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Envolvida num casaco grosso de couro, sentei na cama ao lado de Killian que em troca, me

cedeu um sorriso quase que imperceptível.


Embora não admitisse, eu sabia que ele estava cansado. Além dos pelos que formavam
uma barba que nunca teve, suas olheiras ficaram ainda mais notáveis em contraste com a
luz fraca da cabana. E eu entendia, claro, ele parecia mais triste do que nunca.
—Está com medo, companheiro? — Pergunto, tocando de leve seu pulso.
Ele levanta o olhar agora um pouco mais atento. Sua sobrancelha se erguendo em desafio.
—Você nunca me verá com medo, Emma. O capitão aqui.... — Tocou o peitoral — é duro na
queda.
Concordei, dando de ombros. Killian era convencido demais para admitir que estava
assustado, assim como eu era arrogante demais para contar que tinha cometido um erro.
De qualquer forma, era questão de tempo para que ele descobrisse.
—Vai dar tudo certo, quando voltarmos... — consolei, repousando a cabeça em seu ombro.
— Seu marido e seu filho estão protegidos, irá vê-los de novo.
Ele me sorriu, mais alegre.
—Queria dizer o mesmo Emma, mas você ver sua perigosa significa que perdemos, então é
melhor não. Quero permanecer vivo, pelo menos até a formatura do John, tal qual um pai
normal e orgulhoso.
—E você estará amigo, nós estaremos.

— Talvez um dia, quem sabe.


As roupas que encontramos na mercearia da estrada pelo menos

Deplorável, eu diria, e provavelmente ele pensara o mesmo ao me ver.


Agarrei seu pulso e circulei a área da tatuagem com a ponta dos dedos. Ele a tinha feito ano
passado, era o nome do marido, do filho e o meu. Uma homenagem doce do homem que
me julgou família, apenas por ter trabalhado para o meu pai.
Agora aqui estávamos nós dois, perdidos em uma imensidão de árvores, aliviados por
termos conseguido escapar, mas com medo do que poderia acontecer com quem ficou.

O olhar perdido, provavelmente pensando no esposo e no filho que deixou para trás. Era
minha culpa, tinha noção disso, mas ele julgava que era sua obrigação e ainda que eu
insistisse que fosse, Killian nunca acataria.

Da maneira que segurava o pulso, obviamente sentia falta do marido e do filho. Tatuou o
nome da família ali na última vez que quase fomos pegos, seu maior medo era não voltar
para eles.
—Quem diria que a maior criminosa do país é uma Golden Retriever caidinha por você!
Regina não é procurada pela polícia porque nunca sequer descobriram sua existência.

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