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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO

SUCKOW DA FONSECA

JOSIMARA DA SILVA SANTOS


JOÃO HENRIQUE DA SILVA DE SOUZA
MATHEUS BARBOSA LEITE
RAFAELA AMORIM DE ALMEIDA
SHAH JEHAN DINIZ DE SOUZA PEDRO GOMES

ANÁLISE DO IMPACTO AMBIENTAL DA FONTE DE


ENERGIA HIDRELÉTRICA

ANGRA DOS REIS


2023
JOSIMARA DA SILVA SANTOS
JOÃO HENRIQUE DA SILVA DE SOUZA
MATHEUS BARBOSA LEITE
RAFAELA AMORIM DE ALMEIDA
SHAH JEHAN DINIZ DE SOUZA PEDRO GOMES

ANÁLISE COMPARATIVA DO IMPACTO AMBIENTAL DA


FONTE DE ENERGIA HIDRELÉTRICA

Trabalho apresentado como


requisito da disciplina de Impacto
Ambiental no CEFET/RJ, UnED
Angra dos Reis.

Prof º Vagner Silva Guilherme

ANGRA DOS REIS


2023
RESUMO
O principal objetivo deste estudo é descrever a produção de energia gerada no Brasil
através dos recursos hídricos, assim como citar seus impactos ambientais negativos
e/ou positivos. Apesar de as usinas hidrelétricas serem consideradas uma fonte de
“energia limpa”, há diversos impactos negativos associados à essa forma de obtenção
de energia, é essencial que esses pontos sejam levados em consideração ao iniciar-
se um projeto de uma usina hidrelétrica. O presente estudo aborda os principais
documentos e publicações relacionados ao tema.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Matriz energética mundial em 2020 ................................................................................ 6


Figura 2 - Matriz energética brasileira em 2021 .............................................................................. 8
Figura 3 - Matriz elétrica brasileira em 2021 .................................................................................... 8
Figura 4 - Ilustração de uma usina hidrelétrica ................................................................................ 9
Figura 5 - Kararaô encostando o facão no rosto do então presidente do Ibama ..................... 15
Figura 6 - Usina de Itaipu visão geral .............................................................................................. 16
Figura 7 - Usina de Belo Monte ........................................................................................................ 17
Figura 8 - Usina Hidrelétrica São Luíz do Tapajós ........................................................................ 18
Figura 9 - Usina Hidrelétrica de Tucuruí.......................................................................................... 19
Figura 10 - Usina Hidrelétrica de Santo Antônio ............................................................................ 21
Figura 11 - Cachoeira de Sete Quedas antes de ser transformada na barragem da Usina de
Itaipu ...................................................................................................................................................... 26
Figura 12 - Usina de Itaipu ................................................................................................................ 27
Figura 13 - Imagem do peixe Pintado mencionado no texto........................................................ 28
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 6
1.1. Fontes de Energia ................................................................................................................. 6
1.2. Evolução Das Fontes De Energia ...................................................................................... 6
1.3. Panorama Brasileiro ............................................................................................................. 7
2. HIDRELÉTRICA ............................................................................................................................ 9
2.1. História da Usina Hidrelétrica no Brasil ........................................................................... 10
2.2. Histórico dos Impactos Socioambientais ......................................................................... 14
2.3. Principais Usinas Hidrelétricas no Brasil ......................................................................... 16
2.4. Licenciamento Ambiental ................................................................................................... 22
2.5. Vantagens............................................................................................................................. 23
2.6. Desvantagens ...................................................................................................................... 24
3. IMPACTO AMBIENTAL DAS HIDRELÉTRICAS ................................................................... 25
4. CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 28
REFERÊCIAS ............................................................................................................................................ 29
6

1. INTRODUÇÃO

1.1. Fontes de Energia

As fontes de energia são os recursos utilizados pela sociedade para geração


de algum tipo de energia, podendo ser recursos naturais ou artificiais. Essa energia é
essencial para várias tarefas humanas, já que promove o deslocamento de veículos,
a geração de calor para as mais variadas finalidades, a produção de eletricidade, entre
muitos outros exemplos.

Dentre as fontes renováveis, temos: energia eólica, solar, hidrelétrica,


biomassa e maremotriz.

Dentre as fontes não renováveis, é possível citar: energia nuclear e


combustíveis fósseis.

Figura 1 - Matriz energética mundial em 2020

1.2. Evolução Das Fontes De Energia

Ao longo dos séculos, houve uma grande evolução na matriz energética


mundial. No início da história da humanidade e ao longo de muito tempo, a principal
forma de energia utilizada pelo homem foi a força muscular, o uso do fogo e de
7

utensílios para pesca é considerado como sendo o primeiro avanço tecnológico nesse
sentido, e ocorreu a apenas cerca de 400 mil anos.

Em seguida, começou a ser utilizada a tração animal, a força dos ventos e das
quedas d’água nas produções agrícola e pecuária, o que ocorreu a cerca de 12 mil
anos atrás.
Outra época importante na história da energia elétrica foi durante o Império
Romano, no período de 31 a.C a 410 d.C, período em que era utilizada a lenha para
a produção de armas, assim como foram introduzidas novas tecnologias hidráulicas a
partir da criação de dispositivos para elevação de água e sistemas de irrigação.

Um grande salto nas mudanças da matriz energética mundial se deu após a


Revolução Industrial, nessa época (séculos XVIII e XIX) a energia era utilizada nos
meios de transporte, na indústria e na geração de eletricidade, a partir de combustíveis
fósseis como o carvão mineral.

Em meados do século XIX teve início a era do petróleo, quando durante a


construção de um poço de água, o mesmo foi descoberto a cerca de 20 metros de
profundidade, sendo utilizado inicialmente apenas para se obter querosene e óleos
lubrificantes.

Após a invenção dos motores de combustão interna, a gasolina passou a ser


utilizada, e a partir daí houve um aumento significativo da demanda energética nos
países industrializados.

Como a demanda por eletricidade aumentou de maneira vertiginosa,


principalmente por derivados de petróleo, o mundo viveu uma crise na década de 1970
em razão do aumento do preço do petróleo para valores exorbitantes, as outras fontes
de energia começaram então a receber mais investimentos.

1.3. Panorama Brasileiro

Atualmente, a matriz energética brasileira é mais renovável do que a mundial,


isso é uma característica muito importante pelo fato de que as fontes não renováveis
de energia são as maiores responsáveis pela emissão de gases do efeito estufa.
8

Figura 2 - Matriz energética brasileira em 2021

A matriz elétrica brasileira é mais renovável do que a energética, pelo fato de


que grande parte da energia elétrica gerada no Brasil vem de usinas hidrelétricas.
Outra que vem crescendo bastante no país é a energia eólica, contribuindo para que
a matriz elétrica continue sendo em sua maior parte renovável.

Figura 3 - Matriz elétrica brasileira em 2021


9

2. HIDRELÉTRICA

A Eletrobrás classifica a usina hidrelétrica como sendo a transformação de


energia hidráulica em elétrica da seguinte maneira:

Um conjunto de obras e equipamentos cuja finalidade é a geração de energia


elétrica, através de aproveitamento do potencial hidráulico existente em um rio. O
potencial hidráulico é proporcionado pela vazão hidráulica e concentração dos
desníveis existentes ao longo do rio (CAUS; MICHELS, 2022).

Basicamente, uma usina hidrelétrica possui as seguintes partes ilustradas na


Figura 4:

● Barragem;

● Sistema de captação e adução de água;

● Casa de força (local que abriga a turbina e o gerador);

● Sistema de redistribuição de água ao leito do rio (vertedouro).

Figura 4 - Ilustração de uma usina hidrelétrica

Fonte: abrapch.org.br/2014/03/o-que-são-pchs-e-cghs/

A usina hidrelétrica é uma obra conjunta de várias áreas da engenharia


envolvendo: civil; mecânica; elétrica; ambiental; geológica; entre outras. O objetivo é
utilizar a força das águas aproveitando a diferença de pressão para girar turbinas que
10

transformem essa energia potencial em energia elétrica, que é o produto final desse
processo para que possa ser distribuída e alimentar os diferentes setores da
sociedade.

Mas para que esse processo ocorra, primeiro é preciso conhecer o território,
após isso é preciso a construção de uma barragem, que interrompe o curso normal
do rio, formando um reservatório que também serve para formar desníveis
necessários para a captação da água da chuva em períodos de estiagem
(HIDRELÉTRICAS..., 2021).

Os sistemas de captação e adução são constituídos por túneis, canais ou


condutos metálicos, que servem para levar a água até a casa de força, onde fica um
caixa espiral, turbinas, gerador, sistema de excitação e regulador de velocidade (O
QUE..., 2022).

Essas turbinas são formadas por uma série de pás ligadas a um eixo conectado
ao gerador que produz em energia elétrica. Após passar pela turbina a água é
restituída ao leito natural do rio pelo canal de fuga (O QUE..., 2022).

É necessário um vertedouro, que tem como função permitir a saída da água


quando os níveis recomendados de água são ultrapassados pelo reservatório. Abrindo
quando há excesso de vazão ou de chuva. E são essenciais para que se evite
enchentes na região do entorno da usina (HIDRELÉTRICAS..., 2021).

2.1. História da Usina Hidrelétrica no Brasil

Os primeiros aproveitamentos hidráulicos ocorreram nos estados de Minas


Gerais e São Paulo, desde o final do século XIX. Em seguida, algumas tentativas
foram feitas no sentido de investimentos na geração de energia hidroelétrica e, já na
primeira década do século XX, esse tipo de energia superou a produção das usinas
termelétricas (CF. MULLER, 1995, p.8.)

No Brasil, a exploração hidrelétrica nos moldes como conhecemos atualmente


teve início em 1934, quando o governo instituiu o Código de Águas, por meio do
Decreto 24.643. Naquele momento, a União passou a ter o poder de conceder
outorgas para projetos hidrelétricos, sejam concessões, sejam autorizações - até
11

então as concessões eram descentralizadas, sob responsabilidade de municípios


(Usina Hidrelétrica, 2022).

Período de 1950 a 1979

Na década de 1950, a geração hidrelétrica teve forte impulso caracterizado


pelos planos de nacionalização da produção e distribuição de energia elétrica
derivados da era Getúlio Vargas (GOLÇALVES, 2009). Seguido pela criação de
empresas e instituições como a Cemig, o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico (BNDE), que depois ganhou o S de social, e a Eletrobras. É importante
ressaltar que as políticas de planejamento regional estabelecidas neste período
constituíram um importante fator que orientou a implementação de grandes obras de
infraestrutura em regiões ainda pouco habitadas, como a Amazônica, sob a
justificativa de gerar emprego e reduzir as desigualdades regionais a partir de políticas
de incentivos fiscais e financeiros (BORTOLETTO, 2001). Por outro lado, ainda que
Brasil possuísse alguns instrumentos de política ambiental - Código das Águas e
Código das Florestas – A gestão ambiental não envolvia o planejamento territorial das
atividades e empreendimentos (SÁNCHES, 2006).

A partir desta composição de fatores, a primeira grande usina hidrelétrica


brasileira construída no período foi o complexo de Paulo Afonso no rio São Francisco,
cuja operação iniciou-se em 1955 com uma potência instalada de 4113 MW
(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2012). Na década também surgiram
usinas como Salto Grande, Cachoeira Dourada e Furnas. Usinas de grande porte
saíram do papel entre as décadas de 1960 e 1970, com destaque para Jupiá, Ilha
Solteira, Três Marias, Tucuruí e Itaipu (Usina Hidrelétrica, 2022).

Período de 1980 a 1999

Na década de 1970 eclodem internacionalmente os principais movimentos


sociais e conferenciais, com o objetivo de questionar o modelo de desenvolvimento
baseado em crescimento econômico e suas consequências para a sociedade (Santos,
2004). De forma geral, a reação dos diversos setores da sociedade e dos organismos
internacionais de financiamento acabaram funcionando como um mecanismo de
retroalimentação negativa no modelo de tomada de decisão sobre o planejamento
12

espacial de empreendimentos hidrelétricos, reorientando- o de forma diferente para o


próximo período (Moretto. et al, 2012).

Foi neste contexto, associado às novas exigências estabelecidas pelo Banco


Mundial, que foi criada a política Nacional de Meio Ambiente em 1981 como principal
marco regulatório que passou a amparar o planejamento e a gestão ambiental
brasileira a partir de importantes instrumentos de política ambiental no plano nacional,
tais como zoneamento ambiental, o licenciamento ambiental, a avaliação de impacto
ambiental, as áreas especialmente protegidas, os padrões etc. (SOUZA, 2000;
SANTOS, 2004; SÁNCHEZ, 2006). Porém, em função da ausência de adequada
regulamentação específica, a implantação dos instrumentos de política ambiental
durante a década de 1980 deu-se em um ambiente de grande incerteza institucional.

O ambiente de incerteza política institucional permaneceu até o final da década


de 1980, quando a nova Constituição Federal trouxe outras novidades institucionais,
como a competência municipal em planejamento e a gestão ambiental. Mais tarde, a
Resolução CONAMA 237/1997 (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE,
1997) trouxe mais clareza sobre critérios para a definição de competência para o
exercício da gestão ambiental entre União, Estados e Municípios (Moretto. et al,
2012).

O significado deste contexto é que, a partir de 1981, o país passa a estabelecer


gradativamente uma série de mecanismos regulatórios que criam novas
condicionantes para os processos decisórios acerca do planejamento espacial de
usinas hidrelétricas. Como consequência, de 1980 a 1999, foram instaladas apenas
28 usinas Hidrelétricas,

Período de 2000 a 2010

Em 2001 consolidou-se a crise de energia elétrica - o apagão - como


consequência da ausência de políticas consistentes de planejamento e investimentos
no setor durante os anos 1990 (HAGE, 2012).

Por outro lado, a maior solidez dos instrumentos de política ambiental neste
período passou a condicionar de forma mais organizada um conjunto de normativas e
orientadoras que configuraram um maior grau de disciplinamento do uso do espaço
em relação ao período anterior. Dentre os diversos resultados que emergiram deste
13

trabalho de qualificação do licenciamento ambiental e da avaliação do impacto


ambiental, destaca-se a necessidade de procedimentos e regras mais claras para as
rotinas técnicas, a necessidade de melhoria dos estudos de impacto ambiental e a
necessidade de implantação da avaliação ambiental estratégica como instrumento de
política ambiental aplicada as escalas de políticas, planos e programas. Em relação
ao planejamento do setor energético, é fundamental destacar a criação da Empresa
de Pesquisa Energética (EPE) em 2005 (Moretto. et al, 2012).

Período de 2011 a 2023

As duas versões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)


elaborados durante a década de 2000 reafirmam a orientação do Governo Federal
favorável a construção de grandes hidrelétricas. Para dar consequência a esta
política, Plano Nacional de Expansão de Energia 2011-2020 (EMPRESA DE
PESQUISA ENERGÉTICA, 2011) prevê a intensificação da exploração do potencial
disponível na região Amazônica.

Dos trinta novos projetos planejados para serem inaugurados no período de


2011 a 2020, dezoito hidrelétricas estão localizadas na região Amazônica, de acordo
com o atual Plano Decenal de Energia (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA,
2011), destacando usinas hidrelétricas de grande porte de Estreito (1087 MW), de
Santo Antônio (3150 MW), de Jirau (3300 MW), de Belo Monte (11233 MW) e de Teles
Pires (1820 MW)

Na virada da década atual o Brasil se viu refém de uma grande problemática


para um país que tem aproximadamente 60% da matriz energética dependente do
movimento das águas, a chegada do período de estiagem provocou uma crise hídrica
com escassez de chuvas em todo o território nacional chegando aos menores níveis
vistos nos últimos 91 anos, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Para Andrea Ramos, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet),
houve fortes impactos do El Niño (fenômeno de aquecimento anormal das águas
superficiais do Oceano Pacífico Equatorial). “Tivemos esse fenômeno em 2016 e
2017, que criou um sistema de baixo volume de chuvas que ocorreu praticamente em
todo o Brasil. E os últimos sete anos, conforme a Organização Meteorológica Mundial,
estão sendo os mais quentes e menos chuvosos. Ou seja, há menos chuvas e
aumento da temperatura”.
14

Essa falta de recursos hídricos levou a um aumento na tarifa para o consumidor


final com a aplicação de bandeiras tarifarias verde, amarela, vermelha e no final de
2021 a de escassez hídrica que cobrava R$ 14,20 a mais por cada 100kWh
consumidos, esse episódio fez a sociedade brasileira começar a discutir uma
necessidade de diversificação da matriz energética do país.

2.2. Histórico dos Impactos Socioambientais

Como salientado no texto anterior, no período entre 1960 e 1990, a construção


de usinas hidrelétricas causou impactos irreparáveis ao meio ambiente e à população
local atingida pela formação dos grandes lagos. A construção de usinas hidrelétricas
no Brasil foi acompanhada de inúmeros conflitos ocasionados pela retirada da
população atingida e, outrossim, pelos graves problemas ambientais de sua
construção. Assim, naquele período, os planos do setor elétrico não incluíram
nenhuma discussão com a sociedade ou plano de ação que contemplasse a
população afetada e as questões ambientais, o que permitiu a construção de grandes
obras hidrelétricas como, por exemplo, Sobradinho (Bahia), Tucuruí (Pará) e Itaipu
(Paraná) (Mendes, 2005).

Nos casos das hidrelétricas Amazônicas de Tucuruí (Para) e Balbina


(Amazonas), que acabaram por desalojar comunidades, inundar enormes extensões
de terras e destruir a fauna e a flora regional, estudos dos relatórios da Comissão
Geográfica Geológica - CGC – verificaram que vários danos causados pela
construção de usinas hidrelétricas podiam ser minimizados e evitados se fosse
executado um estudo de Impacto Ambiental – EIA (COSTA, 2012).

Outro exemplo de má administração das questões ambientais na construção


de uma usina hidrelétrica, também é no caso da Usina de Tucuruí, onde cientistas
relatam a fuga em massa de macacos, aves e outras espécies durante os dois meses
que durou a inundação do lago de 2.430 km². Atualmente, a estimativa é que apenas
1% das espécies sobreviveram em Tucuruí (COSTA, 2012).

A aquisição sempre foi baseada em uma avaliação unilateral, não se levando


em conta a participação do proprietário. Os reassentamentos, quando eram
contemplados no projeto, não previam a participação das partes interessadas na
elaboração. A prioridade era a desapropriação da área para implantação da obra.
15

Nesse sentido, um importante marco no histórico do processo foi o Encontro


dos Povos Indígenas do Xingu, realizado em Altamira, em fevereiro de 1989.
Organizado por lideranças indígenas, auxiliadas por entidades da sociedade civil, o
encontro adquiriu imprevista notoriedade, contando com a maciça presença da mídia
nacional e estrangeira. Segundo os dados do Instituto Socioambiental (ISA),
participaram do evento cerca de 3000 pessoas, entre elas, José Antônio Muniz Lopes,
o então presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) (BERMANN, 2012).

Iconicamente, durante a exposição de Muniz Lopes sobre a construção da


usina Kararaô, a índia Kayapó Tuíra, levantou-se da plateia e encostou a lâmina de
seu facão no rosto do diretor da estatal em um gesto de advertência, expressando sua
indignação. A cena foi reproduzida em jornais de diversos países e tornou-se histórica.
Na ocasião, Muniz Lopes anunciou que, por significar uma agressão cultural aos
índios, a usina Kararaô - Nome que é um grito de guerra Kayapó - receberia outro
nome e não seriam mais adotados termos indígenas em usinas hidrelétricas. A usina
foi posteriormente rebatizada de Usina Hidrelétrica de Belo Monte (BERMANN, 2012).

Figura 5 - Kararaô encostando o facão no rosto do então presidente do Ibama

Fonte: https://www.veja.abril.com.br/coluna/radarl/india-que-ja-usou-facao-contra-autoridade-
pressiona-deputado-bolsonarista/
16

2.3. Principais Usinas Hidrelétricas no Brasil

A energia elétrica atende a cerca de 92% dos domicílios no país. As


hidrelétricas no Brasil correspondem a mais de 65% da energia elétrica produzida no
país. A instalação de barragens para a construção de usinas iniciou-se no Brasil a
partir do final do século XIX, mas foi após a Segunda Grande Guerra Mundial (1939-
1945) que a adoção de hidrelétricas passou a ser relevante na matriz energética
brasileira. NB

1 - Usina Hidrelétrica de Itaipu

Estado: Paraná | Rio: Paraná | Capacidade: 14.000 MW

Figura 6 - Usina de Itaipu visão geral

Fonte: https://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/recursos_hidricos/hidreletricas_no_brasil.html

A Usina Hidrelétrica de Itaipu corresponde a uma imensa construção que foi


desenvolvida a partir do interesse comum entre Brasil e Paraguai e pertence a ambos.
17

O recurso hídrico usado para promover o funcionamento da usina é o rio Paraná, que
se encontra na divisa entre os dois países.

Por se encontrar na divisa do país com o Paraguai, 50% da produção da usina


pertence ao país vizinho que, na incapacidade de consumir esse montante, vende o
excedente para os brasileiros.
Itaipu é hoje responsável pela geração de 20% da energia elétrica consumida
no Brasil e 95% da energia elétrica consumida no Paraguai. Em 2008, Itaipu produziu
95 mil gigawatts/hora de energia. O Brasil consumiu 95% desse total e ao Paraguai
coube 5%.

2 - Usina Hidrelétrica de Belo Monte

Estado: Pará | Rio: Xingú | Capacidade: 11.233 MW

Figura 7 - Usina de Belo Monte

Fonte: https://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/recursos_hidricos/hidreletricas_no_brasil.html

A Usina de Belo Monte é um projeto antigo, que começou a ser desenhado em


1975. A barragem foi construída no tempo recorde de três anos. Em última análise,
pelo menos 20 mil pessoas foram desalojadas pela barragem, de acordo com a ONG
e defensora ambiental International Rivers, embora a Xingu Vivo, organização sem
fins lucrativos local, aponte esse número como 50 mil.
18

O consenso entre os especialistas em meio ambiente em Altamira é que Belo


Monte, com seu desmatamento e alteração do fluxo do rio, também pode ter acelerado
os efeitos regionais das mudanças climáticas, que já eram sentidos antes de sua
construção. Ocorreram mortes de peixes e seus estoques despencaram, e as
tartarugas que se alimentavam de peixes deixaram de se acasalar, prejudicando os
meios de subsistência das comunidades tradicionais ao longo do rio Xingu.

As omissões nos estudos de impacto ambiental incluem a ausência de


avaliação sobre assoreamento dos corpos d’água tributários do Tapajós, o impacto
sobre os lençóis freáticos e até sobre a ictiofauna, uma das questões mais sensíveis
para a região já que os moradores estão entre os maiores consumidores do mundo
de pescado.

3 - Usina Hidrelétrica São Luíz do Tapajós

Estado: Pará | Rio: Tapajós | Capacidade: 8.381 MW

Figura 8 - Usina Hidrelétrica São Luíz do Tapajós

Fonte: https://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/recursos_hidricos/hidreletricas_no_brasil.html

A Usina Hidrelétrica São Luiz do Tapajós foi uma usina hidrelétrica planejeada
no Rio Tapajós, no Pará. Foi licitada em 2015 e foi arquivada em 2016. A presidente
19

do Ibama, Suely de Araujo, arquivou o processo de licenciamento ambiental do projeto


de hidrelétrica na Amazônia, a usina São Luiz do Tapajós, que seria construída no rio
Tapajós, na região do município de Itaituba. A usina alagaria parte da Terra Indígena
Sawré Muyby, da etnia Munduruku, e essa foi a principal razão do licenciamento ter
sido negado, após a Fundação Nacional do Índio (Funai) apontar “a inviabilidade do
projeto sob a ótica do componente indígena”. A Constituição brasileira veda a remoção
permanente de índios de suas terras.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) arquivou o processo de


licenciamento ambiental da usina São Luiz do Tapajós, conforme recomendado pelo
Ministério Público Federal (MPF) e seguindo pareceres da Fundação Nacional do
Índio (Funai) e do próprio Ibama. O arquivamento se dá por razões legais – a usina
alagaria território indígena Munduruku e obrigaria remoção de aldeias, o que é
proibido pela Constituição, mas também por falhas nos estudos de impacto ambiental.

4 - Usina Hidrelétrica de Tucuruí

Estado: Pará | Rio: Tocantins | Capacidade: 8.370 MW

Figura 9 - Usina Hidrelétrica de Tucuruí

Fonte: https://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/recursos_hidricos/hidreletricas_no_brasil.html
20

A Usina Hidrelétrica de Tucuruí, que está localizada na cidade de mesmo nome


no estado do Pará, na bacia do rio Tocantins. Em potência instalada, Tucuruí é a
segunda maior usina hidroelétrica 100% brasileira, ficando apenas atrás da usina de
Belo Monte. Seu vertedouro, com capacidade para 110.000 m³/s, é o segundo maior
do mundo.

A criação do reservatório da usina hidrelétrica de Tucuruí, modificou


completamente o ecossistema tanto da área inundada quanto ao redor do lago,
segundo pesquisadores.
Na época da construção da usina (1975 a 1984), a legislação brasileira não
exigia o estudo de impacto ambiental. Segundo a própria Eletronorte, foi feito apenas
um relatório de autoria do pesquisador Robert Gooldland, no qual constavam algumas
indicações do que poderia ocorrer.
Vários pesquisadores estudaram os impactos da inundação da floresta. Dos
2.875 km² de mata, apenas 10% foram retirados. Na época da construção, a
Eletronorte contratou empresas para retirar parte da floresta próxima ao local da
barragem. Para as outras áreas, a empresa Capemi ganhou uma licitação para
exploração, mas, por problemas administrativos, acabou retirando pouca madeira.
O pesquisador Inocêncio Gorayeb, do Museu Paraense Emílio Goeldi, afirmou
que a manutenção da vegetação na área ocasionou a eutrofização, que é a
decomposição de matéria orgânica inundada. O fenômeno provoca um mau cheiro,
que, mesmo depois de 15 anos, ainda subsiste em certas áreas.
Uma superpopulação de insetos, como as mutucas e os pernilongos, acabou
expulsando as 3.000 pessoas que haviam sido removidas para áreas em volta do
local.
21

5 - Usina Hidrelétrica de Santo Antônio

Estado: Rondônia | Rio: Madeira | Capacidade: 3.300 MW

Figura 10 - Usina Hidrelétrica de Santo Antônio

Fonte: https://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/recursos_hidricos/hidreletricas_no_brasil.html

A Usina Hidrelétrica Santo Antônio, localizada no rio Madeira, com sede no


Município de Porto Velho (RO), tem potência instalada mínima de 3.568,3 MW e
2.424,2 MW médios de energia assegurada e é composta por 50 turbinas do tipo
Bulbo.

O projeto de construção da usina incluiu um avançado Sistema de


Transposição de Peixes que, ao reproduzir as características da cachoeira, permite
que as espécies migratórias subam o rio durante a piracema, garantindo a sua
reprodução.

Porém, o Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira, em Rondônia (RO), tem


causado vários impactos sociais, econômicos e ambientais na região.

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia


(Unir) em parceria com a Wildlife Conservation Society (WCS), identificou mudanças
22

como o corte de conectividade dos rios, variação do nível das águas e do tamanho
das secas e cheias. Além disso, a construção das barragens teria limitado a passagem
de peixes migradores, como a dourada, o filhote e a piramutaba, que representam
80% do desembarque nos terminais pesqueiros. Isso afeta a produção da dourada no
trecho superior do rio Madeira, acima das barragens, inclusive no lado boliviano.

2.4. Licenciamento Ambiental

A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) envolve um conjunto de métodos e


técnicas de gestão ambiental que identifica e avalia os efeitos e impactos gerados por
atividades e empreendimentos sobre o meio ambiente. Um dos instrumentos da
política ambiental brasileira, a Avaliação de Impacto Ambiental teve suas definições,
responsabilidades, critérios e diretrizes estabelecidas pela Resolução n° 01/86 do
CONAMA, que definiu o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA) como seus principais elementos característicos. O licenciamento
ambiental no Brasil de divide em três etapas: Licença Prévia (LP), Licença de
Instalação (LI) e Licença de Operação (LO).

1- Licença Prévia (LP)

Discute a viabilidade ambiental do empreendimento a partir a apresentação do


estudo de impacto ambiental.

Analisando a configuração atual de UHEs na região amazônica, o prazo médio


para obtenção da Licença Prévia, contados a partir de abertura do processo de
licenciamento, é de 1.370 dias variando de 675 a 2.065 dias

2- Licença de Instalação (LI)

Autoriza o início da implantação, de acordo com as especificações constantes


no Projeto Executivo aprovado.

A Licença de Instalação os prazos variaram entre 150 à 540 dias, com tempo
médio de emissão da licença de 345 dias a partir da data de requerimento da licença.

3- A Licença de Operação (LO)


23

Permite, após as verificações necessárias, o início da atividade licenciada e o


funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o
previsto na LP e/ou LI.

Licença de Operação, os prazos variaram entre 128 e 1.080 dias, com intervalo
médio de 604 dias.

2.5. Vantagens

A energia gerada por usinas hidrelétricas é uma forma de energia renovável


que utiliza a força da água para gerar eletricidade. Em comparação com a energia
gerada por combustíveis fósseis, a energia hidrelétrica apresenta várias vantagens.
Como a baixa emissão de gases de efeito estufa. A energia hidrelétrica não emite
dióxido de carbono, o principal gás de efeito estufa que é liberado na queima de
combustíveis fósseis. Isso significa que a energia hidrelétrica é uma fonte limpa de
energia que contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Além disso possui custos operacionais mais baixos. Uma vez construída, a
usina hidrelétrica requer pouca manutenção e seus custos operacionais são
relativamente baixos em comparação com as usinas que usam combustíveis fósseis.
As usinas de combustíveis fósseis são mais baratas e rápidas de serem construídas,
porém por estar muito ligada a geração de calor, elas têm seus equipamentos mais
rapidamente desgastados, sendo necessário o maior número de manutenções,
elevando significativamente os custos operacionais em comparação com a usina
hidrelétrica.

As usinas hidrelétricas são capazes de gerar grandes quantidades de


eletricidade de forma confiável e consistente, o que as torna uma fonte segura e
confiável de energia. Mesmo que as termelétricas apresentem uma consistência pelo
fato de poderem ser acionadas a qualquer momento, ao liga-las aumenta-se muito
consideravelmente o valor da energia que está sendo gerada, refletindo diretamente
nas contas dos consumidores, sendo assim, liga-las pode resolver questões de
abastecimento, porém custando um valor elevado para resolução de tal questão, além
da agressão ao meio ambiente com o funcionamento constante. E talvez não sendo a
melhor opção.
24

2.6. Desvantagens

Por outro lado, as usinas hidrelétricas também apresentam algumas


desvantagens em relação as de combustíveis fósseis, como Impacto ambiental. A
construção de uma usina hidrelétrica também pode ter um impacto significativo no
meio ambiente. Não da mesma forma que uma termelétrica, que sempre que utilizada
impacta o meio ambiente atacando toda uma atmosfera. Porém agredindo a fauna e
flora local. Com a alteração do fluxo do rio ocorre a destruição do habitat natural de
animais. Com essa alteração do fluxo do rio a população ribeirinha também deve ser
realocada, e o povo que vive de pesca e de recursos provenientes do rio acabam
tendo que recomeçar a vida muita das vezes em ambientes totalmente diferentes,
como uma vida na cidade por exemplo. Já as usinas de combustível fóssil não
necessitam de grandes instalações em locais específicos como a hidrelétrica. Sendo
mais versátil em seu local de instalação.

O que traz uma fragilidade para a segurança de geração de energia a partir de


hidrelétricas é a dependência de fontes de água. A geração de energia hidrelétrica
depende da disponibilidade de água, o que pode ser um problema em regiões com
escassez de água. O projeto é feito para se ter uma reserva de água para grandes
períodos de escassez, porém caso esse período exceda o previsto, a usina pode parar
totalmente a sua produção.

Uma usina hidrelétrica apesar de ter baixo custo de operação e necessitar de


pouca manutenção, possui custos iniciais elevados. A construção de uma usina
hidrelétrica é cara, especialmente em relação às usinas que usam combustíveis
fósseis.

Em resumo, a energia gerada por usinas hidrelétricas apresenta várias


vantagens em comparação com a energia gerada por combustíveis fósseis,
principalmente em termos de emissões de gases de efeito estufa, custos operacionais
e segurança energética. No entanto, as usinas hidrelétricas também apresentam
alguns desafios ambientais e financeiros.
25

3. IMPACTO AMBIENTAL DAS HIDRELÉTRICAS

A instalação de uma hidrelétrica transforma a energia potencial proveniente dos


rios em energia mecânica e posteriormente em energia elétrica. Necessitando
construir grandes infraestruturas ou desviar fluxos de rios para poder aumentar o
volume de água que irá passar pela turbina. Com isso, mesmo as hidrelétricas sendo
fontes energéticas limpa, elas causam impactos socioambientais. (Khan Academy,
2022)

De acordo com a RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, de 23 de janeiro de 1986, a


definição de impacto ambiental se resume no artigo 1° abaixo:

“Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental


qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas
que, direta ou indiretamente, afetam:

I. a saúde, a segurança e o bem-estar da população;


II. as atividades sociais e econômicas;
III. a biota;
IV. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V. a qualidade dos recursos ambientais.”

Os problemas socioeconômicos provocados pela usina hidrelétrica assolam os


casos em que a população, ao redor da construção, é afetada pelo alagamento de
suas propriedades e/ou terras. Casos indiretos como perdas de laços comunitários,
efeitos sociais da relocação indiscriminada de grandes populações, especialmente
agrupamentos indígenas, quilombolas ou comunidades tradicionais.

Ambientalmente, o principal impacto costuma ser o alagamento de áreas


florestais onde além da perda de vegetação, pode ocorrer desaparecimento do habitat
dos animais. O caso da hidrelétrica de Barra Grande, construída no Rio Pelotas,
extinguiu o habitat natural da bromélia Dickya distachya, além do “afogamento” de
parte da floresta de araucárias. Essa área que será alagada procede no
desmatamento, com isso, ás áreas onde geralmente são férteis e que podem abrigar
26

diversos animais silvestres serão destruídas. A mata que se encontra nas margens
dos rios são chamadas de matas ciliares.

Além da perda de fauna e flora, as barragens e seus lagos, também destroem


paisagens naturais como exemplo, temos: a cachoeira de Sete Quedas em Guaíra,
que já foi a maior catarata em volume d'água do mundo, que foi inundada pela Usina
Hidrelétrica de Itaipu. As figuras 11 e 12 mostram o antes e depois do acontecimento.

Figura 11 - Cachoeira de Sete Quedas antes de ser transformada na barragem da Usina de Itaipu

Fonte: https://www.otempo.com.br/brasil/ha-40-anos-sete-quedas-dava-lugar-a-usina-de-itaipu-
relembre-1.2756669
27

Figura 12 - Usina de Itaipu

Fonte: https://www.otempo.com.br/brasil/ha-40-anos-sete-quedas-dava-lugar-a-usina-de-itaipu-
relembre-1.2756669

Outro tipo de impacto ambiental é a contribuição na emissão de dióxido de


carbono, devido a decomposição das arvores que continuaram acima do nível de água
dos reservatórios e metano, que acontece pela decomposição da matéria orgânica
presente no fundo do reservatório. A concentração de metano aumenta de acordo que
o nível de água aumenta até o ponto de atingir as turbinas da usina, liberando o
metano devido a diferença de pressão. (Ecycle,2023).

Outro impacto de uma usina hidrelétrica é em cursos normais, os rios transportam


sedimentos provenientes do solo e das rochas do leito e margens, a construção da
barragem interrompe esse processo natural pois a água corre lentamente no
reservatório fazendo os sedimentos alojar no fundo do rio. Com esse processo, o rio
aumenta o processo de erosão das margens podendo aprofundar o leito e alagar o
mesmo podendo prejudicar o abastecimento de água. As barragens também afetam
o nível do rio devido ao controle do abastecimento constante de água nas turbinas
afetando a biodiversidade e abastecimento de água em épocas de seca quando os
operadores das barragens não cumprem a vazão mínima necessária do rio.

As alterações no microclima nos entornos das barragens podem alterar a umidade


relativa do ar, nos ciclos e quantidade das chuvas e durante tempestades, a
quantidade de matéria inorgânica em suspensão na água aumenta afetando a entrada
de luz nessa água e alterando a produção de fitoplâncton e a sobrevivência das
macrófitas. Consequentemente, a quantidade de oxigênio dissolvido na água pode
diminuir e comprometer a vida aquática. (Khan Academy, 2023). Uma forma de
minimizar este efeito é fazer a limpeza completa da área do reservatório antes do
enchimento.

Um outro impacto causado pela usina hidrelétrica é o efeito na vida dos peixes pois
as barragens alteram o fluxo dos rios e criam obstáculos para o ciclo migratório e do
processo de piracema que é o movimento migratório de alguns peixes para acima do
rio para reprodução. Uma medida de minimização desse efeito é a construção de
sistemas de transposição de peixes, o sistema é uma espécie de escada que facilita
28

a subida e descida dos peixes, mas sua eficácia é muito questionada. (Santos, 2023).
Segundo a analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio), Carla Polaz, o pintado foi incluído na lista de espécies
ameaçadas devido as barragens que interrompem as suas rotas migratórias sendo a
principal causa de redução. (Agência Brasil,2023).

Figura 13 - Imagem do peixe Pintado mencionado no texto

Fonte: https://weemac.com.br/pintado-entra-na-lista-das-especies-ameacadas-de-extincao/

Outro efeito na vida dos peixes é a introdução nos lagos de espécies exóticas, que
competem com a vida nativa e até mesmo fazendo com que as nativas desapareçam
do reservatório e consequentemente do próprio rio.

4. CONCLUSÃO

As usinas hidrelétricas são essenciais para a matriz energética brasileira e


mundial, são responsáveis pela produção da maior parte da energia consumida no
país. Justamente por causa dessa importância é necessária atenção aos impactos
negativos causados ao meio ambiente, impactos prejudiciais à fauna e flora, é
imprescindível sempre buscar soluções para diminuir esse efeito e/ou compensar o
dano causado pelas hidrelétricas.
29

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o país. Disponível em : < https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2022-
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