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Leia também: Ind Elias de Castro Brasilem Perspectiva org. de Carlos Guilherme Mota Brasil, Terra de Contrastes t de Roger Bastide Cangaceiros e Fandticos de Rui Facé ‘ Capitalismo Autoritério e Campesinato O MITO DA NECESSIDADE de Otévio Guilherme Velho Discurso e pratica do (Os Deserdados da Terra yegionaliamo: ti do Margarida Maria Moura -gionalismo nordestino sores do IUPERI, em especial de Sérgio Abranches, orien: tador da tose, deJoaé Murilo de Carvalho de Olavo Bracil Lima Junior. 'No Nordeste e em Brasilia muitos colaboraram com documentos e eaclarecimentoe sobre a elite politiea regio nal A todos meu agradecimento pela riqueza das infrmayies ‘farecidensareaslvadernishainteimresponsabilidade pelo uso co interpretagio que fiz elas, u InTRODUCAO, O processo de coupagio construso do espago pelos grupos sociaisnos diverece Estados-Napies tem engondra: 4 importantes diferenciagies interna nos seus tarts ioe, sejam elas cconémicas, sociais ou eulturais, Estas Aiferongas, quando consciontizadas,tendema gerar confi tos que nfo mais podem scr descartados das artculagies politicas priticas ou das reflexes tebreas, ‘As regioes, pereebidas como espagos.googrficos, constituem, na realidade, terrtériosdiferenciados «inter: ligados por importantes Thxos demogratices,econdmicos de poder. A articulagi regional pode ser mais oumenos equilibrada, Quanto menos, maires os confit. Maiores confitos ameagam aintogridade do Estado impoem-the fs necessidade de intervengao. Portanto, a mobilizagio regional, qualquer que se o seu carter, tem clavas im pleagies para sistema poten "Numa eooncrnia de ereado, decompetigiahirtrica- ‘mente imperfeta sistema politin 6 visto came o veieulo logitigpo das aspiragies © neivindicagSes rogionais. Sob esta dtica, a presonga de uma aividade politica regional, 15 ‘mesmo fraca, épercsbida como o tinico meio eapazde obter decisdes favordveis a grupos sociai localizados em regibes specificas. Portanto, sistema politico poseui uma dimen- io vertical, que permeia a sociedade com todos os seus confites, e uma dimensiio horizontal, na qual grupos so ciais espacialmente diferenciadoa também campetem en- tres ‘NoBrasil as diferenciagées fisioas no meio geogréfico, naturalmente esperadas numa extensio territorial tio grande, algumas vezes disfargam ou confundem outras diferengas. Estas, embora nio sendo caudatérias das va riagéea ambientais, torminam por induzir interpretagées de relagées de causa e efeito, supervalarizando as limi- tagdes ou as potencilidades da natureza sobre a qual o hhomem ee instala, As clivagens sScio-coondmicas do terzi- tério brasileiro devem, enti, ser interpretadas também ‘como um produto politic e camo um fator da politica, poi, ‘em sendo espago nacional organizado e construido rea e politieamente, aa condipias particulars do espago preseupsem um sistema politico regionalizado, com 7+ Ingées internas e externas especificas. Desse modo, as disparidades espaciais dovem car abordadas como sujeito 2 -cbjeto de decisies politicas. Hm outras palavras, os deaniveis rogionais sio conseqiléncia de agdes politicas e 20 mesmo tempo impZem deciedes politieas, tanto na esfe- ra regional como nacional. Portanto, uma abordagem do sistema politico brasileiro que privilegio a politica regio nal, sua velagio com a politica central e sua articulagao com 0 sistema sécio-econdmico loeal ¢ nacional, pode ser bastante profieua e enriquecedora das anslises ji feitas, ‘como também indicadara de novos caminhos. ‘Com relagio a Regio Nordeste, uma andlise das modernizagioe do avango de setores da economia regional nas iltimas déoadas, suas questies eociais ¢ politieas per- 16 maneosram pouco alteradas. Esta situagio coloca uma questo mais geral, ou seja, aquela dos procossos que ddafinem ritmos e profuundidade de mudangos econdmicas f soziais, de modo eapacialmente diferenciado. Embora festa ndo soja uma questo especifica para o trabalho, & certamento a questo maior que o inspirou. O-problema peaquiaado refere-s0, om particular, as cstratégiag da litenordestina para precervar o slats quo politicamente favordvel & sua posigio na sociedade local. ‘Tomamos onto como pontode partida aexisténcia de elite regional, historicamente beneficiéria das condi cestruturais da regia, acjam astas sosialmento vantajosas ‘oa probleméticns, Subseqiientemente, o Nonleste é trata- do cama um Locus de elaboragio acio politica que se ‘matorializa na organizacdo do espaco regional, Paracbler respostas analiticamente satisfatdrias, op- ‘amos por onganizar a investigagio de modo a tornar mais transparentes os recurscs politicos utilizados por uma elite regional e os resultados de sua influéneta, ineorpo- rrando a reglio como uma varidvel fundamental. Para isto, usoamos informagées eapazes de acrescentar noves ele- ‘mentoa & compreenaio das relagies paliticas da alite nor- destin cam 6 centro de poder nacional, e de mostrar os efeitos deseas relagies na construsio do espago regional. Como a Regio Nordeste é um espago periférico ao centro ecoiiémiao ¢ de poder no pais, comepamos com alggimas indagagies relativas ao contexto mais amplo em ‘que oe inserem a rolagdes contro-periferia. Primeire, em ‘se acoitando a importéncia das elites nas determinagies das decisses e asses politicas, seria vélido supor a lita do ‘uma regido pobre como desprovida de peso politico? ‘Em segundo, com relagio as condigses econémieo seciais dosvantajosas da porifaria, seria esta desvantager ‘uma disfungiio apenas dosistema econsmico? Qual opapel do sistema secal,levando-se em conta que a pobreza regio: "7 ‘que habitam a regio? ‘Finalmente, se orecrutamentoda elite politica nacio- possivel que a elite periférica também participe do poder central = conseqiientemente das suas decisSes? Independente das respostas que possam ser dadas a estas quesides, algumas constatagSes empiricas podem indicar caminhos para a formulagao de argumentos rel tivos aos limites de arbitrio da periferia nas suas relagies com 0 centro. Assim, o centro do poder econdimico nio 6, necessariamente, ocentro de poder politico; 6recrutamen- todoclites na periferia é também importante na compoa!- ‘gio da elite dirigente; nem toda aglo politica redunda em desenvolvimentismo, ou seja,o desenvolvimento ecandimi- ‘0 social, nos moldes propostos pelos paises ocidentais, ‘ni 6 questio obrigatoriamente presenta na pauta das Aecisdes politieas; © processo de consarvacio do poder politico rogional desenvolve suas préprias regras, nem ‘sempre articuladas com o poder econéinico nacional; lites rogionais poasuem cous préprics intereases, ¢ sua relagéos com o poder central orientam-se no sentido de ppreservé-loa;efinalmente o exereicio do poder pelo centro se faz também com o apoio de suas bases localizadas na periferia, ¢ este apoio, cartamante, nao é gratuito. Estas questies e suposigoes definem a regio como ‘territério também politico e nfo apenas fisico ou econsml- co. Esta interpretagio possbilite compreender o peso do regionalismo na construsio de um projeto politico nacio- nal, e remete is considarag’es politieas questios sobre a ‘maneiras polas quais as clivagons sécio-econémicas (ou isparidades regionais) podem redefinir aquele projeto, ‘quando a injustioas espaciaia conseguem se impor como ‘questiio politica. 18 Para aanslise oxpecifica da Regio Nordeste, a invos- tigagio definiu-se a partir de alguns pontos: Em primeiro lugar, hé quese superar algumas proposigSos consagradas ppelo tao, como a da trabalbar intelectualmente a Regi Nordeste como se esta fosse uma questo. Na realidade, a ‘questo aténa forma de exereiciodopoder politico de suas elites, sendooaspacoregional nordestino arganizado como suporte a esse poder. Assim, a questo nordestina é uma falea quostao e deve eer deslocada da regio para oespago politico historicamente coupado par suas elites. Neste pponto estabelecemos que-accitar o Nardeste como questéo legitimar o diseurso da elite regional, e portanto signifi- ‘ative da vitoria de eua estratégia ideclégica. ‘Em segundo, trata-ge de identificar o regionalismo nardestino como uma conatrugi intelectual de suas elites conservadaras. Este regionalismo transparese na apro- priaglo ideolégica da regidio como uma questio que deve ser nacionalmente equacionada, sendo utilizado com su f2ag0 como elemento, de barganha nos pactos e aliancas politicas com o governo central, Esta busca de aliangas ‘poiadas na identidade regional ‘nortista” é antiga e fol ‘snalisada por Pandalf,! que ressaltou o objetivo de abrir tepago politico, através dessas aliangas, na estrutura do poder do Estado, sendo esta pritica fruto da eonsciéneia de que isoladamente o9 estados pabres nao tinham rele- ‘vancia politica. O concerto regional era arquestrado par Pemnamburo gue artculavaossousinteresoseasua ree do influéncia. ‘Em terceiro, 6 suposto que o Nordeste institucional {oi delineado por uma elaboragio regionalista proexis- tente. Como a idéia de regio antecedo a da rogionalismo, trata-se de ir além da discusaio sobre a validade ou nio ‘do Nordeste como rogiio e tentar compreender as formas de manifestagio do seu regionslismo, de carstar reivindi- ceatéri, extrativo e conservador. 19 ‘Assim, partir da influéneia das elites na formagio social, em geral, ona Rogilio Nordoste, om particular, eda importanela da politiea no espago regional, é possivel definir o angumento central da investigagio: A permanén- ia das condigdos estruturais da Rogido Nordeste, apesar damodernizagaodealguns stores eoondmiooa, decarre da preservagio da estrutura de poder das suas dlites. Esta Dpreservagio tem sido possivel pela aliangadaceliteregional ‘com a central, que substancia uma barganha para apoio ‘ituo, mais do que uma relagio de cooptagio. Bssa alian: ‘92, por sua vez, estabelece as condigées para. preservacio da estrutura politics e social que, em nio eendo alterada mantém 0 equilibrio de forgas na Regio. Em sintese, bipdtese do trabalho é que a parmandneia das eondigéee struturais da Regio Nordeste é possivel pela eonserva- ‘io hiatdriea de sua elite no poder, utilizando como recur- 06 de preservagio uma relagiode troca de concessbescom, poder central Como ge trata do espago nordestino, 0 supoato é que polities, enquantoinstitucionalizagiodo poder declasse, tem sido dominfo da elite conservadora. Esta, através da sua pritica, proserva a posigio de classe dirigente, pela participagio na coalizio de poder nacional, mantendo a sim sua posigio de classe dominante na eeeala regional. A fandamentacio conceitual, nosse caso, encontra-sa nas claboragiea referentes A dimenaiio regional do exereicioda, politica, o que conduz & compreensio doregionalismo.e ao seu papel, tanto na organizacio do espago regional, como no direcionamento da politica nacional ‘A roplio de intaresee para a pees que consi deranica como um “espago vivido" nordestino, Apesar de ‘mnar do que o Nordeste oficialmente delimitado, é um ‘espago representative da imagem projetada, tanto vogio- nal como nacionalmente, da Regiao, A érea proposta para ‘ estudo oe estende do Ceara até Sergipe, inchuindo o Rio By Grande do Norte, Paraiba, Pemambuco @ Alagoas. Essa selogio nfo ¢ arbitrivia. Hstes estados, de pequena exten- 0, possuiam, em 1985, 21,8 milhées de habitantes, que ‘representavam 55% da popiilagio da regi e 1636 do total do pais, Em termos da area ocupada, 0 conjunto sbrange 2636 da regio © 4,8%6 do pais. Este é também 0 eepago ‘regional mais fragmantado om termos de unidadespoliticas. ‘Do ponto de vista do dominio politico, neste conjunto 0 encontrados os subespagos, cujas elites possuem tra- digo de partiipacdo palitiea no Governo Federal, como.as| do nordeste agueareiro na Zona da Mata e os nordestes, lalgodeiro e pecuario no Sertdo, Encontrarn-se, portanto, forgas secisis mais atuantas no eontexto regional, cujos ‘modos de ago conferem significado so conjunto que cam- preende a Regiio Nordeste oficialmente definida. Embora 0 cendrio da pesquisa soja delineado pelo regionalismo nordestino, um balizamento dos percursos maetodalégioos passa, necossariamente, pela comproensio dda regido, enquanto base territorial para a expressio do fatopolitice. Comonio ha regionalismo sem um substrato regional, a conexo entre estes concaitos 6 necessria, da a discuss de ambos anteceder a exposigio do modelo de aandlise, que definiu os elementos que nortearam tanto os levantamentos empiricos, oomo a interpretagio das sous resultados. (Os dados que informam sobre este regionalismo fo- ram extraides do contatido temético de 476 discursos pro- feridoe por 84 Deputados Federais entre 1946.¢ 1985. Organizadas aa informagées, ficou clara a influéncia da elite econémica regional na condugio des interesaes poli- ticos, a importncia dos lagos de lealdade com © poder central eos fluxos de recursos que eles garantem. ‘Alguns problemas sao evidontes na utllizagao dese material de pesquisa. O mais grave esti norisco de subje a tividade na anslise.A sua redugio a um nivel mais com: discursos e pels eliminaglo preliminar daqueles sem cla- rreza-dos seus objetivos e-proposigées: A:quantificagio e posterior anélige dos resultados indiearam que os discur- um recurso empiricocom forte contotido cexplicativo para a compreensio de dimensdes espeeificas doregionalismo. ‘A-apresentagdo dos resultados de todas as etapas da pesquisa foi organizada em sete capitules. O-primeiro contém os elementos mais gerais da investigacao const ‘tuidos pelos eubstratos tecrico e ampirice, A discussio sobre a regio eo regionalismo, teritério e made de agio polition, respactivaments, indicam os requisitos concsi= ‘tunis para claboragio domodelo dapesquisa—adaptado do desenvolvido por Sidney Tarrow® em trabalho sobre as relagées contro-periferia na Itdlia ¢ na Franga, com a6 devidas adoquagies para o regionalismo nordastino — e dos précedimentos empiricos. [No segundo e terceiro capitules, o Nordeste 6 0 tema central. Sio apresentadaa, no segundo, as principais pers pectivas da-elite regional sobre a regido’e a imagem por ‘la projetada nacionalment, compondo.o cendrio delines do historicamente, pela sua idoologia; a estrutuira sécio- coonémica regional, suas mudangas eresisténeiasforjadas plas relagbes cocisisé analisada notereeire capitulo. Os capitulos 4,5 6 aio eompostos pelas infarmagios relatives do contatido temétioo doe discureos de parlamen- tres; além-de outras necessarias i sua interprotagdo. O quarto capitulo apresenta e diseute o perfil eécio-poiticn da elite ectudada e seus espagos de interesie, ou sea, referéncias espaciais de seus pronunciamentes, que se desdobram em quatro escalas basicas de abrangéncia es 2 pacial: nacional estadual, municipal e regional. No capi: tla 5 aio analisados os temas contrais dos dscursos e, no capitulo 6, a¢ suas abordagens, o seja, as proposes ‘elativas os tomas, Finalmente, no sétimo eapitulo sio expliitados os textos dos discureoa mais significative para os axgummen- ‘ce propostoe, como recur de discuss doconservadors zo da elite regional e daa cealzdes extativas que Ines {arantem ooretomos desua performarepolitioa.Apartir deese ponto, sao encaminhadas as eonclusees da pesquisa realizada. Notas PANDOLFT(1880), [FREYRE (1079, 0 Manlecto Reylnalst ¢exomplardoconaido ‘oregonian nordnstinne danse condugsodeleina pla lite DPernambacena. a. FARROW G07, PRIMEIRA PARTE RE-VENDO A REGIAO NORDESTE Capitulo 1 REGIAO, REGIONALISMO E- MODELO DE ANALISE ‘Tomamos como ponto de partida da dimensao ter torial das relagdee eoviais a concep¢do de mediagio do fespago, ¢ 0 componente do responsabilidade e influéncia dos conceitos de elite. Essa perspectiva 6 importante por- que confare significado ao espace, enquanto produto ¢ ‘mediador das relagies séciaia ea elite regional, enquanto ator distinguido na diragdo econémica e politica de uma sociedade, Desae modo, para estudar na Regio Nordeste 6 regionaliamo forjado par suas elites, é nesssséro, prel- minarmente, compreender a regio, enquantoescala espa dial e objeto de anilise ‘Antes, porém, de inisiar as discuseéea préprias a0 capitulo, definiremos o canceito de elite subjacente & in+ ‘vestigagao. Como ponto de partida dos pressupostoselitis- tas, esta a accitagio da ascimetria nas relagées ecciais sejam de carter politico ou econdmico. Portanto, trabut Thay empirieamenta com conceita de elite significa tra 2 Thar tearicamente com diferengas sosiais, ou seja, com niveis hierirquieos de poder na sociedade, Como relagies ‘sociaia aseimétrieas so conformadas pola distribuigio dlosigual do poder esandmicae de poder politico, econecito {do elite contém, implicitamente, uma qualifieagio de po- der, no qual o politico e o eeonsmico intaragem 0 se refor- gam.! Portanto, por definigdo, elite pressupde poder & nfluéneia, donde responsabilidade pelos resultados de ‘suas decisis e agiee, Como uma rigida conceituagao de élite obrigaria a uma longa argumentagio, para oa objet ‘vos da pesquisa o aleance bisioo do conceito refererso classe que dispée, em um dado momento histérieo, dos ‘meios de acelerar ou retardar og processes de mudanca social. ‘Dease modo, 0 conceito de elite, que se traduz como -grupo de atores distinguidas numa farmagio social, possi- “Dilita evidencinr o papel dessea no sistema econémico ena diregao polities regional. Este papel que se materializa na tlaboragio das estratégias de controle, direcionamento & onservagio da ordem reduz a opacidade essencial do concsito, Emee tratando, porém, dour Fetado-Nagio que ee apcia necesasriamente numa base territorial, diferenci- “ada em seu contetido pelas relagdes sociais espacialmente para aproveitar, em seu favor, situagies e mecanismos ‘-determinados pelo centro. Com apoio nos preseuposton © em alguns compo- nentes contrais do modelo de Tarrow, tentamos esquemi tizar hipoteticamente os elementos que devern compar 0 ddosenho da pesquisa que se pretende desenvolver. Prime!- +0, procuramos identificar oe fatores mais geraia das ca racteristicas regionals. Assim, temos que a regido é produto do carster intelectual e moral das suas elites, das ‘suas instituigbes e das eoalizées do poder, ao nivel inter € 48 4) Po POS. GRADUAGAR ‘ul GEOGRAPUA - BIBLIOTECA intra-regionsl. Ou sea, o grupo daminanto lecal articula- 0, rogional © nacionalments, plasmando 0 eardter os- sencial das relagies sociais e da organizagio do espago regional, como ji fl explistade asco anterior sobre a regio, ‘A escalha © adaptagao do modelo escrito decorre contidas no argumento do traba- ede desdabri-lomediante uma ‘empiria capaa de testar sua validade, enquanto entinciado de uma realidade concreta, artindo da pereepgio da regio como um subsistoma do sistema politico nacional e dovegimaliamo como ex prossio das forgas nela dominantes, eonsiderames que algumas indicagies do modelo de Tanrow podem adequar- sed situagio quenos ntaressa ostudar,ou soja, asrelagies Intemnas A periferia eas desta come centro, Ainverséo da ‘ordem é proposital, ¢ indica as condigSes particulares pois partimos da suposigio de que a perife- ria também dita euas rogras, fazendo cxigincias em troca 0 do sou apoio ao centro. Nesee sentido, as caracteristicas socials, econdmicss ¢ politicas cbservadas na periferia, constituem um correlato da coalisio entre dois esquemas de poder ctimplicos, que intaragem na busca de condigies | favoraveis & sua preservagio. Em outras palavras, as condigiee presents no e=pago regional sio interpreta ‘dae como indicadares sésio-econémioos de um conjunto de ‘liangas ¢ coaliades entre fargar socials e politicas no contro ena periferia, ‘Assim, no. caso particular da Regio Nordeste, as condigies de subdesenvolvimento parene davem ser rea valiadas como um resultado perverso da interacio entre clites periféricas ¢ contrais, para a priwservagio da hege- ‘monia.e do espago espesfica de podex de cada uma, ecomo uma caracteristica fundamental do seu regionalismo. ry [Relapse Polis Inter «Intra: Regionale ‘Artculagies Inter e intra rogionala Hogemonia Ligases Coaliee no ‘Moral das Inetitudlonais Poder Elites Correlton Fliticos dade regional. Assim, temos a caracterizagio da poriferia, ‘sua auto-imagem, euas estratégias de elagio com ogover: no central ea situaglo regional resultant. No primeiro esquema sio definidas as condigdos de poder da elite periférica, euas composigies horizontals e verticais, na propria regio © com o poder central, © 08 correlates politi da sua ago. O pressuposto nicial que esta clita, para preservarse, desenvolve estratgias des articulagdo com o poder locale central que impedem alte-. ‘rages substantivas no quadro das relagées sociais quo, Thos dio sustentagio. Assim, a8 relagiea com o poder central organizam-se nessa dirogio, sendo oa correlates politicos constitufdes por agéos imadiatistas, som efeitos ‘tranaformadores na estrutura da sociedade regional. ‘Poder da Parifria, Companentes Horizons @ Vertiaise Corrlatos Poliione Hipotstioos “fundamental nesta relagio, pois, como elas nao repre- ‘sontam canais neutros deligagao entre as deciades eagbes, “elas so, na realidade, recursos de poder e instruments , Para obtangio de investimentos favorsvels,tantoaocentro ‘como a periferia. O aparato burocritico é também impor- tante mediador das decisdes de caréter sociale econémieo ara o nivel regional. Particularmente em um Estado altamente burocratizado, o dominio da eatratura burocré- ‘ica, owmesmo de nivels dentro dela, é importante recurso de poder, seja no centro, ja na periferia. ‘Para compreender os componentes @ a dinmica das relagies politicas entre elite nordestina 6 0 governo contral,utiizamos aa dimensiee e os conceitas do modelo dosenvelvido por Sidney Tarrow, mais adequados i reali- 50 [Hegemania moral da elite Conservadora ILigagses dominantes Barganha politica Isior énfae ‘Alinnga politica como contro [Dotinisio da porifia Regio pobre que necossita de recursos Relapse com o Retado |coattte wontical deeite (Coal horizontal \Correlatos politicos O segundo eaquema hipottio indica as posibilidades da periferi em fang das imagens expectativa estabele- -cidas com relagao a ela por dois tipos opostos de hegemonia a moral das elites politicas. Cada tipo define, portanto,esc0- thas diferenciadas da objetivos e de agies. A perspectiva teencerdtion rionta suas agées no sentido do fortalocer os! mecanismos do mercado, enquanto a eansorvadora busca dosenvolver mecanismos de captagio de recursos, sem que testes extajam comprometidas com oretorno, sejanaexpan- ‘0 do sistema produtivo, sejana sua amortizacio. ( tarceir eaquema refare-s2 oe impactos politoos na periferia nordestina decorrentes dos dois tipos bisicos de Iigagdes inatitucionais,e doe dois pas bsicos de eatratgia ‘de cosliaio das elites, propostas no modelo de Tarrow. Cada ‘combinagao resulta numa situagio especiica para a parife- ‘ia, cam fort implicagSos na sua estrutura eéeio-econémics pe win os eres ‘Tipolagia da Hegemonia Moral das Bites Poitcas | ‘suas Bocothas para a Perferia ~ Refornisimo Tesnoordtico Conseroadara jimegem da Pobremente Carente de oriferia oxganizada recursos [Politicas Concentrago © Arsctenealisme| tipiens ficiznaa ‘obras publieas Mecanistnos de -Commpatitividads Asestratégine de coalizio das elites podem ser do tipo ‘twenoerstio, voltadas para a competitividade e expansio daprodugio ou conservadaras, cujas.agdes definem-sepela proservagio das posigses de pader. As ligagSes institucio- nals podem ser centralizadas, apoiadas numa burocracia aque ae organiza para obter respostas efieientes de suas 82 agées, ou difusas, dominadas par diferentes esferas buro- crsticas em diferentes nivel administratives. A combina (gio dos dois tipes de estratégias com o2 dais tipos de Tigagdes institucionais produz quatro tipos de impactos politicos diferentes: Dirigista, cuja elite baseia sou poder ‘ha ficigncia ccandmica e dispde de um aparato burocrs co forte ¢ contralizado, Paternaliata, euja elite dispde do ‘meso aparato bureenitico eentralizado, mas busca evitar altaragées nas relagdee socials da periferia, eandoo paterns lismoresultante da necessidade de reduzir os foons de confi- to. Cliontelista, quando elites teenocréticas atuam sobre ligages institucionais difusas. Nesse caso 9% deciases a0 reelaboradas através da buroeracia, em Anglo das dlife- rentes presides dos interestes dominantes na periferia, Es tagnante quando elites conservadaras atuam em conjunto com ligagoee inetitucionais difusas, Nesee cago, tanto de cisbes camo agées tém difculdade de se impor, havendo possbilidades de estagmapio, ou mesmo deeadéncia, das dtividades produtivas e detarioragio das condigbes sociais, “Impactos Politioe na Perifria pela Forga das “TignptesInstitucionai e plas Estratazas ‘de Coals ds lies Dominio dae Burcaraciaa Batataie LigagdesInstitucionale contralizadas ) difus 10. rey 18 1 18, Notas ‘MOSCA (1809, p.180;na cnespeo liason da tori da lites, ‘diviaodo por plitioona acciedade mus clara’ ert 6st Prerogativa dem crclareetrto que pce deinen conj2 ‘i ewedade [LEFEBVEE (1978, p48 [SANTOS (107) ttc «isin do matvildade ue JP. Saree

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