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CULTURA p. 60-62
Fr. Culture
Ing. Culture
Família morfológica: cultura da criação; cultura da educação; cultura de massa; cultura global;
cultura material; cultura regional.
Família semântica: arte; arte-concepção; arte e forma no design; beleza; estética; estilo;
expressão; objetividade; subjetividade.
Do latim colere, cultivo; originalmente agricultura, cultivo do solo. No sentido mais geral,
cultura possui dois significados: o primeiro relacionado à educação, formação, ilustração do
homem; o segundo, de cunho sociológico e antropológico, vinculado às manifestações de um
povo, raça, grupo social, também interpretadas como civilização. Até o Renascimento a
formação cultural estava intimamente ligada à filosofia, à religião; enfim, ao cultivo do espírito
e da alma. A atividade prática não se incluía, por ser considerada inferior, servil. A partir do
Renascimento o trabalho passou a ser valorizado como meio para a transformação do mundo;
embora a formação cultural mantivesse seu caráter aristocrático. A difusão e a universalização
da cultura tiveram início com o Iluminismo, principalmente a partir da Enciclopédia francesa.
Finalmente, com o desenvolvimento científico e a industrialização da produção, a formação
cultural cedeu espaço às competências específicas para a realização de tarefas pontuais.
A relação entre Design, Cultura e Sociedade pode ser observada a partir da própria experiência
empírica. Primeiro, porque Design é uma atividade que configura objetos de uso e sistemas de
informação e, como tal, incorpora parte dos valores culturais que a cerca, ou seja, a maioria dos
objetos de nosso meio é, antes de tudo, a materialização dos ideias e das incoerências de
nossas sociedades e de suas manifestações culturais, assim como, por outro lado, anúncio de
novos caminhos. Segundo, porque o Design, entendido como matéria (ou energia) conformada,
participa da criação cultural, ou seja, o Design é uma práxis que confirma ou questiona a cultura
de uma determinada sociedade, o que caracteriza um processo dialético entre mímese e poese.
Em outras palavras, o Design tem assim natureza essencialmente especular, quer como
anúncio, que como denúncia.
A cultura de uma sociedade é formada pela produção de seus bens e valores, que através das
coordenadas de tempo e espaço caracterizam as identidades de seus membros. A atividade
artística, por excelência uma das manifestações culturais mais expressivas de uma sociedade,
oferece exemplos dos diferentes modos de percepção e apropriação da realidade. Basta, para
tanto, pensar nas incontáveis formas de representação do próprio homem, das inscrições
rupestres às atuais expressões virtuais. E é através dessas representações e dos demais objetos
e procedimentos de uma comunidade que antropólogos, historiadores da arte, sociólogos e
outros estudiosos encontram vestígios que permitem caracterizar determinada cultura. A
cultura é a expressão do ser, que se manifesta em todas as suas obras e atividades, é a
condição poética do espírito no ato de conformar a matéria. Design, portanto, não é uma
atividade protagonista da configuração em um complexo pano de fundo composto por variáveis
de natureza política, econômica, social, tecnológica etc., mas, antes, uma das possíveis
interpretações das diversas possibilidades oferecidas por estas variáveis. Design é mais do que
a especificação das partes de um todo como na tradição cartesiana. Não é uma regra universal
de configuração, mas uma ação interpretativa, criadora, que permite diversas formas de
expressão.