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Fisiologia renal
Histologia e funções do aparelho urinário
Histologia renal:
• Córtex renal:
▪ colunas renais: porções do córtex que se
projetam por entre as pirâmides. Trajeto
da urina: Canal papilar ➙ pequeno
cálice ➙ grande cálice ➙ bacinete
(pelve) ➙ ureter ➙ bexiga urinária ➙
uretra
• Medula renal:
▪ pirâmides renais (8-18): estruturas em
cone com o vértice (papila renal) voltado
para o centro do rim.
▪ nefrónios (500-800x103/rim): unidades funcionais do rim, distribuídas pelo córtex e pirâmides
• Trajeto da urina: Canal papilar ➙ pequeno cálice ➙ grande cálice ➙ bacinete (pelve) ➙ ureter ➙ bexiga
urinária ➙ uretra
Nefrónios: começam na cápsula de Bowman e é onde chegam os vasos sanguíneos e começa o processo de filtração:
• Constituição:
▪ Corpúsculo renal (de Malpighi): glomérulo + cápsula glomerular (de Bowman);
▪ Túbulos renais: túbulo contornado proximal ➧ ansa de Henle ➧ túbulo contornado distal;
• Podem ser:
▪ Nefrónios corticais (80-85%): corpúsculos na porção superficial do córtex e ansas de Henle curtas
▪ Nefrónios justamedulares (15-20%): ansas de Henle longas que penetram profundamente na medula,
com o ramo ascendente dividido em porção fina e porção espessa, controlando o equilíbrio hídrico.
• O sangue chega através da artéria renal e ramifica-se até chegar à arteríola aferente que entra na cápsula de
Bowman e sai pela arteríola eferente. Forma-se uma rede de capilares peritubulares que convergem para a veia
renal levando o sangue filtrado. Quando o sangue passa pelo glomérulo (paredes finas), há o processo de fltração
(passagem de solutos);
• Passam pelos nefrónios 180L de plasma por dia mas nem tudo é eliminado senão ficávamos desidratados.
Eliminamos cerca de 1,5L por dia logo maior parte do líquido mantem-se na circulação.
Filtração glomerular
Filtração:
Membrana de filtração:
• Fração de filtração (FF) = taxa de
filtração glomerular / fluxo sanguíneo
renal = 16-20%;
• Mais de 99% do filtrado glomerular é
reabsorvido nos túbulos renais.
Processo de filtração: toda a substância que passa do glomérulo e é filtrada para a cápsula de Bowman ela atravessa uma
barreira tripla constituída pelo endotélio do capilar, pela lâmina basal e pela parede da cápsula de Bowman. Esta última
recobre o glomérulo e é formada por podócitos.
• O capilar do glomérulo é fenestrado o que permite a passagem da maioria dos componentes do plasma, exceto
hemácias;
• Depois temos a lâmina basal que serve como “peneira” fazendo com que as proteínas plasmáticas não passem;
• Por fim passam pelo epitélio da cápsula de Bowman, contendo podócitos que são intervalados por fendas de
filtração por onde o filtrado passa. As fendas fecham por uma membrana semi-porosa que impede passagem de
proteínas que possam ter chegado até lá.
• Coeficiente de filtração:
▪ Depende da área total de superfície de troca entre o capilar e a cápsula de Bowman que quanto maior
for maior é a taxa de filtração;
▪ Depende da permeabilidade entre o capilar e a cápsula de Bowman que se traduz numa maior ou menor
passagem de substância.
• Existem 3 forças que atuam e que contribuem/dificultam o processo de filtração:
▪ Pressão hidrostática do sangue no capilar: é a favor da filtração e quanto maior pressão arterial, maior é
a pressão hidrostática de filtração;
▪ Pressão osmótica coloidal do plasma no capilar: pressão que gera um gradiente de concentração sendo
que a passagem de solutos do meio hipotónico para o hipertónico favorece a volta do líquido da cápsula
para o capilar, devido às proteínas que não passaram e permanecem no capilar. Isto exerce maior
pressão no capilar do que na cápsula sendo contra a filtração;
▪ Pressão do líquido sobre as paredes da cápsula: quanto maior a quantidade de plasma, menos consegue
entrar, portanto, é contra a filtração.
• A pressão hidrostática na cápsula de Bowman + a pressão osmótica coloidal no capilar é menor que a pressão
hidrostática do capilar o que promove a filtração do líquido.
• Pressão de filtração
▪ Elevada área de filtração nos capilares glomerulares
▪ Membrana de filtração fina (0,1 µm) e muito porosa
▪ Arteríola aferente com diâmetro elevado ➩ pressão sanguínea glomerular é muito elevada
Taxa de filtração glomerular: o volume de líquido que sai de dentro do capilar para a cápsula de Bowman por unidade de
tempo, 180L/dia ou 125mL/min o que se significa que os rins
filtram o volume sanguíneo cerca de 60 vezes/dia.
• Fatores que influenciam a taxa é a pressão
resultante/pressão líquida de filtração: pressão
hidrostática do capilar, pressão osmótica coloidal do
capilar e pressão hidrostática da cápsula de Bowman;
• Regulação da taxa de filtração glomerular: esta taxa é
relativamente constante e o controlo é feito através do
fluxo sanguíneo que chega no glomérulo, tanto na
arteríola eferente como na aferente, de forma a
aumentar ou diminuir o fluxo através do glomérulo
para aumentar ou diminuir a filtração glomerular. É um processo feito localmente no rim e este controlo dá-se
para proteger os capilares de pressões sanguíneas muito altas que pudessem danificar as estruturas.
Generalizando: ↑ resistência na arteríola aferente, ↓ quantidade de sangue que chega ao glomérulo, ↓ pressão
sanguínea capilar, ↓ pressão hidrostática, ↓ taxa de filtração glomerular. Por outro lado ↑ resistência na eferente
↓ saída do sangue do glomérulo logo a ↑ pressão hidrostática no glomérulo, ↑ taxa de filtração glomerular.
▪ Autorregulação renal:
- Mecanismo miogénico: ↑ pressão sanguínea na aferente resulta na dilatação da mesma, o que
gera uma despolarização da musculatura lisa que abre canais de cálcio contraindo a arteríola
aferente mantendo os níveis normais de fluxo sanguíneo glomerular;
- Retroação tubuloglomerular: é uma resposta parácrina
e, portanto, mais lenta. A ansa de Henle passa entre a
arteríola aferente e eferente sendo esta a região
justaglomerular. No lúmen do túbulo temos uma porção
de células modificadas, células da mácula densa que
vão ter sensibilidade à concentração de sais,
nomeadamente NaCl: ↑ taxa de filtração glomerular, ↑
fluxo na ansa de Henle, ↑ concentração de NaCl.
- Redução de NaCl na mácula densa: ↓
Prostaglandina 2 (PGl2) + ↑ Óxido nítrico (NO)
resulta numa ↓ da renina, ↓ angiotensina II e ↓
da resistência na arteríola eferente o que
provoca ↑ na taxa de filtração;
- ↑ Adenosina (A1) leva à constrição da arteríola
aferente e à ↓ da taxa de filtração glomerular.
▪ Regulação neural:
- Estimulação simpática moderada: a1 ➪ vasoconstrição (aferente + eferente);
- Estimulação simpática intensa: a1 ➪ vasoconstrição (aferente);
- Estimulação simpática: b1 ➪ ↑ renina (células justaglomerulares);
▪ Regulação hormonal:
- Mecanismo renina-AG-aldosterona: angiotensina II (AG II) leva à vasoconstrição arteríola
eferente e há ↑ da taxa de filtração glomerular;
- Péptido natriurético auricular (ANP): ANP leva ao relaxamento das células mesangiais o que ↑
superfície capilar e ↑ a taca de filtração glomerular
• Fatores que podem diminuir a taxa de filtração glomerular:
Substâncias reabsorvidas: Na+; K+ ; Ca2+; Cl– ; HCO3- ; HPO42–; glucose; aminoácidos; ureia; proteínas de baixo peso
molecular.
Substâncias segregadas: .H+ ; K+ ; NH4+ (amónia); creatinina; drogas (penicilina, etc.).
Processo de reabsorção:
• 180L são filtrados diariamente, mas só 1,5L são excretados sendo tudo o resto reabsorvido. Este processo não é
feito de uma vez só porque é mais fácil para o organismo que o processo de filtração não seja específico para as
substâncias em excesso serem retiradas de circulação o mais rapidamente possível. A alta taxa de filtração é
favorável a este processo;
• A reabsorção ocorre em toda a extensão do nefrónio apesar de ser mais intensa no túbulo contornado proximal
(65%);
• À medida que o filtrado passa nos túbulos, o rim vai selecionando os componentes necessários ao organismo e
que devem ser reabsorvidos. Existem 4 formas de isto se processar para diferentes substâncias:
A. A substância é livremente filtrada e não existe reabsorção: a parte que não foi filtrada fica em
circulação e não há reabsorção;
B. A substância é livremente filtrada e existe reabsorção: a substância é filtrada e parte é reabsorvida e
outra é excretada;
C. A substância é livremente filtrada e existe reabsorção: a substância é filtrada mas não existe excreção
sendo toda reabsorvida, como se verifica no caso da glicose;
D. A substância é filtrada mas há secreção: a parte que não foi filtrada continua na circulação e por isso é
secretada para dentro do túbulo levando à excrecão total da substância.
• A substância presente no túbulo que é reabsorvida passa por várias barreiras:
▪ Epitélio do túbulo e epitélio das células tubulares e existem duas formas de o fazer:
- caminho transepitelial, o soluto avança as duas membranas do túbulo;
Transporte ativo
- passa entre as junções das células epiteliais; através de transporte
ou passivo
ativo ou passivo;
▪ Líquido intersticial;
▪ Endotélio para dentro do capilar peritubular.
Após todos estes processos que se passam no túbulo contornado proximal, chegamos à ansa de Henle:
• Há reabsorção de Na+, K+, Ca2+ (20-30%), Cl– (35%), HCO3– (10-20%) e Mg2+ (65%)
• Cerca de 20% da reabsorção da água acontece na parte descendente da ansa de Henle;
• Quando chega à parte ascendente, o nefrónio fica mais impermeável fazendo com que a parte ascendente seja
determinante para a concentração na urina porque a reabsorção de solutos continua mas a água mantém-se,
fazendo com que o filtrado diminua a sua osmolaridade e osmolalidade (isto na teoria faria com que a água
continuasse a ser reabsorvida, o que não é possível) originando uma urina menos concentrada;
Excreção: a urina desce pelos ureteres até bexiga e só é libertada no momento apropriado e se for, desencadeia-se o
processo de micção.
A bexiga é constituída por musculo liso e tem 2 esfíncteres que mantem a comunicação da bexiga com a uretra fechada.
Existe um esfíncter interno (musculo liso) e outro externo (musculo esquelético. Quando a bexiga relaxa temos um nerónio
motor ligado ao esfíncter externo mantendo-o contraído e consequentemente, mantendo o interno contraído. Quando a
bexiga está cheia estira e estimula os neurónios sensoriais que formam um reflexo através de neurónios parassimpáticos
que provocam a contração do músculo da bexiga e o relaxamento do esfíncter interno e externo. Nós temos a capacidade
de controlar voluntariamente através do sistema nervoso central o momento em que queremos urinar.