluindo o
© ILO/Maillard J.
envolvimento expresso de todos os
trabalhadores a todos os níveis na
organização, com responsabilidades
defi nidas em SST. Tem sido
demonstrado por diversas vezes que
a implementação de SST, e mais ainda de um SGSST, só pode ter sucesso se todos os interessados
participarem amplamente nessa implementação através do diálogo e da cooperação. No caso
do SGSST, um sistema gerido somente por administradores, sem qualquer contribuição dos
trabalhadores dos níveis mais baixos da hierarquia, está condenado a perder o seu objectivo
e a falhar. Alguns estudos sugerem a existência de uma associação entre taxas mais baixas
de acidentes com ausência ao trabalho e a presença na organização (empresa) de comissões
de SST e de sindicatos. Outros estudos indicam que os acordos participativos no local de
trabalho levam a práticas de SGSST que resultam num melhor desempenho da SST, dando
ainda melhores resultados em locais de trabalho onde os trabalhadores são sindicalizados.
10
A formação profi ssional em SST a todos os níveis, desde gestores a trabalhadores, é um
elemento fundamental na implementação de qualquer programa de SST. Essa formação
deverá ser ministrada numa base de continuidade, de modo a assegurar o conhecimento do
sistema e que as instruções relativas às mudanças na organização estejam sempre actualizadas.
Neste contexto, os canais de comunicação entre os diferentes níveis da organização devem
ser efi cazes e funcionar em ambos os sentidos, o que signifi ca que as informações e as
preocupações relativamente a SST aprovadas por operários deveriam ser devidamente tidas
em consideração e levadas à administração. Este é um exemplo que ilustra a necessidade de
que o sistema se centre nas pessoas.
O sector da construção tem uma taxa elevada de acidentes de trabalho, sendo que o recurso
a múltiplos empreiteiros e subempreiteiros é regra nos estaleiros de construção. Um forte
incentivo para se utilizar um SGSST neste sector é o facto de que o mesmo oferece uma matriz
comum, permitindo que todos os intervenientes no empreendimento possam harmonizar o
planeamento, a implementação e a monitorização das exigências em matéria de SST e construir
uma base para a auditoria ao desempenho. Facilita também a integração das necessidades de
SST na preparação das fases prévias dos processos complexos de concepção e de planeamento,
contratação e arranque de um projecto de construção. Assim, a implementação de sistemas
de gestão integrados no sector da construção é reconhecida como uma ferramenta efi caz
12
para assegurar uma integração coerente da qualidade, das questões ambientais e de SST num
estaleiro com múltiplos intervenientes. A indústria mineira é outra indústria de risco elevado,
na qual o SGSST, com a sua abordagem coerente, progressiva e lógica pode constituir uma
ferramenta efi caz na redução de acidentes e de doenças profi ssionais. O sector marítimo
é outro exemplo de um sector de alto risco. A Convenção sobre Trabalho Marítimo da
OIT, 2006, tem como objectivo promover a preparação de linhas orientadoras e de políticas
nacionais relativamente a sistemas de gestão de segurança e saúde no trabalho e de disposições,
regras e manuais sobre a prevenção de acidentes.
Entre a ampla gama de normas da OIT em SST, a Convenção da OIT sobre os Produtos
Químicos, 1990 (N.º 170), oferece um vasto campo de aplicação e um enquadramento nacional
abrangente no sentido de uma gestão racional dos produtos químicos, incluindo a formulação, a
implementação e a revisão periódica de uma política coerente, em consulta com organizações
2NT
Gestão de Produtos.
© ILO/Maillard J.
A capacidade limitada das PMEs para gerir a exposição aos produtos
químicos conduziu recentemente ao desenvolvimento de uma
nova abordagem à gestão dos mesmos. Chama-se Nivelamento do
Controlo (Control Banding), um método baseado na vigilância da
exposição através do qual um produto químico é classifi cado em
função do seu grau de risco. A cada grau de risco correspondem medidas de controlo defi nidas
com base na respectiva classifi cação de riscos, de acordo com critérios internacionais, com a
quantidade de produtos químicos em uso e com a respectiva volatilidade/pulverulência.
Falha e Efeitos (FMECA). Muitos destes métodos foram inicialmente desenvolvidos pela
indústria de energia nuclear e adaptados a outros processos.
3
http://www.saicm.org.
4NT
No sentido de uma gestão responsável (Nota da Tradutora)
5NT
Condições de funcionamento (Nota da Tradutora)
14
Estes instrumentos ajudam na identifi cação de potenciais falhas de determinados elementos
do processo, antecipando consequências, desenvolvendo medidas preventivas e preparando
planos de emergência e de intervenção efi cazes.
A maior parte dos países industrializados desenvolveu critérios regulamentares para considerar
instalações industriais como instalações com risco de acidentes graves, requerendo medidas
de segurança e saúde muito específi cas e rigorosas. A Directiva
“Seveso” 96/82/CE de 1996 da UE, sobre o controlo de riscos
associados a acidentes graves envolvendo substâncias perigosas, é um
bom exemplo dos referidos regulamentos.
Nanotecnologias
A aplicação de nanotecnologias à produção de nanomateriais e os efeitos potencialmente
adversos para a saúde humana da exposição a partículas inferiores a 100 nanómetros, são
preocupações maiores emergentes de SST. As nanopartículas manufacturadas podem
ter propriedades químicas, físicas e biológicas
claramente diferentes das propriedades de
partículas maiores de composição química similar.
Um estudo bibliográfi co relata algumas exposições
de carácter profi ssional e ambiental a um número
limitado de nanomateriais, mas seriam necessários
muito mais dados para caracterizar os efeitos
sobre a saúde e o ambiente associados à exposição
© Fotolia IV
15
e os métodos de avaliação dos riscos, e as medidas de gestão; avaliar as implicações da produção
industrial e do uso de nanomateriais na regulamentação. Esta cooperação é um bom exemplo
da aplicação de uma avaliação de um risco emergente analisada a nível internacional.
16
regulamentação e seja consequentemente actualizado. No Anexo 1 consta uma descrição
genérica detalhada dos elementos de um sistema de gestão de SST na organização, baseada
na Convenção OIT-SST 2001.
17
Limitações de um SGSST
Embora o potencial de um SGSST para melhorar a segurança e a saúde seja inegável, há muitas
armadilhas que, se não evitadas, podem muito rapidamente conduzir ao insucesso. A utilidade
de um SGSST tem sido questionada em vários estudos levados a efeito sobre o assunto, nos
quais foram sublinhadas algumas difi culdades possíveis, tais como:
■ Um SGSST dá geralmente maior ênfase à segurança do que à saúde, com o risco de não
detectar o surgimento de doenças profi ssionais. A vigilância da saúde ocupacional dos
trabalhadores deve ser integrada no sistema como um instrumento importante e efi caz de
controlo da saúde dos trabalhadores a longo prazo. Os serviços de medicina ocupacional,
tal como defi nidos na Convenção sobre Serviços de Medicina Ocupacional, 1985 (N.º 161)
e na correspondente Recomendação (N.º 171), deveriam ser parte integrante do SGSST.
18
Elementos chave para um bom Sistema de Gestão da SST
Fazer uma avaliação cuidadosa das necessidades da organização em função dos meios
de que dispõe;
Não esquecer que o sistema é delineado mais para se aperfeiçoar do que para se
justifi car;
Providenciar para que a formação profi ssional em matéria de SST para a implementação
do programa de SGSST seja concretizada numa base de continuidade a todos os
níveis, desde os administradores de topo até aos operários, e actualizada regularmente,
de modo a assegurar o conhecimento do sistema e o acompanhamento das mudanças
na organização;
Um SGSST não pode funcionar devidamente sem que exista um diálogo social efectivo
(envolvimento e consulta directos). Deve ser dada oportunidade aos trabalhadores e
aos seus representantes de participarem amplamente na gestão da SST na organização,
seja no contexto de comités de segurança e saúde ou de outros mecanismos, tais como
convenções colectivas.
19
Cooperação técnica do BIT relativa aos
sistemas de gestão da segurança e saúde
no trabalho
Desde a publicação da Convenção OIT-SST 2001 que o BIT tem estado muito empenhado
em oferecer assistência de cooperação técnica aos países interessados em desenvolver as
suas próprias linhas orientadoras em matéria de SGSST. O Centro de Formação Profi ssional
Internacional da OIT em Turim, Itália, oferece cursos sobre a matéria. Países como a Argentina,
o Brasil, Israel e a Irlanda reconheceram ofi cialmente os princípios orientadores do BIT como
referência para a promoção ou o desenvolvimento de linhas orientadoras de um SGSST
adaptadas às suas necessidades nacionais. A França reconheceu os princípios do BIT como os
únicos válidos a utilizar na certifi cação nacional. A primitiva República Jugoslava da Macedónia
acabou de iniciar um programa de 3 anos com vista a implementar a Convenção OIT-SST
2001 em médias e grandes empresas. No Japão, foram desenvolvidas linhas orientadoras
adequadas usando como modelo os princípios enunciados pelo BIT - Linhas Orientadoras
sobre Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho na Construção produzidas pela
Associação Japonesa para a Segurança e Saúde na Construção e as Linhas Orientadoras do
Sistema de Gestão de SST para a Indústria produzidas pela Associação Industrial Japonesa
para a Segurança e Saúde.
Muitas das normas voluntárias, desenvolvidas por agências nacionais ou por entidades
profi ssionais, utilizaram as Linhas Orientadoras OIT-SST 2001 como modelo, porque
refl ectem os princípios preconizados pelas normas de SST da OIT e foram desenvolvidas e
adoptadas numa base tripartida, representando, assim, um consenso muito alargado sobre o
modo mais efi caz de gerir a SST.
6NT
Note da Tradutora
20
Embora as organizações possam utilizar muitas versões das normas de um SGSST em função
das necessidades nacionais e do sector envolvido, todas essas normas integram o modelo
PFVANT7 já atrás mencionado. Diversas normas técnicas de SGSST e de linhas orientadoras
elaboradas para organizações (empresas), foram desenvolvidas por entidades privadas tais
como o Instituto Nacional de Normalização Americano (ANSI Z10) ou o Instituto de
Normalização Britânico (BSI OHSAS 18000 series). Nos últimos 20 anos, uma grande maioria
de países tem vindo a introduzir a implementação de SGSST nas organizações através de
vários mecanismos voluntários ou reguladores, que podem ser:
■ Obrigatórios em resultado de medidas reguladoras, pelo menos para empresas específi cas
(Indonésia, Noruega, Singapura);
Observações Finais
Durante a última década, a abordagem sistémica de um SGSST popularizou-se e foi introduzida
tanto em países industrializados como em países em desenvolvimento. As formas de que a
promoção da respectiva aplicação se reveste variam entre as disposições regulamentares e os
mecanismos voluntários. A experiência mostra que um SGSST é um instrumento lógico e
útil de promoção da melhoria contínua do funcionamento da SST a nível organizacional. Os
elementos chave para que a sua aplicação seja bem sucedida passam por assegurar a existência de
compromissos da parte da direcção e a participação activa dos trabalhadores na implementação
conjunta. Espera-se que cada vez mais países integrem o SGSST nos programas nacionais
de SST, como um meio de promover estrategicamente o desenvolvimento de mecanismos
sustentáveis para aperfeiçoamentos de SST nas organizações.
7NT
Mencionado com referência ao Ciclo de Deming, na página 3 desta publicação (Nota da Tradutora).
21
Referências
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22